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Altas Habilidades e
Superdotação
Aspectos Históricos e legais, as politicas públicas; mitos e
preconceitos; concepções e características
Responsável pelo Conteúdo:
Profa. Dra. Célia Regina da S. Rocha
Revisão Textual:
Prof. Ms. Claudio Brites.
5
Unidade Aspectos Históricos e legais, as politicas públicas;
mitos e preconceitos; concepções e características
Nesta unidade, trataremos das questões referentes à identificação, aos mitos e
preconceito que envolvem as pessoas com altas habilidades/superdotação. A AH/
SD é um tema complexo, pois temos os aspectos e as questões legais, os direitos
humanos e o direito constitucional que cada um desses indivíduos tem de serem
atendidos de acordo com suas potencialidades, oportunizando o desenvolvimento
máximo de suas habilidades e talentos especiais. Por outro lado, não podemos
deixar de sinalizar a importância do papel da escola e da família nesse processo,
com a oferta de atendimento educacional e aproveitamento das possibilidades
educacionais previstas pela legislação vigente. Daí a emergência da necessidade
de identificar e reconhecer o quanto antes as pessoas detentoras da superdotação/
altas habilidades.
Nesta unidade, discutiremos a identificação das altas habilidades/superdotação, os critérios
necessários para que essa identificação aconteça, assim como as características, os mitos e
preconceitos que envolvem o assunto, enfocando também a importância do papel dos pais e
familiares e da escola nesse processo de identificação.
Nesta unidade, trabalharemos os seguintes tópicos:
•	 Aspectos Históricos e legais, as politicas públicas;
mitos e preconceitos; concepções e características
Fonte:
iStock
/Getty
Images
6
Unidade: Aspectos Históricos e legais, as politicas públicas; mitos e preconceitos; concepções e características
Para iniciarmos esta unidade, convido você a refletir acerca do tema: identificação e Avaliação
de tipos diferentes de altas habilidades / superdotação. Para tal, veja o vídeo abaixo, que será
muito importante para compreendermos o conteúdo que aqui será desenvolvido:
Akiane menina prodígio - Disponível em:
»
» https://www.youtube.com/watch?v=AIx5YSczN_A
www
Contextualização
7
AspectosHistóricoselegais,aspoliticaspúblicas;mitosepreconceitos;
concepções e características
Em um programa de auditório de domingo, uma criança é apresentada como atração
principal: ela sabe todas as capitais dos estados brasileiros e de outros países também. Ela
é anunciada e convidada para vir ao palco, entra acompanhada pelo pai, que é uma pessoa
humilde e que reside numa cidade do interior de Pernambuco. Imediatamente, a apresentadora
pergunta o nome e a idade da criança, que responde com aquela linguagem peculiar às crianças
de sua idade. Em seguida, a apresentadora lhe pergunta: “Onde você nasceu?”. A criança fica
parada olhando para a apresentadora, que imediatamente refaz a pergunta: “Em que estado
você nasceu?”. A partir daí, a criança passa a discorrer sobre a capital de seu estado, abrindo
espaço para responder sobre os demais estados brasileiros e sobre alguns países europeus
africanos e asiáticos. Na sequência da entrevista, o pai afirma que começou a perceber essa
habilidade do filho, quando ele contava com aproximadamente dois anos de idade.
Você pode pensar que o menininho tão esperto e bonito talvez não seja um caso de
superdotação/altas habilidades – AH/SD, mas como explicar tanta habilidade em uma criança
com tão pouca idade?
Definir se alguém tem altas habilidades ou não depende da compreensão de seus
comportamentos, situados no contexto no qual está inserido, e da análise cuidadosa e detalhada
das configurações das capacidades que caracterizam cada pessoa. Os Parâmetros Curriculares
Nacionais apontam as características a serem analisadas: alto grau de curiosidade; boa memória;
atenção concentrada; persistência; independência e autonomia; interesse por áreas e tópicos
diversos; facilidade de aprendizagem; criatividade e imaginação; iniciativa e liderança.
Renzulli (1986, 2004) afirma que o desempenho passa a ser considerado superior quando
comparado aos seus pares, nesse sentido, cabe observar a frequência de indicadores significativos
que descrevem uma capacidade de aprendizagem diferenciada.
O autor ainda destaca que essa capacidade de aprender facilmente e de forma rápida inclui
todos os aspectos que constituem o ato de aprender, como: rápido processamento da informação,
fazer generalizações, capacidade em envolver-se em pensamento abstrato, motivação para
ampliar e aprofundar as diferentes situações que se apresentam em seu cotidiano, ritmo e
execução de metas que viabilizem respostas adequadas às novas situações – especialmente
aquelas pertencentes à área de interesse da criança.
Alguns autores afirmam que qualquer pessoa pode identificar a AH/SD, porém o grande
problema está em certificar-se da credibilidade dessa identificação. Segundo a Organização
Mundial da Saúde – OMS –, cerca de 1% a 3% da população mundial é composta por pessoas
com AH/SD, no entanto, a pesquisadora Angela Virgolim (2007) afirma que nesse processo
de avaliação nem sempre são considerados os aspectos relativos à criatividade, à capacidade
de liderança, às competências artísticas e psicomotora. Para ela, caso esses aspectos fossem
agregados na avaliação, as estatísticas da AH/SD aumentariam significativamente no mundo
todo (ROSA NETO; BRAZ; POETA; OELK, 2005).
O problema de conferirmos credibilidade à identificação de talentos é que no mundo atual
a exigência da demanda vigente, com fórmulas e medidas exatas, é cada vez mais valorizada.
Mas, segundo Fleith e Alencar (2007), o processo de identificação da AH/SD sofreu algumas
mudanças importantes, que provocaram rupturas no paradigma tradicional, sobretudo, quanto
à valorização do contexto de desenvolvimentos das habilidades e pluralidade de métodos
8
Unidade: Aspectos Históricos e legais, as politicas públicas; mitos e preconceitos; concepções e características
de identificação. Essas mudanças tiveram implicações significativas na forma de identificar,
reconhecer e avaliar o indivíduo com AH/SD. De acordo com Alencar (2004), esses componentes
representam a energia que o indivíduo canaliza para resolver determinada tarefa, incluindo traços
de perseverança, dedicação, esforço, autoconfiança, bem como crenças na própria habilidade
de desenvolver um importante trabalho.
A AH/SD envolve uma complexidade e multiplicidade de olhares para que possamos conhecer
e entender as suas características – individuais ou de um grupo de indivíduos (VIEIRA, 2005).
Dentre as características, a principal delas é a precocidade, onde a criança apresenta desde
muito cedo determinada habilidade específica, desenvolvida em qualquer área do conhecimento
– como o exemplo relatado no início deste texto.
A precocidade e o gosto pela leitura, geralmente, estão presentes nos diferentes tipos de AH/
SD, embora pareçam estar relacionados apenas à inteligência linguística (FREITAS; PÉREZ, 2010
e FLEITH; ALENCAR, 2007). A precocidade, na verdade, mostra-se como um mecanismo de
busca autônoma e independente que a criança com AH/SD utiliza para suprir sua necessidade
de conhecimento e, geralmente, essas crianças são ávidas a obter informações de qualquer área
do conhecimento, e rápidas nessa busca, apesar de atuarem dentro de um ritmo próprio, ele
sempre costuma ser acelerado. A leitura é utilizada porque, por meio dela, torna-se mais fácil
obter as informações, elemento básico para a construção do conhecimento.
Vraive-Douret (apud BERGÉS-BOUNES; CALMETTES-JEAN, 2010) enfatiza que na
criança com AH/SD, mesmo sem estimulação específica, surge o aparecimento das primeiras
palavras por volta dos nove/dez meses e a primeira frase por volta de um ano e meio –
considerando a complexidade maturacional e neuronal que envolve essas aquisições, esta é
uma condição de excepcional desempenho para uma criança tão pequena. Segundo a autora,
outros indicadores da precocidade linguística e lógico-matemática podem estar presentes,
tanto na fala quanto na escrita, na estruturação espacial e temporal da criança e, também, nas
etapas de desenvolvimento psicoafetivo.
Winner (1998, p. 245) explica que crianças precoces “não fazem descobertas sobre o domínio
por conta própria”, elas necessitam de instrução, apoio e encorajamento intenso por parte dos
pais, cuidadores e professores, para progredir e, normalmente, não alcançam os níveis “atingidos
aparentemente sem esforço pelas crianças superdotadas”.
Frequentemente, entre as pessoas com AH/SD, duas qualidades são encontradas:
independência e autonomia. Essas qualidades são percebidas desde a tenra idade e mostram-
se essenciais para o elevado grau de comprometimento, na elaboração e execução das tarefas, e
de criatividade que geralmente essas crianças demonstram, o que faz com que não necessitem,
portanto, de muitos estímulos para desenvolver as atividades e concluir as tarefas a que se
propõe fazer, mostrando-se destemidos para o enfrentamento dos desafios e para correr riscos.
A maioria das pessoas acredita no mito de que a criança com AH/SD é perfeita, não apresenta
nenhum tipo de dificuldade, aprende tudo rapidamente e que a origem das suas habilidades é
divina. Acreditam ainda que elas apresentam desempenho equilibrado em todas as áreas, pois
também são associadas com a genialidade. Há, ainda, a crença de que a prevalência neste
grupo de pessoas é do gênero masculino, ou, ainda, que superdotação pode ser fabricada pelos
pais (BERGÈS-BOUNES; CALMETTES-JEAN, 2010).
Muitos desses mitos e crenças sobre AH/SD têm contribuído para propagar confusões e a ideia
equivocada de que as crianças com AH/SD deveriam tirar notas dez em tudo, o que de certa
forma tem prejudicado a identificação e o encaminhamento dessas crianças para atendimento
educacional adequado.
9
Para combater tal cenário, é importante visualizar algumas características realmente comuns
a esse grupo:
[...] grande curiosidade a respeito de objetos, situações ou eventos; auto-
iniciativa tendência a começar sozinho as atividades; originalidade de expressão
oral e escrita, com produção constante de respostas diferentes e ideias
estereotipadas; talento incomum para expressão em artes, como música, dança,
teatro, desenho e outras; habilidade para apresentar alternativas de soluções,
com flexibilidade de pensamento; abertura para a realidade, busca de se manter
a par do que o cerca, sagacidade e capacidade de observação; capacidade de
enriquecimento com situações-problema, de seleção de respostas, de busca
de soluções de problemas difíceis e complexos; capacidade de julgamento e
avaliação superiores, ponderação a busca de respostas lógicas, percepção de
implicações e consequências, facilidade de decisão; gosto de correr risco em
várias atividades; aprendizado rápido, fácil e eficiente, especialmente no campo
de sua habilidade e interesse (SEESP/MEC, 2006, p. 14-15).
