O documento resume os principais conceitos do sociólogo Zygmunt Bauman sobre a modernidade líquida, incluindo a liquidez das relações humanas e do trabalho, a centralidade do consumo e do indivíduo, e a fragilidade das conexões entre as pessoas.
2. Biografia
⚫Poznan (Polônia) – (1925-
2017)
⚫Professor titular da
Universidade de Leeds desde
1971.
⚫Professor emérito da
Universidade de Varsóvia.
⚫Obras: mais de 60 títulos
publicados.
⚫“Modernidade Líquida”; “Vida
Líquida”; “Amor Líquido”;
“Tempos Líquidos”; “Vida para
consumo”; “Capitalismo
Parasitário e Outros Temas
3. Modernidade Líquida (2000)
CONTEXTO:
⚫Virada do século XX para o
XXI, sendo efetivamente
lançado em 2001.
⚫Previsões de panes
tecnológicos em programas e
computadores espalhados
pelo mundo, o famoso “bug do
milênio”.
4. Modernidade Líquida: Conceito
⚫É o conjunto de relações e instituições, além de
sua lógica de operações, que se impõe e que dão
base para a contemporaneidade.
⚫É uma época de liquidez, de fluidez, de
volatilidade, de incerteza e insegurança.
⚫A fixidez e todos os referenciais morais da época
anterior, denominada pelo autor como
modernidade sólida, são retirada de palco para
dar espaço à lógica do agora, do consumo, do
gozo e da artificialidade.
5. Trabalho e liquidez
⚫Relações de trabalho cada vez mais se
desgastam e a própria esfera do trabalho vira
um campo fluido desregulamentado.
⚫Empregos temporários, meia jornada,
empregos em que as relações de empregado-
empregador são constituídas somente pelos
dois, se tornam situações fáceis e
consideradas legítimas de se observar.
⚫Nisto, emerge a figura do desempregado
crônico.
6. Relações Humanas
⚫As conexões predominam.
⚫Conexão é o termo usado para
descrever as relações frágeis.
⚫A grande sacada desta palavra envolve
a noção de que, em uma conexão, o
vantagem não está só em ter várias
conexões, mas, principalmente em
conseguir desconectar sem custo.
7. Relações Humanas
⚫Os humanos são transformados em
mercadorias que podem ser consumidas e a
qualquer momento podem ser excluídos.
⚫O sujeito líquido lida com um mundo de
consumo e opções, mas nunca objetivo e
frio, não tem mais referenciais de ação:
⚫Toda a autoridade de referência é colocada em si e é sua
responsabilidade construir ou escolher normas a serem
seguidas.
⚫Tudo se passa como se tudo fosse uma questão de
escolher a melhor opção, com melhores vantagens e, de
preferência, nenhuma desvantagem.
9. Consumo e Sujeito Líquido
⚫Isso tudo é coberto por uma
mentalidade que, não só valida as
instituições e as normas, mas também
dá base para a vida dos sujeitos:
⚫Os imperativos de consumo são
inscritos naquilo que há de mais
fundamental na constituição do sujeito
líquido.
10. Inexistência da Pós-Modernidade
⚫Para Bauman, não há uma pós-modernidade, há
uma continuação da modernidade com pontos
diferentes.
⚫O autor tem uma certa afinidade com Manuel
Castells ao falar da sociedade informacional.
⚫Ele afirma que a sociedade industrial (no sentido
de ter como base de produção as indústrias),
ainda existe, mas com lógica diferente.
⚫Não se trata de uma ruptura de época, mas de
uma transformação dentro de uma estrutura
contínua.
⚫O mesmo aconteceria na sociedade líquida.
11. Nas palavras de Bauman
“Uma das razões pelas quais passei a falar em
“modernidade líquida” em vez de “pós-modernidade”
(meus trabalhos mais recentes evitam esse termo) é
que fiquei cansado de tentar esclarecer uma
confusão semântica que não distingue sociologia
pós-moderna de sociologia da pós-modernidade,
entre “pós-modernismo” e “pós-modernidade”. No
meu vocabulário, “pós-modernidade” significa uma
sociedade (ou, se se prefere, um tipo de condição
humana), enquanto que “pós-modernismo” se refere
a uma visão de mundo que pode surgir, mas não
necessariamente, da condição pós-moderna.
12. Nas palavras de Bauman
Procurei sempre enfatizar que, do mesmo modo que
ser um ornitólogo não significa ser um pássaro, ser um
sociólogo da pós-modernidade não significa ser um
pós-modernista, o que definitivamente não sou. Ser
um pós-modernista significa ter uma ideologia, uma
percepção do mundo, uma determinada hierarquia de
valores que, entre outras coisas, descarta a ideia de
um tipo de regulamentação normativa da comunidade
humana e assume que todos os tipos de vida humana
se equivalem, que todas as sociedades são
igualmente boas ou más; enfim, uma ideologia que se
recusa a fazer julgamentos e a debater seriamente
questões relativas a modos de vida viciosos e
virtuosos, pois, no limite, acredita que não há nada a
ser debatido. Isso é pós-modernismo.”
