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1
Disciplina
QUIO94 - Introdução à Análise Química
II Semestre 2018
TITULAÇÃO POR PRECIPITAÇÃO
Profa. Maria Auxiliadora Costa Matos
Download aulas: http://www.ufjf.br/nupis/
Universidade Federal de Juiz de Fora
Instituto de Ciências Exatas
Departamento de Química
2
TITULAÇÃO POR PRECIPITAÇÃO
A argentimetria ou método argentométrico é o método de
titulação por precipitação mais utilizado, e que tem como base o
uso do nitrato de prata. É muito empregado na determinação da
concentração dos haletos, cianeto, tiocianato, etc, em soluções.
Titulação por precipitação envolve a titulação com
formação de compostos pouco solúveis: precipitados.
Reações empregadas na volumetria de precipitação
 Quantitativa;
 Completa em curto intervalo de tempo;
 Produto suficientemente insolúvel;
 Condições para determinar o ponto final da titulação
3
Se uma solução aquosa é deixada em contato com excesso do sólido, o sólido irá se dissolver
até que a condição do Kps seja satisfeita. Em seguida a quantidade de sólido não dissolvido
permanece constante.
REVISÃO
Constante do Produto de Solubilidade Kps
 Constante do Produto de Solubilidade ou “produto de solubilidade” é a constante
numérica que descreve o equilíbrio de sais pouco solúveis em soluções saturadas.
 É a constante de equilíbrio para a reação na qual um sólido se dissolve, dando origem a
seus íons constituintes em solução.
 O produto de solubilidade de uma substancia é igual ao produto da concentração dos íons
envolvidos no equilíbrio, cada um elevado à potência do seu coeficiente na equação de
equilíbrio.
 A comparação dos valores de Kps pode ser usada para prever a ordem de precipitação
de sais que apresentam a mesma proporção estequiometria entre cátion e ânion. Nestes
casos, quanto menor o Kps , menor será a solubilidade, e o íon menos solúvel precipita
primeiro.
Cloreto de prata
Kps =[Ag+
]·[ Cl-
]
AgCl (s) ⇌ Ag+
(aq) + Cl -
(aq)
4
CURVA DE TITULAÇÃO
A curva de titulação por precipitação representa a variação
logarítmica da concentração de um dos reagentes, geralmente
Ag+
, em função do volume do titulante.
pAg = - log [Ag+
]
PORQUE CONSTRUIR A CURVA DE TITULAÇÃO?
A concentração crítica variável no decorrer da titulação é a do íon Ag+
.
A Inflexação da curva não
é satisfatória para uma
determinação analítica!
K ps  10 -10
5
CURVA DE TITULAÇÃO
A concentração crítica variável no decorrer da titulação é a do íon Ag+.
A curva de titulação representa a variação logarítmica da concentração de
um dos reagentes, geralmente Ag+, em função do volume da do titulante.
pAg = - log [Ag+
]
PORQUE CONSTRUIR A CURVA DE TITULAÇÃO?
Saber se a titulação é viável experimentalmente e avaliar o erro pelo uso do indicador.
Calcular os valores de pAg e pX em função do volume de titulante adicionado:
1 – Cálculo do volume de titulante para alcançar o ponto de equivalência
2 – Cálculo de pX na solução original
3 - Cálculo de pAg antes do ponto de equivalência
4 - Cálculo de pAg no ponto de equivalência
4 - Cálculo de pAg após o ponto de equivalência
A Inflexação da curva não é satisfatória para uma
determinação analítica!
K ps  10 -10
6
Exemplo 1: Titulação de 100,00 mL de uma solução de de NaCl
0,100 mol/L com uma solução padrão de AgNO3 0,100 mol/L.
Dado Kps AgCl = 1,80  10-10
.
1. Escrever a equação da reação química:
2. Calcular o volume de titulante necessário para atingir o ponto
de equivalência.
n mol NaCl = n mol AgNO3 necessário para atingir
transferido para erlenmeyer o ponto de equivalência
C AgNO3 x V AgNO3 add = C NaCl x V NaCl
0,100 mol/L x V AgNO3 add = 0,100 mol/L x 100,00 mL
V AgNO3 PE = 100 mL
NaCl (aq) + AgNO3 (aq) AgCl (s) + NaNO3 (aq
7
Solução aquosa de NaCl. Cálculo pCl na solução aquosa de NaCl, pois pAg é indeterminado.
1 ETAPA Antes de iniciar a titulação
NaCl(aq) Na+
(aq) + Cl-
(aq)
pCl = - log [Cl -]
pCl = - log (0,100)
pCl = 1,00
8
a) Cálculo do pAg na solução do titulado após a dição de 10 mL de AgNO3:
V AgNO3 adicionado = 10,00 mL
V final da solução = 100,00 + 10,00 = 110,00 mL
[Cl-
] total = [Cl-
] excesso + [Cl-
] sol
2 ETAPA Cálculo do pAg após a adição de titulante e antes de atingir o Ponto
de Equivalência.
Nesta região haverá um excesso de íons cloretos na presença do precipitado de AgCl. A
Concentração de Cl¯ em solução, é praticamente igual a concentração dos íons Cl¯ que não
reagiu. A fração de cloreto proveniente da solubilização do precipitado formado é
desprezível.
Proveniente do
analito que ainda
não reagiu.
Proveniente da fração
solubilizada do
precipitado formado.
9
a) Cálculo do pAg na solução do titulado após a dição de 10 mL de AgNO3:
V AgNO3 adicionado = 10,00 mL
V final da solução = 100,00 + 10,00 = 110,00 mL
[Cl-
] excesso  [Cl-
] sol
[Cl-
] total  [Cl-
] excesso
[Cl-
] total = [Cl-
] excesso + [Cl-
] sol
2 ETAPA Cálculo do pAg após a adição de titulnte e antes de atingir o Ponto de
Equivalência.
Nesta região haverá um excesso de íons cloretos na presença do precipitado de AgCl. A
Concentração de Cl¯ em solução, é praticamente igual a concentração dos íons Cl¯ que não
reagiu. A fração proveniente do precipitado formado é desprezível.
10
a) Cálculo do pAg na solução do titulado após a dição de 10 mL de AgNO3:
V AgNO3 adicionado = 10,00 mL
V final da solução = 100,00 + 10,00 = 110,00 mL
*Nas imediações do ponto de equivalência é conveniente
considerar a solubilidade do precipitado no cáculo.
=
(n mol Cl-
inicial) - (n mol Cl-
consumido)
(VNaCl + V AgNO3)
[Cl-
]
ANTES DO PE
n mol Cl-
consumido = n mol Ag+
adicionado
[Cl-
] excesso  [Cl-
] sol
[Cl-
] total  [Cl-
] excesso
[Cl-
] total = [Cl-
] excesso + [Cl-
] sol*
Nesta região haverá um excesso de íons cloretos na presença do precipitado de AgCl. A
Concentração de Cl¯ em solução, é praticamente igual a concentração dos íons Cl¯ que não reagiu. A
fração proveniente do precipitado formado é desprezível.
