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UNIÃO DAS INSTITUIÇÕES DE SERVIÇOS,
ENSINO E PESQUISA LTDA.
FACULDADES INTEGRADAS ASMEC
CURSO DE LETRAS
CAMILA LUCATELLI ALVES
CARLOS GABRIEL SOUZA DE MIRA
TATIANA MARTINS MOYA RODRIGUES
TATIÉLEN POPPINGER DA DALT
RENOVAÇÃO DO ENSINO SOB O PRISMA DA PEDAGOGIA
WALDORF
OURO FINO/MG
NOVEMBRO/2015
RENOVAÇÃO DO ENSINO SOB O PRISMA DA
PEDAGOGIA WALDORF
UNIÃO DAS INSTITUIÇÕES DE SERVIÇO, ENSINO E
PESQUISA LTDA.
FACULDADES INTEGRADAS ASMEC
CURSO DE LETRAS
RENOVAÇÃO DO ENSINO SOB O PRISMA DA
PEDAGOGIA WALDORF
AUTORES:
Camila Lucatelli Alves
Carlos Gabriel Souza de Mira
Tatiana Martins Moya
TatiélenPoppinger Da Dalt
ORIENTAÇÃO:
Profa. Esp. Andréa Martins Medeiros
CO-ORIENTAÇÃO:
Profa. Vanessa Aparecida Barbosa
OURO FINO/MG
NOVEMBRO/2015
RESUMO
A pedagogia Waldorf nasceu em meio à conturbação da Primeira Guerra Mundial e à
derrubada de reformas sociais existentes. As escolas Waldorf são consideradas modelo de
escola com associações mantenedoras livres, pois todos aqueles que dela participam têm
autonomia administrativa e consequentemente a sua própria responsabilidade. A base dessa
pedagogia é uma antropologia que descreve o homem a partir de três aspectos: um ser de
corpo, alma e espírito, uma apresentação científico-espiritual, despertando o amor pelo ser
humano. O ensino é dado em épocas e setênios, onde o conteúdo de cada ano é dividido em
temas principais que são ensinados de maneira intensiva e profunda. O conteúdo de cada ano
é adequado à idade dos alunos de modo que eles possam reconhecer dentro de si, as
experiências para as quais estão prontos a viver. No primeiro Setênio a criança descobre o
mundo através dos sentidos, aprende por imitação, repetindo tudo que está em sua volta,
resultando em uma responsabilidade enorme para o educador. No Segundo Setênio são os
sentimentos que moldam a vida dela, devendo vivenciar a beleza do mundo e buscar sua
compreensão. Já no Terceiro Setênio, o jovem compreende que o universo, não somente a
natureza, mas as pessoas que o cercam, são verdadeiros. Nesse setênio, os jovens podem ser
educados por meio de explicações conceituais e intelectuais, por estarem em condições de
compreender o que um adulto lhe diz. Essa forma diferente de levar o conhecimento para os
alunos, faz com que os alunos das Escolas Waldorf se sobressaiam quanto à capacidade de
concentração, criatividade, entrosamento social, autonomia e entusiasmo pelo aprendizado.
PALAVRAS-CHAVE: Criatividade, desenvolvimento, ensino, liberdade, setênio.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ..........................................................................................................................5
1 BIOGRAFIA DE RUDOLF STEINER...................................................................................7
1.1 FUNDAMENTOS DA ANTROPOSOFIA........................................................................12
1.2 A ESCOLA WALDORF E SEU FUNCIONAMENTO ....................................................13
1.3 PRIMEIRO SETÊNIO (DOS 0 AOS 7 ANOS DE IDADE) - PERÍODO DA
MATURIDADE ESCOLAR ....................................................................................................17
1.4 SEGUNDO SETÊNIO (DOS 8 AOS 14 ANOS) –MATURIDADE SEXUAL ................22
1.5 TERCEIRO SETÊNIO (DOS 14 AOS 21 ANOS) – MATURIDADE SOCIAL ..............27
2 PEDAGOGIA WALDORF NO BRASIL .............................................................................31
CONCLUSÃO ..........................................................................................................................32
FONTES DOCUMENTAIS .....................................................................................................34
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .....................................................................................35
ANEXOS ..................................................................................................................................36
5
INTRODUÇÃO
Esta pesquisa prioriza o tema Pedagogia Waldorf e tem como objetivo dar enfoque ao
desenvolvimento dos indivíduos e sua interação com o universo, buscando entender o seu
papel no mesmo. Seu objetivo é estimular os talentos individuais e fazer com que eles se
tornem socialmente produtivos. O conceito de liberdade é visto como uma condição básica
para a existência da vida espiritual. Segue a linha de pesquisa Educação, Cultura e Artes,
abordando esse tema no início do século XX, na região oriental onde se encontra a cidade de
Stuttgart, Alemanha.
Num mundo onde valores humanos são cada vez menos considerados, tem-se a árdua
tarefa de lutar contra uma corrente que prega a alienação, a massificação de ideias e a falta de
sensibilidade. O professor, como agente transformador da sociedade, começa transformando a
si próprio. Para a Pedagogia Waldorf, o verdadeiro educador é aquele que se propõe a uma
constante busca espiritual pela autoeducação consciente. Para estimular o desenvolvimento de
seres humanos em formação, deve-se estar ele próprio, aberto a se transformar. É o que toda
criança ou jovem espera de qualquer adulto.
Todas as organizações de ensino, como escolas, universidades e laboratórios
científicos, são vistos como concorrência político-econômica internacional. Os currículos,
estruturação do ensino, exames, entre outros, estão conectados e são adequados de acordo
com as necessidades da economia ou da administração estatal. Steiner defende o fato de
mesmo as nações se considerarem “livres”, a questão da liberdade cultural está afetada e
prejudicada. A maneira de transformar essa realidade está no ensino e na educação que é
passada para as crianças, devido ao fato de elas serem o futuro da humanidade.
Espera-se que esta pesquisa venha auxiliar aqueles que buscam obter conhecimentos
sobre essa significativa pedagogia que enalteceu a importância do homem no mundo, e venha
trazer contribuições explicativas a um debate sobre esse esplendoroso tema. O ponto auge
para a criação de escolas e universidades livres é o direito da nova geração à uma formação
6
livre neste sentido, que desenvolva impulsos e aptidões de forma mais versátil possível, para
que possa um dia transformar essa sociedade.A partir desses conceitos, pode-se observar a
função que uma vida espiritual autônoma é capaz de cumprir dentro de uma sociedade.
