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Logística Aplicada
à Construção Civil
Como Melhorar o Fluxo
de Produção nas Obras
Hélio Flavio Vieira
HÉLIO FLAVIO VIEIRA,
engenheiro civil, com 30 anos
de atividade profissional, tendo
exercido sua profissão na área
de construção civil rodoviária,
edificações e de infra-estrutura
portuária. Exerce atividade
docente em nível universitário,
sendo Pós-Graduado com
Mestrado e Doutorado
em Logística e Transportes.
Logística Aplicada à Construção Civil - como melhorar
o fluxo de produção na obra
«COPYRIGHT EDITORA PINI LTDA.
Todos os direitos de reprodução reservados pela Editora Pini Ltda.
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
Vieira, Hélio Flavio
Logística aplicada à construção civil : como
melhorar o fluxo de produção nas obras / Hélio
Flavio Vieira. — São Paulo : Editora Pini, 2006.
Bibliografia.
ISBN 85-7266-170-0
06-2779
1. Cadeia de suprimentos - Administração
2. Construção 3. Engenharia de produção 4. Logística
(Organização) 1. Título.
CDD-690.01
índices para catálogo sistemático:
1. Construção civil : Logística aplicada :
Tecnologia 690.01
2. Logística aplicada : Construção civil :
Tecnologia 690.01
Coordenação Manuais Técnicos: Raquel Cardoso Reis
Diagramação e capa: Mayara L. Pereira
Revisão gramatical: Mônica Costa
Editora Pini Ltda.
Rua Anhaia, 964 - CEP 01130-900 São Paulo, SP
fone: 11 3352-7558 - Fax 11 3352-7587
Internet: vvww.piniweb.com - E-mail: manuais@pini.com.br
1d edição
tiragem: 2.000 exemplares, abril/2006 •«toa.* imum
Logística Aplicada
à Construção Civil
Como Melhorar o Fluxo
de Produção nas Obras
Hélio Flavio Vieira
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 8
CONSTRUÇÃO CIVIL 11
Introdução 11
A Construção Civil e a competitividade 11
A competitividade e a Logística 13
A falta da ação competitiva no setor construtivo 13
Mudança de postura no setor da Construção Civil 14
A Construção Civil e a industrialização 14
Mudança no processo dc gestão do setor construtivo 1 5
ATECNOLOGIA LOGÍSTICA 17
Introdução 1 7
Evolução da Logística 1 7
Maior abrangência Logística 18
Conceituação da Logística 19
CADEIA DE SUPRIMENTOS E O CARÁTER SISTÊMICO DA LOGÍSTICA 2 1
Introdução 21
As três grandes áreas da Cadeia de Suprimentos 22
A Logística como um sistema 23
Princípio logístico Tr.ide-Off 24
Técnica logística Just-ln-TlmelJll) 24
A Logística e a Tecnologia da Informação 25
NÍVEL DE SERVIÇO LOGÍSTICO 27
Introdução 27
Interdependência entre Logística e nível de serviço 28
Nível de serviço 29
ATECNOLOGIA LOGÍSTICA E A CONSTRUÇÃO CIVIL 33
Introdução 33
Cadeia dc Suprimentos na Construção Civil 33
A etapa da manufatura na Cadeia de Suprimentos da construção 35
Agentes envolvidos na manufatura 37
PROBLEMAS LOGÍSTICOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL 39
Introdução 39
A Logística da manufatura na construção: a principal fonte dos problemas 39
Principais ocorrências de perdas e desperdícios 41
Contribuição da Logística na solução de problemas 43
INTRODUÇÃO DA LOGÍSTIGN NO SISTEMA CONSTRUTIVO 45
Objetivos da Logística 45
PLANEJAMENTO LOGÍSTICO PRÉVIO DO EMPREENDIMENTO 47
Introdução 47
Planejamento logístico - estudo de caso 47
Desenvolvimento do processo dc projeto 49
Fases do desenvolvimento do processo dc projeto 50
Estruturação das fases do desenvolvimento do projeto 51
Procedimentos do processo logístico 56
Planejamento logístico inicial de um empreendimento 56
ESTRATÉGIAS LOGÍSTICAS NA CONSTRUÇÃO 59
Introdução 59
Estratégia do Processo Logístico na Construção 60
Processo logístico compatível com a estratégia da empresa 61
ESTRATÉGIA DO SISTEMA DE INFORMAÇÃO E DA TECNOLOGIA DE INFORMAÇÃO NA CONSTRUÇÃO 63
Introdução 63
Sistemas de Informações 65
O desafio da implementação do sistema de informações na construção 66
Tecnologia da informação 67
Sistema de orçamento e planejamento de obras 69
Descrição dos módulos do Sistema 71
Descrição dos relatórios 72
Engenharia e projeto por computador - CAD (Computer Aided Design) 74
TECNOLOGIAS OPERACIONAIS 77
Introdução 77
Tecnologia de Radiofreqüência, Código de Barras e Leitores (Scanners) 77
Tecnologia do código de barras 81
TECNOLOGIA DE IDENTIFICAÇÃO POR RADIOFREQÜÊNCIA -RFID 85
Introdução 85
Vantagens do RFID 86
Utilização do sistema 87
SISTEMA DE GERENCIAMENTO DO ARMAZÉM - VVMS 89
Introdução 89
Definição do VVMS 89
Sistema de operação do VVMS 90
Funções do VVMS 91
Benefícios logísticos do VVMS 92
Considerações relacionadas à implantação do sistema na construção civil 93
Tecnologia de informação no VVMS 93
VVMS integrado ao Sistema de Radiofreqüência 93
Escolha do Sistema W M S 94
Síntese dos benefícios proporcionados pelo Sistema W M S 94
INTERCÂMBIO ELETRÔNICO DE DADOS-EDI 97
Introdução 97
Requisitos básicos para utilização do EDI 97
Histórico do EDI 98
Redes de Valor Adicionado VANs (V.ilueAdded Nelsvork Service) 99
Benefícios proporcionados pelo EDI na construção civil 101
Benefícios estratégicos do uso do EDI 102
Modelo de análise para adoção do EDI 102
Considerações importantes para implantação do EDI 103
SUMÁRIO
ECReEDI 103
EDI Nova Geração 104
PLANEJAMENTO DE NECESSIDADES DE MATERIAIS E PLANEJAMENTO
DOS RECURSOS DE MANUFATURA - MRPI E MRPII 105
Introdução 105
Definições do MRPI e MRPII 106
Diferenciação entre MRPI e MRPII 106
Operacionalização do MRPI 106
Informatização do planejamento da produção 108
Propósitos, Objetivos e Filosofia do MRP 1 10
Benefícios proporcionados pelo Sistema MRP 110
PLANEJAMENTO DOS RECURSOS EMPRESARIAIS - ERP 111
Introdução 111
O que vem a ser ERP? 11 1
Última geração em planejamento empresarial 112
Definição para um Sistema ERP 113
Requisito fundamental para implantação da tecnologia ERP 114
Sistema ERP na Construção Civil 115
ESTRATÉGIA D O SISTEMA DE PARCERIA - ECR 11 7
Introdução 11 7
Fatores que podem ser favorecidos pelo ECR 118
O que se pode definir como ECR 118
A construção civil no sistema de parceria e a tecnologia de informação 119
Princípios básicos do ECR 120
Estratégias e ferramentas que dão suporte ao ECR 120
Desenvolvimento do ECR 123
Benefícios do ECR 124
Obstáculos para implementação do ECR 124
ESTRATÉGIA DA INDUSTRIALIZAÇÃO DA CONSTRUÇÃO 1 27
Introdução 1 27
O desenvolvimento da industrialização 128
A industrialização no Brasil 132
Entraves da disseminação da industrialização 134
Logística na industrialização - Painéis prá-fabricados de vedação externa 135
Logística na industrialização - Lajes pré-íabricadas 138
Logística na industrialização - Alvenaria estrutural 142
Compatibilização de projetos e alvenaria estrutural 146
Vantagens do processo de industrialização 146
Vantagens logísticas 146
Vantagens competitivas 147
ESTRATÉGIA DATERCEIRIZAÇÃO DOS SERVIÇOS (outsourcinf>) 149
Introdução 149
Pré-requisitos para terceirização 150
Avaliação do prestador de serviços 151
Vantagens c desvantagens da terceirização 152
A LOGÍSTICA NO CANTEIRO DE OBRAS 155
Introdução ' 55
O planejamento logístico do canteiro de obras 1 56
Projeto de um canteiro de obras I 57
Definição logística do layout do canteiro de obras 1 60
Relação dos elementos do canteiro correspondentes ã produção 1 62
Definição das fases do canteiro 163
Recomendações relacionadas aos elementos operacionais do canteiro 1 64
Recomendações relacionadas ãs áreas de vivência do canteiro I 67
Recomendações relacionadas aos elementos de apoio técnico e administrativo I 70
Condições de trabalho e segurança nos canteiros de obras NR-18 (PCMAT) 171
Programa de Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção I 72
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 175
INTRODUÇÃO
LOGÍSTICA E TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO COMO ESTRATÉGIA
PARA DINAMIZAÇÃO DA CONSTRUÇÃO CIVIL
A construção civil ao longo dos anos não deu a devida importância à sua área de manufatura - o
canteiro de obras. A preocupação dos gestores com o canteiro de obras sempre foi relacionada aos
aspectos técnicos do projeto arquitetônico-estrutural, sem a merecida preocupação com desperdícios,
prazos e retrabalhos, ou seja, com o gerenciamento do fluxo de suprimentos. O capital das empresas foi
sempre empregado com investimentos na área técnico-estrutural, percebendo-se uma grande carência
de recursos no desenvolvimento de outras frentes que num primeiro momento aparentam não impulsi-
onar a produção, entre elas a logística.
Apesar das exigências pela qualidade relacionadas ao consumidor, ainda persistem os altos índices de
desperdício e improvisação dentro dos canteiros de obras da construção civil. A falta de modulação dos
projetos ou de integração entre projetos, a tecnologia de informação pouco desenvolvida dentro do
setor, a má administração dos materiais, as deficiências de formação e qualificação de mão-de-obra, as
práticas construtivas não racionalizadas e as alterações de projetos que ocorrem no transcorrer do
sistema construtivo, são as principais causas determinantes desta situação que age de forma contunden-
te na redução do índice de produtividade e aumento considerável dos custos de produção.
Estes são fatos que vêm caracterizando a construção civil ao longo dos anos e que devem ser ajustados
para que as empresas se tornem mais competitivas e garantam sua permanência no mercado. Porém,
isso sompnte será possível se for atribuída a mpsma importância que ó dada aos aspprtos térniro-
estruturais, à gestão da cadeia de suprimento, ou seja, aos aspectos técnico-logísticos. A gestão logística
pouco desenvolvida no suprimento de materiais e serviços é a principal causa apontada da ineficiência
produtiva. Entende-se que é necessário atribuir maior enfoque aos aspectos logísticos da produção. A
logística deve ser desmembrada e possuir seu gestor específico, atuando de forma integrada com o
engenheiro responsável pelo projeto técnico-estrutural; cada um se concentra em suas respectivas
importantes áreas de atuação, porém, ambos olham na mesma direção.
Como se sabe, tudo que se relaciona a perdas, desperdícios, prazos não cumpridos, retrabalhos, etc. são
basicamente vinculados à área de suprimentos, ou seja, à administração da cadeia de sumprimentos e,
por conseqüência, de uma gestão logística pouco desenvolvida. Portanto, é indispensável que a forma
de gestão da produção no seu ambiente produtivo seja encarada, como um diferencial estratégico e,
como tal, mereça toda atenção técnica, gerencial e administrativa.
O u seja, a construção civil necessita de uma melhoria contínua no seu processo construtivo e nas
condições gerenciais de seus canteiros de obras. Deve ter como objetivos a agilização das atividades
construtivas, aumento da produtividade e do nível de serviço e diminuição do desperdício, não poden-
do esse objetivo ser confundido unicamente com redução de custos. Poderá haver certas situações em
que o estudo das operações logísticas apontará para o aumento das despesas num determinado setor,
porém com redução de custos em outros, de forma a encaminhar um produto que atenda plenamente
às necessidades dos clientes, tanto em termos de qualidade como de preço.
Com base nessas considerações extremamente relevantes, o autor preocupou-se em buscar alternativas
que venham possibilitar uma melhoria contínua dentro desse setor industrial tão necessitado com rela-
ção aos aspectos de produtividade e nível de serviço. Essa busca concentrou-se basicamente dentro da
concepção logística que constitui a ferramenta fundamental e impulsionadora do desenvolvimento e
do sucesso de toda indústria bem-sucedida, qualquor que seja o sc?u campo empresarial. Sendo assim, o
objetivo principal do trabalho é, primeiramente, desenvolver um estudo sobre aspectos da construção
civil e, posteriormente, aspectos relacionados à tecnologia logística, como sua evolução, definição,
funções, características, objetivos e benefícios que um processo logístico pode oferecer de uma maneira
geral. A seguir, atribuir o enfoque logístico com todas as suas técnicas, conceitos, procedimentos e, em
especial, a tecnologia de informação no sistema construtivo, destacando sua importância como ferra-
menta estratégica.
CONSTRUÇÃO CIVIL
Introdução
A construção civil é o setor industrial que representa uma importância fundamental na economia bra-
sileira. Possui uma importante participação na composição do PIB, segundo o Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística - IBGE representando nos últimos anos uma média percentual em torno de 6 %
do PIB total do País. Segundo o IPEA, com relação aos postos de trabalho sua participação é, em média,
de 4 0 % do total da mão-de-obra da indústria de transformação em geral. Comparando-se com outros
setores da indústria de transformação, é o maior de todos eles.
Além da sua importância relacionada aos aspectos econômicos e sociais, a construção civil tem uma
interferência muito forte na natureza. Ela utiliza recursos naturais de uma forma substancial e isso a
relaciona com o meio ambiente, quer seja na obtenção da sua matéria-prima, quer seja na grande
quantidade de entulhos gerados pelo setor, assim como no uso do espaço urbano. Com isso, é extrema-
mente relevante, tanto em termos ambientais como em termos econômicos, qualquer tipo dc estudo
que avalie e quantifique perdas ou consumos de materiais nos canteiros de obras.
A construção civil divide-se em três subsetores: edificações, responsável pela construção de edifícios;
construção pesada, que objetiva a construção de infra-estrutura de transportes, energia, telecomunica-
ções e saneamento; e montagem industrial, responsável pela montagem de estruturas metálicas nos
vários setores industriais, sistemas de geração de energia, de comunicações e de exploração de recursos
naturais. Deve-se destacar a importância do subsetor de edificações, que é responsável, segundo o
IBGE, por mais de 9 0 % do número de estabelecimentos da construção civil e mais de 8 2 % do total de
empregos do setor construtivo. É justamente no setor de edificações que o presente trabalho irá dirigir
seu maior enfoque, até mesmo por ser o que mais apresenta as distorções operacionais em sua cadeia
produtiva, as quais serão mencionadas a seguir.
A construção de edifícios, no decorrer dos anos, vem diferenciando-se de outros setores da indústria
manufatureira no aspecto evolutivo por fatores importantes, entre os quais se pode destacar a falta de
uma maior competitividade nesse segmento industrial. Essa carência de uma ação competitiva dentro
do subsetor, e que ao longo dos anos vem norteando esse segmento industrial, pode ser explicada por
alguns fatores, e dentre os mais fundamentais podem ser citados: a inexistência de uma concorrência
externa, que produziria reflexos competitivos internos, e a enorme carência habitacional brasileira.
Estima-se que o déficit habitacional total no Brasil seja da ordem de 6,65 milhões de novas moradias
(dados de 2000), que eqüivalem a 14,3% do total de domicílios existentes. O problema se concentra
basicamente nas regiões urbanas (81,3% do déficit total) e nas famílias com renda até três salários
mínimos (83,2% do déficit urbano total).
Déficit habitacional urbano total, por faixa de renda mensal familiar, segundo as regiões
Participação regional no déficit habitacional urbano por faixa de renda mensal familiar' (%)
Região até 3 de 3 a 5 de 5 a 10 mais de 10 Total2
Norte 7,8 6,6 9,9 6,1 7,7
Nordeste 35,2 19,7 12,6 11,0 32,1
Sudeste 38,4 54,0 54,2 61,2 41,2
Sul 10,5 12,2 13,5 13,5 10,9
Centro-Oeste 8,0 7,5 9,8 8,2 8,0
Brasil 4.410.385 443.139 285.131 105-632 5.297.946
1 Exclusivo o déficit jxir depreciação que não jxide ser calculado |>or faixas de renda
1 Inclusive sem declaração de remia
Fonte: Fundação João Pinheiro. Elaboração: LCA Consultores
Hoje, porém, é exatamente nessa competitividade que reside a principal preocupação dos empresários
do subsetor. Essa mudança de direcionamento mercadológico, ainda não tão contundente, porém siste-
mática, deve-se a alguns aspectos que vêm exercendo algum tipo de interferência e provocando tais
modificações conjunturais. Entre estes aspectos, os mais influentes são:
• a grande dificuldade de disponibilidade de financiamentos governamentais;
• a conscientização dos consumidores com relação aos seus direitos, tendo como ponto de par-
tida o Código de Defesa do Consumidor de 1990;
• o aumento das exigências pela qualidade;
• estabilização econômica através da consolidação do Plano Real.
Estes aspectos todos têm estimulado muito a competitividade entre as empresas construtoras, obrigan-
do-as a procurar alternativas estratégicas que busquem a eficiência e a eficácia de sua cadeia produtiva,
antes voltadas basicamente a atividades não-produtivas.
A Construção Civil e a competitividade
Mesmo após a abertura econômica e tecnológica brasileira pós-ditadura militar, as empresas da cons-
trução civil não sofreram a mesma ação competitiva externa sentida em outros setores industriais
manufatureiros. As indústrias seriadas foram as que mais sofreram com essa abertura, pois se já existia
uma concorrência interna mais significativa nesse segmento industrial, ficou ainda mais acentuada com
a concorrência externa provocada pela abertura econômica. Isso fez com que houvesse uma transfor-
mação radical nas estruturas operacionais e administrativas das empresas desse segmento, as quais tive-
ram que se requalificar tecnologicamente. Somente assim poderiam atingir um nível de produtividade
e qualidade que pudesse competir de forma igualitária com seus concorrentes estrangeiros.
A principal transformação se verificou na área da cadeia de suprimentos (fluxo de materiais, serviços e
mão-de-obra), que passou a ser a grande prioridade dessas empresas. O u seja, a grande preocupação
das empresas manufatureiras seriadas passou a ser a racionalização de todas as atividades produtivas e
a qualidade dos materiais e mão-de-obra envolvidas, desde a aquisição da matéria-prima do fornece-
dor até o atendimento das necessidades do cliente final. Esta preocupação fez aumentar de uma forma
muito acentuada a importância da logística. Sabe-se que a cadeia de suprimentos é a área de atuação da
tecnologia logística, a qual efetua o gerenciamento da mesma, através de seus conceitos, métodos,
técnicas e procedimentos, visando fundamentalmente ao aumento da produtividade, da qualidade e do
nível de serviço ao cliente. Sendo assim, a logística passou a ser considerada uma prioridade das empresas
brasileiras a partir do início da década de 1990.
A competitividade e a Logística
A concepção logística de agrupar conjuntamente as atividades relacionadas ao fluxo de materiais e
serviços para administrá-las de forma coletiva já foi uma evolução natural. A administração de empresas
passou a focalizar o controle e a coordenação coletiva dessas atividades como potencial de vantagem
competitiva, capaz de oferecer diferencial através das características do serviço prestado, originando,
assim, a Logística Empresarial. O s consumidores vêm exigindo cada vez mais produtos que atendam as
suas necessidades, no momento exato, com alto padrão de qualidade e a preços compatíveis, indepen-
dentemente da nacionalidade dos mesmos. Os clientes estão muito mais informados e exigentes, o que
provoca mudanças no mercado e no consumo, conseqüentemente, em todo setor industrial e de servi-
ços. Portanto, aquela empresa que colocar no mercado o produto ou serviço que melhor atenda às
necessidades e exigências dos consumidores a menor preço, independentemente da marca ou origem
desse produto ou serviço, será a que irá se manter no mercado, dando um passo à frente em relação aos
seus concorrentes.
Sendo assim, as empresas passaram a necessitar de uma maior profissionalização gerencial em termos
de qualificação e tecnologia operacional, fazendo até mesmo com que surgissem no mercado empresas
especializadas em serviços logísticos. A necessidade e a urgência dessa adequação abriram esse novo
campo de atuação, onde empresas especializadas em implementação e gerenciamento das necessida-
des logísticas podem ser subcontratadas para gerir toda ou parte da cadeia logística. Segundo LAMBERT
& STOCK (1982), esse novo enfoque se deveu à mudança no ambiente competitivo, em que as frontei-
ras econômicas foram rompidas aumentando, assim, a concorrência e ampliando o mercado.
A falta da ação competitiva no setor construtivo
Os mesmos fatores que exigiram uma reformulação empresarial no setor manufatureiro seriado não se
fizeram sentir no setor da construção civil. Neste setor, a ação competitiva se restringia ao âmbito
interno do País e de uma maneira bastante inexpressiva. Tudo que era produzido era vendido, algumas
vezes com mais ou menos dificuldades, como em situações de crises econômicas passageiras, porém
era vendido.
Os empresários da construção no Brasil sempre dirigiram o foco de sua atenção basicamente para aspec-
tos relacionados às especificações técnicas do projeto estrutural e arquitetônico, assim como a aspectos de
marketing. Sempre foram negligenciados aspectos fundamentais de produção como tecnologia, qualifica-
ção, produtividade, especialização, treinamento, etc., estando na contramão como descumprimento de
prazos, improvisação, retrabalhos, perdas e desperdícios, etc. Aspectos estes que têm fundamentalmente
origem na administração da cadeia de suprimentos. Ao engenheiro de obra sempre foi atribuída as fun-
ções técnicas e administrativas do empreendimento, ou seja, sempre foram de sua responsabilidade o
acompanhamento e o controle das características físicas e geométricas que envolvem as especificações
técnicas do projeto construtivo, assim como toda cadeia de suprimentos da obra.
A preocupação com a qualificação profissional, tecnologia operacional, treinamento, especialização,
automação, qualidade e organização dos materiais e componentes nunca foi a principal prioridade. O
setor da construção civil, em especial o subsetor de edificações, sempre apresentou sérios problemas
com perdas, desperdícios, prazos, produtividade e qualidade, problemas relacionados, como foi men-
cionado anteriormente, com a administração da cadeia de suprimentos (cadeia produtiva).
