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A lírica de Camões permaneceu praticamente inédita. A sua primeira
compilação póstuma é datada de 1595, e organizada sob o título de As
Rimas de Luís de Camões, por Fernão Rodrigues Lobo Soropita.
Luís de Camões foi um poeta, o maior representante do Classicismo
português.
Luís de Camões nasceu em Coimbra ou Lisboa, e não se sabe o local exato
nem o ano de seu nascimento, supõe-se que terá sido por volta de 1524.
Filho de Simão Vaz de Camões e Ana de Sá e Macedo, ingressou no Exército
da Coroa de Portugal e em 1547, embarcou como soldado para o norte de
África, onde participou da guerra contra os infiéis, muçulmanos, em
Marrocos, e em combate perdeu o olho direito.
Em 1552, de volta a Lisboa, frequentou tanto os serões da nobreza como
as noitadas populares. Numa briga, feriu um funcionário real e foi preso.
Embarcou para a Índia em 1553, onde participou de várias expedições
militares. Em 1556, numa expedição foi para a China. Em 1570, voltou para
Lisboa, já com os manuscritos do poema Os Lusíadas, que foi publicado em
1572, com a ajuda do rei D. Sebastião. Terá morrido, talvez, no ano de 1580.
Renascimento, Renascença ou Renascentismo são os termos usados para
identificar o período da História da Europa aproximadamente entre fins do
século XIV e o fim do século XVI.
Os conceitos perfeição, equilíbrio, simetria, harmonia são palavras-chave
do Renascimento.
A cultura renascentista e moderna é considerada antropocentrista, em
contraposição ao suposto teocentrismo da Idade Média. A transição da
cultura medieval à moderna é frequentemente vista como a passagem de
uma perspetiva filosófica e cultural centrada em Deus a uma outra,
centrada no homem.
Neste período a experiência adquirida/experiência feita sobrepunha-se ao
saber livresco, as antigas verdades foram postas em causa.
Galileu foi julgado pela Inquisição por defender a teoria heliocêntrica.
A obra de Camões apresenta-se relacionada com a corrente tradicional e
com a corrente renascentista ( dolce stil nuovo). Nestas correntes as formas
e as métricas utilizadas são diferentes.
Na corrente tradicional, através da influência do Cancioneiro Geral de
Garcia de Resende temos como formas as esparsas, as endechas, as
cantigas e os vilancetes. Cantiga é a denominação de certos poemas
constituídos por um mote de quatro versos e glosas de oito a dez versos
e o vilancete é constituído por um mote de dois ou três versos e duas ou
mais glosas de sete versos, nestas composições a métrica utilizada é a
«medida velha» ( redondilha maior e menor). Temos outros tipos de
influências, a lírica trovadoresca está relacionada com os cenários (a fonte
e o campo), o sofrimento amoroso do sujeito poético face à mulher amada
(coita de amor), a saudade, a vassalagem amorosa, a perfeição da mulher
amada e a morte como fuga ao sofrimento.
Os temas tradicionais mais frequentes são: a saudade «Verdes são os
campos»; a caracterização da mulher amada «Pastora da serra», o
desconcerto do mundo «Os bons vi sempre passar»; a ambição «Perdigão
perdeu a pena», e a coita de amor «Saudade minha».
Na corrente renascentista, devido à influência da Antiguidade clássica,
surgem os sonetos, as canções, as odes, as éclogas (Petrarca foi um poeta
italiano que inventou o soneto na sua forma fixa e este foi introduzido em
Portugal por Sá de Miranda, em 1527). A medida utilizada é a «nova», que
se caracteriza pelo verso decassílabo. O soneto é caracterizado por ter duas
quadras e dois tercetos (quanto à forma) e conter a «chave de oiro», verso
ou versos que encerram um pensamento elevado, que «resume», conclui a
ideia apresentada inicialmente.
Os temas renascentistas são: a tentativa de definir o amor «Amor é fogo
que arde»; a mudança «Mudam-se os tempos, mudam-se»; a Natureza
«Alegres campos», a vida infeliz do sujeito lírico «O dia em que nasci»; o
desconcerto do mundo, a busca do sentido da existência, entre outros.
Camões é influenciado, na sua obra, por filósofos e poetas.
Camões é petrarquista quando: A natureza é confidente das mágoas do
poeta; a natureza é espelho do estado de espírito do sujeito lírico, é alegre
na presença da mulher amada -locus amoenus e triste e ensombrada na sua
ausência -locus horrendus; o amor é puro e ideal (amor cortês) e antitético,
ou seja, leva a sentimentos opostos ( tristeza/ alegria); a mulher é dotada
de todas as perfeições terrenas, é a mulher ideal, tem sempre cabelos de
oiro, pele branca e olhos claros; as características físicas são reflexo de
qualidades interiores.( É de notar que em «Endechas a escrava Bárbara»,
Camões destaca na mulher amada as características que se opõem a este
modelo de mulher da época).
Camões é influenciado por Dante, a influência deste poeta faz-se sentir
quando Camões coloca uma personagem que relata o desgosto amoroso
provocado pela ausência ou morte da amada.
As personagens sofrem no inferno por causa do amor, a que na terra se
entregaram, amor esse que foi pecaminoso «Trova à morte de Inês de
Castro»
A influência de Platão faz-se sentir na conceção de um amor espiritual
através do qual se atinge a «verdade suprema».
Camões, nas sua obras literárias, soube recuperar as influências da
corrente tradicional e adaptar as novas influências da corrente
renascentista.

