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Francisco Ferrer
 Francisco Ferrer y Guardia nasceu em 10 de Janeiro de 1859 em
  Alella, a doze quilômetros de Barcelona. Filho de Jaume Ferrer e
  Maria Àngels Guardia, que eram camponeses como boa parte da
  população espanhola naquele período e como não eram
  pequenos camponeses puderam dar à Ferrer uma boa educação.
 Depois de um incidente com um vigário local foi para Barcelona
  aos 14 anos para trabalhar como escrituário de um comerciante
  de farinha. Este comerciante com quem Ferrer trabalhou era a
  favor das ideias anticlericais e liberais que circulavam naquele
  momento. O que parece ter motivado Ferrer que aos 20 anos se
  declarou republicano anticlerical e se uniu aos maçons, onde
  encontrou um grupo que se dedicava ao pensamento liberal e a
  conspirações políticas. Frequentou também cursos noturnos
  onde conheceu pessoas e autores que marcaram sua formação
  tais como Bakunin e Anselmo Lorenzo.
 Um outro fator que parece ter influenciado Ferrer foi a
  proximidade com a França que já havia declarado a República
  com a Revolução Gloriosa em 1868.
 Aos 20 anos Ferrer trabalhou como fiscal da Companhia
  Ferroviária no trajeto de Barcelona e Cerbére. Neste período
  ajudou muitos refugiados políticos procurados, auxiliand0-os a
  atravessar a fronteira e fugir para a França. Trouxe também para a
  Espanha o pronunciamento republicano de Manuel Ruiz Zorilla
  ao generais Villacampa e Marelo.
 Em 1886 participou de uma tentativa de tornar a Espanha uma
  República, mas poucos participaram, o que levou o movimento a
  ser sufocado pelo Exército. Neste período teve seu nome ligado
  ao do General Villacampa o que o comprometeu. Teve de se exilar
  em Paris, onde foi secretário de Manuel Ruiz Zorilla.
 Já insatisfeito com a situação do Republicanismo Ferrer passa a
  interessar-se em desenvolver um obra educacional anticlerical e
  racionalista.
 Com a morte de Ruiz Zorilla em 1895, afastou-se dos
  republicanos ligando-se aos anarquistas Malato, Grave e Paul
  Robin. A partir dai passou a se ocupar com a educação, dando
  aulas de Espanhol. Conheceu Ernestine Meunie para a qual dava
  aulas, construíram uma grande amizade. Ferrer dividiu com ela
  suas ideias educacionais e Ernestine ao morrer em 1901 lhe deixa
  boa parte de sua fortuna para que Ferrer pudesse fundar a escola
  que idealizara. Para tanto Ferrer volta para a Espanha para pôr
  em prática sua ideia.
 Quando já com a Escola Moderna montada e funcionando em
  1903 Ferrer patrocinou e dirigiu um jornal La Huelga General (A
  Greve Geral), em sua editora traduziu obras de pensadores
  libertários, publicou obras anarquistas e defendeu a greve como
  instrumento de luta de classes operárias. Sabe-se que Ferrer não
  se declarava anarquista, até mesmo para salvaguardar sua escola,
  mas sua ligação com o movimento era evidente.
 Em 1906 um ex bibliotecário da Escola Moderna de Barcelona
  Mateo Morale atirou uma bomba na carruagem que transportava
  o rei Afonso XIII comprometendo Ferrer. O ex bibliotecário se
  suicida e então a Igreja e o Estado veem finalmente um meio de
  acabar com o sucesso da Escola Moderna, acusando Ferrer de ser
  o mandante do atentado.
 Foi preso em Madri por um ano onde escreveu “La Escuela
  Moderna’’. No julgamento Ferrer foi inocentado devido à falta de
  provas, mas o governo decretou o fechamento de sua escola em
  Barcelona, permanecendo somente a editora.
 Passa um período em Paris e quando retorna a Espanha é
  surpreendido pela Semana Trágica de Barcelona. A rebelião foi
  seguida de uma greve geral, durante uma semana o povo se
  apoderou das ruas até ser reprimido pela Guarda Nacional. Os
  perseguidores de Ferrer viram então uma oportunidade de
  acusá-lo novamente de estar envolvido.
 Foi preso e teve sua editora fechada. Foi conduzido a um tribunal
  de guerra e a portas fechadas foi acusado de ser autor e chefe da
  rebelião da Semana Trágica de Barcelona. Foi então condenado a
  morte.