Estes fatos demonstram claramente a falta de uma maior atenção à sua área de suprimentos, que sempre
foi relegada a um plano secundário e concentrada essa atenção prioritariamente em relação à área
técnico-estrutural. A evolução sentida em outros setores manuíatureiros não foi acompanhada da mes-
ma forma por esse setor que sempre conviveu com o desperdício e a improvisação dentro do seu
ambiente construtivo. O empresário sempre contabilizava a ineficiência, o desperdício e a improvisa-
ção no orçamento da obra em vez de encontrar alternativas eficazes para melhorar seu desempenho.
Mudança de postura no setor da Construção Civil
O ambiente mercadológico da construção vem nos últimos anos sofrendo mudanças significativas,
onde a concorrência do mercado, antes quase inexistente, hoje se manifesta através de uma ação com-
petitiva mais forte. Isso pode ser explicado pela mudança de percepção dos consumidores quanto a seus
direitos, visto que se tornaram muito mais exigentes no atendimento às suas necessidades, exigindo
assim uma nova postura para o setor. Essa nova postura se reflete numa atitude estratégica diferente da
empregada até então.
As empresas construtoras passam a deslocar o foco de suas estratégias, principalmente para atividades
produtivas, antes relegadas a um plano secundário, como foi mencionado anteriormente. O u seja, as
empresas que antes tinham suas estratégias operacionais voltadas para as atividades não-produtivas,
passaram a buscar uma maior eficácia técnico-econômica, através de atividades mais voltadas à produ-
ção. Começam a aparecer processos de treinamentos e requalificação de operários, programas setoriais
para melhoria da qualidade de produtos, criação de organismos independentes de certificação de pro-
dutos e de sistemas de gestão da qualidade no setor. Aliado a isso, tecnologias operacionais começam
cada vez mais a fazer parte do sistema construtivo, contribuindo não só com a produtividade (custos),
como também com o nível de serviço oferecido.
Com isso, os sistemas construtivos de grande ou pequeno porte vêm sofrendo algumas transformações
em vista da evolução dos processos tecnológicos informacionais e operacionais. O s materiais, as técni-
cas e os métodos construtivos têm evoluído de forma acentuada nas últimas décadas, requerendo cada
vez mais uma nova postura administrativa e conhecimentos multidisciplinares por parte dos gestores.
Novos processos mais eficazes têm sido adotados com base em práticas tradicionais da construção,
repercutindo muitas vezes em sucessos técnicos e econômicos. Por outro lado, deve-se ressaltar mais
uma vez que a área de suprimentos, ainda assim, não vem acompanhando no mesmo ritmo estas
evoluções. O que vem sendo percebido é uma evolução muito lenta, embora de maneira resoluta,
relacionada a técnicas construtivas; materiais e componentes; equipamentos utilizados; ao emprego de
tecnologias de informação; e, conseqüentemente, a continuidade produtiva.
A Construção Civil e a industrialização
O canteiro de obras na construção civil vem se aproximando cada vez mais, e de maneira perceptível,
à forma de operar de uma indústria seriada, onde processos repetitivos começam a dominar o ambiente
operacional. A crescente introdução de componentes pré-fabricados com nível considerável de padro-
nização, seguindo a linha da industrialização seriada, começa a oferecer condições de ganhos em
produtividade e redução de custos.
Modernos métodos construtivos fundamentados em modelos logísticos como pré-industrialização e
construção seca (dry construction), ou seja, vigas, pilares, painéis de fachada pré-moldados, paredes
ocas (drywall), alvenaria estrutural, lajes treliçadas, etc. vêm sendo utilizados de maneira bastante acen-
tuada. A unitização de materiais e componentes que facilitam a movimentação e a armazenagem tam-
bém constitui um fator de extrema importância nesse processo que, evidentemente, exige equipamen-
tos compatíveis como empilhadeiras, antes inimaginável dentro de um canteiro. A mão-de-obra na
construção civil vem se aproximando cada vez mais da mão-de-obra do processo de industrialização
seriada e passa a necessitar de qualificação. O operário da construção, antes sem exigências de qualifi-
cação, está passando de um peão de obra e se tornando um montador industrial.
Prédios sendo executados com vigas, pilares e lajes pré-moldados
Estes aspectos assim colocados estão exigindo, portanto, uma mudança de ação radical em relação ao
paradigma dos sistemas construtivos, através de uma alteração na forma de gestão, o qual também terá
que se adequar a estas evoluções. O u seja, para isso é necessária também a introdução de melhorias
gerenciais relacionadas à logística, planejamento e controle de produção, associado tudo isso a uma
tecnologia de informação compatível e bem desenvolvida.
Mudança no processo de gestão do setor construtivo
A introdução de novos conceitos, técnicas, procedimentos, métodos e processos conduz à necessidade
de que sejam efetuadas mudanças, em especial, no pensamento estratégico e na visão sistêmica do
setor, encaminhando, sem qualquer dúvida, a implementação de tecnologias de informação que pos-
sam proporcionar um ambiente integrado e produtivo. Sendo assim, é importante primeiro que ocorra
a conscientização da necessidade dessas mudanças de posicionamento para depois partir efetivamente
para a transformação.
Essa transformação de culturas equivocadas enraizadas historicamente dentro do setor deverá ser subs-
tituída por uma nova mentalidade, mais compatível com as características e exigências, não só do
mercado consumidor, como também dos aspectos ambiental e competitivo. Entre as medidas a serem
tomadas, podem ser citadas:
• maior implementação de tecnologias de informação - tecnologias operacionais;
• qualificação dos recursos humanos - qualificação tecnológica;
• integração com agentes externos - sistemas de parcerias;
• cultura na qualidade; e, fundamentalmente,
• foco no cliente.
Deverá ocorrer primeiramente, portanto, essa conscientização de uma forma mais ampla, em
nível organizacional/gerencial, para que, posteriormente, sejam tomadas medidas mais restritas,
em nível operacional.
A hipótese básica é a descentralização no processo de gestão: a parte técnico-operacional terá de ser
desmembrada da parte logístico-operacional, onde deverá ocorrer tanto a gerência técnica quanto a
gerência de suprimentos, interagindo de uma forma coordenada. Existirão duas formas de gestão: uma
voltada para a análise, acompanhamento e controle das especificações técnicas do projeto; a segunda,
voltada para o processo de gestão da cadeia de suprimentos necessária à produção, seja de materiais,
serviços e mão-de-obra.
A gerência de suprimentos (logístico-operacional) será a responsável mais direta com relação aos aspec-
tos mencionados anteriormente, como: planejamento produtivo; qualidade dos serviços, mão-de-obra
e materiais; continuidade produtiva; produtividade; integração com fornecedores externos e internos;
integração com todos os agentes envolvidos; fluxos e tecnologias de informação, etc.
A TECNOLOGIA LOGÍSTICA
Introdução
Segundo o pensamento do estudioso de logística ULZE (1974), a logística existe desde os tempos mais
remotos das atividades produtivo-comerciais, quando o homem primitivo produziu no próprio local
mais do que poderia consumir. As atividades de transporte, armazenagem e comunicações iniciaram-se
antes mesmo da existência de um comércio ativo entre regiões vizinhas. Deve-se entender, na verdade,
que a logística sempre existiu, de uma forma potencial e não tão integradora como hoje, porém sempre
existiu. O que ocorre é que, em vista da evolução tecnológica nos sistemas produtivos e as exigências da
globalização, hoje ela está sendo destacada como um condicionante estratégico ou como um diferen-
cial competitivo.
A logística, num passado recente, foi vista apenas com envolvimento na atividade de transporte na
distribuição física, evoluindo também para um processo de suprimento de materiais por fornecedores
externos. Ganhou maior abrangência nos anos de 1980, quando as organizações perceberam sua im-
portância na administração integrada dos processos de suprimentos, produção e distribuição física. A
partir do início desse processo de integração, consolidado pela obtenção de significativos resultados
relacionados ao aumento de produtividade e à melhoria do nível de serviço ao cliente, as empresas
elegeram a logística como um instrumento de integração de toda a cadeia de negócios, envolvendo
clientes, fornecedores e todos aqueles relacionados diretamente ou indiretamente com a produção.
A percepção da necessidade de integração não foi somente em relação ao ambiente interno da empre-
sa, mas também fora dela, constituindo uma rede de organizações integradas desde os fornecedores de
matéria-prima até os consumidores finais. A esta constituição integrada foi dado o nome de cadeia de
suprimento, onde a logística desenvolve seu potencial e naturalmente se transformou na visão da logística
moderna.
Evolução da Logística
Utilizada nas guerras ao longo dos séculos, a logística foi implementada no exército com a finalidade de
ser, na retaguarda, um setor estratégico. Sua finalidade consistia em fazer o planejamento militar, que
compunha o estudo do adversário (pontos fortes e vulneráveis), a definição das frentes de batalha,
movimentação e deslocamento das tropas e equipamentos, e programação das equipes de apoio (abas-
tecimento técnico e equipamentos).
O exército sempre foi sinônimo de disciplina e obediência hierárquica e talvez tenha sido esse o verda-
deiro motivo para o grande sucesso da logística. Ela foi criada e desenvolvida nesse ambiente, apresen-
tando como características todas essas virtudes e ainda a de ser integradora. Era um setor departamental
com autonomia plena de planejamento, diretamente ligado às decisões do comando geral. Fazia a
consolidação das informações e do potencial dos setores. Baseado neles utilizava todos os recursos
disponíveis, com o objetivo de alcançar as metas do grupo (VERLANGIERE, 1998).
Durante a Segunda Guerra Mundial, os modelos logísticos foram amplamente empregados de forma a
assegurar que as tropas, equipamentos bélicos, suprimentos, etc. estivessem posicionados no lugar e no
momento certos de sua utilização.
A evolução da logística no âmbito empresarial ocorreu após a Segunda Guerra Mundial, devido às carac-
terísticas reinantes, como: a logística desenvolvida para fins militares, que possuía extrema afinidade com
as atividades empresariais; começaram a surgir alterações nos padrões e exigências dos consumidores;
grandes pressões por reduções nos custos; e, principalmente, os avanços tecnológicos e de comunicação
ocorridos em conseqüência da guerra. Sendo assim, surgiu a Logística Empresarial (BALLOU, 1993).
O emprego da logística de uma forma totalmente integrada, como uma estratégia capaz de criar dentro
das empresas uma sincronização entre todas as suas atividades, é considerado ainda recente. Nos EUA
e na Europa seu emprego era na distribuição de produtos acabados, tanto que a maior entidade sobre o
assunto, formada por um dos mais conceituados grupos de profissionais de logística, o Conselho de
Administração Logística (Council of Logistic Management), quando foi fundado em 1960 se chamava
Conselho Nacional de Distribuição Física (National Council of Physical Distribution), e assim permane-
ceu até 1985 {MOURA,1998).
Nesse período a logística começou a ganhar importância, principalmente, em relação às redes de distri-
buição e a administração de materiais das empresas. À distribuição física, que já era encarada de uma
forma diferencial, juntou-se a administração de materiais e ambas passaram a ter um tratamento espe-
cial no que se refere ao fluxo logístico. Caracterizou uma época em que as empresas gradualmente
passavam de uma gestão fragmentada de processos individuais (transportes, compras, movimentação,
armazenagens) para uma gestão integrada de funções relacionadas.
Maior abrangência Logística
À medida que os anos passavam, as empresas começaram a dar mais ênfase à administração de materiais
(suprimentos), isto é, ao conjunto de operações relativas ao fluxo de materiais desde a fonte da matéria-
prima até a entrada na produção. Isto se deveu à grande necessidade de redução de custos e, sendo a
estocagem uma grande fonte geradora dos mesmos, ela passava a ser um importante potencial de redu-
ção. Para isso, métodos tradicionais de fornecimentos de suprimentos passaram a ser substituídos e come-
çaram a ser adotados métodos mais avançados de suprimentos de materiais, como, por exemplo, os
baseados em sistemas sincronizados de produção em fluxo sem estoques (JIT - Just-ln-Time).
Nesse contexto, a logística relacionada ao conjunto de atividades dentro da administração de materiais
e distribuição física passou também a incluir a produção (manufatura), ou seja, desde a entrada da
matéria-prima, a agregação de valor na linha produtiva, até a confecção do produto final. A administra-
ção através da logística passou a ter um novo enfoque, abrangendo todas as etapas da cadeia, ou seja, as
áreas da administração de materiais, distribuição física e, também, a área de produção. Deve-se ressal-
tar que a globalização da economia mundial tornou a competitividade das empresas ainda mais acirra-
da, fazendo com que houvesse a necessidade de redução dos custos e de uma significativa elevação no
nível de serviço, conduzindo inevitavelmente, portanto, a essa integração (VIEIRA, 1996).
A tecnologia sofreu um grande impulso, pois as conquistas tecnológicas tinham que ser sentidas tam-
bém na área de produção, encontrando uma contrapartida no suprimento e na distribuição física. Com
a explosão da competição global em todos os segmentos do mercado, acompanhada do surgimento de
novas tecnologias, a função operacional dentro das empresas vem adquirindo cada vez mais a compe-
tência de oferecer aos clientes bens e serviços inovadores e diferenciados, atendendo com qualidade a
suas necessidades. Necessidades que requerem cada vez mais produtos e serviços em tempo hábil e a
preços competitivos.
Conceituação da Logística
A logística pode ser conceituada de duas maneiras distintas: uma é a maneira formal encontrada nos
dicionários contemporâneos; e a outra é a conceituação técnica desenvolvida por estudiosos do assun-
to, considerando mais os aspectos técnicos e empresariais.
Com relação à conceituação formal, entre tantas outras encontradas nos dicionários contemporâneos,
pode ser citada: a palavra logística vem do francês logistique, e é parte da arte militar relativa ao
planejamento, transporte e suprimento das tropas em operações; denominação dada pelos gregos à arte
de calcular ou aritmética aplicada; lógica simbólica cujos princípios são os da lógica formal e que
utiliza símbolos matemáticos em vez da linguagem gramatical.
Através desta definição formal, entre tantas outras, pode-se constatar, pelo que se observa da
moderna logística de hoje, que ela avançou em muitas outras áreas. Hoje ela constitui uma ferra-
menta operacional que ultrapassou muitas fronteiras, possuindo uma ampla área de atuação e
abrangência nos mais diversos sistemas produtivos e empresariais, dada a importância estratégica
que representa. Isso motivou os estudiosos a fazer uma reformulação em termos conceituais e a
atribuírem definições menos específicas e muito mais abrangentes, entre as quais são destacadas
pelo autor as definições de:
DASKIM (1985): a logística pode ser definida como o planejamento e a operação dos sistemas
físicos, informacionais e gerenciais necessários para que os insumos e produtos vençam
condicionantes espaciais e temporais de forma econômica.
CHRISTOPIIER (1999): a logística é o processo de gerenciar estrategicamente a aquisição, movi-
mentação e armazenagem de materiais, peças e produtos acabados com o fluxo de informações
associado através da organização e seus canais de marketing, de modo a poder maximizar as
lucratividades presente e futura através do atendimento dos pedidos a baixo custo.
C O N S E L H O DE A D M I N I S T R A Ç Ã O LOGÍSTICA - C L M (Council Logistic Management): logística é
o processo dc planejar, implementar e controlar, de forma eficiente e econômica, o fluxo de
suprimentos e produtos, a armazenagem e o fluxo de informações correspondentes a todo o
sistema, da origem ao destino final, objetivando o atendimento às necessidades dos clientes.
Conforme definiu DASKIM, a logística não se resume somente aos aspectos físicos do sistema, mas
principalmente aos aspectos informacionais e gerenciais. A revolução das tecnologias da informação e
da comunicação abrange muitos conceitos que estão em constantes mudanças envolvendo computa-
dores, softxvares, telecomunicações, ferramentas de acesso e recursos de informações multimídia. A
informação, como elemento integrador e alimentador, está quase totalmente automatizada; a utilização
do papel cedeu lugar às mídias eletrônicas, existindo uma contribuição muito grande da informática e
da Internet. Com relação aos processos dc controle gerencial, procura-se administrar problemas dc
suprimento, não só de insumos como também de serviços e mão-de-obra, através da coordenação entre
interfaces de frentes de trabalho interdependentes, assim como na distribuição do produto semiprocessado
e do produto final.
A tecnologia da informação e a tecnologia da administração, evolutivamente, devem caminhar juntas
para estabelecer uma estratégia integrada, isto é, deve-se projetar e instalar processos organizacionais
compatíveis com os sistemas de informação disponível. A utilização adequada das ferramentas de
informática, comunicação e automação alinhada com as técnicas de organização, gestão e estratégia de
negócios, possibilitará o diferencial tão perseguido no ambiente competitivo.
Depreende-se do exposto que a logística é, portanto, uma metodologia ou processo administrativo que
se baseia fundamentalmente na conscientização para o emprego de conceitos, métodos, técnicas e
procedimentos, assim c o m o na utilização da tecnologia de informação, de forma a encaminhar a
maximização do nível de serviço e da produtividade numa cadeia de suprimentos (VIEIRA, 2003).
CADEIA DE SUPRIMENTOS
E O CARÁTER SISTÊMICO DA LOGÍSTICA
Introdução
A administração, através do conceito logístico, significa o tratamento integrado dado às diversas atividades
que constituem uma Cadeia de Suprimentos, coordenando-as entre si. A Cadeia de Suprimento (Supply
Chain), segundo a Associação Brasileira de Movimentação e Logística - A B M L , é o conjunto de organi-
zações que se inter-relacionam, criando valor na forma de produtos e serviços, desde os fornecedores
de matéria-prima até aquele que irá consumir o produto final. Pode-se dizer que uma cadeia de supri-
mentos é uma sucessão de processos, ou seja, manuseios, movimentações e armazenagens pelas quais o
produto passa desde a aquisição da matéria-prima, produto semi-acabado e acabado até o cliente final.
Uma cadeia de suprimento típica envolve três fases, que são: a fase do suprimento; a fase da manufatura; e
a fase da distribuição física. Pode-se dizer que essas fases são consideradas as etapas do fornecedor (supri-
mento); etapa do fabricante (manufatura); e etapa do distribuidor, varejista e cliente (distribuição física).
Porém, não é necessário que obrigatoriamente todas as etapas sempre façam parte da cadeia de suprimento.
O projeto da cadeia mais adequado vai depender tanto das necessidades do cliente quanto do papel de cada
etapa para satisfazer essas necessidades. Compreende, portanto, uma cadeia de suprimentos:
• O Suprimento ou Administração de Materiais: que gerencia todo o processo relacionado à
aquisição da matéria-prima e componentes, ou seja, são atividades relacionadas com a obten-
ção de materiais e componentes de fornecedores externos, caracterizando o início de um ciclo
da cadeia logística.
• Produção ou Manufatura: que administra o fluxo de materiais e serviços dentro do ambiente
produtivo, ou seja, são atividades relacionadas com o planejamento, a programação e o apoio
às operações de produção.
Manufatura
ou produção
CD
Distribuidor
Atacadista
Varejo
Logística de Suprimentos Logística da Produção Logística de Distribuição
A • < • < •
Administração de Materiais Produção Distribuição Física
Seqüência resumida de uma Cadeia de Suprimentos
• Distribuição Física: que administra a demanda do cliente e dos canais de distribuição logística
(Canais de Marketing). Deve-se ressaltar que essa etapa não ocorre na construção civil, ou seja,
o produto final não é distribuído para o cliente; o cliente é que vai ao encontro do produto.
As três grandes áreas da Cadeia de Suprimentos
A administração pela logística ou Logística Empresarial tem sua atuação nas três grandes áreas, que cons-
tituem as estruturas básicas do sistema da cadeia de suprimentos, mencionadas anteriormente, que são as
áreas de Suprimentos (Administração de Materiais), a Produção (Manufatura) e a Distribuição Física.
A Administração de Materiais ou Suprimentos corresponde ao conjunto das operações relativas ao fluxo
de materiais e informações associadas, desde a fonte das matérias-primas até a entrada no local de
produção. Podem ser destacadas como atividades principais dessa área: o processamento de pedidos;
recebimento de materiais; conferência física, quantitativa e documental; consolidação das diversas uni-
dades de materiais; armazenagem; administração de estoques; expedição de materiais; gestão de infor-
mações logísticas; e medidas de desempenho.
A Produção ou Manufatura corresponde ao conjunto de atividades totalmente desenvolvidas pela em-
presa, envolvendo todas as áreas da mesma, com objetivo de converter materiais em produto acabado,
através da agregação de valor ao material. O importante nessa área é a sincronização da produção com
a demanda dos clientes. Destacam-se como principais atividades dessa área: o apoio à produção; abas-
tecimento de linha; Kanban e JIT; armazenagem; unitização e embalagem; conferência física, quantita-
tiva e documental; expedição industrial; medidas de desempenho; entre outras.
A Distribuição Física corresponde ao conjunto das operações relativas ao fluxo de bens, desde o local de
sua produção até o destino final, e das informações associadas, garantindo que os bens cheguem em boas
condições comerciais e, principalmente, a preços competitivos. Destacam-se como atividades principais
dessa área: o recebimento do produto acabado; embalagem e unitização do produto; armazenagem;
transporte; roteirização; geração e controle de documentos; expedição; transferência para Centros de
Distribuição (CD); controle e pagamento de fretes; gestão de informações logísticas; entre outras.
Uma cadeia de suprimento inclui todas as etapas envolvidas, direta ou indiretamente, no atendimento
de um pedido de um cliente. A cadeia de suprimento inclui fabricantes, fornecedores, distribuidores,
atacadistas, varejistas, transportadoras, depósitos e, especialmente, os clientes. Ela estende o conceito
da integração além das fronteiras da empresa, envolvendo todos os agentes que, de uma maneira ou de
outra, fazem parte do sistema como um todo. O inevitável envolvimento de agentes externos à empresa
vem motivando cada vez mais a formação de parcerias ou alianças estratégicas com esses agentes, em
detrimento da forma tradicional da licitação por menor preço, muitas vezes inconveniente. A idéia é
fazer dessas parcerias um mutualismo, com benefícios mútuos para as empresas envolvidas. O fornece-
dor com fornecimento garantido do seu produto através de um cronograma preestabelecido e o cliente
com garantia de fornecimento do produto na hora certa, na quantidade certa, no local certo e na
qualidade correta.
A cadeia de suprimento começa com a necessidade de um cliente em obter um produto; a próxima
etapa é quando o cliente busca o produto; o produtor se abastece das matérias-primas e componentes
necessários a sua produção, usando dos estoques do seu fornecedor; esse mesmo produtor armazena,
movimenta, manuseia e manufatura a matéria-prima; terminando quando o produto chega às mãos do
cliente, de forma a atender a suas necessidades. Evidentemente estas atividades são apresentadas de
forma generalizada, sendo que cada sistema logístico apresentará as atividades relativas ao seu desen-
volvimento em particular, como é o caso do subsetor edificações que não possui, por exemplo, a etapa
da Distribuição Física. É o cliente que vai ao encontro do produto.
