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Arte contemporânea uma
introdução
Anne Cauquelin
Figuras e modos de
arte contemporânea
1- Os embreantes
A diferença entre arte moderna e arte contemporânea é que, a primeira volta-se ao
consumo, enquanto a segunda à comunicação.
Descrito por Roman Jakobson o termo “embreantes” é usado para designar figuras
que revelam indícios de novas práticas. Em outras palavras, faz-se referência a dois
modos temporais, o passado (quando a mensagem é anunciada) e o presente (quando
recebemos essa mensagem). Devemos considerar também a forma com que a mensagem
é anunciada e o objetivo que ela pretende alcançar.
Por meio desse pensamento, a autora cita três figuras que, cronologicamente são
consideradas do modernismo, mas são “embreantes” da arte contemporânea.
Marcel Duchamp
Andy Warhol
Leo Castelli
Marcel Duchamp
Até os dias atuais, artistas dedicam e baseiam seus trabalhos em Duchamp devido a
sua expressão, essa remete ao comportamento correspondente a expectativa
contemporânea.
Os aspectos que tornam Duchamp um “embrante” são:
1. Distinção entre a esfera da arte e da estética;
2. Mistura entre consumidor, produtor e intermediário;
3. Ligação entre as artes e outros meios e abandono da visão romantizada da figura do
artista;
4. Arte pensada como linguagem.
Esses quatro pontos não foram percebidos de início pois eles conflitavam com o
regime moderno.
1- Primeira proposição: a distinção estética/arte
A ruptura
Os pintores geralmente se prendem aos seus predecessores, Duchamp seguiu o
mesmo caminho, até romper com a estética da pintura e se declarar “antiartista”. O foco
da obra recai, não mais aos conteúdos (cores, formas, maneiras ou estilos...), mas aos
continentes, lugar onde a obra está. Cinquenta anos mais tarde, Marshall MacLuhan dirá
“O meio é a mensagem”, a clássica distinção entre mensagem e forma de comunicação é
apagada e da lugar a comunicação da mensagem através do meio.
Os ready-mades
Duchamp abandona o “feito a mão”, em 1913, apresenta seus primeiros ready –mades
objetos do cotidiano, escolhidos sem nenhum estética, apenas como signos e colocados
como obras de artes. Por meio dessa escolha, Duchamp fez notar que é o local que
carrega o objeto de valor artístico.
“A divisão entre estética e arte se faz em benefício de uma esfera delimitada como
palco, onde o que está sendo mostrado é arte” (CAUQUELIN, 2005, p.94). De acordo com
esse princípio o autor desaparece enquanto artista, esse torna-se apenas aquele que
mostra, sua assinatura é a única marca que o insere nesse meio.
O acaso e a escolha
Como os objetos já não eram feitos manualmente, restava ao artista a escolha do
objeto a partir da consideração de continente espacial e temporal ao qual o objeto será
inserido (o encontro entre o artista o objeto pertence ao acaso, à ocasião). O saber
escolher do artista (considerado como nao-artista) se deve ao acaso do encontro entre
ele e o objeto, o ready-made “indica o estado da arte em um momento determinado”
(CAUQUELIN, 2005, p. 96). O ready-made não é uma obra de arte pois não carrega valor
estético, ele indica um signo dentro de um sistema sintático, manifestado devido a seu
posicionamento.
2- segunda proposição: a indistinção dos papeis
Duchamp dedica-se a redistribuição de papeis dentro do domínio artístico
O artista como produtor
O artista, por escolher objetos e exibi-los como obras, se assemelha ao galerista-
marchand que “produz” artistas. O artista pouco altera no objeto, ele muda esse objeto
de lugar e de temporalidade, o artista não cria ele se apropria, mesmo qeu ele pinte um
quadro, ele comprou a tinta e a mudou de lugar.
O produtor como observador
Aqui cita-se a famosa frase de Duchamp “o observador que faz o quadro”, essa frase
não se refere a interpretação “correta” da obra, mas a participação do observador no
sistema, a transformação que esse observador proporciona a essa obra. O artista por um
lado se liga ao fabricante do produto que ele se apropria, por outro se liga ao observador
O artista como conservador
O intermediário, é o próprio artista, esse assume diferentes papeis, e não atua como
um elemento a parte, “não há autor, não há receptor, há apenas uma cadeira de
‘comunicação’ encerrada em si mesma” (CAUQUELIN, 2005, p. 99).
3- Terceira proposição: o sistema da arte é organizado em rede
A relação da arte com o sistema geral (social, político e econômico) é uma relação de
integração. Duchamp vai contra a ideia de artista exilado e recusado e propõe a estética
como uma simples peça dentro da comunicação.
Por esse ponto de vista, a arte é interpretada como especulação de um objeto
manufaturado.
“A singularidade de Duchamp [...] é ter posto a nu um funcionamento, ter esvaziado
do artista e da obra seu conteúdo internacional, emocional” (CAUQUELIN, 2005, p. 100).
4- Quarta proposição: a arte pensa com palavras
Duchamp não buscava em efeito poético em particular como os surrealistas, mas, por
meio do nome, acrescentava um significado ao objeto. O conteúdo da pintura é rejeitado,
a arte deixa de ser enxergada como obra estética, então, deve utilizar outro suporte para
ser vista, as palavras. Os títulos não esclarecem tanto a obra, mas o funcionamento da
arte.
5- O transformador Duchamp
Duchamp impulsionou vários artistas posteriores pela forma com que expôs suas
obras: autor anônimo (uso de pseudônimos), inexistência beleza estética, descoberta do
acaso, o autor não é um sujeito livre o voluntário pois as escolhas substituem o fazer, uso
da linguagem, não como expressão mas como fundo radical dele próprio,
desaparecimento das vanguardas e a mensagem sociopolítica. Das propostas de
Duchamp ainda vale ressaltar que a assinatura se torna garantia de arte
A autora cita ainda duas situações que se interligam, a primeira ressalta as
vanguardas como fenômenos pertencentes a história da arte e como um motor que a
desenvolve em busca de novidades e provocações, se nos colocarmos do ponto de vista
de Duchamp, fora da arte estética, não há mais tomada de posição que seja valorizada
por sua novidade formal, não há mais vanguardas. Por outro lado, há uma recuperação
do que poderia ser considerado uma vanguarda, como tudo é admitido e reconhecido
como atual, as vanguardas não se destacam mais.
“O modelo Duchamp, [...] oferece não tanto ‘novas imagens’, mas a única imagem
possível de um exercício da Arte em um sistema que já começo a ser instaurado, o da
comunicação, à qual a obra serve de analisador” (CAUQUELIN, 2005, p. 105).
Andy Warhol
Warhol e Duchamp trabalharam sob o mesmo viés artístico: arte e comunicação.
Enquanto Duchamp mantém a relação com a comunicação quase “secreta”, Warhol faz
justamente o oposto.
1- Um falso moderno, um verdadeiro contemporâneo
Warhol leva a arte para o status de produto, ao mesmo tempo que a situa no
sistema de mercado, ele a critica como tal.
A crítica envergonhada
Os críticos colocam Warhol como artista que quer se transformar em máquina, que
faz declarações do banal e denuncia a vida norte americana. Eles tentam juntar o homem
de negócios à figura do artista tradicional e ao crítico da sociedade. Essa comparação
torna-se contraditória pois haviam três Warhol diferentes, o artista pop, o desenhista de
publicidade e o empreendedor de negócios.
Considerando a década de 1960, Warhol encaixa-se na arte pop, por sua vez, no
modernismo e está a par de personalidades com Lichtenstein e Rosenquist porém se
diferencia pela forma com que enxerga as articulações da arte na sociedade e
principalmente no mundo dos negócios, Cauquelin (2005) considera-o um “embreante”.
2- Warhol’s system
Retomada dos pontos que servem de princípio da arte e comunicação:
O abandona da estética
Assim como Duchamp, Warhol dissocia a arte de questões como o belo e único,
abandona a estética e adere ao kitsh, mostra o que já existe, sua distinção de Duchamp é
a repetição e saturação das imagens.
Enquanto Duchamp eleva um objeto ao status de arte devido ao local que ele o
coloca, Warhol coloca a arte em variados suportes, usa cores fortes e se auto proclama.
A rede de comunicação
Warhol compreende muito cedo o sistema publicitário e utiliza desse mecanismo
para tornar a sua arte conhecida. “Em suma, ele é o fabricante de um produto chamado
Warhol e o publicitário que transforma o produto em imagem e o vende” (CAUQUELIN,
2005, p.111).
A repetição
Outra lei da publicidade é a repetição, justamente o que a estética tradicional
contraria. O artista pop escolhe a imagem que quer mostrar ao público visando o
impacto e a sensação que causará no público.
Tunafish disaster
É preciso saturar todas as redes, todos os suportes possíveis, é necessário que a sua
imagem e seu nome estejam em todas as posições possíveis dentro da cadeia
comunicativa. “Em 1965, Warhol monta o Velvet Undergroung, grupo de rock que ele
produz em Nova York, em 1966 os filmes Sleep (que dura 6 horas, pois o tempo também
pode ser repetição e saturação), Chelsea Girls, Dracula” (CAUQUELIN, 2005, p. 114).
O paradoxo
É uma das leis elementares da comunicação: a mensagem remete a si mesma. O
nome de Warhol, seguindo tal paradoxo, não é um nome que assina várias obras, o nome
é a própria obra. Um astro é a sua personalidade, como um objeto, pertence a rede antes
de pertencer a si mesmo e se multiplica infinita e identicamente.
O paradoxo situa-se no fato de Warhol produzir uma imagem de astro e ser esse
astro. Assim, a assinatura que promove o nome do astro como signo não se separa da
nome que ela mesmo designa, nesse caso, diferente de Duchamp.
Outro paradoxo encontrado é a impessoalidade exibida pelo re-made (não há
modificação do objeto) que se transforma em assinatura do artista.
A fama desse artista se deve a forma com que ele explorou as redes de comunicação
e seus princípios.
3- A arte dos negócios
“Comecei minha carreira como artista e quero termina-la como ‘business-artist’ [...]Eu
queria ser um homem de negócios da arte ou um artista-home de negócios [...]. Ganhar
dinheiro é uma arte, trabalhar é uma arte e fazer bons negócios é a melhor das Artes”
(WARHOL, apud CAUQUELIN, 2005, p. 117).