7
1 BIOGRAFIA DE RUDOLF STEINER
Rudolf Steiner, filho de um funcionário ferroviário Austríaco, nasceu em Donji
Kraljevec, fronteira da Áustria com a Hungria, em 27 de fevereiro de 1861.Oriundo de família
simples, teve suas primeiras orientações educacionais dadas pelo pai. Suas primeiras paixões
foram a matemática, a geometria, as ciências naturais e a filosofia. Dedicou-se profundamente
aos estudos científicos e filosóficos, com o intuito de embasar-se o suficiente para questionar
com propriedade os paradigmas acadêmicos de sua época, vindo a obter, em 1891, seu
Doutorado em Filosofia, na Universidade de Rostock, Alemanha. Foi filósofo, educador,
artista e esoterista. Fundador da Antroposofia, da Pedagogia Waldorf, da agricultura
biodinâmica, da medicina antroposófica e da Euritimia, esta última criada em conjunto com a
colaboração de sua esposa, Marie Steiner-von Sivers.
A partir dos 7 anos de idade, Steiner começou a ter experiências interiores que
marcaram sua vida. Acreditava que as emoções vividas eram uma realidade continuamente
presente, mas durante um tempo, guardou tais experiências para si.
Mesmo sendo sociável e conquistando vários amigos, não abordava com ninguém
sobre o lado de sua vida interior. Prosseguia em silêncio com o treinamento espiritual
sistemático que, mais tarde, apareceu em suas obras e em muitas palestras, pois o controle que
tinha sobre observar as experiências suprassensíveis se desenvolveu com tal exatidão que
pareceu digno defendê-las como pesquisa cientifica. Desde então, passou a apresentar seus
conhecimentos.
Por influência paterna, cursou Ciências Exatas no Instituto de Tecnologia de Viena.
Mas foi durante os estudos técnicos, na Alemanha, que passou a ter contato com as ideias
filosóficas de Johann Wolfgang von Goethe (1749-1832) e de outros pensadores.
Aos 14 anos de idade financiou seus estudos e cursos acadêmicos dando aulas
particulares de todas as disciplinas. Ao concluir seu curso, lecionou para um menino que,
8
segundo médicos especializados, era incapaz de aprender, pois sofria de uma doença chamada
Hidrocefalia. Com ensino bem focado e utilizando suas próprias medidas pedagógicas,
conseguiu transformar essa visão. Dois anos após, o menino obteve uma considerável melhora
e pôde ser matriculado em uma escola comum com crianças da mesma faixa etária, chegando
a se formar em Medicina.
Em 1883 foi convidado a trabalhar no Arquivo Goethe-Schiller, na Alemanha, onde
residiu até 1897 e desenvolveu interesses cognitivos e atividades literário-filosóficas. Ao
mesmo tempo em que editava e catalogava as obras do filósofo alemão, começou a
desenvolver sua própria linha de pensamento, a Antroposofia, e sua teoria pedagógica.
Em 1894 escreveu sua obra mais conhecida,“A filosofia da Liberdade”. Após um
período de vivência em Berlim, aderiu-se a uma trajetória de conferencista e escritor,
desenvolvendo a Ciência Espiritual Antroposófica, ou Antroposofia, por ele mesmo fundada.
A Sociedade Antroposófica é uma das principais criações de Rudolf Steiner, tendo
sido fundada em 1913, em conjunto com sua colaboradora Marie Von Sievers, com quem se
casou em 1914. Foi durante seus anos de militância na Sociedade Antroposófica que Steiner
desenvolveu o corpo de embasamento teórico e prático da Antroposofia. No decorrer das
exposições e palestras que realizou em Dornach, Berlim e em varias cidades em toda a
Europa, demonstrou indicações para uma renovação em muitas áreas da atividade humana,
como arte, pedagogia, ciências, organização social, medicina, farmacêutica, terapias, dança,
agricultura, arquitetura e teologia.
A Antroposofia não é uma religião, é uma cosmovisão, e dessa cosmovisão decorre
uma imagem do ser humano, que é objeto de constante estudo para os professores. Entende
que o que distingue o homem dos outros seres da natureza é a sua capacidade de decidir sobre
si mesmo e de fazer escolhas conscientes. Nas Escolas Waldorf, não se prega nenhuma
confissão específica, respeitando-se a liberdade espiritual de seus alunos e familiares. O
sentimento de religiosidade que é cultivado na celebração das festas cristãs e também através
de pequenos gestos de gratidão aos homens, à natureza e a Deus. Além de apresentar uma
9
série de recursos como Terapia Artística, Euritmia e a Massagem rítmica, tem um
inquestionável efeito terapêutico e respeita o tempo e o sentimento da criança em relação ao
seu processo de desenvolvimento.
A pedagogia Waldorf nasceu em meio à conturbação da Primeira Guerra Mundial eà
derrubada de reformas sociais existentes. Os cidadãos que se esforçavam para construir o
futuro da Europa buscavam por orientações. Por este motivo, Rudolf Steiner começou a
desenvolver as primeiras tentativas de autogestão, lançando os princípios da Trimembração
do Organismo Social, em Wurttemberg, Alemanha.
A campanha foi bem acolhida pela classe operária, mas não sobreviveu devido à
resistência dos funcionários, que continham ideias político-partidárias das organizações
trabalhistas. Esse “Movimento da Trimembração Social” demonstrou grande força vital e
lançou firmes raízes. Tais princípios revalorizavam os impulsos da Revolução Francesa:
“Liberdade, Igualdade e Fraternidade”, surgindo então a Sociedade Antroposófica, em 1913,
em Dornach, na Suíça, também denominada Goetheanum. O primeiro Goetheanum foi
destruído por um incêndio em 1922, mas foi reconstruído e tem importante participação na
obra de Steiner como um grande centro de contribuições para os campos do Conhecimento
Humano. Steiner morreu em 1925, nesta mesma localidade, deixando extraordinárias
contribuições nos campos das artes, da organização social, da pedagogia Waldorf, da
medicina, da farmacologia, da agricultura e da pedagogia curativa.
