LISTA DE EXERCICIOS envolveto grandezas e medidas e notação cientifica 1 ANO ...
Trovadorismo
1.
2. • Designa-se por Trovadorismo o período queDesigna-se por Trovadorismo o período que
engloba a produção literária de Portugal duranteengloba a produção literária de Portugal durante
seus primeiros séculos de existência (seus primeiros séculos de existência (séc. XII aoséc. XII ao
XVXV))..
• Durante essa época a poesia alcançou grandeDurante essa época a poesia alcançou grande
popularidade, não somente entre os nobres da cortepopularidade, não somente entre os nobres da corte
mas também entre as pessoas comuns do povo.mas também entre as pessoas comuns do povo.
• Os poemas eram cantados e acompanhados deOs poemas eram cantados e acompanhados de
instrumentos musicais e danças, por causa disso,instrumentos musicais e danças, por causa disso,
foram denominadosforam denominados cantigas.cantigas.
3. • Momento final da Idade Média naMomento final da Idade Média na
Península Ibérica, onde a culturaPenínsula Ibérica, onde a cultura
apresenta a religiosidade comoapresenta a religiosidade como
elemento marcante.elemento marcante.
• A vida do homem medieval éA vida do homem medieval é
totalmente norteada pelos valorestotalmente norteada pelos valores
religiosos e para a salvação da alma.religiosos e para a salvação da alma.
• São comuns procissões, romarias,São comuns procissões, romarias,
construção de templos religiosos,construção de templos religiosos,
4. • A arte reflete, então, esse sentimentoA arte reflete, então, esse sentimento
religioso em que tudo gira em torno dereligioso em que tudo gira em torno de
Deus.Deus.
• Por isso, essa época é chamada dePor isso, essa época é chamada de
Teocêntrica.Teocêntrica.
• As relações sociais estão baseadasAs relações sociais estão baseadas
também na submissão aos senhorestambém na submissão aos senhores
feudais. Estes eram os detentores dafeudais. Estes eram os detentores da
posse da terra, habitavam castelos eposse da terra, habitavam castelos e
exerciam o poder absoluto sobre seusexerciam o poder absoluto sobre seus
servos ou vassalos.servos ou vassalos.
5. • Há bastante distanciamento entre asHá bastante distanciamento entre as
classes sociais, marcando bem aclasses sociais, marcando bem a
superioridade de uma sobre a outra.superioridade de uma sobre a outra.
• O marco inicial do TrovadorismoO marco inicial do Trovadorismo
data da primeira cantiga feita pordata da primeira cantiga feita por
Paio Soares Taveirós,Paio Soares Taveirós,
provavelmente em 1198, entituladaprovavelmente em 1198, entitulada
Cantiga da Ribeirinha.Cantiga da Ribeirinha.
6. • A poesia desta época compõe-seA poesia desta época compõe-se
basicamente de cantigas, geralmente combasicamente de cantigas, geralmente com
acompanhamento de instrumentosacompanhamento de instrumentos
(alaúde, flauta, viola, gaita etc.).(alaúde, flauta, viola, gaita etc.).
• Os autores dessas cantigas eramOs autores dessas cantigas eram
chamados dechamados de trovadorestrovadores..
• Esses poetas faziam parte da nobreza ouEsses poetas faziam parte da nobreza ou
do clero e, além da letra, criavam ado clero e, além da letra, criavam a
música das composições que erammúsica das composições que eram
7. • Já nas camadas populares, quemJá nas camadas populares, quem
cantava e executava as canções,cantava e executava as canções,
mas não as criava, eram osmas não as criava, eram os jograis.jograis.
• Mais tarde, as cantigas foramMais tarde, as cantigas foram
copiladas em Cancioneiros.copiladas em Cancioneiros.
• Os mais importantes CancioneirosOs mais importantes Cancioneiros
desta época são o dadesta época são o da AjudaAjuda, o da, o da
BibliotecaBiblioteca NacionalNacional e o dae o da VaticanaVaticana..
8. • As cantigas eram cantadas no idiomaAs cantigas eram cantadas no idioma
galego-português e dividem-se em doisgalego-português e dividem-se em dois
tipos:tipos:
→→líricas (de amor e de amigo);líricas (de amor e de amigo);
→→ satíricas (de escárnio e mal-dizer).satíricas (de escárnio e mal-dizer).