Hoje é senso comum considerar a logística como centro de coordenação e de integração de todas as
atividades da cadeia de suprimentos, ou seja, a logística de abastecimento (externa), a logística de manufatura
(interna) e a logística de distribuição (externa). Ela traz junto a si uma grande capacidade de agregar valor
ao produto, mas para isso é necessário criar uma infra-estrutura para integrar tanto as funções logísticas da
administração de materiais e distribuição física quanto às funções ligada à manufatura, de modo a criar
um único sistema estratégico que vise, basicamente, ao atendimento às necessidades dos clientes.
A Logística como um sistema
Os conceitos de Processo Logístico e Tecnologia Logística, que tiveram um grande impulso após a
Segunda Guerra Mundial, tornaram-se amplamente aceitos e a administração, tanto privada como pú-
blica, reconheceu a necessidade de projetar e administrar de uma forma sistêmica, em vez de uma série
de funções discretas e independentes. Em resumo, durante os últimos cinqüenta anos, o conceito da
logística na indústria seriada passou de uma visão de gestão fragmentada para um enfoque que integra
não somente as áreas no interior da empresa (agentes internos), como também todas as empresas vincu-
ladas ao sistema produtivo (agentes externos - fornecedores e clientes).
Através desse enfoque percebeu-se que para otimizar o processo não bastava otimizar as partes inte-
grantes do todo de uma forma isolada, discreta, mas sim ter a visão do processo como um todo. Estas
característica inerentes da logística vêm fazendo com que a administração, por meio da tecnologia
logística, esteja evoluindo cada vez mais rapidamente e de uma forma constante, em razão dessa abor-
dagem coordenadora e integradora que é dada a todas as suas funções.
Entendido o que seja uma Cadeia de Suprimentos, constituída através de suas três áreas e com o
envolvimento de seus vários agentes internos e externos, pode-se fazer uma perfeita analogia com um
canteiro de obras de uma edificação. O canteiro, em si, seria a unidade fabril com seus diversos depar-
tamentos internos, apresentando numa extremidade o conjunto de vários fornecedores e na outra extre-
midade os clientes que irão consumir o produto. Os agentes externos, os fornecedores, têm que interagir
de forma eficiente com as necessidades do canteiro de maneira a garantir o fornecimento adequado de
seus produtos, quer sejam de materiais e/ou serviços.
Os agentes internos de um canteiro são constituídos pelas diversas equipes envolvidas numa obra, entre
estas: sondagem, locação, fundação, estrutural, alvenaria, pintura, elétrica, hidráulica, projetistas, etc.
Todas essas equipes são dependentes de fornecedores externos e interdependentes e intervenientes en-
tre si. O u seja, estes agentes internos agem e interagem no canteiro de forma a se constituírem em
clientes dos produtos dos fornecedores externos, como também serem fornecedores de serviços para
equipes subseqüentes, as quais também são clientes dos fornecedores externos. Em outras palavras,
pode-se dizer que são clientes de fornecedores externos e também clientes entre si.
Sabe-se que existe uma certa complexidade produtiva ao longo do sistema construtivo, o qual deve ser
administrado com competência de maneira a pro|>orcionar uma perfeita coordenação e integração de todas
as atividades produtivas e agentes envolvidos. Somente assim poderá ser garantida, eficazmente, a maximização
da produtividade e do nível de serviço desejado pelo cliente final, que é o foco principal de tudo. Porém,
para que se possa alcançar esse objetivo é necessária uma administração que visualize, integre e coordene
com eficácia todos os elos dessa grande corrente que é a cadeia de suprimentos do sistema construtivo. Para
tanto, a administração dessa cadeia terá de ser efetuada através de um processo logístico, o qual há muito
tempo vem se constituindo no elemento fundamental do sucesso de outros setores industriais.
Depreende-se disso que a cadeia de suprimentos, quando administrada através da tecnologia logística,
assume um caráter sistêmico, dado à característica integradora da logística. Ela traz junto a si o conceito
de ser vista como um sistema, ou seja, como um conjunto de atividades organizadas e coordenadas
entre si que agem e interagem para atingir um objetivo comum e nào como uma somatória de atividades
isoladas. A definição de "Logística Integrada" como muitas vezes é empregada na verdade é uma redun-
dância, visto que sua característica intrínseca é a integração.
Princípio logístico Trade-Off
A característica intrínseca da logística relacionada à integração encaminha a uma perspectiva de que o custo
total de produção pode ser reduzido através de um tratamento logístico que venha a ser dado à produção
nas atividades como compras, transportes, armazenagem, administração de estoques, processamento de
pedidos, manufatura e sistemas de informação associados. Para que se possa obter o custo final do produto
mais adequado, a cadeia de suprimentos deve ser gerenciada de forma integrada, ou seja, a logística empre-
gada deve fazer valer sua característica sistêmica. Em outras palavras, as atividades componentes de um
sistema devem ser interligadas, interdependentes e intervenientes e, da mesma forma, também devem ser
trabalhadas de maneira coordenada e com objetivos comuns. Um movimento em qualquer um dos compo-
nentes, em princípio, tem efeito conseqüente sobre outros componentes do mesmo sistema.
Uma alteração em determinado custo logístico pode influir diretamente em outro. Por exemplo, minimizar
o custo unitário de compras adquirindo matéria-prima em maior quantidade (economia de escala)
pode aumentar o custo de armazenagem ou criar sérios problemas de espaços físicos nos canteiros.
Sabe-se da concepção sistêmica que a tentativa de otimização de cada um dos componentes, isolada-
mente, não leva à otimização do sistema como um todo. Entende-se que para efetuar otimização do
sistema como um todo é necessário fazer valer o princípio das compensações ou perdas e ganhos, ou
seja, é possível que se perca em alguns componentes do sistema para que se possa otimizar o sistema
como um todo (visão sistêmica). Tal princípio é conhecido como trade-off. Com base em decisões,
todas as atividades logísticas devem ser planejadas e estruturadas, com visão do todo, para o atendimen-
to dos diferentes níveis de serviço propostos e ao menor custo logístico total possível. Menor custo
logístico total significa muitas vezes, portanto, um aumento de custos em alguma(s) atividade(s) em
detrimento da redução do custo total do sistema.
Sem essa abordagem integrada dada à cadeia de suprimentos do sistema de produção como, por exemplo,
o sistema de produção de um edifício, a aquisição de grandes lotes poderia reduzir custo unitário, porém, os
estoques para suprir a manufatura poderiam tornar-se excessivamente grandes, criando sérios problemas de
espaço no canteiro de obras. O u de outra forma, poderia aumentar custos de transporte por necessitar
armazenar os materiais em outros locais distantes do canteiro, aliado aos custos da nova armazenagem.
Técnica logística Just-ln-Time (y/T)
Uma técnica muito empregada dentro da tecnologia logística é o just-in-time. O just-in-time é na
verdade um método de gerenciamento de manufatura desenvolvido pelos japoneses com o objetivo de
reconstruir a economia do país após a Segunda Guerra Mundial. Nesse método de gerenciamento os
japoneses procuraram desenvolver técnicas de manufatura de forma a aumentar a eficiência e a eficácia
dos seus processos, encaminhando a produtos mais competitivos no mercado externo.
Resumindo o conceito do just-in-time, pode-se dizer que é uma metodologia operacional que se fun-
damenta no princípio de que nenhum insumo deve chegar ao local em que foi requisitado sem que seja
imediatamente utilizado, na quantidade certa, na qualidade certa e no momento exato da sua solicita-
ção, ou seja, sistema de produção sem estoque. O conceito de operar com inventários baixos com uma
mentalidade just-in-time significa transformar o conceito de estocagem de uma atividade de guarda
para uma função de estágio, uma função transitória. O u seja, é um conjunto integrado de atividades de
fornecimento cujo objetivo é produzir grandes volumes de produção usando estoques mínimos de
insumos e de estoques intermediários.
Dentro da concepção just-in-time se considera que cada executor de um processo atue como se o
executor do processo subseqüente fosse o seu cliente, ou seja, tudo que ele está consumindo ao execu-
tar sua atividade está sendo processado para o próximo cliente. Sendo assim, pode-se perceber que a
qualidade do produto final depende de cada agente dentro do sistema total, os quais devem executar
suas funções de forma correta para não prejudicar as funções subseqüentes.
Basicamente, o y/7" se fundamenta no conceito manutatureiro de "puxar" a produção ou sistema "pull"
de manufatura. Nos processos pull (puxado), a execução é iniciada em resposta aos pedidos dos clien-
tes. No período de execução de um processo pull, a demanda é conhecida com certeza. O s processos
pull são também conhecidos como processos reativos porque reagem à demanda do cliente.
O just-in-time é um sistema sincronizado de produção em fluxo contínuo sem estoques, onde nenhum
material deve chegar ao seu local de processamento sem emprego imediato ou nenhuma atividade
deve acontecer no sistema sem a necessidade dela. Observa-se que essa concepção em muitas situações
não pode ser atingida em sua plenitude, em especial no setor de edificações. Sabe-se que esse setor se
diferencia dos demais setores industriais justamente pela sua complexidade em relação ao sistema pro-
dutivo, no qual as atividades não possuem um padrão contínuo de procedimentos, não são repetitivas,
possuem operações unitárias em paralelo c o m o equipes de pedreiros, azulejistas, encanadores,
eletricistas, etc. Porém, se for buscado um fluxo operacional o mais próximo possível dessa mentalida-
de, certamente os ganhos vão ser consideráveis.
Sabe-se que hoje num canteiro de obras da construção civil, a limitação física é um condicionante impor-
tante ao sistema. Grande parte das construções se desenvolve dentro do perímetro urbano das grandes
cidades. Outro aspecto fundamental relacionado a este fato diz respeito às frentes de serviços
interdependentes. Para que se possa manter níveis de estoques baixos, torna-se necessário um acompa-
nhamento e controle bastante apurado das diversas frentes de serviço da obra, com previsões e programa-
ções sempre atualizadas, mantendo-as sempre supridas, quer seja de materiais, quer seja de mão-de-obra.
Isto irá refletir, obviamente, na redução de estoques e no tempo improdutivo pela espera de "'cancha", o
qual será minimizado, influenciando não só no custo final como também no nível de serviço apresentado.
Observa-se que é necessária uma administração bastante eficiente das diversas organizações que integram
e interagem com o sistema construtivo para que a meta da minimização dos custos com a maximização
do nível de serviço possa ser alcançada. Isso pode ser obtido com um gerenciamento efetivo através da
tecnologia logística, dado seu caráter sistêmico. Com o aprimoramento dos sistemas de organização das
empresas e dos canteiros de obras, mediante o planejamento adequado dos suprimentos (materiais, servi-
ços e mão-de-obra) e do seu l.iyout, assim como com a correta seleção de fornecedores, se poderá reduzir
os problemas relacionados à ineficiência, perdas e desperdícios, descumprimentos cie prazos, produtivi-
dade e, dessa forma, atingir os padrões de qualidade e de nível de serviços desejados.
A Logística c a Tecnologia da Informação
A estrutura logística compreende todo um composto de agentes associados às operações da organiza-
ção, desde os fornecedores de matérias-primas até o consumidor final, sempre focado prioritariamente
no setor de manufatura. A logística da informação possibilita a manutenção, monitoramento, controle e
o aperfeiçoamento da comunicação e da operação entre os setores organizacionais. Tem como objetivo
assegurar que as informações relevantes e precisas atinjam as pessoas certas no momento apropriado,
possibilitando a execução eficiente dos processos que se utilizam destas informações.
Existem muitas organizações envolvidas no desenvolvimento do produto na construção civil, gerando
muitas interfaces; sendo assim, é necessário o desenvolvimento de um eficiente e eficaz fluxo de infor-
mações entre estas organizações. Pode-se citar como exemplo dessas organizações dentro de um can-
teiro de obras da construção civil: na infra-estrutura, existem as equipes de sondagem, equipes de
locação, equipes de fôrmas, concretagem, etc.; na supra-estrutura, existem as equipes de alvenaria,
fôrmas, ferragens, concretagem, instalações elétricas e telecomunicações, hidráulica, etc. Já os agentes
externos na estrutura logística da construção podem ser considerados: fornecedores de projetos, forne-
cedores de serviços, fornecedores de materiais e componentes, distribuidores dos produtos, intermedi-
ários de vendas, agentes de propaganda, rede de assistência técnica e serviços ao cliente, armazéns e
depósitos externos, agentes de transporte de insumos, agentes de transporte de produtos, etc.
Sendo assim, para que haja uma perfeita integração ou um bom alinhamento entre estas interfaces,
entre estas equipes e destas com o ambiente externo é necessário que as informações fluam de uma
maneira eficiente e coordenada. Isto é, que consigam atingir todos os segmentos envolvidos no desen-
volvimento do produto, quer sejam internos ao canteiro e a empresa, quer sejam externos como forne-
cedores e projetistas. E para possibilitar esse ambiente integrado, coordenado e produtivo é necessária
a implementação de tecnologias de informações compatíveis.
A estrutura logística representa um dos principais focos de usos estratégicos das tecnologias de informa-
ções. A estratégia mais significativa dentro de um sistema construtivo é a manutenção eficiente e efetiva
da integração dessas estruturas lançando mão de ferramentas tecnológicas que facilitem e operacionalizem
esse sistema. O uso estratégico das tecnologias de informação em cada uma das funções logísticas,
particularmente aquelas consideradas críticas (sob o ponto de vista estratégico da empresa) são:
• Integração com fornecedores e projetistas para se obter uma operação mais ágil e confiável e
de menores tempos de resposta.
• Integração com agentes de vendas (em especial para o caso de indústrias seriadas), de forma a
gerenciar os estoques dos produtos da empresa junto a eles, buscando também uma operação
mais ágil e de menores custos.
• Integração interna entre o canteiro de obra e a sede administrativa da empresa, de forma a dar
suporte ao fluxo de serviços, materiais, mão-de-obra, ou seja, informações precisas.
• Sistemas de informações sobre os potenciais de mercado em cada um dos segmentos finais de
mercado da cadeia logística em que a empresa se insere, entre outros.
Na realidade, todo tipo de integração logística que procure reduzir tempos de resposta e custos traz um
forte componente tecnológico e estratégico, na medida em que busca um melhor nível dc atendimento
ao mercado, ao mesmo tempo em que procura operar com menores custos.
NÍVEL DE SERVIÇO LOGÍSTICO
Introdução
Segundo BALLOU (1993), o entendimento sobre nível de serviços é relacionado à qualidade com que
um fluxo de materiais e serviços é administrado para o atendimento das necessidades dos clientes.
Evidentemente, um elevado nível de serviço na confecção de um produto, por exemplo, encaminha
sem dúvida a um produto de qualidade. Porém, deve-se acrescentar a esse entendimento um outro
aspecto que também é um dos fundamentos da concepção logística, além da qualidade, que é a preo-
cupação com a minimização dos custos.
Sendo assim, a conceituação de nível de serviço logístico deve ser um pouco mais abrangente, ou seja,
é a qualidade com que um fluxo de materiais e serviços é administrado para o atendimento das neces-
sidades dos clientes aos menores custos possíveis. Pode-se dizer que é o desempenho e o resultado
líquido do esforço de uma organização para oferecer um bom atendimento aos seus clientes a custos
compatíveis. Para as atividades logísticas de uma empresa que produza bens e serviços, o nível dc
serviço tem valor fundamental para assegurar a fidelidade de seus clientes, sendo uma das razões do
esforço logístico.
Sabe-se que o aumento da qualidade é sempre acompanhado do aumento dos custos, portanto, o custo
logístico cresce com o aumento do nível de serviço, fazendo com que seja necessário um balanceamento
entre as vantagens produzidas em razão de um melhor serviço e os custos necessários em promovê-lo.
Sendo assim, ele é um elemento importante no desenvolvimento de estratégias logísticas.
Por exemplo, considerando a obra de edificação de um prédio de apartamentos construído com mão-
de-obra altamente qualificada e com grande número de profissionais, várias frentes de serviço, materi-
ais de primeiríssima qualidade estocados em grandes quantidades para prevenir a falta, etc. Evidente-
mente, com estas características de desenvolvimento da construção, o empreendimento resultará num
prédio com alto padrão de qualidade e com tempo reduzido de conclusão, indicando uma grande
eficiência da construtora. Mas aí cabe uma pergunta: será que a dona do empreendimento vai ser
eficaz? Ela construiu um prédio com alto padrão de qualidade e muito antes do cronograma previsto,
porém os custos para concretizar esse feito foram muito elevados, sendo assim, será que serão vendidos
os apartamentos? É aí que se insere a concepção logística.
Possivelmente, esse mesmo padrão de qual idade ou próximo dele possa ser obtido com mão-de-obra
em menor número, sem estoques de materiais significativos e dentro do mesmo cronograma. Para isso,
é necessária a introdução de uma concepção logística em todo o processo. Dentro dessa concepção a
obra será bem coordenada, integrada, e não será necessária uma grande quantidade de profissionais
desempenhando tarefas, pelo contrário, isso poderá provocar sérias interferências no processo produti-
vo e, como conseqüência, retrabalhos. U m fluxo de materiais bem planejado e coordenado, com
programação próxima do sistema just-in-time, certamente conduzirá a uma continuidade produtiva
desejável, eficiente e eficaz. Com isso, não serão necessários estoques elevados que só produzem custos
com espaços físicos desnecessários, maior possibilidade de perdas com a maior movimentação, deterio-
ração, maior desembolso de capital, etc.
Isso deve ser entendido como a efetivação de uma concepção logística em um processo construtivo e
que sem dúvida encaminhará a um bom nível de serviço logístico perfeitamente balanceado com os
custos. O u seja, um nível de serviço que encaminhe um produto ou serviço de qualidade, porém a
custos logísticos reduzidos.
Interdependência entre Logística e nível de serviço
Para que se possa trabalhar em cima de metas de nível de serviço, antes é preciso conhecer quais os
padrões em que o mesmo se encaixa na percepção de quem vai consumir o produto ou serviço. É
necessário determinar as necessidades e os elementos-chave que definem o serviço na óptica dos clien-
tes. Somente após o conhecimento destes é que a administração logística poderá fixar padrões para o
nível de serviços, planejando-os, implementando-os e controlando-os adequadamente.
Um aspecto que exige muita cautela diz respeito aos custos associados ao nível de serviço, pois devido a sua
intangibilidade, nem sempre são percebidos com facilidade, acarretando prejuízos que poderiam ser evita-
dos. O lucro não realizado devido à perda do cliente por fatores como um prazo excessivamente longo de
entrega do produto, pode ser considerado como um custo associado ao nível de serviço ao cliente, por
exemplo. Por outro lado, pode ocorrer a perda de clientes que mesmo tendo à disposição produtos com alta
qualidade, estes possuem preços muito elevados, fazendo com que o cliente se retraia e busque o concor-
rente, entre muitas outras possibilidades. Fatos dessa natureza atestam a total interdependência entre o nível
de serviço e a logística, sendo que para ocorrer um é necessária a existência do outro.
O nível de serviço deve apresentar alguns elementos indispensáveis, proporcionados pela logística, para
que possa ser desenvolvido. Esses elementos se baseiam nas condições adequadas de ambiente, como:
• segurança no trabalho, limpeza e organização, fazendo com que o trabalhador desempenhe
suas funções de uma maneira satisfatória;
• manter estoques dentro das previsões e de fácil disponibilidade, com quantitativos mínimos
necessários;
• dar garantias de suporte ou assistência quando do surgimento de circunstância emergenciais
ou imprevisíveis, isto é, ter soluções imediatas a problemas inesperados como, por exemplo, a
quebra de um equipamento necessário à realização de uma determinada tarefa importante;
• formar parcerias com fornecedores baseadas em relacionamentos duradouros e de confiança
mútua;
• manter controle rigoroso de serviços, insumos e com fornecedores;
• equipes de profissionais bem dimensionadas e qualificadas para o desenvolvimento das
atividades;
• perfeita coordenação e controle das equipes interdependentes e intervenientes;
• equipes bem supridas de materiais necessários ao desempenho de suas funções;
• garantir assistência ao cliente pós-transação.
Obra limpa, organizada e segura conduz a um bom nível dc serviço
Na construção civil, para obtenção de um nível de serviço adequado é necessária a adoção de novas
posturas no ambiente de trabalho com relação à qualidade. O baixo nível de escolaridade dos trabalha-
dores que atuam ao longo de todo o sistema produtivo dificulta a compreensão dos benefícios trazidos
por programas que tenham como objetivo a qualidade. Deve ser sempre ressaltado que o foco do
gerenciamento logístico está sempre dirigido à qualidade, porém, nunca fugindo do foco dos parâmetros
da redução de custos.
Uma das maiores dificuldades encontradas pelas construtoras para implantação dos sistemas de gestão
da qualidade nos canteiros de obras é a resistência nos níveis hierárquicos mais baixos. A adesão de
todos às transformações necessárias é fundamental para que se alcancem os objetivos propostos. É
recomendável, portanto, a implantação de um programa que objetive primeiramente a educação, pos-
teriormente o treinamento e a busca pela qualidade através do constante aperfeiçoamento na realiza-
ção de tarefas rotineiras dentro de um canteiro de obras.
Nível de serviço
Existe um programa que foi adotado primeiramente na indústria seriada do Japão e, posteriormente, em
outros segmentos industriais e países do mundo, com aplicabilidade bastante interessante para o caso
da construção civil, que é o chamado "Método 5S" (senso de simplificação, organização, limpeza,
higiene e disciplina). O seu nome originou-se devido às iniciais das palavras (OSADA, 1992):
• SEIRI (simplificação) - "tenha só o necessário, na quantidade certa";
• SEITON (organização) - "um lugar para cada coisa, cada coisa em seu lugar";
• SEISO (limpeza) - "um ambiente limpo motiva ao trabalho";
• SEIKETSU (higiene) - "qualidade de vida no trabalho é motivacional";
• SHITSUKE (disciplina) - "ordem, rotina e constante aperfeiçoamento"
Pode ser considerado como uma ferramenta de extrema relevância na implantação de sistemas de
qualidade nos diversos setores produtivos, dados os princípios que os regem. Limpeza e organização
são atributos vitais na busca pela qualidade, ou seja, canteiros "entulhados", sujos e obstruídos repre-
sentam perigo de acidentes, desperdícios e reflexos negativos na motivação e na produtividade dos
trabalhadores.
O método visa incutir basicamente o senso de organização, limpeza e participação, melhorando o
fluxo de materiais e pessoas, assim como procura esclarecer as vantagens advindas dessa nova postura
comportamental.