A partir da análise de dimensões específicas do ser humano como o pensar, o sentir e o
querer, Steiner firmou as bases de uma educação que tende a responder às necessidades atuais
e futuras da humanidade. Segundo ele, uma sociedade só pode configurar-se e desenvolver-se
de forma sadia e adequada às solicitações da época em que está inserida, se levar em conta as
dimensões essenciais do ser humano. É necessário para concretizar a educação e o ensino de
modo adequado, ter a disposição e a vocação pedagógica corretas, uma real compaixão pela
alma da criança, conseguindo-se assim, formá-la de um modo geral.
10
Os objetivos do seu trabalho pela Trimembração Social baseavam-se então em três
curtas formulações: a liberdade espiritual dentro da vida cultural, igualdade democrática na
vida jurídica e a fraternidade social dentro da vida econômica.
Os ideais de Rudolf Steiner apareceram bem antes de ele fundar a primeira Escola
Waldorf livre, em 1919, em Stuttgart, na Alemanha. Em 1884 ele exige a liberação do ensino
de qualquer intervenção do estado. A consequência dessa ideia foi a Escola Waldorf de
Stuttgart ter-se tornado uma instituição não estatal e ter sido fundada como escola de uma
associação mantenedora livre. Hoje, as escolas Waldorf formam a maior rede de ensino em
crescimento no planeta. Estão nos cinco continentes e, embora tenham sido criadas na
Alemanha, buscam incentivar e incorporar a cultura do país em que se encontram.
A primeira Escola Waldorf, que chamava-seDie Freie Waldorfschule (A Escola
WaldorfLivre), surgiu em 07 de Setembro de 1919, na Alemanha, sob a orientação de Rudolf
Steiner. Ela foi criada a pedido de um industrial, o Sr. Emil Molt, para atender os filhos dos
operários e funcionários da fábrica de cigarros Waldorf-Astória (originando o nome de sua
pedagogia) de que era diretor. Foi uma experiência de sucesso. Emil Molt convidou-o para
assumir a direção pedagógica da instituição de ensino, pois tomou conhecimento de suas
ideias através de suas palestras e foi, então, apresentado aos funcionários como um filósofo
social.
Apesar do público mostrar-se receoso quanto à nova pedagogia, Steiner aprofundou-
se na ideia do que ele acreditava ser uma exigência daquela época: uma escola única de 12
séries e acessível a todas as classes sociais. Seus ideais eram voltados para uma educação que
visava a liberdade, e esse momento foi descrito como “A hora do nascimento da Escola
Waldorf.”
Steiner realizou palestras e expôs aos operários da fábrica os objetivos e propostas da
educação que acreditava ser a ideal. Conquistou a confiança de todos e o desejo claramente
expresso por eles pela nova instituição firmou a base desse projeto.
11
Emil Molt já considerava a ideia de construir uma escola e seu objetivo era que esta
iniciasse em setembro. Assim sendo, compra o prédio de um restaurante no alto do vale
Stuttgart, os equipamentos necessários e o reforma. Após a palestra de Steiner no Depósito de
Tabaco, houve a primeira reunião entre ele, Steiner e dois futuros professores. Steiner
forneceu diversas sugestões e expôs alguns detalhes relevantes quanto à distribuição de aulas
e sobre o currículo da Escola que obtinha em mente.
O médico chamado Dr. Eugen Kolisko contribuía na observação das crianças sob um
aspecto diferenciado daquele visto pelo professor. Sua presença oferecia a possibilidade de
um trabalho conjunto entre o professor e a família e auxiliava as crianças e as relações entre
elas dentro da escola. O médico escolar representa o porta-voz da criança e dirige sua atenção
às dificuldades que ela vem apresentando.
No dia 7 de setembro de 1919 houve a inauguração da escola e para mostrar seu
objetivo pedagógico, Rudolf assim o descreveu:
“Aquele que disser que a Ciência Espiritual de orientação Antroposófica
funda a Escola Waldorf e pretende agora introduzir nele sua visão do mundo
– digo isto hoje no dia da inauguração – não estará proferindo uma verdade.
Não temos interesse algum em ensinar ao jovem nossos princípios, o teor de
nossa visão do mundo. Não é nosso objetivo dar uma educação dogmática.
Nosso objetivo é que aquilo que conseguimos conquistar através da Ciência
Espiritual se torne ação viva de educação.” STEINER (2014, P.18)
Rudolf Steiner faleceu em 30 de março de 1925, aos sessenta e quatro anos, em
Dornach, Suíça, deixando extraordinárias contribuições em diversos campos do conhecimento
humano. A obra completa do grande filósofo foi publicada, incluindo seus 40 livros e
aproximadamente 6.000 palestras, totalizando mais de 350 volumes.
12
1.1 FUNDAMENTOS DA ANTROPOSOFIA
O termo Antroposofia (do grego anthropo + sophia– sabedoria humana)diz respeito a
um conjunto de princípios que servem de base a um sistema filosófico,científico, artístico e
espiritual que foi fundado por Rudolf Steiner, a partir de 1902, quando este ainda era
presidente da Sociedade Teosófica da Alemanha. Em 1913 Steiner se afasta da Sociedade
Teosófica para fundar a Sociedade Antroposófica.
A Antroposofia é um caminho de conhecimento que deseja levar o espiritual
da entidade humana para o espiritual do universo. Ela aparece no ser humano
como uma necessidade do coração e do sentimento, e deve encontrar sua
justificativa no fato de poder proporcionar a satisfação dessa necessidade. A
Antroposofia só pode ser reconhecida por uma pessoa que nela encontra
aquilo que, a partir de sua sensibilidade, deve buscar.Portanto, somente
podem ser antropósofos pessoas que sentem como uma necessidade de vida
certas perguntas sobre a essência do ser humano e do universo, assim como
se sente fome e sede (STEINER, 1923,GA 306).
Segundo Steiner, a Antroposofia é uma ciência espiritual. Ele a classifica como
espiritual porque entende que seja uma sabedoria intuitiva emanada do espírito humano e se
faz ciência devido a possibilidade de ser demonstrada no mundo material por meio das
metodologias que despertam e desenvolvem uma série de faculdades latentes na natureza do
homem em constante evolução.
A Antroposofia é um método de conhecimento da natureza do ser humano e do
universo, que amplia o saber obtido pelo método científico convencional, preenchendo o
enorme abismo existente entre ciência e espiritualidade. As ferramentas utilizadas na
metodologia antroposófica pretendem ativar habilidades ocultas do cérebro do praticante, que
o permita superar a barreira existente entre o mundo das formas e o universo dos princípios
que permeiam todas as manifestações de vida.
