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1801
Na Inglaterra, iniciou-se o concurso para encontrar
arquitetos para projetar a sede do Parlamento Britânico,
no qual Sir Charles Barry, especialista no estilo
renascentista e expoente do neoclássico, colabora com
A.W.N. Pugin, especialista em estilo gótico, para os
projetos do prédio. O que resultou em uma edificação
que (de acordo com a visão de Gombrich em A História
da Arte) reflete bem a dualidade da época entre o
neoclássico com o ressurgimento do gótico.
Ressurgimento esse que já havia sido apontado pela obra
de Hegel no mesmo ano.
1835
1818
Caspar Friedrich, um mestre notável do romantismo
germânico do século, propõe uma espécie de sinestesia
entre arte, natureza e filosofia. Nos escritos de Schiller
sobre o sublime, a natureza e a arte também trazem este
caráter. Em seu quadro, Friedrich dá vida a esses
conceitos ao retratar um sujeito que está em contato com
a natureza, o divino, o misticismo e as emoções humanas.
1805
1810
1828
L i n h a d o
t e m p o -
s é c . X I X
1808
Em 1828, ilustrações litográficas de Eugène Delacroix
fornecem uma visualização macabra da sinistra história de
Fausto, um homem que vende sua alma ao diabo,
Mefistófeles, em troca de conhecimento infinito e
prazeres mundanos. A história de Fausto originou-se
como um conto popular alemão medieval. Christopher
Marlowe foi o primeiro escritor a trazê-lo para o palco,
em uma adaptação de 1604 da história. Mas é a versão
de Goethe de 1808 que ainda hoje é considerada a
clássica. A exploração magistral de técnicas litográficas de
Delacroix – como riscar irregularmente pretos profundos
para criar destaques brancos “nervosos” – reforça
expressivamente a mensagem sinistra do conto, assim
como as cenas noturnas implacáveis e os membros
angulosos e semelhantes a insetos dos personagens.
Goethe publicou "Zur Farbenlehre", (Teoria das
cores) em 1810, como oposição para as teorias de
Newton sobre a cor. Disputando a crença tradicional de
que a luz 'branca' do sol era pura, Newton usou prismas
para mostrar que a luz realmente contém pelo menos
sete matizes que eram 'primários' e irredutíveis. O círculo
"cromático" de Goethe, ilustrava a oposição da cor
percebida pelo olho humano. As teorias de Newton
excluíam a fisiologia do olho, enquanto Goethe fazia o
oposto e se concentrava na experiência da percepção do
espectador. Essa diferença de concepção mostrou-se
crucial para o campo da teoria da arte em compreender
os efeitos de recepção das cores de uma pintura.
Lançado o livro Vorlesungen über die Ästhetik
(Lectures on Aesthetics, no inglês, A Arquitetura, no
português), sendo uma compilação de notas e
apresentações das aulas de Friedrich Hegel. Obra que
serviu como aporte teórico e, ao mesmo tempo, como
reflexo, da revalorização do estilo gótico arquitetônico no
período, em especial na Alemanha.
A tragédia Fausto de Goethe, é uma obra que parece
sugerir à humanidade, a possibilidade de uma fusão entre
espírito e natureza, finitude e infinito. Para Fausto, buscar
o conhecimento significa reconhecer o infinito que se
manifesta dentro das coisas finitas. Fausto chamava
atenção para um outro modo de olhar para a natureza,
como uma força viva e ativa em todas as suas dimensões,
e não apenas em algumas de suas partes fragmentárias.
