Créditos: Isabella Retondar; André Luiz Silva Santos; Eduardo Justiniano Moura
Trabalho final para a disciplina de Teoria, Crítica e História da Arte 3 do Instituto de Artes da UnB.
O infográfico consiste numa linha do tempo separada em eixos diacrônicos, sincrônicos e anacrônicos, que faz um levantamento de acontecimentos relativos à teoria, história, historiografia e crítica de arte na Europa do século XIX.
1. 1801
Na Inglaterra, iniciou-se o concurso para encontrar
arquitetos para projetar a sede do Parlamento Britânico,
no qual Sir Charles Barry, especialista no estilo
renascentista e expoente do neoclássico, colabora com
A.W.N. Pugin, especialista em estilo gótico, para os
projetos do prédio. O que resultou em uma edificação
que (de acordo com a visão de Gombrich em A História
da Arte) reflete bem a dualidade da época entre o
neoclássico com o ressurgimento do gótico.
Ressurgimento esse que já havia sido apontado pela obra
de Hegel no mesmo ano.
1835
1818
Caspar Friedrich, um mestre notável do romantismo
germânico do século, propõe uma espécie de sinestesia
entre arte, natureza e filosofia. Nos escritos de Schiller
sobre o sublime, a natureza e a arte também trazem este
caráter. Em seu quadro, Friedrich dá vida a esses
conceitos ao retratar um sujeito que está em contato com
a natureza, o divino, o misticismo e as emoções humanas.
1805
1810
1828
L i n h a d o
t e m p o -
s é c . X I X
1808
Em 1828, ilustrações litográficas de Eugène Delacroix
fornecem uma visualização macabra da sinistra história de
Fausto, um homem que vende sua alma ao diabo,
Mefistófeles, em troca de conhecimento infinito e
prazeres mundanos. A história de Fausto originou-se
como um conto popular alemão medieval. Christopher
Marlowe foi o primeiro escritor a trazê-lo para o palco,
em uma adaptação de 1604 da história. Mas é a versão
de Goethe de 1808 que ainda hoje é considerada a
clássica. A exploração magistral de técnicas litográficas de
Delacroix – como riscar irregularmente pretos profundos
para criar destaques brancos “nervosos” – reforça
expressivamente a mensagem sinistra do conto, assim
como as cenas noturnas implacáveis e os membros
angulosos e semelhantes a insetos dos personagens.
Goethe publicou "Zur Farbenlehre", (Teoria das
cores) em 1810, como oposição para as teorias de
Newton sobre a cor. Disputando a crença tradicional de
que a luz 'branca' do sol era pura, Newton usou prismas
para mostrar que a luz realmente contém pelo menos
sete matizes que eram 'primários' e irredutíveis. O círculo
"cromático" de Goethe, ilustrava a oposição da cor
percebida pelo olho humano. As teorias de Newton
excluíam a fisiologia do olho, enquanto Goethe fazia o
oposto e se concentrava na experiência da percepção do
espectador. Essa diferença de concepção mostrou-se
crucial para o campo da teoria da arte em compreender
os efeitos de recepção das cores de uma pintura.
Lançado o livro Vorlesungen über die Ästhetik
(Lectures on Aesthetics, no inglês, A Arquitetura, no
português), sendo uma compilação de notas e
apresentações das aulas de Friedrich Hegel. Obra que
serviu como aporte teórico e, ao mesmo tempo, como
reflexo, da revalorização do estilo gótico arquitetônico no
período, em especial na Alemanha.
A tragédia Fausto de Goethe, é uma obra que parece
sugerir à humanidade, a possibilidade de uma fusão entre
espírito e natureza, finitude e infinito. Para Fausto, buscar
o conhecimento significa reconhecer o infinito que se
manifesta dentro das coisas finitas. Fausto chamava
atenção para um outro modo de olhar para a natureza,
como uma força viva e ativa em todas as suas dimensões,
e não apenas em algumas de suas partes fragmentárias.
Uma nova compreensão do sublime, proposta por
Schiller, a emoção sublime, na concepção de Schiller,
aponta uma saída do mundo sensível. O efeito do sublime
separa o físico do mental, o real do moral, o primeiro
sendo atingido por uma força terrível, o segundo por uma
sensação de emancipação provocada pela capacidade de
experienciar o infinito e o inatingível.O sublime eleva o
ser humano acima de sua natureza inerente como um
princípio humano separado do mundo sensível. O mundo visual é transformado nesta obra de Turner,
em um dilúvio de forças e energias. Turner retrata as
forças de atração e repulsão como uma típica dialética do
sublime na natureza. A brutalidade do mar, que aterroriza
e ameaça aqueles que lutam para salvar uns aos outros e
a si mesmos, simboliza o dramático conflito entre os
poderes da natureza e o espírito do ser humano.
