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Comemoração do Centenário da República

       Currículo da Autora da Biografia                  Exposição sobre Maria Veleda
                                                   A decorrer, na escadaria de acesso à
                                                   Biblioteca da Escola Secundária D. Inês
Natividade Monteiro é professora de Histó-         de Castro, de 1 a 5 de Fevereiro.
ria no Instituto Militar dos Pupilos do Exército
e membro dos órgãos sociais da APH. Investi-
gadora do Projecto “Biografias de Mulheres.        A Escola Secundária D. Inês de Castro agradece à
                                                                                                                   Maria Veleda
Século XX”, do CEMRI, Universidade Aberta, e
do Projecto “Dicionário no Feminino”, Faces de
                                                   Direcção do Agrupamento de Escolas Frei António            Maria Carolina Frederico Crispim
                                                   Brandão da Benedita a disponibilização desta
Eva- Estudos sobre a Mulher, Universidade
Nova de Lisboa, ambos financiados pela Fun-
                                                   exposição.                                                           (1871-
                                                                                                                        (1871-1955)
dação para a Ciência e Tecnologia.




                                                           Escola Secundária D. Inês de Castro
                                                                    Telefone: 262505170
                                                                       Fax: 262596460
                                                                 esdica.ce@mail.telepac.pt
                                                                biblioteca.esdica@gmail.com



                                                                                                                                        lvre-
                                                                                                      Professora,feminista,republicana, lvre-pensadora…
O Outro Lado da História...                                                                                                           Desiludida com a actuação dos governos republicanos
                                                                    Entre 1910 e 1915, como dirigente da «Liga Republicana        que não cumpriram as promessas de conceder o voto às
                                                                das Mulheres Portuguesas» e das revistas A Mulher e a             mulheres nem souberam orientar a República de modo a
                                                                Criança e A Madrugada, empenhou-se na luta pelo sufrágio          estabelecer as verdadeiras Igualdade, Liberdade e Fra-
    Maria Veleda foi uma mulher pioneira na luta pela           feminino, escrevendo, discursando, fazendo petições e che-        ternidade e construir uma sociedade mais justa e
 educação das crianças e dos direitos das mulheres e na         fiando delegações e representações aos órgãos de sobera-          melhor, abandonou o activismo político e feminista em
 propaganda dos ideais republicanos, destacando-se              nia. Combateu a prostituição, sobretudo, a de menores, e o        1921, após os acontecimentos da “noite sangrenta”. Fez-
 como uma das mais importantes dirigentes do primeiro           direito de fiança por abuso sexual de crianças.                   se jornalista do Século e de A Pátria de Luanda, onde
 movimento feminista português.                                    Fundou o “Grupo das Treze” para combater a supersti-           continuou a defender os ideais feministas e republicanos
                                                                ção, o obscurantismo e o fanatismo religioso que afectava
 Educadora                                                      sobretudo as mulheres e as impedia de se libertarem dos
                                                                                                                                  que sempre a nortearam.