2 ETAPA Cálculo do pAg após a adição de titulante e antes de atingir o Ponto de Equivalência.
=
(n mol Cl-
inicial) - (n mol Ag+
add)
(VNaCl + V AgNO3)
[Cl-
]
11
a) Cálculo do pAg na solução do titulado após a dição de 10 mL de AgNO3:
V final da solução = 100,00 + 10,00 = 110,00 mL
NaCl (aq) + AgNO3 (aq) AgCl (S) + NaNO3 (aq))
Início 0,0100 - - -
Adicão - 0,00100 - -
Equlíbrio 0,00900 - 0,00100 0,00100
K ps AgCl = [Ag+
]∙[Cl-
]
CCl
-
=
n mol Cl-
V total
=
(n mol NaCl)
(V NaCl + V AgNO3)
=
(0,00900)
(0,110)
= 0,0818 mol/L
n mol AgNO3 titulante adicionado = C AgNO3·V AgNO3 = 0,100·0,01000 = 0,00100 mol
n mol NaCl adicionado erlenmyer= C NaCl·V NaCl = 0,100·0,1000 = 0,0100 mol
Exercícios: Cálculo do pAg na solução do titulado após a dição de 20, 30, 50, 80, 99mL de AgNO3.
Nesta região haverá um excesso de íons cloretos na presença do precipitado de AgCl. A
Concentração de Cl¯ em solução, é praticamente igual a concentração dos íons Cl¯ que não reagiu. A
fração proveniente do precipitado formado é desprezível.
2 ETAPA Cálculo do pAg após a adição de titulante e antes de atingir o Ponto de Equivalência.
pAg = - log (2,20 x 10-9
) = 8,66
[Ag+
] =
[Cl-
]
K ps AgCl
=
1,80 x 10-10
0,0818
= 2,20 x 10-9
mol/L
12
b) Cálculo do pAg na solução do titulado após a dição de 100 mL de AgNO3:
V final da solução = 100,00 + 100,00 = 200,00 mL
NaCl (aq) + AgNO3 (aq) AgCl (S) + NaNO3 (aq))
Início 0,0100 - - -
Adicão - 0,0100 - -
Equlíbrio - - 0,0100 0,0100
3 ETAPA Cálculo do pAg ao atingir o ponto de Equivalência
Há uma solução saturada do precipitado formado na reação.
O cálculo do pAg ou pCl em uma solução saturada de AgCl.
Solução Saturada de AgCl: AgCl (s) ⇌ Ag+
(aq) + Cl -
(aq)
K ps AgCl = [Ag+
]∙[Cl-
]
No equilibrio: [Ag+
] = [Cl-
]
[Ag+
]2
= K ps AgCl
[Ag+
] = AgCl
ps
K =
-10
10
x
1,80 = 1,34  10-5
mol/L
pAg = - log (1,34  10-5
) = 4,87 pAg = pCl = 4,87
n mol AgNO3 titulante adicionado = C AgNO3·V AgNO3 = 0,100·0,1000 = 0,0100 mol
n mol NaCl adicionado erlenmyer= C NaCl·V NaCl = 0,100·0,1000 = 0,0100 mol
13
[Ag
] total = [Ag
] excesso + [Ag
] sol*
[Ag
] excesso  [Ag
] sol
[Ag
] total  [Ag
] excesso
4 ETAPA Cálculo do pAg após o Ponto de Equivalência
Há excesso de titulante, AgNO3, na solução.
*Nas imediações do ponto de equivalência é conveniente
considerar a solubilidade do precipitado.
[Ag
] =
(n mol AgNO3 excesso)
(VNaCl + V AgNO3)
14
c) V AgNO3 adicionado = 105,00 mL
V final da solução = 100,00 + 105,00 = 205,00 mL
NaCl (aq) + AgNO3 (aq) AgCl (S) + NaNO3 (aq))
Início 0,0100 - - -
Adicão - 0,010500 - -
Equlibrio - 0,000500 0,0100 0,0100
CAg+ =
n mol Ag+
V total
=
(n mol AgNO3)
(V NaCl + V AgNO3)
=
(0,000500)
(0,205)
= 2,43 x 10-3
mol/L
pAg = - log (2,430 x 10-3
) = 2,61
pK ps = pAg + pCl
pCl = pK ps – pAg = 9,74 – 2,61 = 7,13
pAg = 2,61
pCl = 7,13
4 ETAPA Após o Ponto de Equivalência
Há excesso de AgNO3 na solução.
n mol AgNO3 titulante adicionado = C AgNO3·V AgNO3 = 0,100·0,105 = 0,0105 mol
n mol NaCl adicionado erlenmyer= C NaCl·V NaCl = 0,100·0,1000 = 0,0100 mol
Exercícios: Cálculo do pAg na solução do titulado após a dição de 101, 110, 115, mL de AgNO3.
15
PARÂMETROS
QUE AFETAM A INFLEXÃO DAS CURVAS DE TITULAÇÃO
1) Concentração dos reagentes
Quanto maior a concentração
dos reagentes
Maior a inflexão
da curva
Ponto Final será
mais nítido
(A) 50 mL de NaCl 0,050 mol/L com 0,100 mol/L AgNO3 mol/L
(B) 50 mL de NaCl 0,0050 mol/L com 0,0100 mol/L AgNO3 mol/L
16
PARÂMETROS
QUE AFETAM A INFLEXÃO DAS CURVAS DE TITULAÇÃO
2) Kps do precipitado
Quanto menor o Kps
(reação será mais completa)
Maior a inflexão
da curva
Ponto Final será
mais nítido
50 mL de A-
0,050 mol/L com 0,100 mol/L AgNO3 mol/L
17
MÉTODOS ARGENTIMÉTRICOS
INDICADORES
1. Potenciométrico
Medida do potencial entre um eletrodo de prata e um eletrodo de referência com
potencial constante e independente da concentração do reagente adicionado.
2. Amperométrico
Medida da corrente gerada na solução titulada
3. Químicos
O ponto final será determinado por uma variação de cor ou no aparecimento ou
desaparecimento de uma turbidez na solução titulada.
3.1. REQUISITOS PARA O INDICADOR NA VOLUMETRIA DE PRECIPITAÇÃO:
a) A variação de cor deve ocorrer em uma faixa limitada da função p do reagente ou do
analito;
b) A alteração de cor deve acontecer dentro da parte de variação abrupta da curva de
titulação do analito.
18
CLASSIFICAÇÃO DOS MÉTODOS ARGENTIMÉTRICOS
3.1. DETECÇÃO DO PONTO FINAL
a) Formação de precipitado - MÉTODO DE MOHR
b) Formação de complexos coloridos – MÉTODOS DE VOLHARD
c) Indicadores de adsorção – MÉTODO DE FAJANS
3.1.1 MÉTODO DE MOHR – Indicador íons Cromato (Método Direto)
Método argentimétrico aplicável a titulação do cloreto, brometo e cianeto usando
cromato de potássio (K2CrO4 ) como indicador químico. O ponto final é determinado pela
formação do precipitado vermelho-tijolo de cromato de prata (Ag2CrO4) na região do
ponto de equivalência.
