O documento descreve os acontecimentos no Rio de Janeiro em 15 de novembro de 1889, quando a monarquia foi derrubada e o Brasil se tornou uma república. Tropas militares se posicionaram em locais estratégicos da cidade enquanto a família real aguardava notícias ansiosamente. As elites imperiais eram vistas como responsáveis pela vulnerabilidade do Brasil à invasão do Paraguai, levando à formação de um exército nacional.
A queda da Monarquia e a proclamação da República no Brasil em 1889
1. A República e o Conde D’EU
1889
O dia15 de novembrode 1889 foi,sobtodososaspectos,umdos diasmaisestranhoque setem
lembrança na cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro. As ruas centrais, hoje 1º de março e
adjacências,estavamfechadasaotráfegoporordemdo Chefe de Políciapara que carruagens e
cabriolés oficiais pudessem trafegar a toda velocidade desde o Palácio do Governo na, hoje,
Praça XV até aresidênciadaPrincesaIsabelemdireçãoao, hoje,PalácioGuanabaraemBotafogo
onde ficavam, também, as embaixadas estrangeiras.
Negociações intensas, conspirações e boataria de todos os tipos precipitaram os
acontecimentose odeslocamentode tropasportodaacidade se feznecessário,cercando-seos
prédiosdaantigaAssembleia,hoje, onovoPalácioTiradentes,e doAntigoSenadoMonárquico,
localizado próximo ao Campo de Santana e da antiga Faculdade de Medicina.
Tropas militaresfaziamevoluçãonoCampo de Santana, hoje Praça da República,emfrente ao
Quartel General do Exército, hoje Palácio Duque de Caxias. Bandas militares animavam as
guarnições que faziam saudações e celebravam a República. Constantes salvas de artilharia
estremeciam todo o Centro da Cidade, causando rachaduras nas casas mais frágeis e fazendo
com que a população alarmada se perguntasse o que estava acontecendo.
Desde a sede do Almirantado em Niterói,uma Esquadra Naval se punha em formação na Baía
da Guanabara, apontandoseuscanhõesemdireçãoaoRiode Janeiro.Salvasde artilharianaval
eramrespondidasdeimediatocomsalvasde canhonaçose evoluçõesdetropasaosomde hinos
marciais no Campo de Santana. Conta a lenda que uma dessas salvas da Marinha atingiram a
cúpula da Igreja da Candelária no centro do Rio, demonstrando com isso que nem tudo eram
salvas inofensivas.
O Presidente do Conselho de Ministrostentava controlar os acontecimentos, insistindo com o
Floriano Peixoto que reprimisse a tropas rebeladas, ao falhar, telegrafou ao velho Imperador
Pedro II, informando da renúncia de seu gabinete e pedido que retornasse imediatamente de
Petrópolis,poisnãomaisexistiaumGovernono Rio de Janeiro.No,hoje,PalácioGuanabara,a
PrincesaIsabel,suamãe e seumarido,oConde D’Eu,andavamde lá pracá, esperandoansiosos
por notícias do Imperador e se desesperavam com a boataria que corria solto sobre a possível
invasão do Palácio e o linchamento da família monárquica estrangeira.
O Centro da cidade, em torno da rua, hoje, 1º de março, estava um pandemônio. Não só
carruagens e cabriolés oficiais trafegavam em carreira desembalada,atropelando transeuntes
mas sacudiam a pachorrenta, monótona e calorenta cidade do Rio de Janeiro. A Embaixada
Britânica tentava se comunicar com a Legação Americana para obter mais informações. Os
Americanosparanãoperderemocostume sacavamasarmasdosarmáriose punham aspistolas
nos coldres para qualquer eventualidade.
A troca de informação entre os Britânicos e Americanosera comum, pois que faziamparte da
mesmacomunidade protestante que tinhaasmesmas Igrejas, cemitérios e tradiçõesculturais.