     Tendo-se estreado na imprensa algarvia e alenteja-         preconceitos sociais e da influência clerical que as manti-           Atraída pelos caminhos da espiritualidade e do esote-
 na com a publicação de poesia, contos e novelas, dedi-         nham submetidas aos dogmas da Igreja e à tutela masculi-          rismo e preocupada com o sentido da existência huma-
 cou-se depois aos temas feministas e educativos. Na            na.                                                               na, aderiu ao espiritismo filosófico, científico e experi-
 linha da escola moderna de Francisco Ferrer, defendia a                                                                          mental. Fundou o «Grupo Espiritualista Luz e Amor» e,
 educação laica e integral, em que se aliassem a teoria e                                                                         em 1925, dinamizou a organização do I Congresso Espí-
 a prática, a liberdade, a criatividade, o espírito crítico e   Republicana, livre-pensadora, activista                           rita Português e participou na criação da Federação Espí-
 os valores éticos e cívicos.                                                                                                     rita Portuguesa. Fundou as Revistas A Asa, O Futuro e A
                                                                                                                                  Vanguarda Espírita e colaborou na imprensa espiritualis-
     Num tempo em que a literatura infantil quase não                                                                             ta de todo o país, publicando poesia e artigos de pendor
 existia em Portugal, publicou, em 1902, uma colecção               Convertida ao livre-pensamento e iniciada na Maçonaria,
                                                                em 1907, aderiu também aos ideais da República e tornou-          reflexivo e memorialista. Em 1950, publicou as
 de contos para crianças, intitulada «Cor-de-Rosa» e o                                                                            «Memórias de Maria Veleda» no jornal República.
 opúsculo “Emancipação Feminina”.                               se oradora dos Centros Republicanos, escolas liberais, asso-
                                                                ciações operárias e intelectuais, grémios, círios civis e comí-       Maria Veleda dedicou a vida aos ideais de justiça,
     Em 1909, por sua iniciativa, a «Liga Republicana das       cios do Partido Republicano, da Junta Federal do Livre -          liberdade, igualdade e democracia e empenhou-se na
 Mulheres Portuguesas» fundou a «Obra Maternal» para            Pensamento e da Associação Promotora do Registo Civil.            construção de uma sociedade melhor, onde todos pudes-
 acolher e educar crianças abandonadas ou em perigo             Alguns destes discursos e conferências foram publicados no        sem ser felizes. Semeou ideias, iniciou processos de
 moral, instituição que se manterá até 1916, graças à           livro A Conquista, prefaciado por António José de Almeida.        mudança nas práticas sociais e lançou o debate sobre os
 solidariedade da sociedade civil e às receitas obtidas em                                                                        lugares, os papéis e os poderes de mulheres e homens
 saraus teatrais, cujas peças dramáticas e cómicas Maria            O combate à monarquia e ao clericalismo valeu-lhe a
                                                                condenação por abuso de liberdade de imprensa, em 1909,           num mundo novo.
 Veleda também escrevia e levava à cena. Em 1912, o
 governo nomeou-a Delegada de Vigilância da Tutoria             além das constantes perseguições e ameaças de morte,
 Central da Infância de Lisboa, instituição destinada a         movidas por alguns sectores católicos e monárquicos mais
                                                                conservadores.
 recolher as crianças desamparadas, pedintes ou delin-
 quentes, cargo que ocupou até 1941.                                Depois da implantação da República, por ocasião das
                                                                incursões monárquicas de Paiva Couceiro, integrou o Grupo                                    Natividade Monteiro
                                                                Pró-Pátria e percorreu o país em missão de propaganda,
 Feminista                                                      discursando em defesa do regime ameaçado. Em 1915, em
                                                                consonância com o Partido Democrático de Afonso Costa,
     Consciente da situação de desigualdade em que as           juntou-se aos conspiradores na preparação do golpe revolu-
 mulheres viviam, numa sociedade conservadora e pouco           cionário que destituiu o governo ditatorial do General
 aberta à mudança, iniciou, nos primeiros anos do século        Pimenta de Castro e, a seguir, envolveu-se na propaganda
 XX, um dos maiores combates da sua vida: defender a            a favor da entrada de Portugal na 1ª. Guerra Mundial.
 igualdade de direitos jurídicos, cívicos e políticos entre
                                                                   Nesse mesmo ano, saiu da «Liga», filiou-se no Partido
 os sexos. Numa época em que as mulheres estavam,
                                                                Democrático e fundou a «Associação Feminina de Propa-
 por imperativos económicos, sociais e culturais, confina-      ganda Democrática», cuja acção terminou em 1916, em
 das à esfera doméstica, criou cursos nocturnos no Cen-         nome da “União Sagrada” de todos os portugueses, na
 tro Republicano Afonso Costa, onde era professora do           defesa dos interesses da Pátria ameaçada.
 ensino primário, e nos Centros Republicanos António
 José de Almeida e Boto Machado, para as ensinar a ler e
 a escrever e as educar civicamente, preparando-as para
 o exercício de uma profissão e a participação na vida
 política.
                                                                                                                                   Nota: Os subtítulos são da responsabilidade da Equipa
                                                                                                                                   da Biblioteca

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Concurso Inês de Castro
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Maria Veleda - Folheto