Uma nova compreensão do sublime, proposta por
Schiller, a emoção sublime, na concepção de Schiller,
aponta uma saída do mundo sensível. O efeito do sublime
separa o físico do mental, o real do moral, o primeiro
sendo atingido por uma força terrível, o segundo por uma
sensação de emancipação provocada pela capacidade de
experienciar o infinito e o inatingível.O sublime eleva o
ser humano acima de sua natureza inerente como um
princípio humano separado do mundo sensível. O mundo visual é transformado nesta obra de Turner,
em um dilúvio de forças e energias. Turner retrata as
forças de atração e repulsão como uma típica dialética do
sublime na natureza. A brutalidade do mar, que aterroriza
e ameaça aqueles que lutam para salvar uns aos outros e
a si mesmos, simboliza o dramático conflito entre os
poderes da natureza e o espírito do ser humano.
DIACRÔNICO
SINCRÔNICO
ANACRÔNICO
1860
1863
1874
1888
1894
1897
1855
Jules Champfleury- “Sobre o Sr. Courbet: Carta a
Madame Sand".
1853
Em 1853 Rudolf Eitelberger se torna professor de
história da arte na cátedra de História da Arqueologia da
Arte, sendo uma das pioneiras cátedras da disciplina da
época, se tornando um dos (também) pioneiros
professores da área. Sua posse como professor na
cátedra marca um dos icônicos acontecimentos para o
despontamento da chamada Escola de Viena, conjunto de
pensadores que romperam com o modo “Positivista”
vigente no campo artístico da época, buscando focar no
fenômeno da Visualidade.
François Felix Fleury-Husson (Champfleury) foi um
crítico francês, obteve a partir de seu contato com
Courbet o desenvolvimento de suas teses realistas, sendo
também defensor do movimento. O texto é uma reflexão
sobre a recusa dos juris do Palácio de Belas Artes em
expor a arte de Courbet, que o leva a organizar uma
própria exposição com 44 obras, além de um manifesto
intitulado “O realismo”. Adiante, pode-se extrair do
escrito uma crítica ao conceito de belo e sua valorização
acadêmica, além de uma defesa realista social, sobretudo
em anteposição ao viés romântico e a idealização factual,
na contemporaneidade dos acontecimentos.
Charles Baudelaire lança, através de ensaios em 3
edições do jornal Le Figaro, O Pintor da Vida Moderna.
Nesta obra, o autor lança um olhar de exame teórico
sobre a sociedade de sua época, a partir de uma
perspectiva artística, levantando questionamentos acerca
de como se operava a figura do pintor e, sobretudo, do
que se pode chamar modernidade, sendo nesse aspecto
de mister importância para a compreensão de como
entendemos esse fenômeno/período. Além de salientar a
potência da mídia impressa para o cenário artístico
daquele período e, consequentemente, a potência do
papel da crítica que já havia sido exemplificada por
Champfleury anteriormente.
Jakob Burckhardt publica A civilização do
Renascimento na Itália, obra de maior importância da
época para a análise da vida social e política dos séculos
XIV e XV na Itália. Imagem acima mostra a página-título
do primeiro volume de 1878 da obra de Eugéne Müntz
lançada em 4 volumes, obra de grande importância de
síntese sobre a arte do Renascimento europeu, que
Germain Bazin em A História da História da Arte
considera que complementa a obra de Burckhardt, por
esta não se debruçar diretamente sobre a arte do
período. Esse despontamento de obras acadêmicas de
pesquisa em História da Arte, dialoga com a solidificação
da disciplina em Viena em anos passados.
Acontece a primeira Exposição dos Impressionistas,
debutando em exposição as obras de Monet, Degas,
Reonir, Pissarro, Morisot e entre outros. Evidente que,
nesta primeira exposição, o movimento não possuía este
nome, sendo fruto da edição de 25 de Abril daquele ano
do jornal Le Charivari, em que foi publicada a crítica de
Louis Leroy à exposição e que nomeou (a princípio em
tom de deboche) o movimento Impressionismo.
Frederic George Stephens, crítico de arte, assim como
Rossetti membro da academia Pré-Rafaelita, publica em
1894 “Dante Gabriel Rossetti” livro o qual contempla de
forma rica a trajetória artística de Rossetti, abordando desde
sua obra mais popular“ Proserphine” a “Genevieve” seu
primeiro esboço completo. Sendo o livro além de uma
crítica um tributo a Rossetti, acaba por projetar seu trabalho
artístico, findando por ser um expoente prático do propósito
pré-rafaelista de rompimento com o academicismo
imperativo.