Essasinformações, enviadasaoDepartamentode EstadoemWashingtonD.C.,maistardeforam
publicadasnumacoleçãoquese intitulou“The Empireof Brazil”. NosmeusanosemWashington
D.C. (1988-1994) tive a oportunidade de folhear essa coleção perdida num sebo do bairro de
Adams Morgan.
2. A Guerra do Paraguai
Os comentáriosdoSecretáriodaEmbaixadaAmericana noRiode Janeiro aolongodoséculo19
contidosnessesvolumesde “The Empire of Brazil”,revelanãoapenasa percepçãodosEstados
Unidos sobre os acontecimentos políticos do Brasil, mas também, inclui a visão da Embaixada
Britânica, ou seja, da comunidade Anglo-saxônica sobre esse estranho Império latino Tropical,
remanescente do Império Colonial Português no continente Americano.
O Século 19 foi o século da formação dos países Latino Americanos os quais se libertavam da
colonização portuguesa e espanhola para cair nas garras do Imperialismo Britânicos e, depois,
Americano.
Por maisde 60 anos, Portugal fezparte do ImpérioColonial Espanhol.Assim, suasdivergências
fronteiriças erampequenas e foram,namaioriadoscasos, resolvidasdiplomaticamente quando
Portugal recobrou sua independência. Na medida que os países Sul Americanos foram se
tornandoindependentes,elesherdaramessastradiçõesde definiçõesde limites fronteiriçosdos
Impérios Coloniais Português e Espanhol.
Desde então,até os diasde hoje,existe umcertoconflitolatente entre oBrasil e seusvizinhos
hispânicos,traçando-se,dessemodo,umacertalinhainvisívelde respeitomútuoapartir desses
limites fronteiriços herdados da Espanha e de Portugal.
Solano Lopez foi o único até hoje, que inadvertidamente ousou atravessar essas linhas e, os
resultadospara ele,suafamíliae o próprioParaguai foram desastrosos,colocandonãoapenas
o Brasil contrasuas pretensões territoriais,mastambém, aArgentinae oUruguai o que é muito
curioso. Naverdade,asações políticas desastrosasdeSolanoLopeznãocriaramummovimento
de Estados Hispânicoscontraa cultura de um EstadoBrasileiro,massim, umauniãode Estados
Hispânicose BrasileiroscontraoutroEstadoHispânico violando,assim,aquelalinhainvisível que
mencionei acima.
Os acontecimentos de 15 de novembro de 1889 começaram, propriamente dito, na investida
que o Paraguaio Solano Lopez promoveu contra o antigo Império do Brasil. Com um Exército
relativamente bem armado, ele atacou as fronteiras desprotegidas das antigas Províncias de
Mato Grossoe RioGrande doSul,chegandopróximode PortoAlegre.Levou5anosparaexpulsá-
lo de lá e levar a guerra para dentro do território Paraguaio. Cinco anos foi tempo necessário
para se formar um exército verdadeiramente nacional que fosse além de uma milícia mal
armada e mal treinada para, agora, aprender e desenvolver estratégia militares e, também,
novos conceitos de Segurança Nacional e Regional para o Estado do Brasil independente.
O que enfureciaosmilitares,afinalde contas,eraentendercomoe porque aquelaguerratinha
acontecido.Comofoi possível aumpaís muitomenore,sobváriosaspectos,commuitomenos
recursos,promoverumainvestidatãoviolentae marcante com um intuitotãodeterminadode
redesenhar o mapa da América do Sul?
A falta de um exército regular, uma Oligarquia de origem estrangeira confiante apenas em
tratados diplomáticos e o apoio incondicional da Inglaterra eram apontados pelos militares
como os fatores que se não promoviam, também não inibiam, ambições caudilhistas dos
3. Hispânicoscontrao Brasil.Afinal oterritórioEspanhol e PortuguêsnaAméricadoSul tinhasido
desenhado por tratados diplomáticos desde de Tordesilhas.
