1. Resumo crítico
Como se fazer um bom resumo crítico?
Em geral, deve ser:
breve e conciso: no resumo de um texto, por exemplo, devemos deixar de lado os exemplos dados
pelo autor, detalhes e dados secundários;
pessoal: um resumo deve ser sempre feito com suas próprias palavras. Ele é o resultado da sua leitura
de um texto;
logicamente estruturado: um resumo não é apenas um apanhado de frases soltas. Ele deve trazer as
ideias centrais (o argumento) daquilo que se está resumindo. Assim, as ideias devem ser apresentadas
em ordem lógica, ou seja, como tendo uma relação entre elas. O texto do resumo deve ser
compreensível.
apresentar crítica consistente e fundamentada.
Esquematizando...
Ao ler o livro a ser resumido, vá anotando ou grifando as informações principais sobre:
os relatos de cada página ou capítulo;
intertextualidades;
recursos gráficos e visuais como ilustrações.
Estrutura do resumo crítico
O resumo crítico do Trabalho Intelectual deve seguir esta estrutura:
Título
Esse título deve ser criado por você, aluno. É importante ressaltar que o livro analisado é uma obra e
seu texto é outro, por isso cada um deve ter seu título.
Nome do autor
Insira seu nome.
Corpo do texto
Breve descrição do livro e do autor.
Inicie o texto fazendo uma apresentação da obra.
Explique como se dá a divisão dos tópicos, se é em capítulos, partes, dentre outras divisões.
Exponha a temática.
Fale brevemente do autor, e somente o que é relevante. Não é preciso citar detalhes da vida
particular.
Explane sobre as ilustrações.
• Nos próximos parágrafos, é chegada a hora de expor o enredo do livro, de maneira sintetizada,
resumida, e seu posicionamento crítico. O ideal é, ao contar a história ( ou as histórias) e/ou as
teorias, avaliar criticamente o que está sendo relatado. Desse modo, é mais fácil atingir o objetivo do
texto: mostrar que leu e que sabe se posicionar diante daquele tema.
Indique a obra a quem você achar que a leitura dela será relevante.
•
2. Processo de produção/ Dicas
Durante a leitura do livro, procure fazer estas análises:
• De que forma a capa do livro, bem como as ilustrações no corpo do texto dialogam com seu
conteúdo?
• Qual é a temática do livro?
• Caso apresente uma história, qual o foco narrativo ( narrador em 1ª ou em 3ª pessoa)?
• Quanto à linguagem, ela é adequada ao público a que se destina a obra?
• O que essa leitura pode despertar no leitor?
• O conteúdo da obra remete a outras leituras? Quais?
• A quem a obra pode ser recomendada? Por quê?
Modelos de resumo crítico
Um autor tímido descreve seu próprio ego
O Vampiro de Curitiba, livro de cento e sete páginas, é uma coletânea de contos que não
tem uma ordem correta, mas possui como personagem primário o rapaz Nelsinho. Um garoto “de
família” que viveu a sua juventude com o padrinho, juventude na qual começou, desde cedo, a
aproveitar – “caçando” os animais do sexo oposto.
Nosso “herói” tem uma particularidade muito grande com relação ao autor do livro. Ele está
presente em várias outras obras deste, configurando uma grande participação na sua produção
literária como um todo. Nelsinho, algumas vezes, está presente em contos que são narrados em
primeira pessoa, ou seja, o próprio personagem conta a história; tal fato faz com que ele seja
reconhecido por alguns autores como um dos maiores contistas do Brasil, mesmo sendo apenas
um personagem.
O livro é dividido em quinze contos-capítulos, os quais têm, como temática única, o abuso
da mulher, não como estupro, mas sim a desvalorização da pessoa feminina; pois Nelsinho as
trata, em todos os contos, como algo, coisa, como se o deitar-se com uma mulher fosse uma
obrigação, fosse apenas o cumprimento de um instinto animal e irracional.
Ao ler tal obra, podemos nos sentir como o personagem se sente, pois as descrições, as
construções das frases no livro são muito mais do que detalhistas e, além de ajudar no
entendimento do enredo, nos dá também uma ideia clara sobre quem – ou o que – é nosso
“herói”.
Trevisan, o autor da coletânea, tem como objetivo criticar a sociedade atual, a qual tudo
visa ao encontro furtivo e logo depois ao sexo como objetivo máximo. Ele consegue traduzir como
cenário Curitiba, uma cidade que todos temos como modelo, ele consegue, contudo, transmutá-la
em um palco escuro durante a noite e cinzento e sem vida durante o dia. Essa esfera nublada e
disforme é o palco, e o enredo são as “conquistas” sexuais de alguém a quem o autor batizou
com um próprio rótulo seu: Vampiro.
A alcunha dos dois é a mesma, porém o significado é diferente. Para Dalton o termo se
traduz como alguém solitário e avesso às pessoas, pois tem um histórico de não gostar de dar
entrevistas, e existem pouquíssimas fotografias suas. Para Nelsinho a palavra remete a alguém
que usa, que chupa, e neste caso poderíamos não usar o sangue, mas o brio, a virtude, a graça
que é presente nas vítimas, que a si mesmas deixam vitimar-se; alguém que, mesmo tendo
3. tantas, vive sozinho e, por essa vida desregrada e mundana, traduzimo-no e chamamo-no “nosso
herói”.