13
1.2 A ESCOLA WALDORF E SEU FUNCIONAMENTO
As escolas Waldorf são consideradas modelo de escola com associações mantenedoras
livres, pois todos aqueles que dela participam têm autonomia administrativa e
consequentemente a sua própria responsabilidade. Não há administração central; cada Escola
é independente. Há, contudo, associações que apoiam o movimento, promovendo cursos e
congressos de atualização de professores e, muitas vezes, ajuda financeira para escolas de
poucos recursos materiais. A base dessa pedagogia é uma antropologia que descreve o homem
a partir de três aspectos: um ser de corpo, alma e espírito, uma apresentação científico-
espiritual, despertando o amor pelo ser humano.
A organização administrativa de cada instituição Waldorf também segue o princípio
da autogestão. Não há um único dono ou diretor, mas conselhos. Os professores são
plenamente responsáveis pelos seus procedimentos pedagógicos, trabalhando sempre em
equipe. Cada escola é representada juridicamente por uma Associação sem fins lucrativos, da
qual participam professores, pais, e aqueles que sentem afinidade com os seus propósitos
educativos e culturais. Esta filosofia, ou tipo de gestão que dela provém, não muda em nada
quaisquer responsabilidades pedagógicas, financeiras ou jurídicas. A Escola Waldorf
responde a todos estes níveis, como qualquer outra escola.
Pais e professores dedicam seu esforço para a criação de um ambiente de ensino
positivo para as crianças, focando em um currículo comprometido com o ideal de se orientar
com base em conteúdos e métodos que se renovam com o estado de desenvolvimento infantil
e de acordo com a independência espiritual.
Já existem mais de 190 Escolas Waldorf na Alemanha e quase 900 em todo o mundo,
sendo um caso único na história da pedagogia. Essas escolas serviram de base para iniciativas
de reforma no sistema escolar federal. Nessas escolas não há qualquer seleção social entre
alunos e não existe reprovação. Conta sempre com a ajuda de um médico-terapeuta, que dá
14
apoio no dia a dia escolar. Sua propagação mundial ocorreu devido a sua modernidade,
vivacidade e abertura a todas as culturas do mundo.
No Brasil, a primeira Escola foi criada em 1956, em São Paulo. A partir de então, o
movimento tem se expandido com novas escolas em Aracajú (SE), Belo Horizonte, Botucatu
(SP), Brasília, Curitiba, Cuiabá, Florianópolis, Fortaleza, Friburgo, Juiz de Fora, Ribeirão
Preto, Rio de Janeiro e Salvador, entre outras.
O conceito de liberdade é visto como uma condição básica para a existência da vida
espiritual. Muitas vezes, nas escolas que não utilizam a pedagogia Waldorf, a ambição do
planejamento industrial-estatal acaba por tomar parte na estrutura do sistema de ensino e
pesquisa, e consequentemente em toda vida cultural.
Todas as organizações de ensino, como escolas, universidades e laboratórios
científicos, são vistos como concorrência político-econômica internacional. Os currículos,
estruturação do ensino, exames, entre outros, estão conectados e são adequados de acordo
com as necessidades da economia ou da administração estatal. Steiner defende o fato de
mesmo as nações se considerarem “livres”, a questão da liberdade cultural está afetada e
prejudicada.
Sua concepção é centrada no ser humano, que deve crescer e se desenvolver livre de
exigências do poder público e da vida econômica, até que ele se torne um cidadão ativo e
possa por si mesmo participar dessas questões na sociedade. Se as exigências de um país
industrial moderno afetarem de maneira elevada os exames do sistema de ensino, as
necessidades dos estudantes e sua formação abrangente serão afetadas.
A maneira de transformar essa realidade está no ensino e na educação que é passada
para as crianças, devido ao fato de elas serem o futuro da humanidade. Valoriza-se, então, as
realizações que são feitas individualmente e que posteriormente se expandam dentro de uma
comunidade.
15
Os educadores contêm uma grande responsabilidade em mãos, pois as chances que o
indivíduo tem de explorar suas fontes interiores vão depender da cautela que é passada para
ele. Seu objetivo é estimular os talentos individuais e fazer com que eles se tornem
socialmente produtivos, deixando de lado a educação que aborda uma continuidade linear
voltada para o desenvolvimento técnico-econômico.
O ponto auge para a criação de escolas e universidades livres é o direito da nova
geração a uma formação livre neste sentido, que desenvolva impulsos e aptidões de forma
mais versátil possível, para que possa um dia, transformar essa sociedade.
Os professores das escolas e universidades formam corporações livres e contam com a
colaboração natural de seus alunos e do ambiente, cuidam da formação da nova geração de
profissionais e têm de definir autonomamente as questões ligadas aos currículos e métodos de
ensino.
Esse tipo de independência também é aplicado no campo das ciências. Em
consequência dessa autonomia, as instituições de formação e pesquisa têm a liberdade de
comunicar-se além das fronteiras. A partir desses conceitos, pode-se observar a função que
uma vida espiritual autônoma é capaz de cumprir dentro de uma sociedade. É preciso que
todas as instituições adotem esse método sem considerar interesses econômicos e políticos.
O professor Waldorf, além da formação tradicional exigida pelo MEC, passa por uma
formação específica que consiste nos Cursos de Formação em Pedagogia Waldorf, e matérias
teóricas que tratam do currículo e do desenvolvimento da criança, como filosofia, vivências
com artes, música e trabalhos manuais. Entretanto, a formação de todo professor se completa
dentro da sala de aula, no exercício diário da sua missão. As próprias crianças e jovens
ensinam como se deve lidar com eles, mostrando caminhos, tornando-se companheiros de
vida.
Na metodologia de ensino da Pedagogia Waldorf, não há o uso do livro didático, pois
são os alunos que elaboram o seu próprio material de ensino. Esse material é chamado
16
“cadernos de época”, com resumos de um período de aulas. Os textos são ditados pelo
professor e as ilustrações são confiadas aos alunos. Quando estão no ensino médio, redigir um
texto é um exercício extremamente importante.
Outra proposta de ensino que podemos encontrar no ensino Waldorf é a ”Euritmia”.