 No dia 13 de outubro de 1909, foi fuzilado gritando em frente ao
  pelotão de fuzilamento: “Viva la Escuela moderna”.
 Para o Governo e a Igreja a educação das massas servia para deter
    o poder. Porem para Ferrer este não era o homem que a
    sociedade precisava. E a escola devia ter como principio a
    liberdade sem influência da Igreja ou do Estado.
   A Escola Moderna de Ferrer tinha como meta “[...] hacer que los
    ninõs y ninãs que se confien lleguen a ser personas instruídas,
    verídicas, justas y libres de todo prejício”. (FERRER, 1912, p.21).
   O local escolhido foi um antigo convento na Rua Baillen no
    suburbio de Barcelona. A primeira aula se deu no dia 08 de
    Setembro de 1901. Compareceram a aula 30 alunos, 12 meninas e
    18 meninos, vindos de diferentes classes sociais.
   Por não ser financiada nem pelo Estado nem pela Igreja, os pais
    dos alunos pagavam conforme suas rendas.
   Fundou também a sua editora para que pudesse dispor de livros
    para dar suporte em seu projeto.
 O espaço da escola era preparado para que se pudesse alcançar os
  aspectos metodológicos pensados por Ferrer. Para tanto a
  higiene era de extrema importância as salas eram bem
  iluminadas e arejadas.
 Desenvolvia atividades extracurriculares tais como visitas a
  fábricas, museus e era feita a correspondência entre alunos de
  escolas diferentes. A partir destas visitas eram promovidos
  debates entre professores e alunos para que pudessem dar sua
  opinião e refletir sobre a discussão. Após o trabalho de discussão
  teriam de escrever uma redação expondo sua opinião a fim de
  que pudesse se corresponder com alunos de outras escolas, que
  fosse discutida ou mesmo impressa no Boletim da própria Escola
  Moderna.
 Como exemplo das correspondências trocadas, o fragmento da
  carta de uma aluna da Escola Moderna de Barcelona a um
  menino do Colégio Azul de Madri. Contando que no ano de
  1904, conta que passeando no parque da Cidadela juntamente
  com os professores os alunos notaram que a cidade estava toda
  enfeitada para a vinda do rei, que a levou a escrever:
“Alguns colegas maiores fazem comentários e criticam sobretudo o
que chamam de ‘desperdício ornamental’ em uma cidade com tanta
miséria e com tanta crise operária como a nossa. Organiza-se um
grande debate sobre esta questão. Nosso professor de línguas diz
que continuaremos falando do tema na aula desta tarde, depois de
expormos nossas opiniões e reflexões por escrito em um redação.”
(GUSSINYR, 2003, p.14).
 Realizavam festivais de teatro para encerramento do ano letivo.
  Para isso eram convidados alunos de outras instituições, amigos,
  familiares e simpatizantes da escola.
 A prática pedagógica se estendia também para os adultos com os
  níveis de extensão universitária. Nesses encontros participavam
  professores da Escola Moderna, alunos universitários e o público
  em geral.
 Para Ferrer era de suma importância formar professores para a
  escola racionalista, para que fossem capazes de conhecer e
  praticar a pedagogia libertária. Deveria com isso reconhecer a
  individualidade de seus alunos e para melhorar ainda mais a
  eficiência de seu trabalho docente tinham liberdade para que
  pudessem adequar a instrução aos alunos conforme as suas
  necessidades. Por isso Ferrer defendia a pesquisa científica em
  ciência da educação articulada a prática pedagógica de seus
  professores.
 Ferrer teve grande influência de Rousseau, que como ele não
  concordava com os métodos religiosos de ensino. E para ambos a
  liberdade é direito do homem. Uma educação deveria formar
  indivíduos livres de preconceito, justos, cientes e que
  reivindicassem seus direitos.
 Numa sociedade machista onde a educação era privilégio dos
  homens, Ferrer defendia a educação independente de sexo, uma
  educação para todos. A mulher deve receber a mesma educação
  que o homem, não devendo ficar reclusa ao lar, deveria estar
  presente em todos os âmbitos da sociedade para que pudesse ser
  companheira do homem e bem educar seus filhos dentro dos
  preceitos libertários e livre de dogmas religiosos.
