Apresentação do projeto "Biblioteca escolar como espaço de afeto acadêmico", exibida na 7ª Semana de Integração Acadêmica (SIAC) da UFRJ em outubro de 2016.
Coordenadora: Ana Lúcia Ferreira Gonçalves
1. Biblioteca escolar como espaço
de afeto acadêmico
13º Congresso de Extensão da UFRJ
7ª Semana de Integração Acadêmica
XXXVIII Jornada Giulio Massarani de Iniciação Científica, Tecnológica, Artística e Cultural
2. equipe
Gisele Araujo de Lima
Graduanda em Biblioteconomia e Gestão de
Unidades de Informação – CBG/UFRJ
BolsistaPIBIAC
AnaLúcia FerreiraGonçalves
Mestre emCiência da Informação – UFF/IBICT
coordenadora
3. Sobre o projeto
O projeto se refere ao estímulo de uma relação mais
aprofundada entre alunos e o ambiente da biblioteca. A
equipe se reuniu em vários encontros e elaborou atividades
em resposta a pedidos e sugestões enviadas por seus
leitores. Com influência direta dos discentes, foi trabalhada
a presença dos mesmos em consonância com os demais
usuários no papel de atores diretos e agentes de
transformação dentro da Unidade de Informação,
construindo aos poucos um grande espaço de afeto
acadêmico.
4. Objetivos
• Analisar a influência direta deste projeto no processo de
formação do público leitor e na orientação à pesquisa escolar.
• Explorar abordagens e atividades de cunho cultural, dinâmico
e intimista dentro do ambiente da biblioteca escolar.
• Reforçar a familiarização e o conhecimento cada vez mais
aprofundado dos alunos com as coleções disponíveis.
• Estimular a participação direta dos alunos no crescimento da
biblioteca como um organismo de sociabilidades, estimulando
a produção de saberes.
5. REFERENCIAL TEÓRICO
Sociabilidade é o termo utilizado por Lopes (2001) para
definir os diversos tipos de relações sociais estabelecidos
entre os membros de uma coletividade e as suas formas
de ligação a um todo social. No âmbito dessas relações, a
circulação de informações, as quais expressam interesses,
práticas e valores, possibilita identificar as diferentes
maneiras de ligação dos componentes de uma realidade
social, evidenciando suas formas de sociabilidade. Estas
podem se diferenciar em termos de vínculos e
intensidades (GURVITCH, G., 1979-1986).
6. Referencial teórico
A experiência de ouvir narrativas move a audição e a força do imaginário
como a concentração nas sonoridades, nas imagens criadas, insistindo em
sentimentos, emoções, afetos e também ideias, comparações e traços a
medida que cresce a capacidade discursiva de um indivíduo que cada vez
mais desenvolve sua subjetividade. As histórias lidas/ouvidas são capazes de
trazer a ele a comoção em diferentes planos, do afetivo ao intelectual
(YUNES, 2009, p.21).
A mediação da leitura não é apenas fazer circular textos de leitura, pelo
contrário, o bibliotecário deve ser cúmplice efetivo e afetivo do leitor, se
dispondo a discutir e trocar ideias a respeito do que leem (ALMEIDA JÚNIOR;
BORTOLIN, 2007, p. 11).
7. Metodologia:pesquisa-ação
Pesquisa-ação é uma forma de investigação baseada
em uma autorreflexão coletiva empreendida pelos
participantes de um grupo social de maneira a
melhorar a racionalidade e a justiça de suas próprias
práticas sociais e educacionais, como também o seu
entendimento dessas práticas e de situações onde
essas práticas acontecem (KEMMIS; MC TAGGART,
1988, apud ELIA; SAMPAIO, 2001, p.248).
[...] é um tipo de pesquisa social com base empírica
que é concebida e realizada em estreita associação
com uma ação ou com a resolução de um problema
coletivo e no qual os pesquisadores e os
participantes representativos da situação ou do
problema estão envolvidos de modo cooperativo ou
participativo (THIOLLENT, 1988, p.14).
