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1692 Cadernos do CNLF, vol. XXI, n. 3. Rio de Janeiro: CiFEFiL, 2017.
AVALIAÇÃO DE EXPRESSÃO ESCRITA
EM LÍNGUA ESTRANGEIRA
Sheila de Almeida Matias Alexandre (AEDB)
sheilaoliveir72@hotmail.com
Simone Correia Tostes (UFRJ)
stostes@gmail.com
RESUMO
Este trabalho visa a apresentar a rubrica como uma ferramenta fundamental pa-
ra o processo avaliativo e para condução de atividades diárias em sala de aula. Neste
artigo, são abordados o conceito de rubrica, bem como suas características, seus bene-
fícios e suas limitações de emprego. Avaliar a produção escrita de aprendizes de lín-
guas estrangeiras consiste em uma atividade que demanda tempo e atenção. A ausên-
cia do autor no momento da apreciação do material também se apresenta como fator
complicador. As rubricas de avaliação são instrumentos que otimizam o trabalho de
valoração da produção escrita uma vez que oferecem os descritores dos padrões de de-
sempenho bem como sua pontuação correspondente. Esse recurso vem sendo utilizado
na avaliação da expressão escrita de testes aplicados em grande escala, onde avaliado-
res capacitados lançam mão dos critérios evitando discrepâncias e injustiças no pro-
cesso avaliativo. Rubricas podem ser utilizadas por professores para aperfeiçoar a
produção escrita de seus alunos. Com critérios claros e explicitados, o aprendiz é ca-
paz de aprimorar seu desempenho, o que pode ser visto em processos de reescritura.
Assim, a rubrica passa a ser uma linguagem de fácil acesso e de comum acordo entre
professor e alunos em busca de produções textuais de melhor qualidade.
Palavras-chave: Avaliação. Expressão escrita. Rubrica. Ensino. Língua estrangeira.
1. Introdução
Avaliar a produção escrita de aprendizes de línguas estrangeiras
consiste em uma atividade que demanda tempo e atenção. Em muitas
ocasiões, esses aspectos são restritos, pois o professor está sobrecarrega-
do com jornadas de trabalho que ultrapassam os turnos e incluem deslo-
camentos para diferentes locais de atuação – condições que podem im-
pactar a qualidade da atividade que realiza. Diante disso, torna-se impor-
tante dispor de ferramentas que otimizem os exercícios em sala de aula.
As rubricas de correção vêm ao encontro dessa demanda, pois, além de
viabilizar a avaliação rápida de quantidades significativas de testes de
produção escrita, oferecem ao professor parâmetros seguros para valorar
o desempenho de seus alunos.
A rubrica é uma matriz que contém a descrição dos níveis de de-
XXI CONGRESSO NACIONAL DE LINGUÍSTICA E FILOLOGIA
Anais do XXI Congresso Nacional de Linguística e Filologia: Textos Completos, t. II 1693
sempenho de acordo com parâmetros estabelecidos para a tarefa solicita-
da. Esse instrumento pode servir para avaliar qualquer tipo de perfor-
mance em diversos tipos de atividades. No caso de avaliação de desem-
penho na modalidade esportiva de salto ornamental, por exemplo, os juí-
zes podem lançar mão dessas descrições uma vez definidos os aspectos
relevantes que caracterizam um “bom salto”. Assim, os avaliadores po-
dem considerar quesitos como postura, início, partida, posição do corpo
e chegada, por exemplo.
Esses avaliadores podem ter uma escala descritiva para cada um
desses critérios. O que caracterizaria, então, um bom desempenho no cri-
tério posição do corpo? O corpo de juízes pode definir que seja desejável
que o atleta esteja com o corpo totalmente esticado até as pontas dos pés
antes de tocar a água. Dessa forma, qualquer inclinação poderia significar
perda de pontos pelo participante, podendo estabelecer-se uma conven-
ção de que pernas flexionadas representariam uma falta mais grave do
que dedos dos pés não esticados.
No caso da avaliação de redações em língua estrangeira, as rubri-
cas devem apresentar critérios que denotem a excelência na produção de
um texto escrito. Esses estão relacionados não apenas à organização tex-
tual, mas à capacidade de arquitetar o texto e coordenar argumentos de
maneira que o “desenho” planejado seja bem desenvolvido para que o
produto final atinja o objetivo comunicativo delineado. Isso equivale a
dizer que aspectos como uso de gramática e estruturação textual adequa-
da devem-se somar a outros quesitos relacionados ao universo das ideias
e sua combinação para apresentar, argumentar ou defender um ponto de
vista.
A experiência e o convívio com profissionais da área de letras/
línguas estrangeiras têm evidenciado que a rubrica como ferramenta de
avaliação ainda é um instrumento relativamente novo no trabalho de pro-
fessores em exercício de suas atividades. O desconhecimento sobre esse
recurso pode ser um reflexo da falta de atualização e de realização de ati-
vidades de formação continuada. Oportunidades de compartilhar e multi-
plicar tal conhecimento têm-se demonstrado eficazes para propiciar me-
lhorias nos processos de ensino e aprendizagem de línguas estrangeiras.