Além da precocidade, temos também as crianças consideradas “prodígio” – aquelas que
apresentam algo extremo, raro e único, que foge totalmente do normal ou do esperado na
natureza, como Mozart, por exemplo. Essas crianças são consideradas um prodígio porque
apresentam conhecimento e habilidades, até por volta dos dez anos de idade, muito semelhantes
a de um adulto especialista em determinada área do conhecimento. No entanto, quando atinge
a idade adulta, deixa de apresentar tais destaques, que anteriormente eram considerados
excepcionais pelo fato dela ser ainda muito pequena para apresentar tais habilidades.
Já os gênios são indivíduos de gerações passadas, que revolucionaram as diferentes áreas
do conhecimento com suas extraordinárias contribuições, a grande maioria beneficiando toda a
humanidade. Dois exemplos de genialidade:
Figura 1: Sigmund Freud (1856-1939) – médico
neurologista e criador da Psicanálise
Fonte: Max Halberstadt / Wikimedia Commons Fonte: Wikimedia Commons
Figura 2: Leonardo da Vinci (1452-1519):
arquiteto, inventor, escultor, pintor, poeta, cientista,
matemático, engenheiro, botânico e músico.
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Unidade: Aspectos Históricos e legais, as politicas públicas; mitos e preconceitos; concepções e características
Para Fleith e Alencar (2007), os termos superdotação e altas habilidades são utilizados em
conjunto. Ebeling (2013) faz a diferenciação entre eles, ao afirmar que o termo altas habilidades
destaca o desempenho, enquanto que em superdotação o destaque é dado para as habilidades
extremas. Invariavelmente, a criança com altas habilidades/superdotação tende a associar-se
com crianças de maior idade que a sua e preferem estudar sozinhas, são perfeccionistas e
possuem sensibilidade estética avançada, com elevada capacidade de observação e gosto por
jogos de estratégias (FREITAS; PÉREZ, 2010, VIRGOLIM, 2007 e SEESP/MEC, 2006). Porém,
esse interesse e preferência por estudarem sozinhas não significa que elas não precisam de
algum tipo de ajuda e atenção.
A definição de altas habilidades/superdotação do Ministério da Educação – MEC:
[...] considera os educandos com altas habilidades/superdotação aqueles
que apresentam grande facilidade de aprendizagem que os leve a dominar
rapidamente conceitos, procedimentos e atitudes (BRASIL apud VIRGOLIM,
2001, p.28).
Em todas as culturas, há algumas crianças que
[...] aprendem a falar, cantar, memorizar, dominar e vencer jogos físicos ou
cerebrais, se orientar em terreno desconhecido e assim por diante, mais cedo do
que outras crianças da mesma idade (GARDNER, 2000, p. 144.),
e que se sobressaem mais em determinadas atividades do que seus pares. Por outro lado,
SEESP/MEC (2006) destaca algumas características comportamentais de indivíduos com AH/
SD, eles possuem
[...] necessidade de definição própria; capacidade de desenvolver interesse ou
habilidades especificas; interesse de convivo com pessoas de nível intelectual
similar; resolução rápida de dificuldades pessoais; aborrecimento fácil com a
rotina; busca originalidade e autenticidade; capacidade de redefinição e de
estrapolação; desejo de aperfeiçoamento pessoal, não aceitação de imperfeição
no trabalho; rejeição a autoridade excessiva; fraco interesse por regulamento e
normas; senso de humor altamente desenvolvido; alta-exigência; sensibilidade
as injustiças, tanto de nível pessoal como social; comportamento irrequieto,
perturbador, importuno; descuido no completar ou entregar tarefas quando
desinteressado (SEESP/MEC, 2006, p. 15).
Na AH/SD, o indivíduo desenvolve uma habilidade geral, ou seja: uma ampla capacidade de
receber, processar e reter as informações, vocabulário rico e avançado; boa memória; aprende
de forma rápida e fácil; faz generalizações com grande habilidade; compreende facilmente
novas ideias; faz abstrações e análises sem dificuldades; tem facilidade na tomada de decisões e
percepção rápida de diferenças e relações entre as coisas.
No entanto, nem sempre a criança é superdotada em todos os conteúdos acadêmicos,
pois, como dito, há tendência de ser claramente definido e específico seu domínio, já que os
perfis irregulares são muito mais comuns do que os regulares. As crianças podem também
ser superdotadas em uma área e, em realidade, mostrarem-se incapacitadas em outra
(WINNER, 1998, p. 243)
11
Outro aspecto de destaque entre as pessoas com AH/SD, notadamente entre as crianças,
é a elevada capacidade de observação, que lhes permite notar detalhes, descrever situações,
objetos, atitudes, gestos, que outras pessoas deixam passar. O destaque é que essa observação
é feita de forma rica e minuciosa, o que faz com que consigam elaborar produtos com um maior
nível de complexidade – por exemplo, crianças que apresentam facilidade e interesse, desde
muito cedo, na montagem de quebra-cabeças ou brinquedos de construção.
E quanto à criatividade? Ela é um componente significativo para as AH/SD?
A criatividade manifesta-se: pelo alto nível de fluência de ideias; receptividade, flexibilidade
e originalidade de pensamento; abertura à experiência, para o novo e o diferente (mesmo
que seja irracional), ações e produtos próprios; sensibilidade para os detalhes; senso estético
desenvolvido; desejo de agir e reagir aos estímulos externos, ideias e sentimentos próprios e
pensamentos divergentes (RENZULLI; REIS, 1997, p. 9).
Pérez (2008), Sternberg (1998), Alencar e Fleith (2007) afirmam que esse público tem alto
nível de curiosidade, gosto de enfrentar desafios e de correr riscos, intolerância à rotina, mostram-
se distraídos, desmotivados e entediados diante das tarefas e atividades que eles consideram
pouco interessantes.
No que se refere à criatividade, verificamos que na literatura especializada há uma diversidade
de pressupostos teóricos. Dentre eles, destacamos Renzulli (1986), que aponta que esse traço
é comum a todas as pessoas que apresentam AH/SD, uma vez que apresentam curiosidade
inusitada sobre vários temas; têm fluidez de ideias; flexibilidade e percepção das coisas de forma
muito variada; originalidade na resolução dos problemas e situações; agregam, transformam e/
ou modificam ideias e detalhes diferenciados; gostam de arriscar-se; sentem-se livres e seguras
para não estar de acordo com o estabelecido; demonstram um senso de humor requintado e
sofisticado, uso hábil da ironia e, invariavelmente, encontram humor em situações as quais não
são consideradas pelas demais pessoas como engraçadas.
Outra característica marcante nas pessoas com AH/SD é o perfeccionismo, quase sempre
acompanhado de expectativas muito elevadas em relação aos outros e de vergonha, culpa e
sentimentos de inferioridade (NAUTA; CORTEN, 2002) por não serem capazes de dar conta
dos níveis extremamente elevados necessários para atingir suas próprias expectativas, o que
pode ocasionar tensões e conflitos de ordem pessoal e familiar. Em geral, os adultos com AH/
SD consideram esse perfeccionismo como uma qualidade positiva e negativa ao mesmo tempo.
A possibilidade de atingir o nível de excelência naquilo que fazem é visto como positiva, mas é
negativa quando evolui para a intolerância com pessoas ou atitudes que não são consideradas
corretas ou adequadas, e isso os afasta dos demais (PÉREZ, 2008).
Outra característica muito comum entre os diferentes tipos de AH/SD é a capacidade de
liderança, especialmente quando a área de destaque é a interpessoal. Essa característica se
mostra presente na elevada capacidade de persuasão, argumentação e de convencimento
que essas pessoas possuem, além de serem autossuficientes, como já explicitamos, no gosto
pelos desafios, na elevada capacidade cooperativa e na tendência à organização de grupos,
fundamentados pela elevada capacidade de abstração, raciocínio lógico-matemático e memória
excepcionalmente desenvolvida. Essas pessoas que apresentam alta habilidade, em geral, por
gostarem de desafio, têm preferência e gostam de desafios, jogos estratégicos como o xadrez, ou
jogos eletrônicos elaborados.
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Unidade: Aspectos Históricos e legais, as politicas públicas; mitos e preconceitos; concepções e características
No entanto, sua capacidade de liderança pode ser vista como negativa, quando, por exemplo,
o indivíduo vê seu desempenho muito destacado – na escola, em um grupo ou no trabalho –
fazendo com que ele seja considerado um modelo que os demais almejam ou odeiam por não
serem capazes de alcançar, assumir esse papel provoca o afastamento do grupo (PÉREZ, 2008).
Saiba mais
Alunos com altas habilidades
Acesso em: https://www.youtube.com/watch?v=fQUDlvwJCbA
Então como podemos detectar as altas habilidades?
Elas podem ser detectadas tendo como referência um grupo homogêneo de crianças,
adolescentes e adultos, na mesma faixa etária e, aproximadamente, da mesma origem
socioeconômica, vinculados ao contexto no qual estão inseridos, como alunos de uma mesma
turma. As pessoas com AH/SD se destacarão nesse grupo pela maior intensidade e frequência
com que essa(s) habilidade(s) é(são) apresentada(s).
Você Sabia?
»
» Albert Einstein tinha dificuldades de ler e soletrar e foi reprovado em
matemática.
»
» John Kennedy recebia em seus boletins constantes observações de “baixo
rendimento” e tinha dificuldades em soletrar.
»
» Thomas Edison – que além da lâmpada elétrica inventou a locomotiva
elétrica, o fonógrafo (que virou o gravador), o telégrafo e o projetor de
cinema – foi um mau aluno pouco assíduo e desinteressado e saiu da escola
e foi alfabetizado pela mãe.
»
» Walt Disney foi despedido pelo editor de um jornal porque ele “não tinha
boas ideias e rabiscava demais”.
»
» Dr. Robert Jarvick foi rejeitado por 15 escolas americanas de medicina –
ele inventou o coração artificial.
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Figura 3: Albert Einstein
Fonte: Wikimedia Commons Fonte: Wikimedia Commons
Fonte: Wikimedia Commons
Figura 4: John Kennedy
Figura 6: Walt Disney
Fonte: Louis Bachrach/Wikimedia Commons
Fonte: glogster.com
Figura 5: Thomas Edison
Figura 7: Dr. Robert Jarvick
Renzulli (1986, p. 11-12) define superdotação como características comportamentais que
refletem uma interação entre três grupamentos básicos dos traços humanos, sendo esses
grupamentos básicos e/ou específicos acima da média, elevados níveis de comprometimento
com a tarefa e níveis de criatividade. As crianças superdotadas e talentosas são aquelas que
possuem ou são capazes de desenvolver esse conjunto de traços e os aplicar a qualquer área
potencialmente valiosa do desempenho humano.