 Também a educação para pobres e ricos todos juntos para que
  não aprendam a aceitar como fato natural os privilégios e
  vantagens das classes mais altas. Para Ferrer a escola deve
  trabalhar através do sistema de igualdade.
 É grande a importância dos jogos para que a criança aprenda a
  respeitar as diferenças, a manifestar seus desejos e a se solidarizar
  com os demais.
 A Escola Moderna não enxergava a criança incapaz ou inapta
  para se desenvolver nesta ou naquela área, pois o importante é
  acreditar que ela adquire suas ideias ao longo da vida. Através de
  um ambiente positivo, racional e verdadeiro todos estariam
  preparados para os estudos e para a vida.
 Deveriam se tornar livres e independentes, capazes de ser seus
  próprios mestres e guias. Sem ideias preconcebidas impostas.
  Eram incentivados a aprender através da experiência, observação
  e prática.
 Era dada muita importância a higiene pessoal e da escola. Isso
  era uma forma não só de controlar enfermidades no ambiente
  escolar como também nos lares de seus alunos. Os alunos
  participavam também de conferencias semanais de práticas
  higiênicas, praticavam educação física e mantinham um
  “caderno biológico” onde anotavam as enfermidades que
  contraiam para que houvesse um controle por parte dos
  professores para quem poderia frequentar as aulas em caso de
  epidemia.
 Os alunos eram incentivados a discutir, refletir e escrever sobre
  os fatos que os rodeavam. A exemplo deste menino de 11 anos:
  “Los párasitos que consumen y no producen pensando siempre
  em la explotación, desprecian al trabajador, que gana um jornal
  muy reducido trabajando muchas horas diarias casi sin poder
  mantener su familia. Si la sociedad estuviera organizada de outro
  modo, no habria quien se muriera de fastidio (modismo catalan),
  mientras los ricos están disfrutando.”
 Não existiam provas, a avaliação era feita através de trabalhos,
  deveres e exercícios. Para Ferrer as provas só provocavam
  situações de angústia e ansiedade para os alunos, não provando
  seu conhecimento só sua capacidade de memorização. E as notas
  que viriam destas provas só serviriam para estimular a
  competição e a desigualdade entre os alunos.
 Para formar seu corpo docente Ferrer colocava anúncios em
  jornais para que professores de ambos os sexos se candidatassem.
  Após teriam aulas c0m um professor experimentado na
  pedagogia racionalista.
 Era necessário que se escutasse e pesquisasse as necessidades e
  curiosidades dos alunos. O professor teria a liberdade de adequar
  o ensino a estes fatores, pois do contrário se estaria sufocando a
  criança e a sua vontade de aprender.
 A Escola Moderna n° 1 foi fundada em 13 de maio de 1912 como
  concretização dos trabalhos do Comitê pró-Escola Moderna de São
  Paulo, formado por anarquistas e livres pensadores. O Comitê foi
  instituído em novembro de 1909 a partir das manifestações contra o
  fuzilamento na Espanha de Francisco Ferrer y Guardia, recebendo
  apoio de sindicatos e da Confederação Operária Brasileira (COB). A
  escola foi instalada inicialmente na Rua Saldanha Marinho, 66,
  Belenzinho (em 1915 mudou-se para a Rua Celso Garcia, 262, onde
  funcionou até ser fechada). O diretor escolhido foi João de Camargo
  Penteado, que se ausentou em 1917 por um curto período, sendo
  substituído pelo militante anarquista e professor Florentino de
  Carvalho (pseudônimo de Primitivo Soares). O estabelecimento,
  desde a fundação, atendia meninos e meninas em classes mistas.
  Sua proposta curricular foi baseada no racionalismo criado por
  Francisco Ferrer, abrangendo leitura, caligrafia, gramática,
  aritmética, geografia, geometria, botânica, geologia, mineralogia,
  física, química, história, desenho, datilografia, entre outros
  conteúdos.
