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A Pintura de Debret pode ser usada como Imagem da sociedade brasileira?




Ensaio final da Disciplina de História da Educação- EDU1004

Aluno: Pedro Peixoto Nitschke

Professora: Simone Valdete dos Santos
A Pintura de Debret pode ser usada como Imagem da sociedade brasileira?



   Tudo começou em 22 de Abril de 1500, nessa data Pedro Álvares Cabral havia “descoberto” o Brasil.
Porém, o local já estava ocupado por povos indígenas das mais diferentes etnias. A opressão Europeia se
estendeu ao longo do território brasileiro e os povos que habitavam foram massacrados ou subjulgados
pelo poderio armamentista Português.

   Hoje em dia busca-se saber como eram os povos indígenas e, ainda, como eles se comportavam
vestiam e viviam. Como ainda não é possível viajar no tempo, alguns métodos são utilizados para tentar
decifrar o ambiente daquela época. A leitura de textos de naturalistas e aventureiros daquela época nos
proporciona um olhar sobre as perspectivas da época.

    Outro método de analisar o passado é utilizar imagens, mas, a fotografia foi inventada apenas no
ano de 1826 e era algo muito distante das atuais câmeras fotográficas. Ao contrário, eram enormes
aparelhos e as primeiras fotos levavam cerca de 8 horas para serem captadas. Então, as imagens que
temos desse tempo na realidade são pinturas, e falando de pinturas é impossível não lembrar das
clássicas obras de Jean-Baptiste Debret.

   Debret integrou a missão Artística Francesa, e ao desembarcar em 26 de Março de 1816 no Rio de
Janeiro modificou a paisagem da cidade. Nela, inaugurou uma escola de ensino superior de belas artes
onde começou um “novo” tipo de pintura no Brasil. Até então o Barroco era o estilo predominante,
entretanto, esse método não era o mais requisitado pela nobreza e corte brasileira. Por isso, talvez, o
projeto tenha sido aceito tão rapidamente pela monarquia. O artista foi o primeiro pintor a realizar um
conjunto de pinturas voltadas à representação da corte portuguesa no Rio de Janeiro.

    Durante seu período no Brasil, Debret realizou diversas pinturas, tanto da realeza quanto do
cotidiano da sociedade brasileira. Pintando a realidade dos escravos e índios, Debret mostra com
grandes detalhes o dia a dia de diversas situações. Publicou na França, entre 1834 e 1839, um livro
intitulado Viagem Pitoresca e Histórica ao Brasil onde copilava diversas pinturas e relatos da sua viagem
ao exótico país do novo mundo. Como era característico de suas obras, Debret tinha alto detalhamento
em todos seus quadros, ao ponto de parecerem fotos tiradas de momentos crípticos. Devido a isso, suas
obras usadas como pequenos fragmentos do que aconteceu no Brasil daquela época.

    Muitas de suas imagens e relatos,
principalmente as telas que retratam o
cotidiano dos escravos e da sociedade carioca,
são muito apreciada por historiadores por
exemplificar a dinâmica de várias condutas da
sociedade. Não é a toa que muitas de suas
obras são as imagens que exemplificam
diversos livros de história brasileira. Em O
castigo de escravo (fig. 1) Debret exemplifica
em imagens algo que era muito comum
naquela época: a punição de escravos através
do dolo físico. As vestimentas do açoitador, o
modo como o escravo está preso e a sua
                                               Figura 1: Jean-Baptiste Debret: O Castigo de escravo. Em
disposição no chão nos revelam muito de Viagem Pitoresca e Histórica ao Brasil
como era feito esse modo de castigo.

    Outro ponto interessante nesta mesma obra é verificar o que não está no plano principal. É possível
se ver plantações em um morro a esquerda, mais abaixo uma pequena vila e um curral no morro da
direita. E em um “segundo plano destacado” é ainda possível de se verificar outro açoitamento, porém,
desta vez são todos indivíduos negros que fazem. Esse fato revela uma prática que para muitos era
desconhecida, a de que escravos eram punidos por outros escravos ou até mesmo por escravos que
haviam ganho sua carta de alforria.

   Apenas com uma imagem pode nos sintetizar muito daquela época. Essa pintura (fig. 1) é um retrato
dos arredores do Rio de Janeiro. Mas até que ponto pinturas podem ser utilizadas como um retrato
daquela época?