Essa declaração, foi polêmica, porem não pelo motivo mais aparente de arte de valor
único e incomparável, pois em meados de 1960 a arte voltava-se declaradamente ao
comércio.
Uma empresa: a Factory
Instituição de Warhol que “fabricava” celebridades, concentrava todos tipos de
subculturas e contracultura, ele alcançou então a segunda parte de sua proposição,
tornar-se um home de negócios da arte.
Lembrando que para Duchamp a arte só existia devido ao local que estava sendo
exibida, a interferência do artista era mínima, somente sua assinatura. Warhol também
segue partes desse conceito, por meio da serigrafia ou fotografia ele reproduz esse
objeto, sem intervir ou poetizar o motivo, seu trabalho se define por tornar pública essa
exposição e inevitável.
Uma definição: a arte é negócio
“Eis portanto a arte situada e definida pelo mundo dos negócios: espaço sempre em
extensão, onde o jogo consiste em tornar crível a publicidade, em fidelizar a clientela, em
estabelecer o valor que lhe é proposto” ( CAUQUELIN, 2005, p. 119).
A arte é como uma ilusão que atrai o crédito e vive dele, a arte é uma arte de
negócios e o artista é aquele que leva adiante o processo de propagação dessa arte. O
negócio é garantido pelo nome e se autoproclama por meio do produto.
4- O transformador Warhol
A arte sempre pretendeu tornar alguma situação ou ilusão crível aos olhos humanos,
essa busca foi feita no decorrer do tempo, de diferentes maneiras e com diferentes
objetos, mas agora o objeto mudou radicalmente, não é mais um pensamento ou uma
cópia de elementos naturais, o artista agora constrói e reproduz a ilusão que deseja, ele é
um homem de negócios.
“O percurso sonhado por Andy Warhol – passar do status de artista comercial ao de
artista de negócios – está completo. No caminho, fechou-se também a definição de arte
contemporânea – fora da subjetividade, fora da expressividade - na qualidade de sistema
de signos circulando dentro de redes. Definição estrita, quase insuportável em seu rigor”
(CAUQUELIN, 2005, p. 120).
Leo Castelli
Galerista - marchand desempenhou o papel de líder e participou diretamente da
construção de artistas da pop arte, arte conceitual e do minimalismo. O sucesso de suas
galeria deve-se ao seguintes princípios:
A informação
Mantinha-se informado não somente nos Estados Unidos, mas também da Europa e
Canadá, em vez da concorrência firmava acordos e mantinha contato com outros
colecionadores e marchands .
Enfatiza a documentação e distribuição de catálogos
O consenso
Não somente o contato basta para o entendimento entre galeristas, o consenso
também é uma peça essencial na promoção de uma artista.
Esse consenso é tanto nas relações mundanas como também nas relações midiáticas.
O bloqueio
Uma vez estabelecido o sucesso de um artista, o sucesso e a credibilidade de Castelli
aumenta. Castelli era o mais importante marchand na época e representava um grande
número de artistas apoiados por um consenso. Depois de alcançar tal fama enquanto
galerista, Castelli faz se si mesmo uma marca, diferente de Warhol, não é a sopa
Campbell’s mas aquele que a vende.
A internacionalização
Castelli tinha como objetivo fazer propaganda de seus artistas a nível mundial, assim
estendeu seus contatos a Europa e Canadá, passou a dividir comissões e partilhar
informações (comunicação).
Ele compreendeu que deve se ter variados contatos, para que esses se misturem. As
redes mundanas – mostrar-se presente em toda parte - são tão importantes quanto as
redes midiáticas e as redes comerciais.
“Apresentar Leo Castelli como um embreantes da arte contemporânea é acentuar a
importância desse modelo” (CAUQUELIN, 2005, p. 125).
2- A atualidade
Seria ingenuidade acreditar que a arte contemporânea segue a risca todos seus
preceitos. O modernismo e a contemporaneidade misturam seus elementos e valores e
constituem dispositivos complexos instáveis, maleáveis, sempre em transformação. Em
suma, as ideias propostas pelos embreantes não são captadas de uma só vez, mas sim
aos poucos.
1- O pós moderno ou a atualidade da arte
É necessário diferenciar arte contemporânea e arte atual. A primeira refere-se a
mistura de técnicas tradicionais e novidades e respeita um limite temporal delimitado, a
segunda refere-se a práticas executadas nesse domínio, sem preocupação com distinção
de tendências, processos, técnicas ou rótulos. Com relação ao pós moderno, não pode
defini-lo somente por ser voltado aos meios de comunicação, sua melhor definição é
como forma heterogênea de produzir arte.
A origem do termo “pós” vem da arquitetura, ele era usado como um “anti”. Para
contestar o funcionalismo, os arquitetos foram levados ao ornamentalismo, de forma
dosada, o “pós” significa uma espécie de retorno, vem daí a ideia de retomar os
elementos e transformar em algo misto. O pós moderno abrange outros movimentos,
além das artes, como a produção literária.
Muitas vezes, os teóricos que tomam a arte atual como ponto de apoio ameaçam as
noções sagradas de desenvolvimento, influência, autenticidade, atribuição,
intencionalidade e autor.
Todas essas concepções perturbam e confundem os críticos de arte, alguns autores
publicaram obras sobre essa questão defendendo o fazer artístico livre e propondo uma
renovação sobre a forma de enxergar o processo criativo, sem lhe aplicar regras do
passado.
2- Distinção entre os diferentes estados da arte atual
Nesse momento, o foco do texto recai sobre situações contrastantes, primeiramente
sobre os temas embreados por Duchamp, posteriormente os movimentos que estão
reagindo contra esses temas e por ultimo as novas tecnologias de comunicação.
1- Depois dos embreantes: conceitual, minimalismo, land art
Arte conceitual
A separação entre arte e estética tornou-se definitiva e as proposições duchampianas
continuam, principalmente sobre dois aspectos principais: a pesquisa sobre a linguagem
e nominação e a pesquisa sobre exposição e local descritas a seguir.
O trabalho sobre a linguagem
Um pouco diferente dos jogos de palavras propostos por Duchamp, onde o título
distorcia o objeto mostrado, o pleonasmo domina os títulos dos objetos artísticos desse
ramo da arte. È uma forma de reafirmação e algumas vezes uma redefinição da obra, uma
forma de romper com qualquer exterioridade.
O autor e o engenho pictórico muitas vezes são anulados em favor de um conceito.
Esse jogo de palavras proposto pelo artista interroga a respeito da obra de arte e suas
interpretações. Algumas obras desse tipo, como o caso de Portraits de caracteres de
Gérard Collin-Thiebaut, usa do caráter histórico para transmitir seu significado.
Five words in orange neon – Joseph Kosuph
O trabalho nos locais
Se o discurso presente na obra é constitutivo, o local onde ela se apresenta também
é, as intervenções que no começo eram uma espécie de crítica socioeconômica e anti-
institucional, muitas vezes apaga seu autor e a obra comporta-se como um local.
Minimalismo
O minimalismo visa reduzir os vestígios do autor e deixar a forma simples, uma
atitude diretamente duchampiana, porém nesse arte, a linguagem também se apaga
https://asrai7.wordpress.com/2011/06/11/portland-part-2-day-2-the-portland-art-museum/orange-neon/
O artista retoma seu trabalho com as formas e o conceito de percepção é percebido a
priori , o espaço e tempo se tornam as características principais. Na pintura, os artistas
colocavam a prova a moldura, diferentes suportes, as condições que é pendurado o
suporte.
Donald Judd
Claude Vialatte
http://www.juddfoundation.org/catalogue
http://contemporart.voila.net/cvialat.htm
Land art
Desse tipo de arte, é importante ressaltar as categorias de espaço e tempo.
O espectador não é mais um observador, mas uma testemunha que só vê a obra por
meio de registros fotográficos ou vídeos, não há uma relação visual de fato,
consequentemente não há a mesma emoção que a obra provoca no espectador ao vivo.
“A fotografia do trabalho efetuado no sítio não é, nesse caso, uma reprodução do
real, mas um índice. Ela não pode ser tomada pela obra completa, em si mas como uma
simples testemunha” (CAUQUELIN, 2005, p. 142).
O espaço utilizado não define esse tipo de uso, pelo contrário a obra que define o
espaço, reforça a ocupação do território vazio. Land art e arte conceitual caminham em
direções opostas, enquanto a primeira reformula o espaço, a segunda é modificada pelo
espaço em que se situa.
2- A reação ou a neo-arte: figuração livre, action painting, body art
Esses princípios, claramente centrados nas proposições duchampianas, se
caracterizam mais como práticas diferenciadas do que como proposições propriamente
ditas.
Os artistas das pinturas, proclamam a espontaneidade, o gestual, o corporal, há um
retorno da ideia principal do artista como autor, as ideias são miscíveis e é isso que
expressa a modernidade.
Figuração Livre, instalações
A figuração livre envolve antes uma atitude, a da espontaneidade e expressão
individual. Essa arte é composta a partir do desenho animado, da publicidade, cartoons,
os suportes e as técnicas são os mais variados: latas velhas, telas soltas, cartazes,
colagens, rasgaduras, entre outras.
O retorno a figuração se faz um retorno do primitivo. Bem Vautier, artista que batizou
o movimento, se liga ao dadaismo, violência, auto escárnio, não se liga a arte conceitual
devido ao “feito a mão” e pela significação não auto-referencial de suas mensagens.
O que traz a característica de contemporaneidade aos artistas da figuração livre é o
uso da cultura midiática
Quanto as instalações o local é escolhido mais pela visibilidade alcançada pela obra
do que pela crítica ao local. É o ambiente da atividade artística que esta sendo
comunicado.
Action painting, bad painting, boddy art, funck art, grafite
Esses tipos de arte voltam-se ao estilo, a originalidade e a individualidade, retoma-se
alguns traços expressionistas, mas, o que une esses movimentos é a referencia ao corpo,
ao gesto, ao ambiente (podem ser metrôs, a cidade e o próprio corpo).
Essa arte se refere a uma forma de mostrar o corpo que esta perdido em meio a
cidade, negado e neutralizado, o Boddy art coloca em cena o corpo torturado, o funk art
volta-se às sátiras e caricaturas.
