2. Leishmaniose Visceral (LV)
Primeira descrição do parasito = William Leishman em
1903 na Índia autópsia em um soldado que
apresentava disenteria e hepatoesplenomegalia.
endêmica em 62 países; 90% dos casos ocorrem:
Índia, Bangladesh, Nepal, Sudão e Brasil
LV enfermidade infecciosa generalizada, crônica
Denominada também de Calazar palavra de
origem hindu que significa febre negra
Brasil: expansão e urbanização da LV com casos
humanos e grande número de cães positivos em várias
cidades de grande e médio porte.
3. Leishmaniose Visceral (LV)
Espécies:
Leishmania donovani (Índia, África)
Leishmania infantum (Mediterrâneo, Oriente Médio,
Rússia)
Leishmania chagasi (América Latina)
Hospedeiros vertebrados:
- canídeos silvestres (raposas) e o cão doméstico.
4. Ciclos epidemiológicos da Leishmania chagasi
Ciclo silvestre:
- a transmissão ocorre entre L. longipalpis e raposas, que
habitam locais não perturbados pelo homem (áreas de
floresta na Amazônia e sertão nordestino).
Ciclo doméstico ou peridoméstico:
- raposas infectadas invadem fazendas à procura de
alimentos → fonte de infecção para os flebotomíneos
peridomiciliares: repasto sanguíneo → transmição para
cão: fonte de infecção para L. longipalpis, que transmite
a doença para o homem.
5. Morfologia:
-Leishmania chagasi morfologia semelhante às
outras espécies do gênero Leishmania causadoras
da leishmaniose tegumentar americana.
Ciclo biológico: heteroxênico
- O ciclo do protozoário no homem ocorre da
mesma forma que o verificado para as espécies
do gênero Leishmania causadoras da
leishmaniose tegumentar americana, com a
diferença de que há visceralização das formas
amastigotas.
6. Transmissão:
- picada pela fêmea de Lutzomyia longipalpis ou
Lutzomyia cruzi.
raramente:
- transfusão sanguínea
- compartilhamento de seringas e agulhas
- acidentes de laboratório
7. Patogenia e manifestações clínicas
Período de incubação:
- No homem: 10 dias a 24 meses, média de 2 a 6 meses.
- No cão: bastante variável, de 3 meses a vários anos com
média de 3 a 7 meses.
Local da picada: formas amastigostas multiplicam-se
macrófagos → reação inflamatória: formação de um
nódulo (não há ulceração)
Visceralização (linfática e ou hematogênica) das
amastigotas: órgãos linfóides.
- Outros órgãos/tecidos: medula óssea, baço, pulmão, rim
e fígado.
8. 1) Período Inicial
• também chamada de “aguda”
• início da sintomatologia variável; sintomas: febre com
duração inferior a quatro semanas, palidez cutâneo-
mucosa e hepatoesplenomegalia.
• estado geral do paciente está preservado, o baço
geralmente não ultrapassa a 5 cm do rebordo costal
esquerdo.
• Frequentemente, os pacientes apresentam-se ao serviço
médico fazendo uso de antimicrobianos sem resposta
clínica e muitas vezes com história de tosse e diarreia.
Evolução Clínica da Leishmaniose Visceral
10. 1)Período Inicial
• área endêmica, uma pequena proporção de indivíduos,
(geralmente crianças) podem apresentar um quadro
clínico discreto, de curta duração (15 dias) que
frequentemente evolui para cura espontânea (forma
oligossintomática)
• os pacientes apresentam sintomatologia clínica mais
discreta, com febre baixa, palidez cutâneo-mucosa leve,
diarreia e/ou tosse não produtiva e pequena
hepatoesplenomegalia.
• a apresentação clínica pode ser facilmente confundida
com outros processos infecciosos de natureza benigna.