A Concepção dos Três Anéis, de Renzulli (1986), evidencia a compreensão de que
[...] os comportamentos de superdotação são manifestações do desempenho
humano que podem ser desenvolvidos em certas pessoas, em determinados
momentos e sob determinadas circunstâncias (1986, p. 8).
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Unidade: Aspectos Históricos e legais, as politicas públicas; mitos e preconceitos; concepções e características
Assim, o autor estabeleceu um novo prisma para a compreensão e o entendimento da
superdotação, conforme o próprio autor (1986, p. 8), o representamos graficamente:
Envolvimento
com a tarefa
Capacidade
acima da
média
Criatividade
Companheiros
Colégio
Família
A existência dos três pilares fundamentais: família, escola, amigos, dentre outros. Renzulli
(1986) propõe dois tipos de superdotação: a escolar ou acadêmica e a produtivo-criativo.
A superdotação acadêmica pode ser identificada pelo desempenho do indivíduo ser muito
superior ao de seus pares, tende a ser mais valorizada nas situações de aprendizagem escolar e
[...] identificada através de testes padronizados de capacidade cognitiva
tendo como foco principal as habilidades analíticas através dos processos
do pensamento dedutivo em lugar das habilidades criativas e produtivas
(RENZULLI, 2004, p. 82-83).
Asuperdotaçãoprodutivo-criativoapresentaaspectosdaatividadeesituaçõesdeaprendizagem
que enfatizam o uso de aplicação do conhecimento e dos processos de pensamento de forma
indutiva e orientada para um problema real, envolvimento humano nos quais se incentiva o
desenvolvimento de ideias, produtos, expressões artísticas originais (RENZULLI, 2004, p. 83).
Para Sternberg (2000), o quociente de inteligência e a inteligência mais exitosa faz com que o
indivíduo se destaque mais que seus pares, evidenciando que são múltiplos os fatores individuais
e ambientais que devem convergir para que a criatividade ocorra. A pessoa criativa necessita de
motivação, de conhecimentos específicos, variáveis da personalidade e processos intelectuais,
equilíbrio de interesses, criatividade e prontidão para assumir riscos, crenças flexíveis, confiança
pessoal na busca criativa e, especialmente, de um ambiente adequado e facilitador.
A teoria de identificação de Mönks (1992) propõe o Modelo Multifatorial. Segundo ele, os fatores
sociais são condicionantes para que os três aspectos da superdotação possam emergir, passando a dar
ênfase à influência dos contextos sociais como determinantes para o desenvolvimento das AH/SD. O
autor enfatiza a importância de se compreender os contextos sociais, acrescentando o contexto familiar
e o dos amigos ao da escola como fatores sociais determinantes para a compreensão, identificação
e atendimento à superdotação. Ele avaliou o conceito de Renzulli (1986) e constatou que os fatores
sociais não apareciam de forma mais explícita.
15
Por outro lado, Alencar e Fleith (2007) nos mostram que nem sempre a forma de lidar com
AH/SD é positiva, muitas vezes, as baixas expectativas em relação ao desempenho da criança,
no âmbito acadêmico, a pressão para o conformismo, a falta de flexibilidade, principalmente,
por parte dos professores são fatores educacionais que levam ao subdesempenho (ALENCAR;
FLEITH, 2007). A autora exemplifica essa situação dizendo que as crianças, nas exigências
produtivas-criativas diárias, frequentemente parecem estar “no mundo da lua” porque elas se
esquecem ou não prestam atenção em conteúdos que para elas não sejam interessantes.
Como podemos avaliar a AH/SD?
[...] a avaliação deve ser enriquecida por outras fontes de identificação, de
modo a privilegiar uma visão sistêmica e global do indivíduo, e não apenas sua
inteligência superior através de um teste de QI.
Atualmente o processo avaliativo das AH/SD visa a promover a flexibilidade dos aspectos
qualitativos e dinâmicos, em vez de fixar-se em procedimentos tradicionais de avaliação
com o uso dos recursos psicométricos. Segundo SEESP/MEC (2006), para que aconteça
o desenvolvimento intelectual avançado é necessário que o mesmo passe por estímulos,
ensinamentos, conhecimentos diferenciados na área pela qual apresenta a sua maior habilidade.
Ressalta-se que o aluno com Altas Habilidades/Superdotação (AH/SD) é um aluno com
necessidades educacionais especiais – ANEE, em virtude de seus interesses serem diferenciados
(SEESP/MEC, 2006).
Explore:
Guilherme menino brasileiro: https://www.youtube.com/watch?v=UTvStaHsIyM
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O MEC criou diversos programas destinados a alunos diagnosticados com altas habilidades/
superdotação, objetivando o aprimoramento de suas habilidades. Tais programas são
denominados: Programas de Atendimentos, o investimento a excelência, Programa de
Enriquecimento Curricular, Programas de Aceleração, Grupos de Habilidades, dentre outros
vários programas que estão disponíveis aos indivíduos AH/SD (FLEITH; ALENCAR, 2007).
Há, ainda, por parte dessas crianças, a resistência para o cumprimento de regras e/ou
instruções, especialmente quando essas não são claras, lógicas e convincentes para que elas
possam aceitá-las e cumpri-las. Essa conduta, geralmente, segundo Renzulli (1998), não é uma
demonstração simplesmente opositiva ou de rebeldia ao que está sendo proposto, mas uma
manifestação, a partir de suas análises e posturas muito críticas, dos seus questionamentos
sobre as decisões, a seu ver arbitrárias, por parte dos adultos – por conta da sua forma peculiar
de pensar, muitas vezes, tenta demonstrar que não está conseguindo obter uma compreensão
suficiente boa sobre o sentido daquela determinada regra e/ou instrução.
SanchezeAvilés(2000)eAceredaExtremiana(2000)assinalamquenoníveldefuncionamento
16
Unidade: Aspectos Históricos e legais, as politicas públicas; mitos e preconceitos; concepções e características
interno existe um desequilíbrio entre as esferas afetiva e cognitiva, tendo como referência as
etapas de desenvolvimento dentro do previsto para aquela faixa etária, no qual a criança com
AH/SD tende a disfarçar sua imaturidade emocional utilizando seu domínio intelectual, ou seja,
o assincronismo afetivo-intelectual.
Os autores afirmam que há o desequilíbrio entre o nível intelectual e o desenvolvimento
psicomotor, presentes nas situações em que existe a necessidade de uma sincronia entre a
aprendizagem, por exemplo da leitura, que geralmente acontece precocemente, e a da escrita,
que requer a maturidade psicomotora prévia para que essa aquisição possa ser concretizada.
Há ainda o desequilíbrio entre o raciocínio e a linguagem, quando a criança, apesar de
compreender um processo matemático rapidamente, não consegue explicar o procedimento
utilizado quando solicitada a responder, não conseguindo demonstrar utilizando as palavras a
sua compreensão.
Quanto ao nível de funcionamento externo, as autoras trazem: o assincronismo criança-
escola ou assincronismo escolar-social é característico da criança que domina mais informações
e cujo ritmo de aprendizagem é superior ao de seus colegas.
Temos também o desequilíbrio entre o desenvolvimento intelectual e o afetivo, presente
nas relações familiares, por exemplo, que pode gerar conflitos e confusões na família, falta de
compreensão por parte dos pais diante da ambiguidade de comportamentos e atitudes dos
filhos – que ora mostram-se adultos e maduros nas suas atitudes e comportamentos e, no
momento seguinte, apresentam comportamentos e atitudes compatíveis com sua faixa etária.
Sanchez e Avilés (2000) enfatizam que, muitas vezes, a família pode reconhecer as AH/
SD, mas não tem condições culturais, intelectuais ou econômicas para enfrentar os problemas
derivados dos possíveis desajustes afetivo-intelectuais da criança. Ainda, segundo Sanchez e
Avilés (2000), nos adultos, esse último assincronismo é amenizado na família primária, que
passa a adotar nuances semelhantes ao da sociedade como um todo (assincronismo pessoa-
sociedade), traduzidas na intolerância com pessoas e atitudes não consideradas corretas ou
adequadas. Com os amigos, esses desajustes são manifestados em um conceito de amizade ou
de relações afetivas considerados diferente ao das demais pessoas – assincronismo interpessoal
(PÉREZ, 2008). Ainda segundo a autora, nos adultos, observa-se, também a presença de
princípios éticos e morais próprios muito elevados e rígidos, um conceito de amizade ou
relacionamento com amigos considerado por eles diferentes ao das demais pessoas, e frequente
intolerância com pessoas e atitudes não avaliadas como corretas ou adequadas.
Quais instrumentos utilizar?
Os instrumentos para a avaliação dos aspectos indicadores de AH/SD, segundo Guimarães
e Ourofino (2007), mais utilizados são testes psicométricos de uso exclusivo de psicólogos (as
Escalas de Wechsler – WISC-R e WPPSI –, de Stanford-Binet e as Matrizes Progressivas de
Raven). Nos testes de criatividade (Pensamento Criativo de Torrance) e a escala de características
comportamentais (RENZULLI, CALLAHAN e HARTMAN, 1975, 2000), devem ser preenchidos
por pais e professores questionários e entrevistas, além da observação do comportamento dos
17
alunos, autonomeação e nomeação por colegas. Essa escala foi traduzida e adaptada para
uso junto aos superdotados no Brasil pelo Núcleo de Atendimento às Altas Habilidades, que
desenvolveu uma lista de indicadores de AH/SD com base em indicadores e características
agrupados por categorias: aprendizagem, motivação, liderança, criatividade, planejamento,
habilidade linguística e lógico-matemática, habilidades artísticas e esportivas.
Porém, o uso destes instrumentos tem sido criticado por avaliarem apenas uma parte do
acervo de habilidades, principalmente aquelas relacionadas à inteligência linguística, lógico-
matemática e espacial.
Como a família reage frente a superdotação/altas habilidades?
Winner (1998) faz seis generalizações sobre as características ambientais familiares. A primeira
delas refere-se a ocupar posições especiais na família – geralmente são os primogênitos ou filhos
únicos. No segundo tipo, essas crianças crescem em ambientes enriquecidos, interessantes,
variados e altamente estimulantes. Em geral, há oferta de muitos livros, que são lidos desde
a tenra idade, engajados em discussões sofisticadas, visitas a museus e concertos musicais e
outros eventos culturais. A instrução dos pais também se mostra um atributo importante, uma
vez que pais com melhor nível de instrução tendem a ofertar ambientes enriquecidos.