   O artista ao pintar uma obra, ressalta aquilo que mais lhe chamou a atenção, e ainda pode brincar e
somar diversos acontecimentos, que ocorreram separados, e acopla-los para se formar uma visão única.
Portanto, não necessáriamente o que está retratado na obra de Debret e de diversos artistas seja a
realidade núa. No caso de O castigo de escravo (fig. 1) Debret pode ter usado uma forma mais “poética”
                                               de se retratar os fatos, e ,com isso, somar idéias e pré-
                                               concepções que o próprio artista possuí.

                                                  Entretanto, Debret é acusado de plagear ou de não
                                              ser verrossímel com a realidade em muito de suas obras
                                              publicadas. As imagens contestadas são, na maioria, as
                                              que retratam indígenas brasileiros. Como na tela Sinal de
                                              Combate (Fig. 2), onde o indígina possuí uma aparência
                                              clássica, onde o cacique, ou chefe indígina, aparenta um
                                              tipo corporal que remonta aos paradigmas de beleza
                                              ideal. Suas vestimentas são vigorosas e com muitos
                                              adornos (penas coloridas e cocares grandes), Debret
                                              constrói a imagem de um nativo brasileiro idealizado e
                                              não sua realidade.

                                                  Todavia, uma de suas obras mais “polêmica” é Dança
                                              dos Selvagens de São José (Fig. 3), onde fica muito claro
                                              uma aproximação, para não dizer cópia, da obra do
                                              naturalista da Prússia Georg Heinrich von Langsdorff
                                              intitulada Uma Dança Indígena na Missão de São José em
Figura 2:Jean-Baptiste Debret: Sinal de       Nova Califórnia. Além do nome muito parecido, a obra é
combate. Em Viagem Pitoresca e Histórica ao
Brasil
                                            muito similar na relação das pinturas corporais dos
                                            indígenas retratados. A obra de Langsdorff retratava índios
norte-americanos com suas pinturas, e a obra de Debret mostra índios brasileiros com essas mesmas
características.

   Esses fatos levantam algumas dúvidas: será que é possível confiar nas obras para retratar a realidade
da época brasileira? Debret realmente saiu a campo para conhecer os indíginas e o que ele retratava?

   A realidade é que suas obras que retratam o cotidiano próximo ao Rio de Janeiro são muito similares
ao que se espera de como eram as realações, contudo, as pinturas que retratam os ídios brasileiros fica
um pouco afastado da realidade. Talvez, Debret não tenha viajado pelo interior do Brasil, desvendando
e descobrindo os nativos americanos. É possível que ele tenha se baseado em muitas obras lançadas
anteriormente por outros naturalistas.

    Mesmo com o caso de Debret, é possível utilizar imagens de artistas para se retratar ou exemplificar
o cotidiano de épocas passadas. Porém, deve-se sempre ter em mente que nem tudo o que aparece nas
telas é a verdade absoluta e que muitos fatores podem estar escondidos na tela, seja o seu ideal,
pressões da sociedade ou até mesmo o desejo de quem pagou pela obra. Desse modo, a arte serve
como uma ferramenta para nos auxiliar a entender o passado, seja a pintura detalhada de Debret os
rabiscos em tetos de cavernas dos hominídeos pré-históricos. A arte não é a realidade mas talvéz seja a
forma mais próxima que teremos de uma fotografia de épocas passadas.




Figura 3: Jean-Baptiste Debret: Dança de Selvagens da Missão de São José. Em Viagem Pitoresca e Histórica ao
Brasil
Bibliografia
Costa, T., & Diener, P. (2009). A compreensão do homem na obra de Jean- Baptiste Debret. XXV
          SIMPÓSIO NACIONAL DE HISTÓRIA, (pp. 1-7). Fortaleza.

Dias, E. (Janeiro de 2006). A representação da realeza no Brasil: uma análise dos retratos de D. João VI e
           D. Pedro I, de Jean-Baptiste Debret. Anais do Museu Paulista: História e Cultura Material.