No Brasil, Gonzaga Duque atua de maneira efetiva na
abordagem da crítica de arte traduzindo-a de uma forma
relevante e pertinente por meio da imprensa, em um
contexto onde um apelo popular fazia-se necessário, já
que a literatura mostrava-se desproporcionalmente
estimada se comparada às artes plásticas. Dentre suas
obras, destaca-se o livro "A arte brasileira" de 1888,
onde pode-se encontrar um apanhado crítico da arte no
Brasil desde o período colonial.
No ano de 1897, acontece a Expedição Punitiva do
Benim, uma expedição britânica no território que resultou
na destruição do Reino do Benim (que viria a ser anexada
à colônia da Nigéria) e em um dos maiores saques de
obras de arte do continente africano, que foram
transferidas para a Inglaterra. Três anos depois, é
lançado o livro Antique Works of Art From Benin, em
1900, que aparenta ser o primeiro título de livro onde a
palavra “arte” é associada com a produção africana.
Imagem da capa do livro acima.
r e f e r ê n c i a s
b i b l i o g r á f i c a s
DIACRÔNICO 1.1
1801
SCHILLER, F. Über das Erhabene (Do sublime), Alemanha, revista Neue Thalia, setembro de 1793.
SÍNCRONO 1.2
1805
TURNER, W. ,The Shipwreck (O Naufragio), 1805. Óleo sobre tela. 1705 x 2416 mm. Tate Britain.
DIACRÔNICO 2.1
1808
GOETHE, J. W. von, Faust, eine Tragödie , Alemanha, 1808 (primeira parte) 1832 (segunda parte)
SÌNCRONO 2.2
1810
GOETHE, J. W. von, Zur Farbenlehre (Teoria das Cores), Alemanha, 1810 trans. Charles Lock Eastlake, Cambridge,
Massachusetts: The M.I.T. Press, 1982 ISBN 0-262-57021-1
DIACRÔNICO 3.1
1818
Caminhante sobre o mar de névoa (1818). Caspar David Friedrich 1774 – 1840. Óleo sobre tela. 94,8 cm x 74,8cm.
Kunsthalle de Hamburgo.
SINCRÔNICO 3.2
1828
Fausto (1828). Eugène Delacroix 1798 – 1863. Litografia. 41.1 x 27 x 3.3 cm. The Metropolitan Museum of Art.
DIACRÔNICO 4.1
1835
HEGEL Wilhelm Friedrich, G. Lectures on aesthetics. Heinrich Gustav Hotho, Berlin, v. 1, Heidelberg, Alemanha
1835.
Fonte da imagem: Imagem histórica da Catedral de Colônia (Koln), Alemanha, 1853. Imagem por @ullstein bild –
histopics
SÍNCRONO 4.2
1835
GOMBRICH, Ernst Hans; GOMBRICH, Ernst Hans. The story of art. London: Phaidon, 1995.
Fonte da imagem: Plano do principal (primeiro) andar, Palácio de Westminster, provavelmente do escritório original
de Barry. Domínio público.
DIACRÔNICO 5.1
1853
BAZIN, Germain. História da história da arte: de Vasari a nossos dias. 1961.
Fonte da imagem: Memorial de Eitelberger no Museum of Applied Arts de Viena. Foto por © Bwag
SÍNCRONO 5.2
1855
Champfleury, J. Sobre o Sr. Courbet: Carta a Madame Sand1. SciELO-Brazil, July-Dec 2014. Disponível em:
https://www.scielo.br/j/alea/a/dwdmCYCrH5KfrmMwJYKCyWm/?lang=pt . Acesso em: 15/08/2022
DIACRÔNICO 6.1
1860
BURCKHARDT, Jacob; MIDDLEMORE, Samuel George Chetwynd. The civilisation of the Renaissance in Italy.