  • 1. Comemoração do Centenário da República Currículo da Autora da Biografia Exposição sobre Maria Veleda A decorrer, na escadaria de acesso à Biblioteca da Escola Secundária D. Inês Natividade Monteiro é professora de Histó- de Castro, de 1 a 5 de Fevereiro. ria no Instituto Militar dos Pupilos do Exército e membro dos órgãos sociais da APH. Investi- gadora do Projecto “Biografias de Mulheres. A Escola Secundária D. Inês de Castro agradece à Maria Veleda Século XX”, do CEMRI, Universidade Aberta, e do Projecto “Dicionário no Feminino”, Faces de Direcção do Agrupamento de Escolas Frei António Maria Carolina Frederico Crispim Brandão da Benedita a disponibilização desta Eva- Estudos sobre a Mulher, Universidade Nova de Lisboa, ambos financiados pela Fun- exposição. (1871- (1871-1955) dação para a Ciência e Tecnologia. Escola Secundária D. Inês de Castro Telefone: 262505170 Fax: 262596460 esdica.ce@mail.telepac.pt biblioteca.esdica@gmail.com lvre- Professora,feminista,republicana, lvre-pensadora…
  • 2. O Outro Lado da História... Desiludida com a actuação dos governos republicanos Entre 1910 e 1915, como dirigente da «Liga Republicana que não cumpriram as promessas de conceder o voto às das Mulheres Portuguesas» e das revistas A Mulher e a mulheres nem souberam orientar a República de modo a Criança e A Madrugada, empenhou-se na luta pelo sufrágio estabelecer as verdadeiras Igualdade, Liberdade e Fra- Maria Veleda foi uma mulher pioneira na luta pela feminino, escrevendo, discursando, fazendo petições e che- ternidade e construir uma sociedade mais justa e educação das crianças e dos direitos das mulheres e na fiando delegações e representações aos órgãos de sobera- melhor, abandonou o activismo político e feminista em propaganda dos ideais republicanos, destacando-se nia. Combateu a prostituição, sobretudo, a de menores, e o 1921, após os acontecimentos da “noite sangrenta”. Fez- como uma das mais importantes dirigentes do primeiro direito de fiança por abuso sexual de crianças. se jornalista do Século e de A Pátria de Luanda, onde movimento feminista português. Fundou o “Grupo das Treze” para combater a supersti- continuou a defender os ideais feministas e republicanos ção, o obscurantismo e o fanatismo religioso que afectava Educadora sobretudo as mulheres e as impedia de se libertarem dos que sempre a nortearam. Tendo-se estreado na imprensa algarvia e alenteja- preconceitos sociais e da influência clerical que as manti- Atraída pelos caminhos da espiritualidade e do esote- na com a publicação de poesia, contos e novelas, dedi- nham submetidas aos dogmas da Igreja e à tutela masculi- rismo e preocupada com o sentido da existência huma- cou-se depois aos temas feministas e educativos. Na na. na, aderiu ao espiritismo filosófico, científico e experi- linha da escola moderna de Francisco Ferrer, defendia a mental. Fundou o «Grupo Espiritualista Luz e Amor» e, educação laica e integral, em que se aliassem a teoria e em 1925, dinamizou a organização do I Congresso Espí- a prática, a liberdade, a criatividade, o espírito crítico e Republicana, livre-pensadora, activista rita Português e participou na criação da Federação Espí- os valores éticos e cívicos. rita Portuguesa. Fundou as Revistas A Asa, O Futuro e A Vanguarda Espírita e colaborou na imprensa espiritualis- Num tempo em que a literatura infantil quase não ta de todo o país, publicando poesia e artigos de pendor existia em Portugal, publicou, em 1902, uma colecção Convertida ao livre-pensamento e iniciada na Maçonaria, em 1907, aderiu também aos ideais da República e tornou- reflexivo e memorialista. Em 1950, publicou as de contos para crianças, intitulada «Cor-de-Rosa» e o «Memórias de Maria Veleda» no jornal República. opúsculo “Emancipação Feminina”. se oradora dos Centros Republicanos, escolas liberais, asso- ciações operárias e intelectuais, grémios, círios civis e comí- Maria Veleda dedicou a vida aos ideais de justiça, Em 1909, por sua iniciativa, a «Liga Republicana das cios do Partido Republicano, da Junta Federal do Livre - liberdade, igualdade e democracia e empenhou-se na Mulheres Portuguesas» fundou a «Obra Maternal» para Pensamento e da Associação Promotora do Registo Civil. construção de uma sociedade melhor, onde todos pudes- acolher e educar crianças abandonadas ou em perigo Alguns destes discursos e conferências foram publicados no sem ser felizes. Semeou ideias, iniciou processos de moral, instituição que se manterá até 1916, graças à livro A Conquista, prefaciado por António José de Almeida. mudança nas práticas sociais e lançou o debate sobre os solidariedade da sociedade civil e às receitas obtidas em lugares, os papéis e os poderes de mulheres e homens saraus teatrais, cujas peças dramáticas e cómicas Maria O combate à monarquia e ao clericalismo valeu-lhe a condenação por abuso de liberdade de imprensa, em 1909, num mundo novo. Veleda também escrevia e levava à cena. Em 1912, o governo nomeou-a Delegada de Vigilância da Tutoria além das constantes perseguições e ameaças de morte, Central da Infância de Lisboa, instituição destinada a movidas por alguns sectores católicos e monárquicos mais conservadores. recolher as crianças desamparadas, pedintes ou delin- quentes, cargo que ocupou até 1941. Depois da implantação da República, por ocasião das incursões monárquicas de Paiva Couceiro, integrou o Grupo Natividade Monteiro Pró-Pátria e percorreu o país em missão de propaganda, Feminista discursando em defesa do regime ameaçado. Em 1915, em consonância com o Partido Democrático de Afonso Costa, Consciente da situação de desigualdade em que as juntou-se aos conspiradores na preparação do golpe revolu- mulheres viviam, numa sociedade conservadora e pouco cionário que destituiu o governo ditatorial do General aberta à mudança, iniciou, nos primeiros anos do século Pimenta de Castro e, a seguir, envolveu-se na propaganda XX, um dos maiores combates da sua vida: defender a a favor da entrada de Portugal na 1ª. Guerra Mundial. igualdade de direitos jurídicos, cívicos e políticos entre Nesse mesmo ano, saiu da «Liga», filiou-se no Partido os sexos. Numa época em que as mulheres estavam, Democrático e fundou a «Associação Feminina de Propa- por imperativos económicos, sociais e culturais, confina- ganda Democrática», cuja acção terminou em 1916, em das à esfera doméstica, criou cursos nocturnos no Cen- nome da “União Sagrada” de todos os portugueses, na tro Republicano Afonso Costa, onde era professora do defesa dos interesses da Pátria ameaçada. ensino primário, e nos Centros Republicanos António José de Almeida e Boto Machado, para as ensinar a ler e a escrever e as educar civicamente, preparando-as para o exercício de uma profissão e a participação na vida política. Nota: Os subtítulos são da responsabilidade da Equipa da Biblioteca