Wikipedia. (11 de Dezembro de 2012). Fonte: Wikipedia:
        http://pt.wikipedia.org/wiki/Viagem_Pitoresca_e_Hist%C3%B3rica_ao_Brasil#Viagem_pitoresc
        a_e_hist.C3.B3rica_ao_Brasil

Wikipedia. (11 de Dezembro de 2012). Fonte: Wikipedia:
        http://pt.wikipedia.org/wiki/Miss%C3%A3o_Art%C3%ADstica_Francesa

Wikipedia. (11 de Dezembro de 2012). Fonte: Wikipedia: http://pt.wikipedia.org/wiki/Jean-
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Debret

  • 1. A Pintura de Debret pode ser usada como Imagem da sociedade brasileira? Ensaio final da Disciplina de História da Educação- EDU1004 Aluno: Pedro Peixoto Nitschke Professora: Simone Valdete dos Santos
  • 2. A Pintura de Debret pode ser usada como Imagem da sociedade brasileira? Tudo começou em 22 de Abril de 1500, nessa data Pedro Álvares Cabral havia “descoberto” o Brasil. Porém, o local já estava ocupado por povos indígenas das mais diferentes etnias. A opressão Europeia se estendeu ao longo do território brasileiro e os povos que habitavam foram massacrados ou subjulgados pelo poderio armamentista Português. Hoje em dia busca-se saber como eram os povos indígenas e, ainda, como eles se comportavam vestiam e viviam. Como ainda não é possível viajar no tempo, alguns métodos são utilizados para tentar decifrar o ambiente daquela época. A leitura de textos de naturalistas e aventureiros daquela época nos proporciona um olhar sobre as perspectivas da época. Outro método de analisar o passado é utilizar imagens, mas, a fotografia foi inventada apenas no ano de 1826 e era algo muito distante das atuais câmeras fotográficas. Ao contrário, eram enormes aparelhos e as primeiras fotos levavam cerca de 8 horas para serem captadas. Então, as imagens que temos desse tempo na realidade são pinturas, e falando de pinturas é impossível não lembrar das clássicas obras de Jean-Baptiste Debret. Debret integrou a missão Artística Francesa, e ao desembarcar em 26 de Março de 1816 no Rio de Janeiro modificou a paisagem da cidade. Nela, inaugurou uma escola de ensino superior de belas artes onde começou um “novo” tipo de pintura no Brasil. Até então o Barroco era o estilo predominante, entretanto, esse método não era o mais requisitado pela nobreza e corte brasileira. Por isso, talvez, o projeto tenha sido aceito tão rapidamente pela monarquia. O artista foi o primeiro pintor a realizar um conjunto de pinturas voltadas à representação da corte portuguesa no Rio de Janeiro. Durante seu período no Brasil, Debret realizou diversas pinturas, tanto da realeza quanto do cotidiano da sociedade brasileira. Pintando a realidade dos escravos e índios, Debret mostra com grandes detalhes o dia a dia de diversas situações. Publicou na França, entre 1834 e 1839, um livro intitulado Viagem Pitoresca e Histórica ao Brasil onde copilava diversas pinturas e relatos da sua viagem ao exótico país do novo mundo. Como era característico de suas obras, Debret tinha alto detalhamento em todos seus quadros, ao ponto de parecerem fotos tiradas de momentos crípticos. Devido a isso, suas obras usadas como pequenos fragmentos do que aconteceu no Brasil daquela época. Muitas de suas imagens e relatos, principalmente as telas que retratam o cotidiano dos escravos e da sociedade carioca, são muito apreciada por historiadores por exemplificar a dinâmica de várias condutas da sociedade. Não é a toa que muitas de suas obras são as imagens que exemplificam diversos livros de história brasileira. Em O castigo de escravo (fig. 1) Debret exemplifica em imagens algo que era muito comum naquela época: a punição de escravos através do dolo físico. As vestimentas do açoitador, o modo como o escravo está preso e a sua Figura 1: Jean-Baptiste Debret: O Castigo de escravo. Em disposição no chão nos revelam muito de Viagem Pitoresca e Histórica ao Brasil