OscomentáriosdoSecretáriodaEmbaixadaAmericananoRiodeixavamclaroocomportamento
alienante, antiquado, servil e ignorante dessas elites Imperiais que governavam o Brasil dessa
época. Cheios de rapapé e beija-mão, pensamentos voltados para minúcias jurídicas, falta de
objetividade e clarezade raciocínio,ódioàtecnologia,atavicamente conservadorese religiosos
e possuídosde uma visãobacharelescae romântica do mundo. O velhoImperadorPedroIIera
exemplodisso,atravésde meiadúziade palavrasde efeitoemfrancêsouinglêse ele eradado
como poliglota. Nunca foi capaz de desenvolver uma conversação em inglês com os
Embaixadores Britânicos ou Americanos e por isso era alvo de comentários jocosos sobre sua
aptidão para línguas.
No entanto, o que todos se perguntavam na década de 1860 era quais foram os verdadeiros
objetivosestratégicosde SolanoLópezao investirtão determinadamente contraoBrasil.Diz a
lenda que era para obter uma saída para o mar, já que todo o Comércio Externo do Paraguai
estava restrito à navegação pelo Rio Paraguai e Rio da Prata cuja embocadura era controlada
pelosArgentinosapartirda Recalada(postodos práticosArgentino).Se issoeraverdade,oRio
Grande do Sul não seria a melhor opção para se iniciar uma guerra.
Porto Alegre estásituado numa lagoa rasa com calado médio de 5 metros com saída para mar
na cidade de Rio Grande que antes das obras do início do Século 20 sofria de assoreamento
constantemente, ou seja, de difícil navegação para o mar.
Desde BuenosAirese Montevidéu,seguindo-sepelacostaBrasileiraoúnicoportorazoávelpara
atracação é, hoje, Imbituba já no Estado de Santa Catarina. O litoral lacustre do Uruguai e do
Estado Brasileiro do Rio Grande do Sul não propiciam a formação de portos na região. O atual
Portode RioGrande é frutode obras iniciadasnoiníciodoSéculo20 que mantémaberto,hoje,
o estreito canal que liga a Lagoa dos Patos ao mar, no fundo da qual está situada a cidade de
Porto Alegre.
O desenrolardaguerradoParaguai criou um Exércitoprofissionaltotalmentebrasileiroe,além
disso, criou também escolas militares de engenharia que se tornaram modelo para o
desenvolvimento do país, pois que aí passaram a ser discutidas, além de estratégias militares,
os destinos do Brasil. Essa elite imperial servil,arrogante e atavicamente boçal do tipo Néscio
NevesdaCapetingadesenvolviaEscolasdeBelasArtese promoviaexpediçõesestrangeiraspara
documentar a fauna e a flora Brasileira.
O casamento de Isabel, a filha de Pedro II, com um nobre francês arruinado pela Revolução
Francesa chamado de Conde D’Eu, adicionou um componente negativo ao espírito nacional
brasileiroemformação.A ideiade que umestrangeirofalandoumportuguêsarrastadoaponto
de não ser bem compreendido, dando ordens a Militares Brasileiros, forjado pela Guerra do
Paraguai, era totalmente despropositada.
A Guerra doParaguai tinhasidoduraparao Exército,maisde 5anosde lutas emterritóriohostil
peloclima,pelafaltade acessos,recursos e assolado por doençasendêmicas.Osmilitaresnão
estavam dispostos a baixar a cabeça para um francesinho arrogante de merda, genro do
Imperador, que mal falava o português. Além disso, os militares culpavam as elites imperiais
peloatraso emque se encontravao Brasil,oque nos tornoualvo fácil de um estúpidocaudilho
latino americano que agiu sem a menor cerimônia, atacando o país.
