2. SOLIDÃO... O DESEJO DO SOLITÁRIO?
Sabrina Guedes
A humanidade passa há algum tempo por uma crise existencial, que
na prática significa a perda da identidade.
O homem que criou e convive com a ótica do consumo, cobriu-se da
armadura do eu solitário, independente, que necessita jogar seus interesses
e desejos naquilo que monetariamente pode adquirir e/ou comprar. Isolou-
se nos sentimentos e nas emoções e fechou-se num campo intransponível e
doentio, onde o fator mais degradante chama-se solidão.
Brincando com as palavras e parafraseando Bituca, “o solitário não
quer solidão”, ou será que quer?
3. SOLIDÃO... O DESEJO DO SOLITÁRIO?
Sabrina Guedes
Encerrar-se em si mesmo é constitutivo da insensibilidade consigo
mesmo e com outro, deixando de reverenciar o autoria criadora, onde a
máxima humana passaria pela integração ao cosmo, ao coletivo, conjugado
no “nós” da relação.
Os campos de convivência são retratos muito fortes de uma espécie
que ilhada, sofre calada e gesta com sangue o desencontro da vida,
permitindo que neste cenário, a morte encarne o desamor como
personagem principal, levando-nos a loucura e a perda de conectividade
com a realidade.
Somos produtos dessa engenharia maquiavélica que roubando nossas
almas, usurpou o tesouro da vida.
4. SOLIDÃO... O DESEJO DO SOLITÁRIO?
Sabrina Guedes
Desaprendemos o sentido do amor, do doar-se e bebemos do “bom”
veneno que nós mesmos produzimos.
Chegamos no limite. O outro é um eu insuportável, pois revela o lado
mais sombrio e desafiador do (in)constitutivo humano.
Seria então, caríssimos, mais fácil jogar-se num nada, num vazio e
idolatrar o nosso próprio reflexo e sermos arquétipos de Narciso. “É que
Narciso acha feio o que não é espelho”. (Caetano Veloso)
O solitário quer solidão! Potência máxima do egocentrismo!