11. 2) Período de Estado
• Caracteriza-se por:
- febre irregular, geralmente associada a emagrecimento
progressivo,
- palidez cutâneo-mucosa
- aumento da hepatoesplenomegalia
• Apresenta um quadro clínico arrastado geralmente com
mais de dois meses de evolução, na maioria das vezes
associado a comprometimento do estado geral
13. 3) Período Final
• A doença evolui progressivamente para o período final
caso não seja feito o diagnóstico e tratamento.
• Paciente apresenta:
- febre contínua
- comprometimento mais intenso do estado geral
- desnutrição (cabelos quebradiços, cílios alongados e pele
seca)
- edema dos membros inferiores que pode evoluir para
anasarca.
• Outras manifestações importantes incluem hemorragias
(epistaxe, gengivorragia e petéquias), icterícia e ascite
nestes pacientes, o óbito geralmente é determinado
por infecções bacterianas e/ou sangramentos
15. Complicações no curso evolutivo da doença
• As mais freqüentes são infecções bacterianas, como:
- otite média aguda
- piodermites
- infecções dos tratos urinário e respiratório
• Quando não tratado com antimicrobianos, o paciente
pode desenvolver um quadro séptico com evolução fatal.
• As hemorragias são secundárias à plaquetopenia sendo as
mais encontradas a epistaxe e a gengivorragia.
• Quando a hemorragia digestiva e a icterícia estão
presentes indicam gravidade do caso.
16.
17. Leishmaniose canina (LVC)
•Doença de evolução lenta e início insidioso, com
características clínicas que variam do aparente
estado sadio a um severo estágio final.
•Inicialmente, os parasitos estão presentes no
local da picada, após ocorre a infecção de vísceras
e eventualmente podem ser distribuídos para a
derme.
•A alopecia causada pela infecção expõe grandes
áreas da pele extensamente parasitada.
18. Leishmaniose canina
Sintomas clássicos: pelo opaco, lesões cutâneas
(descamação e eczema) em particular no espelho nasal e
orelha, pequenas úlceras rasas, localizadas nas orelhas,
focinho, cauda e articulações.
Fase mais adiantada da doença: onicogrifose,
esplenomegalia, linfoadenopatia, alopecia, dermatites,
úlceras de pele, ceratoconjuntivite, coriza, apatia, diarreia,
hemorragia intestinal, edema de patas e vômito.
Fase final: ocorre em geral a paresia das patas posteriores,
caquexia, inanição e morte.
•Diagnóstico clínico: difícil de ser determinado pelo
% cães assintomáticos ou oligossintomáticos.
19. Leishmaniose canina
Segundo os sinais clínicos apresentados pelos cães, estes
podem ser classificados em:
Cães assintomáticos: ausência de sinais clínicos
sugestivos da infecção por Leishmania.
Cães oligossintomáticos: presença de adenopatia
linfóide, pequena perda de peso e pelo opaco.
Cães sintomáticos: todos ou alguns sinais mais
comuns da doença como as alterações cutâneas (alopecia,
eczema, úlceras, hiperqueratose), onicogrifose,
emagrecimento, ceratoconjuntivite e paresia dos
membros posteriores.
20. Aspectos da LV
em cães
Cão com onicogrifose
Cão com apatia e
emagrecimento
Cão com emagrecimento,
ceratoconjuntivite, lesões
na face, orelhas e corpo
21. LEISHMANIOSE VISCERAL -
Casos confirmados Notificados
no Sistema de Informação de
Agravos de Notificação – Brasil,
2015
Fonte: Ministério da Saúde/SVS - Sistema de
Informação de Agravos de Notificação - Sinan Net
22. LEISHMANIOSE VISCERAL -
Casos confirmados Notificados
no Sistema de Informação de
Agravos de Notificação –
Tocantins, 2015
Fonte: Ministério da Saúde/SVS - Sistema de
Informação de Agravos de Notificação - Sinan Net
23. Diagnóstico:
Clínico: febre prolongada, tosse, esplenomegalia,
hepatomegalia, hipergamaglobulinemia, leucopenia, anemia, dor
abdominal, diarreia, perda de peso e caquexia.