4. Adeus ao Imperador
O Rio de Janeiro do Século 19 era uma cidade atarracada, espremida, prensada entre a
montanha e o mar, cercada por morros e assolada por epidemias, onde o esgoto era coletado
por escravos e despejadonomar. A circulação pelacidade era complicada, atravésde ladeiras
íngremes que serpenteavam morros e terrenos alagados. Para a movimentação de carruagens
oficiais era preciso a intervenção constante do Chefe de Polícia, fazendo bloqueios nas ruas
centrais.
Asruas centraisnãopassavamde um amontoadode casas,semarruamentobemdefinido,sem
ventilação e propícias a epidemias e doenças contagiosas. No final de cada verão carioca era
comum ter-se 5 mil mortos. Os navios preferiam não atracar no porto devido aos constantes
perigos de epidemia. As embaixadas eram consideradas postos avançados e perigosos.
AselitesimperiaistinhamconstruídoumacidadelaemPetrópolisondese refugiavamnosmeses
quentes sem se importar com mudanças sociais ou melhorias na capital. Foi apenas na
administraçãodoPrefeitoPereiraPassos,jánoiníciodo século20, que o Rio sofre umaimensa
transformaçãourbana, abrindo-se avenidase aterrando-se manguese praias.Foramos efeitos
dessasreformas que transformaramoRiode Janeirona cidade maravilhosa dos anos de 1920.
A reunião entre os Militares e a família do decrépito Pedro II foi tensa como comentado pelo
secretário da Embaixada Americana e referendado pela Embaixada Britânica. De um lado, o
Exército querendo acabar logo com aquela situação e despachar a família monárquica
estrangeiraomais rápidopossível parafora do país, de outro, a Marinha oferecendosuportee
a possibilidade de desembarque de fuzileiros.Na verdade,a essa altura dos acontecimentos o
Exército,que controlavaaPolícia, játinhatomadotodosospontosestratégicosdacidade doRio
de Janeiroe divulgadoa Proclamaçãode uma RepúblicaBrasileira,assimcomo, a formação de
um Governo Republicano Provisório.
O Exércitotinha pressaem resolveraquelasituaçãoparaneutralizarqualquerpossível açãoda
Marinha.A presençadoConde D’Eunasalairritouosmilitaresjáqueviamneleumainsuportável
intromissão estrangeira no Brasil.A oferta de fuzileiros não era vista como alternativa séria. A
Marinha não tinha contingente para abordar e tomar a cidade do Rio de janeiro. Poderia sim,
bombardeá-la e tomar, talvez, a região central, mas não iria muito além disso.
PedroII tentavaganhar tempona esperançade uma mudançanos acontecimentos políticos.A
Elite Imperialjáhaviadebandadocommedo e aMarinhaeraoúltimotrunfodovelhoImperador
para contornara situação. Nas ruas havia silêncio e tensão,assalvasde tiros,as evoluçõesdas
tropas e as bandasmilitares tinhade subido se calado.Haviaa expectativade desembarque de
fuzileiros navais e o início de uma Guerra Civil.
As Embaixadas Americanas e Britânicas esperavam pelo pior e guardas armados com fuzis e
pistolasforamcolocadosapostos.OChefedePolíciadoRioordenoureforçosnopatrulhamento
das ruas centrais pelasMilíciase a continuaçãodos bloqueiosparaalém das ruas adjacentesà
1º de março. O Exército tratou de proteger suas posições na cidade. A flotilha da Marinha
continuavaemevolução,deixandoocaisdo AlmirantadoemNiterói e posicionando-se naBaía
da Guanabara.
Choradeiras, lamentações e murmúrios da Princesa Isabel e de sua mãe irritaram o Floriano
Peixoto que se apressou a pô-las para fora da sala junto com o conde D’Eu aos empurrões,
5. dizendoque aquele nãoeraassuntoparanenhumdeles,ficandooImperadorsozinhocomseus
criados e alguns políticos fiéis. Os militares da Marinha ficaram indignados com o
comportamento de Floriano empurrando todo mundo para fora, exigindo respeito a Pedro II
como Imperador e a sua família. No entanto, seguindo o relato da Embaixada Americana, foi
essa atitude assertiva e determinada que salvou a República e pôs fim a monarquia de
estrangeiros que havia no Brasil do Século 19.