 Também eram realizadas excursões para que os alunos e alunas
  tivessem contato com a realidade cotidiana. A Escola era
  paga, diferenciando os valores das parcelas para alunos iniciantes
  e avançados, bem como para os adultos que frequentavam o
  curso noturno. Para atingir seus objetivos pedagógicos, também
  foi criado, em conjunto com a Escola Moderna n° 2, o jornal
  denominado O Início. Dirigido e redigido pelos alunos, este
  jornal visava divulgar trabalhos escritos, fornecer informações de
  atividades sociais, debater a conjuntura nacional e
  internacional, registrar e rememorar as datas e fatos relevantes
  do movimento operário. As duas Escolas Modernas de São Paulo
  editaram o Boletim da Escola Moderna, a exemplo do que ocorria
  na Escola Moderna de Barcelona (1901-1906). Durante sua
  existência, a frequência mensal de alunos oscilou entre 45 a 50
  no período diurno e de 12 a 15 no noturno. As atividades escolares
  foram encerradas no ano de 1919, após a morte do diretor da
  Escola Moderna de São Caetano, vítima de explosão ocorrida em
  uma casa no Brás.
 Este fato serviu como justificativa para que o Diretor Geral de
  Instrução Pública do Estado de São Paulo, Oscar Thompson,
  caçasse, em caráter definitivo, a licença de funcionamento da
  Escola Moderna n° 1 e n° 2. Os recursos impetrados e o habeas
  corpus não surtiram efeito e as Escolas Modernas de São Paulo e
  de São Caetano foram definitivamente fechadas. Posteriormente,
  a Escola Moderna cedeu lugar à Academia de Comércio Saldanha
  Marinho, depois chamada de Colégio Saldanha Marinho, porém
  o estabelecimento já não conservava a filosofia de educação do
  racionalismo. Ainda assim, professor João Penteado continuou
  como diretor até a data de seu falecimento, ocorrido em 31 de
  dezembro de 1965.

 LUIZETTO, Flávio V. Presença do anarquismo no Brasil: um estudo
  dos episódios literário e educacional – 1900/1920. Tese doutorado USP.
  São Carlos, 1984.
 MORAES, José Damiro de. A trajetória educacional anarquista na
  Primeira República: das escolas aos centros de cultura social.
  Dissertação mestrado. Unicamp, SP: 1999.
 Escola Nova, fundada em 1909 à Av. Celso Garcia, 262, São Paulo
 Escola Moderna N°1,fundada em 1912, sob direção de João Penteado,
    localizada à Rua Saldanha Marinho, 58, São Paulo
   Escola Moderna do Ceará, fundada em 1911, à Rua Major Fecundo, 186,
    Fortaleza
   Escola Moderna N°2, fundada em 1912 à Rua Müller, 74, sob direção de
    Adelino de Pinho São Paulo
   Escola Moderna de Petrópolis, fundada em 1913
   Escola Moderna de Bauru
   Escola Moderna de Porto Alegre, funcionava em 1919 à Rua Ramiro
    Barcelos, 197
   Escola Racional Francisco Ferrer, fundada em 1919, em Belém do Pará
   Nova Escola, fundada em 1920, no Rio de Janeiro
   Escola Livre, fundada em 1920 pelos Operários em Fábricas de Tecidos
    de Petrópolis
 Outras escolas que empregaram métodos semelhantes aos da Escola
    Moderna, no Brasil:
   Escola Eliseu Réclus, de Porto Alegre
   Escola da União Operária de Franca, fundada em 1912 por Teófilo
    Pereira
   Escola noturna da Liga Operária de Sorocaba, fundada em 1912
   Escola Operária 1° de Maio, localizada em Vila Isabel e depois em
    Olaria, Rio de Janeiro
   Universidade Popular de Cultura Racional e Científica, fundada em
    1915, anexa à Escola Nova de São Paulo, e que oferecia cursos
    preparatórios para professores
   Escola Joaquim Vicente, fundada em 1920, em São Paulo
   Escola Profissional, fundada em 1920 por iniciativa da União em
    Fábricas de Tecidos, no Rio de Janeiro
   Escolas para Operárias do Centro Feminino Jovens Idealistas (duas),
    fundadas em 1920 à Rua Borges de Figueiredo, 37, e à Rua Joli, 125
   Escola da Liga da Construção Civil, fundada em 1920, em Niterói
   Grupo Escolar Carlos Dias, "órgão do Sindicato dos Pedreiros,
    Carpinteiros e Demais Classes dos Trabalhadores em Geral", em
    Salvador
Turma da escola de São Paulo   Turma da escola de Porto Alegre
 GONÇALVES, Aracely Mehl. A tragetória e o pensamento
  pedagógico educacional de Francisco Ferrer y Guardia.
