O documento analisa a obra "Viagem Pitoresca e Histórica ao Brasil" de Jean-Baptiste Debret. Debret usou sua arte para celebrar a fundação da nação brasileira através da chegada da família real portuguesa e promover os ideais civilizadores do período. Sua perspectiva sobre índios e negros na formação do Brasil é ambígua.
2. O texto analisa a obra Viagem Pitoresca e Histórica
ao Brasil, de Jean-Baptist Debret.
Concebida em dois tempos (1816/31 e 1834/39)
Congrega a pena e o pincel,
O artista quer celebrar a memória do Instituto de França e
dos patrocinadores da Academia Real de Belas Artes do
Rio de Janeiro.
Registrar sua participação nesse projeto civilizatório, nas
palavras de Debret: “colher dados exatos e de primeira
ordem a fim de servir a uma arte consagrada a salvar a
verdade do esquecimento”.
Para que esses objetivos fossem atingidos Debret constrói
uma tese sobre a fundação da Nação Brasileira: Ela é fruto
da vinda da família real, pois “foi um rei português que
acordou o brasileiro depois de três séculos de apatia”.
Fac-símile da página de rosto da edição
principal do tomo segundo de Viagem
pitoresca e histórica ao Brasil
3. Quando a corte de D.
João VI, que já está no
Brasil, está em
negociações para chamar
artistas e criar uma Escola
de Artes, Ciências e
Ofícios, Debret já é um
conhecido pintor de
História.
Depois de percorrer seu
caminho de formação é
convidado para ingressar
na corte de Napoleão
Bonaparte, juntamente
com seu primo o pintor
David, lá Debret pinta
Napoleão prestando
homenagem à bravura
infeliz, hoje no palácio de
Versailles, primeiro de uma
série de quadros
retratando a vida do
Imperador.
Debret: um pintor cortesão?
Auto-retrato do autor
na obra Viagem
pitoresca e histórica
ao Brasil
A pintura de História se formou através da
pintura de corte ou de gênero, a qual tinha
por fim demonstrar a glória dos monarcas e
das elites políticas.
Première distribution de la Légion d’honneur, Jean-Bapstiste Debret, 1812
4. Quando ocorre a queda de
Napoleão, os artistas que
estavam ligados à ele tem
enormes dificuldades de
sobrevivência.
Se ficasse na França poderia
sofrer o Ostracismo, ou também
poderia ir para a corte de
Alexandre I czar do Império
Russo. Mas também, trabalhar
para um rei que fugiu do cerco
napoleônico não era um grande
motivo para vir ao Brasil.
No entanto, a ideia participar
da criação de uma academia de
Belas Artes no novo mundo,
local inexplorado e incógnito ao
europeu, certamente o desafiou.
5. A narrativa da Obra Viagem
pitoresca e histórica ao Brasil
não começa com a chegada da
família Real em 1808, mas o
autor retorna a época de ouro
da História brasileira, iniciada
com o encontro entre “a
candura do indígena” e a
“sedução do português”.
Essa situação foi abalada pela
“cobiça dos soberanos da Europa”
que impuseram uma longa noite
que durou cerca de 300 anos.
Essa infância bastarda, só iria se
regenerar com a chegada de um
rei português “que acordou o
brasileiro depois de três séculos de
apatia”
Soldados índios de Mogi-das-cruzes, Jean-Baptiste Debret
Caboclas lavadeiras da cidade do Rio de Janeiro, Jean-Bapiste Debret
Viagem pitoresca e histórica ao Brasil
6. A prancha 49, Pano de
boca executado pra a
representação extra-
ordinária dada no Teatro
da Corte por ocasião da
coroação de D. Pedro I, é
significativa pois:
Debret foi contratado
e pago pelo erário
Real;
Concebe o momento
fundante da nação
brasileira;
A estética e a
filosofia neoclássicas,
ausentes nos dois
primeiros volumes da
obra, são recursos
utilizados;
Pano de boca executado pra a representação extra-ordinária dada no Teatro da Corte
por ocasião da coroação de D. Pedro I, Jean-Baptiste Debret
Debret como pintor Histórico:
7. Juramento dos Horácios, Jacques-Louis David, 1784
Pano de boca executado pra a representação extra-ordinária
dada no Teatro da Corte por ocasião da coroação de D. Pedro
I, Jean-Baptiste Debret
“Neoclássico” nos trópicos
13. Debret acreditava que
essas celebrações eram
importantes, apesar de,
quando utiliza a pena,
critica os atores dessas
celebrações.
Elas iriam ensinar a
modus vivendi há muito
cultuado nos países
civilizados.
Essas celebrações
iriam encher de “orgulho
e esperança” o povo e
processo de
“regeneração”.
Tratava-se de uma Pedagogia da
Civilização.
“Pedagogia da Civilização”
14. O papel do índio na “fundação” do Brasil
O índio tem papel subalterno,
é um súdito menor:
“capitão do mato” (soldado
fiel que caça e aprisiona
outros indígenas ou mesmo
negros que se escondem em
quilombos),
Negociante de tecido barato
para a escravaria,
É um ator periférico na
formação do Brasil.
Índios soldados escoltando selvagens, Jean-Baptiste Debret
15. Papel do negro na “fundação” do Brasil
Ao mostrar a questão do negro
a pena e o pincel, que no
primeiro volume da obra eram
harmônicos, passam a oscilar
entre entendimento e
desentendimento. Os
sentimentos de encanto e
desencanto do pintor também
ficam explícitos.
E sua posição é ambígua quanto a
escravidão e os negros também, ao
mesmo tempo que diz estar assustado
com a violência dos castigos o pintor
sustenta que o Brasil “é a parte do novo
mundo onde o escravo é tratado com
maior humanidade”.
Aplicação do castigo do açoite, Jean-Baptiste Debret
Feitores castigando negros, Jean-Baptiste Debret
16.
17.
18.
19. Bibliografia
Imagens da nação brasileira; Borges, Maria Eliza Linhares
http://www.stellamaris-edu.net/divers/images/napoleon 23/6/2009 11:37
Biblioteca virtual USP
http://www.bibvirt.futuro.usp.br/index.php/imagens/pranchas_de_debret
23/6/2009 11:46 25/6/2009 13:45 28/6/2009 14:34
Anais do Museu Paulista
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-
47142006000100008&lng=en&nrm=iso 28/6/2009 14:28