O cromato deverá está presente na solução em uma concentração que permita a
precipitação de todo o haleto como sal de prata antes que o precipitado de cromato de
prata seja perceptível.
Ex.: Analito X-
é o Titulado e o Titulante é AgNO3
Ag2CrO4 deverá precipitar após o AgX
19
Cálculo da concentração de CrO4
-2
usada nas titulações:
No equilíbrio: K ps Ag2CrO4 = [Ag
] 2
(aq)  [CrO4
-2
] (aq)
No equilíbrio: [Ag
] (aq) = [Cl¯] (aq) = AgCl
ps
K =
-10
10
x
1,80 = 1,34  10-5
mol/L
No PE: AgCl(s) Ag+
(aq) + Cl-
(aq) K ps AgCl = 1,80 x 10-10
[CrO4
-2
] =
[Ag
] 2
K ps Ag2CrO4
=
1,10 x 10-12
(1,34  10-5
)2
= 6,0  10-3
mol/L
[CrO4
-2
]  2 x 10-3
mol/L
[CrO4
-2
] = 6,6 x 10-3
mol/L confere à solução uma intensa cor
amarela, de maneira que a formação do cromato de prata vermelho
não pode ser prontamente detectada e, por essa razão,
concentrações menores de íons cromato são geralmente utilizadas.
QUAL A CONCENTRAÇÃO IDEAL DE K2CrO4 ?
O precipitado de
Ag2CrO4 será formado
após o PE.
Ag2CrO4(s) 2Ag+
(aq) + CrO4
2-
(aq) K ps Ag2CrO4 = 1,10 x 10-12
K2CrO4(aq) + 2AgNO3(aq) Ag2CrO4(s) + 2KNO3(aq)
NaCl(aq) + AgNO3(aq) AgCl(s) + NaNO3 (aq
20
LIMITAÇÃO DO MÉTODO
O método de Mohr só pode ser aplicado na faixa de pH entre 6,5 e 10,0.
6,5  pH  10,0
2Ag+
(aq) + 2OH-
(aq) 2AgOH (s) Ag2O (s) + H20(l)
Formação do
precipitado de Ag2O
Formação de ácido crômico,
diminuindo a concentração
de cromato no meio.
CrO4
-2
(aq) + H+
(aq) HCrO4
-
(aq) + H+
(aq) H2CrO4
21
3.1.2 MÉTODO DE FAJANS – Indicadores de adsorção (Método Direto)
Método argentimétrico que utiliza os indicadores de adsorção para determinação do
ponto final.
Os indicadores de adsorção são compostos orgânicos que tendem a ser adsorvidos sobre
a superfície do sólido em uma titulação de precipitação. A adsorção ocorre próximo do
ponto de equivalência e resulta não apenas em uma alteração de cor, como também em
uma transferência de cor da solução para o sólido.
A fluoresceína é um indicador de adsorção típico, utilizado para a titulação do íon
cloreto com nitrato de prata. Em soluções aquosas, a fluoresceína se dissocia
parcialmente em íons hidrônio e íons fluoresceinato que são verde-amarelados. O íons
fluoresceinato forma um sal de prata de cor vermelha intensa.
22
HIND (aq) + H2O (aq) H3O+
(aq) + IND-
(aq) pK a = 8
(fluoresceína) (fluoresceínato)
verde-amarelo
Solução Verde-amarelo
Cl-
Cl-
Cl-
Cl-
Na+
Na+
Na+
Na+
AgCl
IND-
Ag+
AgCl IND-
Ag+
Ag+
Ag+
IND-
IND-
Coloração vermelha devido ao
fluoresceínato de prata adsorvido na
camada superficial da solução ao redor
do sólido.
ANTES DO PE APÓS O PE
IND-
(aq) IND-
(aq)
Na+
(aq)
Na+
(aq)
23
FLUORESCEÍNA
A flouresceína é um ácido muito fraco (pKa = 8) e em pH 7,0 a sua ionização é tão
reprimida que a concentração do ânion se torna insuficiente para acusar uma mudança
de coloração satisfatória.
A alteração da cor é um processo de adsorção, não há precipitação do fluoresceinato de
prata, pois o seu produto de solubilidade nunca é excedido. A adsorção é reversível e o
corante pode ser dessorvido em uma retrotitulação com íon cloreto.
As titulações que envolvem os indicadores de adsorção são rápidas, precisas e seguras,
mas sua aplicação é limitada a relativamente poucas reações de precipitação nas quais um
precipitado coloidal se forma rapidamente.
24
Consiste em precipitar o haleto com um excesso de solução padrão de AgNO3, e então
titular a prata residual em meio ácido com uma solução padrão auxiliar de tiocianato de
potássio, usando Fe+3
como indicador do ponto final. O PF será indicado pela formação de
um complexo vermelho com um leve excesso de íons tiocianato.
X¯ (aq) + AgNO3 (aq) Ag X (s) + NO3¯ (aq)
(excesso)
Ag
(aq) + KSCN (aq) AgSCN (s) + K
(aq)
(residual)
Fe+3
(aq) + KSCN (aq) [Fe(SCN) +2
] (aq) + K
(aq)
(complexo vermelho)
V Ag
total = V Ag
que reagiu com haleto + V Ag
residual
n° de moles Ag
total = n° de moles X¯ + n° de moles SCN¯
3.1.3. MÉTODO DE VOLHARD – Indicador Fe (III) (Método retorno ou retrotitulação)
Exemplo: Uma amostra de 50 mL de NaCl é tratada com 80,00 mL de uma solução padrão de AgNO3
0,100 mol/L. A prata residual é titulada com solução padrão auxiliar de KSCN 0,100 mol/L
consumindo 50,00 mL deste reagente.
25
Os experimentos mostram que, em média, um observador pode detectar a cor vermelha
do Fe(SCN)2+
somente quando sua concentração for 6,4 x 10-6
mol/L. Na titulação de
50,00 mL de Ag+ 0,050 mol/L com KSCN 0,100 mol/L, qual a concentração de Fe3+
deveria ser empregada para reduzir o erro de titulação para próximo de zero? Dado Kf
Fe(SCN) +2
= 1,05 x 103
e Kps AgSCN = 1,1 x 10-12
.
QUAL A CONCENTRAÇÃO IDEAL DE Fe (III) ?