  Cadernos de História da Educação – V. 8, n. 1 – jan/ jun. 2009.
  http://www.seer.ufu.br/index.php/che/article/view/2274
 Wikipédia http://pt.wikipedia.org/wiki/Escola_Moderna
 Wikipédia http://pt.wikipedia.org/wiki/Francisco_Ferrer
 Wikipédia
  http://pt.wikipedia.org/wiki/Pedagogia_libert%C3%A1ria

 Bibliografia indicada:
 Youtube
 Documentário Viva la Escuela Moderna
 http://www.youtube.com/watch?v=TSxmPP_FBd0

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Francisco Ferrer e a Escola Moderna

  • 2.  Francisco Ferrer y Guardia nasceu em 10 de Janeiro de 1859 em Alella, a doze quilômetros de Barcelona. Filho de Jaume Ferrer e Maria Àngels Guardia, que eram camponeses como boa parte da população espanhola naquele período e como não eram pequenos camponeses puderam dar à Ferrer uma boa educação.  Depois de um incidente com um vigário local foi para Barcelona aos 14 anos para trabalhar como escrituário de um comerciante de farinha. Este comerciante com quem Ferrer trabalhou era a favor das ideias anticlericais e liberais que circulavam naquele momento. O que parece ter motivado Ferrer que aos 20 anos se declarou republicano anticlerical e se uniu aos maçons, onde encontrou um grupo que se dedicava ao pensamento liberal e a conspirações políticas. Frequentou também cursos noturnos onde conheceu pessoas e autores que marcaram sua formação tais como Bakunin e Anselmo Lorenzo.
  • 3.  Um outro fator que parece ter influenciado Ferrer foi a proximidade com a França que já havia declarado a República com a Revolução Gloriosa em 1868.  Aos 20 anos Ferrer trabalhou como fiscal da Companhia Ferroviária no trajeto de Barcelona e Cerbére. Neste período ajudou muitos refugiados políticos procurados, auxiliand0-os a atravessar a fronteira e fugir para a França. Trouxe também para a Espanha o pronunciamento republicano de Manuel Ruiz Zorilla ao generais Villacampa e Marelo.  Em 1886 participou de uma tentativa de tornar a Espanha uma República, mas poucos participaram, o que levou o movimento a ser sufocado pelo Exército. Neste período teve seu nome ligado ao do General Villacampa o que o comprometeu. Teve de se exilar em Paris, onde foi secretário de Manuel Ruiz Zorilla.  Já insatisfeito com a situação do Republicanismo Ferrer passa a interessar-se em desenvolver um obra educacional anticlerical e racionalista.
  • 4.  Com a morte de Ruiz Zorilla em 1895, afastou-se dos republicanos ligando-se aos anarquistas Malato, Grave e Paul Robin. A partir dai passou a se ocupar com a educação, dando aulas de Espanhol. Conheceu Ernestine Meunie para a qual dava aulas, construíram uma grande amizade. Ferrer dividiu com ela suas ideias educacionais e Ernestine ao morrer em 1901 lhe deixa boa parte de sua fortuna para que Ferrer pudesse fundar a escola que idealizara. Para tanto Ferrer volta para a Espanha para pôr em prática sua ideia.  Quando já com a Escola Moderna montada e funcionando em 1903 Ferrer patrocinou e dirigiu um jornal La Huelga General (A Greve Geral), em sua editora traduziu obras de pensadores libertários, publicou obras anarquistas e defendeu a greve como instrumento de luta de classes operárias. Sabe-se que Ferrer não se declarava anarquista, até mesmo para salvaguardar sua escola, mas sua ligação com o movimento era evidente.
  • 5.  Em 1906 um ex bibliotecário da Escola Moderna de Barcelona Mateo Morale atirou uma bomba na carruagem que transportava o rei Afonso XIII comprometendo Ferrer. O ex bibliotecário se suicida e então a Igreja e o Estado veem finalmente um meio de acabar com o sucesso da Escola Moderna, acusando Ferrer de ser o mandante do atentado.  Foi preso em Madri por um ano onde escreveu “La Escuela Moderna’’. No julgamento Ferrer foi inocentado devido à falta de provas, mas o governo decretou o fechamento de sua escola em Barcelona, permanecendo somente a editora.  Passa um período em Paris e quando retorna a Espanha é surpreendido pela Semana Trágica de Barcelona. A rebelião foi seguida de uma greve geral, durante uma semana o povo se apoderou das ruas até ser reprimido pela Guarda Nacional. Os perseguidores de Ferrer viram então uma oportunidade de acusá-lo novamente de estar envolvido.