Observação
Reflexão
Planejamento
Intervenção
8. Reação dos
participantes
envolvidos
Reações, críticas,
comentários,
reflexões e feedback
direto dos alunos e
demais participantes
no que diz respeito
às atividades
apresentadas e suas
abordagens
Novas
atividades de
estímulo ao
afeto
Contação de
histórias
Atividades de
conscientização e
livre participação
Parceria direta
com alunos
Ações culturais
Intervenção
Planejamento Reflexão
Observação
9. Confeccionando materiaisdecorativos
A atividade, inicialmente interna, surgiu
da proposta de inovação na estratégia de
marketing visual do mural da biblioteca,
confeccionando pequenas
ornamentações temáticas de origami. Os
alunos demonstraram interesse direto em
participar na produção dos objetos
decorativos que ficariam expostos. A
partir de tal manifestação, foi iniciada
uma grande e transformadora onda de
produção coletiva entre bibliotecários,
bolsistas e discentes, que resultou na
construção das outras ideias
apresentadas nos meses seguintes.
12. Semana de cuidados com o livro
Com atividades artísticas e de cunho expositivo, o evento surgiu em resposta à:
• necessidade de reforçar a conscientização da comunidade escolar e acadêmica
sobre a importância da preservação dos livros e as consequências da falta de
cuidado com o acervo;
• pedidos feitos pelos alunos e pela proposta de elaborar atividades curtas,
dinâmicas e de interesse do público.
Através de tal atividade se reforçou a vivência de experiências dos usuários junto ao
corpo de bibliotecárias e bolsistas, desenvolvendo o vínculo afetivo e intimista dentro
da biblioteca.
13. Exposição de livros danificados
Intitulada “O grande hall dos livros danificados e todos
os seus traumas”, a exposição se deu através da
separação de obras danificadas presentes no próprio
acervo da biblioteca.
Cada exemplar ou grupo de livros foi separado de
acordo com o tipo de dano sofrido e teve uma pequena
descrição ou história criada para chamar a atenção do
público e trazer os mesmos a um estado reflexivo sobre
a reação de cada ato indevido com os livros e o que
poderia ter sido feito para evitar os danos
apresentados.
14. Exposição de livros danificados
Em resposta à boa repercussão e a
pedidos dos usuários, a exposição teve
seu prazo inicialmente estendido por
mais uma semana. A duração total para
visitação do público foi de 3 meses.
A atividade também teve um expressivo
alcance nas redes sociais, onde muitos
olhares curiosos surgiram com
questionamentos sobre tudo que foi
apresentado na biblioteca.
15.
16.
17. Oficina de marcadores de página
A oficina foi realizada em dois dias alternados durante
os horários de recreio, sendo aberta a todo o público
interessado em participar.
Os materiais foram colocados à disposição do público
para que os mesmos confeccionassem os moldes de
marcadores de página a sua maneira, usando a
criatividade para manifestar habilidades de produção
manual e customização sem delimitação de critérios e
limitações em cada marcador produzido.
No decorrer das oficinas, foi reforçado pelas
bibliotecárias o porquê do uso dos marcadores de
página, assim como sua contribuição para a
conservação dos livros e de sua estrutura.
18. “Eu recomendo!”: o poder da divulgaçãode leitor para leitor
É uma iniciativa de recomendação livre e espontânea, não contendo
limitação de público-alvo. Ou seja, tanto alunos quanto os demais usuários
que compõem a comunidade escolar podem enviar recomendações
literárias de alguma obra da biblioteca.
Como funciona:
No momento do empréstimo, é entregue ao usuário a ficha de
recomendação junto do livro, reforçando que o propósito da iniciativa
“eu recomendo” é sem compromisso ou obrigação;
Ao devolver a obra, a ficha é entregue às bibliotecárias. Caso a obra
tenha gerado certa catarse no usuário, o mesmo entrega uma breve
recomendação, que será apresentada para outros usuários
futuramente;
A recomendação é apresentada junto da obra de modo estratégico nas
estantes da biblioteca, deixando o livro em destaque e despertando a
curiosidade de outros leitores interessados em novas aventuras
literárias.
19. “Eu recomendo!”: o poder da divulgaçãode leitor para leitor
O efeito da divulgação de leitor para
leitor, além de possuir efeito tão poderoso
quanto o marketing direto, incentiva a
participação de outros usuários e oferece
orientação a uma breve noção de indicação
de leitura. A partir da utilização dos
princípios mais simples de uma resenha
crítica, os leitores começam a ter noção de
como expressar senso crítico e de como
escrever livremente sobre obras de seu
interesse.
20. Voluntáriosda biblioteca
A iniciativa, trabalhada com as turmas
do 5º ano do Ensino Fundamental, surgiu
com intuito de exercer de forma direta o
espírito de trabalho em equipe e reforçar o
senso de responsabilidade e
comprometimento com uma atividade
rotineira. Para participar do corpo de
voluntários, os alunos interessados
entraram em contato com as bibliotecárias
e tiveram aprovação direta dos
responsáveis.