2. O termo rubrica e seu conceito
O termo rubrica apresenta uma variada linhagem etimológica. Se-
1694 Cadernos do CNLF, vol. XXI, n. 3. Rio de Janeiro: CiFEFiL, 2017.
gundo Wiliam James Popham (2006), os primeiros usos do termo datam
da Idade Média, quando, muito antes da chegada do material impresso, os
monges católicos, os quais trabalhavam nos mosteiros, faziam cópias
manuscritas de diversos textos. A fim de sinalizar o início de uma nova
seção o faziam por meio de marcações em vermelho conhecidas como
rubricas. As rubricas nada mais eram do que etiquetas de uma seção de
um livro.
Para Ülkü Ayhan e M. Uǧur Türkyilmaz (2015), o termo rubrica
tem sua origem em rubrica, que quer dizer tinta vermelha em latim.
Também significava os destaques de decisões legais bem como as orien-
tações para condução de serviços religiosos, encontradas nas margens de
livros litúrgicos. Ambas as informações de destaque eram impressas em
vermelho.
No campo educacional, Brown (2012) citado Ülkü Ayhan e M.
Uǧur Türkyilmaz (2015) destaca que a rubrica se refere a diferentes cate-
gorias, tais como critérios para avaliação, apreciação da aprendizagem,
gradientes de aprendizagem de um conjunto de instruções etc. Segundo
Kenneth Wolf e Ellen Stevens (2007), a rubrica é um guia de pontuação
com várias propostas para apreciação da produção e desempenho dos
alunos. Esta ferramenta pode ser utilizada de diversas formas para avan-
çar a aprendizagem. Enfim, para Aline Cazarini Felicio, Edilson Carlos
Caritá e José Dutra de Oliveira Neto (2013), as rubricas podem ser en-
tendidas como regras que são estabelecidas desde o início do processo e
que visam a orientar os alunos sobre quais caminhos percorrer a fim de
potencializar sua aprendizagem.
3. A estrutura de uma rubrica
A rubrica contém quatro partes, a saber: a tarefa, as dimensões, os
aspectos ou critérios, a escala e a descrição das dimensões.
Como tarefa entende-se a proposta de atividade que se pretende
desenvolver, podendo estar voltada para a produção escrita ou até para a
performance oral dos discentes. Itens de respostas fechadas não favore-
cem o uso de rubricas uma vez que implicam atividades cognitivas mais
simples. Segundo Wiliam James Popham (2006), o professor deve res-
tringir o uso de rubricas para atividades cognitivas mais importantes, co-
mo na execução de exercícios de atividades elaboradas.
Segundo Ülkü Ayhan e M. Uǧur Türkyilmaz (2015), as dimen-
XXI CONGRESSO NACIONAL DE LINGUÍSTICA E FILOLOGIA
Anais do XXI Congresso Nacional de Linguística e Filologia: Textos Completos, t. II 1695
sões, aspectos ou critérios referem-se à parte que apresenta os componen-
tes da tarefa. Também esclarecem como a tarefa do aluno pode ser divi-
dida em componentes em termos de importância como gramática, conte-
údo, organização, linguagem e estrutura. Vários aspectos podem avaliar a
habilidade de expressão oral, tais como: fluência, pronúncia, velocidade
de produção ou entrega, entre outros.
A escala é o elemento que ilustra o quão bem ou mal a atividade
foi executada e indica o objetivo avaliativo da rubrica, podendo ser ex-
pressa por uma representação numérica e/ou adjetivada. Como exemplos,
podem-se citar: sofisticado, competente, parcialmente competente, ainda
não competente; realizado, mediano, em desenvolvimento, iniciante; dis-
tinto, proficiente, intermediário, noviço; avançado, intermediário e novi-
ço.
Com relação às dimensões, aos aspectos ou aos descritores, Ülkü
Ayhan e M. Uǧur Türkyilmaz apresentam as suas características:
As descrições das dimensões ajudam a mostrar onde os alunos falharam
com relação ao nível desejado de proficiência ou da mais elevada expectativa
de uma tarefa dada a ser alcançada. Se a dimensão inclui apenas uma descri-
ção, é chamada de rubrica guia de pontuação. Ela permite uma maior flexibili-
dade e uma maior personalização enquanto expandindo o tempo necessário.
Na maioria das vezes, as descrições de três dimensões são as preferidas. Quan-
to mais descrições, mais difícil se torna avaliar. Se a dimensão exceder 5 (cin-
co) descrições, a capacidade de pontuar torna-se mais difícil. (AYHAN &
TÜRKYILMAZ, 2015, p. 84, nossa tradução)
4. Tipos de rubrica
Segundo Ülkü Ayhan e M. Uǧur Türkyilmaz (2015), existem dois
tipos dominantes de rubrica: a rubrica holística e a rubrica analítica. En-
tretanto, os termos rubrica de aspecto primário e rubrica de aspectos múl-
tiplos também podem ser utilizados, respectivamente.
4.1. Rubrica holística
A rubrica holística contém diferentes níveis de desempenho que
descrevem a qualidade, quantidade, quantidade/qualidade de uma tarefa.
Traduz uma impressão geral acerca da performance dos aprendi-
zes, aglutinando diversos aspectos.
1696 Cadernos do CNLF, vol. XXI, n. 3. Rio de Janeiro: CiFEFiL, 2017.
Cada escala descreve o desempenho de acordo com vários crité-
rios como variedade de vocabulário, correção gramatical, fluência. Em
sua maioria, 4 ou 5 níveis de desenvoltura estão disponíveis em rubricas
holísticas. Os professores consideram-na eficiente e fácil para ser usada
em avaliações de aula.