  • 6.  Foi preso e teve sua editora fechada. Foi conduzido a um tribunal de guerra e a portas fechadas foi acusado de ser autor e chefe da rebelião da Semana Trágica de Barcelona. Foi então condenado a morte.  No dia 13 de outubro de 1909, foi fuzilado gritando em frente ao pelotão de fuzilamento: “Viva la Escuela moderna”.
  • 7.  Para o Governo e a Igreja a educação das massas servia para deter o poder. Porem para Ferrer este não era o homem que a sociedade precisava. E a escola devia ter como principio a liberdade sem influência da Igreja ou do Estado.  A Escola Moderna de Ferrer tinha como meta “[...] hacer que los ninõs y ninãs que se confien lleguen a ser personas instruídas, verídicas, justas y libres de todo prejício”. (FERRER, 1912, p.21).  O local escolhido foi um antigo convento na Rua Baillen no suburbio de Barcelona. A primeira aula se deu no dia 08 de Setembro de 1901. Compareceram a aula 30 alunos, 12 meninas e 18 meninos, vindos de diferentes classes sociais.  Por não ser financiada nem pelo Estado nem pela Igreja, os pais dos alunos pagavam conforme suas rendas.  Fundou também a sua editora para que pudesse dispor de livros para dar suporte em seu projeto.
  • 8.  O espaço da escola era preparado para que se pudesse alcançar os aspectos metodológicos pensados por Ferrer. Para tanto a higiene era de extrema importância as salas eram bem iluminadas e arejadas.  Desenvolvia atividades extracurriculares tais como visitas a fábricas, museus e era feita a correspondência entre alunos de escolas diferentes. A partir destas visitas eram promovidos debates entre professores e alunos para que pudessem dar sua opinião e refletir sobre a discussão. Após o trabalho de discussão teriam de escrever uma redação expondo sua opinião a fim de que pudesse se corresponder com alunos de outras escolas, que fosse discutida ou mesmo impressa no Boletim da própria Escola Moderna.
  • 9.  Como exemplo das correspondências trocadas, o fragmento da carta de uma aluna da Escola Moderna de Barcelona a um menino do Colégio Azul de Madri. Contando que no ano de 1904, conta que passeando no parque da Cidadela juntamente com os professores os alunos notaram que a cidade estava toda enfeitada para a vinda do rei, que a levou a escrever: “Alguns colegas maiores fazem comentários e criticam sobretudo o que chamam de ‘desperdício ornamental’ em uma cidade com tanta miséria e com tanta crise operária como a nossa. Organiza-se um grande debate sobre esta questão. Nosso professor de línguas diz que continuaremos falando do tema na aula desta tarde, depois de expormos nossas opiniões e reflexões por escrito em um redação.” (GUSSINYR, 2003, p.14).
  • 10.  Realizavam festivais de teatro para encerramento do ano letivo. Para isso eram convidados alunos de outras instituições, amigos, familiares e simpatizantes da escola.  A prática pedagógica se estendia também para os adultos com os níveis de extensão universitária. Nesses encontros participavam professores da Escola Moderna, alunos universitários e o público em geral.  Para Ferrer era de suma importância formar professores para a escola racionalista, para que fossem capazes de conhecer e praticar a pedagogia libertária. Deveria com isso reconhecer a individualidade de seus alunos e para melhorar ainda mais a eficiência de seu trabalho docente tinham liberdade para que pudessem adequar a instrução aos alunos conforme as suas necessidades. Por isso Ferrer defendia a pesquisa científica em ciência da educação articulada a prática pedagógica de seus professores.
  • 11.
  • 12.
  • 13.  Ferrer teve grande influência de Rousseau, que como ele não concordava com os métodos religiosos de ensino. E para ambos a liberdade é direito do homem. Uma educação deveria formar indivíduos livres de preconceito, justos, cientes e que reivindicassem seus direitos.  Numa sociedade machista onde a educação era privilégio dos homens, Ferrer defendia a educação independente de sexo, uma educação para todos. A mulher deve receber a mesma educação que o homem, não devendo ficar reclusa ao lar, deveria estar presente em todos os âmbitos da sociedade para que pudesse ser companheira do homem e bem educar seus filhos dentro dos preceitos libertários e livre de dogmas religiosos.  Também a educação para pobres e ricos todos juntos para que não aprendam a aceitar como fato natural os privilégios e vantagens das classes mais altas. Para Ferrer a escola deve trabalhar através do sistema de igualdade.