O s princípios fundamentais do programa devem ser entendidos, incorporados e praticados por
todos os níveis hierárquicos, desde os empregados menos qualificados até o mais alto nível de
gerencia. A alta administração deve demonstrar comprometimento com a melhoria e o programa
antes de solicitar qualquer tipo de colaboração. Além do comprometimento, a alta administração
deve realizar um evento de lançamento do programa, com a presença de todos os níveis hierárqui-
cos para que todos entendam a importância e a seriedade com que o assunto será tratado. O
programa 5S no canteiro pode ser desenvolvido através de uma metodologia simples, onde o res-
ponsável pela implantação da metodologia a transmite para um grupo de agentes (engenheiros,
futuros coordenadores do programa na obra, etc.), os quais se tornam multiplicadores para os
demais colaboradores da obra. Paralelamente à implantação na obra são realizadas consultorias de
apoio seguidas de auditorias. A pessoa que vai implementar recebe um kit didático em C D - R O M
contendo os slides, o cronograma de implantação e a lista de verificação para cada fase, apostila de
apoio, além do exemplo da implantação do programa em uma outra construtora, contendo todas
as etapas do programa inclusive com fotos durante o processo.
No início da implantação devem ser explicados os objetivos e os benefícios da mudança. O suporte da
gerência ao programa no presente pode proporcionar no futuro economia, prevenção de acidentes e
produtividade, além de melhorias no aspecto motivacional dos funcionários da empresa.
A primeira fase do método é a simplificação (SEIRt), a qual compreende a etapa da liberação de área, ou
seja, ter somente o necessário, a quantidade certa. Isto irá reduzir a necessidade de espaço, de estoque
e de gastos com armazenagens, facilitando a movimentação interna e o arranjo físico.
A segunda é a organização (SLITON), isto é, a ordenação dos espaços, otimizando e organizando o
layout do setor produtivo. Cada atividade ou material deverá ter seu local adequado, ou seja, o local
próximo à realização da tarefa, diminuindo o tempo de busca, de movimentação, a necessidade de
controle de estoque e aumentando a racionalização do espaço e do trabalho.
A terceira fase é a limpeza [SEISO), que compreende a limpeza da área. É uma atividade pouco usual na
construção civil, porém, muito importante no sentido de evitar os acidentes de trabalho e o retrabalho,
os quais atingem diretamente a produtividade. A limpeza é um aspecto psicológico importante que
encaminha a sua manutenção e a motivação para o desempenho da função. Quem vê um ambiente
limpo procura mantê-lo e se constrange em sujá-lo. O desenvolvimento de um senso de limpeza pro-
porciona um efeito motivacional no operário, fazendo com que a produtividade aumente e também
melhore significativamente a imagem da empresa.
Canteiros organizados c obras limpas causam efeitos motivacionais nos agentes envolvidos no processo
A quarta fase e a higiene (SEIKETSU), que é a manutenção da limpeza e da ordem, facilitando a seguran-
ça e o melhor desempenho dos operários. Representa a qualidade de vida no trabalho, tendo reflexos
positivos no desempenho, pois aumenta a importância do fator humano. De outra forma, pode-se dizer
que é uma conseqüência das fases anteriores.
A quinta e última fase é a do treinamento e da disciplina, que representa ordem, rotina c constante
ape rfeiçoa mento ( S H I T S UKE).
A TECNOLOGIA LOGÍSTICA E A CONSTRUÇÃO CIVIL
Introdução
Conforme foi abordado anteriormente, a competitividade no setor de edificações, antes praticamente
inexistente, hoje se aproxima muito do setor seriado, constituindo uma das principais preocupações dos
empresários desse setor. Em pesquisa realizada pelo S I N D U S C O N em 1997, foi constatada já nessa
oportunidade que a principal preocupação dos empresários da construção é a concorrência do merca-
do. Este fato fez com que as empresas construtoras buscassem estratégias que proporcionassem uma
maior eficiência e eficácia operacional em suas atividades voltadas à produção (cadeia de suprimentos).
Atividades operacionais dentro do sistema construtivo, como suprimento de materiais, componente e
serviços, a armazenagem, o processamento de materiais, a locação de recursos humanos, os fluxos
físicos e os fluxos de informações inerentes ao processo produtivo, devem ser encaradas de forma que se
constitua num grande potencial de redução de custos, aumento da produtividade e do nível de serviço
ao cliente final. Sendo assim, é imprescindível a realização dc uma estruturação no aspecto administra-
tivo-operacional com a introdução da concepção logística, que certamente encaminhará um melhor
planejamento, organização e controle de todo o empreendimento.
Estudos apontam, por outro lado, que o empresário do setor até entende a necessidade de um maior
enfoque nas atividades produtivas mencionadas acima, porém ainda existe uma grande carência em se
discutir e trocar informações entre os agentes envolvidos no processo de produção de edifícios. Essa
interação, que constitui um fator de vital importância, tem como objetivo a busca das dificuldades que
potencialmente serão encontradas e inerentes ao processo, procurando encontrar as possíveis soluções
relacionadas à logística. Ainda é inexpressiva a busca e a implementação por tecnologias de informação
que comprovadamente impulsionam outros setores industriais e, de certa forma, são desprezadas na cons-
trução civil. Isso é ainda o grande problema a ser enfrentado pelo setor (SILVA et al., 1998).
Entende-se que estes aspectos administrativos devem ser discutidos numa fase muito anterior ao efetivo
início da construção propriamente dita. Pode-se dizer que esse processo de discussão deve ser iniciado
muito antes da fase de projeto e, posteriormente, procurar o planejamento adequado, elaborando assim
toda a cadeia de suprimentos do processo produtivo. Uma vez elaborada toda a estrutura da cadeia de
suprimentos, deve-se partir para o planejamento de todos os fluxos de serviços, materiais, mão-de-obra
e, especialmente, informações de forma que todo o sistema se torne um bloco de atividades totalmente
integradas c coordenadas.
Cadeia de Suprimentos na Construção Civil
Nos tópicos anteriores muito foi mencionada, de uma maneira genérica, a Cadeia de Suprimentos,
sendo inclusive apresentada sua definição, características, etapas constituintes, etc.; porém, agora será
necessário abordar suas características mais específicas com relação à construção civil.
A indústria da construção civil diferencia-se de forma significativa de outras indústrias manufatureiras
seriadas em sua concepção geral. Enquanto uma indústria seriada apresenta a sede manufatureira fixa,
equipamentos e força de trabalho bem definidos, duradouros e contínuos, linhas de montagem com
operações repetitivas e constante, a construção civil encontra-se na contramão, apresentando peculia-
ridades inerentes a si. A manufatura, quando relacionada à atividade da construção civil, apresenta
peculiaridades e especificidades como:
• Produto imóvel (linha de produção imóvel), ou seja, são os operários que se deslocam ao
longo dos postos de trabalho.
• Indústria móvel, os processos, mão-de-obra, matérias-primas e equipamentos mudam de local
para local.
• Emprego da mão-de-obra tem caráter eventual e suas possibilidades de promoção são peque-
nas, gerando baixa motivação para o trabalho.
• Mão-de-obra desqualificada e alta rotatividade no setor.
• Tempo elevado de produção de uma unidade do produto.
• Custo de produção de uma unidade do produto extremamente elevado.
• Produção sujeita às intempéries - o produto é totalmente exposto durante sua produção.
• Sem padrão contínuo de procedimentos e de responsabilidades.
• Cria produtos únicos e não-seriados - encaminha a um padrão de baixa repetitividade.
• Complexidade do sistema produtivo, ou seja, são envolvidas especificações complexas e mui-
tas vezes confusas, projetos executivos normalmente com obras em andamento.
• Grande variedade de itens de insumos - são envolvidos em torno de 13.000 a 15.000 itens por
produto executado.
• Responsabilidades muitas vezes dispersas - zonas sem responsáveis explícitos.
• Muitos processos artesanais com possibilidades limitadas para automatização.
• Interferência e interveniência entre tarefas, operações unitárias em paralelo - equipes de pe-
dreiros, azulejistas, encanadores, eletricistas, marceneiros e outros, etc.
• A cadeia de suprimentos não apresenta distribuição física; o cliente final é que vai atrás do
produto, e não o produto que é levado a este.
Para STERMAN (1992), os empreendimentos de construção pertencem à classe de sistemas dinâmicos,
complexos e despadronizados. Estes sistemas são constituídos de múltiplos componentes interdependentes,
intervenientes, dinâmicos, envolvendo vários ciclos de controles e com relações não-lineares.
Hoje, com a concorrência se manifestando de uma forma mais contundente, a busca pela qualidade,
baixo custo, maior rapidez e flexibilidade vêm proporcionando às empresas da construção civil pres-
sões competitivas que produzem reflexos na forma de gestão das funções organizacionais. E a função
organizacional que deve receber a maior atenção ou uma atenção toda especial é a de suprimentos. É
ela a responsável pela maior parte dos recursos financeiros das empresas e potencializa um grande
campo para minimização dos custos e a maximização do nível de serviço, conseqüentemente, pela
qualidade e produtividade. O gerenciamento efetivo e eficiente da cadeia de suprimentos representa,
portanto, uma contribuição importante para que sejam atingidos os objetivos estratégicos das empresas
de construção civil, promovendo agilidade das operações e a melhoria contínua da qualidade dos
serviços e dos materiais e componentes.
A etapa da manufatura na Cadeia de Suprimentos da construção
A complexidade do sistema produtivo na construção civil em imobilizar e padronizar máquinas e
equipamentos é caracterizada pelo fato de que a grande maioria das atividades é feita de uma maneira
artesanal. O u seja, as atividades são desenvolvidas, em sua maioria, pelas próprias mãos dos trabalha-
dores, com uso de ferramentas, totalmente dependente de suas habilidades, de seus conhecimentos
técnicos e dos hábitos de trabalho, criados no desempenho de suas funções ao longo dos anos.
Essas variabilidades, peculiares ao setor, levam a um processo de trabalho bastante complexo, provo-
cando dificuldades em estabelecer uma solução de padrão contínuo na organização do mesmo e na sua
evolução. Diferentemente da indústria seriada, onde as tarefas são repetitivas, os materiais e componen-
tes são baseados praticamente sempre nos menos itens, as ferramentas e equipamentos operacionais
efetuam sempre as mesmas atividades rotineiras. Enfim, operações padronizadas que facilitam um
continuísmo rotineiro, encaminhando a uma destreza da mão-de-obra, uma automação das tarefas
executadas e um melhor planejamento e controle da produção.
Conforme foi mencionado anteriormente, uma cadeia de suprimentos é constituída de três etapas bási-
cas, que são o suprimento, a manufatura e a distribuição física. A manufatura é a etapa que desencadeia
todo o processo, ou seja, é a fase que rege toda a cadeia de suprimentos. É através dela que surge a
necessidade de suprimentos para alimentar a produção e por meio dela também que o produto é
elaborado e distribuído aos clientes.
No processo de produção do subsetor de edificações, a manufatura se caracteriza por uma sucessão de
etapas constituída por atividades consideravelmente diversificadas. Ela envolve uma grande variedade
de tarefas e de materiais e componentes diversificados que requerem instrumentos de trabalho e mão-
de-obra também diferenciados. Podem ser citados entre os vários processos de transformação dentro da
manufatura no setor de edificações:
• instalação do canteiro;
Instalação do canteiro e canteiro já instalado
• locação, sondagem, escavação, contenção e execução das fundações (infra-estrutura);
Seqüência da infra-estrutura da obra
• execução da estrutura - fôrmas, ferragens, concretagem, desforma (supra-estrutura);
Seqüência da obra forma, concretagem desforma
• execução dos elementos de vedação - alvenarias (emboço, reboco), divisórias, gesso acartonado,
painéis divisórios, entre outros;
Alvenaria externa e interna
• instalações hidrossanitárias, elétricas e de telecomunicações;
• execução de cobertura;
• revestimentos e pintura; etc.
Depreende-se daí que a cadeia de suprimentos relacionada à construção civil apresenta particularida-
des inerentes ao seu sistema, em que as funções ligadas à manufatura possuem um peso mais significa-
tivo em relação ao sistema como um todo.
Agentes envolvidos na manufatura
Na manufatura, isto é, dentro do canteiro de obras, existem vários clientes que devem ser atendidos
com a mesma eficiência destinada ao cliente externo final, que é o objetivo de todo o esforço. Cada
frente de serviço representa um cliente interno que deve ser suprido, tanto de área de trabalho, serviço
e mão-de-obra como de matéria-prima para execução da respectiva tarefa. Estes clientes internos ou,
melhor referindo, agentes internos que intervém no processo construtivo com a finalidade de fornecer
algum tipo de serviço ou produto no transcurso do desenvolvimento do empreendimento, podem ser
integrantes da própria empresa ou fornecedores externos a ela - terceirizados (outsourcing).
Fornecedores de ferramentas e equipamentos; fornecedores de serviços (mão-de-obra); fornecedores de
materiais no canteiro; fornecedores de subsistemas (esquadrias, ferragem pré-pronta, elementos pré-
moldados, etc.) são os agentes que irão interagir no processo como um todo, além dos agentes como os
projetistas: arquitetônico, estrutural e instalações. Abaixo é apresentada a caracterização desses agentes:
• fornecedores de projeto: arquitetônico, estrutural e instalações;
• fornecedores de serviços técnicos especializados de infra-estrutura: levantamento topográfico,
sondagens, terraplanagem, estaqueamento, etc.;
• fornecedores de serviços técnicos especializados de supra-estrutura: fôrmas, alvenaria, ferra-
gem, gesso, revestimentos, instalações, etc.;
• fornecedores técnicos especializados: em métodos construtivos, orçamentos;
• fornecedores de ferramentas e equipamentos: gruas, empilhadeiras, guinchos, andaimes,
escoramentos, elevadores de carga, balancins, vibradores, etc.;
• fornecedores de materiais: madeira, fôrmas e escoramentos, aço e armaduras, argamassas
ensacadas, cimento e cal, concreto estrutural, elementos de alvenaria, componentes de instala-
ções em geral, esquadrias, revestimentos cerâmicos, tintas, etc.;
• fornecedores de subsistemas: elementos pré-moldados - construção seca (dry construction),
ferragem pré-pronta, elevadores, esquadrias, etc.
De outro lado, é claro que esses fornecedores internos, pertencentes ou não aos quadros da empresa,
terão que ser supridos por outros fornecedores, os externos. Constituindo-se a etapa da administração
de materiais ou suprimentos, onde ocorre o fluxo de materiais, componentes e serviços do ambiente
externo à empresa, conseqüentemente, ao canteiro de obras, alimentando ou suprindo este com suas
necessidades básicas. Portanto, todos os agentes envolvidos no setor construtivo, quer internos, quer
externos, formam um sistema bastante complexo que requer um planejamento muito criterioso e um
controle efetivo para proporcionar um nível de serviço adequado.
É necessário um gerenciamento eficiente e eficaz da cadeia de suprimentos para que se possa atingir o
objetivo final, que é um produto com qualidade, produzido com custos compatíveis, com o mínimo de
perdas e desperdícios e entregue dentro do prazo preestabelecido. Evidentemente, esse sucesso depen-
derá somente dos meios que a empresa construtora utilize para coordenar e integrar todos estes agentes,
fazendo com que trabalhem com um objetivo único, ou seja, a integração de toda a cadeia produtiva.
Os meios que devem ser utilizados pela empresa passam necessariamente pela implementação de
tecnologias de informação. Esta tecnologia de informação deve proporcionar a agilização de todos os
processos envolvidos, assim como tornar eficiente a interação e a comunicação com todos os agentes
integrantes do sistema, quer sejam internos, quer sejam externos.
PROBLEMAS LOGÍSTICOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL
Introdução
Anteriormente foram abordados os problemas crônicos relacionados à construção civil e as várias pos-
síveis razões que conduziram aos mesmos. Sabe-se que o desempenho operacional do sistema produti-
vo no setor da construção civil no Brasil não acompanhou a evolução que foi sentida nos demais setores
industriais, convivendo ao longo dos anos com o desperdício e a improvisação dentro de seu ambiente
construtivo. Sempre houve uma acomodação por parte do empresariado do setor que, de uma maneira
condescendente, contabilizava a ineficiência e o desperdício no orçamento da obra em vez de procu-
rar alternativas eficazes de melhorar o desempenho. I loje, com a pressão exercida pela competitividade,
é exigida uma redefinição da estratégia de gestão da produção, caracterizada como a principal fonte de
problemas. Esta nova postura deverá necessariamente encaminhar a uma eficiência operacional, melhoria
da qualidade e redução de custos.
A administração dos canteiros na construção civil ao longo dos anos foi muito isolada dos processos
decisórios da empresa, passando unicamente a cumprir determinações dos gabinetes, sempre muito dis-
tantes do contato tísico e dos problemas rotineiros dos mesmos. Porém, com o processo evolutivo que
vem ocorrendo nos últimos anos, esta situação tem mudado muito e a área da produção começa a ter
prioridade total em função de uma pressão por competitividade, do aumento do potencial das novas
tecnologias de processos e, principalmente, da conscientização da valorização do papel estratégico da
manufatura (CORRÊA, et al.,1993).
A empresa, para garantir sua participação rentável no presente e no futuro, terá de conviver com mu-
danças, seus agentes terão de procurar alternativas de melhoria contínua de suas atividades de maneira
a gerar e agregar valor na forma dc serviços e produtos, obtendo, assim, vantagem competitiva ante
concorrentes incautos e mais lentos.
A Logística da manufatura na construção: a principal fonte dos problemas
Enquanto na indústria manufatureira seriada a logística possui três focos principais, que são a logística de
suprimentos (externa), a logística de manufatura (interna) e a logística de distribuição (externa), no âmbito
da construção civil esta divisão se reduz aos dois primeiros focos principais, que são suprimento e a
manufatura. Este fato vem facilitar ou contribuir para um melhor desempenho, uma vez que poderá
ocorrer uma concentração de esforços, num primeiro momento, direcionados apenas a duas etapas da
cadeia de suprimentos inerente ao seu setor.
Porém, ainda que exista esta maior facilidade, deve-se ressaltar que a logística na construção civil
encontra-se num estágio de evolução ainda muito precário em comparação aos serviços da indústria
seriada. A construção civil necessita de uma melhoria contínua do processo construtivo e das condições
gerenciais de seus canteiros de obras para que possa atingir objetivos como a agilização das atividades
construtivas, aumento da produtividade e do nível de serviço e diminuição do desperdício.
A característica da integração ou da visão integrada inerente de todo o processo logístico pode contri-
buir significativamente com a eliminação dos desperdícios e a melhoria do resultado final, porém isso
não pode ser confundido apenas como uma redução de custos individualizados ou discretos. Poderá
haver certas situações em que o estudo das operações logísticas apontará para o aumento das despesas
num determinado setor, e isso muitas vezes provoca, num primeiro momento, a rejeição do planejador/
administrador em relação àquele processo específico. Deve-se ter o discernimento c a percepção de
que aquele processo executado naquele setor conduzirá à redução de custos em outros, de forma a
encaminhar um produto que atenda plenamente às necessidades dos clientes - Princípio Trade-off.
Pode-se ilustrar esta consideração com uma situação onde os planejadores do empreendimento encon-
tram-se no dilema de utilizar o sistema drywall com paredes ocas de gesso acartonado sustentadas por
perfis metálicos e revestidas por painéis pré-fabricados, ou o sistema convencional de vedação. As
paredes de gesso acartonado podem ser utilizadas em qualquer tipo de construção de interiores, seja na
execução de paredes novas, seja apenas como revestimento de paredes tradicionais. As paredes de gesso
acartonado podem ser definidas como um sistema constituído por perfis de chapas de aço zincado e
placas de gesso acartonado, fixadas por meio de parafusos especiais. A zincagem fornece a proteção
necessária contra a corrosão, requerida para os perfis metálicos.
Montagem de paredes internas drywall, gesso acartonado
Fonle: Empresa Srtin
Num primeiro momento, o sistema convencional de vedação com alvenaria de cerâmica vermelha é à
primeira vista mais barato e empregado tradicionalmente, fato que encaminha de início a uma prefe-
rência. Porém, se for considerado que:
• no sistema drywall os componentes são recebidos separadamente, sendo que os perfis chegam
em feixes amarrados e os painéis, em paletes, facilitando sobremaneira a armazenagem e o
manuseio, encaminhando para perdas e desperdícios "zero";
• a montagem de uma parede drywall interna segue uma seqüência lógica com a instalação dos
perfis metálicos, colocação dos painéis em um dos lados, passagem das tubulações hidráulicas,
elétrica e de ar condicionado, fixação de camadas de lã de vidro para isolamento térmico-
acústico; fechamento final da parede com a colocação dos painéis do lado oposto; esse proce-
dimento eliminará retrabalhos com quebras para tubulações, conseqüentemente, encaminhando
para perdas e desperdícios "zero";
• para o caso de paredes drywall externas, a colocação vai sendo efetuada de baixo para cima,
acompanhando a execução da estrutura; os painéis vão sendo fixados nos pontos determina-
dos e não há a necessidade de trabalhos (acabamentos) nas faces externas que já vêm previa-
mente acabadas, eliminando o vaivém de operários em balancins, "chapiscando", rebocando,
colocando massa, pintando, "pastilhando", etc., enfim, eliminando perdas e desperdícios.
O empreendimento é erguido muito mais rapidamente, com menos riscos, menos barulho, menos sujeira,
confusão e, certamente, com menores perdas e desperdícios e possibilidades de menores erros. Deve-se
considerar também que o pessoal envolvido na construção é significativamente menor, refletindo em
economia nos serviços de apoio como alojamento, refeitório, higiene (sanitários, chuveiros), equipamen-
tos de segurança, etc. Todas essas despesas indiretas que num primeiro momento não são fáceis de quantificar
tornam-se muito significativas e evidentemente embutidas nos custos totais da construção.
Principais ocorrências de perdas e desperdícios
Sabe-se que os grandes vilões da construção civil brasileira sempre foram as perdas e os desperdícios, os
quais estão fortemente vinculados, sem dúvida nenhuma, a uma gestão logística pouco desenvolvida.
Estes principais vilões se manifestam dentro do sistema produtivo de diversas formas, como, por exemplo:
• perda de materiais em transportes;
• perdas por superdimensionamentos como consumo excessivo de cimento ou outros aglomerantes
por traços demasiadamente ricos;
• perda de materiais em correções de retrabalhos ocasionados por incontormidades com as
especificações ou por baixa qualidade;
• perda de materiais ocasionados por problemas como ruptura de escoramentos, desaprumo e
falta de esquadro em paredes, ondulações em revestimentos, vazamentos ou entupimentos de
tubulações, pisos com caimentos invertidos, pinturas em superfícies despreparadas, etc.;
• tempo gasto com mão-de-obra para execução de retrabalhos;
• tempos ociosos de mão-de-obra devido à falta de "cancha" por deficiência no planejamento da
produção;
• tempos ociosos de equipamentos por deficiência no planejamento da produção e/ou ausência
de uma política de manutenção;
• compras feitas com base no menor preço, refletindo em insumos de baixa qualidade;
• programa de seleção, contratação e treinamento inadequado;
• falhas pós-transação, caracterizada por correções de imperfeições construtivas com custos ele-
vados dentro dos prazos de garantia;
• atrasos de cronogramas, repercutindo em multas, custos financeiros, improvisações, horas ex-
tras, etc.