• Do ponto de vista literário, as cantigasDo ponto de vista literário, as cantigas
líricas apresentam maior potencial poislíricas apresentam maior potencial pois
formam a base da poesia líricaformam a base da poesia lírica
9. • Origem em Provença, região da França.Origem em Provença, região da França.
• Trazidas através dos eventos religiosos eTrazidas através dos eventos religiosos e
contatos entre as cortes.contatos entre as cortes.
• Tratam, geralmente, de um relacionamentoTratam, geralmente, de um relacionamento
amoroso, em que o trovador canta seu amor aamoroso, em que o trovador canta seu amor a
uma dama, normalmente de posição socialuma dama, normalmente de posição social
superior, inatingível.superior, inatingível.
• Refletindo a relação social de servidão, oRefletindo a relação social de servidão, o
trovador roga a dama que aceite sua dedicaçãotrovador roga a dama que aceite sua dedicação
e submissão.e submissão.
• Eu-lírico -Eu-lírico - masculinomasculino
10. Perguntar-vos quero por DeusPerguntar-vos quero por Deus
Senhor fremosa, que vos fezSenhor fremosa, que vos fez
mesurada e de bon prez,mesurada e de bon prez,
que pecados foron os meusque pecados foron os meus
que nunca tevestes por ben que nunca tevestes por ben
de nunca mi fazerdes ben. de nunca mi fazerdes ben.
Pero sempre vos soub'amarPero sempre vos soub'amar
des aquel dia que vos vi,des aquel dia que vos vi,
mays que os meus olhos en mi,mays que os meus olhos en mi,
e assy o quis Deus guisar,e assy o quis Deus guisar,
que nunca tevestes por ben que nunca tevestes por ben
de nunca mi fazerdes ben.de nunca mi fazerdes ben.
11. Des que vos vi, sempr'o maiorDes que vos vi, sempr'o maior
ben que vos podia quererben que vos podia querer
vos quigi, a todo meu poder,vos quigi, a todo meu poder,
e pero quis Nostro Senhore pero quis Nostro Senhor
que nunca tevestes por ben que nunca tevestes por ben
de nunca mi fazerdes ben. de nunca mi fazerdes ben.
Mays, senhor, ainda con benMays, senhor, ainda con ben
se cobraria ben por ben.se cobraria ben por ben.
(Don Dinis, rei de Portugal que viveu entre(Don Dinis, rei de Portugal que viveu entre
1261 – 1325)1261 – 1325)
12. • Este tipo de texto apresenta um eu-líricoEste tipo de texto apresenta um eu-lírico
feminino.feminino.
• O trovador compõe a cantiga, mas oO trovador compõe a cantiga, mas o
ponto de vista é feminino.ponto de vista é feminino.
• Tem como tema o sofrimento da mulher àTem como tema o sofrimento da mulher à
espera do namorado (chamado "amigo"),espera do namorado (chamado "amigo"),
a dor do amor não correspondido, asa dor do amor não correspondido, as
saudades, os ciúmes, as confissões dasaudades, os ciúmes, as confissões da
mulher a suas amigas, etc.mulher a suas amigas, etc.
13. • Os elementos da natureza estãoOs elementos da natureza estão
sempre presentes, além de pessoassempre presentes, além de pessoas
do ambiente familiar, evidenciando odo ambiente familiar, evidenciando o
caráter popular da cantiga de amigo.caráter popular da cantiga de amigo.
• Eu-lírico -Eu-lírico - femininofeminino
14. Ondas do mar de Vigo,Ondas do mar de Vigo,
se vistes meu amigo!se vistes meu amigo!
E ai Deus, se verrá cedo!E ai Deus, se verrá cedo!
Ondas do mar levado,Ondas do mar levado,
se vistes meu amado!se vistes meu amado!
E ai Deus, se verrá cedo!E ai Deus, se verrá cedo!
15. Se vistes meu amigo,Se vistes meu amigo,
o por que eu sospiro!o por que eu sospiro!
E ai Deus, se verrá cedo!E ai Deus, se verrá cedo!
Se vistes meu amado,Se vistes meu amado,
por que hei gran cuidado!por que hei gran cuidado!
E ai Deus, se verrá cedo!E ai Deus, se verrá cedo!