13. Vida Líquida (2005)
⚫A vida líquida é uma forma
de vida que tende a ser
levada à frente numa
sociedade líquido-moderna.
⚫É aquela em que, as
condições sob as quais
agem seus membros mudam
num tempo mais curto do
que aquele necessário para
a consolidação dos hábitos e
rotinas, das formas de agir.
14. Vida Líquida
⚫A vida líquida, assim como a sociedade, não
podem manter a forma ou permanecer em seu
curso por muito tempo.
⚫É uma vida precária, vivida em condições de
incerteza constante, é uma sucessão de reinícios.
⚫Nessa vida, livrar-se das coisas tem prioridade
sobre adquiri-las.
⚫É uma vida de consumo, projeta o mundo e seus
fragmentos como objetos de consumo, ou seja,
que perdem a sua utilidade enquanto são usados.
15. Relações Individuais
⚫Essas realizações individuais não podem
solidificar-se em posses permanentes;
⚫Em instantes, os ativos transformam-se em
passivos, e as capacidades em
incapacidades.
⚫As condições de ação e reação se tornam
obsoletas.
16. Velocidade e Individualidade
⚫A velocidade e não a duração é o que importa.
⚫Com a velocidade, pode-se consumir toda a
eternidade do presente contínuo da vida terrena.
⚫O truque é comprimir a eternidade de modo a poder
ajustá-la, inteira, à duração de uma existência
individual.
⚫A individualidade hoje, significa em primeiro lugar a
autonomia da pessoa, a qual, por sua vez, é
percebida simultaneamente como direito e dever.
⚫A afirmação “eu sou um indivíduo” significa que sou
responsável por meus méritos e fracassos, e que
minha tarefa é cultivar os méritos e reparar os
fracassos.
17. Consumismo
⚫É uma resposta do tipo “como fazer”.
⚫A lógica do consumismo serve às necessidades
dos homens e das mulheres em luta para
construir, preservar e renovar a individualidade e,
particularmente, para lidar com a sua aporia
(impasses e paradoxos).
⚫Os movimentos do mercado de consumo
desafiam a lógica, mas não a da luta já
inerentemente aporética pela individualidade.
⚫A luta pela singularidade agora se tornou o
principal motor da produção e do consumo
em massa.
18. Sociedade de Consumidores
“Uma "sociedade de consumidores"
não é apenas a soma total dos
consumidores, mas uma totalidade,
como diria Durkheim, "maior do que a
soma das partes". É uma sociedade
que (para usar uma antiga noção que
já foi popular sob a influência de
Althusser) "interpela" seus membros
basicamente, ou talvez até
exclusivamente, como consumidores;
e uma sociedade que julga e avalia
seus membros principalmente por
suas capacidades e sua conduta
relacionadas ao consumo”.
19. Consumidor x Cidadão
⚫Bauman expressa sua visão de que o afastamento da
política e ainda ausência de interesse pelo processo
político, também está se afastando do conceito de
democracia e cidadania.
⚫ Ao citar Giroux & Giroux diz que a cidadania foi
reduzida ao ato de comprar e vender mercadorias, em
vez de evoluir para uma democracia substancial.
⚫A liberdade dos cidadãos foi plantada e enraizada no
solo sociopolítico, devendo ser fertilizado diariamente
pelas ações bem informadas de um público instruído
e comprometido afastando-se, portanto, não bastando
apenas a visão consumerista de participação da
população.
20. Amor Líquido (2003)
⚫Os estudos sociológicos
lhe permitem refletir
sobre a angústia que
reina nos sentimentos
humanos, emoção
despertada pela pressa
de encontrar o parceiro
perfeito, sempre mantido
como meta ideal, nunca
como realidade concreta.
21. Amor Líquido
⚫Os casais procuram manter relacionamentos
abertos, que lhes possibilitem uma porta de
saída para novos encontros.
⚫A insatisfação está, portanto, constantemente
presente na esfera da afetividade humana.
⚫As pessoas desejam interagir, buscam a
vivência do afeto, mas não querem se
comprometer.
22. Amor Líquido
⚫Vivenciado em um universo marcado pelos
laços fluidos, que não permanecem, não se
estreitam, desobedecem à lei da gravidade,
ou seja, à ausência de peso.
⚫Bauman crê que os relacionamentos a dois
não podem se desenrolar à parte da cena
social, das regras do jogo estabelecidas pela
sociedade global.
⚫Nada pode fugir deste complexo panorama,
do moderno fenômeno conhecido como
globalização.