21. Voluntáriosda biblioteca
Etapas de participação:
Inscrição;
Envio de termo de ciência para os responsáveis,
aguardando a respectiva aprovação dos mesmos para
confirmar a inserção do aluno como voluntário;
Oficina de capacitação sobre o empréstimo de livros,
ministrada pelo corpo de funcionárias da biblioteca;
Exercício pleno do voluntariado em dupla durante os
horários do recreio, sob supervisão e auxílio direto das
bibliotecárias e bolsistas.
Os alunos foram colocados em um esquema de rodízio durante
a atividade, evitando o hábito de manter os componentes de
dupla fixos. Desta forma, foi possível exercer a flexibilidade do
trabalho em equipe com todos os voluntários participantes.
22. Frutos do afeto acadêmico: Mais projetos pensados em grupo
• Semana dos contos de terror e suspense
• Abayomi
• Mês da literatura fantástica
• Uni duni lê
• Continue a história
• Gincana de jogos
23. Resultados
Coelho (1989, p. 14) afirma que “um processo de ação cultural resume-se na
criação ou organização das condições necessárias para que as pessoas
inventem seus próprios fins e se tornem assim sujeitos da cultura, não seus
objetos”.
As atividades contribuíram de forma integral para criar um estreitamento
entre os alunos e a biblioteca, incentivando o uso contínuo do acervo,
aflorando a criatividade e a construção de ideias em equipe e reforçando
gradativamente o papel da Biblioteca do Colégio de Aplicação da UFRJ como
um lugar de transformação social e incentivo à formação de leitores. Ao
mesmo tempo, as dinâmicas trabalhadas colaboraram para o
desenvolvimento dos alunos assumindo o papel de atores culturais.
24. Reflexos e resultados
• Grande estímulo do senso criativo e artístico dos participantes;
• Crescimento dos pedidos por ações culturais;
• Participação direta dos alunos nas dicas e elaboração de próximas
atividades;
• Aumento do fluxo de novos usuários sendo trazidos à biblioteca;
• Extensão do repertório literário e maior familiarização do público-alvo
com a biblioteca, tanto como ambiente de estudo quanto para lazer,
entretenimento e compartilhamento de diversas vivências.
• Olhar sensitivo do corpo discente mais presente em relação a conservação
e preservação do acervo e da biblioteca.
• Criação de competências diretas nos alunos e demais participantes,
criando nos mesmos um maior posicionamento de responsabilidade e
comprometimento.
25. Considerações finais
Castarede (2000) sinaliza que a biblioteca é o território onde
se coadunam as emoções e pensamentos, onde a
característica comportamental de cada um passa a ser
compartilhada, permitindo a descoberta de horizontes até
então desconhecidos.
26. Referências
ALMEIDA JÚNIOR, O. F.; BORTOLIN, S. Mediação da Informação e da Leitura. In: SEMINÁRIO EM CIÊNCIA DA
INFORMAÇÃO, 2., 2007, Londrina. Anais... Londrina: Universidade Estadual de Londrina, 2007. Disponível em:
<http://eprints.rclis.org/13269/>. Acesso em: 17 out. 2016.
CASTAREDE, Marie-France. La voix et ses sortilèges. Paris: Les Belles Lettres, 2000.
COELHO, T. O que é ação cultural. São Paulo: Brasiliense, 1989.
ELIA, M.F.; SAMPAIO, F.F. Plataforma Interativa para Internet: Uma proposta de Pesquisa-Ação a Distância para
professores. SIMPÓSIO BRASILEIRO DE INFORMÁTICA NA EDUCAÇÃO, 12., 2001. Anais... [local], 2001. p. 102-
109.
GURVITCH, G. A. A vocação atual da sociologia. Lisboa: Edições Cosmos, 1979-1986, 2v.
PETIT, M. A arte de ler ou como resistir à adversidade. São Paulo: Editora 34, 2009.
KUHLTHAU, C. Como usar a biblioteca na escola: um programa de atividades para o ensino fundamental. 2. ed.
Belo Horizonte: Autêntica, 2004.
VERGARA, S. C. Métodos de pesquisa em administração. 5. ed. São Paulo: Editora Atlas, 2012.
YUNES, Eliane. Tecendo um leitor: uma rede de fios cruzados. Curitiba: Aymará, 2009.
YUNES, E.; ROCHA, A. (Org.). Biblioteca e formação de leitores. Rio de Janeiro: Cátedra UNESCO de
Leitura PUC-Rio; São Paulo: Editora Reflexão, 2015.