Routledge, 2019.
MÜNTZ, Eugène. Les arts à la cour des papes pendant le XVe et le XVIe siècle: recueil de documents inédits tirés des
archives et des bibliothèques romaines. E. Thorin, 1878.
BAZIN, Germain. História da história da arte: de Vasari a nossos dias. 1961.
Fonte da imagem: Página título de Les arts à la cour des papes pendant le XVe et le XVIe siècle, 4 Vols., 1878–1898.
Domínio público
SÍNCRONO 6.2
1863
BAUDELAIRE, Charles; ACIERNO, Silvia; CRUZ, Julio Baquero. El pintor de la vida moderna (1863). Langre, 2008.
Fonte da Imagem: Edição de 29 de Novembro de 1863 do jornal Le Figaro. Digitalização do jornal por gallica.bnf.fr /
Bibliothèque nationale de France.
ANACRÔNICO
1874
GOMPERTZ, Will. Isso é arte?: 150 anos de arte moderna. Do impressionismo até hoje. Brasil, Editora Schwarcz-
Companhia das Letras, 2013.
Fonte da imagem: Edição de 25 de Abril de 1874 do jornal Le Charivari. Digitalização do jornal por gallica.bnf.fr /
Bibliothèque nationale de France.
ANACRÔNICO
1888
ESTRADA, Luís Gonzaga Duque. A arte brasileira: pintura e esculptura. Imprensa a vapor H. Lombaerts & c., 1888.
ANACRÔNICO
1894
STEPHENS, F.G. Dante Gabriel Rossetti, by F.G. Stephens ... Editora: Seeley, Local de publicação: Cambridge,
Universidade de Harvard, Publicado em: 1894
ANACRÔNICO
1897
PITT-RIVERS, Augustus Henry Lane-Fox. Antique works of art from Benin. Printed privately, 1900.
HOME, Robert. City of Blood Revisited: A new look at the Benin Expedition of 1897. R. Collings, 1982.
Fonte da imagem: Capa de um exemplar de Antique Works of Art From Benim. Imagem de © 2022 Jorge Welsh
Works of Art Ltd

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  • 1. 1801 Na Inglaterra, iniciou-se o concurso para encontrar arquitetos para projetar a sede do Parlamento Britânico, no qual Sir Charles Barry, especialista no estilo renascentista e expoente do neoclássico, colabora com A.W.N. Pugin, especialista em estilo gótico, para os projetos do prédio. O que resultou em uma edificação que (de acordo com a visão de Gombrich em A História da Arte) reflete bem a dualidade da época entre o neoclássico com o ressurgimento do gótico. Ressurgimento esse que já havia sido apontado pela obra de Hegel no mesmo ano. 1835 1818 Caspar Friedrich, um mestre notável do romantismo germânico do século, propõe uma espécie de sinestesia entre arte, natureza e filosofia. Nos escritos de Schiller sobre o sublime, a natureza e a arte também trazem este caráter. Em seu quadro, Friedrich dá vida a esses conceitos ao retratar um sujeito que está em contato com a natureza, o divino, o misticismo e as emoções humanas. 1805 1810 1828 L i n h a d o t e m p o - s é c . X I X 1808 Em 1828, ilustrações litográficas de Eugène Delacroix fornecem uma visualização macabra da sinistra história de Fausto, um homem que vende sua alma ao diabo, Mefistófeles, em troca de conhecimento infinito e prazeres mundanos. A história de Fausto originou-se como um conto popular alemão medieval. Christopher Marlowe foi o primeiro escritor a trazê-lo para o palco, em uma adaptação de 1604 da história. Mas é a versão de Goethe de 1808 que ainda hoje é considerada a clássica. A exploração magistral de técnicas litográficas de Delacroix – como riscar irregularmente pretos profundos para criar destaques brancos “nervosos” – reforça expressivamente a mensagem sinistra do conto, assim como as cenas noturnas implacáveis e os membros angulosos e