  • 3. como era feito esse modo de castigo. Outro ponto interessante nesta mesma obra é verificar o que não está no plano principal. É possível se ver plantações em um morro a esquerda, mais abaixo uma pequena vila e um curral no morro da direita. E em um “segundo plano destacado” é ainda possível de se verificar outro açoitamento, porém, desta vez são todos indivíduos negros que fazem. Esse fato revela uma prática que para muitos era desconhecida, a de que escravos eram punidos por outros escravos ou até mesmo por escravos que haviam ganho sua carta de alforria. Apenas com uma imagem pode nos sintetizar muito daquela época. Essa pintura (fig. 1) é um retrato dos arredores do Rio de Janeiro. Mas até que ponto pinturas podem ser utilizadas como um retrato daquela época? O artista ao pintar uma obra, ressalta aquilo que mais lhe chamou a atenção, e ainda pode brincar e somar diversos acontecimentos, que ocorreram separados, e acopla-los para se formar uma visão única. Portanto, não necessáriamente o que está retratado na obra de Debret e de diversos artistas seja a realidade núa. No caso de O castigo de escravo (fig. 1) Debret pode ter usado uma forma mais “poética” de se retratar os fatos, e ,com isso, somar idéias e pré- concepções que o próprio artista possuí. Entretanto, Debret é acusado de plagear ou de não ser verrossímel com a realidade em muito de suas obras publicadas. As imagens contestadas são, na maioria, as que retratam indígenas brasileiros. Como na tela Sinal de Combate (Fig. 2), onde o indígina possuí uma aparência clássica, onde o cacique, ou chefe indígina, aparenta um tipo corporal que remonta aos paradigmas de beleza ideal. Suas vestimentas são vigorosas e com muitos adornos (penas coloridas e cocares grandes), Debret constrói a imagem de um nativo brasileiro idealizado e não sua realidade. Todavia, uma de suas obras mais “polêmica” é Dança dos Selvagens de São José (Fig. 3), onde fica muito claro uma aproximação, para não dizer cópia, da obra do naturalista da Prússia Georg Heinrich von Langsdorff intitulada Uma Dança Indígena na Missão de São José em Figura 2:Jean-Baptiste Debret: Sinal de Nova Califórnia. Além do nome muito parecido, a obra é combate. Em Viagem Pitoresca e Histórica ao Brasil muito similar na relação das pinturas corporais dos indígenas retratados. A obra de Langsdorff retratava índios norte-americanos com suas pinturas, e a obra de Debret mostra índios brasileiros com essas mesmas características. Esses fatos levantam algumas dúvidas: será que é possível confiar nas obras para retratar a realidade da época brasileira? Debret realmente saiu a campo para conhecer os indíginas e o que ele retratava? A realidade é que suas obras que retratam o cotidiano próximo ao Rio de Janeiro são muito similares ao que se espera de como eram as realações, contudo, as pinturas que retratam os ídios brasileiros fica um pouco afastado da realidade. Talvez, Debret não tenha viajado pelo interior do Brasil, desvendando
  • 4. e descobrindo os nativos americanos. É possível que ele tenha se baseado em muitas obras lançadas anteriormente por outros naturalistas. Mesmo com o caso de Debret, é possível utilizar imagens de artistas para se retratar ou exemplificar o cotidiano de épocas passadas. Porém, deve-se sempre ter em mente que nem tudo o que aparece nas telas é a verdade absoluta e que muitos fatores podem estar escondidos na tela, seja o seu ideal, pressões da sociedade ou até mesmo o desejo de quem pagou pela obra. Desse modo, a arte serve como uma ferramenta para nos auxiliar a entender o passado, seja a pintura detalhada de Debret os rabiscos em tetos de cavernas dos hominídeos pré-históricos. A arte não é a realidade mas talvéz seja a forma mais próxima que teremos de uma fotografia de épocas passadas. Figura 3: Jean-Baptiste Debret: Dança de Selvagens da Missão de São José. Em Viagem Pitoresca e Histórica ao Brasil
  • 5. Bibliografia Costa, T., & Diener, P. (2009). A compreensão do homem na obra de Jean- Baptiste Debret. XXV SIMPÓSIO NACIONAL DE HISTÓRIA, (pp. 1-7). Fortaleza. Dias, E. (Janeiro de 2006). A representação da realeza no Brasil: uma análise dos retratos de D. João VI e D. Pedro I, de Jean-Baptiste Debret. Anais do Museu Paulista: História e Cultura Material. Wikipedia. (11 de Dezembro de 2012). Fonte: Wikipedia: http://pt.wikipedia.org/wiki/Viagem_Pitoresca_e_Hist%C3%B3rica_ao_Brasil#Viagem_pitoresc a_e_hist.C3.B3rica_ao_Brasil Wikipedia. (11 de Dezembro de 2012). Fonte: Wikipedia: http://pt.wikipedia.org/wiki/Miss%C3%A3o_Art%C3%ADstica_Francesa Wikipedia. (11 de Dezembro de 2012). Fonte: Wikipedia: http://pt.wikipedia.org/wiki/Jean- Baptiste_Debret