A tabela a seguir ilustra a rubrica holística:
RUBRICA HOLÍSTICA
Pontos
Proficientes
O projeto do aluno apresenta uma hipótese, um procedimento,
dados coletados e resultados analisados. O projeto é completo, e
os achados estão em consonância com os dados coletados. Exis-
tem pequenas discrepâncias que não afetam a qualidade do traba-
lho.
Pontos
Adequados
O projeto do aluno pode ter uma hipótese, um procedimento, da-
dos coletados e resultados analisados. O projeto não é tão com-
pleto como poderia ser; existem áreas que não foram considera-
das. O projeto tem pequenas incongruências que afetam a quali-
dade do trabalho.
Ponto
Limi-
tado
O projeto do aluno pode ter uma hipótese, um procedimento, da-
dos coletados e resultados analisados. O projeto apresenta várias
incorreções que afetam a qualidade do projeto.
Tabela 1. Exemplo de rubrica holística traduzido
a partir do artigo Key of Language Assessment: Rubrics and Rubric Design, 2015
4.2. Rubrica analítica
Escalas analíticas são tipos que tendem a focar em dimensões am-
plas da desenvoltura escrita ou oral. São apresentadas em categorias se-
paradas e mensuradas individualmente. Estão associadas à avaliação em
larga escala de dimensões gerais da desenvoltura linguística. Entretanto,
rubricas analíticas podem ser criadas ou adaptadas para uso em sala de
aula e com tarefas particulares.
Na prática, os termos rubrica analítica e rubrica de traços múlti-
plos podem ser usadas indiferentemente. Entretanto, a diferença entre as
duas reside no fato de que a rubrica analítica avalia dimensões mais tra-
dicionais e gerais de produção linguística ao passo que a rubrica de traços
múltiplos foca em aspectos específicos da desenvoltura necessários para
executar tarefas dadas.
Um exemplo de rubrica analítica pode ser encontrado na tabela a
seguir:
XXI CONGRESSO NACIONAL DE LINGUÍSTICA E FILOLOGIA
Anais do XXI Congresso Nacional de Linguística e Filologia: Textos Completos, t. II 1697
RUBRICA ANALÍTICA
Fazendo perguntas
3 O aluno faz uma série de perguntas relacionadas a tanto a aspectos físicos e quan-
to a outros traços.
2 O aluno faz várias perguntas relacionadas a aspectos físicos e a outros traços.
1 O aluno faz uma quantidade mínima de perguntas relacionadas a aspectos físicos
ou outros traços.
Fornecendo informações
3 O aluno responde as perguntas do seu parceiro com respostas completas e infor-
mação precisa.
2 Perguntas e respostas usam aspectos apropriados de vocabulário e gramática ensi-
nados em aula.
1 O aluno responde as perguntas do parceiro com alguma correção.
Vocabulário e precisão
3 Perguntas e respostas usam uma variedade apropriada de aspectos gramaticais e
de vocabulário
2 Perguntas e respostas usam aspectos apropriados de vocabulário e gramática ensi-
nados em aula.
1 Vocabulário e estrutura gramatical são simples.
Uso gramatical
3 Pequenos erros de gramática que não impedem a compreensão.
2 Vários erros gramaticais impactam levemente a compreensão, mas as incompre-
ensões são esclarecidas na língua alvo.
1 Erros gramaticais significativos levam a múltiplas incompreensões.
Tabela 2. Exemplo de rubrica analítica adaptado e traduzido a partir do artigo Key of
Language Assessment: Rubrics and Rubric Design, 2015.
5. Benefícios e limitações no uso de rubricas
As rubricas desempenham um papel importante para o avanço e
avaliação da aprendizagem dos discentes. Segundo Kenneth Wolf e Ellen
Stevens (2007), tem-se observado que o uso de rubricas tem propiciado
um grande potencial para estudantes universitários americanos de ambi-
entes não tradicionais, que ingressaram na universidade em idade tardia,
estudantes de primeira geração, cujos pais não possuem nível superior, e
de minorias, os considerados afro-americanos, asiáticos e latinos.
Para Radhika de Silva (2017), as rubricas constituem ferramentas
úteis para ensino e avaliação. Elas economizam tempo gasto pelos pro-
fessores em avaliar a produção do trabalho do aluno. A avaliação tornase
mais autêntica. A rubrica é importante uma vez que amplia a capacidade
1698 Cadernos do CNLF, vol. XXI, n. 3. Rio de Janeiro: CiFEFiL, 2017.
de o aluno expressar suas ideias de forma eficaz. Com relação ao avalia-
dor, favorece o julgamento imparcial e livre de preconceitos.
Segundo Kenneth Wolf e Ellen Stevens (2007), as rubricas forne-
cem aos alunos ferramentas para autoavaliação e feedback aos pares visto
que, de posse dos critérios de avaliação, podem conduzir uma apreciação
acerca de seu próprio desempenho bem como da desenvoltura de seus
companheiros de classe. Um traço marcante de um profissional é sua ha-
bilidade de avaliar de forma precisa e inspirada sua performance, consti-
tuindo uma ilustração de empowerment, que se caracteriza pela delegação
do poder de decisão acerca dos rumos da aprendizagem e maior autono-
mia por parte dos discentes.
Ainda segundo Kenneth Wolf e Ellen Stevens (2007), os alunos
podem auxiliar no processo de criação das rubricas, contribuindo no
momento da definição dos objetivos, assumindo assim a responsabilidade
sobre sua própria aprendizagem. O envolvimento dos alunos na discussão
sobre as metas a serem alcançadas poderá contribuir para uma internali-
zação mais profunda e rápida dos critérios com vistas à qualidade do de-
sempenho a ser atingido.