Os desperdícios na construção civil são muito acentuados quando comparados com outros setores industriais.
Considerando apenas os desperdícios físicos mensuráveis na produção, pesquisa conduzida [x?la Escola Poli-
técnica da Universidade de São Riulo - EPUSP, no ano de 1998, para diferentes materiais e diversos canteiros
de obras distribuídos em doze estados brasileiros, revela que, em média, são desperdiçados em torno de:
• 9 % de concreto usinado;
• 10% de aço; e,
• 17% de blocos ou tijolos, para citar apenas alguns materiais.
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  • 1. Logística Aplicada à Construção Civil Como Melhorar o Fluxo de Produção nas Obras Hélio Flavio Vieira
  • 2. HÉLIO FLAVIO VIEIRA, engenheiro civil, com 30 anos de atividade profissional, tendo exercido sua profissão na área de construção civil rodoviária, edificações e de infra-estrutura portuária. Exerce atividade docente em nível universitário, sendo Pós-Graduado com Mestrado e Doutorado em Logística e Transportes.
  • 3.
  • 4. Logística Aplicada à Construção Civil - como melhorar o fluxo de produção na obra «COPYRIGHT EDITORA PINI LTDA. Todos os direitos de reprodução reservados pela Editora Pini Ltda. Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Vieira, Hélio Flavio Logística aplicada à construção civil : como melhorar o fluxo de produção nas obras / Hélio Flavio Vieira. — São Paulo : Editora Pini, 2006. Bibliografia. ISBN 85-7266-170-0 06-2779 1. Cadeia de suprimentos - Administração 2. Construção 3. Engenharia de produção 4. Logística (Organização) 1. Título. CDD-690.01 índices para catálogo sistemático: 1. Construção civil : Logística aplicada : Tecnologia 690.01 2. Logística aplicada : Construção civil : Tecnologia 690.01 Coordenação Manuais Técnicos: Raquel Cardoso Reis Diagramação e capa: Mayara L. Pereira Revisão gramatical: Mônica Costa Editora Pini Ltda. Rua Anhaia, 964 - CEP 01130-900 São Paulo, SP fone: 11 3352-7558 - Fax 11 3352-7587 Internet: vvww.piniweb.com - E-mail: manuais@pini.com.br 1d edição tiragem: 2.000 exemplares, abril/2006 •«toa.* imum
  • 5. Logística Aplicada à Construção Civil Como Melhorar o Fluxo de Produção nas Obras Hélio Flavio Vieira
  • 6. SUMÁRIO INTRODUÇÃO 8 CONSTRUÇÃO CIVIL 11 Introdução 11 A Construção Civil e a competitividade 11 A competitividade e a Logística 13 A falta da ação competitiva no setor construtivo 13 Mudança de postura no setor da Construção Civil 14 A Construção Civil e a industrialização 14 Mudança no processo dc gestão do setor construtivo 1 5 ATECNOLOGIA LOGÍSTICA 17 Introdução 1 7 Evolução da Logística 1 7 Maior abrangência Logística 18 Conceituação da Logística 19 CADEIA DE SUPRIMENTOS E O CARÁTER SISTÊMICO DA LOGÍSTICA 2 1 Introdução 21 As três grandes áreas da Cadeia de Suprimentos 22 A Logística como um sistema 23 Princípio logístico Tr.ide-Off 24 Técnica logística Just-ln-TlmelJll) 24 A Logística e a Tecnologia da Informação 25 NÍVEL DE SERVIÇO LOGÍSTICO 27 Introdução 27 Interdependência entre Logística e nível de serviço 28 Nível de serviço 29 ATECNOLOGIA LOGÍSTICA E A CONSTRUÇÃO CIVIL 33 Introdução 33 Cadeia dc Suprimentos na Construção Civil 33 A etapa da manufatura na Cadeia de Suprimentos da construção 35 Agentes envolvidos na manufatura 37 PROBLEMAS LOGÍSTICOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL 39 Introdução 39 A Logística da manufatura na construção: a principal fonte dos problemas 39 Principais ocorrências de perdas e desperdícios 41 Contribuição da Logística na solução de problemas 43 INTRODUÇÃO DA LOGÍSTIGN NO SISTEMA CONSTRUTIVO 45 Objetivos da Logística 45 PLANEJAMENTO LOGÍSTICO PRÉVIO DO EMPREENDIMENTO 47 Introdução 47 Planejamento logístico - estudo de caso 47 Desenvolvimento do processo dc projeto 49 Fases do desenvolvimento do processo dc projeto 50
  • 7. Estruturação das fases do desenvolvimento do projeto 51 Procedimentos do processo logístico 56 Planejamento logístico inicial de um empreendimento 56 ESTRATÉGIAS LOGÍSTICAS NA CONSTRUÇÃO 59 Introdução 59 Estratégia do Processo Logístico na Construção 60 Processo logístico compatível com a estratégia da empresa 61 ESTRATÉGIA DO SISTEMA DE INFORMAÇÃO E DA TECNOLOGIA DE INFORMAÇÃO NA CONSTRUÇÃO 63 Introdução 63 Sistemas de Informações 65 O desafio da implementação do sistema de informações na construção 66 Tecnologia da informação 67 Sistema de orçamento e planejamento de obras 69 Descrição dos módulos do Sistema 71 Descrição dos relatórios 72 Engenharia e projeto por computador - CAD (Computer Aided Design) 74 TECNOLOGIAS OPERACIONAIS 77 Introdução 77 Tecnologia de Radiofreqüência, Código de Barras e Leitores (Scanners) 77 Tecnologia do código de barras 81 TECNOLOGIA DE IDENTIFICAÇÃO POR RADIOFREQÜÊNCIA -RFID 85 Introdução 85 Vantagens do RFID 86 Utilização do sistema 87 SISTEMA DE GERENCIAMENTO DO ARMAZÉM - VVMS 89 Introdução 89 Definição do VVMS 89 Sistema de operação do VVMS 90 Funções do VVMS 91 Benefícios logísticos do VVMS 92 Considerações relacionadas à implantação do sistema na construção civil 93 Tecnologia de informação no VVMS 93 VVMS integrado ao Sistema de Radiofreqüência 93 Escolha do Sistema W M S 94 Síntese dos benefícios proporcionados pelo Sistema W M S 94 INTERCÂMBIO ELETRÔNICO DE DADOS-EDI 97 Introdução 97 Requisitos básicos para utilização do EDI 97 Histórico do EDI 98 Redes de Valor Adicionado VANs (V.ilueAdded Nelsvork Service) 99 Benefícios proporcionados pelo EDI na construção civil 101 Benefícios estratégicos do uso do EDI 102 Modelo de análise para adoção do EDI 102 Considerações importantes para implantação do EDI 103
  • 8. SUMÁRIO ECReEDI 103 EDI Nova Geração 104 PLANEJAMENTO DE NECESSIDADES DE MATERIAIS E PLANEJAMENTO DOS RECURSOS DE MANUFATURA - MRPI E MRPII 105 Introdução 105 Definições do MRPI e MRPII 106 Diferenciação entre MRPI e MRPII 106 Operacionalização do MRPI 106 Informatização do planejamento da produção 108 Propósitos, Objetivos e Filosofia do MRP 1 10 Benefícios proporcionados pelo Sistema MRP 110 PLANEJAMENTO DOS RECURSOS EMPRESARIAIS - ERP 111 Introdução 111 O que vem a ser ERP? 11 1 Última geração em planejamento empresarial 112 Definição para um Sistema ERP 113 Requisito fundamental para implantação da tecnologia ERP 114 Sistema ERP na Construção Civil 115 ESTRATÉGIA D O SISTEMA DE PARCERIA - ECR 11 7 Introdução 11 7 Fatores que podem ser favorecidos pelo ECR 118 O que se pode definir como ECR 118 A construção civil no sistema de parceria e a tecnologia de informação 119 Princípios básicos do ECR 120 Estratégias e ferramentas que dão suporte ao ECR 120 Desenvolvimento do ECR 123 Benefícios do ECR 124 Obstáculos para implementação do ECR 124 ESTRATÉGIA DA INDUSTRIALIZAÇÃO DA CONSTRUÇÃO 1 27 Introdução 1 27 O desenvolvimento da industrialização 128 A industrialização no Brasil 132 Entraves da disseminação da industrialização 134 Logística na industrialização - Painéis prá-fabricados de vedação externa 135 Logística na industrialização - Lajes pré-íabricadas 138 Logística na industrialização - Alvenaria estrutural 142 Compatibilização de projetos e alvenaria estrutural 146 Vantagens do processo de industrialização 146 Vantagens logísticas 146 Vantagens competitivas 147 ESTRATÉGIA DATERCEIRIZAÇÃO DOS SERVIÇOS (outsourcinf>) 149 Introdução 149 Pré-requisitos para terceirização 150 Avaliação do prestador de serviços 151 Vantagens c desvantagens da terceirização 152
  • 9. A LOGÍSTICA NO CANTEIRO DE OBRAS 155 Introdução ' 55 O planejamento logístico do canteiro de obras 1 56 Projeto de um canteiro de obras I 57 Definição logística do layout do canteiro de obras 1 60 Relação dos elementos do canteiro correspondentes ã produção 1 62 Definição das fases do canteiro 163 Recomendações relacionadas aos elementos operacionais do canteiro 1 64 Recomendações relacionadas ãs áreas de vivência do canteiro I 67 Recomendações relacionadas aos elementos de apoio técnico e administrativo I 70 Condições de trabalho e segurança nos canteiros de obras NR-18 (PCMAT) 171 Programa de Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção I 72 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 175
  • 10. INTRODUÇÃO LOGÍSTICA E TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO COMO ESTRATÉGIA PARA DINAMIZAÇÃO DA CONSTRUÇÃO CIVIL A construção civil ao longo dos anos não deu a devida importância à sua área de manufatura - o canteiro de obras. A preocupação dos gestores com o canteiro de obras sempre foi relacionada aos aspectos técnicos do projeto arquitetônico-estrutural, sem a merecida preocupação com desperdícios, prazos e retrabalhos, ou seja, com o gerenciamento do fluxo de suprimentos. O capital das empresas foi sempre empregado com investimentos na área técnico-estrutural, percebendo-se uma grande carência de recursos no desenvolvimento de outras frentes que num primeiro momento aparentam não impulsi- onar a produção, entre elas a logística. Apesar das exigências pela qualidade relacionadas ao consumidor, ainda persistem os altos índices de desperdício e improvisação dentro dos canteiros de obras da construção civil. A falta de modulação dos projetos ou de integração entre projetos, a tecnologia de informação pouco desenvolvida dentro do setor, a má administração dos materiais, as deficiências de formação e qualificação de mão-de-obra, as práticas construtivas não racionalizadas e as alterações de projetos que ocorrem no transcorrer do sistema construtivo, são as principais causas determinantes desta situação que age de forma contunden- te na redução do índice de produtividade e aumento considerável dos custos de produção. Estes são fatos que vêm caracterizando a construção civil ao longo dos anos e que devem ser ajustados para que as empresas se tornem mais competitivas e garantam sua permanência no mercado. Porém, isso sompnte será possível se for atribuída a mpsma importância que ó dada aos aspprtos térniro- estruturais, à gestão da cadeia de suprimento, ou seja, aos aspectos técnico-logísticos. A gestão logística pouco desenvolvida no suprimento de materiais e serviços é a principal causa apontada da ineficiência produtiva. Entende-se que é necessário atribuir maior enfoque aos aspectos logísticos da produção. A logística deve ser desmembrada e possuir seu gestor específico, atuando de forma integrada com o engenheiro responsável pelo projeto técnico-estrutural; cada um se concentra em suas respectivas importantes áreas de atuação, porém, ambos olham na mesma direção.
  • 11. Como se sabe, tudo que se relaciona a perdas, desperdícios, prazos não cumpridos, retrabalhos, etc. são basicamente vinculados à área de suprimentos, ou seja, à administração da cadeia de sumprimentos e, por conseqüência, de uma gestão logística pouco desenvolvida. Portanto, é indispensável que a forma de gestão da produção no seu ambiente produtivo seja encarada, como um diferencial estratégico e, como tal, mereça toda atenção técnica, gerencial e administrativa. O u seja, a construção civil necessita de uma melhoria contínua no seu processo construtivo e nas condições gerenciais de seus canteiros de obras. Deve ter como objetivos a agilização das atividades construtivas, aumento da produtividade e do nível de serviço e diminuição do desperdício, não poden- do esse objetivo ser confundido unicamente com redução de custos. Poderá haver certas situações em que o estudo das operações logísticas apontará para o aumento das despesas num determinado setor, porém com redução de custos em outros, de forma a encaminhar um produto que atenda plenamente às necessidades dos clientes, tanto em termos de qualidade como de preço. Com base nessas considerações extremamente relevantes, o autor preocupou-se em buscar alternativas que venham possibilitar uma melhoria contínua dentro desse setor industrial tão necessitado com rela- ção aos aspectos de produtividade e nível de serviço. Essa busca concentrou-se basicamente dentro da concepção logística que constitui a ferramenta fundamental e impulsionadora do desenvolvimento e do sucesso de toda indústria bem-sucedida, qualquor que seja o sc?u campo empresarial. Sendo assim, o objetivo principal do trabalho é, primeiramente, desenvolver um estudo sobre aspectos da construção civil e, posteriormente, aspectos relacionados à tecnologia logística, como sua evolução, definição, funções, características, objetivos e benefícios que um processo logístico pode oferecer de uma maneira geral. A seguir, atribuir o enfoque logístico com todas as suas técnicas, conceitos, procedimentos e, em especial, a tecnologia de informação no sistema construtivo, destacando sua importância como ferra- menta estratégica.
  • 12.
  • 13. CONSTRUÇÃO CIVIL Introdução A construção civil é o setor industrial que representa uma importância fundamental na economia bra- sileira. Possui uma importante participação na composição do PIB, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE representando nos últimos anos uma média percentual em torno de 6 % do PIB total do País. Segundo o IPEA, com relação aos postos de trabalho sua participação é, em média, de 4 0 % do total da mão-de-obra da indústria de transformação em geral. Comparando-se com outros setores da indústria de transformação, é o maior de todos eles. Além da sua importância relacionada aos aspectos econômicos e sociais, a construção civil tem uma interferência muito forte na natureza. Ela utiliza recursos naturais de uma forma substancial e isso a relaciona com o meio ambiente, quer seja na obtenção da sua matéria-prima, quer seja na grande quantidade de entulhos gerados pelo setor, assim como no uso do espaço urbano. Com isso, é extrema- mente relevante, tanto em termos ambientais como em termos econômicos, qualquer tipo dc estudo que avalie e quantifique perdas ou consumos de materiais nos canteiros de obras. A construção civil divide-se em três subsetores: edificações, responsável pela construção de edifícios; construção pesada, que objetiva a construção de infra-estrutura de transportes, energia, telecomunica- ções e saneamento; e montagem industrial, responsável pela montagem de estruturas metálicas nos vários setores industriais, sistemas de geração de energia, de comunicações e de exploração de recursos naturais. Deve-se destacar a importância do subsetor de edificações, que é responsável, segundo o IBGE, por mais de 9 0 % do número de estabelecimentos da construção civil e mais de 8 2 % do total de empregos do setor construtivo. É justamente no setor de edificações que o presente trabalho irá dirigir seu maior enfoque, até mesmo por ser o que mais apresenta as distorções operacionais em sua cadeia produtiva, as quais serão mencionadas a seguir. A construção de edifícios, no decorrer dos anos, vem diferenciando-se de outros setores da indústria manufatureira no aspecto evolutivo por fatores importantes, entre os quais se pode destacar a falta de uma maior competitividade nesse segmento industrial. Essa carência de uma ação competitiva dentro do subsetor, e que ao longo dos anos vem norteando esse segmento industrial, pode ser explicada por alguns fatores, e dentre os mais fundamentais podem ser citados: a inexistência de uma concorrência externa, que produziria reflexos competitivos internos, e a enorme carência habitacional brasileira. Estima-se que o déficit habitacional total no Brasil seja da ordem de 6,65 milhões de novas moradias (dados de 2000), que eqüivalem a 14,3% do total de domicílios existentes. O problema se concentra basicamente nas regiões urbanas (81,3% do déficit total) e nas famílias com renda até três salários mínimos (83,2% do déficit urbano total).
  • 14. Déficit habitacional urbano total, por faixa de renda mensal familiar, segundo as regiões Participação regional no déficit habitacional urbano por faixa de renda mensal familiar' (%) Região até 3 de 3 a 5 de 5 a 10 mais de 10 Total2 Norte 7,8 6,6 9,9 6,1 7,7 Nordeste 35,2 19,7 12,6 11,0 32,1 Sudeste 38,4 54,0 54,2 61,2 41,2 Sul 10,5 12,2 13,5 13,5 10,9 Centro-Oeste 8,0 7,5 9,8 8,2 8,0 Brasil 4.410.385 443.139 285.131 105-632 5.297.946 1 Exclusivo o déficit jxir depreciação que não jxide ser calculado |>or faixas de renda 1 Inclusive sem declaração de remia Fonte: Fundação João Pinheiro. Elaboração: LCA Consultores Hoje, porém, é exatamente nessa competitividade que reside a principal preocupação dos empresários do subsetor. Essa mudança de direcionamento mercadológico, ainda não tão contundente, porém siste- mática, deve-se a alguns aspectos que vêm exercendo algum tipo de interferência e provocando tais modificações conjunturais. Entre estes aspectos, os mais influentes são: • a grande dificuldade de disponibilidade de financiamentos governamentais; • a conscientização dos consumidores com relação aos seus direitos, tendo como ponto de par- tida o Código de Defesa do Consumidor de 1990; • o aumento das exigências pela qualidade; • estabilização econômica através da consolidação do Plano Real. Estes aspectos todos têm estimulado muito a competitividade entre as empresas construtoras, obrigan- do-as a procurar alternativas estratégicas que busquem a eficiência e a eficácia de sua cadeia produtiva, antes voltadas basicamente a atividades não-produtivas. A Construção Civil e a competitividade Mesmo após a abertura econômica e tecnológica brasileira pós-ditadura militar, as empresas da cons- trução civil não sofreram a mesma ação competitiva externa sentida em outros setores industriais manufatureiros. As indústrias seriadas foram as que mais sofreram com essa abertura, pois se já existia uma concorrência interna mais significativa nesse segmento industrial, ficou ainda mais acentuada com a concorrência externa provocada pela abertura econômica. Isso fez com que houvesse uma transfor- mação radical nas estruturas operacionais e administrativas das empresas desse segmento, as quais tive- ram que se requalificar tecnologicamente. Somente assim poderiam atingir um nível de produtividade e qualidade que pudesse competir de forma igualitária com seus concorrentes estrangeiros. A principal transformação se verificou na área da cadeia de suprimentos (fluxo de materiais, serviços e mão-de-obra), que passou a ser a grande prioridade dessas empresas. O u seja, a grande preocupação das empresas manufatureiras seriadas passou a ser a racionalização de todas as atividades produtivas e a qualidade dos materiais e mão-de-obra envolvidas, desde a aquisição da matéria-prima do fornece- dor até o atendimento das necessidades do cliente final. Esta preocupação fez aumentar de uma forma muito acentuada a importância da logística. Sabe-se que a cadeia de suprimentos é a área de atuação da tecnologia logística, a qual efetua o gerenciamento da mesma, através de seus conceitos, métodos, técnicas e procedimentos, visando fundamentalmente ao aumento da produtividade, da qualidade e do nível de serviço ao cliente. Sendo assim, a logística passou a ser considerada uma prioridade das empresas brasileiras a partir do início da década de 1990.
