3. VAZIOS URBANOS
Os vazios urbanos podem ser
interpretados de várias formas:
podem ser caracterizados por áreas
verdes, praças em alguns casos
(como praças deterioradas),
espaços entre edificações, áreas
desocupadas que se localizam
entre a periferia da cidade e de
novos loteamentos que são
consideradas para a expansão da ci
dade, e espaços residuais,
formados pelo processo capitalista
do ramo imobiliário.
(BORDE,2012).
Imagem 3 – Exemplo de vazio ur-
bano em São Paulo
Fonte: V
azio s/a
4. Estes espaços residuais em grande parte são: ruínas, espaços
abandonados, áreas ocupadas por estruturas obsoletas, terrenos
subtilizados e imóveis ociosos. Na maioria das vezes os vazios urbanos
não são qualificados como áreas livres de preservação ou com alguma
função social. São localizados em pontos favoráveis dos grandes centros
urbanos e possuem como principal interesse o alto valor imobiliário, assim
dando característica a especulação imobiliária.
5. Fonte: Fotografia do autor
As características dos Vazios Urbanos são antigas, mas vem
aumentando cada vez mais no conteúdo das novas cidades contemporâneas.
Esta cultura que vem nos perseguindo, na qual a sociedade analisa o lote
como uma expressão do poder da propriedade privada (uma simples área de
negociação), não como uma área de espaço urbano. Em grandes cidades pelo
mundo como Paris, Barcelona, Berlim e outras, estes vazios urbanos são
vistos como forma de deterioração urbana, como uma análise de decadência
daquele local.
6. Ao intervirmos nestes vazios urbanos vamos
dar uma nova característica para aquele local,
dando um melhor uso para o terreno e uma nova
imagem para a cidade. (BELTRAME, 2013)
8. Quando os vazios urbanos são ocupados, eles possuem uma grande
utilidade para a malha urbana. Nestes vazios podem ser propostos uma
infraestrutura pública como: praças, áreas de preservação, uso de interesse
social (escolas, hospitais, habitação) e outros. O principal objetivo, é dar uma
utilidade para o local, e não o utilizar apenas como um bem de
valorização.(SPERANDIO, 2015)
Fonte: Revista globo rural / LucasAlenca
FORMAS DE OCUPAÇÃO DE VAZIOS URBANOS
Hortas Urbanas
10. Evolução da ocupação das quadras urbanas
Evolução e a ocupação das quadras
urbanas, a partir da segunda metade do século
XIX até o final do século XX, analisando as
diferentes formas projetais desta evolução e a
influência causada por elas no desenho urbano.
A primeira etapa do uso das quadras
urbanas foi considerada a quadra da cidade
tradicional. Elas continham grandes massas
compactadas onde o objetivo estava em possuir
grandes áreas construídas, com poucos
espaços livres, que eram feitos apenas para o
uso da ventilação e da iluminação. O pouco
espaço público que as quadras possuíam se
dava pelas passagens dos pedestres em seu
entorno, onde a arquitetura era restrita a
fachada. (FIGUEROA, 2006).
Fonte: Vitruvius / Mário Figueroa
QUADRA DA CIDADE TRADICIONAL
11. O Boulevard Haussmann,
em Paris
O arquiteto Ildefonso Cerdá desenvolveu seu método da ocupação
das quadras em Barcelona, onde traçou uma grelha ortogonal na cidade
com quadras de 113 metros por 113 metros deixando vias de 20 metros
de largura.
Fonte: Vitruvius / Mário Figueroa
12. As quadras tinham a ocupação perimetral de dois ou três lados, onde a
edificação não ocupava mais de dois ou três lados da área do local, criando
grandes áreas verdes dentro das quadras e se abrindo para a cidade.
(SANTANA, 2012)
Quadra de Cerdá e sua evolução.
Fonte: Iniciação Científica / Santana
13. Maquete de um setor
do plano de Barcelona
Outro método a ser considerado na evolução das quadras, é a quadra
com ocupação perimetral, a qual possui um grande espaço livre entre as
edificações, assim dando uma melhor ventilação e iluminação para os
ambientes e valorizando mais os aspectos arquitetônicos das fachadas.