As rubricas tornam o processo avaliativo mais válido e confiável,
e seu valor real está no fato de que contribuem sobremaneira para o
avanço da aprendizagem. O cuidadoso desenvolvimento de rubricas de
correção, a completa explicação, o suporte constante e a orientação apre-
sentados aos usuários de rubricas são necessários caso se deseje trazer
produtos positivos para ensino, aprendizagem e avaliação.
É importante ressaltar que, para desenvolver rubricas de avaliação
de qualidade, o professor deve ter claro em sua mente o padrão de de-
sempenho ideal exequível por seu público discente para a solução da ta-
refa proposta. A partir daí, vai compartimentando os desempenhos inferi-
ores a esse ideal para atribuir, em seguida, pontuações parciais corres-
pondentes ao desempenho em cada quesito avaliado até chegar ao ponto
mínimo de desempenho em cada um dos aspectos considerados.
Esse cuidado é extremamente importante, pois o emprego de ru-
bricas mal desenhadas pode levar ao fracasso de todo o processo avaliati-
vo. Preparar rubricas para avaliação não constitui uma tarefa simples.
Desenvolver as descrições de desempenho para cada nível consome mui-
to tempo. As rubricas devem ser empregadas para tarefas que envolvam
alto nível de complexidade, não devendo ser empregadas para tarefas que
envolvam apenas os níveis mais elementares da taxonomia de Bloom,
XXI CONGRESSO NACIONAL DE LINGUÍSTICA E FILOLOGIA
Anais do XXI Congresso Nacional de Linguística e Filologia: Textos Completos, t. II 1699
sendo o nível do conhecimento um deles.
Caso mal elaboradas, as rubricas podem atuar como limitadoras
do processo ensino-aprendizagem uma vez que podem impedir a criativi-
dade dos discentes. O desafio, portanto, é desenhar rubricas que sejam
capazes de tornar claro o que será observado no produto ou desempenho
do aluno, sem limitá-lo ou diminuí-lo.
6. Conclusão
A experiência com ensino e avaliação de línguas estrangeiras tem
demonstrado que pouco se sabe sobre a ferramenta rubrica. Sendo a ava-
liação um dos pontos cruciais do processo ensino/aprendizagem, já que
permite corrigir distorções no processo de ensino bem como auxiliar os
discentes no caminho para a aprendizagem, conhecer opções de ferra-
mentas de avaliação reveste-se de importância inexorável.
As rubricas de avaliação consistem em uma opção viável para rea-
lizar avaliações das produções escritas – assim como das produções orais
– dos alunos em processo de aprendizagem de línguas estrangeiras. Tal
ferramenta expõe claramente a descrição de desempenhos ideais em dife-
rentes quesitos. Ao tratar de expressões ideais, as rubricas de avaliação
são adequadas para quantificar a performance no uso da linguagem para
realizar uma tarefa determinada, sendo desaconselhável seu uso para ava-
liar soluções para questões objetivas.
São, em última instância, ferramentas para graduar o desempenho
em atividades de nível cognitivamente complexo, não sendo adequadas
para respostas simples ou de menor complexidade. Assim, não se trata de
atribuir a menção “certo” ou “errado” a uma resposta apresentada, mas de
descrever um padrão máximo esperado; isso não impossibilita que o alu-
no, ao resolver a tarefa, exceda as expectativas inicialmente descritas. Es-
sa flexibilidade é certamente inaplicável a questões que requerem respos-
tas objetivas.
Por fim, é digna de nota a transparência que permeia o processo
de avaliação utilizando-se de rubricas. A clarividência de critérios e as-
pectos permite que professores orientem seus esforços de ensino para vi-
abilizar o desempenho ideal por parte dos alunos. Estes, por sua vez, vi-
sualizam as expectativas de desempenho e direcionam suas ações de au-
toaprendizagem. Assim, professores e alunos tornam-se coparticipantes
do processo educativo, contribuindo para a formação do cidadão em po-
1700 Cadernos do CNLF, vol. XXI, n. 3. Rio de Janeiro: CiFEFiL, 2017.
sição de protagonismo na sociedade de que faz parte.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AYHAN, Ülkü; TÜRKYILMAZ, M. Uǧur. Key of Language Assess-
ment: Rubrics and Rubric Design. International Journal of Language and
Linguistics, vol. 2, n. 2, p. 82-92, 2015.
FELICIO, Aline Cazarini; CARITÁ, Edilson Carlos; OLIVEIR NETO,
José Dutra de. Percepção discente quanto à utilização de rubricas para
avaliação da aprendizagem. 2013. Artigo. Universidade de Ribeirão Pre-
to, Ribeirão Preto. Disponível em:
<http://www.abed.org.br/congresso2013/cd/114.doc>
POPHAM, Wiliam James. The Role of Rubrics in Testing and Teaching.
New York: Taylor & Francis Group, 2006.
SILVA, Radhika de. Rubrics for Assessment: Their effects on ESL Stu-
dents' Authentic Task Performance. Disponível em:
<http://www.nus.edu.sg/celc/research/books/4th%20Symposium%20pro
ceedings/19).%20Radhikda%20De%20Silva.pdf>. Acesso em 17 Ago
2017.