semelhantes a insetos dos personagens. Goethe publicou "Zur Farbenlehre", (Teoria das cores) em 1810, como oposição para as teorias de Newton sobre a cor. Disputando a crença tradicional de que a luz 'branca' do sol era pura, Newton usou prismas para mostrar que a luz realmente contém pelo menos sete matizes que eram 'primários' e irredutíveis. O círculo "cromático" de Goethe, ilustrava a oposição da cor percebida pelo olho humano. As teorias de Newton excluíam a fisiologia do olho, enquanto Goethe fazia o oposto e se concentrava na experiência da percepção do espectador. Essa diferença de concepção mostrou-se crucial para o campo da teoria da arte em compreender os efeitos de recepção das cores de uma pintura. Lançado o livro Vorlesungen über die Ästhetik (Lectures on Aesthetics, no inglês, A Arquitetura, no português), sendo uma compilação de notas e apresentações das aulas de Friedrich Hegel. Obra que serviu como aporte teórico e, ao mesmo tempo, como reflexo, da revalorização do estilo gótico arquitetônico no período, em especial na Alemanha. A tragédia Fausto de Goethe, é uma obra que parece sugerir à humanidade, a possibilidade de uma fusão entre espírito e natureza, finitude e infinito. Para Fausto, buscar o conhecimento significa reconhecer o infinito que se manifesta dentro das coisas finitas. Fausto chamava atenção para um outro modo de olhar para a natureza, como uma força viva e ativa em todas as suas dimensões, e não apenas em algumas de suas partes fragmentárias. Uma nova compreensão do sublime, proposta por Schiller, a emoção sublime, na concepção de Schiller, aponta uma saída do mundo sensível. O efeito do sublime separa o físico do mental, o real do moral, o primeiro sendo atingido por uma força terrível, o segundo por uma sensação de emancipação provocada pela capacidade de experienciar o infinito e o inatingível.O sublime eleva o ser humano acima de sua natureza inerente como um princípio humano separado do mundo sensível. O mundo visual é transformado nesta obra de Turner, em um dilúvio de forças e energias. Turner retrata as forças de atração e repulsão como uma típica dialética do sublime na natureza. A brutalidade do mar, que aterroriza e ameaça aqueles que lutam para salvar uns aos outros e a si mesmos, simboliza o dramático conflito entre os poderes da natureza e o espírito do ser humano. DIACRÔNICO SINCRÔNICO ANACRÔNICO
  • 2. 1860 1863 1874 1888 1894 1897 1855 Jules Champfleury- “Sobre o Sr. Courbet: Carta a Madame Sand". 1853 Em 1853 Rudolf Eitelberger se torna professor de história da arte na cátedra de História da Arqueologia da Arte, sendo uma das pioneiras cátedras da disciplina da época, se tornando um dos (também) pioneiros professores da área. Sua posse como professor na cátedra marca um dos icônicos acontecimentos para o despontamento da chamada Escola de Viena, conjunto de pensadores que romperam com o modo “Positivista” vigente no campo artístico da época, buscando focar no fenômeno da Visualidade. François Felix Fleury-Husson (Champfleury) foi um crítico francês, obteve a partir de seu contato com Courbet o desenvolvimento de suas teses realistas, sendo também defensor do movimento. O texto é uma reflexão sobre a recusa dos juris do Palácio de Belas Artes em expor a arte de Courbet, que o leva a organizar uma própria exposição com 44 obras, além de um manifesto intitulado “O realismo”. Adiante, pode-se extrair do escrito uma