3. Pistrak e a Escola do Trabalho
CONTEXTO HISTÓRICO
VISÃO DE HOMEM
TEORIA E PRÁTICA
PAPEL DA EDUCAÇÃO/ RELAÇÃO TRABALHO-EDUCAÇÃO
ASPECTOS DIDÁTICOS
6. Visão de Homem
Homem como ser inteiro, ativo, consciente de seu papel dentro de seu contexto real.
Um novo homem intelectual, preocupado com a cultura, a política e com a sociedade de
seu tempo.
Homem OMINILATERAL
''A primeira questão que se coloca é que a
relação ciência e trabalho pressupõe um
processo formativo que compreenda a educação
para além da escola, no qual as experiências
sociais, políticas, profissionais, enfim, da
realidade são integradas ao processo de da
educação que toma o trabalho nas relações
amplas que o homem estabelece entre si e com a
natureza e proporciona o desenvolvimento
integral do homem, numa perspectiva
omnilateral. O trabalho, como atividade humana
concreta e social, intelectual e manual, técnica e
científica, não só apreende o espaço social como
um todo, mas é apreendido pelo mesmo.
Assim, o saber adquirido na escola, o saber
adquirido na experiência concreta e o saber das
relações sociais e políticas constituem-se como
um todo que formam, deformam e transformam
o trabalhador.” (PISTRAK)
7. Teoria e Prática
Pistrak elabora suas teorias com base na sua experiência nas escolas soviéticas no
período pós-revolucionário. Uma de suas maiores preocupações girava em torno da
necessidade do aprofundamento da teoria e da compreensão e ação na realidade por
meio do materialismo histórico-dialético por parte do educador. Em um trecho de seu
livro ele afirma:
,
Em reuniões que tive nos últimos anos com muitos
companheiros em congressos, conferências, cursos,
debates, etc., sempre observei um mesmo fenômeno:
o professor primário procura avidamente respostas
detalhadas a uma porção de questões práticas,
metodológicas, didáticas e outras: “Como agir neste
caso?” “Como aplicar esta ou aquela parte do
programa?”, “Como organizar na escola esse ou
aquele trabalho?”, etc. Estudando centenas de
perguntas feitas por escrito aos relatores em
diferentes lugares, percebe-se facilmente que a
massa dos professores se apaixona principalmente
por questões práticas; mas a teoria deixa os
professores indiferentes, frios, para não falar de
estados de espírito ainda menos receptivos.
(PISTRAK)
8. Teoria e prática
Pistrak objetivava destruir as bases da antiga escola autoritária burguesa, que se pretendia
apolítica e neutra, mas que na verdade estava a serviço da classe dominante. Nesta
perspectiva, nenhum problema escolar pode ser tratado descolado das questões políticas
gerais.
Para resolver o problema e para que a nova escola soviética obtenha sucesso, o autor afirma
que é necessário compreender três pontos:
1. Sem uma teoria revolucionária, não existe prática revolucionária, apenas acrobacias
pedagógicas sem finalidade social, buscando apenas resolver problemas pontuais, caso a
caso. Alerta que deve ocorrer uma revisão de valores a luz da pedagogia social e que antes
de pensar em métodos de ensino de cada disciplina, o educador deve demonstrar porque ela é
necessária.
2. Adotar a teoria marxista como uma arma capaz de transformar a escola e desta forma,
devemos adotá-la na prática sem alterações. Que o professor munido destes pressupostos
seja capaz de criar um bom método pedagógico.
3. Para que a pedagogia social torne-se viva e eficaz é necessário que o professor
transforme-se em um militante social ativo.
Em sua concepção de escola e educação não poderia haver sucesso da pedagogia social se o
professor estivesse isolado, já que o trabalho educativo deve ser coletivo.
9. Papel da educação
A educação pistrakiana fundamenta-se numa perspectiva histórica de formação de uma
sociedade crítica revolucionária, que compreende o projeto burguês e luta para superar a
sociedade de classes, a propriedade privada dos meios de produção,as suas estruturas
paradoxais. A educação é entendida por Pistrak como uma poderosa ferramenta capaz de
fomentar a construção do socialismo na Rússia, devendo a mesma romper com os preceitos do
capitalismo. O que estava em jogo era a formação integral da humanidade, reinventando a
cultura e novos princípios formativos do e para o mundo. Os conteúdos do ensino oferecidos
às novas gerações teriam o papel de armar a criança para a construção de uma nova ordem,
com novos conhecimentos e além dos conteúdos escolares, explorando e problematizando as
mediações com a sociedade do presente. Segundo Pistrak, o objetivo do educando é adquirir a
ciência, e “os objetivos do ensino e da educação consistem numa transformação dos
conhecimentos em concepções ativas”. Articula-se, portanto, ciência, realidade e trabalho para
a formação de trabalhadores completos.