L
mol
Fe
x
Fe
x
x
SCN
Fe
SCN
Fe
x
K
L
mol
x
SCN
x
SCN
x
SCN
x
SCN
SCN
x
SCN
K
Ag
L
mol
x
SCN
Ag
SCN
Fe
SCN
Ag
f
ps
/
036
,
0
]
[
10
7
,
1
]
[
10
4
,
6
10
05
,
1
]
][
[
]
)
(
[
10
05
,
1
/
10
7
,
1
]
[
0
10
1
,
1
]
[
10
4
,
6
]
[
10
4
,
6
]
[
]
[
10
1
,
1
]
[
]
[
/
10
4
,
6
]
[
]
[
]
)
(
[
]
[
]
[
3
7
3
6
3
3
2
3
7
12
6
2
6
12
6
2










































26
ASPECTOS DO MÉTODO DE VOLHARD
A titulação é realizada em meio ácido para impedir a hidrólise dos íons Fe (III), além de
eliminar interferência de outros íons - O meio fortemente ácido necessário ao
procedimento de Volhard representa uma vantagem que o distingue dos outros métodos
titulométricos de análise de haletos, porque íons como carbonato, oxalato e arsenato,
que formam sais de prata pouco solúveis, em meio ácido, não causam interferência.
A concentração do indicador não é crítica na titulação de Volhard. Na prática, uma
concentração de indicador maior que 0,2 mol/L confere cor suficiente à solução para
dificultar a detecção do complexo em razão da cor amarela dos íons Fe (III).
Experimentalmente, é utilizada concentração menor, geralmente cerca de 0,1 mol/L, de
íons ferro (III).
Na determinação de cloreto usando o método de Volhard o precipitado de AgCl deve ser
filtrado antes da retrotitulação do excesso de íon prata, pois o cloreto de prata (1,8 x
10-10
) é mais solúvel que o tiocianato de prata (1,1 x 10-12
).
Coloração perceptível
6,00 x 10-6
mol/L
Kf Fe(SCN) +2
= 1,05 x 103
27
CURVA DE TITULAÇÃO PARA MISTURA DE ÍONS
As determinações envolvendo titulação de misturas de íons podem ser realizadas para
misturas que formam precipitados com diferentes solubilidades.
Supondo uma solução contendo íons AI
-
e AII
-
capazes de formar sais pouco solúveis MAI
e MAII , sendo Kps MAII  Kps MAI
MAI (s) M+
(aq) + AI
-
(aq) Kps MAI = [M+
]·[ AI
-
]
MAII (s) M+
(aq) + AII (aq) Kps MAII = [M+
]·[AII
-
]
O anion menos solúvel precipita sozinho até que a razão entre as concentrações dos íons
se torne igual a razão dos Kps. Uma maior adição de reagente precipitante causa
precipitação dos dois compostos simultaneamente em tais quantidades que [AI
-
]/[ AII
-
]
permaneça constante.
Kps MAI
Kps MAII
[M+
]·[ AI
-
]
[M+
]·[AII
-
]
=
Kps MAI
Kps MAII
[AI
-
]
[AII
-
]
=
28
Exemplo: Titulação de 50,0 mL de uma solução com 0,050 mol/L de iodeto e 0,080 mol/L
de cloreto que será titulada com AgNO3 0,100 mol/L.
I-
(aq) + AgNO3 (aq) AgI (S) + NO3
-
(aq) K ps AgI = 8,30 x 10-17
Cl-
(aq) + AgNO3 (aq) AgCl (S) + NO3
-
(aq) K ps AgCl = 1,80 x 10-10
Volume de titulante necessário para atingir o ponto de equivalência.
K ps AgCl
K ps AgI
[Ag+
]·[ Cl-
]
[Ag+
]·[I -
]
=
K ps AgCl
K ps AgI
[Cl-
]
[I -
]
=
1,80 x 10-10
8,3 x 10-17
= = 2,19 x 106
[ Cl-
]
[I -
]
= 2,19 x 106
1 PE (Iodeto): n mol I -
= n mol AgNO3
V AgNO3 I -
= 25,00 mL
2 PE (Cloreto): n mol Cl -
= n mol AgNO3
V AgNO3 Cl -
= 40,00 mL
V AgNO3 I –
e Cl -
= 25,00 + 40,00 = 65,00 mL
29
1a Etapa: Antes de iniciar a titulação
2a Etapa: Antes do Ponto de Equivalência do iodeto (1º PE):
Ex. V AgNO3 add = 10,00 mL
V final = 50,00 + 10,00 = 60,00 mL
I-
(aq) + AgNO3 (aq) AgI (S) + NO3
-
(aq)
Início 0,0025 - - -
Adicão - 0,00100 - -
Equlibrio 0,00150 - 0,00100 0,00100
[I-
] =
=
n mol I-
V total
=
(0,00150)
(0,06000)
= 0,0250 mol/L
pAg = - log (3,32 x 10-15
) = 14,5
[Ag+
] =
[I-
]
K ps AgI
=
8,30 x 10-17
0,0250
= 3,32 x 10-15
mol/L
pI = - log (0,050) = 1,30
[I-
] = 0,050 mol/L
pI = - log (0,080) = 1,10
[Cl-
] = 0,080 mol/L
30
2a Etapa: No Ponto de Equivalência do iodeto (1º PE):
Ex. V AgNO3 add = 25,00 mL
V final = 50,00 + 25,00 = 75,00 mL
I-
(aq) + AgNO3 (aq) AgI (S) + NO3
-
(aq)
Início 0,0025 - - -
Adicão - 0,0025 - -
Equlibrio - - 0,0025 0,0025
[Cl-
] =
n mol Cl-
V total
[ Cl-
]
[I -
]
= 2,19 x 106
pAg = 8,47
pCl = 1,27
pI = 7,61
31
3a Etapa: Entre o 1º e 2º Ponto de Equivalência:
Ex. V AgNO3 add = 30,00 mL
V final = 50,00 + 30,00 = 80,00 mL
25,00 mL reagiu com I-
(1º PE) e 5,00 mL reagiu com Cl-
Cl-
(aq) + AgNO3 (aq) AgCl (S) + NO3
-
(aq)
Início 0,0040 - - -
Adicão - 0,0005 - -
Equlibrio 0,0035 - 0,0005 0,0005
[Cl-
] =
n mol Cl-
V total
K ps AgCl = [Ag+
]∙[Cl-
]
pAg = 8,38
pCl = 1,35
pI = 7,70
32
4a Etapa: No 2º Ponto de Equivalência:
Ex. V AgNO3 add = 65,00 mL
V final = 50,00 + 65,00 = 115,00 mL
25,00 mL reagiu com I-
(1º PE) e 40,00 mL reagiu com Cl-
(2º PE)
Cl-
(aq) + AgNO3 (aq) AgCl (S) + NO3
-
(aq)
Início 0,0040 - - -
Adicão - 0,0040 - -
Equlibrio - - 0,0040 0,0040
K ps AgCl = [Ag+
]∙[Cl-
]
pAg = 4,87
pCl = 4,87
pI = 11,2
33
CURVA DE TITULAÇÃO PARA MISTURA DE ÂNIONS
(A) curva de titulação de 50 mL de uma
mistura contendo 0,050 mol/L de iodeto e
0,080 mol/L de cloreto com 0,100 mol/L
AgNO3 mol/L.