As principais características do grupo:
• Se liga diretamente às formas de comunicação e informação por meio de apoios
publicitários como jornais e cartazes
• Individualização do artista volta a tona
• Não há distinção entre os diferentes gêneros expressados (pintura, grafismos,
esculturas, design...)
• Tendência a saturação e a repetição, o que obriga o artista a produzir pequenas
diferenciações, e, aliado a isso, a execução da obra com certa rapidez
A palavra de Duchamp por um lado é respeitada, a arte e estética continuam
separadas, mas, por outro o retorno do figurativo, as telas sobre cavaletes retomam ao
cenário artístico. Em suma, a arte busca por uma nova definição.
3- Arte tecnológica
A autora distingue esse tipo de arte em duas práticas, a primeira é composta pelo
suporte dos envios postais (mailing) e por técnicas mistas como as que aliam imagens de
vídeos, televisão e intervenções pictóricas. A segunda tem o computador como suporte
de imagem, instrumento de composição.
Mail art, arte sociológica, videoarte
A arte postal configura-se por meio do envio e recebimento de cartas entre os
artistas e destinatários anônimos, construindo assim a sua trama, não existe autor único e
seu destaque é na construção de redes
A arte sociológica procura demonstrar as transmissões existentes e que passam por
nós despercebidas, essas são feitas por meio de interferências em programas televisivos e
transmissão de mensagens para diversos lugares do globo.
Enquanto isso, a videoarte oferece sistemas para atuar como observador e observado,
ela relaciona o espectador com a obra, o espaço entre ficção e realidade muitas vezes se
torna esmaecido.
As novas imagens ou tecnoimagens
“Com a chegada das imagens numéricas, das animações em 3D, dos efeitos especiais
e das imagens virtuais, é o sitio estético propriamente dito que se vê abalado”
(CAUQUELIN, 2005, p. 155). Por sítio entende-se a área artística compreendida, desde as
obras, os críticos, marchands, historiadores. Esse universo é reparado por uma crença do
que a arte é e deve ser. Conforme foram surgindo novos questionamentos e formas
artísticas, essa definição caiu em desuso e surgiram novas formas de interpretação, com o
surgimento das tecnoimagens as técnicas tornaram-se algo aprendido, algo que necessita
de instruções de uso, e transformaram a arte em algo dotado de vida quase autônoma.
Elas pertencem a esfera da estética? Como falar sobre elas?
Com as tecnoimagens o crítico precisa analisar o próprio processo e não o seu
resultado, a obra em si.
Quanto aos teóricos sensíveis, as tecnoimagens ainda não deram provas suficientes
de como devem ser consideradas. Ai se encontra o combate entre arte e técnica
Quem da atenção as tecnoimagens são os produtores de filmes, as grandes empresas
ou os pesquisadores de informática.
A quem se arrisque a dizer que a arte de amanha será feita por intermédio de
informações transmitidas pelo computador .
“Se as tecnoimagens e seus desenvolvimentos pudessem ajudar a redefinir o que é
arte, seu sítio, seus objetos e seus atores, reunindo assim o trabalho empreendido pelos
próprios artistas em seu próprio sítio, já seriam detentoras de todas as virtudes ‘estéticas’
desejáveis – aquelas do domínio da crítica. Sem falar de vanguarda, seriam realmente a
parte viva da arte contemporânea” (CAUQUELIN, 2005, p. 160).
Por que as comunicações e
artes estão convergindo?
Lucia Santaella
No mundo antigo e na Idade Média, artes visuais muito se assemelhava ao
artesanato essa situação só se modificou no renascimento, quando os artistas
conseguiram elevar seu status e destacar seu caráter intelectual e teórico. Inicialmente, o
sistema de artes dividia-se em cinco áreas principais: arquitetura, poesia, música, pintura,
escultura.
A Revolução Industrial, o desenvolvimento do sistema econômico capitalista, a
emergência de uma cultura urbana e de uma sociedade de consumo, fizeram com que os
meios de comunicação dominassem as “belas artes” e “belas letras”.
“Nesse contexto, as expressões ‘meios de massa’ e ‘cultura de massa’ denotam os
sistemas industriais de comunicação, sistemas de geração de produtos simbólicos,
fortemente dominados pela proliferação de imagens” (SANTAELLA, 2007, p. 6).
1- Ponto de partida para a reflexão
No campo da comunicação, nota-se seis grandes eras com diferentes configurações:
• A era da comunicação oral - formas de cultura que trazem a fala como um processo
comunicativo principal;
• Era da comunicação escrita – introdução as formas de registro (escrita pictográfica);
• Era da comunicação impressa – também chamada era de Gutenberg, propicia a
reprodutibilidade por meio de cópias de uma matriz;
• Era da comunicação propiciada pelos meios de comunicação em massa -
• Era da comunicação midiática –
• Era da comunicação digital –
Para a discussão proposta, as eras culturais mais interessantes são as que entram em
vigor a partir da cultura de massa, antes disso seria difícil encontrar modos de
convergência entre ambos assuntos. A partir da Revolução Industrial, surgiram máquinas
de produção de bens materiais assim como bens simbólicos (fotografia, cinema, prensa
mecânica...), desde então assistimos um rápido crescimento das mídias e dos signos
transmitidos por elas.
Posteriormente, vêm o rádio e a televisão, com eles, o apogeu da comunicação
massiva. Foi a comunicação massiva que iniciou o processo de hibridização das formas de
comunicação e cultura.
Santaella considera que os meios de massa são intersemióticos, o cinema por
exemplo, permite diálogos, imagens, sons... Esse tipo de mistura, facilita o entendimento
do observador. A par da desconstrução do modelo renascentista, com o passar do tempo,
a arte abriu espaço para novas ramificações, como o dadaismo, um espaço ainda maior
para as novas vertentes artísticas surgiu, foi nessa época em que as tecnologias e
comunicações foram incorporadas ao campo artístico.
Cultura das mídias: meios de produção, distribuição e consumo que proporcionam
uma apropriação produtiva por parte do individuo , exemplo: equipamento portátil de
vídeo, máquinas fotocopiadoras, entre outros, segundo Santaella (2007, p. 13) “Graças a
esses equipamentos facilmente disponíveis ao artista, originaram-se formas de arte
tecnológica que deram continuidade à tradição da fotografia como arte”. A cultura das
mídias traz a característica da mistura entre as mpidias como filmes transmitidos na
televisão, a publicidade e o uso da fotografia...
Gradualmente os artistas experimentaram as tecnologias e a publicidade, a televisão,
a moda, começaram a fazer uso da arte, por outro lado, a arte passou a necessitar dos
meios de comunicação para se divulgar e popularizar. Essa popularização foi responsável
pelo crescimento dos museus e galerias e o aumento de público desses locais.
“As misturas já bastante intrincadas entre comunicação e artes, ensejadas pela
cultura das mídias, foram incrementadas com o surgimento da cultura digital ou
cibercultura devido à convergência das mídias que a constitui” (SANTAELLA, 2007, p. 16).
2- As afinidades & atritos entre a fotografia
e a arte
Fotografia como um reflexo direto do mundo externo, mais confiável que o desenho
e a pintura, assumiu um posto privilegiado na atividade do retrato.
Baseando-se no pensamento que a mecanização destrói a mística da arte, grandes
debates ocorreram entre críticos e artistas, sobre o impacto da máquina sobre a arte.
“De todo modo, entretanto, a máquina fotográfica significou a substituição da
habilidade humana de pintar, o pincel do artista que fixa a imagem na câmera obscura,
pela mediação química do daguerreótipo e da película gelatinosa” (SANTAELLA, 2007, p.
20, grifo nosso).
“Gastaram-se vãs sutilezas a fim de se decidir se a fotografia era ou não arte, porém
não se indagou antes se a própria invenção não transformaria o caráter geral da
arte”(BENJAMIN, 1975, p. 19 e 20, apud SANTAELLA).
A fotografia realmente trouxe várias possibilidades ao campo artístico, inclusive
possibilidades que seriam impossíveis de observar a olho nu. Ela se tornou ponto de
comparação para alguns e uma forma do fazer artístico para outros. No século XIX, a
fotografia que aspirava as condições da arte, no século XX foi a arte que buscou lógicas
formais, conceituais, entre outras próprias do fazer fotográfico.
Como híbrido entre a pintura e a fotografia, surgiu a fotomontagem (dadaismo e
surrealismo), porém a evolução no uso da fotografia foi assinada pela arte pop. Por outro
ponto de vista, a arte conceitual, happenings e performances relacionam-se com a
fotografia como maneira de registro.
Os avanços causados pelas experimentações dos artistas, levaram as técnicas
fotográficas, cinema e vídeo serem conhecidas como “arte multimídia”. Essa
incorporação da fotografia pela arte afetou a pintura de diferentes maneiras, talvez a
mais evidente seja o uso da fotografia como modelo, assim a pintura torna-se cada vez
mais profundamente fotográfica.
Segundo a autora, a fotografia foi o meio mais dominante no século XX, devido a sua
multiplicação desmedida, seja em jornais, revistas, televisão... Assim cabe retomar os três
grandes paradigmas da imagem, descritos por Santeella e Nöth (2002, p. 159-187)
• Pré fotográfico – imagem feitas à mão: desenhos, pinturas, imagens em pedras...
• Fotográfico – Imagens que dependem de conexão dinâmica e captação física:
fotografias, TV, vídeos...
• Pós fotográfico – Imagens sintéticas, feitas por códigos e equações numéricas:
imagens feitas em ambiente digital.
Durante o século XIX, a presença da pintura e da fotografia na sociedade ainda eram
evidentes, já no século XX, o paradigma fotográfico praticamente esmagou o pré
fotográfico, essa situação se assemelha ao que ocorre nos dias de hoje, com o uso
absurdo de imagens computacionais, o paradigma fotográfico é minimizado. Com o
crescimento do paradigma pós fotográfico, foram investidos bilhões de dólares para o
melhoramento de softwares e hardwares . “Em suma, a digitalização está “canibalizando”
e “regurgitando” todos os tipos de imagens, fotográficas ou não” (SANTAELLA, p. 29).
Quando a tecnologia permitiu inserir elementos em uma imagem fotográfica, os
princípios de índice, definidos no paradigma fotográfico entraram em crise, a clara
divisão entre o signo e referente foi abalada. Com apoio de ferramentas computacionais,
um índice pode ser convertido a uma natureza puramente icônica
3- O cinema experimental & o cinema como
arte
O experimentalismo é visto como uma necessidade do artista cada vez que este se
coloca em frente a um novo meio de expressão.