crítica ao conceito de belo e sua valorização acadêmica, além de uma defesa realista social, sobretudo em anteposição ao viés romântico e a idealização factual, na contemporaneidade dos acontecimentos. Charles Baudelaire lança, através de ensaios em 3 edições do jornal Le Figaro, O Pintor da Vida Moderna. Nesta obra, o autor lança um olhar de exame teórico sobre a sociedade de sua época, a partir de uma perspectiva artística, levantando questionamentos acerca de como se operava a figura do pintor e, sobretudo, do que se pode chamar modernidade, sendo nesse aspecto de mister importância para a compreensão de como entendemos esse fenômeno/período. Além de salientar a potência da mídia impressa para o cenário artístico daquele período e, consequentemente, a potência do papel da crítica que já havia sido exemplificada por Champfleury anteriormente. Jakob Burckhardt publica A civilização do Renascimento na Itália, obra de maior importância da época para a análise da vida social e política dos séculos XIV e XV na Itália. Imagem acima mostra a página-título do primeiro volume de 1878 da obra de Eugéne Müntz lançada em 4 volumes, obra de grande importância de síntese sobre a arte do Renascimento europeu, que Germain Bazin em A História da História da Arte considera que complementa a obra de Burckhardt, por esta não se debruçar diretamente sobre a arte do período. Esse despontamento de obras acadêmicas de pesquisa em História da Arte, dialoga com a solidificação da disciplina em Viena em anos passados. Acontece a primeira Exposição dos Impressionistas, debutando em exposição as obras de Monet, Degas, Reonir, Pissarro, Morisot e entre outros. Evidente que, nesta primeira exposição, o movimento não possuía este nome, sendo fruto da edição de 25 de Abril daquele ano do jornal Le Charivari, em que foi publicada a crítica de Louis Leroy à exposição e que nomeou (a princípio em tom de deboche) o movimento Impressionismo. Frederic George Stephens, crítico de arte, assim como Rossetti membro da academia Pré-Rafaelita, publica em 1894 “Dante Gabriel Rossetti” livro o qual contempla de forma rica a trajetória artística de Rossetti, abordando desde sua obra mais popular“ Proserphine” a “Genevieve” seu primeiro esboço completo. Sendo o livro além de uma crítica um tributo a Rossetti, acaba por projetar seu trabalho artístico, findando por ser um expoente prático do propósito pré-rafaelista de rompimento com o academicismo imperativo. No Brasil, Gonzaga Duque atua de maneira efetiva na abordagem da crítica de arte traduzindo-a de uma forma relevante e pertinente por meio da imprensa, em um contexto onde um apelo popular fazia-se necessário, já que a literatura mostrava-se desproporcionalmente estimada se comparada às artes plásticas. Dentre suas obras, destaca-se o livro "A arte brasileira" de 1888, onde pode-se encontrar um apanhado crítico da arte no Brasil desde o período colonial. No ano de 1897, acontece a Expedição Punitiva do Benim, uma expedição britânica no território que resultou na destruição do Reino do Benim (que viria a ser anexada à colônia da Nigéria) e em um dos maiores saques de obras de arte do continente africano, que foram transferidas para a Inglaterra. Três anos depois, é lançado o livro Antique Works of Art From Benin, em 1900, que aparenta ser o primeiro título de livro onde a palavra “arte” é associada com a produção africana. Imagem da capa do livro acima.