Essa modalidade de interação coloca em evidência os sons predominantes de um poema.
Pode-se dizer que os sons vocálicos e as onomatopeias transmitem algum valor ou sentimento
para quem os recita. Esse sentimento é o da vontade. Vontade de querer aprender, de querer
descobrir, etc. Justamente durante a festa mensal, os alunos Waldorfs podem mostrar aos pais
o que aprenderam durante as aulas (poemas, canções, dramatizações). “O ensino de Euritmia,
portanto, faz grandes exigências humanas á riqueza de criação artística dos euritmistas, á
capacidade de fundamentar e esclarecer e, não por último, ao humor.” (CARLGREN &
KLINGBORG, 2006, p. 64).
O ensino é dado em épocas e setênios, em que o conteúdo de cada ano é dividido em
temas principais que são ensinados durante três ou quatro semanas de maneira intensiva e
profunda. O conteúdo de cada ano é adequado à idade dos alunos, de modo que eles possam
reconhecer, dentro de si, as experiências para as quais estão prontos a viver. O currículo
proporciona ao aluno uma visão ampla e viva das matérias, além de possibilitar a aquisição de
conhecimentos gerais e preparar o jovem para o exercício da cidadania. Essa dinâmica
permite aos alunos uma espécie de digestão do conhecimento adquirido. Quando se retorna a
uma época, as crianças estão cheias de novidades e com vontade de aprender mais. A
diferença está na forma com que os assuntos são trazidos a elas e no respeito às suas fases
evolutivas. Frequentemente os alunos das Escolas Waldorf se sobressaem quanto à
capacidade de concentração, criatividade, entrosamento social, autonomia e entusiasmo pelo
aprendizado.
Há três aspectos que se expressarão a seu tempo e que precisam ser devidamente
atendidos, são eles: QUERER, SENTIR e PENSAR. O autor explica que durante o Primeiro
Setênio as energias da criança estão sendo canalizadas para o corpo físico. Mais tarde, durante
o Segundo Setênio, essas energias fluirão em função dos sentimentos e das emoções. E,
17
finalmente, no Terceiro Setênio a corrente natural da formação humana estará direcionando as
energias para o pensamento.
1.3 PRIMEIRO SETÊNIO (DOS 0 AOS 7 ANOS DE IDADE) - PERÍODO DA
MATURIDADE ESCOLAR
Na Pedagogia Waldorf dá-se uma importância fundamental à educação no primeiro
setênio, por tratar-se da fase da vida na qual é desenvolvida a organização do corpo físico. A
visão que Steiner tem é a de que a criança está aberta ao mundo, receptiva, não oferece
resistência alguma às informações que lhe cercam e isso torna o fluxo de dados, que chega de
fora, o eixo de maior importância nesse período da vida.
O primeiro período de vida da criança foi dividido em três fases: a fase do lactante, da
tenra infância e a da transição rumo à escolaridade. A função mais importante da consciência
do recém-nascido é a percepção. A criança é totalmente um órgão sensorial, toda a sua
atividade psíquica tem por finalidade conhecer o mundo à sua volta. Perceber é um processo
ativo, onde a atividade reside no interesse pelo mundo exterior. Uma criança retardada recebe
do mundo exterior o mesmo número de impressões que uma criança normal, porém ela não
chega a ter percepção, pois falta, ou há dentro dela em escala menor, o interesse ativo pelo
mundo externo. Na criança pequena, esse interesse ativo resulta de uma cobiça1 e não de uma
vontade consciente. A vontade é a cobiça dirigida pelo eu. Essa entrega ao mundo ocorre com
uma força comparável apenas na vida posterior, à devoção do homem religioso.
“Em suas conferências pedagógicas, Rudolf Steiner falou dessa dedicação
“religiosa” ao mundo ambiente denominando-a com uma nova expressão:
religiosidade corporal.” (Lievegoed, Bernard.2007, pág. 38)
1Tradução apenas aproximada para Begierde, palavra alemã isenta da conotação negativa
sugerida pela correspondente em português. (NT)
18
A educação visa proporcionar um corpo são para torná-lo um melhor instrumento de
expressão e atuação durante todo o aprendizado futuro. Nessa fase a criança aprende a
adequar-se aos apelos do mundo por meio da imitação das pessoas e das ocorrências ao seu
redor.Cabe aos pais, neste primeiro período de desenvolvimento, uma enorme
responsabilidade em relação à criança. Educacionalmente, exercemos grande influência nos
primeiros anos de vida por aquilo que somos e pela confiança e moralidade que adquirimos e
manifestamos mediante nossos atos. A criança desse período, que aparentemente não entende
nada, é a que mais assimila os conteúdos anímicos mais profundos de seu ambiente.
Diante de uma infinidade de opções de ambientes e estímulos externos consequentes
do desenvolvimento da humanidade atual, cabe a nós, adultos, escolhermos a qualidade do
ambiente e atitudes dignas de serem imitadas pelas crianças.
Pode-se observar nitidamente três passos no despertar da consciência da criança de0
a 7 anos de idade. Esse período destaca-se como um desenvolvimento inconsciente, que não
apela a um raciocínio intelectual para aprender as coisas da vida, e é quando se aprende por
imitação. A atividade interior da criança faz com que ela descubra também sua própria
corporalidade e constata-se que o próprio corpo também é um mundo exterior desconhecido.
Ao estudar o desenvolvimento da vida emocional da criança deve-se observar o caráter
da atividade lúdica. Na criança, a brincadeira começa cedo. Ela brinca com o que aparece
casualmente em seu campo de visão, as mãozinhas, ao surgirem em seu campo visual,
constituem o seu primeiro brinquedo, descobrindo mais tarde os pés que somem e precisam
ser procurados, depois argolas e chocalhos de madeira, mais tarde caixinhas e cubinhos. A
criança tem a característica de querer brincar sempre com o que está perto, ao alcance de sua
visão.