10. Relação trabalho - educação
Pistrak concebe a escola do trabalho como um instrumento que capacite o homem a
compreender seu papel na luta internacional contra o capitalismo, o espaço ocupado pela
classe trabalhadora nessa luta e o papel de cada um, no seu espaço, para travar a luta contra as
velhas estruturas. Uma vez que a realidade atual se dá na forma da luta de classes, trata-se de
penetrar nessa realidade e viver nela – daí a necessidade da escola educar os jovens conforme
a realidade do momento histórico -, compreendendo-a e, por sua vez, a transformando. A
educação é também uma forma de ação político-social que não se limita a interpretar o
mundo, mas que procura pela prática educativa, desenvolver uma ação transformadora do
real. Entender, ter consciência dos processos que se reproduzem através do ensino é na
verdade compreender as modificações produzidas por uma sociedade que tem no sistema
capitalista a justificativa para toda a estratificação do trabalho e do trabalhador. É
compreender que a organização do trabalho na escola prepara os estudantes para o trabalho
em sociedade.
“O trabalho na escola, enquanto base da educação, deve estar ligado ao
trabalho social, à produção real, a uma atividade concreta socialmente
útil, sem o que perderia seu valor essencial, seu aspecto social,
reduzindo-se, de um lado, à aquisição de algumas normas técnicas, e, de
outro a procedimentos metodológicos capazes de ilustrar este ou aquele
detalhe de um curso sistemático. Assim, o trabalho se tornaria anêmico,
perderia sua base ideológica “(Pistrak).
11. Citação de
Manacorda
O fim é formar uma vida da comunidade em que
ciência e trabalho pertençam a todos os indivíduos.
Isso significa que a escola não pode deixar de se
configurar a não ser como o processo educativo em
que coincidem a ciência e o trabalho; uma ciência
não meramente especulativa, mas operativa, porque
sendo operativa, reflete a essência do homem, sua
capacidade de domínio sobre a natureza; um
trabalho não destinado a adquirir habilidades
parciais do tipo artesanal, porém o mais articulado
possível, pelo menos em perspectiva, à tecnologia da
fabrica, a mais moderna forma de produção
(MANACORDA).
15. Os trabalhos sociais que não
exigem conhecimentos
especiais
A escola deve ser um centro
cultural capaz de participar da
vida social
16. As oficinas
No início da revolução o
trabalho na escola era
desenvolvido através da
escultura, desenho, trabalho
com papelão e diferentes tipos
de modelagem.
Trabalho e aula não possuíam
canais de comunicação
Pistrak assume o papel da
oficina profissional nas escolas,
instituídas em outubro de 1918
por um Regulamento sobre a
“Escola Única do Trabalho”, em
que o trabalho na oficina escolar
liga-se ao estudo dos ofícios
artesanais, urbanos ou rurais,
enfatizando seu valor específico.
17. O trabalho agrícola
No campo, a escola é o centro culturalmais importante, daí sua
importância em formar os organizadores do futuro,
conquistando o apoio da população, mostrando que a
instituição infantil está à altura de suas tarefas sociais.
“divulgar no campo a influência cultural da cidade” (p. 62).
18. A fábrica
“Toda a realidade atual desemboca na fábrica” (p. 67).
“o que é importante, do ponto de vista pedagógico, é que as
crianças tenham o sentimento de colaborar na produção; o que
também é importante é que tenham a liberdade de estudar a
fábrica em todas as suas partes” (p. 69).
20. Objetivo da escola
Formar crianças para serem
trabalhadores completos.
Necessidade da escola
fornecer uma formação
básica técnica e social que
possibilite o educando a
orientar-se na vida real.
“Temos ainda o hábito de impor aos alunos
que chegaram ao fim de seus estudos
escolares a passagem por um purgatório
de provas de todos os tipos e nomes:
composições, trabalhos trimestrais,
trabalhos práticos, revisão de
conhecimentos, etc. simples camuflagem
dos exames infernais!” (p. 79).
21. O complexo
[...] o objetivo do esquema do programa oficial é ajudar o aluno a
compreender a realidade atual de um ponto de vista marxista, isto é,
estudá-la do ponto de vista dinâmico e não estático. Estudasse a realidade
atual pelo conhecimento dos fenômenos e dos objetos em suas relações
recíprocas, estudando-se cada objeto e cada fenômeno de pontos de vista
diferentes. O estudo deve mostrar as relações recíprocas existentes ente os
aspectos diferentes das coisas, esclarecendo-se a transformação de certos
fenômenos em outros, ou seja, o estudo da realidade atual deve utilizar o
método dialético. (p. 134),
22. Primeira interpretação
Cada disciplina abordaria o objeto
de estudo de acordo com as suas
especificidades, sem a preocupação
de interligar disciplinas entre si,
tampouco as questões de fundo que
as perpassam ou transpassam.
23. Segunda interpretação
“o desenvolvimento de ideias
sugeridas por um objeto, a
concentração de todo programa de
ensino sobre um dado objeto,
durante um tempo
determinado”.(p. 133)
25. Assembleia geral das Crianças
O professor é apenas um membro.
A auto-organização das crianças é uma escola de responsabilidades
assumidas.
A cooperativa escolar.