WOLF, Kenneth; STEVENS, Ellen. The Role of Rubrics in Advancing
and Assessing Student Learning. The Journal of Effective Teaching, vol.
7, n. 1, p. 3-14, 2007. Disponível em:
<http://files.eric.ed.gov/fulltext/EJ1055646.pdf>.

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Avaliação de redações com rubricas

  • 1. 1692 Cadernos do CNLF, vol. XXI, n. 3. Rio de Janeiro: CiFEFiL, 2017. AVALIAÇÃO DE EXPRESSÃO ESCRITA EM LÍNGUA ESTRANGEIRA Sheila de Almeida Matias Alexandre (AEDB) sheilaoliveir72@hotmail.com Simone Correia Tostes (UFRJ) stostes@gmail.com RESUMO Este trabalho visa a apresentar a rubrica como uma ferramenta fundamental pa- ra o processo avaliativo e para condução de atividades diárias em sala de aula. Neste artigo, são abordados o conceito de rubrica, bem como suas características, seus bene- fícios e suas limitações de emprego. Avaliar a produção escrita de aprendizes de lín- guas estrangeiras consiste em uma atividade que demanda tempo e atenção. A ausên- cia do autor no momento da apreciação do material também se apresenta como fator complicador. As rubricas de avaliação são instrumentos que otimizam o trabalho de valoração da produção escrita uma vez que oferecem os descritores dos padrões de de- sempenho bem como sua pontuação correspondente. Esse recurso vem sendo utilizado na avaliação da expressão escrita de testes aplicados em grande escala, onde avaliado- res capacitados lançam mão dos critérios evitando discrepâncias e injustiças no pro- cesso avaliativo. Rubricas podem ser utilizadas por professores para aperfeiçoar a produção escrita de seus alunos. Com critérios claros e explicitados, o aprendiz é ca- paz de aprimorar seu desempenho, o que pode ser visto em processos de reescritura. Assim, a rubrica passa a ser uma linguagem de fácil acesso e de comum acordo entre professor e alunos em busca de produções textuais de melhor qualidade. Palavras-chave: Avaliação. Expressão escrita. Rubrica. Ensino. Língua estrangeira. 1. Introdução Avaliar a produção escrita de aprendizes de línguas estrangeiras consiste em uma atividade que demanda tempo e atenção. Em muitas ocasiões, esses aspectos são restritos, pois o professor está sobrecarrega- do com jornadas de trabalho que ultrapassam os turnos e incluem deslo- camentos para diferentes locais de atuação – condições que podem im- pactar a qualidade da atividade que realiza. Diante disso, torna-se impor- tante dispor de ferramentas que otimizem os exercícios em sala de aula. As rubricas de correção vêm ao encontro dessa demanda, pois, além de viabilizar a avaliação rápida de quantidades significativas de testes de produção escrita, oferecem ao professor parâmetros seguros para valorar o desempenho de seus alunos. A rubrica é uma matriz que contém a descrição dos níveis de de-
  • 2. XXI CONGRESSO NACIONAL DE LINGUÍSTICA E FILOLOGIA Anais do XXI Congresso Nacional de Linguística e Filologia: Textos Completos, t. II 1693 sempenho de acordo com parâmetros estabelecidos para a tarefa solicita- da. Esse instrumento pode servir para avaliar qualquer tipo de perfor- mance em diversos tipos de atividades. No caso de avaliação de desem- penho na modalidade esportiva de salto ornamental, por exemplo, os juí- zes podem lançar mão dessas descrições uma vez definidos os aspectos relevantes que caracterizam um “bom salto”. Assim, os avaliadores po- dem considerar quesitos como postura, início, partida, posição do corpo e chegada, por exemplo. Esses avaliadores podem ter uma escala descritiva para cada um desses critérios. O que caracterizaria, então, um bom desempenho no cri- tério posição do corpo? O corpo de juízes pode definir que seja desejável que o atleta esteja com o corpo totalmente esticado até as pontas dos pés antes de tocar a água. Dessa forma, qualquer inclinação poderia significar perda de pontos pelo participante, podendo estabelecer-se uma conven- ção de que pernas flexionadas representariam uma falta mais grave do que dedos dos pés não esticados. No caso da avaliação de redações em língua estrangeira, as rubri- cas devem apresentar critérios que denotem a excelência na produção de um texto escrito. Esses estão relacionados não apenas à organização tex- tual, mas à capacidade de arquitetar o texto e coordenar argumentos de maneira que o “desenho” planejado seja bem desenvolvido para que o produto final atinja o objetivo comunicativo delineado. Isso equivale a dizer que aspectos como uso de gramática e estruturação textual adequa- da devem-se somar a outros quesitos relacionados ao universo das ideias e sua combinação para apresentar, argumentar ou defender um ponto de vista. A experiência e o convívio com profissionais da área de letras/ línguas estrangeiras têm evidenciado que a rubrica como ferramenta de avaliação ainda é um instrumento relativamente novo no trabalho de pro- fessores em exercício de suas atividades. O desconhecimento sobre esse recurso pode ser um reflexo da falta de atualização e de realização de ati- vidades de formação continuada. Oportunidades de compartilhar e multi- plicar tal conhecimento têm-se demonstrado eficazes para propiciar me- lhorias nos processos de ensino e aprendizagem de línguas estrangeiras. 2. O termo rubrica e seu conceito O termo rubrica apresenta uma variada linhagem etimológica. Se-