Do nascimento até, aproximadamente, 2 anos e 4 meses ou 3 anos, a criança apresenta
uma visível necessidade de movimentar-se constantemente. Os movimentos ainda são
caóticos e desajeitados, não dirigidos por uma consciência racional. O aprendizado do andar e
do falar, que ocorre inconscientemente, vai se encaminhando ao primeiro momento de uma
19
autopercepção, não muito consciente, quando a criança começa a se autodenominar como
"eu". (antes dessa consciência: "João quer comer"; passando a falar: "Eu quero comer"). Há
crianças que quando imitam mais passivamente, conseguem assimilar a linguagem falada de
um modo mais ou menos servil e outras buscam uma maneira própria de se expressar. Outras
crianças continuam por algum tempo falando desarticuladamente, devido a sua incapacidade
de captar a linguagem. Em geral são crianças que mais tarde, desenvolvem aptidões visuais
frente ao mundo, muitas vezes é um indicio de retardamento geral.
Primeiramente a criança aprende a denominar o mundo ambiente objetos como
cadeira, mesa, árvore. Ela reconhece o objeto e lhe denomina um nome.
“Aprender a falar é, pois, o início de um processo de separação entre o
próprio ser e o mundo global, processo que só termina com a puberdade.”
(Lievegoed, Bernard.1994, pág. 44).
Quando a fala vai além da mera denominação e a criança começa a juntar palavras
para formar frases, desenrola-se a primeira atividade pensante, que no ato da fala desperta a
formação de conceitos. Estes conceitos iniciais não possuem um conteúdo concreto, referem-
se à globalidade. Primeiro a criança tem a noção de um todo e, deste, vão se destacando os
diversos elementos. Suas primeiras representações mentais apresentam-se mal definidas e
delimitadas e, somente mais tarde, é que os ricos conceitos da criança transformam-se em
conceitos aguçados e mortos dos adultos, dos quais aos poucos, vão desaparecendo o
conteúdo vivencial.
É através do contato com a fala e por sua prática que se desenvolve o pensar. Todavia,
os primeiros conceitos da criança referem-se concretamente ao mundo exterior, surgindo o
“conceito das coisas”. No aprendizado da fala, uma grande responsabilidade recai sobre o
ambiente da criança, no primeiro ano é o ambiente moral que influiu nela e agora o fator
importante é o modo correto de falar em sua presença. Uma língua materna bem articulada
oferece à criança, condições para a união da língua com o seu eu. Um vocabulário bem
articulado, proveniente do mundo ao redor, contribuirá para um pensar diferenciado na
criança. É válido tanto para a capacidade imaginativa, que é nascida depois da denominação,
20
como para o processo lógico do pensar, que se desenvolva consecutivamente a sintaxe e uma
boa estrutura sintática, que fornece uma base para a dinâmica do pensamento. É o momento
em que a criança deve ter a oportunidade de desenvolver suas habilidades físicas e adquirir a
consciência corporal. Ela irá aprender, pela conquista natural de seus movimentos, a ação
exemplar do adulto.
Dos 2 anos e meio até os 4 anos e oito meses ou 5 anos, depois de a criança ter
chegado a se auto denominar como o "eu", ela vai acordando para a percepção do outro, do
você. Com essa nova conscientização do mundo, ela irá se inserir no âmbito social. Antes a
criança adaptou-se à vida no mundo físico, agora ela adapta-se ao mundo social, onde vive
intensamente sentimentos alternados entre simpatias e antipatias. Ela deixa-se guiar pelas
emoções e não por uma compreensão racional. Explicações não levam e nem resolvem nada
nessa idade. O educador irá apelar para a imitação, mas agora também pode apelar à
imaginação. A criança se relaciona com o mundo como se tudo nele sentisse e percebesse as
coisas como ela (a cadeira, por exemplo, pode chorar quando cai). A criança vive numa
consciência onírica, imaginativa.
A brincadeira infantil passa por uma profunda transformação ao redor dos quatro anos.
Antes a criança dirigia-se ao que encontrasse por acaso em seu campo visual, e o sentir estava
ligado à percepção das funções vitais, agora ela se distancia dessas imediações, no emocional
uma nova força se contrapõe ao mundo exterior, a qual se pode chamar de fantasia criativa. A
brincadeira é mais fortemente intensificada. Ela sobrepôs sua fantasia à realidade e um mundo
de contos de fadas vem a luz a partir da própria criança, onde tudo é possível. Começa aí um
período em que a criança vê o mundo através de um vidro, onde tudo se transforma conforme
sua vontade.
O adulto deve levar a sério esse brincar e enriquecer a vida interior da criança, lhe
oferecendo novas oportunidades e novos conteúdos. Não havendo espaço suficiente no lar,
este é o momento certo de levar a criança ao jardim-de-infância, onde ela entra em contato
com as histórias dos contos de fadas de que necessita e dispõe do espaço necessário para dar
livre curso a sua fantasia. Todos os objetos existentes nesse espaço são utensílios necessários
para a criança se fantasiar, então o ideal de um jardim-de-infância terá sido alcançado.
21
Nessa fase continua a necessidade da criança ter a oportunidade de conquistar
naturalmente a consciência corporal. Isso não quer dizer estimular e condicionar, mas oferecer
o ambiente adequado e situações para que ela própria tenha a alegria de conquistar e adquira
segurança do que aprendeu de fato. Nessa fase a criança pode perfeitamente responder a
estímulos dos adultos, como a possibilidade de alfabetização precoce, mas isso, além de não
interferir de forma a melhorar capacidade intelectual quando adulto, irá tirar a oportunidade
de a criança desenvolver sua fantasia, despertar a alegria da conquista e aquisição da sua
segurança diante do mundo, tão mais importantes para sua formação, especificamente nesse
tempo tão precioso da vida.
Dos 5 aos 7 anos podemos observar o surgimento de um novo comportamento. Até
agora a criança aprendeu a lidar com o espaço e seus limites e então aprende a inserir-se no
tempo. Ela consegue situar-se no ontem, hoje e amanhã, nos dias da semana, etc.; a criança
também consegue captar a sequência temporal dos acontecimentos. Suas brincadeiras seguem
uma sequência mais próxima da realidade, ela tem uma primeira noção de causa e efeito. A
imaginação se cristaliza levemente em representações mentais das experiências vividas no
mundo. Têm início os primeiros passos de um raciocínio, e só agora, em torno dos 6 anos
completos, no sétimo ano de vida, é que podemos apelar a uma compreensão de ideias, de
pensamentos sobre o mundo, que são colocados pelos adultos. Só agora é que a criança está
pronta para ser alfabetizada sem prejudicar sua futura saúde.