Para terminar com aquela situação, os argumentos de Floriano Peixoto foram claros; se a
Marinha interviesse e invadisse oRiode Janeiro,elestalvezrecuassemparaas montanhasmas
voltariam com forças redobradas e, quando voltassem, enforcariam o Imperador e toda sua
família na porta do Palácio de São Cristóvão. Esses argumentos foram suficientes para que o
velhoImperadorde família nobre estrangeirafosse rapidamente despachado,namesmanoite,
no primeironavioancoradono caisdocentroda cidade e de lá para Portugal terrade seuspaís.
A saída da família monárquica estrangeira de São Cristóvão foi cômica, segundo a Embaixada
Britânica. Floriano se irritou com demora e resolveu, mais uma vez, tomar pulso da situação
ordenando que os criados do Imperador fizessem rapidamente as malas e foi colocando todo
mundo para fora do palácio aos empurrões e safanões, socando-os todos dentro de várias
carruagensque esperavamnoladode fora. Em carreiradesembestado,oséquitoseguiu parao
caisdo centrodoRiocom tropasdoExércitoacavalofazendopatrulha afrete,abrindocaminho
no meio da noite escura e chuvosa, iluminando as ruas com tochas e lanternas para evitar
qualquersurpresapor parte da Marinha. Em caso de reação,tinham ordenspara matar todos.
No cais, a família toda foi empurrada às pressas para dentro da embarcação junto com seus
badulaques.
Quinze diasapós o dia 15 de novembrode 1889 realizou-se noantigoPaláciode São Cristóvão
um leilãodomobiliárioque havia sidodeixadopelafamíliamonárquica estrangeira. Nãohavia
nada de interessante,apenasmoveisvelhossemvalor. AsElitesImperiais desapareceramsem
deixar vestígios.Rapidamente, os símbolos da Monarquia desapareceram. O antigo Palácioda
Praça XV transformou-se em sede dos correios e o de São Cristóvão em Museu Nacional. Um
inventáriofoi feitonessesprédiose constatou-se que estavamempéssimascondiçõesde uso.
O GovernoRepublicanoProvisóriocomprouo,então, maiore melhorHotel dacidade doRiode
Janeiro para ser sede do nascente Governo Federal no Catete e pode-se dizer que assim,
propriamente dito, começa a história do Brasil Moderno.
Um Projeto de País do Século 19 para o Século 20
A substituiçãodospoderescoloniaisportuguesese espanhóispelodosBritânicos no Século19
fez parte da lógica colonialista neoliberal de então, integrando esses territórios os interesses
econômicosBritânicos comofornecedoresde matériasprimas,assimcomo,a formaçãode um
insipiente mercado consumidor para os produtos industrializados europeus e americanos.
Ao longo dos Rios da Prata, Paraná, Uruguai e Paraguai, agraciadas pelo clima chuvoso e
invernos amenos,assim como, terras absolutamente planas, chamadas de pampas úmidas, os
Britânicos montaram uma das maiores províncias agrícolas do mundo de então, capaz de
alimentar facilmente mais de 500 milhões de pessoas. A partir daí os Estados Argentino e
Uruguaio foram formados com altos níveis de arrecadação e baixíssima população, resultando
em países muito ricos.
O resultado final,foi umatentativade replicaromodelocultural dos europeusnessaregiãoque
iria perdurar até, aproximadamente, meados do Século 20. Os vestígios desse modelo podem
6. ser vistos através da arquitetura das cidades Argentinase Uruguaias de Montevidéu e Buenos
Aires, como por exemplo, predominantemente europeias.