  • 3. 1694 Cadernos do CNLF, vol. XXI, n. 3. Rio de Janeiro: CiFEFiL, 2017. gundo Wiliam James Popham (2006), os primeiros usos do termo datam da Idade Média, quando, muito antes da chegada do material impresso, os monges católicos, os quais trabalhavam nos mosteiros, faziam cópias manuscritas de diversos textos. A fim de sinalizar o início de uma nova seção o faziam por meio de marcações em vermelho conhecidas como rubricas. As rubricas nada mais eram do que etiquetas de uma seção de um livro. Para Ülkü Ayhan e M. Uǧur Türkyilmaz (2015), o termo rubrica tem sua origem em rubrica, que quer dizer tinta vermelha em latim. Também significava os destaques de decisões legais bem como as orien- tações para condução de serviços religiosos, encontradas nas margens de livros litúrgicos. Ambas as informações de destaque eram impressas em vermelho. No campo educacional, Brown (2012) citado Ülkü Ayhan e M. Uǧur Türkyilmaz (2015) destaca que a rubrica se refere a diferentes cate- gorias, tais como critérios para avaliação, apreciação da aprendizagem, gradientes de aprendizagem de um conjunto de instruções etc. Segundo Kenneth Wolf e Ellen Stevens (2007), a rubrica é um guia de pontuação com várias propostas para apreciação da produção e desempenho dos alunos. Esta ferramenta pode ser utilizada de diversas formas para avan- çar a aprendizagem. Enfim, para Aline Cazarini Felicio, Edilson Carlos Caritá e José Dutra de Oliveira Neto (2013), as rubricas podem ser en- tendidas como regras que são estabelecidas desde o início do processo e que visam a orientar os alunos sobre quais caminhos percorrer a fim de potencializar sua aprendizagem. 3. A estrutura de uma rubrica A rubrica contém quatro partes, a saber: a tarefa, as dimensões, os aspectos ou critérios, a escala e a descrição das dimensões. Como tarefa entende-se a proposta de atividade que se pretende desenvolver, podendo estar voltada para a produção escrita ou até para a performance oral dos discentes. Itens de respostas fechadas não favore- cem o uso de rubricas uma vez que implicam atividades cognitivas mais simples. Segundo Wiliam James Popham (2006), o professor deve res- tringir o uso de rubricas para atividades cognitivas mais importantes, co- mo na execução de exercícios de atividades elaboradas. Segundo Ülkü Ayhan e M. Uǧur Türkyilmaz (2015), as dimen-
  • 4. XXI CONGRESSO NACIONAL DE LINGUÍSTICA E FILOLOGIA Anais do XXI Congresso Nacional de Linguística e Filologia: Textos Completos, t. II 1695 sões, aspectos ou critérios referem-se à parte que apresenta os componen- tes da tarefa. Também esclarecem como a tarefa do aluno pode ser divi- dida em componentes em termos de importância como gramática, conte- údo, organização, linguagem e estrutura. Vários aspectos podem avaliar a habilidade de expressão oral, tais como: fluência, pronúncia, velocidade de produção ou entrega, entre outros. A escala é o elemento que ilustra o quão bem ou mal a atividade foi executada e indica o objetivo avaliativo da rubrica, podendo ser ex- pressa por uma representação numérica e/ou adjetivada. Como exemplos, podem-se citar: sofisticado, competente, parcialmente competente, ainda não competente; realizado, mediano, em desenvolvimento, iniciante; dis- tinto, proficiente, intermediário, noviço; avançado, intermediário e novi- ço. Com relação às dimensões, aos aspectos ou aos descritores, Ülkü Ayhan e M. Uǧur Türkyilmaz apresentam as suas características: As descrições das dimensões ajudam a mostrar onde os alunos falharam com relação ao nível desejado de proficiência ou da mais elevada expectativa de uma tarefa dada a ser alcançada. Se a dimensão inclui apenas uma descri- ção, é chamada de rubrica guia de pontuação. Ela permite uma maior flexibili- dade e uma maior personalização enquanto expandindo o tempo necessário. Na maioria das vezes, as descrições de três dimensões são as preferidas. Quan- to mais descrições, mais difícil se torna avaliar. Se a dimensão exceder 5 (cin- co) descrições, a capacidade de pontuar torna-se mais difícil. (AYHAN & TÜRKYILMAZ, 2015, p. 84, nossa tradução) 4. Tipos de rubrica Segundo Ülkü Ayhan e M. Uǧur Türkyilmaz (2015), existem dois tipos dominantes de rubrica: a rubrica holística e a rubrica analítica. En- tretanto, os termos rubrica de aspecto primário e rubrica de aspectos múl- tiplos também podem ser utilizados, respectivamente. 4.1. Rubrica holística A rubrica holística contém diferentes níveis de desempenho que descrevem a qualidade, quantidade, quantidade/qualidade de uma tarefa. Traduz uma impressão geral acerca da performance dos aprendi- zes, aglutinando diversos aspectos.