Vemos também as Famílias centradas nos filhos, nas quais o filho com AH/SD é escolhido
como “especial”, e todas as energias ficam focadas em certificar-se de que esse filho esteja
recebendo treinamento precoce no domínio no qual demonstra “dom”. Outros pais oferecem
aos filhos condições, espaço e tempo para que seus filhos possam perseguir seus objetivos
por conta própria; outros, ainda, ao perceberem as altas habilidades dos filhos, dedicam-se ao
desenvolvimento e ampliação dessas habilidades.
Pais são realizadores, ambos modelam e estabelecem padrões muito altos e mantém elevadas
expectativas de desempenho. Porém, quando os filhos estão superdenvolvidos, instigam em
excesso e amam as conquistas dos filhos mais do que os próprios. As crianças superdotadas
estão sob o risco de desistência.
Ao mesmo tempo, os pais lhes concedem independência considerável, esse tipo de familiar
valoriza e reforça a independência dos filhos, pois espera que eles tomem decisões por conta
própria e até mesmo assumam alguns riscos (WINNER, 1998, p. 155).
Os ambientes familiares mais condutivos e colaborativos ao desenvolvimento
de talentos combinam altas expectativas e estímulo, por um lado, com educação
e apoio, por outro. Quanto a isso a autora enfatiza que as características inatas
da criança, criam determinadas características familiares, como: ambientes
enriquecedores ou centrados na criança; ou as características parentais, como
a alta competitividade, sejam passadas adiante geneticamente, em vez de
ambientalmente (WINNER, 1998, p.146).
Mas, também há pais com posturas em que prevalece um menor grau de apoio para o
filho superdotado, deixando com isso o filho inseguro, isso porque esses pais não conseguem
compreender quais são as reais necessidades da criança ou adolescente.
18
Unidade: Aspectos Históricos e legais, as politicas públicas; mitos e preconceitos; concepções e características
Superdotados famosos:
Figura 9: Chico Buarque de Holanda
(QI = 140-160)
Fonte: CPFL Cultura/Wikimedia Commons Fonte: Alessandro Carvalho/Wikimedia Commons
Fonte: Pascal Mannaerts/Wikimedia Commons
Figura 10: Fernando Henrique Cardoso
(QI = 120-130)
Figura 12: Madonna
(QI = 140)
Fonte: Wikimedia Commons
Fonte: Wikimedia Commons Fonte: Wikimedia Commons
Figura 11: Jô Soares
(QI = 135 - 145)
Figura 13: Mário Henrique Simonsen
(QI = 167)
Figura 14: Stephen William Hawking
(QI = 160 - 180)
Fonte: gq-magazin.de
Figura 15: Truman Capote
(QI = 215)
Fonte: Bob McNeely/Wikimedia Commons Fonte: Wikimedia Commons
Figura 16: Bill Clinton
(QI = 140)
Figura 7: William Gates III
(QI = 160 - 170)
19
Finalizamos esta unidade sinalizando que são vários os aspectos positivos da AH/SD, em
países como Estados Unidos e Japão, há investimentos maciços em programas de captação
e estimulação a novos talentos, inclusive com a criação de escolas e universidades específicas
para este público. Estas pessoas tornam-se agentes de transformação social, científico e cultural,
invariavelmente contribuem com ações, projetos para o progresso da humanidade.
20
Unidade: Aspectos Históricos e legais, as politicas públicas; mitos e preconceitos; concepções e características
Material Complementar
Leia os textos abaixo para complementar seus estudos:
PÉREZ, Suzana Graciela Pérez Barrera. O culto aos mitos sobre as altas habilidades/
superdotação? Psicol. Argum., Curitiba, v. 29, n. 67, p. 513-531, out./dez. 2011.
PÉREZ, Suzana Graciela Pérez Barrera. Altas habilidades/superdotação: mais vale prevenir...
Pediatr. mod, v. 50, n. 1, jan. 2014.
•	 Acesso em http://pesquisa.bvsalud.org/portal/resource/pt/lil-712199
MARTINS, Bárbara Amaral Martins; CHACON, Miguel Cláudio Moriel. Identificação de
características de altas habilidades/superdotação apresentadas por alunos matriculados em
escolas de ensino regular. XII ANPED SUL, 2012.
•	 http://www.marilia.unesp.br/Home/Extensao/papah/identificacao_ah-sd.pdf
EBELING, Rafaela Thums; KIRCHNER, Elenice Ana. As Entrelinhas das Altas Habilidades/
Superdotação em uma Perspectiva Inclusiva. II Simpósio Luso-Brasileiro em Estudos
da Criança. Pesquisa com Crianças: desafios éticos e metodológicos. 2014.
•	 http://www.estudosdacrianca.com.br/resources/anais/1/1407279651_ARQUIVO_
ARTIGORAFAELATHUMSEBELING.pdf
E assista aos vídeos:
a.	 Gênio Indomável. Disponível em:
http://www.filmesonlinegratis.net/assistir-genio-indomavel-dublado-online.html
b.	 Mentes que brilham. Disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=V_fycnuTCmw
21
Referências
ACEREDA EXTREMIANA, A. Niños superdotados. Madrid: Pirámide, 2000.
ALENCAR, E. M. L. S. Indivíduos com altas habilidades/superdotação: clarificando conceitos,
desfazendo ideias errôneas. In: FLEITH, D. S. (org.) A construção de práticas educacionais
para alunos com altas habilidades/superdotação: orientação a professores. v. 1.
Brasília: MEC/SEESP
, 2007. p.13-23.
ALENCAR, E. M. L. S.; FLEITH, D. S. Superdotados: determinantes, educação e ajustamento.
2. ed. São Paulo: EPU, 2001.
ALENCAR, E. M. L. S.; FLEITH, D. S. Desenvolvimento de talentos e altas habilidades:
orientação a pais e professores. Porto Alegre: Artmed, 2007.
Alencar, E. M. L. S. Como desenvolver o potencial criador. 10. ed. Petrópolis: Vozes, 2004.
BERGÈS-BOUNES, M.; CALMETTE-JEAN, S. A cultura dos superdotados? Porto Alegre:
CMC Brasil, 2010.
EBELING,R.T.AsEntrelinhas das Altas Habilidades/Superdotação em uma Perspectiva
Inclusiva. II Simpósio Luso-Brasileiro em Estudos da Criança – Pesquisa com crianças: desafios
éticos e metodológicos, 2013.
FLEITH, D. S. ALENCAR, E. S. A.M.L. (org.). Desenvolvimento de talentos e altas
habilidades: orientação a pais e professores. Porto Alegre: Artmed, 2007.
FREITAS, S.N.; PÉREZ S. G. Altas Habilidades/superdotação: Atendimento especializado.
Marília: ABPEE, 2010.
GARDNER, H. Inteligência: Um conceito reformulado. Rio de Janeiro: Objetiva, 2000.
GUIMARÃES, T. G.; OUROFINO, V. T. A. Estratégias de identificação do aluno com Altas
Habilidades/Superdotação. In: FLEITH, D. S. (org.) A construção de práticas educacionais
para alunos com altas habilidades/superdotação: orientação a professores. v. 1. Brasília: MEC/
SEESP
, 2007. p. 53-65.
MÖNKS, F
.J. Ein interaktionales Modell der Hochbegabung [An Interaction Model of High Ability]. In:
HANY, E.A.; NICKEL, H. Begabung und Hochbegabung. Bern: Huber, 1992. p. 17-22.
PÉREZ, S. G. P
. B. Ser ou não ser, eis a questão: o processo de construção da identidade
na pessoa com Altas Habilidades/Superdotação adulta. 2008. 230 f. Tese (Doutorado em
Educação) – Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul. Porto Alegre: 2008.
PÉREZ, S. G. P
. B. A identificação das altas habilidades sob uma perspectiva multidimensional.
Revista Educação Especial, v. 22, n. 35, p. 299-328, Santa Maria. 2009. Disponível em: http://
www.ufsm.br/revistaeducacaoespecial
22
Unidade: Aspectos Históricos e legais, as politicas públicas; mitos e preconceitos; concepções e características
RENZULLI J. S. O Que é Esta Coisa Chamada Superdotação, e Como a Desenvolvemos? Uma
retrospectiva de vinte e cinco anos. Educação. ano XXVII, v. 52, n. 1, p. 75 – 131, jan./abr,
Porto Alegre. 2004.
RENZULLI, J. S.; SMITH, L. H.; WHITE, A. J.; CALLAHAN, C. M.; HARTMAN, R. K.;
WESTBERG, K. L. The scales for rating the behavioral characteristics of superior
student (SRBCSS-R). Mansfield Center, CT: Creative Learning Press, 2000.
______. The three-ring conception of giftedness: a developmental model for creative productivity.
In: RENZULLI, J. S.; REIS, S. M. (eds.). The triad reader. Connecticut: Creative Learning,
1986. p. 2-19.
______. O que é essa coisa chamada superdotação, e como a desenvolvemos? uma retrospectiva
de vinte e cinco anos. Educação, ano XXVII, v. 1, n. 52, p. 45-130, Porto Alegre. 2004.
______________ REIS, S. The schoolwide enrichment model: a How-to guide for educational
excellence. Mansfield Center: Creative Learning, 1997.
RENZULLI, J. S. The three-ring conception of giftedness. In: BAUM, S. M.; REIS, S. M.;
MAXFIELD, L. R. (eds.). Nurturing the gifts and talents of primary grade students.
Mansfield Center, Connecticut: Creative Learning Press, 1998. Disponível em: <http://www.
sp.uconn.edu/~nrcgt/sem/semart13.html>
ROSA NETO, F.; BRAZ, A.L.O.; POETA, L.S. e OELKE, S. A. Perfil biopsicossocial de uma
criança com indicadores de altas habilidades. Revista Digital, ano 10, n. 82, Buenos Aires.
2005.
SÁNCHEZ, M. D. P
.; AVILÉS, R. M. H. Funciones del psicopedagogo en la evaluación y
atención a la diversidad del superdotado. In: SÁNCHEZ, M. D. P
.; COSTA, J. L. C. (org.). Los
Superdotados: esos alumnos excepcionales. Málaga: Aljibe, 2000.
SEESP/MEC. Saberes e Práticas da inclusão: desenvolvendo competências para
o atendimento ás necessidades educacionais especiais de alunos com altas
habilidades/superdotação. 2.ed. Brasília: MEC Secretaria de Educação Especial, 2006.
STERNBERG, R.J. Psicologia cognitiva. Porto Alegre: Artmed, 2000.
VIEIRA, N. J. W. “Viagem a Mojáve-Óki”! Uma trajetória na Identificação das altas
habilidades/superdotação em crianças de quatro a seis anos. Tese (Doutorado).