Parasitológicos:
- Material de biópsia ou punção aspirativa (baço, fígado, medula
óssea ou linfonodos) demonstração parasito
material obtido utilizado para a confecção de esfregaço ou
impressão em lâminas, histologia, isolamento em meios de
cultura ou inoculação em animais de laboratório.
especificidade deste método 100%, mas a sensibilidade é
muito variável, pois a distribuição dos parasitos não é
homogênea no mesmo tecido.
sensibilidade mais alta (98%) é alcançada quando se utiliza
aspirado do baço
25. Métodos Imunológicos:
-aglutinação direta (DAT)
-imunofluorescência indireta (RIFI)
-ensaio imunoenzimático (ELISA)
OBS: Os testes têm limitações, podem permanecer positivos
durante longo tempo após o tratamento, não permitindo avaliação
do efeito da terapia e podendo ocorrer reações cruzadas com outras
doenças (leishmaniose tegumentar, doença de Chagas, malária,
esquistossomose e tuberculose pulmonar)
Diagnóstico:
mais utilizado para
LV canina e
humana no Brasil
principalmente quando níveis de Ac são baixos
(imunocomprometidos) e fora de ambiente hospitalar
onde não é possível realizar biópsia do baço ou punção
da MO.
Método de Biologia Molecular:
-PCR=
26. Tratamento:
1ª escolha
Antimoniato de meglumina (Glucantime)= IV/IM- 20mg/Kg
por 20-40 dias
Anfotericina B Lipossomal (IV)
2ª escolha
Desoxicolato de anfotericina B (IV)
Pentamidina (IV lenta ou IM)
Critério de cura
Clínico:
- desaparecimento da febre a partir do 5º dia da medicação
- melhora parâmetros hematológicos após 2ª semana
- redução da hepato e esplenomegalia
- ganho ponderal visível e melhora do estado geral
* Acompanhar o paciente 3, 6 e 12 meses após o tratamento – se na
última avaliação permanecer estável é considerado curado.
27. Profilaxia – Medidas Preventivas
1. Dirigidas à população humana –proteção
individual
- uso de mosquiteiro com malha fina
- telagem de portas e janelas
- uso de repelentes
- não se expor nos horários de atividade do
vetor (crepúsculo e a noite) em ambientes
onde este pode ser encontrado.
28. 2. Dirigidas ao vetor - saneamento ambiental
- limpeza de quintais, terrenos e praças
públicas visam alterar as condições do meio
que propiciem o estabelecimento de criadouros
de formas imaturas do vetor.
- limpeza urbana, eliminação dos resíduos
sólidos orgânicos e destino adequado dos
mesmos
- eliminação de fonte de umidade.
- não permanência de animais domésticos
dentro de casa.
Profilaxia – Medidas Preventivas
29. 3. Dirigidas à população canina
-controle da população canina errante
-doação de animais sororeagentes eutanásia
-vacina anti-leishmaniose visceral canina
-uso de telas em canis individuais ou coletivos
- coleiras impregnadas com deltametrina a 4%
- tratamento com Milteforan (aprovado no Brasil em
2016)
Profilaxia – Medidas Preventivas
30. Profilaxia – Medidas de Controle
- diagnóstico precoce e tratamento adequado dos casos
humanos.
- controle químico do vetor = cipermetrina, na formulação
pó molhável e a deltametrina, em suspensão concentrada
borrifação nas paredes internas e externas do domicílio,
incluindo o teto, quando a altura deste for de até 3 metros; nos
abrigos de animais ou anexos, quando os mesmos forem feitos
com superfícies de proteção (parede) e possuam cobertura
superior (teto)
-controle do reservatório canino →
eutanásia de cães
tratamento com Milteforan
-atividades de educação em saúde