A partir de 1950, esse modelo entra em franca decrepitude, restando hoje países que não
conseguiramse recriarapartirdosacontecimentospolíticos e econômicosde meadosdo Século
20 emdiante.Emverdade,aArgentinae oUruguai continuamaser até hoje modelosde países
forjados no século 19 pelos Britânicos para serem uma consequência cultural da Europa na
AméricalatinadoSéculo20e,nãoconseguiramevoluirouse transformaralémdessesconceitos
colonialistas herdados dos neoliberais do passado.
Como consequência, esses países estão encalacrados nessa região das pampas úmidas,
engargaladospelopeloscanaisde acessodosRiosdaPrata,Uruguai, Paranáe adjacências,sem
alternativas para portos marítimos ou novas áreas de expansão ou para escoamento logístico.
Isso acabou por estancar seu crescimento econômicoe populacional poisse,hoje,a Argentina
com umterritóriode 2 milhõesde Km2temapenas40milhõesde habitantes,aEspanha, muito
menor, com muito menos recursos naturais, tem mais de 60 milhões.
Agora,quandoa Argentinaatingir60 milhõesde habitante começaráatersériosproblemasde
escoamento pelos canais dos Rios Paraná e da Prata. Adicionando-se a isso, um possível
crescimento de países como o Paraguai e o Uruguai, os quais, também usam as mesmas
estratégias logísticas e estão atrelados ao mesmo projeto de país forjado pelos Britânicos do
Século 19 e essa região ficará encrencada logisticamente falando.
Se por hipótese, toda essa região da Argentina, Uruguai e Paraguai atingisse, digamos, 100
milhões de habitantes, os quais caberiam confortavelmente nesse mapa, no entanto,
colapsariam em seus sistemas logísticos de ComércioExterno pelo seu uso intensivo, alémda
capacidade, dos canais dos Rio da Prata, Paraná, Uruguai e Paraguai pois que não têm
alternativas viáveis.Osportosmarítimosmais próximosnaArgentinaestãoemBahia Blanca já
muitoaosul e longe dasáreasprodutoras.NoUruguai,acostaAtlânticaé lacustree nãopropícia
a construção de portos, alémdo fato de que toda a economiado país foi projetadapara o uso
intensivo dos canais do rio Uruguai.
Um Projeto de País do Século 20 para o Século 21
Os projetos do imperialismo Britânico não funcionaram da mesma maneira aqui no Brasil,
devido as restrições de relevo, clima e composição étnica e racial. As plantações de Café no
interior do Estado de São Paulo foram a melhor réplica desse modelo econômico Britânico
neoliberal aplicadona Argentina e no Uruguai. Ele funcionou até, digamos, meados do Século
20, maspor diversasrazõesoBrasil soube procurare encontraralternativasparaoesgotamento
desse antigo modelo econômico de colonização Britânica neoliberal do século 19.
A partir de então,de meadosdo Século20, aproximadamente 1950, uma verdadeirarevolução
econômicae social toma conta do Brasil,criando-se umrenovado projetode país do Século20
para o Século 21. Como consequência, a população, que em 1950, era de 52 milhões de
habitantes,saltaem50 anos para maisde 200 milhões,atingindoumPIB que está entre os 10
maiores do mundo nos dias de hoje. O que aconteceu e como isso foi possível?
Primeiramente,o Brasil abandou o projetoneoliberal Britânico do Século 19 de se tornar uma
réplicadomodelocultural daEuropa,relativizouaimigraçãoeuropeiacomomatrizétnica,racial
e cultural e optou pelo crescimento populacional acelerado e a imigração interna,
principalmente nordestina.
7. Economicamente,apartirdocrescimento doEstadode São Paulo, aumentou-sesuapopulação
através da imigração interna, principalmente vindos da região nordeste do Brasil e,
consequentemente, sua densidade econômica expandiu-se em relação aos outros Estados da
União. Formou-se, assim, um mercado de 200 milhões de habitantes a partir da densidade
econômica de 45 milhões de habitantes os quais foram capazes de distribuir esses benefícios
para outras regiões de menor densidade.
