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  O AFASTAMENTO DE ANÍSIO TEIXEIRA – INSTABILIDADE DO INEP E
        ESTABILIDADE DA CAPES DURANTE A DITADURA MILITAR


       O INEP foi criado em 30 de julho de 1938, sob a liderança do educador
Lourenço Filho. Seu nome era “Instituto Nacional de Estudos Pedagógicos” e
sua função inicial era realizar pesquisas sobre os problemas do ensino, nos
seus diferentes aspectos. O INEP conseguiu organizar-se e estruturar-se
durante o autoritário governo do Estado Novo e consolidar seu prestígio
institucional no período democrático seguinte, entre 1945 e 1964, obtendo
alcance nacional com suas ações. Em parte, o notável crescimento da
instituição pode ser atribuído à liderança de Anísio Teixeira, que assumiu a
direção-geral do Instituto de junho de 1952 até abril de 1964.
       Durante a sua gestão, Anísio Teixeira expandiu as atividades do INEP,
desenvolvendo, principalmente, a pesquisa educacional. Anísio criou, também,
o Centro Brasileiro de Pesquisas Educacionais (CBPE), com o intuito de
estabelecer bases científicas para fazer uma “reconstrução educacional” no
Brasil. Também foram instalados oito centros de treinamento do magistério
(que na década de 70 foram incorporados a secretarias estaduais de educação
e faculdades de educação das instituições federais de ensino superior).
       A estabilidade (ou dever-se-ia dizer instabilidade?) do INEP sempre
refletiu a situação da política da época: durante a democracia, após
estabelecer-se, a instituição prosperou; durante a Ditadura Militar, porém,
definhou e chegou ao final do regime militar sendo considerada quase
irrelevante.
       Em 1964, com o Golpe Militar, assim que os militares tomaram o poder,
Anísio Teixeira foi afastado do INEP. Nos cinco anos seguintes, Carlos
Pasquale (1964-1966) e Carlos Mascaro (1966-1969) esforçaram-se para
continuar a linha de trabalho de Anísio, mas não obtiveram sucesso, visto que
o regime militar fechava cada vez mais o certo, impedindo-os de fazer seu
trabalho, porque consideravam o INEP como uma instituição “esquerdista”,
“subversiva”, com “intenções revolucionárias”.
       Sabendo, agora, a trajetória do INEP até uma parte da Ditadura Militar,
interrompo este meu relato para falar sobre a trajetória da CAPES.
       A CAPES foi criada em 11 de julho de 1951 (13 anos após o INEP), a
sua criação ocorreu devido à industrialização pesada e a complexidade da
administração pública, que trouxeram a necessidade da formação de
especialistas e pesquisadores em diversas áreas. A sua função era a de
assegurar a existência de pessoal especializado em quantidade e qualidade
suficientes para atender às necessidades dos empreendimentos públicos e
privados que visavam o desenvolvimento do país. Desde o início da instituição,
Anísio Teixeira é seu secretário-geral.
       Em 1953, é implantado o Programa Universitário junto às universidades
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instituições, concedem-se bolsas de estudos e apoiam-se eventos científicos.
Ainda no mesmo ano, são concedidas 79 bolsas de estudos, sendo 2 para
formação no país, 23 de aperfeiçoamento no país e 54 no exterior.
       Em 1964, devido à ascensão militar, Anísio Teixeira é afastado da
CAPES. Nos anos seguintes, durante a Ditadura, a instituição, porém, não
sofre com nenhum problema. Ocorre, inclusive, o contrário: em 1965, são
contados 27 cursos de mestrado e 11 de doutorado, totalizando 38 cursos de
pós-graduação no país; a partir de 1966, o governo começa a apresentar
planos de desenvolvimento, inclusive para a educação, são feitas reformas
universitárias e consolida-se o regulamento da pós-graduação.