O cinema começou a ser desenvolvido em torno de 1890 nos laboratórios de Thomas
Edson por seu assistente William K. L. Dickson, a partir de então vários inventores
contribuíram para seu desenvolvimento. Dentro esses inventores, Sergei Eisenstein é
quem chama mais a atenção devido a interação que ele promoveu entre arte, tecnologia
e a vida no período vanguardista da extinta União Soviética de 1915 a 1932. Eisenstein
ligou o construtivismo, o cubismo e a cultura teatral e poética do Oriente, desenvolveu
uma técnica de montagem cinematográfica por meio de justaposições; Sua formação em
engenharia juntamente com a sensibilidade estética o transformaram em representante
do paradigma perfeito do artista tecnológico.
A fotografia o cinema fortaleceram os laços entra a arte e a tecnologia no início do
século XX, alguns anos depois surgiu o cinema comercial e o padrão hollywoodiano, em
meados de 1950 o movimento do cinema de vanguarda se instaurou, daí então, a
tendência era se opor aos estereótipos da cinematografia comercial e voltar-se
puramente a estética. De qualquer maneira, o cinema não deixa de ser uma arte de massa
e dependente dela.
A relação entre cinema e literatura pode ser comparada a da fotografia e pintura, as
duas formas de arte se acrescentam e incorporam elementos uma da outra. Além disso,
com o passar do tempo, o cinema incorpora aspectos tecnológicos e transforma sua
linguagem
4- Arte & industrialização da cultura
Até meados da 1960, as artes se encaixavam em duas áreas bem distintas, pintura e
escultura, posteriormente, os pensamentos de Duchamp (renúncia da unicidade do
objeto artístico e diferenciação de objetos comuns) e Malevich (arte necessariamente
complexa), foram colocados em prática por meios de expressão artística: Land art,
Performance, Body art e instalações. Todos esses movimentos exprimem um pensamento
averso ao modernismo, de que a arte não se reduz a seu contexto interno, mas ao
contexto a que pertence.
Os artistas pop não utilizavam a natureza como referente para suas obras, utilizavam
produtos criados pelo homem, assim o pop transforma-se em uma espécie de, segundo
Walker (1994, p. 22, apud SANTAELLA) metalinguagem ou metaarte. Seu objeto não é
mais a realidade diretamente percebida, mas as representações já feitas da realidade nos
desenhos, fotografias, anúncios e embalagens.
A arte pop carrega uma complexidade que necessita ser delineada, sob suas formas
de expressão, os artistas desejam tornar sua produção industrializada. Duchamp renova o
conceito do objeto, os artistas pop ressignificam, por meio da contextualização, os signos
massificados. Esses dois estilos artísticos partilham a ironia, deliberação e impessoalidade.
5- As mídias & as imagens artísticas
Com a explosão das redes de comunicação e possibilidade das imagens serem
digitalizadas e partilhadas mundialmente, o acesso e divulgação de trabalhos artísticos
tornou-se um mercado em expansão.
Essa forma de propagação artística vai contra os preceitos visados pelos modernistas
de explorar o sensório e estético e o intelecto do receptor, é uma mensagem transmitida
às massas cujo objetivo é comunicar algo rapidamente. “Do mesmo jeito que a arte pop
‘canibalizou’ as imagens dos meios de massa, as mídias ‘recanibalizaram’ suas imagens,
reciclando-as” (SANTAELLA, 2007, p. 42).
Há pelo menos dois caminhos da publicidade que se apropriam de imagens da arte, o
primeiro imita a forma de compor e o estilo, o segundo visa a justaposição de imagens
do produto e da obra, transferindo o valor da obra artística para o produto. Outra forma
da publicidade explorar o fazer artístico é procurar alcançar o status de arte, dando
liberdade de criação ao publicitário, o que é confirmado pelas premiações concedidas em
cerimônias onde o trabalho vencedor sai com o prestígio de obra de arte.
6- A pós modernidade & a
desterritorialização da cultura
Alguns consideram que a arte pop, o minimalismo e os novos rebentos se
enquadravam dentro de um modernismo tardio, para outros, a prática revolucionária que
se iniciava, juntando a pesquisa teórica e inovação artística, era a destruição das
fronteiras provocadas por movimentos como o pop.
Periódicos voltados a pesquisas no campo das artes começaram a surgir e mostravam
que o modernismo e a proposta de ilusão havia terminado, o foco agora recaíra sobre a
realidade. Há quem considere que esse novo rumo artístico já é anunciado desde a 1960,
quando as tecnologias vieram à tona.
A arte brasileira trouxe obras ricas e conceituais, com materiais surpreendentes e
formatos fora do comum, essas raízes deitam dos anos 60 de artistas como Hélio Oiticica
e Lygia Clarck, que já anteciparam ideias da Arte Povera.
“Desde meados dos anos 1970, temos assistido a uma irrupção sem paralelos das
atividades criativas nas artes [...]. No final dos anos 1970 e início dos 80, as discussões
sobre as artes, o disign, a arquitetura, a moda e as subculturas foram invadidas pelos
conceitos de pluralismo e pós-modernidade” (SANTELLA, 2007, p. 47).
Segundo Walker, os temas discutidos sobre pós modernidade eram:
• Pluralidade de estilos
• Reciclagem de velhos estilos, uso de obras do passado, paródias, pastiches,
Intertextualidade
• Retorno dos ornamentos e decoratividade
• Complexidade, ambiguidade, contradição
• Arquitetura e design passaram a ser concebidos semioticamente como “linguagens”
ou sistemas de signos capazes de comunicar mensagens
• Ênfase no hedonismo, no lúdico, ornamentos, cores vibrantes
• Mistura dos estilos artísticos, mídias, múltiplos significados e diferentes públicos
Mistura de culturas, hibridização, artistas como Koons e sua arte kitsch, apropriação
de imagens e destruição da barreira entre arte e mídia, foram as principais características
da arte em meados de 80. Nessa mesma época, alguns artistas retomaram pintura, o que
foi nomeado por Achille Bonito Oliva de “trasnvanguarda internacional” a proposta era
abandonar a impessoalidade dos anos 70 e exaltar as habilidades manuais do artista
novamente.
7- O vídeo & as artes
Durante as décadas de 1950 e 60, a arte pop, o Minimalismo e o Conceptualismo
lutavam para aproximar a arte e vida cotidiana, no entanto a televisão dominava a
atenção do público, surgiu então a videoarte.
Os artistas, geralmente, usam de equipamentos já disponíveis ao público em geral
para suas experimentações e obras artísticas, com o surgimento da câmera de vídeo
portátil, na década de 60 novas portas se abriram. O objetivo era ironizar o papel da
televisão no ambiente doméstico, todavia, alguns artistas experimentaram os estúdios de
TV, enquanto outros mantiveram uma relação de total antagonismo. Essa arte foi
absorvida rapidamente e proporcionou a mescla entre os ramos artísticos, por outro lado,
é uma forma de arte que oferece baixos custos e facilidade em seu transporte, além da
boa qualidade de imagem para quem a assiste.
Esse tipo de arte, permite a demonstração da expressão do artista e, ao espectador,
ver como a obra foi criada. Da mesma maneira, permitia que fossem gravadas
performances nos próprios ateliês dos artistas, essas não necessariamente eram
mostradas.
Com a chegada dos anos 90, as câmeras digitais se popularizaram, a produção
videográfica tornou-se mais elaborada. Esses processos retomam as experimentações das
vanguardas . “É a disponibilidade e acessibilidade das tecnologias que se responsabiliza
pelo desenvolvimento da artemídia” (SANTAELLA, 2007, p.56).
Na medida que as capacidades técnicas são aumentadas acontece a aproximação das
artes visuais e artes cênicas .
8- A comunicação digital & as artes
interativas
Desde o inicio da fotografia, a arte e tecnologia começaram a caminhar juntas,
atualmente é possível produzir arte e divulga-la, sem sair de casa. O computador hoje é
uma ferramenta básica, e incorpora todos as áreas de arte tecnológica, filmes, fotografias,
mídias externas.
Segundo Santaella (2007), para compreender essa nova lógica artística deve-se
considerar dois pontos, primeiramente, a emergência do paradigma pós fotográfico, em
segundo lugar a era da pós-imagem ou hipermidiática.
Nos anos 80, a imagem pós-fotográfica recebeu o nome de computação gráfica,
ressalta-se que não somente a imagem pode ser reproduzida digitalmente, como é
possível transferir imagens impressas (suporte físico) para o ambiente digital. Com
acesso aos computadores, os artistas passaram a explorar esses meios, surgem então as
esculturas cibernéticas, animações computadorizadas, desenhos digitais...
“Com o advento da mídia eletrônica, a técnica não diz mais respeito à habilidade de
manipular materiais, mas sim à habilidade de manipular tecnologia [...] O impacto da
tecnologia sobre essa arte não diz respeito ao ‘se’, mas ao ‘até que ponto’ a tecnologia
determina o que um artista pode ou não pode criar” (SANTAELLA, 2007, p. 61-62).
A “imagem” deixa de ocupar o primeiro plano da cultura, agora falamos sobre uma
“pós imagem” de caráter hipermidiático (existe dentro do computador e possibilita a
entrada em um mundo interativo, suas características artísticas se mesclam e não
definem uma fronteira).
O computador estendeu os ramos artísticos, possibilitou interações em ambientes
completamente digitais, novas formas de manipulação de imagens e trouxe esses
aspectos para nosso dia-a-dia, por meio de sites interativos e aparatos tecnológicos que
cada vez mais permitem essa interação.
A aresta da virtualidade implica na imersão total do espectador, que de certo modo, a
esse ponto, não é mais só espectador, a realidade virtual torna possível a interação com a
obra, permitindo um diálogo entre o biológico e corpóreo com sistemas artificiais.
“Segunda interatividade” – Termo usado para designar quando máquinas são capazes
de responder de maneira similar a um seu humano seguindo princípios de inteligência
artificial.