Algo que chama bastante atenção no decorrer da leitura é a linguagem. Trevisan é
conhecido como um autor contemporâneo, que faz uso de um português não muito conhecido,
mas, mesmo assim, este é classificado como coloquial. Isso, se somado à grande quantidade de
orações fragmentadas e incompletas, resultaria em algo desprazeroso e de leitura massante, mas
não é o que ocorre.
Tais construções nos fazem pensar sobre o Português atual. Pois existe um sem-número
de autores que fazem uso de uma linguagem mais simples, que atende as massas, fazendo uso
de estrangeirismos e dizendo que é reflexo da globalização, tudo por conta de um aumento de
vendas e de capital, sem se importarem com a mensagem transmitida.
Contudo, existem pessoas (Trevisan) que defendem o Português, que fazem com que
nossa língua pátria seja valorizada e explorada ao máximo, o
que pode até causar espanto à
primeira vista, pois linguagens assim são encontradas em livros antigos, sobreviventes de nossa
Literatura.
Cabe-me ressaltar sobre a pessoa de Dalton Trevisan. Homem culto, influente no meio
literário e de personalidade peculiar. É avesso a qualquer manifestação pública, sejam
entrevistas, visitas, autógrafos, mas, mesmo assim, cativa uma quantidade cada vez maior de
leitores que, nesse livro, além de regozijarem-se com uma prazerosa leitura, conseguem, da
melhor forma, entender um pouco o que se passa na mente de um homem. Homem que carrega
seu próprio apelido e, ironicamente, faz tudo o que na vida real o “vampiro” não faz. E se me
permitem vou usar uma de suas construções incompletas: qualquer semelhança é mera.
Livros assim não podem, nunca, passar despercebidos àqueles que querem se tornar bons
leitores. Devem ser indicados a todos para darem mais valor à sua língua-mãe e para que nunca
faltem no coração e na mente de cada um de nós.
A Elementar matemática de Holmes
Matemática e mistério em Baker Street é um livro que narra uma história do lendário
Sherlock Holmes, o qual, segundo a obra, viveu cento e três anos e é até hoje conhecido como o
detetive mais famoso e popular de Londres.
O livro, como o próprio título já denota, centra-se no campo da Matemática como ciência,
assunto que é bem abordado nos seu decorrer, e tudo, como não poderia faltar nos volumes
sherloquianos, com uma pitada de suspense e de mistério.
Lázaro Coutinho, autor da obra, é mestre em matemática e viajou muitos anos com a
marinha brasileira, e seu apreço pelo detetive residente no 221-B da Baker Street o estimulou a
escrever tal livro, no qual colocou Holmes como personagem de destaque com o mesmo tentando
resolver alguns enigmas matemáticos.
Ao analisarmos o volume como um todo, constatamos que ele não é composto de uma
história, e sim de um enredo central no qual são contadas várias pequenas histórias que se
relacionam à matemática, como casos de Sherlock, lendas e pensadores notáveis no campo
matemático.
A história inicia com Holmes e seu fiel ajudante Watson sentados à sala principal do
apartamento comum aos dois, cena que se repete por quase todo o livro, o que, às vezes, o torna
monótono por não haver o dinamismo sempre presente nos livros de tais personagens.
4. No desenrolar da obra, várias histórias são contadas por Holmes a Watson, que sempre
tentava impressionar o detetive. Histórias como a Lenda de Dido, relatos sobre o Último Teorema
de Fermat, os postulados de Euclides, dentre vários outras.
Um ponto negativo no volume de Coutinho é o relativo excesso de informações acerca de
pensadores e de nomenclaturas matemáticas, o que causa desprazer ao terminar de ler o livro e
constatar que dez capítulos foram dedicados a apenas um acúmulo desnecessário do enredo
principal, o qual se desenvolve em apenas dois capítulos; tornando até um pouco frustrante
terminar o livro e perceber que houve uma imensa preparação e introdução, se comparadas ao
restante da obra.
Dizemos que o excesso de informações não foi prejudicial, e sim que uma ideia boa não foi
aproveitada corretamente, dando, ao final, uma sensação de “já acabou?”.
Entretanto, a história, mesmo que mínima, se desenvolve. E personagens vão aparecendo,
como Lestrade, inspetor do Seatland Gard, Hopkins e Hamilton personagens do ambiente
universitário de Cambridge. Eles ajudam a desvendar o mistério final, o qual, por escolha de
Holmes, continuou em segredo.
Livros como esse, escritos em linguagem fácil,podem ser recomendados a qualquer
estudante, ou até mesmo adultos, que, além de aprenderem matemática ainda vão conhecer um
pouco mais sobre Sherlock Holmes e seu caro Watson, nossos protagonistas.
Em suma, cabe-nos acrescentar que, se for tentar provar o Último Teorema de Fermat,
consulte um médico, pois existem muitos casos de morte assim!