  • 15. A competitividade e a Logística A concepção logística de agrupar conjuntamente as atividades relacionadas ao fluxo de materiais e serviços para administrá-las de forma coletiva já foi uma evolução natural. A administração de empresas passou a focalizar o controle e a coordenação coletiva dessas atividades como potencial de vantagem competitiva, capaz de oferecer diferencial através das características do serviço prestado, originando, assim, a Logística Empresarial. O s consumidores vêm exigindo cada vez mais produtos que atendam as suas necessidades, no momento exato, com alto padrão de qualidade e a preços compatíveis, indepen- dentemente da nacionalidade dos mesmos. Os clientes estão muito mais informados e exigentes, o que provoca mudanças no mercado e no consumo, conseqüentemente, em todo setor industrial e de servi- ços. Portanto, aquela empresa que colocar no mercado o produto ou serviço que melhor atenda às necessidades e exigências dos consumidores a menor preço, independentemente da marca ou origem desse produto ou serviço, será a que irá se manter no mercado, dando um passo à frente em relação aos seus concorrentes. Sendo assim, as empresas passaram a necessitar de uma maior profissionalização gerencial em termos de qualificação e tecnologia operacional, fazendo até mesmo com que surgissem no mercado empresas especializadas em serviços logísticos. A necessidade e a urgência dessa adequação abriram esse novo campo de atuação, onde empresas especializadas em implementação e gerenciamento das necessida- des logísticas podem ser subcontratadas para gerir toda ou parte da cadeia logística. Segundo LAMBERT & STOCK (1982), esse novo enfoque se deveu à mudança no ambiente competitivo, em que as frontei- ras econômicas foram rompidas aumentando, assim, a concorrência e ampliando o mercado. A falta da ação competitiva no setor construtivo Os mesmos fatores que exigiram uma reformulação empresarial no setor manufatureiro seriado não se fizeram sentir no setor da construção civil. Neste setor, a ação competitiva se restringia ao âmbito interno do País e de uma maneira bastante inexpressiva. Tudo que era produzido era vendido, algumas vezes com mais ou menos dificuldades, como em situações de crises econômicas passageiras, porém era vendido. Os empresários da construção no Brasil sempre dirigiram o foco de sua atenção basicamente para aspec- tos relacionados às especificações técnicas do projeto estrutural e arquitetônico, assim como a aspectos de marketing. Sempre foram negligenciados aspectos fundamentais de produção como tecnologia, qualifica- ção, produtividade, especialização, treinamento, etc., estando na contramão como descumprimento de prazos, improvisação, retrabalhos, perdas e desperdícios, etc. Aspectos estes que têm fundamentalmente origem na administração da cadeia de suprimentos. Ao engenheiro de obra sempre foi atribuída as fun- ções técnicas e administrativas do empreendimento, ou seja, sempre foram de sua responsabilidade o acompanhamento e o controle das características físicas e geométricas que envolvem as especificações técnicas do projeto construtivo, assim como toda cadeia de suprimentos da obra. A preocupação com a qualificação profissional, tecnologia operacional, treinamento, especialização, automação, qualidade e organização dos materiais e componentes nunca foi a principal prioridade. O setor da construção civil, em especial o subsetor de edificações, sempre apresentou sérios problemas com perdas, desperdícios, prazos, produtividade e qualidade, problemas relacionados, como foi men- cionado anteriormente, com a administração da cadeia de suprimentos (cadeia produtiva). Estes fatos demonstram claramente a falta de uma maior atenção à sua área de suprimentos, que sempre foi relegada a um plano secundário e concentrada essa atenção prioritariamente em relação à área técnico-estrutural. A evolução sentida em outros setores manuíatureiros não foi acompanhada da mes- ma forma por esse setor que sempre conviveu com o desperdício e a improvisação dentro do seu
  • 16. ambiente construtivo. O empresário sempre contabilizava a ineficiência, o desperdício e a improvisa- ção no orçamento da obra em vez de encontrar alternativas eficazes para melhorar seu desempenho. Mudança de postura no setor da Construção Civil O ambiente mercadológico da construção vem nos últimos anos sofrendo mudanças significativas, onde a concorrência do mercado, antes quase inexistente, hoje se manifesta através de uma ação com- petitiva mais forte. Isso pode ser explicado pela mudança de percepção dos consumidores quanto a seus direitos, visto que se tornaram muito mais exigentes no atendimento às suas necessidades, exigindo assim uma nova postura para o setor. Essa nova postura se reflete numa atitude estratégica diferente da empregada até então. As empresas construtoras passam a deslocar o foco de suas estratégias, principalmente para atividades produtivas, antes relegadas a um plano secundário, como foi mencionado anteriormente. O u seja, as empresas que antes tinham suas estratégias operacionais voltadas para as atividades não-produtivas, passaram a buscar uma maior eficácia técnico-econômica, através de atividades mais voltadas à produ- ção. Começam a aparecer processos de treinamentos e requalificação de operários, programas setoriais para melhoria da qualidade de produtos, criação de organismos independentes de certificação de pro- dutos e de sistemas de gestão da qualidade no setor. Aliado a isso, tecnologias operacionais começam cada vez mais a fazer parte do sistema construtivo, contribuindo não só com a produtividade (custos), como também com o nível de serviço oferecido. Com isso, os sistemas construtivos de grande ou pequeno porte vêm sofrendo algumas transformações em vista da evolução dos processos tecnológicos informacionais e operacionais. O s materiais, as técni- cas e os métodos construtivos têm evoluído de forma acentuada nas últimas décadas, requerendo cada vez mais uma nova postura administrativa e conhecimentos multidisciplinares por parte dos gestores. Novos processos mais eficazes têm sido adotados com base em práticas tradicionais da construção, repercutindo muitas vezes em sucessos técnicos e econômicos. Por outro lado, deve-se ressaltar mais uma vez que a área de suprimentos, ainda assim, não vem acompanhando no mesmo ritmo estas evoluções. O que vem sendo percebido é uma evolução muito lenta, embora de maneira resoluta, relacionada a técnicas construtivas; materiais e componentes; equipamentos utilizados; ao emprego de tecnologias de informação; e, conseqüentemente, a continuidade produtiva. A Construção Civil e a industrialização O canteiro de obras na construção civil vem se aproximando cada vez mais, e de maneira perceptível, à forma de operar de uma indústria seriada, onde processos repetitivos começam a dominar o ambiente operacional. A crescente introdução de componentes pré-fabricados com nível considerável de padro- nização, seguindo a linha da industrialização seriada, começa a oferecer condições de ganhos em produtividade e redução de custos. Modernos métodos construtivos fundamentados em modelos logísticos como pré-industrialização e construção seca (dry construction), ou seja, vigas, pilares, painéis de fachada pré-moldados, paredes ocas (drywall), alvenaria estrutural, lajes treliçadas, etc. vêm sendo utilizados de maneira bastante acen- tuada. A unitização de materiais e componentes que facilitam a movimentação e a armazenagem tam- bém constitui um fator de extrema importância nesse processo que, evidentemente, exige equipamen- tos compatíveis como empilhadeiras, antes inimaginável dentro de um canteiro. A mão-de-obra na construção civil vem se aproximando cada vez mais da mão-de-obra do processo de industrialização seriada e passa a necessitar de qualificação. O operário da construção, antes sem exigências de qualifi- cação, está passando de um peão de obra e se tornando um montador industrial.
  • 17. Prédios sendo executados com vigas, pilares e lajes pré-moldados Estes aspectos assim colocados estão exigindo, portanto, uma mudança de ação radical em relação ao paradigma dos sistemas construtivos, através de uma alteração na forma de gestão, o qual também terá que se adequar a estas evoluções. O u seja, para isso é necessária também a introdução de melhorias gerenciais relacionadas à logística, planejamento e controle de produção, associado tudo isso a uma tecnologia de informação compatível e bem desenvolvida. Mudança no processo de gestão do setor construtivo A introdução de novos conceitos, técnicas, procedimentos, métodos e processos conduz à necessidade de que sejam efetuadas mudanças, em especial, no pensamento estratégico e na visão sistêmica do setor, encaminhando, sem qualquer dúvida, a implementação de tecnologias de informação que pos- sam proporcionar um ambiente integrado e produtivo. Sendo assim, é importante primeiro que ocorra a conscientização da necessidade dessas mudanças de posicionamento para depois partir efetivamente para a transformação. Essa transformação de culturas equivocadas enraizadas historicamente dentro do setor deverá ser subs- tituída por uma nova mentalidade, mais compatível com as características e exigências, não só do mercado consumidor, como também dos aspectos ambiental e competitivo. Entre as medidas a serem tomadas, podem ser citadas: • maior implementação de tecnologias de informação - tecnologias operacionais; • qualificação dos recursos humanos - qualificação tecnológica; • integração com agentes externos - sistemas de parcerias; • cultura na qualidade; e, fundamentalmente, • foco no cliente. Deverá ocorrer primeiramente, portanto, essa conscientização de uma forma mais ampla, em nível organizacional/gerencial, para que, posteriormente, sejam tomadas medidas mais restritas, em nível operacional.
  • 18. A hipótese básica é a descentralização no processo de gestão: a parte técnico-operacional terá de ser desmembrada da parte logístico-operacional, onde deverá ocorrer tanto a gerência técnica quanto a gerência de suprimentos, interagindo de uma forma coordenada. Existirão duas formas de gestão: uma voltada para a análise, acompanhamento e controle das especificações técnicas do projeto; a segunda, voltada para o processo de gestão da cadeia de suprimentos necessária à produção, seja de materiais, serviços e mão-de-obra. A gerência de suprimentos (logístico-operacional) será a responsável mais direta com relação aos aspec- tos mencionados anteriormente, como: planejamento produtivo; qualidade dos serviços, mão-de-obra e materiais; continuidade produtiva; produtividade; integração com fornecedores externos e internos; integração com todos os agentes envolvidos; fluxos e tecnologias de informação, etc.
  • 19. A TECNOLOGIA LOGÍSTICA Introdução Segundo o pensamento do estudioso de logística ULZE (1974), a logística existe desde os tempos mais remotos das atividades produtivo-comerciais, quando o homem primitivo produziu no próprio local mais do que poderia consumir. As atividades de transporte, armazenagem e comunicações iniciaram-se antes mesmo da existência de um comércio ativo entre regiões vizinhas. Deve-se entender, na verdade, que a logística sempre existiu, de uma forma potencial e não tão integradora como hoje, porém sempre existiu. O que ocorre é que, em vista da evolução tecnológica nos sistemas produtivos e as exigências da globalização, hoje ela está sendo destacada como um condicionante estratégico ou como um diferen- cial competitivo. A logística, num passado recente, foi vista apenas com envolvimento na atividade de transporte na distribuição física, evoluindo também para um processo de suprimento de materiais por fornecedores externos. Ganhou maior abrangência nos anos de 1980, quando as organizações perceberam sua im- portância na administração integrada dos processos de suprimentos, produção e distribuição física. A partir do início desse processo de integração, consolidado pela obtenção de significativos resultados relacionados ao aumento de produtividade e à melhoria do nível de serviço ao cliente, as empresas elegeram a logística como um instrumento de integração de toda a cadeia de negócios, envolvendo clientes, fornecedores e todos aqueles relacionados diretamente ou indiretamente com a produção. A percepção da necessidade de integração não foi somente em relação ao ambiente interno da empre- sa, mas também fora dela, constituindo uma rede de organizações integradas desde os fornecedores de matéria-prima até os consumidores finais. A esta constituição integrada foi dado o nome de cadeia de suprimento, onde a logística desenvolve seu potencial e naturalmente se transformou na visão da logística moderna. Evolução da Logística Utilizada nas guerras ao longo dos séculos, a logística foi implementada no exército com a finalidade de ser, na retaguarda, um setor estratégico. Sua finalidade consistia em fazer o planejamento militar, que compunha o estudo do adversário (pontos fortes e vulneráveis), a definição das frentes de batalha, movimentação e deslocamento das tropas e equipamentos, e programação das equipes de apoio (abas- tecimento técnico e equipamentos). O exército sempre foi sinônimo de disciplina e obediência hierárquica e talvez tenha sido esse o verda- deiro motivo para o grande sucesso da logística. Ela foi criada e desenvolvida nesse ambiente, apresen- tando como características todas essas virtudes e ainda a de ser integradora. Era um setor departamental com autonomia plena de planejamento, diretamente ligado às decisões do comando geral. Fazia a consolidação das informações e do potencial dos setores. Baseado neles utilizava todos os recursos disponíveis, com o objetivo de alcançar as metas do grupo (VERLANGIERE, 1998).
  • 20. Durante a Segunda Guerra Mundial, os modelos logísticos foram amplamente empregados de forma a assegurar que as tropas, equipamentos bélicos, suprimentos, etc. estivessem posicionados no lugar e no momento certos de sua utilização. A evolução da logística no âmbito empresarial ocorreu após a Segunda Guerra Mundial, devido às carac- terísticas reinantes, como: a logística desenvolvida para fins militares, que possuía extrema afinidade com as atividades empresariais; começaram a surgir alterações nos padrões e exigências dos consumidores; grandes pressões por reduções nos custos; e, principalmente, os avanços tecnológicos e de comunicação ocorridos em conseqüência da guerra. Sendo assim, surgiu a Logística Empresarial (BALLOU, 1993). O emprego da logística de uma forma totalmente integrada, como uma estratégia capaz de criar dentro das empresas uma sincronização entre todas as suas atividades, é considerado ainda recente. Nos EUA e na Europa seu emprego era na distribuição de produtos acabados, tanto que a maior entidade sobre o assunto, formada por um dos mais conceituados grupos de profissionais de logística, o Conselho de Administração Logística (Council of Logistic Management), quando foi fundado em 1960 se chamava Conselho Nacional de Distribuição Física (National Council of Physical Distribution), e assim permane- ceu até 1985 {MOURA,1998). Nesse período a logística começou a ganhar importância, principalmente, em relação às redes de distri- buição e a administração de materiais das empresas. À distribuição física, que já era encarada de uma forma diferencial, juntou-se a administração de materiais e ambas passaram a ter um tratamento espe- cial no que se refere ao fluxo logístico. Caracterizou uma época em que as empresas gradualmente passavam de uma gestão fragmentada de processos individuais (transportes, compras, movimentação, armazenagens) para uma gestão integrada de funções relacionadas. Maior abrangência Logística À medida que os anos passavam, as empresas começaram a dar mais ênfase à administração de materiais (suprimentos), isto é, ao conjunto de operações relativas ao fluxo de materiais desde a fonte da matéria- prima até a entrada na produção. Isto se deveu à grande necessidade de redução de custos e, sendo a estocagem uma grande fonte geradora dos mesmos, ela passava a ser um importante potencial de redu- ção. Para isso, métodos tradicionais de fornecimentos de suprimentos passaram a ser substituídos e come- çaram a ser adotados métodos mais avançados de suprimentos de materiais, como, por exemplo, os baseados em sistemas sincronizados de produção em fluxo sem estoques (JIT - Just-ln-Time). Nesse contexto, a logística relacionada ao conjunto de atividades dentro da administração de materiais e distribuição física passou também a incluir a produção (manufatura), ou seja, desde a entrada da matéria-prima, a agregação de valor na linha produtiva, até a confecção do produto final. A administra- ção através da logística passou a ter um novo enfoque, abrangendo todas as etapas da cadeia, ou seja, as áreas da administração de materiais, distribuição física e, também, a área de produção. Deve-se ressal- tar que a globalização da economia mundial tornou a competitividade das empresas ainda mais acirra- da, fazendo com que houvesse a necessidade de redução dos custos e de uma significativa elevação no nível de serviço, conduzindo inevitavelmente, portanto, a essa integração (VIEIRA, 1996). A tecnologia sofreu um grande impulso, pois as conquistas tecnológicas tinham que ser sentidas tam- bém na área de produção, encontrando uma contrapartida no suprimento e na distribuição física. Com a explosão da competição global em todos os segmentos do mercado, acompanhada do surgimento de novas tecnologias, a função operacional dentro das empresas vem adquirindo cada vez mais a compe- tência de oferecer aos clientes bens e serviços inovadores e diferenciados, atendendo com qualidade a suas necessidades. Necessidades que requerem cada vez mais produtos e serviços em tempo hábil e a preços competitivos.
  • 21. Conceituação da Logística A logística pode ser conceituada de duas maneiras distintas: uma é a maneira formal encontrada nos dicionários contemporâneos; e a outra é a conceituação técnica desenvolvida por estudiosos do assun- to, considerando mais os aspectos técnicos e empresariais. Com relação à conceituação formal, entre tantas outras encontradas nos dicionários contemporâneos, pode ser citada: a palavra logística vem do francês logistique, e é parte da arte militar relativa ao planejamento, transporte e suprimento das tropas em operações; denominação dada pelos gregos à arte de calcular ou aritmética aplicada; lógica simbólica cujos princípios são os da lógica formal e que utiliza símbolos matemáticos em vez da linguagem gramatical. Através desta definição formal, entre tantas outras, pode-se constatar, pelo que se observa da moderna logística de hoje, que ela avançou em muitas outras áreas. Hoje ela constitui uma ferra- menta operacional que ultrapassou muitas fronteiras, possuindo uma ampla área de atuação e abrangência nos mais diversos sistemas produtivos e empresariais, dada a importância estratégica que representa. Isso motivou os estudiosos a fazer uma reformulação em termos conceituais e a atribuírem definições menos específicas e muito mais abrangentes, entre as quais são destacadas pelo autor as definições de: DASKIM (1985): a logística pode ser definida como o planejamento e a operação dos sistemas físicos, informacionais e gerenciais necessários para que os insumos e produtos vençam condicionantes espaciais e temporais de forma econômica. CHRISTOPIIER (1999): a logística é o processo de gerenciar estrategicamente a aquisição, movi- mentação e armazenagem de materiais, peças e produtos acabados com o fluxo de informações associado através da organização e seus canais de marketing, de modo a poder maximizar as lucratividades presente e futura através do atendimento dos pedidos a baixo custo. C O N S E L H O DE A D M I N I S T R A Ç Ã O LOGÍSTICA - C L M (Council Logistic Management): logística é o processo dc planejar, implementar e controlar, de forma eficiente e econômica, o fluxo de suprimentos e produtos, a armazenagem e o fluxo de informações correspondentes a todo o sistema, da origem ao destino final, objetivando o atendimento às necessidades dos clientes. Conforme definiu DASKIM, a logística não se resume somente aos aspectos físicos do sistema, mas principalmente aos aspectos informacionais e gerenciais. A revolução das tecnologias da informação e da comunicação abrange muitos conceitos que estão em constantes mudanças envolvendo computa- dores, softxvares, telecomunicações, ferramentas de acesso e recursos de informações multimídia. A informação, como elemento integrador e alimentador, está quase totalmente automatizada; a utilização do papel cedeu lugar às mídias eletrônicas, existindo uma contribuição muito grande da informática e da Internet. Com relação aos processos dc controle gerencial, procura-se administrar problemas dc suprimento, não só de insumos como também de serviços e mão-de-obra, através da coordenação entre interfaces de frentes de trabalho interdependentes, assim como na distribuição do produto semiprocessado e do produto final. A tecnologia da informação e a tecnologia da administração, evolutivamente, devem caminhar juntas para estabelecer uma estratégia integrada, isto é, deve-se projetar e instalar processos organizacionais compatíveis com os sistemas de informação disponível. A utilização adequada das ferramentas de informática, comunicação e automação alinhada com as técnicas de organização, gestão e estratégia de negócios, possibilitará o diferencial tão perseguido no ambiente competitivo.
  • 22. Depreende-se do exposto que a logística é, portanto, uma metodologia ou processo administrativo que se baseia fundamentalmente na conscientização para o emprego de conceitos, métodos, técnicas e procedimentos, assim c o m o na utilização da tecnologia de informação, de forma a encaminhar a maximização do nível de serviço e da produtividade numa cadeia de suprimentos (VIEIRA, 2003).
  • 23. CADEIA DE SUPRIMENTOS E O CARÁTER SISTÊMICO DA LOGÍSTICA Introdução A administração, através do conceito logístico, significa o tratamento integrado dado às diversas atividades que constituem uma Cadeia de Suprimentos, coordenando-as entre si. A Cadeia de Suprimento (Supply Chain), segundo a Associação Brasileira de Movimentação e Logística - A B M L , é o conjunto de organi- zações que se inter-relacionam, criando valor na forma de produtos e serviços, desde os fornecedores de matéria-prima até aquele que irá consumir o produto final. Pode-se dizer que uma cadeia de supri- mentos é uma sucessão de processos, ou seja, manuseios, movimentações e armazenagens pelas quais o produto passa desde a aquisição da matéria-prima, produto semi-acabado e acabado até o cliente final. Uma cadeia de suprimento típica envolve três fases, que são: a fase do suprimento; a fase da manufatura; e a fase da distribuição física. Pode-se dizer que essas fases são consideradas as etapas do fornecedor (supri- mento); etapa do fabricante (manufatura); e etapa do distribuidor, varejista e cliente (distribuição física). Porém, não é necessário que obrigatoriamente todas as etapas sempre façam parte da cadeia de suprimento. O projeto da cadeia mais adequado vai depender tanto das necessidades do cliente quanto do papel de cada etapa para satisfazer essas necessidades. Compreende, portanto, uma cadeia de suprimentos: • O Suprimento ou Administração de Materiais: que gerencia todo o processo relacionado à aquisição da matéria-prima e componentes, ou seja, são atividades relacionadas com a obten- ção de materiais e componentes de fornecedores externos, caracterizando o início de um ciclo da cadeia logística. • Produção ou Manufatura: que administra o fluxo de materiais e serviços dentro do ambiente produtivo, ou seja, são atividades relacionadas com o planejamento, a programação e o apoio às operações de produção. Manufatura ou produção CD Distribuidor Atacadista Varejo Logística de Suprimentos Logística da Produção Logística de Distribuição A • < • < • Administração de Materiais Produção Distribuição Física Seqüência resumida de uma Cadeia de Suprimentos
  • 24. • Distribuição Física: que administra a demanda do cliente e dos canais de distribuição logística (Canais de Marketing). Deve-se ressaltar que essa etapa não ocorre na construção civil, ou seja, o produto final não é distribuído para o cliente; o cliente é que vai ao encontro do produto. As três grandes áreas da Cadeia de Suprimentos A administração pela logística ou Logística Empresarial tem sua atuação nas três grandes áreas, que cons- tituem as estruturas básicas do sistema da cadeia de suprimentos, mencionadas anteriormente, que são as áreas de Suprimentos (Administração de Materiais), a Produção (Manufatura) e a Distribuição Física. A Administração de Materiais ou Suprimentos corresponde ao conjunto das operações relativas ao fluxo de materiais e informações associadas, desde a fonte das matérias-primas até a entrada no local de produção. Podem ser destacadas como atividades principais dessa área: o processamento de pedidos; recebimento de materiais; conferência física, quantitativa e documental; consolidação das diversas uni- dades de materiais; armazenagem; administração de estoques; expedição de materiais; gestão de infor- mações logísticas; e medidas de desempenho. A Produção ou Manufatura corresponde ao conjunto de atividades totalmente desenvolvidas pela em- presa, envolvendo todas as áreas da mesma, com objetivo de converter materiais em produto acabado, através da agregação de valor ao material. O importante nessa área é a sincronização da produção com a demanda dos clientes. Destacam-se como principais atividades dessa área: o apoio à produção; abas- tecimento de linha; Kanban e JIT; armazenagem; unitização e embalagem; conferência física, quantita- tiva e documental; expedição industrial; medidas de desempenho; entre outras. A Distribuição Física corresponde ao conjunto das operações relativas ao fluxo de bens, desde o local de sua produção até o destino final, e das informações associadas, garantindo que os bens cheguem em boas condições comerciais e, principalmente, a preços competitivos. Destacam-se como atividades principais dessa área: o recebimento do produto acabado; embalagem e unitização do produto; armazenagem; transporte; roteirização; geração e controle de documentos; expedição; transferência para Centros de Distribuição (CD); controle e pagamento de fretes; gestão de informações logísticas; entre outras. Uma cadeia de suprimento inclui todas as etapas envolvidas, direta ou indiretamente, no atendimento de um pedido de um cliente. A cadeia de suprimento inclui fabricantes, fornecedores, distribuidores, atacadistas, varejistas, transportadoras, depósitos e, especialmente, os clientes. Ela estende o conceito da integração além das fronteiras da empresa, envolvendo todos os agentes que, de uma maneira ou de outra, fazem parte do sistema como um todo. O inevitável envolvimento de agentes externos à empresa vem motivando cada vez mais a formação de parcerias ou alianças estratégicas com esses agentes, em detrimento da forma tradicional da licitação por menor preço, muitas vezes inconveniente. A idéia é fazer dessas parcerias um mutualismo, com benefícios mútuos para as empresas envolvidas. O fornece- dor com fornecimento garantido do seu produto através de um cronograma preestabelecido e o cliente com garantia de fornecimento do produto na hora certa, na quantidade certa, no local certo e na qualidade correta. A cadeia de suprimento começa com a necessidade de um cliente em obter um produto; a próxima etapa é quando o cliente busca o produto; o produtor se abastece das matérias-primas e componentes necessários a sua produção, usando dos estoques do seu fornecedor; esse mesmo produtor armazena, movimenta, manuseia e manufatura a matéria-prima; terminando quando o produto chega às mãos do cliente, de forma a atender a suas necessidades. Evidentemente estas atividades são apresentadas de forma generalizada, sendo que cada sistema logístico apresentará as atividades relativas ao seu desen- volvimento em particular, como é o caso do subsetor edificações que não possui, por exemplo, a etapa da Distribuição Física. É o cliente que vai ao encontro do produto.