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A influência do Renascimento na obra de Camões

  • 1. A lírica de Camões permaneceu praticamente inédita. A sua primeira compilação póstuma é datada de 1595, e organizada sob o título de As Rimas de Luís de Camões, por Fernão Rodrigues Lobo Soropita. Luís de Camões foi um poeta, o maior representante do Classicismo português. Luís de Camões nasceu em Coimbra ou Lisboa, e não se sabe o local exato nem o ano de seu nascimento, supõe-se que terá sido por volta de 1524. Filho de Simão Vaz de Camões e Ana de Sá e Macedo, ingressou no Exército da Coroa de Portugal e em 1547, embarcou como soldado para o norte de África, onde participou da guerra contra os infiéis, muçulmanos, em Marrocos, e em combate perdeu o olho direito. Em 1552, de volta a Lisboa, frequentou tanto os serões da nobreza como as noitadas populares. Numa briga, feriu um funcionário real e foi preso. Embarcou para a Índia em 1553, onde participou de várias expedições militares. Em 1556, numa expedição foi para a China. Em 1570, voltou para Lisboa, já com os manuscritos do poema Os Lusíadas, que foi publicado em 1572, com a ajuda do rei D. Sebastião. Terá morrido, talvez, no ano de 1580. Renascimento, Renascença ou Renascentismo são os termos usados para identificar o período da História da Europa aproximadamente entre fins do século XIV e o fim do século XVI. Os conceitos perfeição, equilíbrio, simetria, harmonia são palavras-chave do Renascimento. A cultura renascentista e moderna é considerada antropocentrista, em contraposição ao suposto teocentrismo da Idade Média. A transição da cultura medieval à moderna é frequentemente vista como a passagem de uma perspetiva filosófica e cultural centrada em Deus a uma outra, centrada no homem. Neste período a experiência adquirida/experiência feita sobrepunha-se ao saber livresco, as antigas verdades foram postas em causa. Galileu foi julgado pela Inquisição por defender a teoria heliocêntrica. A obra de Camões apresenta-se relacionada com a corrente tradicional e com a corrente renascentista ( dolce stil nuovo). Nestas correntes as formas e as métricas utilizadas são diferentes.
  • 2. Na corrente tradicional, através da influência do Cancioneiro Geral de Garcia de Resende temos como formas as esparsas, as endechas, as cantigas e os vilancetes. Cantiga é a denominação de certos poemas constituídos por um mote de quatro versos e glosas de oito a dez versos e o vilancete é constituído por um mote de dois ou três versos e duas ou mais glosas de sete versos, nestas composições a métrica utilizada é a «medida velha» ( redondilha maior e menor). Temos outros tipos de influências, a lírica trovadoresca está relacionada com os cenários (a fonte e o campo), o sofrimento amoroso do sujeito poético face à mulher amada (coita de amor), a saudade, a vassalagem amorosa, a perfeição da mulher amada e a morte como fuga ao sofrimento. Os temas tradicionais mais frequentes são: a saudade «Verdes são os campos»; a caracterização da mulher amada «Pastora da serra», o desconcerto do mundo «Os bons vi sempre passar»; a ambição «Perdigão perdeu a pena», e a coita de amor «Saudade minha». Na corrente renascentista, devido à influência da Antiguidade clássica, surgem os sonetos, as canções, as odes, as éclogas (Petrarca foi um poeta italiano que inventou o soneto na sua forma fixa e este foi introduzido em Portugal por Sá de Miranda, em 1527). A medida utilizada é a «nova», que se caracteriza pelo verso decassílabo. O soneto é caracterizado por ter duas quadras e dois tercetos (quanto à forma) e conter a «chave de oiro», verso ou versos que encerram um pensamento elevado, que «resume», conclui a ideia apresentada inicialmente. Os temas renascentistas são: a tentativa de definir o amor «Amor é fogo que arde»; a mudança «Mudam-se os tempos, mudam-se»; a Natureza «Alegres campos», a vida infeliz do sujeito lírico «O dia em que nasci»; o desconcerto do mundo, a busca do sentido da existência, entre outros. Camões é influenciado, na sua obra, por filósofos e poetas. Camões é petrarquista quando: A natureza é confidente das mágoas do poeta; a natureza é espelho do estado de espírito do sujeito lírico, é alegre na presença da mulher amada -locus amoenus e triste e ensombrada na sua ausência -locus horrendus; o amor é puro e ideal (amor cortês) e antitético, ou seja, leva a sentimentos opostos ( tristeza/ alegria); a mulher é dotada de todas as perfeições terrenas, é a mulher ideal, tem sempre cabelos de oiro, pele branca e olhos claros; as características físicas são reflexo de qualidades interiores.( É de notar que em «Endechas a escrava Bárbara»,
  • 3. Camões destaca na mulher amada as características que se opõem a este modelo de mulher da época). Camões é influenciado por Dante, a influência deste poeta faz-se sentir quando Camões coloca uma personagem que relata o desgosto amoroso provocado pela ausência ou morte da amada. As personagens sofrem no inferno por causa do amor, a que na terra se entregaram, amor esse que foi pecaminoso «Trova à morte de Inês de Castro» A influência de Platão faz-se sentir na conceção de um amor espiritual através do qual se atinge a «verdade suprema». Camões, nas sua obras literárias, soube recuperar as influências da corrente tradicional e adaptar as novas influências da corrente renascentista.