       Agora que sabemos um pouco sobre a trajetória das duas instituições
em que Anísio Teixeira foi, literalmente, fundamental e afastado logo no início
da Ditadura Militar, os questionamentos que podem ser feitos a respeito da
postura dos militares em relação ao INEP e à CAPES são vários, mas o que
mais me importuna é por que a CAPES tem uma trajetória estável mas o INEP
não. Entre minhas pesquisas e reflexões, cheguei a uma possível resposta,
que me pareceu (sem modéstia, mas também sem soberba) plausível.
      A ideia é que o INEP, desde a sua fundação, preocupou-se em procurar
os problemas da educação infantil e do ensino fundamental, enquanto a
CAPES queria garantir profissionais graduados (e pós-graduados) qualificados
para trabalhar num Brasil que estava se industrializando. Olhando por outro
ângulo, isso significa que o INEP preocupava-se com a população em geral e
com as classes baixas (ainda mais considerando o Escola Novismo), enquanto
a CAPES se preocupava com a elite, afinal, as únicas pessoas que faziam
graduação ou pós-graduação naquela época eram pessoas ricas.
      A preocupação do INEP em encontrar e resolver problemas na
educação básica incomodava os militares, porque além de eles não se
importarem com a formação educacional do povo, era ruim para eles que mais
pessoas se alfabetizassem e entendessem como a Ditadura era algo ruim para
o Brasil. Enquanto o INEP incomodava, a CAPES ajudava: melhorava a
formação somente de quem contribuiria com serviços complexos e essenciais
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alta, somente de quem achava, em geral, o regime militar algo bom, positivo e
construtivo para o Brasil.
      Por fim, concluo que os militares não queriam o INEP atuando porque
não queriam que ninguém denunciasse os problemas da educação nem
tentasse resolvê-los, ainda mais se fosse para ajudar as classes baixas. A
CAPES não teve impedimentos porque ela visava um público elitizado
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  • 1. Universidade Federal do Rio Grande do Sul Faculdade de Educação História da Educação – História da Escolarização Brasileira e Processos Pedagógicos – Turma E Professora: Simone Valdete dos Santos Aluna: Nathana Inácio Costantin O AFASTAMENTO DE ANÍSIO TEIXEIRA – INSTABILIDADE DO INEP E ESTABILIDADE DA CAPES DURANTE A DITADURA MILITAR O INEP foi criado em 30 de julho de 1938, sob a liderança do educador Lourenço Filho. Seu nome era “Instituto Nacional de Estudos Pedagógicos” e sua função inicial era realizar pesquisas sobre os problemas do ensino, nos seus diferentes aspectos. O INEP conseguiu organizar-se e estruturar-se durante o autoritário governo do Estado Novo e consolidar seu prestígio institucional no período democrático seguinte, entre 1945 e 1964, obtendo alcance nacional com suas ações. Em parte, o notável crescimento da instituição pode ser atribuído à liderança de Anísio Teixeira, que assumiu a direção-geral do Instituto de junho de 1952 até abril de 1964. Durante a sua gestão, Anísio Teixeira expandiu as atividades do INEP, desenvolvendo, principalmente, a pesquisa educacional. Anísio criou, também, o Centro Brasileiro de Pesquisas Educacionais (CBPE), com o intuito de estabelecer bases científicas para fazer uma “reconstrução educacional” no Brasil. Também foram instalados oito centros de treinamento do magistério (que na década de 70 foram incorporados a secretarias estaduais de educação e faculdades de educação das instituições federais de ensino superior). A estabilidade (ou dever-se-ia dizer instabilidade?) do INEP sempre refletiu a situação da política da época: durante a democracia, após estabelecer-se, a instituição prosperou; durante a Ditadura Militar, porém, definhou e chegou ao final do regime militar sendo considerada quase irrelevante. Em 1964, com o Golpe Militar, assim que os militares tomaram o poder, Anísio Teixeira foi afastado do INEP. Nos cinco anos seguintes, Carlos