  • 14.  É grande a importância dos jogos para que a criança aprenda a respeitar as diferenças, a manifestar seus desejos e a se solidarizar com os demais.  A Escola Moderna não enxergava a criança incapaz ou inapta para se desenvolver nesta ou naquela área, pois o importante é acreditar que ela adquire suas ideias ao longo da vida. Através de um ambiente positivo, racional e verdadeiro todos estariam preparados para os estudos e para a vida.  Deveriam se tornar livres e independentes, capazes de ser seus próprios mestres e guias. Sem ideias preconcebidas impostas. Eram incentivados a aprender através da experiência, observação e prática.
  • 15.  Era dada muita importância a higiene pessoal e da escola. Isso era uma forma não só de controlar enfermidades no ambiente escolar como também nos lares de seus alunos. Os alunos participavam também de conferencias semanais de práticas higiênicas, praticavam educação física e mantinham um “caderno biológico” onde anotavam as enfermidades que contraiam para que houvesse um controle por parte dos professores para quem poderia frequentar as aulas em caso de epidemia.  Os alunos eram incentivados a discutir, refletir e escrever sobre os fatos que os rodeavam. A exemplo deste menino de 11 anos: “Los párasitos que consumen y no producen pensando siempre em la explotación, desprecian al trabajador, que gana um jornal muy reducido trabajando muchas horas diarias casi sin poder mantener su familia. Si la sociedad estuviera organizada de outro modo, no habria quien se muriera de fastidio (modismo catalan), mientras los ricos están disfrutando.”
  • 16.  Não existiam provas, a avaliação era feita através de trabalhos, deveres e exercícios. Para Ferrer as provas só provocavam situações de angústia e ansiedade para os alunos, não provando seu conhecimento só sua capacidade de memorização. E as notas que viriam destas provas só serviriam para estimular a competição e a desigualdade entre os alunos.  Para formar seu corpo docente Ferrer colocava anúncios em jornais para que professores de ambos os sexos se candidatassem. Após teriam aulas c0m um professor experimentado na pedagogia racionalista.  Era necessário que se escutasse e pesquisasse as necessidades e curiosidades dos alunos. O professor teria a liberdade de adequar o ensino a estes fatores, pois do contrário se estaria sufocando a criança e a sua vontade de aprender.
  • 17.  A Escola Moderna n° 1 foi fundada em 13 de maio de 1912 como concretização dos trabalhos do Comitê pró-Escola Moderna de São Paulo, formado por anarquistas e livres pensadores. O Comitê foi instituído em novembro de 1909 a partir das manifestações contra o fuzilamento na Espanha de Francisco Ferrer y Guardia, recebendo apoio de sindicatos e da Confederação Operária Brasileira (COB). A escola foi instalada inicialmente na Rua Saldanha Marinho, 66, Belenzinho (em 1915 mudou-se para a Rua Celso Garcia, 262, onde funcionou até ser fechada). O diretor escolhido foi João de Camargo Penteado, que se ausentou em 1917 por um curto período, sendo substituído pelo militante anarquista e professor Florentino de Carvalho (pseudônimo de Primitivo Soares). O estabelecimento, desde a fundação, atendia meninos e meninas em classes mistas. Sua proposta curricular foi baseada no racionalismo criado por Francisco Ferrer, abrangendo leitura, caligrafia, gramática, aritmética, geografia, geometria, botânica, geologia, mineralogia, física, química, história, desenho, datilografia, entre outros conteúdos.
  • 18.  Também eram realizadas excursões para que os alunos e alunas tivessem contato com a realidade cotidiana. A Escola era paga, diferenciando os valores das parcelas para alunos iniciantes e avançados, bem como para os adultos que frequentavam o curso noturno. Para atingir seus objetivos pedagógicos, também foi criado, em conjunto com a Escola Moderna n° 2, o jornal denominado O Início. Dirigido e redigido pelos alunos, este jornal visava divulgar trabalhos escritos, fornecer informações de atividades sociais, debater a conjuntura nacional e internacional, registrar e rememorar as datas e fatos relevantes do movimento operário. As duas Escolas Modernas de São Paulo editaram o Boletim da Escola Moderna, a exemplo do que ocorria na Escola Moderna de Barcelona (1901-1906). Durante sua existência, a frequência mensal de alunos oscilou entre 45 a 50 no período diurno e de 12 a 15 no noturno. As atividades escolares foram encerradas no ano de 1919, após a morte do diretor da Escola Moderna de São Caetano, vítima de explosão ocorrida em uma casa no Brás.