  • 25. Hoje é senso comum considerar a logística como centro de coordenação e de integração de todas as atividades da cadeia de suprimentos, ou seja, a logística de abastecimento (externa), a logística de manufatura (interna) e a logística de distribuição (externa). Ela traz junto a si uma grande capacidade de agregar valor ao produto, mas para isso é necessário criar uma infra-estrutura para integrar tanto as funções logísticas da administração de materiais e distribuição física quanto às funções ligada à manufatura, de modo a criar um único sistema estratégico que vise, basicamente, ao atendimento às necessidades dos clientes. A Logística como um sistema Os conceitos de Processo Logístico e Tecnologia Logística, que tiveram um grande impulso após a Segunda Guerra Mundial, tornaram-se amplamente aceitos e a administração, tanto privada como pú- blica, reconheceu a necessidade de projetar e administrar de uma forma sistêmica, em vez de uma série de funções discretas e independentes. Em resumo, durante os últimos cinqüenta anos, o conceito da logística na indústria seriada passou de uma visão de gestão fragmentada para um enfoque que integra não somente as áreas no interior da empresa (agentes internos), como também todas as empresas vincu- ladas ao sistema produtivo (agentes externos - fornecedores e clientes). Através desse enfoque percebeu-se que para otimizar o processo não bastava otimizar as partes inte- grantes do todo de uma forma isolada, discreta, mas sim ter a visão do processo como um todo. Estas característica inerentes da logística vêm fazendo com que a administração, por meio da tecnologia logística, esteja evoluindo cada vez mais rapidamente e de uma forma constante, em razão dessa abor- dagem coordenadora e integradora que é dada a todas as suas funções. Entendido o que seja uma Cadeia de Suprimentos, constituída através de suas três áreas e com o envolvimento de seus vários agentes internos e externos, pode-se fazer uma perfeita analogia com um canteiro de obras de uma edificação. O canteiro, em si, seria a unidade fabril com seus diversos depar- tamentos internos, apresentando numa extremidade o conjunto de vários fornecedores e na outra extre- midade os clientes que irão consumir o produto. Os agentes externos, os fornecedores, têm que interagir de forma eficiente com as necessidades do canteiro de maneira a garantir o fornecimento adequado de seus produtos, quer sejam de materiais e/ou serviços. Os agentes internos de um canteiro são constituídos pelas diversas equipes envolvidas numa obra, entre estas: sondagem, locação, fundação, estrutural, alvenaria, pintura, elétrica, hidráulica, projetistas, etc. Todas essas equipes são dependentes de fornecedores externos e interdependentes e intervenientes en- tre si. O u seja, estes agentes internos agem e interagem no canteiro de forma a se constituírem em clientes dos produtos dos fornecedores externos, como também serem fornecedores de serviços para equipes subseqüentes, as quais também são clientes dos fornecedores externos. Em outras palavras, pode-se dizer que são clientes de fornecedores externos e também clientes entre si. Sabe-se que existe uma certa complexidade produtiva ao longo do sistema construtivo, o qual deve ser administrado com competência de maneira a pro|>orcionar uma perfeita coordenação e integração de todas as atividades produtivas e agentes envolvidos. Somente assim poderá ser garantida, eficazmente, a maximização da produtividade e do nível de serviço desejado pelo cliente final, que é o foco principal de tudo. Porém, para que se possa alcançar esse objetivo é necessária uma administração que visualize, integre e coordene com eficácia todos os elos dessa grande corrente que é a cadeia de suprimentos do sistema construtivo. Para tanto, a administração dessa cadeia terá de ser efetuada através de um processo logístico, o qual há muito tempo vem se constituindo no elemento fundamental do sucesso de outros setores industriais. Depreende-se disso que a cadeia de suprimentos, quando administrada através da tecnologia logística, assume um caráter sistêmico, dado à característica integradora da logística. Ela traz junto a si o conceito de ser vista como um sistema, ou seja, como um conjunto de atividades organizadas e coordenadas
  • 26. entre si que agem e interagem para atingir um objetivo comum e nào como uma somatória de atividades isoladas. A definição de "Logística Integrada" como muitas vezes é empregada na verdade é uma redun- dância, visto que sua característica intrínseca é a integração. Princípio logístico Trade-Off A característica intrínseca da logística relacionada à integração encaminha a uma perspectiva de que o custo total de produção pode ser reduzido através de um tratamento logístico que venha a ser dado à produção nas atividades como compras, transportes, armazenagem, administração de estoques, processamento de pedidos, manufatura e sistemas de informação associados. Para que se possa obter o custo final do produto mais adequado, a cadeia de suprimentos deve ser gerenciada de forma integrada, ou seja, a logística empre- gada deve fazer valer sua característica sistêmica. Em outras palavras, as atividades componentes de um sistema devem ser interligadas, interdependentes e intervenientes e, da mesma forma, também devem ser trabalhadas de maneira coordenada e com objetivos comuns. Um movimento em qualquer um dos compo- nentes, em princípio, tem efeito conseqüente sobre outros componentes do mesmo sistema. Uma alteração em determinado custo logístico pode influir diretamente em outro. Por exemplo, minimizar o custo unitário de compras adquirindo matéria-prima em maior quantidade (economia de escala) pode aumentar o custo de armazenagem ou criar sérios problemas de espaços físicos nos canteiros. Sabe-se da concepção sistêmica que a tentativa de otimização de cada um dos componentes, isolada- mente, não leva à otimização do sistema como um todo. Entende-se que para efetuar otimização do sistema como um todo é necessário fazer valer o princípio das compensações ou perdas e ganhos, ou seja, é possível que se perca em alguns componentes do sistema para que se possa otimizar o sistema como um todo (visão sistêmica). Tal princípio é conhecido como trade-off. Com base em decisões, todas as atividades logísticas devem ser planejadas e estruturadas, com visão do todo, para o atendimen- to dos diferentes níveis de serviço propostos e ao menor custo logístico total possível. Menor custo logístico total significa muitas vezes, portanto, um aumento de custos em alguma(s) atividade(s) em detrimento da redução do custo total do sistema. Sem essa abordagem integrada dada à cadeia de suprimentos do sistema de produção como, por exemplo, o sistema de produção de um edifício, a aquisição de grandes lotes poderia reduzir custo unitário, porém, os estoques para suprir a manufatura poderiam tornar-se excessivamente grandes, criando sérios problemas de espaço no canteiro de obras. O u de outra forma, poderia aumentar custos de transporte por necessitar armazenar os materiais em outros locais distantes do canteiro, aliado aos custos da nova armazenagem. Técnica logística Just-ln-Time (y/T) Uma técnica muito empregada dentro da tecnologia logística é o just-in-time. O just-in-time é na verdade um método de gerenciamento de manufatura desenvolvido pelos japoneses com o objetivo de reconstruir a economia do país após a Segunda Guerra Mundial. Nesse método de gerenciamento os japoneses procuraram desenvolver técnicas de manufatura de forma a aumentar a eficiência e a eficácia dos seus processos, encaminhando a produtos mais competitivos no mercado externo. Resumindo o conceito do just-in-time, pode-se dizer que é uma metodologia operacional que se fun- damenta no princípio de que nenhum insumo deve chegar ao local em que foi requisitado sem que seja imediatamente utilizado, na quantidade certa, na qualidade certa e no momento exato da sua solicita- ção, ou seja, sistema de produção sem estoque. O conceito de operar com inventários baixos com uma mentalidade just-in-time significa transformar o conceito de estocagem de uma atividade de guarda para uma função de estágio, uma função transitória. O u seja, é um conjunto integrado de atividades de fornecimento cujo objetivo é produzir grandes volumes de produção usando estoques mínimos de insumos e de estoques intermediários.
  • 27. Dentro da concepção just-in-time se considera que cada executor de um processo atue como se o executor do processo subseqüente fosse o seu cliente, ou seja, tudo que ele está consumindo ao execu- tar sua atividade está sendo processado para o próximo cliente. Sendo assim, pode-se perceber que a qualidade do produto final depende de cada agente dentro do sistema total, os quais devem executar suas funções de forma correta para não prejudicar as funções subseqüentes. Basicamente, o y/7" se fundamenta no conceito manutatureiro de "puxar" a produção ou sistema "pull" de manufatura. Nos processos pull (puxado), a execução é iniciada em resposta aos pedidos dos clien- tes. No período de execução de um processo pull, a demanda é conhecida com certeza. O s processos pull são também conhecidos como processos reativos porque reagem à demanda do cliente. O just-in-time é um sistema sincronizado de produção em fluxo contínuo sem estoques, onde nenhum material deve chegar ao seu local de processamento sem emprego imediato ou nenhuma atividade deve acontecer no sistema sem a necessidade dela. Observa-se que essa concepção em muitas situações não pode ser atingida em sua plenitude, em especial no setor de edificações. Sabe-se que esse setor se diferencia dos demais setores industriais justamente pela sua complexidade em relação ao sistema pro- dutivo, no qual as atividades não possuem um padrão contínuo de procedimentos, não são repetitivas, possuem operações unitárias em paralelo c o m o equipes de pedreiros, azulejistas, encanadores, eletricistas, etc. Porém, se for buscado um fluxo operacional o mais próximo possível dessa mentalida- de, certamente os ganhos vão ser consideráveis. Sabe-se que hoje num canteiro de obras da construção civil, a limitação física é um condicionante impor- tante ao sistema. Grande parte das construções se desenvolve dentro do perímetro urbano das grandes cidades. Outro aspecto fundamental relacionado a este fato diz respeito às frentes de serviços interdependentes. Para que se possa manter níveis de estoques baixos, torna-se necessário um acompa- nhamento e controle bastante apurado das diversas frentes de serviço da obra, com previsões e programa- ções sempre atualizadas, mantendo-as sempre supridas, quer seja de materiais, quer seja de mão-de-obra. Isto irá refletir, obviamente, na redução de estoques e no tempo improdutivo pela espera de "'cancha", o qual será minimizado, influenciando não só no custo final como também no nível de serviço apresentado. Observa-se que é necessária uma administração bastante eficiente das diversas organizações que integram e interagem com o sistema construtivo para que a meta da minimização dos custos com a maximização do nível de serviço possa ser alcançada. Isso pode ser obtido com um gerenciamento efetivo através da tecnologia logística, dado seu caráter sistêmico. Com o aprimoramento dos sistemas de organização das empresas e dos canteiros de obras, mediante o planejamento adequado dos suprimentos (materiais, servi- ços e mão-de-obra) e do seu l.iyout, assim como com a correta seleção de fornecedores, se poderá reduzir os problemas relacionados à ineficiência, perdas e desperdícios, descumprimentos cie prazos, produtivi- dade e, dessa forma, atingir os padrões de qualidade e de nível de serviços desejados. A Logística c a Tecnologia da Informação A estrutura logística compreende todo um composto de agentes associados às operações da organiza- ção, desde os fornecedores de matérias-primas até o consumidor final, sempre focado prioritariamente no setor de manufatura. A logística da informação possibilita a manutenção, monitoramento, controle e o aperfeiçoamento da comunicação e da operação entre os setores organizacionais. Tem como objetivo assegurar que as informações relevantes e precisas atinjam as pessoas certas no momento apropriado, possibilitando a execução eficiente dos processos que se utilizam destas informações. Existem muitas organizações envolvidas no desenvolvimento do produto na construção civil, gerando muitas interfaces; sendo assim, é necessário o desenvolvimento de um eficiente e eficaz fluxo de infor-
  • 28. mações entre estas organizações. Pode-se citar como exemplo dessas organizações dentro de um can- teiro de obras da construção civil: na infra-estrutura, existem as equipes de sondagem, equipes de locação, equipes de fôrmas, concretagem, etc.; na supra-estrutura, existem as equipes de alvenaria, fôrmas, ferragens, concretagem, instalações elétricas e telecomunicações, hidráulica, etc. Já os agentes externos na estrutura logística da construção podem ser considerados: fornecedores de projetos, forne- cedores de serviços, fornecedores de materiais e componentes, distribuidores dos produtos, intermedi- ários de vendas, agentes de propaganda, rede de assistência técnica e serviços ao cliente, armazéns e depósitos externos, agentes de transporte de insumos, agentes de transporte de produtos, etc. Sendo assim, para que haja uma perfeita integração ou um bom alinhamento entre estas interfaces, entre estas equipes e destas com o ambiente externo é necessário que as informações fluam de uma maneira eficiente e coordenada. Isto é, que consigam atingir todos os segmentos envolvidos no desen- volvimento do produto, quer sejam internos ao canteiro e a empresa, quer sejam externos como forne- cedores e projetistas. E para possibilitar esse ambiente integrado, coordenado e produtivo é necessária a implementação de tecnologias de informações compatíveis. A estrutura logística representa um dos principais focos de usos estratégicos das tecnologias de informa- ções. A estratégia mais significativa dentro de um sistema construtivo é a manutenção eficiente e efetiva da integração dessas estruturas lançando mão de ferramentas tecnológicas que facilitem e operacionalizem esse sistema. O uso estratégico das tecnologias de informação em cada uma das funções logísticas, particularmente aquelas consideradas críticas (sob o ponto de vista estratégico da empresa) são: • Integração com fornecedores e projetistas para se obter uma operação mais ágil e confiável e de menores tempos de resposta. • Integração com agentes de vendas (em especial para o caso de indústrias seriadas), de forma a gerenciar os estoques dos produtos da empresa junto a eles, buscando também uma operação mais ágil e de menores custos. • Integração interna entre o canteiro de obra e a sede administrativa da empresa, de forma a dar suporte ao fluxo de serviços, materiais, mão-de-obra, ou seja, informações precisas. • Sistemas de informações sobre os potenciais de mercado em cada um dos segmentos finais de mercado da cadeia logística em que a empresa se insere, entre outros. Na realidade, todo tipo de integração logística que procure reduzir tempos de resposta e custos traz um forte componente tecnológico e estratégico, na medida em que busca um melhor nível dc atendimento ao mercado, ao mesmo tempo em que procura operar com menores custos.
  • 29. NÍVEL DE SERVIÇO LOGÍSTICO Introdução Segundo BALLOU (1993), o entendimento sobre nível de serviços é relacionado à qualidade com que um fluxo de materiais e serviços é administrado para o atendimento das necessidades dos clientes. Evidentemente, um elevado nível de serviço na confecção de um produto, por exemplo, encaminha sem dúvida a um produto de qualidade. Porém, deve-se acrescentar a esse entendimento um outro aspecto que também é um dos fundamentos da concepção logística, além da qualidade, que é a preo- cupação com a minimização dos custos. Sendo assim, a conceituação de nível de serviço logístico deve ser um pouco mais abrangente, ou seja, é a qualidade com que um fluxo de materiais e serviços é administrado para o atendimento das neces- sidades dos clientes aos menores custos possíveis. Pode-se dizer que é o desempenho e o resultado líquido do esforço de uma organização para oferecer um bom atendimento aos seus clientes a custos compatíveis. Para as atividades logísticas de uma empresa que produza bens e serviços, o nível dc serviço tem valor fundamental para assegurar a fidelidade de seus clientes, sendo uma das razões do esforço logístico. Sabe-se que o aumento da qualidade é sempre acompanhado do aumento dos custos, portanto, o custo logístico cresce com o aumento do nível de serviço, fazendo com que seja necessário um balanceamento entre as vantagens produzidas em razão de um melhor serviço e os custos necessários em promovê-lo. Sendo assim, ele é um elemento importante no desenvolvimento de estratégias logísticas. Por exemplo, considerando a obra de edificação de um prédio de apartamentos construído com mão- de-obra altamente qualificada e com grande número de profissionais, várias frentes de serviço, materi- ais de primeiríssima qualidade estocados em grandes quantidades para prevenir a falta, etc. Evidente- mente, com estas características de desenvolvimento da construção, o empreendimento resultará num prédio com alto padrão de qualidade e com tempo reduzido de conclusão, indicando uma grande eficiência da construtora. Mas aí cabe uma pergunta: será que a dona do empreendimento vai ser eficaz? Ela construiu um prédio com alto padrão de qualidade e muito antes do cronograma previsto, porém os custos para concretizar esse feito foram muito elevados, sendo assim, será que serão vendidos os apartamentos? É aí que se insere a concepção logística. Possivelmente, esse mesmo padrão de qual idade ou próximo dele possa ser obtido com mão-de-obra em menor número, sem estoques de materiais significativos e dentro do mesmo cronograma. Para isso, é necessária a introdução de uma concepção logística em todo o processo. Dentro dessa concepção a obra será bem coordenada, integrada, e não será necessária uma grande quantidade de profissionais desempenhando tarefas, pelo contrário, isso poderá provocar sérias interferências no processo produti- vo e, como conseqüência, retrabalhos. U m fluxo de materiais bem planejado e coordenado, com programação próxima do sistema just-in-time, certamente conduzirá a uma continuidade produtiva
  • 30. desejável, eficiente e eficaz. Com isso, não serão necessários estoques elevados que só produzem custos com espaços físicos desnecessários, maior possibilidade de perdas com a maior movimentação, deterio- ração, maior desembolso de capital, etc. Isso deve ser entendido como a efetivação de uma concepção logística em um processo construtivo e que sem dúvida encaminhará a um bom nível de serviço logístico perfeitamente balanceado com os custos. O u seja, um nível de serviço que encaminhe um produto ou serviço de qualidade, porém a custos logísticos reduzidos. Interdependência entre Logística e nível de serviço Para que se possa trabalhar em cima de metas de nível de serviço, antes é preciso conhecer quais os padrões em que o mesmo se encaixa na percepção de quem vai consumir o produto ou serviço. É necessário determinar as necessidades e os elementos-chave que definem o serviço na óptica dos clien- tes. Somente após o conhecimento destes é que a administração logística poderá fixar padrões para o nível de serviços, planejando-os, implementando-os e controlando-os adequadamente. Um aspecto que exige muita cautela diz respeito aos custos associados ao nível de serviço, pois devido a sua intangibilidade, nem sempre são percebidos com facilidade, acarretando prejuízos que poderiam ser evita- dos. O lucro não realizado devido à perda do cliente por fatores como um prazo excessivamente longo de entrega do produto, pode ser considerado como um custo associado ao nível de serviço ao cliente, por exemplo. Por outro lado, pode ocorrer a perda de clientes que mesmo tendo à disposição produtos com alta qualidade, estes possuem preços muito elevados, fazendo com que o cliente se retraia e busque o concor- rente, entre muitas outras possibilidades. Fatos dessa natureza atestam a total interdependência entre o nível de serviço e a logística, sendo que para ocorrer um é necessária a existência do outro. O nível de serviço deve apresentar alguns elementos indispensáveis, proporcionados pela logística, para que possa ser desenvolvido. Esses elementos se baseiam nas condições adequadas de ambiente, como: • segurança no trabalho, limpeza e organização, fazendo com que o trabalhador desempenhe suas funções de uma maneira satisfatória; • manter estoques dentro das previsões e de fácil disponibilidade, com quantitativos mínimos necessários; • dar garantias de suporte ou assistência quando do surgimento de circunstância emergenciais ou imprevisíveis, isto é, ter soluções imediatas a problemas inesperados como, por exemplo, a quebra de um equipamento necessário à realização de uma determinada tarefa importante; • formar parcerias com fornecedores baseadas em relacionamentos duradouros e de confiança mútua; • manter controle rigoroso de serviços, insumos e com fornecedores; • equipes de profissionais bem dimensionadas e qualificadas para o desenvolvimento das atividades; • perfeita coordenação e controle das equipes interdependentes e intervenientes; • equipes bem supridas de materiais necessários ao desempenho de suas funções; • garantir assistência ao cliente pós-transação.
  • 31. Obra limpa, organizada e segura conduz a um bom nível dc serviço Na construção civil, para obtenção de um nível de serviço adequado é necessária a adoção de novas posturas no ambiente de trabalho com relação à qualidade. O baixo nível de escolaridade dos trabalha- dores que atuam ao longo de todo o sistema produtivo dificulta a compreensão dos benefícios trazidos por programas que tenham como objetivo a qualidade. Deve ser sempre ressaltado que o foco do gerenciamento logístico está sempre dirigido à qualidade, porém, nunca fugindo do foco dos parâmetros da redução de custos. Uma das maiores dificuldades encontradas pelas construtoras para implantação dos sistemas de gestão da qualidade nos canteiros de obras é a resistência nos níveis hierárquicos mais baixos. A adesão de todos às transformações necessárias é fundamental para que se alcancem os objetivos propostos. É recomendável, portanto, a implantação de um programa que objetive primeiramente a educação, pos- teriormente o treinamento e a busca pela qualidade através do constante aperfeiçoamento na realiza- ção de tarefas rotineiras dentro de um canteiro de obras. Nível de serviço Existe um programa que foi adotado primeiramente na indústria seriada do Japão e, posteriormente, em outros segmentos industriais e países do mundo, com aplicabilidade bastante interessante para o caso da construção civil, que é o chamado "Método 5S" (senso de simplificação, organização, limpeza, higiene e disciplina). O seu nome originou-se devido às iniciais das palavras (OSADA, 1992): • SEIRI (simplificação) - "tenha só o necessário, na quantidade certa"; • SEITON (organização) - "um lugar para cada coisa, cada coisa em seu lugar"; • SEISO (limpeza) - "um ambiente limpo motiva ao trabalho"; • SEIKETSU (higiene) - "qualidade de vida no trabalho é motivacional"; • SHITSUKE (disciplina) - "ordem, rotina e constante aperfeiçoamento"
  • 32. Pode ser considerado como uma ferramenta de extrema relevância na implantação de sistemas de qualidade nos diversos setores produtivos, dados os princípios que os regem. Limpeza e organização são atributos vitais na busca pela qualidade, ou seja, canteiros "entulhados", sujos e obstruídos repre- sentam perigo de acidentes, desperdícios e reflexos negativos na motivação e na produtividade dos trabalhadores. O método visa incutir basicamente o senso de organização, limpeza e participação, melhorando o fluxo de materiais e pessoas, assim como procura esclarecer as vantagens advindas dessa nova postura comportamental. O s princípios fundamentais do programa devem ser entendidos, incorporados e praticados por todos os níveis hierárquicos, desde os empregados menos qualificados até o mais alto nível de gerencia. A alta administração deve demonstrar comprometimento com a melhoria e o programa antes de solicitar qualquer tipo de colaboração. Além do comprometimento, a alta administração deve realizar um evento de lançamento do programa, com a presença de todos os níveis hierárqui- cos para que todos entendam a importância e a seriedade com que o assunto será tratado. O programa 5S no canteiro pode ser desenvolvido através de uma metodologia simples, onde o res- ponsável pela implantação da metodologia a transmite para um grupo de agentes (engenheiros, futuros coordenadores do programa na obra, etc.), os quais se tornam multiplicadores para os demais colaboradores da obra. Paralelamente à implantação na obra são realizadas consultorias de apoio seguidas de auditorias. A pessoa que vai implementar recebe um kit didático em C D - R O M contendo os slides, o cronograma de implantação e a lista de verificação para cada fase, apostila de apoio, além do exemplo da implantação do programa em uma outra construtora, contendo todas as etapas do programa inclusive com fotos durante o processo. No início da implantação devem ser explicados os objetivos e os benefícios da mudança. O suporte da gerência ao programa no presente pode proporcionar no futuro economia, prevenção de acidentes e produtividade, além de melhorias no aspecto motivacional dos funcionários da empresa. A primeira fase do método é a simplificação (SEIRt), a qual compreende a etapa da liberação de área, ou seja, ter somente o necessário, a quantidade certa. Isto irá reduzir a necessidade de espaço, de estoque e de gastos com armazenagens, facilitando a movimentação interna e o arranjo físico. A segunda é a organização (SLITON), isto é, a ordenação dos espaços, otimizando e organizando o layout do setor produtivo. Cada atividade ou material deverá ter seu local adequado, ou seja, o local próximo à realização da tarefa, diminuindo o tempo de busca, de movimentação, a necessidade de controle de estoque e aumentando a racionalização do espaço e do trabalho. A terceira fase é a limpeza [SEISO), que compreende a limpeza da área. É uma atividade pouco usual na construção civil, porém, muito importante no sentido de evitar os acidentes de trabalho e o retrabalho, os quais atingem diretamente a produtividade. A limpeza é um aspecto psicológico importante que encaminha a sua manutenção e a motivação para o desempenho da função. Quem vê um ambiente limpo procura mantê-lo e se constrange em sujá-lo. O desenvolvimento de um senso de limpeza pro- porciona um efeito motivacional no operário, fazendo com que a produtividade aumente e também melhore significativamente a imagem da empresa.