Faculdade de Educação. Programa de Pós-graduação em Educação. Universidade Federal do
Rio Grande do Sul. Porto Alegre, 2005.
VIRGOLIM, A. M. Altas Habilidades/Superdotação: encorajando potenciais. Brasília: MEC/
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, 2007.
VIRGOLIM, A. M. R. A criança superdotada em nosso meio: aceitando suas diferenças
e estimulando seu potencial. Escola de Pais do Brasil, p. 8-10, Brasília. 2001.
WINNER, E. Crianças Superdotadas: mitos e realidades. Porto Alegre: Artes Médicas, 1998.
23
Anotações
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Apostila altas habilidades e superdotação (2)

  • 2.
  • 3. Aspectos Históricos e legais, as politicas públicas; mitos e preconceitos; concepções e características Responsável pelo Conteúdo: Profa. Dra. Célia Regina da S. Rocha Revisão Textual: Prof. Ms. Claudio Brites.
  • 4.
  • 5. 5 Unidade Aspectos Históricos e legais, as politicas públicas; mitos e preconceitos; concepções e características Nesta unidade, trataremos das questões referentes à identificação, aos mitos e preconceito que envolvem as pessoas com altas habilidades/superdotação. A AH/ SD é um tema complexo, pois temos os aspectos e as questões legais, os direitos humanos e o direito constitucional que cada um desses indivíduos tem de serem atendidos de acordo com suas potencialidades, oportunizando o desenvolvimento máximo de suas habilidades e talentos especiais. Por outro lado, não podemos deixar de sinalizar a importância do papel da escola e da família nesse processo, com a oferta de atendimento educacional e aproveitamento das possibilidades educacionais previstas pela legislação vigente. Daí a emergência da necessidade de identificar e reconhecer o quanto antes as pessoas detentoras da superdotação/ altas habilidades. Nesta unidade, discutiremos a identificação das altas habilidades/superdotação, os critérios necessários para que essa identificação aconteça, assim como as características, os mitos e preconceitos que envolvem o assunto, enfocando também a importância do papel dos pais e familiares e da escola nesse processo de identificação. Nesta unidade, trabalharemos os seguintes tópicos: • Aspectos Históricos e legais, as politicas públicas; mitos e preconceitos; concepções e características Fonte: iStock /Getty Images
  • 6. 6 Unidade: Aspectos Históricos e legais, as politicas públicas; mitos e preconceitos; concepções e características Para iniciarmos esta unidade, convido você a refletir acerca do tema: identificação e Avaliação de tipos diferentes de altas habilidades / superdotação. Para tal, veja o vídeo abaixo, que será muito importante para compreendermos o conteúdo que aqui será desenvolvido: Akiane menina prodígio - Disponível em: » » https://www.youtube.com/watch?v=AIx5YSczN_A www Contextualização
  • 7. 7 AspectosHistóricoselegais,aspoliticaspúblicas;mitosepreconceitos; concepções e características Em um programa de auditório de domingo, uma criança é apresentada como atração principal: ela sabe todas as capitais dos estados brasileiros e de outros países também. Ela é anunciada e convidada para vir ao palco, entra acompanhada pelo pai, que é uma pessoa humilde e que reside numa cidade do interior de Pernambuco. Imediatamente, a apresentadora pergunta o nome e a idade da criança, que responde com aquela linguagem peculiar às crianças de sua idade. Em seguida, a apresentadora lhe pergunta: “Onde você nasceu?”. A criança fica parada olhando para a apresentadora, que imediatamente refaz a pergunta: “Em que estado você nasceu?”. A partir daí, a criança passa a discorrer sobre a capital de seu estado, abrindo espaço para responder sobre os demais estados brasileiros e sobre alguns países europeus africanos e asiáticos. Na sequência da entrevista, o pai afirma que começou a perceber essa habilidade do filho, quando ele contava com aproximadamente dois anos de idade. Você pode pensar que o menininho tão esperto e bonito talvez não seja um caso de superdotação/altas habilidades – AH/SD, mas como explicar tanta habilidade em uma criança com tão pouca idade? Definir se alguém tem altas habilidades ou não depende da compreensão de seus comportamentos, situados no contexto no qual está inserido, e da análise cuidadosa e detalhada das configurações das capacidades que caracterizam cada pessoa. Os Parâmetros Curriculares Nacionais apontam as características a serem analisadas: alto grau de curiosidade; boa memória; atenção concentrada; persistência; independência e autonomia; interesse por áreas e tópicos diversos; facilidade de aprendizagem; criatividade e imaginação; iniciativa e liderança. Renzulli (1986, 2004) afirma que o desempenho passa a ser considerado superior quando comparado aos seus pares, nesse sentido, cabe observar a frequência de indicadores significativos que descrevem uma capacidade de aprendizagem diferenciada. O autor ainda destaca que essa capacidade de aprender facilmente e de forma rápida inclui todos os aspectos que constituem o ato de aprender, como: rápido processamento da informação, fazer generalizações, capacidade em envolver-se em pensamento abstrato, motivação para ampliar e aprofundar as diferentes situações que se apresentam em seu cotidiano, ritmo e execução de metas que viabilizem respostas adequadas às novas situações – especialmente aquelas pertencentes à área de interesse da criança. Alguns autores afirmam que qualquer pessoa pode identificar a AH/SD, porém o grande problema está em certificar-se da credibilidade dessa identificação. Segundo a Organização Mundial da Saúde – OMS –, cerca de 1% a 3% da população mundial é composta por pessoas com AH/SD, no entanto, a pesquisadora Angela Virgolim (2007) afirma que nesse processo de avaliação nem sempre são considerados os aspectos relativos à criatividade, à capacidade de liderança, às competências artísticas e psicomotora. Para ela, caso esses aspectos fossem agregados na avaliação, as estatísticas da AH/SD aumentariam significativamente no mundo todo (ROSA NETO; BRAZ; POETA; OELK, 2005). O problema de conferirmos credibilidade à identificação de talentos é que no mundo atual a exigência da demanda vigente, com fórmulas e medidas exatas, é cada vez mais valorizada. Mas, segundo Fleith e Alencar (2007), o processo de identificação da AH/SD sofreu algumas mudanças importantes, que provocaram rupturas no paradigma tradicional, sobretudo, quanto à valorização do contexto de desenvolvimentos das habilidades e pluralidade de métodos
  • 8. 8 Unidade: Aspectos Históricos e legais, as politicas públicas; mitos e preconceitos; concepções e características de identificação. Essas mudanças tiveram implicações significativas na forma de identificar, reconhecer e avaliar o indivíduo com AH/SD. De acordo com Alencar (2004), esses componentes representam a energia que o indivíduo canaliza para resolver determinada tarefa, incluindo traços de perseverança, dedicação, esforço, autoconfiança, bem como crenças na própria habilidade de desenvolver um importante trabalho. A AH/SD envolve uma complexidade e multiplicidade de olhares para que possamos conhecer e entender as suas características – individuais ou de um grupo de indivíduos (VIEIRA, 2005). Dentre as características, a principal delas é a precocidade, onde a criança apresenta desde muito cedo determinada habilidade específica, desenvolvida em qualquer área do conhecimento – como o exemplo relatado no início deste texto. A precocidade e o gosto pela leitura, geralmente, estão presentes nos diferentes tipos de AH/ SD, embora pareçam estar relacionados apenas à inteligência linguística (FREITAS; PÉREZ, 2010 e FLEITH; ALENCAR, 2007). A precocidade, na verdade, mostra-se como um mecanismo de busca autônoma e independente que a criança com AH/SD utiliza para suprir sua necessidade de conhecimento e, geralmente, essas crianças são ávidas a obter informações de qualquer área do conhecimento, e rápidas nessa busca, apesar de atuarem dentro de um ritmo próprio, ele sempre costuma ser acelerado. A leitura é utilizada porque, por meio dela, torna-se mais fácil obter as informações, elemento básico para a construção do conhecimento. Vraive-Douret (apud BERGÉS-BOUNES; CALMETTES-JEAN, 2010) enfatiza que na criança com AH/SD, mesmo sem estimulação específica, surge o aparecimento das primeiras palavras por volta dos nove/dez meses e a primeira frase por volta de um ano e meio – considerando a complexidade maturacional e neuronal que envolve essas aquisições, esta é uma condição de excepcional desempenho para uma criança tão pequena. Segundo a autora, outros indicadores da precocidade linguística e lógico-matemática podem estar presentes, tanto na fala quanto na escrita, na estruturação espacial e temporal da criança e, também, nas etapas de desenvolvimento psicoafetivo. Winner (1998, p. 245) explica que crianças precoces “não fazem descobertas sobre o domínio por conta própria”, elas necessitam de instrução, apoio e encorajamento intenso por parte dos pais, cuidadores e professores, para progredir e, normalmente, não alcançam os níveis “atingidos aparentemente sem esforço pelas crianças superdotadas”. Frequentemente, entre as pessoas com AH/SD, duas qualidades são encontradas: independência e autonomia. Essas qualidades são percebidas desde a tenra idade e mostram- se essenciais para o elevado grau de comprometimento, na elaboração e execução das tarefas, e de criatividade que geralmente essas crianças demonstram, o que faz com que não necessitem, portanto, de muitos estímulos para desenvolver as atividades e concluir as tarefas a que se propõe fazer, mostrando-se destemidos para o enfrentamento dos desafios e para correr riscos. A maioria das pessoas acredita no mito de que a criança com AH/SD é perfeita, não apresenta nenhum tipo de dificuldade, aprende tudo rapidamente e que a origem das suas habilidades é divina. Acreditam ainda que elas apresentam desempenho equilibrado em todas as áreas, pois também são associadas com a genialidade. Há, ainda, a crença de que a prevalência neste grupo de pessoas é do gênero masculino, ou, ainda, que superdotação pode ser fabricada pelos pais (BERGÈS-BOUNES; CALMETTES-JEAN, 2010). Muitos desses mitos e crenças sobre AH/SD têm contribuído para propagar confusões e a ideia equivocada de que as crianças com AH/SD deveriam tirar notas dez em tudo, o que de certa forma tem prejudicado a identificação e o encaminhamento dessas crianças para atendimento educacional adequado.