Desse modo, os custos logísticos do Brasil não são representados por distâncias diretas entre
cidadesou pontosde consumoou, ainda,de centros de distribuição,massim,tornaram-se um
rateiode custos a partir das áreas de alta densidade populacional e econômica(São Paulo, por
exemplo) para as de baixa densidade populacional e econômica (Rondônia e Mato Grosso).
Esse modelo foi expandido para cada Estado da União, criando-se Capitais que replicaram os
mesmos conceitos a partir de suas áreas metropolitanas de alta densidade econômica, tais
como,Beléme Manausparaáreasde baixadensidadeeconômicataiscomoPortoVelho,Cuiabá,
Marabá, etc. O mesmovale paraCapitais,taiscomo,Salvador,Curitiba,PortoAlegre,Recife.Ou
aindapara outrascapitaisregionais,taiscomo,Campinas,CampinaGrande,Petrolina,Marabá,
Ribeirão Preto, Goiânia, Belo Horizonte, Governador Valadares, Vitória da Conquista, Feira de
Santana, Fortaleza, etc.
O resultado pode ser visto no desmantelamento do antigo modeloarquitetônico europeu que
havianascidadesbrasileiras até adécadade 1950poistiveramquesairde populaçõespequenas
de, digamos, 1 milhão de habitante, para os atuais 20 milhões ou, ainda, dos antigos 20 mil
habitantes para os atuais 200 mil.
Logisticamente, isso só foi possível, a partir do Plano Nacional Viário de 1972, deixado pelos
militares, que abriu novas rotas e novas oportunidades de negócio em um território de 200
milhões de habitantes. Os militares fizerem o melhor projeto de nação que jamais existiu,ou
voltará a existir nesse país, porém, infelizmente, o pior projeto político.
O Agronegócio e a Industrialização
A partir do PlanoNacional Viáriode 1972, dos militaresBrasileiros,estáimplícitoumarranque
na industrializaçãoparasustentarumcrescimento tãoaceleradoque justificasseopaíster hoje
200 milhões de habitantes em menos de 50 anos.
No entanto, o Plano não para aí. Descobriu-se que em oposição à pampa úmida argentina
haviam regiões no Brasil central constituídas por planaltos alisados, quentes com chuvas
regulares em épocas bem determinadas. As temperaturas médias altas, aliadas a períodos de
chuvas regulares alternadosporestiagem,comonoplanaltode Parecis em Mato Grosso,eram
muito propícias a dar pelo menos duas safras agrícolas ao ano.
Assim,constituiu-se oAgronegóciobrasileiro.Se elesexistem hoje é porque oEstadoBrasileiro
abriu estradas na região e fez investimentos de longuíssimo prazo que só agora começam a
mostrar seus efeitos na Balança de Pagamento do Brasil. A iniciativa privada jamais teria
condições de esperar por retornos para prazos tão longos.
Os investimentosBritânicosdoSéculo19 na regiãodo Prata não podem, nemde longe,serem
comparados comosaltíssimos investimentosdoEstadoBrasileiropara todasasregiões quehoje
formamoAgronegóciobrasileiroapartirde 1950,taiscomo,paraoplanaltode ParecisemMato
Grosso, os planaltos alisados e levemente ondulados de Rondônia, a região do vale do Rio
Araguaiaem Querênciae NovaXavantinapelaBR-158 e o Oeste Baiano na regiãodas BR-020 e
8. BR-242 emLuís EduardoMagalhães, Barreirase Correntina.Alémde BomJesusnoPiauí, Balsas
no Maranhão até Paragominas no Pará, está já quase a 200 km de Belém, capital do Pará. O
Estado Brasileiro formou, desse modo, uma das maiores províncias agrícolas do mundo
atualmente, capazes de alimentar não mais milhões, mas bilhões de pessoas.
Eu afirmo,semmedode errar,que issotudoé consequênciado PlanoViárioBrasileirode 1972,
que revolucionou a logística brasileira e o próprio Brasil, a qual não tem sérios pontos de
engargalamentos como no caso comentado acima dos países da Bacia do Rio do Prata.