Na Pedagogia Waldorf, procura-se criar um ambiente adequado para a criança
experimentar amplamente as possibilidades que seu processo de amadurecimento lhe
proporciona. A criança deve usufruir com muita alegria a repetição de cada nova conquista no
seu caminho de adaptação e conhecimento do mundo. E voltamos a frisar que a qualidade
sempre tem mais valor que a quantidade.
22
1.4 SEGUNDO SETÊNIO (DOS 8 AOS 14 ANOS) –MATURIDADE SEXUAL
Após os primeiros sete anos de vida, após passar pelas transformações do primeiro
setênio, a criança a partir de agora, adquire a maturidade escolar. No desenvolvimento de
sentir as fantasias criativas, assumem o papel de um véu que não deixa despertar a vida de
sentimentos na criança. Mesmo assim, “as primeiras estipulações de metas são sempre uma
tentativa de realizar determinados desejos”. (LIEVEGOED, 2007).
Diversas transformações acompanharam e acompanharão a criança. Até os sete anos o
corpo e a maturidade se desenvolveram, porém, a criança ainda faz separação entre o mundo
interior e exterior. Ela constrói e fortifica seu interior para suportar os abalos do mundo de
fora. O mundo não se restringe mais em desejo ardente e associativo às percepções. O pensar
começa abrir as asas para pairar em sua própria formação, adquirindo a capacidade de
desenvolver seu caráter pictórico, ou seja, passando da percepção à imagem carregada de
conceitos. Para Lievegoed (2007, p. 60):
“Essa vida de imagens conceituais é muito pronunciada justamente nos
primeiros anos desse segundo período da vida. Elas se coadunam num
universo fechado que só será abalado na puberdade. Esse mundo infantil é
algo maravilhosamente real e irreal.”
Se na primeira fase a criança era um órgão sensorial, imitando o que acontecia ao seu
redor, agora ela está aberta ao que se diz em seu ambiente. Sente-se atraída pelas pessoas que
tem o dom de contar histórias verdadeiramente belas. A criança só compreende com o auxílio
da palavra falada, ou seja, compreenderá quando ela própria falar. Nessa época que se dá dos
7 aos 9 anos, o estudo deve ser pautado nos contos de fadas e fabulas. O professor deve ser o
mais artístico e criativo possível para que as crianças recebam grandes e pequenas verdades,
sem moralização, a partir dos contos e fábulas. Lievegoed (2007) define que “cabe ao
professor desenvolver o que assim foi preparado; porém ele só poderá fazê-lo por meio da
palavra, pela narração e pelo convívio diário”.
23
Os três primeiros anos de vida, onde a criança tem energia da vontade apoderando-se
do pensar em evolução, faz com que ela se abra para um novo mundo ao que se entrega com
veneração. Esses três anos de vida não trazem problemas ligados à ordem. O professor tem a
seu favor a autoridade ilimitada e a criança segue de bom grado sua orientação. Para a criança
é muito importante ter ferramentas para ela exercitar toda sua vida anímica e não apenas o
intelecto.
Chegando perto da quarta série escolar acontece outra grande e profunda
transformação na relação da criança com o mundo. De repente, o professor2 que conviveu
com a turma durante três anos, chega à quarta série sendo “odiado”. Essa mudança ocorre
porque o sentir é objetivado. A criança sente semiconscientemente seu isolamento em relação
ao Cosmo e seu aprisionamento num mundo escuro, limitado pela corporalidade. Lievegoed
(2007, p. 66) exemplifica que: “De repente a criança sente medo no escuro. Receia que um
homem possa estar escondido embaixo da cama e esconde-se sob o cobertor, encolhendo as
pernas. A porta para o corredor precisa ficar aberta; a criança precisa poder ouvir os pais.”
Ocorre também uma mudança mais significativa, em que a criança percebe a
dualidade entre ela e o mundo ao seu redor, o mundo dos adultos. Nasce nela uma visão mais
crítica que resulta de uma nova forma de pensar. Outra novidade é o fato de passar a utilizar
suas próprias vivências como referência para seus entendimentos e conclusões. São também
traços marcantes desse período: a amizade, a justiça, a honra, os valores morais dentro das
relações sociais. Passam a empregar então, expressões cada vez mais cruas. Durante esse
período além da crítica, aparece o poder da observação. Nessa idade, pela primeira vez, a
morte é vivenciada como um problema, podendo dar oportunidade a profundas considerações.
A criança se sente como algo oposto ao mundo exterior. No primeiro período, seu
mundo era protegido pelo véu da fantasia. Porém, na fase presente o véu foi rasgado e a
polaridade “eu - mundo”, “dentro-fora” se torna realidade. De um lado, ela acha tudo chato e
maçante, e de outro, sonha com experiências novas. A fim de evitar que tudo vire algo chato,
Lievegoed (2007, p.67) propõe que “a criança deveria entrar em relação com a Natureza não
2 Sempre pressupondo a Pedagogia Waldorf,o Autor refere-se aqui ao mesmo “professor de classe”que
acompanha seus alunos da primeira à oitava sérieescolar.(N.E.)
24
de um modo cientifico, e sim artístico.” A Natureza servirá para que ela tenha novas
experiências satisfazendo a necessidade íntima. Desenhar as folhas e plantas inteiras é uma
maneira de familiarizá-la com o universo das formas naturais.
Depois de passar por esses períodos, a criança chega à pré-puberdade com uma nova
transformação no relacionamento volitivo com o mundo. Nos períodos anteriores a criança
fixou uma determinada meta e procurou realizá-la e, agora, tentará conquistar o mundo. Esse
processo começa na pré-puberdade e termina nos anos da puberdade propriamente dita. A
brincadeira dos meninos será “mocinho e bandido”, não pela briga em si, mas pelo prazer de
brincar de agressão. Os meninos dessa idade adoram formar clubinhos, onde dentro de uma
cabana, planejam aventuras diversas. Seus movimentos são angulosos e rígidos e, para eles, as
meninas adquirem um papel inferior, servindo no máximo, para lhes puxarem os cabelos ou
coisas do tipo.
As energias liberadas devem ser dirigidas pedagogicamente, caso contrário a
juventude degenera em arruaças e banditismo. Uma alternativa maravilhosa é a organização
de excursões pela Natureza, acampamentos para que os meninos possam encontrar as forças
morais no mundo como um todo; zelando para que a juventude dessa idade não se engaje em
egoísmos políticos grupais e tenham uma vida social mais desprendida das coisas materiais.