  • 5. 1696 Cadernos do CNLF, vol. XXI, n. 3. Rio de Janeiro: CiFEFiL, 2017. Cada escala descreve o desempenho de acordo com vários crité- rios como variedade de vocabulário, correção gramatical, fluência. Em sua maioria, 4 ou 5 níveis de desenvoltura estão disponíveis em rubricas holísticas. Os professores consideram-na eficiente e fácil para ser usada em avaliações de aula. A tabela a seguir ilustra a rubrica holística: RUBRICA HOLÍSTICA Pontos Proficientes O projeto do aluno apresenta uma hipótese, um procedimento, dados coletados e resultados analisados. O projeto é completo, e os achados estão em consonância com os dados coletados. Exis- tem pequenas discrepâncias que não afetam a qualidade do traba- lho. Pontos Adequados O projeto do aluno pode ter uma hipótese, um procedimento, da- dos coletados e resultados analisados. O projeto não é tão com- pleto como poderia ser; existem áreas que não foram considera- das. O projeto tem pequenas incongruências que afetam a quali- dade do trabalho. Ponto Limi- tado O projeto do aluno pode ter uma hipótese, um procedimento, da- dos coletados e resultados analisados. O projeto apresenta várias incorreções que afetam a qualidade do projeto. Tabela 1. Exemplo de rubrica holística traduzido a partir do artigo Key of Language Assessment: Rubrics and Rubric Design, 2015 4.2. Rubrica analítica Escalas analíticas são tipos que tendem a focar em dimensões am- plas da desenvoltura escrita ou oral. São apresentadas em categorias se- paradas e mensuradas individualmente. Estão associadas à avaliação em larga escala de dimensões gerais da desenvoltura linguística. Entretanto, rubricas analíticas podem ser criadas ou adaptadas para uso em sala de aula e com tarefas particulares. Na prática, os termos rubrica analítica e rubrica de traços múlti- plos podem ser usadas indiferentemente. Entretanto, a diferença entre as duas reside no fato de que a rubrica analítica avalia dimensões mais tra- dicionais e gerais de produção linguística ao passo que a rubrica de traços múltiplos foca em aspectos específicos da desenvoltura necessários para executar tarefas dadas. Um exemplo de rubrica analítica pode ser encontrado na tabela a seguir:
  • 6. XXI CONGRESSO NACIONAL DE LINGUÍSTICA E FILOLOGIA Anais do XXI Congresso Nacional de Linguística e Filologia: Textos Completos, t. II 1697 RUBRICA ANALÍTICA Fazendo perguntas 3 O aluno faz uma série de perguntas relacionadas a tanto a aspectos físicos e quan- to a outros traços. 2 O aluno faz várias perguntas relacionadas a aspectos físicos e a outros traços. 1 O aluno faz uma quantidade mínima de perguntas relacionadas a aspectos físicos ou outros traços. Fornecendo informações 3 O aluno responde as perguntas do seu parceiro com respostas completas e infor- mação precisa. 2 Perguntas e respostas usam aspectos apropriados de vocabulário e gramática ensi- nados em aula. 1 O aluno responde as perguntas do parceiro com alguma correção. Vocabulário e precisão 3 Perguntas e respostas usam uma variedade apropriada de aspectos gramaticais e de vocabulário 2 Perguntas e respostas usam aspectos apropriados de vocabulário e gramática ensi- nados em aula. 1 Vocabulário e estrutura gramatical são simples. Uso gramatical 3 Pequenos erros de gramática que não impedem a compreensão. 2 Vários erros gramaticais impactam levemente a compreensão, mas as incompre- ensões são esclarecidas na língua alvo. 1 Erros gramaticais significativos levam a múltiplas incompreensões. Tabela 2. Exemplo de rubrica analítica adaptado e traduzido a partir do artigo Key of Language Assessment: Rubrics and Rubric Design, 2015. 5. Benefícios e limitações no uso de rubricas As rubricas desempenham um papel importante para o avanço e avaliação da aprendizagem dos discentes. Segundo Kenneth Wolf e Ellen Stevens (2007), tem-se observado que o uso de rubricas tem propiciado um grande potencial para estudantes universitários americanos de ambi- entes não tradicionais, que ingressaram na universidade em idade tardia, estudantes de primeira geração, cujos pais não possuem nível superior, e de minorias, os considerados afro-americanos, asiáticos e latinos. Para Radhika de Silva (2017), as rubricas constituem ferramentas úteis para ensino e avaliação. Elas economizam tempo gasto pelos pro- fessores em avaliar a produção do trabalho do aluno. A avaliação tornase mais autêntica. A rubrica é importante uma vez que amplia a capacidade
  • 7. 1698 Cadernos do CNLF, vol. XXI, n. 3. Rio de Janeiro: CiFEFiL, 2017. de o aluno expressar suas ideias de forma eficaz. Com relação ao avalia- dor, favorece o julgamento imparcial e livre de preconceitos. Segundo Kenneth Wolf e Ellen Stevens (2007), as rubricas forne- cem aos alunos ferramentas para autoavaliação e feedback aos pares visto que, de posse dos critérios de avaliação, podem conduzir uma apreciação acerca de seu próprio desempenho bem como da desenvoltura de seus companheiros de classe. Um traço marcante de um profissional é sua ha- bilidade de avaliar de forma precisa e inspirada sua performance, consti- tuindo uma ilustração de empowerment, que se caracteriza pela delegação do poder de decisão acerca dos rumos da aprendizagem e maior autono- mia por parte dos discentes. Ainda segundo Kenneth Wolf e Ellen Stevens (2007), os alunos podem auxiliar no processo de criação das rubricas, contribuindo no momento