  • 3. r e f e r ê n c i a s b i b l i o g r á f i c a s DIACRÔNICO 1.1 1801 SCHILLER, F. Über das Erhabene (Do sublime), Alemanha, revista Neue Thalia, setembro de 1793. SÍNCRONO 1.2 1805 TURNER, W. ,The Shipwreck (O Naufragio), 1805. Óleo sobre tela. 1705 x 2416 mm. Tate Britain. DIACRÔNICO 2.1 1808 GOETHE, J. W. von, Faust, eine Tragödie , Alemanha, 1808 (primeira parte) 1832 (segunda parte) SÌNCRONO 2.2 1810 GOETHE, J. W. von, Zur Farbenlehre (Teoria das Cores), Alemanha, 1810 trans. Charles Lock Eastlake, Cambridge, Massachusetts: The M.I.T. Press, 1982 ISBN 0-262-57021-1 DIACRÔNICO 3.1 1818 Caminhante sobre o mar de névoa (1818). Caspar David Friedrich 1774 – 1840. Óleo sobre tela. 94,8 cm x 74,8cm. Kunsthalle de Hamburgo. SINCRÔNICO 3.2 1828 Fausto (1828). Eugène Delacroix 1798 – 1863. Litografia. 41.1 x 27 x 3.3 cm. The Metropolitan Museum of Art. DIACRÔNICO 4.1 1835 HEGEL Wilhelm Friedrich, G. Lectures on aesthetics. Heinrich Gustav Hotho, Berlin, v. 1, Heidelberg, Alemanha 1835. Fonte da imagem: Imagem histórica da Catedral de Colônia (Koln), Alemanha, 1853. Imagem por @ullstein bild – histopics SÍNCRONO 4.2 1835 GOMBRICH, Ernst Hans; GOMBRICH, Ernst Hans. The story of art. London: Phaidon, 1995. Fonte da imagem: Plano do principal (primeiro) andar, Palácio de Westminster, provavelmente do escritório original de Barry. Domínio público. DIACRÔNICO 5.1 1853 BAZIN, Germain. História da história da arte: de Vasari a nossos dias. 1961. Fonte da imagem: Memorial de Eitelberger no Museum of Applied Arts de Viena. Foto por © Bwag SÍNCRONO 5.2 1855 Champfleury, J. Sobre o Sr. Courbet: Carta a Madame Sand1. SciELO-Brazil, July-Dec 2014. Disponível em: https://www.scielo.br/j/alea/a/dwdmCYCrH5KfrmMwJYKCyWm/?lang=pt . Acesso em: 15/08/2022 DIACRÔNICO 6.1 1860 BURCKHARDT, Jacob; MIDDLEMORE, Samuel George Chetwynd. The civilisation of the Renaissance in Italy. Routledge, 2019. MÜNTZ, Eugène. Les arts à la cour des papes pendant le XVe et le XVIe siècle: recueil de documents inédits tirés des archives et des bibliothèques romaines. E. Thorin, 1878. BAZIN, Germain. História da história da arte: de Vasari a nossos dias. 1961. Fonte da imagem: Página título de Les arts à la cour des papes pendant le XVe et le XVIe siècle, 4 Vols., 1878–1898. Domínio público SÍNCRONO 6.2 1863 BAUDELAIRE, Charles; ACIERNO, Silvia; CRUZ, Julio Baquero. El pintor de la vida moderna (1863). Langre, 2008. Fonte da Imagem: Edição de 29 de Novembro de 1863 do jornal Le Figaro. Digitalização do jornal por gallica.bnf.fr / Bibliothèque nationale de France. ANACRÔNICO 1874 GOMPERTZ, Will. Isso é arte?: 150 anos de arte moderna. Do impressionismo até hoje. Brasil, Editora Schwarcz- Companhia das Letras, 2013. Fonte da imagem: Edição de 25 de Abril de 1874 do jornal Le Charivari. Digitalização do jornal por gallica.bnf.fr / Bibliothèque nationale de France. ANACRÔNICO 1888 ESTRADA, Luís Gonzaga Duque. A arte brasileira: pintura e esculptura. Imprensa a vapor H. Lombaerts & c., 1888. ANACRÔNICO 1894 STEPHENS, F.G. Dante Gabriel Rossetti, by F.G. Stephens ... Editora: Seeley, Local de publicação: Cambridge, Universidade de Harvard, Publicado em: 1894 ANACRÔNICO 1897 PITT-RIVERS, Augustus Henry Lane-Fox. Antique works of art from Benin. Printed privately, 1900. HOME, Robert. City of Blood Revisited: A new look at the Benin Expedition of 1897. R. Collings, 1982. Fonte da imagem: Capa de um exemplar de Antique Works of Art From Benim. Imagem de © 2022 Jorge Welsh Works of Art Ltd