Atualmente, outra área que está em crescimento é a bioarte e mistura ciência,
tecnologia e arte, esse campo observa, segundo Santaella (2007, p. 67):
• Transformação do corpo humano recorrente a hibridização do carbono com o silício;
• Simulações computacionais dos processos vivos, tais como aparecem na vida artificial
e na robótica;
• A macrobiologia das plantas e, animais e ecologia;
• A microbiologia genética. Esta ultima, utilizando técnicas de engenharia genética
ligadas à transferência de genes (naturais ou sintéticos) para um organismo vivo, cria
interferências nas formas de vida.
Mais uma vez, a arte toma a dianteira na exploração de novos meios e técnicas,
descobrindo novas possibilidades e formas de expressão.

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Arte Contemporânea uma Introdução

  • 2. Figuras e modos de arte contemporânea
  • 3. 1- Os embreantes A diferença entre arte moderna e arte contemporânea é que, a primeira volta-se ao consumo, enquanto a segunda à comunicação. Descrito por Roman Jakobson o termo “embreantes” é usado para designar figuras que revelam indícios de novas práticas. Em outras palavras, faz-se referência a dois modos temporais, o passado (quando a mensagem é anunciada) e o presente (quando recebemos essa mensagem). Devemos considerar também a forma com que a mensagem é anunciada e o objetivo que ela pretende alcançar. Por meio desse pensamento, a autora cita três figuras que, cronologicamente são consideradas do modernismo, mas são “embreantes” da arte contemporânea. Marcel Duchamp Andy Warhol Leo Castelli
  • 4. Marcel Duchamp Até os dias atuais, artistas dedicam e baseiam seus trabalhos em Duchamp devido a sua expressão, essa remete ao comportamento correspondente a expectativa contemporânea. Os aspectos que tornam Duchamp um “embrante” são: 1. Distinção entre a esfera da arte e da estética; 2. Mistura entre consumidor, produtor e intermediário; 3. Ligação entre as artes e outros meios e abandono da visão romantizada da figura do artista; 4. Arte pensada como linguagem. Esses quatro pontos não foram percebidos de início pois eles conflitavam com o regime moderno. 1- Primeira proposição: a distinção estética/arte A ruptura Os pintores geralmente se prendem aos seus predecessores, Duchamp seguiu o mesmo caminho, até romper com a estética da pintura e se declarar “antiartista”. O foco da obra recai, não mais aos conteúdos (cores, formas, maneiras ou estilos...), mas aos continentes, lugar onde a obra está. Cinquenta anos mais tarde, Marshall MacLuhan dirá “O meio é a mensagem”, a clássica distinção entre mensagem e forma de comunicação é apagada e da lugar a comunicação da mensagem através do meio.
  • 5. Os ready-mades Duchamp abandona o “feito a mão”, em 1913, apresenta seus primeiros ready –mades objetos do cotidiano, escolhidos sem nenhum estética, apenas como signos e colocados como obras de artes. Por meio dessa escolha, Duchamp fez notar que é o local que carrega o objeto de valor artístico. “A divisão entre estética e arte se faz em benefício de uma esfera delimitada como palco, onde o que está sendo mostrado é arte” (CAUQUELIN, 2005, p.94). De acordo com esse princípio o autor desaparece enquanto artista, esse torna-se apenas aquele que mostra, sua assinatura é a única marca que o insere nesse meio. O acaso e a escolha Como os objetos já não eram feitos manualmente, restava ao artista a escolha do objeto a partir da consideração de continente espacial e temporal ao qual o objeto será inserido (o encontro entre o artista o objeto pertence ao acaso, à ocasião). O saber escolher do artista (considerado como nao-artista) se deve ao acaso do encontro entre ele e o objeto, o ready-made “indica o estado da arte em um momento determinado” (CAUQUELIN, 2005, p. 96). O ready-made não é uma obra de arte pois não carrega valor estético, ele indica um signo dentro de um sistema sintático, manifestado devido a seu posicionamento.
  • 6. 2- segunda proposição: a indistinção dos papeis Duchamp dedica-se a redistribuição de papeis dentro do domínio artístico O artista como produtor O artista, por escolher objetos e exibi-los como obras, se assemelha ao galerista- marchand que “produz” artistas. O artista pouco altera no objeto, ele muda esse objeto de lugar e de temporalidade, o artista não cria ele se apropria, mesmo qeu ele pinte um quadro, ele comprou a tinta e a mudou de lugar. O produtor como observador Aqui cita-se a famosa frase de Duchamp “o observador que faz o quadro”, essa frase não se refere a interpretação “correta” da obra, mas a participação do observador no sistema, a transformação que esse observador proporciona a essa obra. O artista por um lado se liga ao fabricante do produto que ele se apropria, por outro se liga ao observador O artista como conservador O intermediário, é o próprio artista, esse assume diferentes papeis, e não atua como um elemento a parte, “não há autor, não há receptor, há apenas uma cadeira de ‘comunicação’ encerrada em si mesma” (CAUQUELIN, 2005, p. 99).
  • 7. 3- Terceira proposição: o sistema da arte é organizado em rede A relação da arte com o sistema geral (social, político e econômico) é uma relação de integração. Duchamp vai contra a ideia de artista exilado e recusado e propõe a estética como uma simples peça dentro da comunicação. Por esse ponto de vista, a arte é interpretada como especulação de um objeto manufaturado. “A singularidade de Duchamp [...] é ter posto a nu um funcionamento, ter esvaziado do artista e da obra seu conteúdo internacional, emocional” (CAUQUELIN, 2005, p. 100). 4- Quarta proposição: a arte pensa com palavras Duchamp não buscava em efeito poético em particular como os surrealistas, mas, por meio do nome, acrescentava um significado ao objeto. O conteúdo da pintura é rejeitado, a arte deixa de ser enxergada como obra estética, então, deve utilizar outro suporte para ser vista, as palavras. Os títulos não esclarecem tanto a obra, mas o funcionamento da arte. 5- O transformador Duchamp Duchamp impulsionou vários artistas posteriores pela forma com que expôs suas obras: autor anônimo (uso de pseudônimos), inexistência beleza estética, descoberta do acaso, o autor não é um sujeito livre o voluntário pois as escolhas substituem o fazer, uso da linguagem, não como expressão mas como fundo radical dele próprio, desaparecimento das vanguardas e a mensagem sociopolítica. Das propostas de Duchamp ainda vale ressaltar que a assinatura se torna garantia de arte
  • 8. A autora cita ainda duas situações que se interligam, a primeira ressalta as vanguardas como fenômenos pertencentes a história da arte e como um motor que a desenvolve em busca de novidades e provocações, se nos colocarmos do ponto de vista de Duchamp, fora da arte estética, não há mais tomada de posição que seja valorizada por sua novidade formal, não há mais vanguardas. Por outro lado, há uma recuperação do que poderia ser considerado uma vanguarda, como tudo é admitido e reconhecido como atual, as vanguardas não se destacam mais. “O modelo Duchamp, [...] oferece não tanto ‘novas imagens’, mas a única imagem possível de um exercício da Arte em um sistema que já começo a ser instaurado, o da comunicação, à qual a obra serve de analisador” (CAUQUELIN, 2005, p. 105). Andy Warhol Warhol e Duchamp trabalharam sob o mesmo viés artístico: arte e comunicação. Enquanto Duchamp mantém a relação com a comunicação quase “secreta”, Warhol faz justamente o oposto. 1- Um falso moderno, um verdadeiro contemporâneo Warhol leva a arte para o status de produto, ao mesmo tempo que a situa no sistema de mercado, ele a critica como tal.
  • 9. A crítica envergonhada Os críticos colocam Warhol como artista que quer se transformar em máquina, que faz declarações do banal e denuncia a vida norte americana. Eles tentam juntar o homem de negócios à figura do artista tradicional e ao crítico da sociedade. Essa comparação torna-se contraditória pois haviam três Warhol diferentes, o artista pop, o desenhista de publicidade e o empreendedor de negócios. Considerando a década de 1960, Warhol encaixa-se na arte pop, por sua vez, no modernismo e está a par de personalidades com Lichtenstein e Rosenquist porém se diferencia pela forma com que enxerga as articulações da arte na sociedade e principalmente no mundo dos negócios, Cauquelin (2005) considera-o um “embreante”. 2- Warhol’s system Retomada dos pontos que servem de princípio da arte e comunicação: O abandona da estética Assim como Duchamp, Warhol dissocia a arte de questões como o belo e único, abandona a estética e adere ao kitsh, mostra o que já existe, sua distinção de Duchamp é a repetição e saturação das imagens. Enquanto Duchamp eleva um objeto ao status de arte devido ao local que ele o coloca, Warhol coloca a arte em variados suportes, usa cores fortes e se auto proclama.
  • 10. A rede de comunicação Warhol compreende muito cedo o sistema publicitário e utiliza desse mecanismo para tornar a sua arte conhecida. “Em suma, ele é o fabricante de um produto chamado Warhol e o publicitário que transforma o produto em imagem e o vende” (CAUQUELIN, 2005, p.111). A repetição Outra lei da publicidade é a repetição, justamente o que a estética tradicional contraria. O artista pop escolhe a imagem que quer mostrar ao público visando o impacto e a sensação que causará no público. Tunafish disaster
  • 11. É preciso saturar todas as redes, todos os suportes possíveis, é necessário que a sua imagem e seu nome estejam em todas as posições possíveis dentro da cadeia comunicativa. “Em 1965, Warhol monta o Velvet Undergroung, grupo de rock que ele produz em Nova York, em 1966 os filmes Sleep (que dura 6 horas, pois o tempo também pode ser repetição e saturação), Chelsea Girls, Dracula” (CAUQUELIN, 2005, p. 114). O paradoxo É uma das leis elementares da comunicação: a mensagem remete a si mesma. O nome de Warhol, seguindo tal paradoxo, não é um nome que assina várias obras, o nome é a própria obra. Um astro é a sua personalidade, como um objeto, pertence a rede antes de pertencer a si mesmo e se multiplica infinita e identicamente. O paradoxo situa-se no fato de Warhol produzir uma imagem de astro e ser esse astro. Assim, a assinatura que promove o nome do astro como signo não se separa da nome que ela mesmo designa, nesse caso, diferente de Duchamp. Outro paradoxo encontrado é a impessoalidade exibida pelo re-made (não há modificação do objeto) que se transforma em assinatura do artista. A fama desse artista se deve a forma com que ele explorou as redes de comunicação e seus princípios.