da definição dos objetivos, assumindo assim a responsabilidade sobre sua própria aprendizagem. O envolvimento dos alunos na discussão sobre as metas a serem alcançadas poderá contribuir para uma internali- zação mais profunda e rápida dos critérios com vistas à qualidade do de- sempenho a ser atingido. As rubricas tornam o processo avaliativo mais válido e confiável, e seu valor real está no fato de que contribuem sobremaneira para o avanço da aprendizagem. O cuidadoso desenvolvimento de rubricas de correção, a completa explicação, o suporte constante e a orientação apre- sentados aos usuários de rubricas são necessários caso se deseje trazer produtos positivos para ensino, aprendizagem e avaliação. É importante ressaltar que, para desenvolver rubricas de avaliação de qualidade, o professor deve ter claro em sua mente o padrão de de- sempenho ideal exequível por seu público discente para a solução da ta- refa proposta. A partir daí, vai compartimentando os desempenhos inferi- ores a esse ideal para atribuir, em seguida, pontuações parciais corres- pondentes ao desempenho em cada quesito avaliado até chegar ao ponto mínimo de desempenho em cada um dos aspectos considerados. Esse cuidado é extremamente importante, pois o emprego de ru- bricas mal desenhadas pode levar ao fracasso de todo o processo avaliati- vo. Preparar rubricas para avaliação não constitui uma tarefa simples. Desenvolver as descrições de desempenho para cada nível consome mui- to tempo. As rubricas devem ser empregadas para tarefas que envolvam alto nível de complexidade, não devendo ser empregadas para tarefas que envolvam apenas os níveis mais elementares da taxonomia de Bloom,
  • 8. XXI CONGRESSO NACIONAL DE LINGUÍSTICA E FILOLOGIA Anais do XXI Congresso Nacional de Linguística e Filologia: Textos Completos, t. II 1699 sendo o nível do conhecimento um deles. Caso mal elaboradas, as rubricas podem atuar como limitadoras do processo ensino-aprendizagem uma vez que podem impedir a criativi- dade dos discentes. O desafio, portanto, é desenhar rubricas que sejam capazes de tornar claro o que será observado no produto ou desempenho do aluno, sem limitá-lo ou diminuí-lo. 6. Conclusão A experiência com ensino e avaliação de línguas estrangeiras tem demonstrado que pouco se sabe sobre a ferramenta rubrica. Sendo a ava- liação um dos pontos cruciais do processo ensino/aprendizagem, já que permite corrigir distorções no processo de ensino bem como auxiliar os discentes no caminho para a aprendizagem, conhecer opções de ferra- mentas de avaliação reveste-se de importância inexorável. As rubricas de avaliação consistem em uma opção viável para rea- lizar avaliações das produções escritas – assim como das produções orais – dos alunos em processo de aprendizagem de línguas estrangeiras. Tal ferramenta expõe claramente a descrição de desempenhos ideais em dife- rentes quesitos. Ao tratar de expressões ideais, as rubricas de avaliação são adequadas para quantificar a performance no uso da linguagem para realizar uma tarefa determinada, sendo desaconselhável seu uso para ava- liar soluções para questões objetivas. São, em última instância, ferramentas para graduar o desempenho em atividades de nível cognitivamente complexo, não sendo adequadas para respostas simples ou de menor complexidade. Assim, não se trata de atribuir a menção “certo” ou “errado” a uma resposta apresentada, mas de descrever um padrão máximo esperado; isso não impossibilita que o alu- no, ao resolver a tarefa, exceda as expectativas inicialmente descritas. Es- sa flexibilidade é certamente inaplicável a questões que requerem respos- tas objetivas. Por fim, é digna de nota a transparência que permeia o processo de avaliação utilizando-se de rubricas. A clarividência de critérios e as- pectos permite que professores orientem seus esforços de ensino para vi- abilizar o desempenho ideal por parte dos alunos. Estes, por sua vez, vi- sualizam as expectativas de desempenho e direcionam suas ações de au- toaprendizagem. Assim, professores e alunos tornam-se coparticipantes do processo educativo, contribuindo para a formação do cidadão em po-
  • 9. 1700 Cadernos do CNLF, vol. XXI, n. 3. Rio de Janeiro: CiFEFiL, 2017. sição de protagonismo na sociedade de que faz parte. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AYHAN, Ülkü; TÜRKYILMAZ, M. Uǧur. Key of Language Assess- ment: Rubrics and Rubric Design. International Journal of Language and Linguistics, vol. 2, n. 2, p. 82-92, 2015. FELICIO, Aline Cazarini; CARITÁ, Edilson Carlos; OLIVEIR NETO, José Dutra de. Percepção discente quanto à utilização de rubricas para avaliação da aprendizagem. 2013. Artigo. Universidade de Ribeirão Pre- to, Ribeirão Preto. Disponível em: <http://www.abed.org.br/congresso2013/cd/114.doc> POPHAM, Wiliam James. The Role of Rubrics in Testing and Teaching. New York: Taylor & Francis Group, 2006. SILVA, Radhika de. Rubrics for Assessment: Their effects on ESL Stu- dents' Authentic Task Performance. Disponível em: <http://www.nus.edu.sg/celc/research/books/4th%20Symposium%20pro ceedings/19).%20Radhikda%20De%20Silva.pdf>. Acesso em 17 Ago 2017. WOLF, Kenneth; STEVENS, Ellen. The Role of Rubrics in Advancing and Assessing Student Learning. The Journal of Effective Teaching, vol. 7, n. 1, p. 3-14, 2007. Disponível em: <http://files.eric.ed.gov/fulltext/EJ1055646.pdf>.