  • 2. Pasquale (1964-1966) e Carlos Mascaro (1966-1969) esforçaram-se para continuar a linha de trabalho de Anísio, mas não obtiveram sucesso, visto que o regime militar fechava cada vez mais o certo, impedindo-os de fazer seu trabalho, porque consideravam o INEP como uma instituição “esquerdista”, “subversiva”, com “intenções revolucionárias”. Sabendo, agora, a trajetória do INEP até uma parte da Ditadura Militar, interrompo este meu relato para falar sobre a trajetória da CAPES. A CAPES foi criada em 11 de julho de 1951 (13 anos após o INEP), a sua criação ocorreu devido à industrialização pesada e a complexidade da administração pública, que trouxeram a necessidade da formação de especialistas e pesquisadores em diversas áreas. A sua função era a de assegurar a existência de pessoal especializado em quantidade e qualidade suficientes para atender às necessidades dos empreendimentos públicos e privados que visavam o desenvolvimento do país. Desde o início da instituição, Anísio Teixeira é seu secretário-geral. Em 1953, é implantado o Programa Universitário junto às universidades e institutos de ensino superior. Contratam-se professores visitantes estrangeiros, estimulam-se atividades de intercâmbio e cooperação entre instituições, concedem-se bolsas de estudos e apoiam-se eventos científicos. Ainda no mesmo ano, são concedidas 79 bolsas de estudos, sendo 2 para formação no país, 23 de aperfeiçoamento no país e 54 no exterior. Em 1964, devido à ascensão militar, Anísio Teixeira é afastado da CAPES. Nos anos seguintes, durante a Ditadura, a instituição, porém, não sofre com nenhum problema. Ocorre, inclusive, o contrário: em 1965, são contados 27 cursos de mestrado e 11 de doutorado, totalizando 38 cursos de pós-graduação no país; a partir de 1966, o governo começa a apresentar planos de desenvolvimento, inclusive para a educação, são feitas reformas universitárias e consolida-se o regulamento da pós-graduação. Agora que sabemos um pouco sobre a trajetória das duas instituições em que Anísio Teixeira foi, literalmente, fundamental e afastado logo no início da Ditadura Militar, os questionamentos que podem ser feitos a respeito da postura dos militares em relação ao INEP e à CAPES são vários, mas o que mais me importuna é por que a CAPES tem uma trajetória estável mas o INEP
  • 3. não. Entre minhas pesquisas e reflexões, cheguei a uma possível resposta, que me pareceu (sem modéstia, mas também sem soberba) plausível. A ideia é que o INEP, desde a sua fundação, preocupou-se em procurar os problemas da educação infantil e do ensino fundamental, enquanto a CAPES queria garantir profissionais graduados (e pós-graduados) qualificados para trabalhar num Brasil que estava se industrializando. Olhando por outro ângulo, isso significa que o INEP preocupava-se com a população em geral e com as classes baixas (ainda mais considerando o Escola Novismo), enquanto a CAPES se preocupava com a elite, afinal, as únicas pessoas que faziam graduação ou pós-graduação naquela época eram pessoas ricas. A preocupação do INEP em encontrar e resolver problemas na educação básica incomodava os militares, porque além de eles não se importarem com a formação educacional do povo, era ruim para eles que mais pessoas se alfabetizassem e entendessem como a Ditadura era algo ruim para o Brasil. Enquanto o INEP incomodava, a CAPES ajudava: melhorava a formação somente de quem contribuiria com serviços complexos e essenciais para o desenvolvimento do país; melhorava a formação somente da classe alta, somente de quem achava, em geral, o regime militar algo bom, positivo e construtivo para o Brasil. Por fim, concluo que os militares não queriam o INEP atuando porque não queriam que ninguém denunciasse os problemas da educação nem tentasse resolvê-los, ainda mais se fosse para ajudar as classes baixas. A CAPES não teve impedimentos porque ela visava um público elitizado culturalmente e economicamente, e que ainda fornecia trabalho altamente qualificado para os padrões da época.