Martin CodaxMartin Codax
16. Nessas cantigas os trovadoresNessas cantigas os trovadores
preocupavam-se em denunciar os falsospreocupavam-se em denunciar os falsos
valores morais vigentes, atingindo todasvalores morais vigentes, atingindo todas
as classes sociais: senhores feudais,as classes sociais: senhores feudais,
clérigos, povo e até eles próprios.clérigos, povo e até eles próprios.
Dividem-se em:Dividem-se em:
17. –Cantigas deCantigas de
escárnioescárnio - crítica - crítica
indireta e irônicaindireta e irônica
–Cantigas de maldizerCantigas de maldizer - -
crítica direta e maiscrítica direta e mais
grosseiragrosseira
18. Ai, dona fea, foste-vos queixar Ai, dona fea, foste-vos queixar
que vos nunca louv[o] em meuque vos nunca louv[o] em meu
cantar; cantar;
mais ora quero fazer um cantar mais ora quero fazer um cantar
em que vos loarei toda via; em que vos loarei toda via;
e vedes como vos quero loar: e vedes como vos quero loar:
dona fea, velha e sandia!... dona fea, velha e sandia!...
19. Dona fea, se Deus me perdon,Dona fea, se Deus me perdon,
pois avedes [a] tan gran coraçonpois avedes [a] tan gran coraçon
que vos eu loe, en esta razonque vos eu loe, en esta razon
vos quero já loar toda via;vos quero já loar toda via;
e vedes qual será a loaçon:e vedes qual será a loaçon:
dona fea, velha e sandia!dona fea, velha e sandia!
Dona fea, nunca vos eu loeiDona fea, nunca vos eu loei
en meu trobar, pero muito trobei;en meu trobar, pero muito trobei;
mais ora já un bon cantar farei,mais ora já un bon cantar farei,
en que vos loarei toda via;en que vos loarei toda via;
e direi-vos como vos loarei:e direi-vos como vos loarei:
dona fea, velha e sandia!dona fea, velha e sandia!
Joan Garcia de GuilhadeJoan Garcia de Guilhade
20. Maria Peres se mãefestou Maria Peres se mãefestou
noutro dia, ca por pecador noutro dia, ca por pecador
se sentiu, e log' a Nostro Senhorse sentiu, e log' a Nostro Senhor
prometeu, pelo mal em que andou,prometeu, pelo mal em que andou,
que tevess' um clérig' a seu poder, que tevess' um clérig' a seu poder,
polos pecados que lhi faz fazerpolos pecados que lhi faz fazer
o demo, com que x'ela sempr'andou. o demo, com que x'ela sempr'andou.
Mãefestou-se, caMãefestou-se, ca diz que s'achoudiz que s'achou
pecador mui't,pecador mui't, porém, rogadorporém, rogador
foi log' a Deus, ca teve por melhorfoi log' a Deus, ca teve por melhor
de guardar a El ca o que a guardoude guardar a El ca o que a guardou
E mentre E mentre viva diz que quer teerviva diz que quer teer
um clérigo, com que se defenderum clérigo, com que se defender
possa do demo, que sempre guardoupossa do demo, que sempre guardou
21. E pois que bem seus pecados catouE pois que bem seus pecados catou
de sa mor' ouv ela gram pavorde sa mor' ouv ela gram pavor
e d'esmolar ouv' ela gram sabor e d'esmolar ouv' ela gram sabor
E logo entom um clérico filhouE logo entom um clérico filhou
e deu-lhe a cama em que sol jazer e deu-lhe a cama em que sol jazer
E diz que o terrá mentre viverE diz que o terrá mentre viver
e esta fará; todo por Deus filhou. e esta fará; todo por Deus filhou.
E pois que s'este preitoE pois que s'este preito começou, começou,
antr'eles ambos ouve grand'amor.antr'eles ambos ouve grand'amor.
Antr'el Antr'el á sempr'o demo maiorá sempr'o demo maior
atá que se Balteira confessou.atá que se Balteira confessou.
Mais pois que viu o clérigo caer,Mais pois que viu o clérigo caer,
antre'eles ambos ouv'i antre'eles ambos ouv'i a perdera perder
o demo, dês que o demo, dês que (desde que)(desde que) s'ela confessou. s'ela confessou.