Olá a todos. Esta segunda leva de pequenas reportagens sobre instalações rurais traz ideias simples de como economizar na cobertura de cocho e evitar a formação de lama ao redor do bebedouro, entre outras. Espero que apreciem.
Instalações econômicas e criativas para gado de corte
1. ESPECIAL
Instalações e Equipamentos
52 DBO maio 2017
Ideias de montão
Renato Villela
P
ara iniciar nosso “mosaico de ideias” sobre insta-
lações para gado de corte e exemplificar a criati-
vidade na pecuária, escolhemos um conjunto de
cocho/bebedouro que promete facilitar a vida do semi-
confinador. Ele foi desenvolvido por técnicos da Nova-
pec, uma “fazenda conceito”, de caráter experimental,
localizada em Rondonópolis, sudeste do Mato Grosso e
criada por Arlindo Vilela, fundador da Novanis (empresa
agora pertencente ao Grupo Agroceres) para validar no-
vas tecnologias, visando à intensificação da produção.
De lá, estão saindo alguns modelos de instalações sim-
ples, porém funcionais, que começam a ganhar espaço
no campo.
O cocho para semiconfinamento objeto desta reporta-
gem é um bom exemplo disso. Ele permite rápida distri-
buição do trato e é feito com materiais baratos. Em vez de
Cobertura de cocho econômica, bebedouro sem barro,
bezerros pesados no campo sem estresse, pintura no
curral para acalmar os bois: quer mais?
Mangueira
de hidrante
esvazia
bebedouros
sem deixar
poças d'água
nos arredores
Cocho com
lona de estufa
é três vezes
mais barato
do que o com
folha de zinco
2. maio 2016 DBO 53
telhas de zinco, tem cobertura de lona de estufa, um material
leve, resistente e impermeável, que reduz bastante o custo
da instalação. Enquanto o metro linear do cocho com folhas
de zinco não sai por menos de R$ 1.000, o de lona plástica
fica em torno de R$ 380, quase três vezes menos. A lona tem
garantia de cinco anos por parte do fabricante.
Estrutura de eucalipto
O menor custo do conjunto não se deve apenas à
substituição dos materiais de cobertura, mas também à
simplificação da estrutura de sustentação. “As telhas de
zinco exigem pilares de concreto, enquanto a lona pode
ser sustentada por estacas de eucalipto”, afirma Welton
Cabral, gerente da Novapec. A altura da instalação tam-
bém sofreu modificações. Cabral informa que a maioria
das fazendas que faz semiconfinamento no Mato Grosso
constrói coberturas elevadas o suficiente para viabilizar
a passagem de um caminhão, o que, além de encarecer a
obra, é desnecessário. “O caminhão não precisa transitar
embaixo da cobertura para abastecer o cocho. Dá para
passar do lado, é só utilizar um chupim maior” afirma o
gerente, referindo-se ao acessório, espécie de tubo, por
onde é despejada a ração.
Outra vantagem da substituição dos materiais é que,
dependendo da orientação da linha de cocho, o “telhado”
de zinco projeta sombra rente à base, um convite para
que os animais, nos horários mais quentes do dia, se dei-
tem, atrapalhando o acesso dos demais. Além disso, o
fato de a lona ser transparente evita a formação de lama
perto do cocho, pois a região, normalmente com maior
concentração de fezes e urina, seca mais rápido devido
à ação dos raios solares. Cabral afirma que a cobertura é
importante no semiconfinamento, porque permite abas-
tecimento do cocho em intervalos mais longos. Como a
dieta, neste sistema de produção, é seca e composta pre-
dominantemente por grãos, sem volumoso, não fermen-
ta com o tempo, desde que protegida da água da chuva.
“Colocamos ração para dois ou três dias, o que nos traz
economia em logística”, diz ele.
Quando você esvazia um bebedouro para limpá-lo
a água escorre, encharcando o terreno em volta? Essa
água se transforma em lama com o pisoteio dos animais?
A Novapec encontrou uma solução para esse problema.
Para evitar a formação de barro em volta dessa insta-
lação, bastam uma mangueira de hidrante, semelhante
à usada pelo Corpo de Bombeiros, e uma flange, peça
empregada para juntar componentes de um sistema de
tubulação. A flange é colocada no ralo, pelo lado de fora
do bebedouro, e depois acoplada à mangueira, que possui
engate rápido. “Cada vez que esvaziamos o bebedouro,
direcionamos a mangueira para escoar a água distante da
instalação e em um ponto diferente, de modo a evitar a
formação de lama”, explica Welton Cabral. A mangueira,
confeccionada com fios de poliéster, tem 5 m de com-
primento. “É leve, fácil de enrolar e de transportar na
moto”, afirma o gerente. n
“Bebês” suspensos
Feita em couro, essa manta para pesagem de bezerros é uma ideia supercriativa.
Ela tem quatro furos, nos quais são colocadas as patas do animal recém- nascido,
permitindo que ele seja suspenso do chão e pesado no ar. A manta possui quatro alças
com argolas na ponta, que são presas em um gancho munido de balança portátil.
O conjunto é dependurado a uma trave de mandeira (parecida com gol de campo
de futebol) que tem 1,40 m de altura e 1,2 a 1,4 m de largura. Segundo professora
Fernanda Macitelli, da Universidade Federal de Mato Grosso, a estrutura facilita todo o
manejo pós parto e cansa menos o funcionáro. “Fica mais fácil fazer a cura do umbigo,
tatuagem, vermifugação e outros procedimentos adotados na fazenda. Além disso,
o bezerro fica menos estressado e há menos riscos de acidentes, pois o animal fica
mais quieto se não estiver apoiado no chão”, diz. A foto é da Fazenda Araponga, em
Jassiara, MT, de Shiro Nishimura.
Arte para boi ver
Em visita no ano passado à Fazenda Mato Grosso II, em Porto Calvo, Alagoas, o
consultor Paulo Prohmann, se deparou com um curral antiestresse diferente. Suas pa-
redes internas foram pintadas pelo proprietário Ronaldo Cunha com bois brancos sobre
um fundo verde, alinhados tranquilamente como se estivessem passeando livremente
no pasto. Cunha diz ter se inspirado em um vídeo que assistiu sobre a pesquisadora
TempleGrandin,daUniversidadedoColorado,especialistaembem-estaranimal.Opro-
dutor pensou que os animais se sentiriam bem no ambiente criado pela pintura. Estava
certo. O comportamento deles dentro da instalação melhorou. Ficaram muito mais cal-
mos. “Achei a ideia muito interessante, além de esteticamente atraente”, diz Prohmann.
Galeria da criatividade