O documento discute os conceitos de espírito científico e obstáculos epistemológicos segundo Gaston Bachelard. Bachelard propõe que conhecimentos prévios consolidados podem ser obstáculos ao surgimento de novos conhecimentos. Ele descreve 12 tipos de obstáculos como experiências primeiras, conhecimentos gerais, uso de metáforas, visões unitárias e pragmáticas da natureza. O texto analisa esses conceitos para entender como o espírito científico se desenvolve através da superação de obstáculos
1. INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO MARANHÃO –
CAMPUS TIMON
Diretoria de Desenvolvimento de Ensino
Núcleo de Pesquisa, Pós-graduação e Inovação
Programa de Pós-graduação lato sensu
Disciplina: Tendências epistemológicas para o ensino de ciências
Professor: Francisco Cristiano da Silva Macêdo
A formação do espírito científico
Gaston Bachelard
Mariana Coimbra
Hialleijardson Dias
Pedro Gabriel
Ronaldo Adriano
Iuri Araújo
4. Quando se trata de experiências sugeridas
ou construídas pela razão, a ordem é uma
verdade, e a desordem, um erro.
Ordem abstrata é, portanto, uma ordem
provada, que não fica sujeita às críticas
Nossa proposta, neste livro, é
mostrar o grandioso destino do
pensamento científico abstrato.
Será preciso provar que a abstração
desobstrui o espírito,
12. O processo de negação de um conhecimento não implica na destruição total dos
conhecimentos anteriormente estabelecidos, mas ir além desses conhecimentos,
reordená-los e introduzi-los em uma nova ordem de racionalidade.
“
13. A noção de obstáculo epistemológico –
plano da obra
A ideia apresentada nesse capítulo faz provocações sobre a necessidade do questionamento e da
destruição de conhecimentos anteriores para que novos conhecimentos sejam produzidos;
Conhecimentos consolidados e pouco questionados também se torna um obstáculo para a constru
ção do conhecimento.
Bachelard também afirma que a ciência, em geral, se apõe à opinião. Neste caso, a opinião tam
bém pode ser considerada um obstáculo a ser enfrentado.
Dito isso, os obstáculos epistemológicos, ou seja, a “falsa ciência”, são os motivos necessários
para que Bachelard avance e se “emprenhe” nesta importante análise sobre o espirito científico
.
17. O primeiro obstáculo – a experiência
primeira
O primeiro conhecimento concreto costuma ser emocional e por vezes, equivocado. Por isso, é
preciso se afastar das primeiras impressões de um fato ou fenômeno.
A experiência primeira constitui como o primeiro obstáculo porque se coloca antes da crítica.
E como sabemos, a crítica é considerada o elemento integrante do espírito científico.
21. O conhecimento geral como obstáculo ao
conhecimento científico
Estas generalizações caracterizavam o pensamento pré-científico e buscavam a regularidade na
natureza. Por sua vez, a ciência contemporânea se interessa pelo irregular, pelas perturbações e
rupturas de paradigmas.
Estes exemplos ajudam a entender que um conhecimento que carece de precisão não pode ser consi
derado um conhecimento científico. Neste sentido, destaca-se que para a ciência, um conhecimento
geral é um conhecimento vago.
O segundo obstáculo descrito pelo autor seria as filosofias gerais, as afirmações fáceis e que em
nada contribuem com a necessidade de confrontar as observações.
Bachelard cita os fenômenos da coagulação e da fermentação como exemplos dos equívocos
cometidos pela generalização. No final do século XVII, entendia-se haver coagulação do leite,
até coagulação da água.
24. Exemplo de obstáculo verbal: a esponja
Extensão abusiva das imagens usuais
Temas como a compressibilidade do ar e a passagem de luz através do vidro
Esse processo pode ser visto em aulas de ciências
O autor reflete as situações em que uma palavra é tida como explicação
Nota-se um uso de metáforas na formulação de teorias
25. Exemplo de obstáculo verbal: a esponja
Extensão abusiva das imagens usuais
“O perigo das metáforas imediatas para a formação do espírito científico, é que nem sempre são
imagens passageiras; levam a um pensamento autônomo; tendem a completar-se, a concluir-se
no reino da imagem.” (Página 101)
“Para ser coerente, uma teoria da abstração necessita afastar-se das imagens primitivas.”
(Página 94)
“
“
28. O conhecimento unitário e pragmático como
obstáculo ao conhecimento científico
As atividades naturais tornam-se manifestações de uma natureza;
Unitário no sentido de unidade dos processos;
A mentalidade pré científica aponta que o mundo é uma unidade harmônica;
As analogias podem impedir a curiosidade;
Pragmático, todos os processos tem uma finalidade.
29. O conhecimento unitário e pragmático como
obstáculo ao conhecimento científico
“Para o espírito pré-científico, a unidade é um princípio sempre desejado, sempre realizado sem
esforço. Para tal, basta uma maiúscula. As diversas atividades naturais tornam-se assim manifes
tações variadas de uma só e única Natureza. Não é concebível que a experiência se contradiga
ou seja compartimentada.” (Página 107).
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32. O obstáculo substancialista
As características são atribuídas a diversas substâncias;
Percebe-se a ausência de uma explicação teórica aos estudantes;
Surge através do uso de imagens aos fenômenos;
A substancialização, pode atrapalhar o progresso do pensamento científico;
O espírito científico não deve se satisfazer com a ligação de um fenômeno a uma substância.
33. O obstáculo substancialista
“Quando o espírito aceita o caráter substancial de um fenômeno particular, perde qualquer
escrúpulo para aceitar as metáforas. Insere na experiência particular, que pode ser exata,
uma imensidão de imagens tiradas dos mais diversos fenômenos.” (Página 139).
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34. O obstáculo substancialista
“Um dos sintomas mais claros da sedução substancialista é o acúmulo de adjetivos par
a um mesmo substantivo: as qualidades estão ligadas à substância por um vínculo tão
direto que podem ser justapostas sem grande preocupação com suas relações mútuas.”
(Página 140)
“
40. O obstáculo animista
É a ideia de que todas as coisas, incluindo pessoas, animais, características geográficas,
fenômenos naturais e objetos inanimados, possuem um espírito que os conecta uns aos
outros.
41.
42. O obstáculo animista
Os obstáculos animistas se referem ao uso de atributos humanos para a explicação de
certos fenômenos. E isso pode configurar um entrave para a aprendizagem.
Ao atribuir vida e características humanas às substâncias como subsidio para explicar
os fenômenos, o ser humano está fazendo uso de fetichismos amplamente utilizados
nas ciências e pseudociências no século XVIII.
47. O mito da digestão
Água de mil-flores, a própria urina:
(BACHELARD, 1996, p.221);
“
“
A bosta fresca de vaca que se alimenta de capim tem a qualidade de acalmar a inflama
ção de feridas e tumores
(BACHELARD, 1996, p.222);
52. Libido e conhecimento objetivo
Dois interlocutores, que tratam na aparência de determinado objeto, mostram-nos mais coisas
sobre eles próprios do que sobre o objeto.
O poder dos desejos é tão intenso que numa explicação de um fenômeno o cientista diz mais
sobre ele mesmo do que sobre o próprio fenômeno
58. Os obstáculos do conhecimento
quantitativo
Por querer medir com exatidão fenômenos que não são passíveis de medição, ou
pela utilização de instrumentos de medida ineficazes para determinados objetos,
a busca pela objetividade fica comprometida.
É preciso pensar para medir, não medir, para então pensar.