  • 12. 3- A arte dos negócios “Comecei minha carreira como artista e quero termina-la como ‘business-artist’ [...]Eu queria ser um homem de negócios da arte ou um artista-home de negócios [...]. Ganhar dinheiro é uma arte, trabalhar é uma arte e fazer bons negócios é a melhor das Artes” (WARHOL, apud CAUQUELIN, 2005, p. 117). Essa declaração, foi polêmica, porem não pelo motivo mais aparente de arte de valor único e incomparável, pois em meados de 1960 a arte voltava-se declaradamente ao comércio. Uma empresa: a Factory Instituição de Warhol que “fabricava” celebridades, concentrava todos tipos de subculturas e contracultura, ele alcançou então a segunda parte de sua proposição, tornar-se um home de negócios da arte. Lembrando que para Duchamp a arte só existia devido ao local que estava sendo exibida, a interferência do artista era mínima, somente sua assinatura. Warhol também segue partes desse conceito, por meio da serigrafia ou fotografia ele reproduz esse objeto, sem intervir ou poetizar o motivo, seu trabalho se define por tornar pública essa exposição e inevitável.
  • 13. Uma definição: a arte é negócio “Eis portanto a arte situada e definida pelo mundo dos negócios: espaço sempre em extensão, onde o jogo consiste em tornar crível a publicidade, em fidelizar a clientela, em estabelecer o valor que lhe é proposto” ( CAUQUELIN, 2005, p. 119). A arte é como uma ilusão que atrai o crédito e vive dele, a arte é uma arte de negócios e o artista é aquele que leva adiante o processo de propagação dessa arte. O negócio é garantido pelo nome e se autoproclama por meio do produto. 4- O transformador Warhol A arte sempre pretendeu tornar alguma situação ou ilusão crível aos olhos humanos, essa busca foi feita no decorrer do tempo, de diferentes maneiras e com diferentes objetos, mas agora o objeto mudou radicalmente, não é mais um pensamento ou uma cópia de elementos naturais, o artista agora constrói e reproduz a ilusão que deseja, ele é um homem de negócios. “O percurso sonhado por Andy Warhol – passar do status de artista comercial ao de artista de negócios – está completo. No caminho, fechou-se também a definição de arte contemporânea – fora da subjetividade, fora da expressividade - na qualidade de sistema de signos circulando dentro de redes. Definição estrita, quase insuportável em seu rigor” (CAUQUELIN, 2005, p. 120).
  • 14. Leo Castelli Galerista - marchand desempenhou o papel de líder e participou diretamente da construção de artistas da pop arte, arte conceitual e do minimalismo. O sucesso de suas galeria deve-se ao seguintes princípios: A informação Mantinha-se informado não somente nos Estados Unidos, mas também da Europa e Canadá, em vez da concorrência firmava acordos e mantinha contato com outros colecionadores e marchands . Enfatiza a documentação e distribuição de catálogos O consenso Não somente o contato basta para o entendimento entre galeristas, o consenso também é uma peça essencial na promoção de uma artista. Esse consenso é tanto nas relações mundanas como também nas relações midiáticas.
  • 15. O bloqueio Uma vez estabelecido o sucesso de um artista, o sucesso e a credibilidade de Castelli aumenta. Castelli era o mais importante marchand na época e representava um grande número de artistas apoiados por um consenso. Depois de alcançar tal fama enquanto galerista, Castelli faz se si mesmo uma marca, diferente de Warhol, não é a sopa Campbell’s mas aquele que a vende. A internacionalização Castelli tinha como objetivo fazer propaganda de seus artistas a nível mundial, assim estendeu seus contatos a Europa e Canadá, passou a dividir comissões e partilhar informações (comunicação). Ele compreendeu que deve se ter variados contatos, para que esses se misturem. As redes mundanas – mostrar-se presente em toda parte - são tão importantes quanto as redes midiáticas e as redes comerciais. “Apresentar Leo Castelli como um embreantes da arte contemporânea é acentuar a importância desse modelo” (CAUQUELIN, 2005, p. 125).
  • 16. 2- A atualidade Seria ingenuidade acreditar que a arte contemporânea segue a risca todos seus preceitos. O modernismo e a contemporaneidade misturam seus elementos e valores e constituem dispositivos complexos instáveis, maleáveis, sempre em transformação. Em suma, as ideias propostas pelos embreantes não são captadas de uma só vez, mas sim aos poucos. 1- O pós moderno ou a atualidade da arte É necessário diferenciar arte contemporânea e arte atual. A primeira refere-se a mistura de técnicas tradicionais e novidades e respeita um limite temporal delimitado, a segunda refere-se a práticas executadas nesse domínio, sem preocupação com distinção de tendências, processos, técnicas ou rótulos. Com relação ao pós moderno, não pode defini-lo somente por ser voltado aos meios de comunicação, sua melhor definição é como forma heterogênea de produzir arte. A origem do termo “pós” vem da arquitetura, ele era usado como um “anti”. Para contestar o funcionalismo, os arquitetos foram levados ao ornamentalismo, de forma dosada, o “pós” significa uma espécie de retorno, vem daí a ideia de retomar os elementos e transformar em algo misto. O pós moderno abrange outros movimentos, além das artes, como a produção literária. Muitas vezes, os teóricos que tomam a arte atual como ponto de apoio ameaçam as noções sagradas de desenvolvimento, influência, autenticidade, atribuição, intencionalidade e autor.
  • 17. Todas essas concepções perturbam e confundem os críticos de arte, alguns autores publicaram obras sobre essa questão defendendo o fazer artístico livre e propondo uma renovação sobre a forma de enxergar o processo criativo, sem lhe aplicar regras do passado. 2- Distinção entre os diferentes estados da arte atual Nesse momento, o foco do texto recai sobre situações contrastantes, primeiramente sobre os temas embreados por Duchamp, posteriormente os movimentos que estão reagindo contra esses temas e por ultimo as novas tecnologias de comunicação. 1- Depois dos embreantes: conceitual, minimalismo, land art Arte conceitual A separação entre arte e estética tornou-se definitiva e as proposições duchampianas continuam, principalmente sobre dois aspectos principais: a pesquisa sobre a linguagem e nominação e a pesquisa sobre exposição e local descritas a seguir. O trabalho sobre a linguagem Um pouco diferente dos jogos de palavras propostos por Duchamp, onde o título distorcia o objeto mostrado, o pleonasmo domina os títulos dos objetos artísticos desse ramo da arte. È uma forma de reafirmação e algumas vezes uma redefinição da obra, uma forma de romper com qualquer exterioridade.
  • 18. O autor e o engenho pictórico muitas vezes são anulados em favor de um conceito. Esse jogo de palavras proposto pelo artista interroga a respeito da obra de arte e suas interpretações. Algumas obras desse tipo, como o caso de Portraits de caracteres de Gérard Collin-Thiebaut, usa do caráter histórico para transmitir seu significado. Five words in orange neon – Joseph Kosuph O trabalho nos locais Se o discurso presente na obra é constitutivo, o local onde ela se apresenta também é, as intervenções que no começo eram uma espécie de crítica socioeconômica e anti- institucional, muitas vezes apaga seu autor e a obra comporta-se como um local. Minimalismo O minimalismo visa reduzir os vestígios do autor e deixar a forma simples, uma atitude diretamente duchampiana, porém nesse arte, a linguagem também se apaga https://asrai7.wordpress.com/2011/06/11/portland-part-2-day-2-the-portland-art-museum/orange-neon/
  • 19. O artista retoma seu trabalho com as formas e o conceito de percepção é percebido a priori , o espaço e tempo se tornam as características principais. Na pintura, os artistas colocavam a prova a moldura, diferentes suportes, as condições que é pendurado o suporte. Donald Judd Claude Vialatte http://www.juddfoundation.org/catalogue http://contemporart.voila.net/cvialat.htm
  • 20. Land art Desse tipo de arte, é importante ressaltar as categorias de espaço e tempo. O espectador não é mais um observador, mas uma testemunha que só vê a obra por meio de registros fotográficos ou vídeos, não há uma relação visual de fato, consequentemente não há a mesma emoção que a obra provoca no espectador ao vivo. “A fotografia do trabalho efetuado no sítio não é, nesse caso, uma reprodução do real, mas um índice. Ela não pode ser tomada pela obra completa, em si mas como uma simples testemunha” (CAUQUELIN, 2005, p. 142). O espaço utilizado não define esse tipo de uso, pelo contrário a obra que define o espaço, reforça a ocupação do território vazio. Land art e arte conceitual caminham em direções opostas, enquanto a primeira reformula o espaço, a segunda é modificada pelo espaço em que se situa. 2- A reação ou a neo-arte: figuração livre, action painting, body art Esses princípios, claramente centrados nas proposições duchampianas, se caracterizam mais como práticas diferenciadas do que como proposições propriamente ditas. Os artistas das pinturas, proclamam a espontaneidade, o gestual, o corporal, há um retorno da ideia principal do artista como autor, as ideias são miscíveis e é isso que expressa a modernidade.
  • 21. Figuração Livre, instalações A figuração livre envolve antes uma atitude, a da espontaneidade e expressão individual. Essa arte é composta a partir do desenho animado, da publicidade, cartoons, os suportes e as técnicas são os mais variados: latas velhas, telas soltas, cartazes, colagens, rasgaduras, entre outras. O retorno a figuração se faz um retorno do primitivo. Bem Vautier, artista que batizou o movimento, se liga ao dadaismo, violência, auto escárnio, não se liga a arte conceitual devido ao “feito a mão” e pela significação não auto-referencial de suas mensagens. O que traz a característica de contemporaneidade aos artistas da figuração livre é o uso da cultura midiática Quanto as instalações o local é escolhido mais pela visibilidade alcançada pela obra do que pela crítica ao local. É o ambiente da atividade artística que esta sendo comunicado. Action painting, bad painting, boddy art, funck art, grafite Esses tipos de arte voltam-se ao estilo, a originalidade e a individualidade, retoma-se alguns traços expressionistas, mas, o que une esses movimentos é a referencia ao corpo, ao gesto, ao ambiente (podem ser metrôs, a cidade e o próprio corpo). Essa arte se refere a uma forma de mostrar o corpo que esta perdido em meio a cidade, negado e neutralizado, o Boddy art coloca em cena o corpo torturado, o funk art volta-se às sátiras e caricaturas.