Fonte: Iniciação Científica / Santana
14. Quadra de ocupação perimetral
Fonte: Vitruvius / Mário Figueroa
Fachada do conjunto habitacional Karl Marx Hoff
2015 Fonte: Wikipédia
Um dos seus principais exemplos é o conjunto Karl Marx Hoff, elaborada
por Karl Elm em 1927 e finalizada em 1930. Ela possuí 6 andares, com 1382
apartamentos de 1 a 2 dormitorios, onde os volumes da edificação são voltados
para a grandepraça localizada no centro da quadra. Sua fachada possuí uma alta
volumetria cau- sada pelas sacadas, e os grandes arcos que unem as vias públicas
ao conjunto. (LUZANTONIS, 2012)
15. Chegamos no momento no qual há uma
inversão de tipologia das quadras, até este
exato momento o lote é quem definia a
edificação. A partir desta evolução conhecida
como quadra de edifícios laminares
paralelos, percebemos que a unidade de
volume de habitação é o elemento principal
para a formação da cidade.
De acordo com o arquiteto Mário
Figueroa (2006):
A escolha pela forma laminar pelos
urbanistas modernos basicamente é a
mesma que aproximou os arquitetos:
ausência de hierarquia entre as partes,
capacidade de crescimento ilimitado, equiva-
lência de condições para os distintos
elementos, relação de proximidade entre o
espaço interior e o espaço exterior.
Quadra com edifícios laminares
Fonte: Vitruvius / Mário Figueroa
17. No trajeto da evolução da quadra com
edifícios laminares o arquiteto Le
Corbusier inovou este estilo de habita-
ção, com o conceito da QUADRA
CIDADE onde existe o aspecto de
espaços públicos contínuos, pois as
edificações são suspensas por pilotis,
assim não caracterizando mais as
edificações com o sistema viário.
(FIGUEROA, 2006)
Unite d’ Habitation.
Fonte: Skyscrapercity
18. Um dos principais exemplos
brasileiros deste modo de
ocupação de quadra, é a
SUPERQUADRA DE
BRASÍLIA, onde o arquiteto
Lucio Costa, deixou visível o
conceito de espaços públicos
contínuos e as necessidades
diárias dos moradores na
própria quadra.
19. No início dos anos cinquenta o arquiteto húngaro Yona
Frinendam, estava insatisfeito com a forma de projeção das
quadras modernistas.
Ele acredita que elas não conseguiam suprir todas as
necessidades dos moradores, e assim, querendo revolucionar
este conceito com as quadras conhecidas por
MEGAESTRUTURAS, planejou uma cidade em cima de outra
cidade. (MARIANO, 2016)
20. O método a ser
implantando nas
megaestruturas era criar uma
topografia artificial, utilizando
uma grande quantidade de
estruturas e tecnologias, dando
toda a infraestrutura necessária
para os moradores na própria
edificação e assim criando uma
cidade em cima de outra cidade.
Croqui da Ville Spa tiale
Fonte: yonafriedman.nl
Barbican Centre, centro de artes, Londres
Fonte: yonafriedman.nl
21. Uma das últimas etapas desta
evolução é a quadra pós-moderna
contextualista, onde retornamos
ao início desta evolução.
Aqui trazemos o conceito de
ocupação perimetral para as
edificações, com o desenho de
rua tradicional, dando um maior
valor as esquinas onde é feito o
acesso ao centro da quadra,
criando assim um espaço coletivo
com grandes áreas verdes.
(FIGUEROA, 2006)
Quadra pós-moderna
contextualista
Fonte: Vitruvius / Mário Figueroa
24. Quadra aberta
Para conseguirmos chegar no conceito de quadra aberta
precisamos analisar três eras da cidade de acordo com o arquiteto
francês Chiristian Portzamparc.
Ele manifestava sua preocupação com as cidades fazendo da
sua arquitetura uma arte pública, onde tinha como objetivo
transformar as quadras edificadas em um local mais agradável
para se morar ou simplesmente passar por ela.
25. Na PRIMEIRA ERA das
cidades o arquiteto citou a forma
compacta e fechada que as
quadras possuíam, o qual o
principal objetivo era a
quantidade de área construída,
não pensando nos espaços
públicos, eram totalmente
fechadas com pequeno acesso
para os moradores da edificação.
26. 54
Já na SEGUNDA ERA das cidades o
arquiteto reflete sobre a inversão da
topologia da primeira era para a
segunda, na qual as quadras não eram
mais totalmente fechadas pela
construção.
As edificações eram espalhadas pelo
lote, perdendo assim a racionalidade
das ruas e do espaço público para o
privado.
Fonte: Revista Òculum número 9
27. A TERCEIRA ERA é uma junção
entre a primeira com a segunda, na qual a
quadra urbana consegue conciliar o
espaço público do privado, explorando o
conceito de miolo de quadra com
grandes praças e áreas verdes.