  • 19.  Este fato serviu como justificativa para que o Diretor Geral de Instrução Pública do Estado de São Paulo, Oscar Thompson, caçasse, em caráter definitivo, a licença de funcionamento da Escola Moderna n° 1 e n° 2. Os recursos impetrados e o habeas corpus não surtiram efeito e as Escolas Modernas de São Paulo e de São Caetano foram definitivamente fechadas. Posteriormente, a Escola Moderna cedeu lugar à Academia de Comércio Saldanha Marinho, depois chamada de Colégio Saldanha Marinho, porém o estabelecimento já não conservava a filosofia de educação do racionalismo. Ainda assim, professor João Penteado continuou como diretor até a data de seu falecimento, ocorrido em 31 de dezembro de 1965.  LUIZETTO, Flávio V. Presença do anarquismo no Brasil: um estudo dos episódios literário e educacional – 1900/1920. Tese doutorado USP. São Carlos, 1984.  MORAES, José Damiro de. A trajetória educacional anarquista na Primeira República: das escolas aos centros de cultura social. Dissertação mestrado. Unicamp, SP: 1999.
  • 20.  Escola Nova, fundada em 1909 à Av. Celso Garcia, 262, São Paulo  Escola Moderna N°1,fundada em 1912, sob direção de João Penteado, localizada à Rua Saldanha Marinho, 58, São Paulo  Escola Moderna do Ceará, fundada em 1911, à Rua Major Fecundo, 186, Fortaleza  Escola Moderna N°2, fundada em 1912 à Rua Müller, 74, sob direção de Adelino de Pinho São Paulo  Escola Moderna de Petrópolis, fundada em 1913  Escola Moderna de Bauru  Escola Moderna de Porto Alegre, funcionava em 1919 à Rua Ramiro Barcelos, 197  Escola Racional Francisco Ferrer, fundada em 1919, em Belém do Pará  Nova Escola, fundada em 1920, no Rio de Janeiro  Escola Livre, fundada em 1920 pelos Operários em Fábricas de Tecidos de Petrópolis
  • 21.  Outras escolas que empregaram métodos semelhantes aos da Escola Moderna, no Brasil:  Escola Eliseu Réclus, de Porto Alegre  Escola da União Operária de Franca, fundada em 1912 por Teófilo Pereira  Escola noturna da Liga Operária de Sorocaba, fundada em 1912  Escola Operária 1° de Maio, localizada em Vila Isabel e depois em Olaria, Rio de Janeiro  Universidade Popular de Cultura Racional e Científica, fundada em 1915, anexa à Escola Nova de São Paulo, e que oferecia cursos preparatórios para professores  Escola Joaquim Vicente, fundada em 1920, em São Paulo  Escola Profissional, fundada em 1920 por iniciativa da União em Fábricas de Tecidos, no Rio de Janeiro  Escolas para Operárias do Centro Feminino Jovens Idealistas (duas), fundadas em 1920 à Rua Borges de Figueiredo, 37, e à Rua Joli, 125  Escola da Liga da Construção Civil, fundada em 1920, em Niterói  Grupo Escolar Carlos Dias, "órgão do Sindicato dos Pedreiros, Carpinteiros e Demais Classes dos Trabalhadores em Geral", em Salvador
  • 22. Turma da escola de São Paulo Turma da escola de Porto Alegre
  • 23.  GONÇALVES, Aracely Mehl. A tragetória e o pensamento pedagógico educacional de Francisco Ferrer y Guardia. Cadernos de História da Educação – V. 8, n. 1 – jan/ jun. 2009. http://www.seer.ufu.br/index.php/che/article/view/2274  Wikipédia http://pt.wikipedia.org/wiki/Escola_Moderna  Wikipédia http://pt.wikipedia.org/wiki/Francisco_Ferrer  Wikipédia http://pt.wikipedia.org/wiki/Pedagogia_libert%C3%A1ria Bibliografia indicada:  Youtube Documentário Viva la Escuela Moderna http://www.youtube.com/watch?v=TSxmPP_FBd0