  • 9. 9 Para combater tal cenário, é importante visualizar algumas características realmente comuns a esse grupo: [...] grande curiosidade a respeito de objetos, situações ou eventos; auto- iniciativa tendência a começar sozinho as atividades; originalidade de expressão oral e escrita, com produção constante de respostas diferentes e ideias estereotipadas; talento incomum para expressão em artes, como música, dança, teatro, desenho e outras; habilidade para apresentar alternativas de soluções, com flexibilidade de pensamento; abertura para a realidade, busca de se manter a par do que o cerca, sagacidade e capacidade de observação; capacidade de enriquecimento com situações-problema, de seleção de respostas, de busca de soluções de problemas difíceis e complexos; capacidade de julgamento e avaliação superiores, ponderação a busca de respostas lógicas, percepção de implicações e consequências, facilidade de decisão; gosto de correr risco em várias atividades; aprendizado rápido, fácil e eficiente, especialmente no campo de sua habilidade e interesse (SEESP/MEC, 2006, p. 14-15). Além da precocidade, temos também as crianças consideradas “prodígio” – aquelas que apresentam algo extremo, raro e único, que foge totalmente do normal ou do esperado na natureza, como Mozart, por exemplo. Essas crianças são consideradas um prodígio porque apresentam conhecimento e habilidades, até por volta dos dez anos de idade, muito semelhantes a de um adulto especialista em determinada área do conhecimento. No entanto, quando atinge a idade adulta, deixa de apresentar tais destaques, que anteriormente eram considerados excepcionais pelo fato dela ser ainda muito pequena para apresentar tais habilidades. Já os gênios são indivíduos de gerações passadas, que revolucionaram as diferentes áreas do conhecimento com suas extraordinárias contribuições, a grande maioria beneficiando toda a humanidade. Dois exemplos de genialidade: Figura 1: Sigmund Freud (1856-1939) – médico neurologista e criador da Psicanálise Fonte: Max Halberstadt / Wikimedia Commons Fonte: Wikimedia Commons Figura 2: Leonardo da Vinci (1452-1519): arquiteto, inventor, escultor, pintor, poeta, cientista, matemático, engenheiro, botânico e músico.
  • 10. 10 Unidade: Aspectos Históricos e legais, as politicas públicas; mitos e preconceitos; concepções e características Para Fleith e Alencar (2007), os termos superdotação e altas habilidades são utilizados em conjunto. Ebeling (2013) faz a diferenciação entre eles, ao afirmar que o termo altas habilidades destaca o desempenho, enquanto que em superdotação o destaque é dado para as habilidades extremas. Invariavelmente, a criança com altas habilidades/superdotação tende a associar-se com crianças de maior idade que a sua e preferem estudar sozinhas, são perfeccionistas e possuem sensibilidade estética avançada, com elevada capacidade de observação e gosto por jogos de estratégias (FREITAS; PÉREZ, 2010, VIRGOLIM, 2007 e SEESP/MEC, 2006). Porém, esse interesse e preferência por estudarem sozinhas não significa que elas não precisam de algum tipo de ajuda e atenção. A definição de altas habilidades/superdotação do Ministério da Educação – MEC: [...] considera os educandos com altas habilidades/superdotação aqueles que apresentam grande facilidade de aprendizagem que os leve a dominar rapidamente conceitos, procedimentos e atitudes (BRASIL apud VIRGOLIM, 2001, p.28). Em todas as culturas, há algumas crianças que [...] aprendem a falar, cantar, memorizar, dominar e vencer jogos físicos ou cerebrais, se orientar em terreno desconhecido e assim por diante, mais cedo do que outras crianças da mesma idade (GARDNER, 2000, p. 144.), e que se sobressaem mais em determinadas atividades do que seus pares. Por outro lado, SEESP/MEC (2006) destaca algumas características comportamentais de indivíduos com AH/ SD, eles possuem [...] necessidade de definição própria; capacidade de desenvolver interesse ou habilidades especificas; interesse de convivo com pessoas de nível intelectual similar; resolução rápida de dificuldades pessoais; aborrecimento fácil com a rotina; busca originalidade e autenticidade; capacidade de redefinição e de estrapolação; desejo de aperfeiçoamento pessoal, não aceitação de imperfeição no trabalho; rejeição a autoridade excessiva; fraco interesse por regulamento e normas; senso de humor altamente desenvolvido; alta-exigência; sensibilidade as injustiças, tanto de nível pessoal como social; comportamento irrequieto, perturbador, importuno; descuido no completar ou entregar tarefas quando desinteressado (SEESP/MEC, 2006, p. 15). Na AH/SD, o indivíduo desenvolve uma habilidade geral, ou seja: uma ampla capacidade de receber, processar e reter as informações, vocabulário rico e avançado; boa memória; aprende de forma rápida e fácil; faz generalizações com grande habilidade; compreende facilmente novas ideias; faz abstrações e análises sem dificuldades; tem facilidade na tomada de decisões e percepção rápida de diferenças e relações entre as coisas. No entanto, nem sempre a criança é superdotada em todos os conteúdos acadêmicos, pois, como dito, há tendência de ser claramente definido e específico seu domínio, já que os perfis irregulares são muito mais comuns do que os regulares. As crianças podem também ser superdotadas em uma área e, em realidade, mostrarem-se incapacitadas em outra (WINNER, 1998, p. 243)
  • 11. 11 Outro aspecto de destaque entre as pessoas com AH/SD, notadamente entre as crianças, é a elevada capacidade de observação, que lhes permite notar detalhes, descrever situações, objetos, atitudes, gestos, que outras pessoas deixam passar. O destaque é que essa observação é feita de forma rica e minuciosa, o que faz com que consigam elaborar produtos com um maior nível de complexidade – por exemplo, crianças que apresentam facilidade e interesse, desde muito cedo, na montagem de quebra-cabeças ou brinquedos de construção. E quanto à criatividade? Ela é um componente significativo para as AH/SD? A criatividade manifesta-se: pelo alto nível de fluência de ideias; receptividade, flexibilidade e originalidade de pensamento; abertura à experiência, para o novo e o diferente (mesmo que seja irracional), ações e produtos próprios; sensibilidade para os detalhes; senso estético desenvolvido; desejo de agir e reagir aos estímulos externos, ideias e sentimentos próprios e pensamentos divergentes (RENZULLI; REIS, 1997, p. 9). Pérez (2008), Sternberg (1998), Alencar e Fleith (2007) afirmam que esse público tem alto nível de curiosidade, gosto de enfrentar desafios e de correr riscos, intolerância à rotina, mostram- se distraídos, desmotivados e entediados diante das tarefas e atividades que eles consideram pouco interessantes. No que se refere à criatividade, verificamos que na literatura especializada há uma diversidade de pressupostos teóricos. Dentre eles, destacamos Renzulli (1986), que aponta que esse traço é comum a todas as pessoas que apresentam AH/SD, uma vez que apresentam curiosidade inusitada sobre vários temas; têm fluidez de ideias; flexibilidade e percepção das coisas de forma muito variada; originalidade na resolução dos problemas e situações; agregam, transformam e/ ou modificam ideias e detalhes diferenciados; gostam de arriscar-se; sentem-se livres e seguras para não estar de acordo com o estabelecido; demonstram um senso de humor requintado e sofisticado, uso hábil da ironia e, invariavelmente, encontram humor em situações as quais não são consideradas pelas demais pessoas como engraçadas. Outra característica marcante nas pessoas com AH/SD é o perfeccionismo, quase sempre acompanhado de expectativas muito elevadas em relação aos outros e de vergonha, culpa e sentimentos de inferioridade (NAUTA; CORTEN, 2002) por não serem capazes de dar conta dos níveis extremamente elevados necessários para atingir suas próprias expectativas, o que pode ocasionar tensões e conflitos de ordem pessoal e familiar. Em geral, os adultos com AH/ SD consideram esse perfeccionismo como uma qualidade positiva e negativa ao mesmo tempo. A possibilidade de atingir o nível de excelência naquilo que fazem é visto como positiva, mas é negativa quando evolui para a intolerância com pessoas ou atitudes que não são consideradas corretas ou adequadas, e isso os afasta dos demais (PÉREZ, 2008). Outra característica muito comum entre os diferentes tipos de AH/SD é a capacidade de liderança, especialmente quando a área de destaque é a interpessoal. Essa característica se mostra presente na elevada capacidade de persuasão, argumentação e de convencimento que essas pessoas possuem, além de serem autossuficientes, como já explicitamos, no gosto pelos desafios, na elevada capacidade cooperativa e na tendência à organização de grupos, fundamentados pela elevada capacidade de abstração, raciocínio lógico-matemático e memória excepcionalmente desenvolvida. Essas pessoas que apresentam alta habilidade, em geral, por gostarem de desafio, têm preferência e gostam de desafios, jogos estratégicos como o xadrez, ou jogos eletrônicos elaborados.
  • 12. 12 Unidade: Aspectos Históricos e legais, as politicas públicas; mitos e preconceitos; concepções e características No entanto, sua capacidade de liderança pode ser vista como negativa, quando, por exemplo, o indivíduo vê seu desempenho muito destacado – na escola, em um grupo ou no trabalho – fazendo com que ele seja considerado um modelo que os demais almejam ou odeiam por não serem capazes de alcançar, assumir esse papel provoca o afastamento do grupo (PÉREZ, 2008). Saiba mais Alunos com altas habilidades Acesso em: https://www.youtube.com/watch?v=fQUDlvwJCbA Então como podemos detectar as altas habilidades? Elas podem ser detectadas tendo como referência um grupo homogêneo de crianças, adolescentes e adultos, na mesma faixa etária e, aproximadamente, da mesma origem socioeconômica, vinculados ao contexto no qual estão inseridos, como alunos de uma mesma turma. As pessoas com AH/SD se destacarão nesse grupo pela maior intensidade e frequência com que essa(s) habilidade(s) é(são) apresentada(s). Você Sabia? » » Albert Einstein tinha dificuldades de ler e soletrar e foi reprovado em matemática. » » John Kennedy recebia em seus boletins constantes observações de “baixo rendimento” e tinha dificuldades em soletrar. » » Thomas Edison – que além da lâmpada elétrica inventou a locomotiva elétrica, o fonógrafo (que virou o gravador), o telégrafo e o projetor de cinema – foi um mau aluno pouco assíduo e desinteressado e saiu da escola e foi alfabetizado pela mãe. » » Walt Disney foi despedido pelo editor de um jornal porque ele “não tinha boas ideias e rabiscava demais”. » » Dr. Robert Jarvick foi rejeitado por 15 escolas americanas de medicina – ele inventou o coração artificial.
  • 13. 13 Figura 3: Albert Einstein Fonte: Wikimedia Commons Fonte: Wikimedia Commons Fonte: Wikimedia Commons Figura 4: John Kennedy Figura 6: Walt Disney Fonte: Louis Bachrach/Wikimedia Commons Fonte: glogster.com Figura 5: Thomas Edison Figura 7: Dr. Robert Jarvick Renzulli (1986, p. 11-12) define superdotação como características comportamentais que refletem uma interação entre três grupamentos básicos dos traços humanos, sendo esses grupamentos básicos e/ou específicos acima da média, elevados níveis de comprometimento com a tarefa e níveis de criatividade. As crianças superdotadas e talentosas são aquelas que possuem ou são capazes de desenvolver esse conjunto de traços e os aplicar a qualquer área potencialmente valiosa do desempenho humano. A Concepção dos Três Anéis, de Renzulli (1986), evidencia a compreensão de que [...] os comportamentos de superdotação são manifestações do desempenho humano que podem ser desenvolvidos em certas pessoas, em determinados momentos e sob determinadas circunstâncias (1986, p. 8).