(B) curva de titulação de 50 mL de uma
mistura contendo 0,050 mol/L de brometo e
0,080 mol/L de cloreto com 0,100 mol/L
AgNO3 mol/L.
K ps AgI = 8,30 x 10-17
K ps AgBr = 5,20 x 10-13
K ps AgCl = 1,80 x 10-10

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  • 1. 1 Disciplina QUIO94 - Introdução à Análise Química II Semestre 2018 TITULAÇÃO POR PRECIPITAÇÃO Profa. Maria Auxiliadora Costa Matos Download aulas: http://www.ufjf.br/nupis/ Universidade Federal de Juiz de Fora Instituto de Ciências Exatas Departamento de Química
  • 2. 2 TITULAÇÃO POR PRECIPITAÇÃO A argentimetria ou método argentométrico é o método de titulação por precipitação mais utilizado, e que tem como base o uso do nitrato de prata. É muito empregado na determinação da concentração dos haletos, cianeto, tiocianato, etc, em soluções. Titulação por precipitação envolve a titulação com formação de compostos pouco solúveis: precipitados. Reações empregadas na volumetria de precipitação  Quantitativa;  Completa em curto intervalo de tempo;  Produto suficientemente insolúvel;  Condições para determinar o ponto final da titulação
  • 3. 3 Se uma solução aquosa é deixada em contato com excesso do sólido, o sólido irá se dissolver até que a condição do Kps seja satisfeita. Em seguida a quantidade de sólido não dissolvido permanece constante. REVISÃO Constante do Produto de Solubilidade Kps  Constante do Produto de Solubilidade ou “produto de solubilidade” é a constante numérica que descreve o equilíbrio de sais pouco solúveis em soluções saturadas.  É a constante de equilíbrio para a reação na qual um sólido se dissolve, dando origem a seus íons constituintes em solução.  O produto de solubilidade de uma substancia é igual ao produto da concentração dos íons envolvidos no equilíbrio, cada um elevado à potência do seu coeficiente na equação de equilíbrio.  A comparação dos valores de Kps pode ser usada para prever a ordem de precipitação de sais que apresentam a mesma proporção estequiometria entre cátion e ânion. Nestes casos, quanto menor o Kps , menor será a solubilidade, e o íon menos solúvel precipita primeiro. Cloreto de prata Kps =[Ag+ ]·[ Cl- ] AgCl (s) ⇌ Ag+ (aq) + Cl - (aq)
  • 4. 4 CURVA DE TITULAÇÃO A curva de titulação por precipitação representa a variação logarítmica da concentração de um dos reagentes, geralmente Ag+ , em função do volume do titulante. pAg = - log [Ag+ ] PORQUE CONSTRUIR A CURVA DE TITULAÇÃO? A concentração crítica variável no decorrer da titulação é a do íon Ag+ . A Inflexação da curva não é satisfatória para uma determinação analítica! K ps  10 -10
  • 5. 5 CURVA DE TITULAÇÃO A concentração crítica variável no decorrer da titulação é a do íon Ag+. A curva de titulação representa a variação logarítmica da concentração de um dos reagentes, geralmente Ag+, em função do volume da do titulante. pAg = - log [Ag+ ] PORQUE CONSTRUIR A CURVA DE TITULAÇÃO? Saber se a titulação é viável experimentalmente e avaliar o erro pelo uso do indicador. Calcular os valores de pAg e pX em função do volume de titulante adicionado: 1 – Cálculo do volume de titulante para alcançar o ponto de equivalência 2 – Cálculo de pX na solução original 3 - Cálculo de pAg antes do ponto de equivalência 4 - Cálculo de pAg no ponto de equivalência 4 - Cálculo de pAg após o ponto de equivalência A Inflexação da curva não é satisfatória para uma determinação analítica! K ps  10 -10
  • 6. 6 Exemplo 1: Titulação de 100,00 mL de uma solução de de NaCl 0,100 mol/L com uma solução padrão de AgNO3 0,100 mol/L. Dado Kps AgCl = 1,80  10-10 . 1. Escrever a equação da reação química: 2. Calcular o volume de titulante necessário para atingir o ponto de equivalência. n mol NaCl = n mol AgNO3 necessário para atingir transferido para erlenmeyer o ponto de equivalência C AgNO3 x V AgNO3 add = C NaCl x V NaCl 0,100 mol/L x V AgNO3 add = 0,100 mol/L x 100,00 mL V AgNO3 PE = 100 mL NaCl (aq) + AgNO3 (aq) AgCl (s) + NaNO3 (aq
  • 7. 7 Solução aquosa de NaCl. Cálculo pCl na solução aquosa de NaCl, pois pAg é indeterminado. 1 ETAPA Antes de iniciar a titulação NaCl(aq) Na+ (aq) + Cl- (aq) pCl = - log [Cl -] pCl = - log (0,100) pCl = 1,00
  • 8. 8 a) Cálculo do pAg na solução do titulado após a dição de 10 mL de AgNO3: V AgNO3 adicionado = 10,00 mL V final da solução = 100,00 + 10,00 = 110,00 mL [Cl- ] total = [Cl- ] excesso + [Cl- ] sol 2 ETAPA Cálculo do pAg após a adição de titulante e antes de atingir o Ponto de Equivalência. Nesta região haverá um excesso de íons cloretos na presença do precipitado de AgCl. A Concentração de Cl¯ em solução, é praticamente igual a concentração dos íons Cl¯ que não reagiu. A fração de cloreto proveniente da solubilização do precipitado formado é desprezível. Proveniente do analito que ainda não reagiu. Proveniente da fração solubilizada do precipitado formado.
  • 9. 9 a) Cálculo do pAg na solução do titulado após a dição de 10 mL de AgNO3: V AgNO3 adicionado = 10,00 mL V final da solução = 100,00 + 10,00 = 110,00 mL [Cl- ] excesso  [Cl- ] sol [Cl- ] total  [Cl- ] excesso [Cl- ] total = [Cl- ] excesso + [Cl- ] sol 2 ETAPA Cálculo do pAg após a adição de titulnte e antes de atingir o Ponto de Equivalência. Nesta região haverá um excesso de íons cloretos na presença do precipitado de AgCl. A Concentração de Cl¯ em solução, é praticamente igual a concentração dos íons Cl¯ que não reagiu. A fração proveniente do precipitado formado é desprezível.