  • 22. As principais características do grupo: • Se liga diretamente às formas de comunicação e informação por meio de apoios publicitários como jornais e cartazes • Individualização do artista volta a tona • Não há distinção entre os diferentes gêneros expressados (pintura, grafismos, esculturas, design...) • Tendência a saturação e a repetição, o que obriga o artista a produzir pequenas diferenciações, e, aliado a isso, a execução da obra com certa rapidez A palavra de Duchamp por um lado é respeitada, a arte e estética continuam separadas, mas, por outro o retorno do figurativo, as telas sobre cavaletes retomam ao cenário artístico. Em suma, a arte busca por uma nova definição. 3- Arte tecnológica A autora distingue esse tipo de arte em duas práticas, a primeira é composta pelo suporte dos envios postais (mailing) e por técnicas mistas como as que aliam imagens de vídeos, televisão e intervenções pictóricas. A segunda tem o computador como suporte de imagem, instrumento de composição.
  • 23. Mail art, arte sociológica, videoarte A arte postal configura-se por meio do envio e recebimento de cartas entre os artistas e destinatários anônimos, construindo assim a sua trama, não existe autor único e seu destaque é na construção de redes A arte sociológica procura demonstrar as transmissões existentes e que passam por nós despercebidas, essas são feitas por meio de interferências em programas televisivos e transmissão de mensagens para diversos lugares do globo. Enquanto isso, a videoarte oferece sistemas para atuar como observador e observado, ela relaciona o espectador com a obra, o espaço entre ficção e realidade muitas vezes se torna esmaecido. As novas imagens ou tecnoimagens “Com a chegada das imagens numéricas, das animações em 3D, dos efeitos especiais e das imagens virtuais, é o sitio estético propriamente dito que se vê abalado” (CAUQUELIN, 2005, p. 155). Por sítio entende-se a área artística compreendida, desde as obras, os críticos, marchands, historiadores. Esse universo é reparado por uma crença do que a arte é e deve ser. Conforme foram surgindo novos questionamentos e formas artísticas, essa definição caiu em desuso e surgiram novas formas de interpretação, com o surgimento das tecnoimagens as técnicas tornaram-se algo aprendido, algo que necessita de instruções de uso, e transformaram a arte em algo dotado de vida quase autônoma. Elas pertencem a esfera da estética? Como falar sobre elas?
  • 24. Com as tecnoimagens o crítico precisa analisar o próprio processo e não o seu resultado, a obra em si. Quanto aos teóricos sensíveis, as tecnoimagens ainda não deram provas suficientes de como devem ser consideradas. Ai se encontra o combate entre arte e técnica Quem da atenção as tecnoimagens são os produtores de filmes, as grandes empresas ou os pesquisadores de informática. A quem se arrisque a dizer que a arte de amanha será feita por intermédio de informações transmitidas pelo computador . “Se as tecnoimagens e seus desenvolvimentos pudessem ajudar a redefinir o que é arte, seu sítio, seus objetos e seus atores, reunindo assim o trabalho empreendido pelos próprios artistas em seu próprio sítio, já seriam detentoras de todas as virtudes ‘estéticas’ desejáveis – aquelas do domínio da crítica. Sem falar de vanguarda, seriam realmente a parte viva da arte contemporânea” (CAUQUELIN, 2005, p. 160).
  • 25. Por que as comunicações e artes estão convergindo? Lucia Santaella
  • 26. No mundo antigo e na Idade Média, artes visuais muito se assemelhava ao artesanato essa situação só se modificou no renascimento, quando os artistas conseguiram elevar seu status e destacar seu caráter intelectual e teórico. Inicialmente, o sistema de artes dividia-se em cinco áreas principais: arquitetura, poesia, música, pintura, escultura. A Revolução Industrial, o desenvolvimento do sistema econômico capitalista, a emergência de uma cultura urbana e de uma sociedade de consumo, fizeram com que os meios de comunicação dominassem as “belas artes” e “belas letras”. “Nesse contexto, as expressões ‘meios de massa’ e ‘cultura de massa’ denotam os sistemas industriais de comunicação, sistemas de geração de produtos simbólicos, fortemente dominados pela proliferação de imagens” (SANTAELLA, 2007, p. 6).
  • 27. 1- Ponto de partida para a reflexão No campo da comunicação, nota-se seis grandes eras com diferentes configurações: • A era da comunicação oral - formas de cultura que trazem a fala como um processo comunicativo principal; • Era da comunicação escrita – introdução as formas de registro (escrita pictográfica); • Era da comunicação impressa – também chamada era de Gutenberg, propicia a reprodutibilidade por meio de cópias de uma matriz; • Era da comunicação propiciada pelos meios de comunicação em massa - • Era da comunicação midiática – • Era da comunicação digital – Para a discussão proposta, as eras culturais mais interessantes são as que entram em vigor a partir da cultura de massa, antes disso seria difícil encontrar modos de convergência entre ambos assuntos. A partir da Revolução Industrial, surgiram máquinas de produção de bens materiais assim como bens simbólicos (fotografia, cinema, prensa mecânica...), desde então assistimos um rápido crescimento das mídias e dos signos transmitidos por elas. Posteriormente, vêm o rádio e a televisão, com eles, o apogeu da comunicação massiva. Foi a comunicação massiva que iniciou o processo de hibridização das formas de comunicação e cultura.
  • 28. Santaella considera que os meios de massa são intersemióticos, o cinema por exemplo, permite diálogos, imagens, sons... Esse tipo de mistura, facilita o entendimento do observador. A par da desconstrução do modelo renascentista, com o passar do tempo, a arte abriu espaço para novas ramificações, como o dadaismo, um espaço ainda maior para as novas vertentes artísticas surgiu, foi nessa época em que as tecnologias e comunicações foram incorporadas ao campo artístico. Cultura das mídias: meios de produção, distribuição e consumo que proporcionam uma apropriação produtiva por parte do individuo , exemplo: equipamento portátil de vídeo, máquinas fotocopiadoras, entre outros, segundo Santaella (2007, p. 13) “Graças a esses equipamentos facilmente disponíveis ao artista, originaram-se formas de arte tecnológica que deram continuidade à tradição da fotografia como arte”. A cultura das mídias traz a característica da mistura entre as mpidias como filmes transmitidos na televisão, a publicidade e o uso da fotografia... Gradualmente os artistas experimentaram as tecnologias e a publicidade, a televisão, a moda, começaram a fazer uso da arte, por outro lado, a arte passou a necessitar dos meios de comunicação para se divulgar e popularizar. Essa popularização foi responsável pelo crescimento dos museus e galerias e o aumento de público desses locais. “As misturas já bastante intrincadas entre comunicação e artes, ensejadas pela cultura das mídias, foram incrementadas com o surgimento da cultura digital ou cibercultura devido à convergência das mídias que a constitui” (SANTAELLA, 2007, p. 16).
  • 29. 2- As afinidades & atritos entre a fotografia e a arte Fotografia como um reflexo direto do mundo externo, mais confiável que o desenho e a pintura, assumiu um posto privilegiado na atividade do retrato. Baseando-se no pensamento que a mecanização destrói a mística da arte, grandes debates ocorreram entre críticos e artistas, sobre o impacto da máquina sobre a arte. “De todo modo, entretanto, a máquina fotográfica significou a substituição da habilidade humana de pintar, o pincel do artista que fixa a imagem na câmera obscura, pela mediação química do daguerreótipo e da película gelatinosa” (SANTAELLA, 2007, p. 20, grifo nosso). “Gastaram-se vãs sutilezas a fim de se decidir se a fotografia era ou não arte, porém não se indagou antes se a própria invenção não transformaria o caráter geral da arte”(BENJAMIN, 1975, p. 19 e 20, apud SANTAELLA). A fotografia realmente trouxe várias possibilidades ao campo artístico, inclusive possibilidades que seriam impossíveis de observar a olho nu. Ela se tornou ponto de comparação para alguns e uma forma do fazer artístico para outros. No século XIX, a fotografia que aspirava as condições da arte, no século XX foi a arte que buscou lógicas formais, conceituais, entre outras próprias do fazer fotográfico. Como híbrido entre a pintura e a fotografia, surgiu a fotomontagem (dadaismo e surrealismo), porém a evolução no uso da fotografia foi assinada pela arte pop. Por outro ponto de vista, a arte conceitual, happenings e performances relacionam-se com a fotografia como maneira de registro.