DIACRÔNICO
SINCRÔNICO
ANACRÔNICO
2. 1860
1863
1874
1888
1894
1897
1855
Jules Champfleury- “Sobre o Sr. Courbet: Carta a
Madame Sand".
1853
Em 1853 Rudolf Eitelberger se torna professor de
história da arte na cátedra de História da Arqueologia da
Arte, sendo uma das pioneiras cátedras da disciplina da
época, se tornando um dos (também) pioneiros
professores da área. Sua posse como professor na
cátedra marca um dos icônicos acontecimentos para o
despontamento da chamada Escola de Viena, conjunto de
pensadores que romperam com o modo “Positivista”
vigente no campo artístico da época, buscando focar no
fenômeno da Visualidade.
François Felix Fleury-Husson (Champfleury) foi um
crítico francês, obteve a partir de seu contato com
Courbet o desenvolvimento de suas teses realistas, sendo
também defensor do movimento. O texto é uma reflexão
sobre a recusa dos juris do Palácio de Belas Artes em
expor a arte de Courbet, que o leva a organizar uma
própria exposição com 44 obras, além de um manifesto
intitulado “O realismo”. Adiante, pode-se extrair do
escrito uma crítica ao conceito de belo e sua valorização
acadêmica, além de uma defesa realista social, sobretudo
em anteposição ao viés romântico e a idealização factual,
na contemporaneidade dos acontecimentos.
Charles Baudelaire lança, através de ensaios em 3
edições do jornal Le Figaro, O Pintor da Vida Moderna.
Nesta obra, o autor lança um olhar de exame teórico
sobre a sociedade de sua época, a partir de uma
perspectiva artística, levantando questionamentos acerca
de como se operava a figura do pintor e, sobretudo, do
que se pode chamar modernidade, sendo nesse aspecto
de mister importância para a compreensão de como
entendemos esse fenômeno/período. Além de salientar a
potência da mídia impressa para o cenário artístico
daquele período e, consequentemente, a potência do
papel da crítica que já havia sido exemplificada por
Champfleury anteriormente.
Jakob Burckhardt publica A civilização do
Renascimento na Itália, obra de maior importância da
época para a análise da vida social e política dos séculos
XIV e XV na Itália. Imagem acima mostra a página-título
do primeiro volume de 1878 da obra de Eugéne Müntz
lançada em 4 volumes, obra de grande importância de
síntese sobre a arte do Renascimento europeu, que
Germain Bazin em A História da História da Arte
considera que complementa a obra de Burckhardt, por
esta não se debruçar diretamente sobre a arte do
período. Esse despontamento de obras acadêmicas de
pesquisa em História da Arte, dialoga com a solidificação
da disciplina em Viena em anos passados.
Acontece a primeira Exposição dos Impressionistas,
debutando em exposição as obras de Monet, Degas,
Reonir, Pissarro, Morisot e entre outros. Evidente que,
nesta primeira exposição, o movimento não possuía este
nome, sendo fruto da edição de 25 de Abril daquele ano
do jornal Le Charivari, em que foi publicada a crítica de
Louis Leroy à exposição e que nomeou (a princípio em
tom de deboche) o movimento Impressionismo.
Frederic George Stephens, crítico de arte, assim como
Rossetti membro da academia Pré-Rafaelita, publica em
1894 “Dante Gabriel Rossetti” livro o qual contempla de
forma rica a trajetória artística de Rossetti, abordando desde
sua obra mais popular“ Proserphine” a “Genevieve” seu
primeiro esboço completo. Sendo o livro além de uma
crítica um tributo a Rossetti, acaba por projetar seu trabalho
artístico, findando por ser um expoente prático do propósito
pré-rafaelista de rompimento com o academicismo
imperativo.
No Brasil, Gonzaga Duque atua de maneira efetiva na
abordagem da crítica de arte traduzindo-a de uma forma
relevante e pertinente por meio da imprensa, em um
contexto onde um apelo popular fazia-se necessário, já
que a literatura mostrava-se desproporcionalmente
estimada se comparada às artes plásticas. Dentre suas
obras, destaca-se o livro "A arte brasileira" de 1888,
onde pode-se encontrar um apanhado crítico da arte no
Brasil desde o período colonial.
No ano de 1897, acontece a Expedição Punitiva do
Benim, uma expedição britânica no território que resultou
na destruição do Reino do Benim (que viria a ser anexada
à colônia da Nigéria) e em um dos maiores saques de
obras de arte do continente africano, que foram
transferidas para a Inglaterra. Três anos depois, é
lançado o livro Antique Works of Art From Benin, em
1900, que aparenta ser o primeiro título de livro onde a
palavra “arte” é associada com a produção africana.
Imagem da capa do livro acima.