  • 14. 14 Unidade: Aspectos Históricos e legais, as politicas públicas; mitos e preconceitos; concepções e características Assim, o autor estabeleceu um novo prisma para a compreensão e o entendimento da superdotação, conforme o próprio autor (1986, p. 8), o representamos graficamente: Envolvimento com a tarefa Capacidade acima da média Criatividade Companheiros Colégio Família A existência dos três pilares fundamentais: família, escola, amigos, dentre outros. Renzulli (1986) propõe dois tipos de superdotação: a escolar ou acadêmica e a produtivo-criativo. A superdotação acadêmica pode ser identificada pelo desempenho do indivíduo ser muito superior ao de seus pares, tende a ser mais valorizada nas situações de aprendizagem escolar e [...] identificada através de testes padronizados de capacidade cognitiva tendo como foco principal as habilidades analíticas através dos processos do pensamento dedutivo em lugar das habilidades criativas e produtivas (RENZULLI, 2004, p. 82-83). Asuperdotaçãoprodutivo-criativoapresentaaspectosdaatividadeesituaçõesdeaprendizagem que enfatizam o uso de aplicação do conhecimento e dos processos de pensamento de forma indutiva e orientada para um problema real, envolvimento humano nos quais se incentiva o desenvolvimento de ideias, produtos, expressões artísticas originais (RENZULLI, 2004, p. 83). Para Sternberg (2000), o quociente de inteligência e a inteligência mais exitosa faz com que o indivíduo se destaque mais que seus pares, evidenciando que são múltiplos os fatores individuais e ambientais que devem convergir para que a criatividade ocorra. A pessoa criativa necessita de motivação, de conhecimentos específicos, variáveis da personalidade e processos intelectuais, equilíbrio de interesses, criatividade e prontidão para assumir riscos, crenças flexíveis, confiança pessoal na busca criativa e, especialmente, de um ambiente adequado e facilitador. A teoria de identificação de Mönks (1992) propõe o Modelo Multifatorial. Segundo ele, os fatores sociais são condicionantes para que os três aspectos da superdotação possam emergir, passando a dar ênfase à influência dos contextos sociais como determinantes para o desenvolvimento das AH/SD. O autor enfatiza a importância de se compreender os contextos sociais, acrescentando o contexto familiar e o dos amigos ao da escola como fatores sociais determinantes para a compreensão, identificação e atendimento à superdotação. Ele avaliou o conceito de Renzulli (1986) e constatou que os fatores sociais não apareciam de forma mais explícita.
  • 15. 15 Por outro lado, Alencar e Fleith (2007) nos mostram que nem sempre a forma de lidar com AH/SD é positiva, muitas vezes, as baixas expectativas em relação ao desempenho da criança, no âmbito acadêmico, a pressão para o conformismo, a falta de flexibilidade, principalmente, por parte dos professores são fatores educacionais que levam ao subdesempenho (ALENCAR; FLEITH, 2007). A autora exemplifica essa situação dizendo que as crianças, nas exigências produtivas-criativas diárias, frequentemente parecem estar “no mundo da lua” porque elas se esquecem ou não prestam atenção em conteúdos que para elas não sejam interessantes. Como podemos avaliar a AH/SD? [...] a avaliação deve ser enriquecida por outras fontes de identificação, de modo a privilegiar uma visão sistêmica e global do indivíduo, e não apenas sua inteligência superior através de um teste de QI. Atualmente o processo avaliativo das AH/SD visa a promover a flexibilidade dos aspectos qualitativos e dinâmicos, em vez de fixar-se em procedimentos tradicionais de avaliação com o uso dos recursos psicométricos. Segundo SEESP/MEC (2006), para que aconteça o desenvolvimento intelectual avançado é necessário que o mesmo passe por estímulos, ensinamentos, conhecimentos diferenciados na área pela qual apresenta a sua maior habilidade. Ressalta-se que o aluno com Altas Habilidades/Superdotação (AH/SD) é um aluno com necessidades educacionais especiais – ANEE, em virtude de seus interesses serem diferenciados (SEESP/MEC, 2006). Explore: Guilherme menino brasileiro: https://www.youtube.com/watch?v=UTvStaHsIyM www O MEC criou diversos programas destinados a alunos diagnosticados com altas habilidades/ superdotação, objetivando o aprimoramento de suas habilidades. Tais programas são denominados: Programas de Atendimentos, o investimento a excelência, Programa de Enriquecimento Curricular, Programas de Aceleração, Grupos de Habilidades, dentre outros vários programas que estão disponíveis aos indivíduos AH/SD (FLEITH; ALENCAR, 2007). Há, ainda, por parte dessas crianças, a resistência para o cumprimento de regras e/ou instruções, especialmente quando essas não são claras, lógicas e convincentes para que elas possam aceitá-las e cumpri-las. Essa conduta, geralmente, segundo Renzulli (1998), não é uma demonstração simplesmente opositiva ou de rebeldia ao que está sendo proposto, mas uma manifestação, a partir de suas análises e posturas muito críticas, dos seus questionamentos sobre as decisões, a seu ver arbitrárias, por parte dos adultos – por conta da sua forma peculiar de pensar, muitas vezes, tenta demonstrar que não está conseguindo obter uma compreensão suficiente boa sobre o sentido daquela determinada regra e/ou instrução. SanchezeAvilés(2000)eAceredaExtremiana(2000)assinalamquenoníveldefuncionamento
  • 16. 16 Unidade: Aspectos Históricos e legais, as politicas públicas; mitos e preconceitos; concepções e características interno existe um desequilíbrio entre as esferas afetiva e cognitiva, tendo como referência as etapas de desenvolvimento dentro do previsto para aquela faixa etária, no qual a criança com AH/SD tende a disfarçar sua imaturidade emocional utilizando seu domínio intelectual, ou seja, o assincronismo afetivo-intelectual. Os autores afirmam que há o desequilíbrio entre o nível intelectual e o desenvolvimento psicomotor, presentes nas situações em que existe a necessidade de uma sincronia entre a aprendizagem, por exemplo da leitura, que geralmente acontece precocemente, e a da escrita, que requer a maturidade psicomotora prévia para que essa aquisição possa ser concretizada. Há ainda o desequilíbrio entre o raciocínio e a linguagem, quando a criança, apesar de compreender um processo matemático rapidamente, não consegue explicar o procedimento utilizado quando solicitada a responder, não conseguindo demonstrar utilizando as palavras a sua compreensão. Quanto ao nível de funcionamento externo, as autoras trazem: o assincronismo criança- escola ou assincronismo escolar-social é característico da criança que domina mais informações e cujo ritmo de aprendizagem é superior ao de seus colegas. Temos também o desequilíbrio entre o desenvolvimento intelectual e o afetivo, presente nas relações familiares, por exemplo, que pode gerar conflitos e confusões na família, falta de compreensão por parte dos pais diante da ambiguidade de comportamentos e atitudes dos filhos – que ora mostram-se adultos e maduros nas suas atitudes e comportamentos e, no momento seguinte, apresentam comportamentos e atitudes compatíveis com sua faixa etária. Sanchez e Avilés (2000) enfatizam que, muitas vezes, a família pode reconhecer as AH/ SD, mas não tem condições culturais, intelectuais ou econômicas para enfrentar os problemas derivados dos possíveis desajustes afetivo-intelectuais da criança. Ainda, segundo Sanchez e Avilés (2000), nos adultos, esse último assincronismo é amenizado na família primária, que passa a adotar nuances semelhantes ao da sociedade como um todo (assincronismo pessoa- sociedade), traduzidas na intolerância com pessoas e atitudes não consideradas corretas ou adequadas. Com os amigos, esses desajustes são manifestados em um conceito de amizade ou de relações afetivas considerados diferente ao das demais pessoas – assincronismo interpessoal (PÉREZ, 2008). Ainda segundo a autora, nos adultos, observa-se, também a presença de princípios éticos e morais próprios muito elevados e rígidos, um conceito de amizade ou relacionamento com amigos considerado por eles diferentes ao das demais pessoas, e frequente intolerância com pessoas e atitudes não avaliadas como corretas ou adequadas. Quais instrumentos utilizar? Os instrumentos para a avaliação dos aspectos indicadores de AH/SD, segundo Guimarães e Ourofino (2007), mais utilizados são testes psicométricos de uso exclusivo de psicólogos (as Escalas de Wechsler – WISC-R e WPPSI –, de Stanford-Binet e as Matrizes Progressivas de Raven). Nos testes de criatividade (Pensamento Criativo de Torrance) e a escala de características comportamentais (RENZULLI, CALLAHAN e HARTMAN, 1975, 2000), devem ser preenchidos por pais e professores questionários e entrevistas, além da observação do comportamento dos
  • 17. 17 alunos, autonomeação e nomeação por colegas. Essa escala foi traduzida e adaptada para uso junto aos superdotados no Brasil pelo Núcleo de Atendimento às Altas Habilidades, que desenvolveu uma lista de indicadores de AH/SD com base em indicadores e características agrupados por categorias: aprendizagem, motivação, liderança, criatividade, planejamento, habilidade linguística e lógico-matemática, habilidades artísticas e esportivas. Porém, o uso destes instrumentos tem sido criticado por avaliarem apenas uma parte do acervo de habilidades, principalmente aquelas relacionadas à inteligência linguística, lógico- matemática e espacial. Como a família reage frente a superdotação/altas habilidades? Winner (1998) faz seis generalizações sobre as características ambientais familiares. A primeira delas refere-se a ocupar posições especiais na família – geralmente são os primogênitos ou filhos únicos. No segundo tipo, essas crianças crescem em ambientes enriquecidos, interessantes, variados e altamente estimulantes. Em geral, há oferta de muitos livros, que são lidos desde a tenra idade, engajados em discussões sofisticadas, visitas a museus e concertos musicais e outros eventos culturais. A instrução dos pais também se mostra um atributo importante, uma vez que pais com melhor nível de instrução tendem a ofertar ambientes enriquecidos. Vemos também as Famílias centradas nos filhos, nas quais o filho com AH/SD é escolhido como “especial”, e todas as energias ficam focadas em certificar-se de que esse filho esteja recebendo treinamento precoce no domínio no qual demonstra “dom”. Outros pais oferecem aos filhos condições, espaço e tempo para que seus filhos possam perseguir seus objetivos por conta própria; outros, ainda, ao perceberem as altas habilidades dos filhos, dedicam-se ao desenvolvimento e ampliação dessas habilidades. Pais são realizadores, ambos modelam e estabelecem padrões muito altos e mantém elevadas expectativas de desempenho. Porém, quando os filhos estão superdenvolvidos, instigam em excesso e amam as conquistas dos filhos mais do que os próprios. As crianças superdotadas estão sob o risco de desistência. Ao mesmo tempo, os pais lhes concedem independência considerável, esse tipo de familiar valoriza e reforça a independência dos filhos, pois espera que eles tomem decisões por conta própria e até mesmo assumam alguns riscos (WINNER, 1998, p. 155). Os ambientes familiares mais condutivos e colaborativos ao desenvolvimento de talentos combinam altas expectativas e estímulo, por um lado, com educação e apoio, por outro. Quanto a isso a autora enfatiza que as características inatas da criança, criam determinadas características familiares, como: ambientes enriquecedores ou centrados na criança; ou as características parentais, como a alta competitividade, sejam passadas adiante geneticamente, em vez de ambientalmente (WINNER, 1998, p.146). Mas, também há pais com posturas em que prevalece um menor grau de apoio para o filho superdotado, deixando com isso o filho inseguro, isso porque esses pais não conseguem compreender quais são as reais necessidades da criança ou adolescente.