  • 30. Os avanços causados pelas experimentações dos artistas, levaram as técnicas fotográficas, cinema e vídeo serem conhecidas como “arte multimídia”. Essa incorporação da fotografia pela arte afetou a pintura de diferentes maneiras, talvez a mais evidente seja o uso da fotografia como modelo, assim a pintura torna-se cada vez mais profundamente fotográfica. Segundo a autora, a fotografia foi o meio mais dominante no século XX, devido a sua multiplicação desmedida, seja em jornais, revistas, televisão... Assim cabe retomar os três grandes paradigmas da imagem, descritos por Santeella e Nöth (2002, p. 159-187) • Pré fotográfico – imagem feitas à mão: desenhos, pinturas, imagens em pedras... • Fotográfico – Imagens que dependem de conexão dinâmica e captação física: fotografias, TV, vídeos... • Pós fotográfico – Imagens sintéticas, feitas por códigos e equações numéricas: imagens feitas em ambiente digital. Durante o século XIX, a presença da pintura e da fotografia na sociedade ainda eram evidentes, já no século XX, o paradigma fotográfico praticamente esmagou o pré fotográfico, essa situação se assemelha ao que ocorre nos dias de hoje, com o uso absurdo de imagens computacionais, o paradigma fotográfico é minimizado. Com o crescimento do paradigma pós fotográfico, foram investidos bilhões de dólares para o melhoramento de softwares e hardwares . “Em suma, a digitalização está “canibalizando” e “regurgitando” todos os tipos de imagens, fotográficas ou não” (SANTAELLA, p. 29). Quando a tecnologia permitiu inserir elementos em uma imagem fotográfica, os princípios de índice, definidos no paradigma fotográfico entraram em crise, a clara divisão entre o signo e referente foi abalada. Com apoio de ferramentas computacionais, um índice pode ser convertido a uma natureza puramente icônica
  • 31. 3- O cinema experimental & o cinema como arte O experimentalismo é visto como uma necessidade do artista cada vez que este se coloca em frente a um novo meio de expressão. O cinema começou a ser desenvolvido em torno de 1890 nos laboratórios de Thomas Edson por seu assistente William K. L. Dickson, a partir de então vários inventores contribuíram para seu desenvolvimento. Dentro esses inventores, Sergei Eisenstein é quem chama mais a atenção devido a interação que ele promoveu entre arte, tecnologia e a vida no período vanguardista da extinta União Soviética de 1915 a 1932. Eisenstein ligou o construtivismo, o cubismo e a cultura teatral e poética do Oriente, desenvolveu uma técnica de montagem cinematográfica por meio de justaposições; Sua formação em engenharia juntamente com a sensibilidade estética o transformaram em representante do paradigma perfeito do artista tecnológico. A fotografia o cinema fortaleceram os laços entra a arte e a tecnologia no início do século XX, alguns anos depois surgiu o cinema comercial e o padrão hollywoodiano, em meados de 1950 o movimento do cinema de vanguarda se instaurou, daí então, a tendência era se opor aos estereótipos da cinematografia comercial e voltar-se puramente a estética. De qualquer maneira, o cinema não deixa de ser uma arte de massa e dependente dela. A relação entre cinema e literatura pode ser comparada a da fotografia e pintura, as duas formas de arte se acrescentam e incorporam elementos uma da outra. Além disso, com o passar do tempo, o cinema incorpora aspectos tecnológicos e transforma sua linguagem
  • 32. 4- Arte & industrialização da cultura Até meados da 1960, as artes se encaixavam em duas áreas bem distintas, pintura e escultura, posteriormente, os pensamentos de Duchamp (renúncia da unicidade do objeto artístico e diferenciação de objetos comuns) e Malevich (arte necessariamente complexa), foram colocados em prática por meios de expressão artística: Land art, Performance, Body art e instalações. Todos esses movimentos exprimem um pensamento averso ao modernismo, de que a arte não se reduz a seu contexto interno, mas ao contexto a que pertence. Os artistas pop não utilizavam a natureza como referente para suas obras, utilizavam produtos criados pelo homem, assim o pop transforma-se em uma espécie de, segundo Walker (1994, p. 22, apud SANTAELLA) metalinguagem ou metaarte. Seu objeto não é mais a realidade diretamente percebida, mas as representações já feitas da realidade nos desenhos, fotografias, anúncios e embalagens. A arte pop carrega uma complexidade que necessita ser delineada, sob suas formas de expressão, os artistas desejam tornar sua produção industrializada. Duchamp renova o conceito do objeto, os artistas pop ressignificam, por meio da contextualização, os signos massificados. Esses dois estilos artísticos partilham a ironia, deliberação e impessoalidade.
  • 33. 5- As mídias & as imagens artísticas Com a explosão das redes de comunicação e possibilidade das imagens serem digitalizadas e partilhadas mundialmente, o acesso e divulgação de trabalhos artísticos tornou-se um mercado em expansão. Essa forma de propagação artística vai contra os preceitos visados pelos modernistas de explorar o sensório e estético e o intelecto do receptor, é uma mensagem transmitida às massas cujo objetivo é comunicar algo rapidamente. “Do mesmo jeito que a arte pop ‘canibalizou’ as imagens dos meios de massa, as mídias ‘recanibalizaram’ suas imagens, reciclando-as” (SANTAELLA, 2007, p. 42). Há pelo menos dois caminhos da publicidade que se apropriam de imagens da arte, o primeiro imita a forma de compor e o estilo, o segundo visa a justaposição de imagens do produto e da obra, transferindo o valor da obra artística para o produto. Outra forma da publicidade explorar o fazer artístico é procurar alcançar o status de arte, dando liberdade de criação ao publicitário, o que é confirmado pelas premiações concedidas em cerimônias onde o trabalho vencedor sai com o prestígio de obra de arte.
  • 34. 6- A pós modernidade & a desterritorialização da cultura Alguns consideram que a arte pop, o minimalismo e os novos rebentos se enquadravam dentro de um modernismo tardio, para outros, a prática revolucionária que se iniciava, juntando a pesquisa teórica e inovação artística, era a destruição das fronteiras provocadas por movimentos como o pop. Periódicos voltados a pesquisas no campo das artes começaram a surgir e mostravam que o modernismo e a proposta de ilusão havia terminado, o foco agora recaíra sobre a realidade. Há quem considere que esse novo rumo artístico já é anunciado desde a 1960, quando as tecnologias vieram à tona. A arte brasileira trouxe obras ricas e conceituais, com materiais surpreendentes e formatos fora do comum, essas raízes deitam dos anos 60 de artistas como Hélio Oiticica e Lygia Clarck, que já anteciparam ideias da Arte Povera. “Desde meados dos anos 1970, temos assistido a uma irrupção sem paralelos das atividades criativas nas artes [...]. No final dos anos 1970 e início dos 80, as discussões sobre as artes, o disign, a arquitetura, a moda e as subculturas foram invadidas pelos conceitos de pluralismo e pós-modernidade” (SANTELLA, 2007, p. 47).
  • 35. Segundo Walker, os temas discutidos sobre pós modernidade eram: • Pluralidade de estilos • Reciclagem de velhos estilos, uso de obras do passado, paródias, pastiches, Intertextualidade • Retorno dos ornamentos e decoratividade • Complexidade, ambiguidade, contradição • Arquitetura e design passaram a ser concebidos semioticamente como “linguagens” ou sistemas de signos capazes de comunicar mensagens • Ênfase no hedonismo, no lúdico, ornamentos, cores vibrantes • Mistura dos estilos artísticos, mídias, múltiplos significados e diferentes públicos Mistura de culturas, hibridização, artistas como Koons e sua arte kitsch, apropriação de imagens e destruição da barreira entre arte e mídia, foram as principais características da arte em meados de 80. Nessa mesma época, alguns artistas retomaram pintura, o que foi nomeado por Achille Bonito Oliva de “trasnvanguarda internacional” a proposta era abandonar a impessoalidade dos anos 70 e exaltar as habilidades manuais do artista novamente.
  • 36. 7- O vídeo & as artes Durante as décadas de 1950 e 60, a arte pop, o Minimalismo e o Conceptualismo lutavam para aproximar a arte e vida cotidiana, no entanto a televisão dominava a atenção do público, surgiu então a videoarte. Os artistas, geralmente, usam de equipamentos já disponíveis ao público em geral para suas experimentações e obras artísticas, com o surgimento da câmera de vídeo portátil, na década de 60 novas portas se abriram. O objetivo era ironizar o papel da televisão no ambiente doméstico, todavia, alguns artistas experimentaram os estúdios de TV, enquanto outros mantiveram uma relação de total antagonismo. Essa arte foi absorvida rapidamente e proporcionou a mescla entre os ramos artísticos, por outro lado, é uma forma de arte que oferece baixos custos e facilidade em seu transporte, além da boa qualidade de imagem para quem a assiste. Esse tipo de arte, permite a demonstração da expressão do artista e, ao espectador, ver como a obra foi criada. Da mesma maneira, permitia que fossem gravadas performances nos próprios ateliês dos artistas, essas não necessariamente eram mostradas. Com a chegada dos anos 90, as câmeras digitais se popularizaram, a produção videográfica tornou-se mais elaborada. Esses processos retomam as experimentações das vanguardas . “É a disponibilidade e acessibilidade das tecnologias que se responsabiliza pelo desenvolvimento da artemídia” (SANTAELLA, 2007, p.56). Na medida que as capacidades técnicas são aumentadas acontece a aproximação das artes visuais e artes cênicas .
  • 37. 8- A comunicação digital & as artes interativas Desde o inicio da fotografia, a arte e tecnologia começaram a caminhar juntas, atualmente é possível produzir arte e divulga-la, sem sair de casa. O computador hoje é uma ferramenta básica, e incorpora todos as áreas de arte tecnológica, filmes, fotografias, mídias externas. Segundo Santaella (2007), para compreender essa nova lógica artística deve-se considerar dois pontos, primeiramente, a emergência do paradigma pós fotográfico, em segundo lugar a era da pós-imagem ou hipermidiática. Nos anos 80, a imagem pós-fotográfica recebeu o nome de computação gráfica, ressalta-se que não somente a imagem pode ser reproduzida digitalmente, como é possível transferir imagens impressas (suporte físico) para o ambiente digital. Com acesso aos computadores, os artistas passaram a explorar esses meios, surgem então as esculturas cibernéticas, animações computadorizadas, desenhos digitais... “Com o advento da mídia eletrônica, a técnica não diz mais respeito à habilidade de manipular materiais, mas sim à habilidade de manipular tecnologia [...] O impacto da tecnologia sobre essa arte não diz respeito ao ‘se’, mas ao ‘até que ponto’ a tecnologia determina o que um artista pode ou não pode criar” (SANTAELLA, 2007, p. 61-62). A “imagem” deixa de ocupar o primeiro plano da cultura, agora falamos sobre uma “pós imagem” de caráter hipermidiático (existe dentro do computador e possibilita a entrada em um mundo interativo, suas características artísticas se mesclam e não definem uma fronteira).
  • 38. O computador estendeu os ramos artísticos, possibilitou interações em ambientes completamente digitais, novas formas de manipulação de imagens e trouxe esses aspectos para nosso dia-a-dia, por meio de sites interativos e aparatos tecnológicos que cada vez mais permitem essa interação. A aresta da virtualidade implica na imersão total do espectador, que de certo modo, a esse ponto, não é mais só espectador, a realidade virtual torna possível a interação com a obra, permitindo um diálogo entre o biológico e corpóreo com sistemas artificiais. “Segunda interatividade” – Termo usado para designar quando máquinas são capazes de responder de maneira similar a um seu humano seguindo princípios de inteligência artificial. Atualmente, outra área que está em crescimento é a bioarte e mistura ciência, tecnologia e arte, esse campo observa, segundo Santaella (2007, p. 67): • Transformação do corpo humano recorrente a hibridização do carbono com o silício; • Simulações computacionais dos processos vivos, tais como aparecem na vida artificial e na robótica; • A macrobiologia das plantas e, animais e ecologia; • A microbiologia genética. Esta ultima, utilizando técnicas de engenharia genética ligadas à transferência de genes (naturais ou sintéticos) para um organismo vivo, cria interferências nas formas de vida. Mais uma vez, a arte toma a dianteira na exploração de novos meios e técnicas, descobrindo novas possibilidades e formas de expressão.