  • 10. 10 a) Cálculo do pAg na solução do titulado após a dição de 10 mL de AgNO3: V AgNO3 adicionado = 10,00 mL V final da solução = 100,00 + 10,00 = 110,00 mL *Nas imediações do ponto de equivalência é conveniente considerar a solubilidade do precipitado no cáculo. = (n mol Cl- inicial) - (n mol Cl- consumido) (VNaCl + V AgNO3) [Cl- ] ANTES DO PE n mol Cl- consumido = n mol Ag+ adicionado [Cl- ] excesso  [Cl- ] sol [Cl- ] total  [Cl- ] excesso [Cl- ] total = [Cl- ] excesso + [Cl- ] sol* Nesta região haverá um excesso de íons cloretos na presença do precipitado de AgCl. A Concentração de Cl¯ em solução, é praticamente igual a concentração dos íons Cl¯ que não reagiu. A fração proveniente do precipitado formado é desprezível. 2 ETAPA Cálculo do pAg após a adição de titulante e antes de atingir o Ponto de Equivalência. = (n mol Cl- inicial) - (n mol Ag+ add) (VNaCl + V AgNO3) [Cl- ]
  • 11. 11 a) Cálculo do pAg na solução do titulado após a dição de 10 mL de AgNO3: V final da solução = 100,00 + 10,00 = 110,00 mL NaCl (aq) + AgNO3 (aq) AgCl (S) + NaNO3 (aq)) Início 0,0100 - - - Adicão - 0,00100 - - Equlíbrio 0,00900 - 0,00100 0,00100 K ps AgCl = [Ag+ ]∙[Cl- ] CCl - = n mol Cl- V total = (n mol NaCl) (V NaCl + V AgNO3) = (0,00900) (0,110) = 0,0818 mol/L n mol AgNO3 titulante adicionado = C AgNO3·V AgNO3 = 0,100·0,01000 = 0,00100 mol n mol NaCl adicionado erlenmyer= C NaCl·V NaCl = 0,100·0,1000 = 0,0100 mol Exercícios: Cálculo do pAg na solução do titulado após a dição de 20, 30, 50, 80, 99mL de AgNO3. Nesta região haverá um excesso de íons cloretos na presença do precipitado de AgCl. A Concentração de Cl¯ em solução, é praticamente igual a concentração dos íons Cl¯ que não reagiu. A fração proveniente do precipitado formado é desprezível. 2 ETAPA Cálculo do pAg após a adição de titulante e antes de atingir o Ponto de Equivalência. pAg = - log (2,20 x 10-9 ) = 8,66 [Ag+ ] = [Cl- ] K ps AgCl = 1,80 x 10-10 0,0818 = 2,20 x 10-9 mol/L
  • 12. 12 b) Cálculo do pAg na solução do titulado após a dição de 100 mL de AgNO3: V final da solução = 100,00 + 100,00 = 200,00 mL NaCl (aq) + AgNO3 (aq) AgCl (S) + NaNO3 (aq)) Início 0,0100 - - - Adicão - 0,0100 - - Equlíbrio - - 0,0100 0,0100 3 ETAPA Cálculo do pAg ao atingir o ponto de Equivalência Há uma solução saturada do precipitado formado na reação. O cálculo do pAg ou pCl em uma solução saturada de AgCl. Solução Saturada de AgCl: AgCl (s) ⇌ Ag+ (aq) + Cl - (aq) K ps AgCl = [Ag+ ]∙[Cl- ] No equilibrio: [Ag+ ] = [Cl- ] [Ag+ ]2 = K ps AgCl [Ag+ ] = AgCl ps K = -10 10 x 1,80 = 1,34  10-5 mol/L pAg = - log (1,34  10-5 ) = 4,87 pAg = pCl = 4,87 n mol AgNO3 titulante adicionado = C AgNO3·V AgNO3 = 0,100·0,1000 = 0,0100 mol n mol NaCl adicionado erlenmyer= C NaCl·V NaCl = 0,100·0,1000 = 0,0100 mol
  • 13. 13 [Ag ] total = [Ag ] excesso + [Ag ] sol* [Ag ] excesso  [Ag ] sol [Ag ] total  [Ag ] excesso 4 ETAPA Cálculo do pAg após o Ponto de Equivalência Há excesso de titulante, AgNO3, na solução. *Nas imediações do ponto de equivalência é conveniente considerar a solubilidade do precipitado. [Ag ] = (n mol AgNO3 excesso) (VNaCl + V AgNO3)
  • 14. 14 c) V AgNO3 adicionado = 105,00 mL V final da solução = 100,00 + 105,00 = 205,00 mL NaCl (aq) + AgNO3 (aq) AgCl (S) + NaNO3 (aq)) Início 0,0100 - - - Adicão - 0,010500 - - Equlibrio - 0,000500 0,0100 0,0100 CAg+ = n mol Ag+ V total = (n mol AgNO3) (V NaCl + V AgNO3) = (0,000500) (0,205) = 2,43 x 10-3 mol/L pAg = - log (2,430 x 10-3 ) = 2,61 pK ps = pAg + pCl pCl = pK ps – pAg = 9,74 – 2,61 = 7,13 pAg = 2,61 pCl = 7,13 4 ETAPA Após o Ponto de Equivalência Há excesso de AgNO3 na solução. n mol AgNO3 titulante adicionado = C AgNO3·V AgNO3 = 0,100·0,105 = 0,0105 mol n mol NaCl adicionado erlenmyer= C NaCl·V NaCl = 0,100·0,1000 = 0,0100 mol Exercícios: Cálculo do pAg na solução do titulado após a dição de 101, 110, 115, mL de AgNO3.
  • 15. 15 PARÂMETROS QUE AFETAM A INFLEXÃO DAS CURVAS DE TITULAÇÃO 1) Concentração dos reagentes Quanto maior a concentração dos reagentes Maior a inflexão da curva Ponto Final será mais nítido (A) 50 mL de NaCl 0,050 mol/L com 0,100 mol/L AgNO3 mol/L (B) 50 mL de NaCl 0,0050 mol/L com 0,0100 mol/L AgNO3 mol/L
  • 16. 16 PARÂMETROS QUE AFETAM A INFLEXÃO DAS CURVAS DE TITULAÇÃO 2) Kps do precipitado Quanto menor o Kps (reação será mais completa) Maior a inflexão da curva Ponto Final será mais nítido 50 mL de A- 0,050 mol/L com 0,100 mol/L AgNO3 mol/L
  • 17. 17 MÉTODOS ARGENTIMÉTRICOS INDICADORES 1. Potenciométrico Medida do potencial entre um eletrodo de prata e um eletrodo de referência com potencial constante e independente da concentração do reagente adicionado. 2. Amperométrico Medida da corrente gerada na solução titulada 3. Químicos O ponto final será determinado por uma variação de cor ou no aparecimento ou desaparecimento de uma turbidez na solução titulada. 3.1. REQUISITOS PARA O INDICADOR NA VOLUMETRIA DE PRECIPITAÇÃO: a) A variação de cor deve ocorrer em uma faixa limitada da função p do reagente ou do analito; b) A alteração de cor deve acontecer dentro da parte de variação abrupta da curva de titulação do analito.