  • 18. 18 Unidade: Aspectos Históricos e legais, as politicas públicas; mitos e preconceitos; concepções e características Superdotados famosos: Figura 9: Chico Buarque de Holanda (QI = 140-160) Fonte: CPFL Cultura/Wikimedia Commons Fonte: Alessandro Carvalho/Wikimedia Commons Fonte: Pascal Mannaerts/Wikimedia Commons Figura 10: Fernando Henrique Cardoso (QI = 120-130) Figura 12: Madonna (QI = 140) Fonte: Wikimedia Commons Fonte: Wikimedia Commons Fonte: Wikimedia Commons Figura 11: Jô Soares (QI = 135 - 145) Figura 13: Mário Henrique Simonsen (QI = 167) Figura 14: Stephen William Hawking (QI = 160 - 180) Fonte: gq-magazin.de Figura 15: Truman Capote (QI = 215) Fonte: Bob McNeely/Wikimedia Commons Fonte: Wikimedia Commons Figura 16: Bill Clinton (QI = 140) Figura 7: William Gates III (QI = 160 - 170)
  • 19. 19 Finalizamos esta unidade sinalizando que são vários os aspectos positivos da AH/SD, em países como Estados Unidos e Japão, há investimentos maciços em programas de captação e estimulação a novos talentos, inclusive com a criação de escolas e universidades específicas para este público. Estas pessoas tornam-se agentes de transformação social, científico e cultural, invariavelmente contribuem com ações, projetos para o progresso da humanidade.
  • 20. 20 Unidade: Aspectos Históricos e legais, as politicas públicas; mitos e preconceitos; concepções e características Material Complementar Leia os textos abaixo para complementar seus estudos: PÉREZ, Suzana Graciela Pérez Barrera. O culto aos mitos sobre as altas habilidades/ superdotação? Psicol. Argum., Curitiba, v. 29, n. 67, p. 513-531, out./dez. 2011. PÉREZ, Suzana Graciela Pérez Barrera. Altas habilidades/superdotação: mais vale prevenir... Pediatr. mod, v. 50, n. 1, jan. 2014. • Acesso em http://pesquisa.bvsalud.org/portal/resource/pt/lil-712199 MARTINS, Bárbara Amaral Martins; CHACON, Miguel Cláudio Moriel. Identificação de características de altas habilidades/superdotação apresentadas por alunos matriculados em escolas de ensino regular. XII ANPED SUL, 2012. • http://www.marilia.unesp.br/Home/Extensao/papah/identificacao_ah-sd.pdf EBELING, Rafaela Thums; KIRCHNER, Elenice Ana. As Entrelinhas das Altas Habilidades/ Superdotação em uma Perspectiva Inclusiva. II Simpósio Luso-Brasileiro em Estudos da Criança. Pesquisa com Crianças: desafios éticos e metodológicos. 2014. • http://www.estudosdacrianca.com.br/resources/anais/1/1407279651_ARQUIVO_ ARTIGORAFAELATHUMSEBELING.pdf E assista aos vídeos: a. Gênio Indomável. Disponível em: http://www.filmesonlinegratis.net/assistir-genio-indomavel-dublado-online.html b. Mentes que brilham. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=V_fycnuTCmw
  • 21. 21 Referências ACEREDA EXTREMIANA, A. Niños superdotados. Madrid: Pirámide, 2000. ALENCAR, E. M. L. S. Indivíduos com altas habilidades/superdotação: clarificando conceitos, desfazendo ideias errôneas. In: FLEITH, D. S. (org.) A construção de práticas educacionais para alunos com altas habilidades/superdotação: orientação a professores. v. 1. Brasília: MEC/SEESP , 2007. p.13-23. ALENCAR, E. M. L. S.; FLEITH, D. S. Superdotados: determinantes, educação e ajustamento. 2. ed. São Paulo: EPU, 2001. ALENCAR, E. M. L. S.; FLEITH, D. S. Desenvolvimento de talentos e altas habilidades: orientação a pais e professores. Porto Alegre: Artmed, 2007. Alencar, E. M. L. S. Como desenvolver o potencial criador. 10. ed. Petrópolis: Vozes, 2004. BERGÈS-BOUNES, M.; CALMETTE-JEAN, S. A cultura dos superdotados? Porto Alegre: CMC Brasil, 2010. EBELING,R.T.AsEntrelinhas das Altas Habilidades/Superdotação em uma Perspectiva Inclusiva. II Simpósio Luso-Brasileiro em Estudos da Criança – Pesquisa com crianças: desafios éticos e metodológicos, 2013. FLEITH, D. S. ALENCAR, E. S. A.M.L. (org.). Desenvolvimento de talentos e altas habilidades: orientação a pais e professores. Porto Alegre: Artmed, 2007. FREITAS, S.N.; PÉREZ S. G. Altas Habilidades/superdotação: Atendimento especializado. Marília: ABPEE, 2010. GARDNER, H. Inteligência: Um conceito reformulado. Rio de Janeiro: Objetiva, 2000. GUIMARÃES, T. G.; OUROFINO, V. T. A. Estratégias de identificação do aluno com Altas Habilidades/Superdotação. In: FLEITH, D. S. (org.) A construção de práticas educacionais para alunos com altas habilidades/superdotação: orientação a professores. v. 1. Brasília: MEC/ SEESP , 2007. p. 53-65. MÖNKS, F .J. Ein interaktionales Modell der Hochbegabung [An Interaction Model of High Ability]. In: HANY, E.A.; NICKEL, H. Begabung und Hochbegabung. Bern: Huber, 1992. p. 17-22. PÉREZ, S. G. P . B. Ser ou não ser, eis a questão: o processo de construção da identidade na pessoa com Altas Habilidades/Superdotação adulta. 2008. 230 f. Tese (Doutorado em Educação) – Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul. Porto Alegre: 2008. PÉREZ, S. G. P . B. A identificação das altas habilidades sob uma perspectiva multidimensional. Revista Educação Especial, v. 22, n. 35, p. 299-328, Santa Maria. 2009. Disponível em: http:// www.ufsm.br/revistaeducacaoespecial
  • 22. 22 Unidade: Aspectos Históricos e legais, as politicas públicas; mitos e preconceitos; concepções e características RENZULLI J. S. O Que é Esta Coisa Chamada Superdotação, e Como a Desenvolvemos? Uma retrospectiva de vinte e cinco anos. Educação. ano XXVII, v. 52, n. 1, p. 75 – 131, jan./abr, Porto Alegre. 2004. RENZULLI, J. S.; SMITH, L. H.; WHITE, A. J.; CALLAHAN, C. M.; HARTMAN, R. K.; WESTBERG, K. L. The scales for rating the behavioral characteristics of superior student (SRBCSS-R). Mansfield Center, CT: Creative Learning Press, 2000. ______. The three-ring conception of giftedness: a developmental model for creative productivity. In: RENZULLI, J. S.; REIS, S. M. (eds.). The triad reader. Connecticut: Creative Learning, 1986. p. 2-19. ______. O que é essa coisa chamada superdotação, e como a desenvolvemos? uma retrospectiva de vinte e cinco anos. Educação, ano XXVII, v. 1, n. 52, p. 45-130, Porto Alegre. 2004. ______________ REIS, S. The schoolwide enrichment model: a How-to guide for educational excellence. Mansfield Center: Creative Learning, 1997. RENZULLI, J. S. The three-ring conception of giftedness. In: BAUM, S. M.; REIS, S. M.; MAXFIELD, L. R. (eds.). Nurturing the gifts and talents of primary grade students. Mansfield Center, Connecticut: Creative Learning Press, 1998. Disponível em: <http://www. sp.uconn.edu/~nrcgt/sem/semart13.html> ROSA NETO, F.; BRAZ, A.L.O.; POETA, L.S. e OELKE, S. A. Perfil biopsicossocial de uma criança com indicadores de altas habilidades. Revista Digital, ano 10, n. 82, Buenos Aires. 2005. SÁNCHEZ, M. D. P .; AVILÉS, R. M. H. Funciones del psicopedagogo en la evaluación y atención a la diversidad del superdotado. In: SÁNCHEZ, M. D. P .; COSTA, J. L. C. (org.). Los Superdotados: esos alumnos excepcionales. Málaga: Aljibe, 2000. SEESP/MEC. Saberes e Práticas da inclusão: desenvolvendo competências para o atendimento ás necessidades educacionais especiais de alunos com altas habilidades/superdotação. 2.ed. Brasília: MEC Secretaria de Educação Especial, 2006. STERNBERG, R.J. Psicologia cognitiva. Porto Alegre: Artmed, 2000. VIEIRA, N. J. W. “Viagem a Mojáve-Óki”! Uma trajetória na Identificação das altas habilidades/superdotação em crianças de quatro a seis anos. Tese (Doutorado). Faculdade de Educação. Programa de Pós-graduação em Educação. Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Porto Alegre, 2005. VIRGOLIM, A. M. Altas Habilidades/Superdotação: encorajando potenciais. Brasília: MEC/ SEESP , 2007. VIRGOLIM, A. M. R. A criança superdotada em nosso meio: aceitando suas diferenças e estimulando seu potencial. Escola de Pais do Brasil, p. 8-10, Brasília. 2001. WINNER, E. Crianças Superdotadas: mitos e realidades. Porto Alegre: Artes Médicas, 1998.