As notíciasque de temposemtempossurgemna mídia brasileirasobre um supostocolapsoda
Infraestrutura Brasileira, justificando-se através de números fraudulentos fornecidos pela
Burocracia ignorante do Banco Mundial é errada e tentaatingire diminuiroBrasil.Usa-se para
isso fazendeiros, professores e jornalistas que desconhecem o assunto em profundidade quer
sejasobre logística,querseja sobre o própriodesenvolvimentodo Agronegócio,suasorigense
formação. Suas demonstrações de contabilidades de custos logísticos são pueris, típica de
alunos de mestrado ou doutorado sem visão ou experiência profunda do Brasil.
A mágica,se se pode chamar assim,é aqueladescritaacima:umrateio de custos logísticos e de
transportes das regiões de mais alta densidade econômicapara as de mais baixa.Se não fosse
assim, Rondônia com 1 milhão de habitantes ou, ainda, Mato Grosso com 3,5 milhões de
habitantes e 1 milhão de Km2 jamais teriam a possibilidade de ter Shopping Centers ou
desenvolvimento econômico viável. Se essas regiões se desenvolveram é por que seus altos
custos logísticos e de transporte, por serem de baixa densidade populacional e econômica,
foram no passado e,estão sendorateadosaté hoje peloBrasil inteiro,principalmente,através
das regiões de alta densidade econômica como aquelas mencionadas anteriormente.
O Conde D’Eu e o Século 21
A encruzilhada que o Brasil atravessa, nesse momento, está relacionada com esse modelo
neoliberal norte-americano e comunista chinês que fracassou redondamente por que não se
constituiu num projeto consistente de país, mas sim num modelo de dominação econômica,
onde transferências massivas de fábricas dos Estados Unidos para a China não levaram em
contas as regras mais básicas de desenvolvimento econômico, muito menos as recentes
experiências desde o século 19 até o Século 21.
O fracasso desse modelo, ao se esgotarem suas possibilidades, virou motivo de trapaça e
canalhice, forçando com isso que o mundo inteiro se tornasse um imenso mercado para as
quinquilharias industriaisamericanas e europeias fabricadasna China Comunista.País como o
Brasil, que lutou na Segunda Guerra Mundial contra o Nazi-fascismo, hoje, deve se submeter
aos ditames da ditadura militar comunista chinesas e dos fracassados neoliberais norte-
americanos.O País que tanto falouem democracia,comoos Estado Unidos do passado,passa,
hoje, aprivilegiarumadaspiores e maisferozes ditadurasdoMundoqueé oComunismoChinês,
líderem exportaçãode tecidosfetais,jáque produz60 milhõesde abortosao ano. Lá na China
elesconsomemseremhumanos.Esse é oprojetoneoliberal norte-americanoparaoSéculo21.
Não passará...
Canalhas! Canalhas! Canalhas!
No Brasil atual, por interferência dessa canalha neoliberal norte-americana voltamosa ter um
regime que sob vários aspectos se assemelha aquele das velhas elites imperiais brasileirasdo
Século 19. Agora, o papel do odiado Conde D’Eu é exercido por esse bostinha do Bill Clinton,
9. lastimável Presidente Americanoque queraqualquercustoexercerseudomíniosobre o Brasil,
usandopara issosuas relaçõescom o miserável partido de canalhasintegristaschamado PSDB
de Sãopaulo e a manipulaçãodafigurapatética,decrépitae antinacional doFernandoHenrique
Cardoso.
Hoje, a maior ameaça à Segurança Nacional Brasileira vem desses indivíduos e do medíocre e
filhode umaputade Little Rockque quermandar nomundo,achandoque é um Rei e um Deus,
mas não passa de um rufião que acabou por se tornar Presidente dos Estados Unidos da
América.
Prof. Ricardo Rodrigues
São Carlos 26 de Setembro de 2016