  • 18. 18 CLASSIFICAÇÃO DOS MÉTODOS ARGENTIMÉTRICOS 3.1. DETECÇÃO DO PONTO FINAL a) Formação de precipitado - MÉTODO DE MOHR b) Formação de complexos coloridos – MÉTODOS DE VOLHARD c) Indicadores de adsorção – MÉTODO DE FAJANS 3.1.1 MÉTODO DE MOHR – Indicador íons Cromato (Método Direto) Método argentimétrico aplicável a titulação do cloreto, brometo e cianeto usando cromato de potássio (K2CrO4 ) como indicador químico. O ponto final é determinado pela formação do precipitado vermelho-tijolo de cromato de prata (Ag2CrO4) na região do ponto de equivalência. O cromato deverá está presente na solução em uma concentração que permita a precipitação de todo o haleto como sal de prata antes que o precipitado de cromato de prata seja perceptível. Ex.: Analito X- é o Titulado e o Titulante é AgNO3 Ag2CrO4 deverá precipitar após o AgX
  • 19. 19 Cálculo da concentração de CrO4 -2 usada nas titulações: No equilíbrio: K ps Ag2CrO4 = [Ag ] 2 (aq)  [CrO4 -2 ] (aq) No equilíbrio: [Ag ] (aq) = [Cl¯] (aq) = AgCl ps K = -10 10 x 1,80 = 1,34  10-5 mol/L No PE: AgCl(s) Ag+ (aq) + Cl- (aq) K ps AgCl = 1,80 x 10-10 [CrO4 -2 ] = [Ag ] 2 K ps Ag2CrO4 = 1,10 x 10-12 (1,34  10-5 )2 = 6,0  10-3 mol/L [CrO4 -2 ]  2 x 10-3 mol/L [CrO4 -2 ] = 6,6 x 10-3 mol/L confere à solução uma intensa cor amarela, de maneira que a formação do cromato de prata vermelho não pode ser prontamente detectada e, por essa razão, concentrações menores de íons cromato são geralmente utilizadas. QUAL A CONCENTRAÇÃO IDEAL DE K2CrO4 ? O precipitado de Ag2CrO4 será formado após o PE. Ag2CrO4(s) 2Ag+ (aq) + CrO4 2- (aq) K ps Ag2CrO4 = 1,10 x 10-12 K2CrO4(aq) + 2AgNO3(aq) Ag2CrO4(s) + 2KNO3(aq) NaCl(aq) + AgNO3(aq) AgCl(s) + NaNO3 (aq
  • 20. 20 LIMITAÇÃO DO MÉTODO O método de Mohr só pode ser aplicado na faixa de pH entre 6,5 e 10,0. 6,5  pH  10,0 2Ag+ (aq) + 2OH- (aq) 2AgOH (s) Ag2O (s) + H20(l) Formação do precipitado de Ag2O Formação de ácido crômico, diminuindo a concentração de cromato no meio. CrO4 -2 (aq) + H+ (aq) HCrO4 - (aq) + H+ (aq) H2CrO4
  • 21. 21 3.1.2 MÉTODO DE FAJANS – Indicadores de adsorção (Método Direto) Método argentimétrico que utiliza os indicadores de adsorção para determinação do ponto final. Os indicadores de adsorção são compostos orgânicos que tendem a ser adsorvidos sobre a superfície do sólido em uma titulação de precipitação. A adsorção ocorre próximo do ponto de equivalência e resulta não apenas em uma alteração de cor, como também em uma transferência de cor da solução para o sólido. A fluoresceína é um indicador de adsorção típico, utilizado para a titulação do íon cloreto com nitrato de prata. Em soluções aquosas, a fluoresceína se dissocia parcialmente em íons hidrônio e íons fluoresceinato que são verde-amarelados. O íons fluoresceinato forma um sal de prata de cor vermelha intensa.
  • 22. 22 HIND (aq) + H2O (aq) H3O+ (aq) + IND- (aq) pK a = 8 (fluoresceína) (fluoresceínato) verde-amarelo Solução Verde-amarelo Cl- Cl- Cl- Cl- Na+ Na+ Na+ Na+ AgCl IND- Ag+ AgCl IND- Ag+ Ag+ Ag+ IND- IND- Coloração vermelha devido ao fluoresceínato de prata adsorvido na camada superficial da solução ao redor do sólido. ANTES DO PE APÓS O PE IND- (aq) IND- (aq) Na+ (aq) Na+ (aq)
  • 23. 23 FLUORESCEÍNA A flouresceína é um ácido muito fraco (pKa = 8) e em pH 7,0 a sua ionização é tão reprimida que a concentração do ânion se torna insuficiente para acusar uma mudança de coloração satisfatória. A alteração da cor é um processo de adsorção, não há precipitação do fluoresceinato de prata, pois o seu produto de solubilidade nunca é excedido. A adsorção é reversível e o corante pode ser dessorvido em uma retrotitulação com íon cloreto. As titulações que envolvem os indicadores de adsorção são rápidas, precisas e seguras, mas sua aplicação é limitada a relativamente poucas reações de precipitação nas quais um precipitado coloidal se forma rapidamente.
  • 24. 24 Consiste em precipitar o haleto com um excesso de solução padrão de AgNO3, e então titular a prata residual em meio ácido com uma solução padrão auxiliar de tiocianato de potássio, usando Fe+3 como indicador do ponto final. O PF será indicado pela formação de um complexo vermelho com um leve excesso de íons tiocianato. X¯ (aq) + AgNO3 (aq) Ag X (s) + NO3¯ (aq) (excesso) Ag (aq) + KSCN (aq) AgSCN (s) + K (aq) (residual) Fe+3 (aq) + KSCN (aq) [Fe(SCN) +2 ] (aq) + K (aq) (complexo vermelho) V Ag total = V Ag que reagiu com haleto + V Ag residual n° de moles Ag total = n° de moles X¯ + n° de moles SCN¯ 3.1.3. MÉTODO DE VOLHARD – Indicador Fe (III) (Método retorno ou retrotitulação) Exemplo: Uma amostra de 50 mL de NaCl é tratada com 80,00 mL de uma solução padrão de AgNO3 0,100 mol/L. A prata residual é titulada com solução padrão auxiliar de KSCN 0,100 mol/L consumindo 50,00 mL deste reagente.