  • 33. Canteiros organizados c obras limpas causam efeitos motivacionais nos agentes envolvidos no processo A quarta fase e a higiene (SEIKETSU), que é a manutenção da limpeza e da ordem, facilitando a seguran- ça e o melhor desempenho dos operários. Representa a qualidade de vida no trabalho, tendo reflexos positivos no desempenho, pois aumenta a importância do fator humano. De outra forma, pode-se dizer que é uma conseqüência das fases anteriores. A quinta e última fase é a do treinamento e da disciplina, que representa ordem, rotina c constante ape rfeiçoa mento ( S H I T S UKE).
  • 34.
  • 35. A TECNOLOGIA LOGÍSTICA E A CONSTRUÇÃO CIVIL Introdução Conforme foi abordado anteriormente, a competitividade no setor de edificações, antes praticamente inexistente, hoje se aproxima muito do setor seriado, constituindo uma das principais preocupações dos empresários desse setor. Em pesquisa realizada pelo S I N D U S C O N em 1997, foi constatada já nessa oportunidade que a principal preocupação dos empresários da construção é a concorrência do merca- do. Este fato fez com que as empresas construtoras buscassem estratégias que proporcionassem uma maior eficiência e eficácia operacional em suas atividades voltadas à produção (cadeia de suprimentos). Atividades operacionais dentro do sistema construtivo, como suprimento de materiais, componente e serviços, a armazenagem, o processamento de materiais, a locação de recursos humanos, os fluxos físicos e os fluxos de informações inerentes ao processo produtivo, devem ser encaradas de forma que se constitua num grande potencial de redução de custos, aumento da produtividade e do nível de serviço ao cliente final. Sendo assim, é imprescindível a realização dc uma estruturação no aspecto administra- tivo-operacional com a introdução da concepção logística, que certamente encaminhará um melhor planejamento, organização e controle de todo o empreendimento. Estudos apontam, por outro lado, que o empresário do setor até entende a necessidade de um maior enfoque nas atividades produtivas mencionadas acima, porém ainda existe uma grande carência em se discutir e trocar informações entre os agentes envolvidos no processo de produção de edifícios. Essa interação, que constitui um fator de vital importância, tem como objetivo a busca das dificuldades que potencialmente serão encontradas e inerentes ao processo, procurando encontrar as possíveis soluções relacionadas à logística. Ainda é inexpressiva a busca e a implementação por tecnologias de informação que comprovadamente impulsionam outros setores industriais e, de certa forma, são desprezadas na cons- trução civil. Isso é ainda o grande problema a ser enfrentado pelo setor (SILVA et al., 1998). Entende-se que estes aspectos administrativos devem ser discutidos numa fase muito anterior ao efetivo início da construção propriamente dita. Pode-se dizer que esse processo de discussão deve ser iniciado muito antes da fase de projeto e, posteriormente, procurar o planejamento adequado, elaborando assim toda a cadeia de suprimentos do processo produtivo. Uma vez elaborada toda a estrutura da cadeia de suprimentos, deve-se partir para o planejamento de todos os fluxos de serviços, materiais, mão-de-obra e, especialmente, informações de forma que todo o sistema se torne um bloco de atividades totalmente integradas c coordenadas. Cadeia de Suprimentos na Construção Civil Nos tópicos anteriores muito foi mencionada, de uma maneira genérica, a Cadeia de Suprimentos, sendo inclusive apresentada sua definição, características, etapas constituintes, etc.; porém, agora será necessário abordar suas características mais específicas com relação à construção civil.
  • 36. A indústria da construção civil diferencia-se de forma significativa de outras indústrias manufatureiras seriadas em sua concepção geral. Enquanto uma indústria seriada apresenta a sede manufatureira fixa, equipamentos e força de trabalho bem definidos, duradouros e contínuos, linhas de montagem com operações repetitivas e constante, a construção civil encontra-se na contramão, apresentando peculia- ridades inerentes a si. A manufatura, quando relacionada à atividade da construção civil, apresenta peculiaridades e especificidades como: • Produto imóvel (linha de produção imóvel), ou seja, são os operários que se deslocam ao longo dos postos de trabalho. • Indústria móvel, os processos, mão-de-obra, matérias-primas e equipamentos mudam de local para local. • Emprego da mão-de-obra tem caráter eventual e suas possibilidades de promoção são peque- nas, gerando baixa motivação para o trabalho. • Mão-de-obra desqualificada e alta rotatividade no setor. • Tempo elevado de produção de uma unidade do produto. • Custo de produção de uma unidade do produto extremamente elevado. • Produção sujeita às intempéries - o produto é totalmente exposto durante sua produção. • Sem padrão contínuo de procedimentos e de responsabilidades. • Cria produtos únicos e não-seriados - encaminha a um padrão de baixa repetitividade. • Complexidade do sistema produtivo, ou seja, são envolvidas especificações complexas e mui- tas vezes confusas, projetos executivos normalmente com obras em andamento. • Grande variedade de itens de insumos - são envolvidos em torno de 13.000 a 15.000 itens por produto executado. • Responsabilidades muitas vezes dispersas - zonas sem responsáveis explícitos. • Muitos processos artesanais com possibilidades limitadas para automatização. • Interferência e interveniência entre tarefas, operações unitárias em paralelo - equipes de pe- dreiros, azulejistas, encanadores, eletricistas, marceneiros e outros, etc. • A cadeia de suprimentos não apresenta distribuição física; o cliente final é que vai atrás do produto, e não o produto que é levado a este. Para STERMAN (1992), os empreendimentos de construção pertencem à classe de sistemas dinâmicos, complexos e despadronizados. Estes sistemas são constituídos de múltiplos componentes interdependentes, intervenientes, dinâmicos, envolvendo vários ciclos de controles e com relações não-lineares. Hoje, com a concorrência se manifestando de uma forma mais contundente, a busca pela qualidade, baixo custo, maior rapidez e flexibilidade vêm proporcionando às empresas da construção civil pres- sões competitivas que produzem reflexos na forma de gestão das funções organizacionais. E a função organizacional que deve receber a maior atenção ou uma atenção toda especial é a de suprimentos. É
  • 37. ela a responsável pela maior parte dos recursos financeiros das empresas e potencializa um grande campo para minimização dos custos e a maximização do nível de serviço, conseqüentemente, pela qualidade e produtividade. O gerenciamento efetivo e eficiente da cadeia de suprimentos representa, portanto, uma contribuição importante para que sejam atingidos os objetivos estratégicos das empresas de construção civil, promovendo agilidade das operações e a melhoria contínua da qualidade dos serviços e dos materiais e componentes. A etapa da manufatura na Cadeia de Suprimentos da construção A complexidade do sistema produtivo na construção civil em imobilizar e padronizar máquinas e equipamentos é caracterizada pelo fato de que a grande maioria das atividades é feita de uma maneira artesanal. O u seja, as atividades são desenvolvidas, em sua maioria, pelas próprias mãos dos trabalha- dores, com uso de ferramentas, totalmente dependente de suas habilidades, de seus conhecimentos técnicos e dos hábitos de trabalho, criados no desempenho de suas funções ao longo dos anos. Essas variabilidades, peculiares ao setor, levam a um processo de trabalho bastante complexo, provo- cando dificuldades em estabelecer uma solução de padrão contínuo na organização do mesmo e na sua evolução. Diferentemente da indústria seriada, onde as tarefas são repetitivas, os materiais e componen- tes são baseados praticamente sempre nos menos itens, as ferramentas e equipamentos operacionais efetuam sempre as mesmas atividades rotineiras. Enfim, operações padronizadas que facilitam um continuísmo rotineiro, encaminhando a uma destreza da mão-de-obra, uma automação das tarefas executadas e um melhor planejamento e controle da produção. Conforme foi mencionado anteriormente, uma cadeia de suprimentos é constituída de três etapas bási- cas, que são o suprimento, a manufatura e a distribuição física. A manufatura é a etapa que desencadeia todo o processo, ou seja, é a fase que rege toda a cadeia de suprimentos. É através dela que surge a necessidade de suprimentos para alimentar a produção e por meio dela também que o produto é elaborado e distribuído aos clientes. No processo de produção do subsetor de edificações, a manufatura se caracteriza por uma sucessão de etapas constituída por atividades consideravelmente diversificadas. Ela envolve uma grande variedade de tarefas e de materiais e componentes diversificados que requerem instrumentos de trabalho e mão- de-obra também diferenciados. Podem ser citados entre os vários processos de transformação dentro da manufatura no setor de edificações: • instalação do canteiro; Instalação do canteiro e canteiro já instalado
  • 38. • locação, sondagem, escavação, contenção e execução das fundações (infra-estrutura); Seqüência da infra-estrutura da obra • execução da estrutura - fôrmas, ferragens, concretagem, desforma (supra-estrutura); Seqüência da obra forma, concretagem desforma • execução dos elementos de vedação - alvenarias (emboço, reboco), divisórias, gesso acartonado, painéis divisórios, entre outros; Alvenaria externa e interna • instalações hidrossanitárias, elétricas e de telecomunicações; • execução de cobertura; • revestimentos e pintura; etc. Depreende-se daí que a cadeia de suprimentos relacionada à construção civil apresenta particularida- des inerentes ao seu sistema, em que as funções ligadas à manufatura possuem um peso mais significa- tivo em relação ao sistema como um todo.
  • 39. Agentes envolvidos na manufatura Na manufatura, isto é, dentro do canteiro de obras, existem vários clientes que devem ser atendidos com a mesma eficiência destinada ao cliente externo final, que é o objetivo de todo o esforço. Cada frente de serviço representa um cliente interno que deve ser suprido, tanto de área de trabalho, serviço e mão-de-obra como de matéria-prima para execução da respectiva tarefa. Estes clientes internos ou, melhor referindo, agentes internos que intervém no processo construtivo com a finalidade de fornecer algum tipo de serviço ou produto no transcurso do desenvolvimento do empreendimento, podem ser integrantes da própria empresa ou fornecedores externos a ela - terceirizados (outsourcing). Fornecedores de ferramentas e equipamentos; fornecedores de serviços (mão-de-obra); fornecedores de materiais no canteiro; fornecedores de subsistemas (esquadrias, ferragem pré-pronta, elementos pré- moldados, etc.) são os agentes que irão interagir no processo como um todo, além dos agentes como os projetistas: arquitetônico, estrutural e instalações. Abaixo é apresentada a caracterização desses agentes: • fornecedores de projeto: arquitetônico, estrutural e instalações; • fornecedores de serviços técnicos especializados de infra-estrutura: levantamento topográfico, sondagens, terraplanagem, estaqueamento, etc.; • fornecedores de serviços técnicos especializados de supra-estrutura: fôrmas, alvenaria, ferra- gem, gesso, revestimentos, instalações, etc.; • fornecedores técnicos especializados: em métodos construtivos, orçamentos; • fornecedores de ferramentas e equipamentos: gruas, empilhadeiras, guinchos, andaimes, escoramentos, elevadores de carga, balancins, vibradores, etc.; • fornecedores de materiais: madeira, fôrmas e escoramentos, aço e armaduras, argamassas ensacadas, cimento e cal, concreto estrutural, elementos de alvenaria, componentes de instala- ções em geral, esquadrias, revestimentos cerâmicos, tintas, etc.; • fornecedores de subsistemas: elementos pré-moldados - construção seca (dry construction), ferragem pré-pronta, elevadores, esquadrias, etc. De outro lado, é claro que esses fornecedores internos, pertencentes ou não aos quadros da empresa, terão que ser supridos por outros fornecedores, os externos. Constituindo-se a etapa da administração de materiais ou suprimentos, onde ocorre o fluxo de materiais, componentes e serviços do ambiente externo à empresa, conseqüentemente, ao canteiro de obras, alimentando ou suprindo este com suas necessidades básicas. Portanto, todos os agentes envolvidos no setor construtivo, quer internos, quer externos, formam um sistema bastante complexo que requer um planejamento muito criterioso e um controle efetivo para proporcionar um nível de serviço adequado. É necessário um gerenciamento eficiente e eficaz da cadeia de suprimentos para que se possa atingir o objetivo final, que é um produto com qualidade, produzido com custos compatíveis, com o mínimo de perdas e desperdícios e entregue dentro do prazo preestabelecido. Evidentemente, esse sucesso depen- derá somente dos meios que a empresa construtora utilize para coordenar e integrar todos estes agentes, fazendo com que trabalhem com um objetivo único, ou seja, a integração de toda a cadeia produtiva. Os meios que devem ser utilizados pela empresa passam necessariamente pela implementação de tecnologias de informação. Esta tecnologia de informação deve proporcionar a agilização de todos os processos envolvidos, assim como tornar eficiente a interação e a comunicação com todos os agentes integrantes do sistema, quer sejam internos, quer sejam externos.
  • 40.
  • 41. PROBLEMAS LOGÍSTICOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL Introdução Anteriormente foram abordados os problemas crônicos relacionados à construção civil e as várias pos- síveis razões que conduziram aos mesmos. Sabe-se que o desempenho operacional do sistema produti- vo no setor da construção civil no Brasil não acompanhou a evolução que foi sentida nos demais setores industriais, convivendo ao longo dos anos com o desperdício e a improvisação dentro de seu ambiente construtivo. Sempre houve uma acomodação por parte do empresariado do setor que, de uma maneira condescendente, contabilizava a ineficiência e o desperdício no orçamento da obra em vez de procu- rar alternativas eficazes de melhorar o desempenho. I loje, com a pressão exercida pela competitividade, é exigida uma redefinição da estratégia de gestão da produção, caracterizada como a principal fonte de problemas. Esta nova postura deverá necessariamente encaminhar a uma eficiência operacional, melhoria da qualidade e redução de custos. A administração dos canteiros na construção civil ao longo dos anos foi muito isolada dos processos decisórios da empresa, passando unicamente a cumprir determinações dos gabinetes, sempre muito dis- tantes do contato tísico e dos problemas rotineiros dos mesmos. Porém, com o processo evolutivo que vem ocorrendo nos últimos anos, esta situação tem mudado muito e a área da produção começa a ter prioridade total em função de uma pressão por competitividade, do aumento do potencial das novas tecnologias de processos e, principalmente, da conscientização da valorização do papel estratégico da manufatura (CORRÊA, et al.,1993). A empresa, para garantir sua participação rentável no presente e no futuro, terá de conviver com mu- danças, seus agentes terão de procurar alternativas de melhoria contínua de suas atividades de maneira a gerar e agregar valor na forma dc serviços e produtos, obtendo, assim, vantagem competitiva ante concorrentes incautos e mais lentos. A Logística da manufatura na construção: a principal fonte dos problemas Enquanto na indústria manufatureira seriada a logística possui três focos principais, que são a logística de suprimentos (externa), a logística de manufatura (interna) e a logística de distribuição (externa), no âmbito da construção civil esta divisão se reduz aos dois primeiros focos principais, que são suprimento e a manufatura. Este fato vem facilitar ou contribuir para um melhor desempenho, uma vez que poderá ocorrer uma concentração de esforços, num primeiro momento, direcionados apenas a duas etapas da cadeia de suprimentos inerente ao seu setor. Porém, ainda que exista esta maior facilidade, deve-se ressaltar que a logística na construção civil encontra-se num estágio de evolução ainda muito precário em comparação aos serviços da indústria seriada. A construção civil necessita de uma melhoria contínua do processo construtivo e das condições gerenciais de seus canteiros de obras para que possa atingir objetivos como a agilização das atividades construtivas, aumento da produtividade e do nível de serviço e diminuição do desperdício.
  • 42. A característica da integração ou da visão integrada inerente de todo o processo logístico pode contri- buir significativamente com a eliminação dos desperdícios e a melhoria do resultado final, porém isso não pode ser confundido apenas como uma redução de custos individualizados ou discretos. Poderá haver certas situações em que o estudo das operações logísticas apontará para o aumento das despesas num determinado setor, e isso muitas vezes provoca, num primeiro momento, a rejeição do planejador/ administrador em relação àquele processo específico. Deve-se ter o discernimento c a percepção de que aquele processo executado naquele setor conduzirá à redução de custos em outros, de forma a encaminhar um produto que atenda plenamente às necessidades dos clientes - Princípio Trade-off. Pode-se ilustrar esta consideração com uma situação onde os planejadores do empreendimento encon- tram-se no dilema de utilizar o sistema drywall com paredes ocas de gesso acartonado sustentadas por perfis metálicos e revestidas por painéis pré-fabricados, ou o sistema convencional de vedação. As paredes de gesso acartonado podem ser utilizadas em qualquer tipo de construção de interiores, seja na execução de paredes novas, seja apenas como revestimento de paredes tradicionais. As paredes de gesso acartonado podem ser definidas como um sistema constituído por perfis de chapas de aço zincado e placas de gesso acartonado, fixadas por meio de parafusos especiais. A zincagem fornece a proteção necessária contra a corrosão, requerida para os perfis metálicos. Montagem de paredes internas drywall, gesso acartonado Fonle: Empresa Srtin Num primeiro momento, o sistema convencional de vedação com alvenaria de cerâmica vermelha é à primeira vista mais barato e empregado tradicionalmente, fato que encaminha de início a uma prefe- rência. Porém, se for considerado que: • no sistema drywall os componentes são recebidos separadamente, sendo que os perfis chegam em feixes amarrados e os painéis, em paletes, facilitando sobremaneira a armazenagem e o manuseio, encaminhando para perdas e desperdícios "zero"; • a montagem de uma parede drywall interna segue uma seqüência lógica com a instalação dos perfis metálicos, colocação dos painéis em um dos lados, passagem das tubulações hidráulicas, elétrica e de ar condicionado, fixação de camadas de lã de vidro para isolamento térmico- acústico; fechamento final da parede com a colocação dos painéis do lado oposto; esse proce- dimento eliminará retrabalhos com quebras para tubulações, conseqüentemente, encaminhando para perdas e desperdícios "zero"; • para o caso de paredes drywall externas, a colocação vai sendo efetuada de baixo para cima, acompanhando a execução da estrutura; os painéis vão sendo fixados nos pontos determina- dos e não há a necessidade de trabalhos (acabamentos) nas faces externas que já vêm previa- mente acabadas, eliminando o vaivém de operários em balancins, "chapiscando", rebocando, colocando massa, pintando, "pastilhando", etc., enfim, eliminando perdas e desperdícios.
  • 43. O empreendimento é erguido muito mais rapidamente, com menos riscos, menos barulho, menos sujeira, confusão e, certamente, com menores perdas e desperdícios e possibilidades de menores erros. Deve-se considerar também que o pessoal envolvido na construção é significativamente menor, refletindo em economia nos serviços de apoio como alojamento, refeitório, higiene (sanitários, chuveiros), equipamen- tos de segurança, etc. Todas essas despesas indiretas que num primeiro momento não são fáceis de quantificar tornam-se muito significativas e evidentemente embutidas nos custos totais da construção. Principais ocorrências de perdas e desperdícios Sabe-se que os grandes vilões da construção civil brasileira sempre foram as perdas e os desperdícios, os quais estão fortemente vinculados, sem dúvida nenhuma, a uma gestão logística pouco desenvolvida. Estes principais vilões se manifestam dentro do sistema produtivo de diversas formas, como, por exemplo: • perda de materiais em transportes; • perdas por superdimensionamentos como consumo excessivo de cimento ou outros aglomerantes por traços demasiadamente ricos; • perda de materiais em correções de retrabalhos ocasionados por incontormidades com as especificações ou por baixa qualidade; • perda de materiais ocasionados por problemas como ruptura de escoramentos, desaprumo e falta de esquadro em paredes, ondulações em revestimentos, vazamentos ou entupimentos de tubulações, pisos com caimentos invertidos, pinturas em superfícies despreparadas, etc.; • tempo gasto com mão-de-obra para execução de retrabalhos; • tempos ociosos de mão-de-obra devido à falta de "cancha" por deficiência no planejamento da produção; • tempos ociosos de equipamentos por deficiência no planejamento da produção e/ou ausência de uma política de manutenção; • compras feitas com base no menor preço, refletindo em insumos de baixa qualidade; • programa de seleção, contratação e treinamento inadequado; • falhas pós-transação, caracterizada por correções de imperfeições construtivas com custos ele- vados dentro dos prazos de garantia; • atrasos de cronogramas, repercutindo em multas, custos financeiros, improvisações, horas ex- tras, etc. Os desperdícios na construção civil são muito acentuados quando comparados com outros setores industriais. Considerando apenas os desperdícios físicos mensuráveis na produção, pesquisa conduzida [x?la Escola Poli- técnica da Universidade de São Riulo - EPUSP, no ano de 1998, para diferentes materiais e diversos canteiros de obras distribuídos em doze estados brasileiros, revela que, em média, são desperdiçados em torno de: • 9 % de concreto usinado; • 10% de aço; e, • 17% de blocos ou tijolos, para citar apenas alguns materiais.