Les Hautes Formes, Paris
Apesar das grandes mudanças
arquitetônicas feitas na quadra aberta no
decorrer do tempo, as principais
características dela são as mesmas,
como a permeabilidade do solo e o
principal conceito de unir a edificação
privada com os grandes espaços
públicos que envolve o centro da quadra.
(GUERRA, 2011)
Fonte: Portzamparc
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De acordo com o arquiteto Chiristian Portzamparc(1992):
A Quadra Aberta permite reinventar a rua: legível e ao mesmo
tempo realçada por aberturas visuais e pela luz do sol.
Os objetos continuam sempre autônomos, mas ligados entre
eles por regras que impõem vazios e alinhamentos parciais.
Formas individuais e formas coletivas coexistem. Uma
arquitetura moderna, isto é, uma arquitetura relativamente livre
de convenção, de volumetria, de modenatura, pode desabrochar
sem ser contida por um exercício de fachada imposto entre duas
fachadas contíguas.
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Exemplos de ocupação quadras abertas
New York Riverside City Center
O projeto New York Riverside City
Center foi criado pelo arquiteto francês
Christian Portzamparc no ano de 2005,
ele está localizado nos Estados Unidos da
América em Nova Iorque, na parte oeste
de Manhattan. Sua composição é definida
por cinco blocos de edificações no entorno
de uma praça central aberta para a cida-
de, conseguindo harmonizar o uso público
ao mesmo tempo do privado. (PORT-
ZAMPARC, 2005)
Fonte: Portzamparc
30. As edificações são
compostas por diferentes alturas,
onde os blocos maiores são
residenciais, os médios para uso
de escritórios e, os menores para
o comér- cio local. Sua superfície
possuí 297,289m² com o ponto
mais alto chegando a 200 metros.
Conjunto de blocos da quadra Riverside City Center
Fonte: Portzamparc
31. “8 House”
Já o projeto “8 House” está situada na Dinamarca, na cidade de Copenhague. Foi projetado pelo
grupo de arquitetos Bjarke Ingels Group, em 2009. Sua princi- pal proposta era criar uma habitação
para todas as idades e todos os tipos de famí- lia, pela forma geométrica da edificação e das camadas
que foram criadas entre os andares dos apartamentos e do comércio, com isso, conseguiram uma
qualidade de ventilação e iluminação muito boa. Os apartamentos são localizados na parte su- perior
da edificação e a parte inferior fica para o uso comercial.(VIEIRA, 2011)
Proposta de iluminação e
ventilação 8 House
Fonte: Big.dk
8 House
Fonte: Big.dk
32. Bairros Novos em São Paulo
Esta habitação de interesse social foi a
ganhadora do concurso bairros novos em São
Paulo, de 2004. Seus cria- dores foram os
arquitetos: Dante Furlan, Euclides Oliveira e
Carolina de Carvalho. O principal objetivo desta
habitação foi a integração da quadra com sua
vizinhança, fazer com que os veículos e pessoas
con- sigam transitar no mesmo ambiente, su- prir
as necessidades diárias do trabalho, circulação,
lazer e atingir integrar o espa- ço público com o
privado.(CARVALHO, 2004)
Implantação do ganhador
do prêmio bairros novos
em São Paulo
Fonte: Vitruvius Imagem do Autor do projeto
Os blocos das edificações possuem
no máximo seis andares, são divididos em
lotes regulares de 1.250m² e 2.500m²,
utilizando apenas cinquenta por cento do
terreno, assim criando grandes áreas
verdes, tanto na praça central de uso
coletivo, quanto nas áreas privadas de
cada bloco.
Fachada ganhador do prêmio bairros
novos em São Paulo
Fonte: Vitruvius Imagem do Autor do projeto
33. Prêmio da CDHU de Atibaia
Este projeto realizado no ano de 2010, foi o
ganhador do concurso público nacional de
arquitetura para novas tipolo- gias de habitação
de interesse social sustentáveis. Os arquitetos
responsáveis por ele são: Monica Drucker e
Ruben Carlose. A proposta para esta habitação
era conseguir uma tipologia de quadras abertas,
onde serviriam de modelo para todo território
brasileiro. (DRUCKER, 2010)
Volumetria da CDHU
de Atibaia
Fonte: Monicadrucker
Um dos principais desafios encontrados
nesta habitação era conseguir restabelecer a
relações sociais dando uma nova identidade
urbana para o local, conciliar a necessidade dos
habitantes com comércios locais, áreas para
lazer, moradia digna, manter a relação dos
espaços públicos e privados e promover uma
arquitetura sustentável de baixo custo.