  • 25. 25 Os experimentos mostram que, em média, um observador pode detectar a cor vermelha do Fe(SCN)2+ somente quando sua concentração for 6,4 x 10-6 mol/L. Na titulação de 50,00 mL de Ag+ 0,050 mol/L com KSCN 0,100 mol/L, qual a concentração de Fe3+ deveria ser empregada para reduzir o erro de titulação para próximo de zero? Dado Kf Fe(SCN) +2 = 1,05 x 103 e Kps AgSCN = 1,1 x 10-12 . QUAL A CONCENTRAÇÃO IDEAL DE Fe (III) ? L mol Fe x Fe x x SCN Fe SCN Fe x K L mol x SCN x SCN x SCN x SCN SCN x SCN K Ag L mol x SCN Ag SCN Fe SCN Ag f ps / 036 , 0 ] [ 10 7 , 1 ] [ 10 4 , 6 10 05 , 1 ] ][ [ ] ) ( [ 10 05 , 1 / 10 7 , 1 ] [ 0 10 1 , 1 ] [ 10 4 , 6 ] [ 10 4 , 6 ] [ ] [ 10 1 , 1 ] [ ] [ / 10 4 , 6 ] [ ] [ ] ) ( [ ] [ ] [ 3 7 3 6 3 3 2 3 7 12 6 2 6 12 6 2                                          
  • 26. 26 ASPECTOS DO MÉTODO DE VOLHARD A titulação é realizada em meio ácido para impedir a hidrólise dos íons Fe (III), além de eliminar interferência de outros íons - O meio fortemente ácido necessário ao procedimento de Volhard representa uma vantagem que o distingue dos outros métodos titulométricos de análise de haletos, porque íons como carbonato, oxalato e arsenato, que formam sais de prata pouco solúveis, em meio ácido, não causam interferência. A concentração do indicador não é crítica na titulação de Volhard. Na prática, uma concentração de indicador maior que 0,2 mol/L confere cor suficiente à solução para dificultar a detecção do complexo em razão da cor amarela dos íons Fe (III). Experimentalmente, é utilizada concentração menor, geralmente cerca de 0,1 mol/L, de íons ferro (III). Na determinação de cloreto usando o método de Volhard o precipitado de AgCl deve ser filtrado antes da retrotitulação do excesso de íon prata, pois o cloreto de prata (1,8 x 10-10 ) é mais solúvel que o tiocianato de prata (1,1 x 10-12 ). Coloração perceptível 6,00 x 10-6 mol/L Kf Fe(SCN) +2 = 1,05 x 103
  • 27. 27 CURVA DE TITULAÇÃO PARA MISTURA DE ÍONS As determinações envolvendo titulação de misturas de íons podem ser realizadas para misturas que formam precipitados com diferentes solubilidades. Supondo uma solução contendo íons AI - e AII - capazes de formar sais pouco solúveis MAI e MAII , sendo Kps MAII  Kps MAI MAI (s) M+ (aq) + AI - (aq) Kps MAI = [M+ ]·[ AI - ] MAII (s) M+ (aq) + AII (aq) Kps MAII = [M+ ]·[AII - ] O anion menos solúvel precipita sozinho até que a razão entre as concentrações dos íons se torne igual a razão dos Kps. Uma maior adição de reagente precipitante causa precipitação dos dois compostos simultaneamente em tais quantidades que [AI - ]/[ AII - ] permaneça constante. Kps MAI Kps MAII [M+ ]·[ AI - ] [M+ ]·[AII - ] = Kps MAI Kps MAII [AI - ] [AII - ] =
  • 28. 28 Exemplo: Titulação de 50,0 mL de uma solução com 0,050 mol/L de iodeto e 0,080 mol/L de cloreto que será titulada com AgNO3 0,100 mol/L. I- (aq) + AgNO3 (aq) AgI (S) + NO3 - (aq) K ps AgI = 8,30 x 10-17 Cl- (aq) + AgNO3 (aq) AgCl (S) + NO3 - (aq) K ps AgCl = 1,80 x 10-10 Volume de titulante necessário para atingir o ponto de equivalência. K ps AgCl K ps AgI [Ag+ ]·[ Cl- ] [Ag+ ]·[I - ] = K ps AgCl K ps AgI [Cl- ] [I - ] = 1,80 x 10-10 8,3 x 10-17 = = 2,19 x 106 [ Cl- ] [I - ] = 2,19 x 106 1 PE (Iodeto): n mol I - = n mol AgNO3 V AgNO3 I - = 25,00 mL 2 PE (Cloreto): n mol Cl - = n mol AgNO3 V AgNO3 Cl - = 40,00 mL V AgNO3 I – e Cl - = 25,00 + 40,00 = 65,00 mL
  • 29. 29 1a Etapa: Antes de iniciar a titulação 2a Etapa: Antes do Ponto de Equivalência do iodeto (1º PE): Ex. V AgNO3 add = 10,00 mL V final = 50,00 + 10,00 = 60,00 mL I- (aq) + AgNO3 (aq) AgI (S) + NO3 - (aq) Início 0,0025 - - - Adicão - 0,00100 - - Equlibrio 0,00150 - 0,00100 0,00100 [I- ] = = n mol I- V total = (0,00150) (0,06000) = 0,0250 mol/L pAg = - log (3,32 x 10-15 ) = 14,5 [Ag+ ] = [I- ] K ps AgI = 8,30 x 10-17 0,0250 = 3,32 x 10-15 mol/L pI = - log (0,050) = 1,30 [I- ] = 0,050 mol/L pI = - log (0,080) = 1,10 [Cl- ] = 0,080 mol/L
  • 30. 30 2a Etapa: No Ponto de Equivalência do iodeto (1º PE): Ex. V AgNO3 add = 25,00 mL V final = 50,00 + 25,00 = 75,00 mL I- (aq) + AgNO3 (aq) AgI (S) + NO3 - (aq) Início 0,0025 - - - Adicão - 0,0025 - - Equlibrio - - 0,0025 0,0025 [Cl- ] = n mol Cl- V total [ Cl- ] [I - ] = 2,19 x 106 pAg = 8,47 pCl = 1,27 pI = 7,61
  • 31. 31 3a Etapa: Entre o 1º e 2º Ponto de Equivalência: Ex. V AgNO3 add = 30,00 mL V final = 50,00 + 30,00 = 80,00 mL 25,00 mL reagiu com I- (1º PE) e 5,00 mL reagiu com Cl- Cl- (aq) + AgNO3 (aq) AgCl (S) + NO3 - (aq) Início 0,0040 - - - Adicão - 0,0005 - - Equlibrio 0,0035 - 0,0005 0,0005 [Cl- ] = n mol Cl- V total K ps AgCl = [Ag+ ]∙[Cl- ] pAg = 8,38 pCl = 1,35 pI = 7,70
  • 32. 32 4a Etapa: No 2º Ponto de Equivalência: Ex. V AgNO3 add = 65,00 mL V final = 50,00 + 65,00 = 115,00 mL 25,00 mL reagiu com I- (1º PE) e 40,00 mL reagiu com Cl- (2º PE) Cl- (aq) + AgNO3 (aq) AgCl (S) + NO3 - (aq) Início 0,0040 - - - Adicão - 0,0040 - - Equlibrio - - 0,0040 0,0040 K ps AgCl = [Ag+ ]∙[Cl- ] pAg = 4,87 pCl = 4,87 pI = 11,2
  • 33. 33 CURVA DE TITULAÇÃO PARA MISTURA DE ÂNIONS (A) curva de titulação de 50 mL de uma mistura contendo 0,050 mol/L de iodeto e 0,080 mol/L de cloreto com 0,100 mol/L AgNO3 mol/L. (B) curva de titulação de 50 mL de uma mistura contendo 0,050 mol/L de brometo e 0,080 mol/L de cloreto com 0,100 mol/L AgNO3 mol/L. K ps AgI = 8,30 x 10-17 K ps AgBr = 5,20 x 10-13 K ps AgCl = 1,80 x 10-10