Os problemas nas jovens são diversos. Aqui também existe a necessidade de criar
grupinhos. A diferença entre os meninos e as meninas é que os primeiros têm uma vitalidade
explosiva e a necessidade de livrar-se do excesso de forças, já os segundos se preocupam com
exclusivismo, sonhos cheios de fantasias, falta de tolerância, risos plenos de subentendidos, e
quando chega à puberdade há uma diminuição de sua energia, e a primeira menstruação. Não
adianta queixar-se da juventude mal criada. O autor defende que:
“Os verdadeiros educadores deverão ter a capacidade de orientar os jovens
também nessa idade. O novo desabrochar da vontade trará uma renovação
dos sentimentos de veneração, não tão cômodos de satisfazer quanto junto a
crianças de seis anos.” (LIEVEGOED, p.69).
25
Aos 12 anos, o menino tem uma visão um pouco mais realista do mundo ao seu redor
e com ideais mais amplos. Tem a necessidade de conhecer o mundo.
O segundo setênio traz uma evolução psicológica. O pensar, o sentir e o querer passam
a evoluir dentro do ambiente fechado da própria personalidade. Após entendermos o
desenvolvimento da criança dos 7 aos 14 anos, o tema que irá prevalecer no segundo setênio é
a alfabetização. No entanto, é preciso ressaltar que alfabetizar vai muito além da
decodificação de letras, ou seja, é um processo de aquisição de conhecimentos e de uma visão
de mundo e não apenas uma técnica de ler e escrever.
A primeira aula é chamada de “aula principal”, quando durante 120 minutos o
professor de classe ensina e exercita o conteúdo da matéria da Época Temática em pauta. A
aula é dividida em 4 partes onde: o primeiro momento consiste na saudação, onde acontece
uma explicação de como será estruturada suas aulas e o que os alunos terão ao longo dessa
Época ; o segundo momento é a harmonização (canto, ritmo, movimento, etc.); o terceiro é o
momento prático da matéria (recordação, diálogo, exercitação gráfica e uma curta
retrospectiva) e o quarto é o ato de contar uma história para alimentar e enriquecer a vida
interior da criança.
Os materiais usados pelos alunos são: o giz de cera grosso (nas cores azul, amarela e
vermelha, que são as cores básicas) para desenhar e escrever; cadernos ou folhas sem pauta-
do tamanho do papel sulfite; para exercitar formas e letras, sugere-se o uso de madeira
(compensada ou prensada) pintada de preto e para escrever nelas, usa-se o giz do quadro-
negro e um pano para apagar os exercícios. O próprio caderno do aluno servirá como cartilha
para iniciar a leitura.
As Épocas do primeiro semestre são dividas em outras seis épocas.
A Primeira Época irá tratar do preparo para a alfabetização e desenho de formas. O professor
de classe usa uma história ou música para que a alfabetização se inicie, ou seja, as letras e as
formas serão assimiladas através da história ou música trabalhada pelo professor. É de suma
importância dar ao aluno algo concreto para assimilar o que foi estudado. O papel do
professor é encorajar os alunos a contarem, relembrarem as histórias e músicas aprendidas.
26
Na Segunda Época os exercícios de lateralidade e ritmo irão parecer ainda. A dicção
irá assumir um papel importante para que haja a compreensão das palavras através das
parlendas e movimentos com palmas e pés, introdução das letras A,E,I,O,U,B,D,L,M,R,S,T,V
com o vocabulário do tema da Época. O aprender a ouvir será trabalhado com as crianças,
pois um bom ouvinte é um bom falante.
A Terceira Época é caracterizada pelo desenvolvimento da introdução aos números.
Os alunos irão cantar os números andando para que a assimilação aconteça. Nessa época, o
professor irá apresentar os sinais para as quatro operações e o uso dos algarismos romanos
antigos. Os cálculos irão acontecer com números até 10, usando objetos, os dedos e crianças
para representá-los. Com a Quarta Época, retoma-se o desenvolvimento da escrita de letras
maiúsculas, a mímica, a recitação de histórias que tem como personagens fadas, gigantes,
gênios, membros da família, partes do dia, etc. O professor deve ser o mais criativo possível
para que a criança desenvolva sua dicção, que ainda é trabalhada nessa época. Na Quinta
Época retoma-se o estudo de cálculos, o contar rítmico até 100, andando e contando para
frente e para trás e exercícios para verbalizar as contas. Então se finaliza a segunda época de
números. O primeiro semestre das épocas é finalizado com a Sexta Época, onde ainda é
trabalhada a dicção, ritmo e movimento, introdução das letras C, G, H, J, Q, X, Z e CH, NH,
LH e ÃO, completando o alfabeto de letras maiúsculas.
Deve-se ressaltar que cada época dura 15 dias para que os alunos não se cansem do
mesmo tema. Dessa forma, o tema pode ser explorado ao máximo, fazendo com que os alunos
aprendam de uma forma significativa. O segundo semestre inicia-se com a Sétima Época,
onde serão trabalhadas as “letras-mães” e as “letras-filhas”: A a, B b, G g, etc., frases ou
palavras do tema, escritas nas duas formas, maiúscula e minúscula Retoma-se os números
(terceira época de números) com a Oitava Época, onde os alunos irão aprender a fazer as
quatro operações com números até 20 ou mais, oralmente, e irão representar cálculos com
desenhos e com os algarismo romanos até 10. A Nona Época é voltada para o ensino das
letras novamente, com o trabalho dos encontros consonantais e apresentação de versinhos
com esses encontros. A dicção é mais uma vez trabalha fortemente nessa época.
27
Os números arábicos são introduzidos na Décima Época. Os alunos aprendem a fazer
cálculos orais com objetos e números puros e os transformam em sinais matemáticos.
Exercitam muito a passagem da dezena e registram contas com algarismos até 20.
Finalizamos então com a Décima primeira Época, em que acontece a introdução da letra
cursiva. É feito uma retomada dos conteúdos estudados, dos ritmos, dos cantos, dos sons das
letras com auxilio de versinhos. Nota-se que a palavra “avaliação” não foi mencionada em
momento algum, pois “cada aluno apresenta um índice particular de aproveitamento e de
rendimento escolar. Podemos avaliar se o aluno mostrou interesse, esforço, compreensão,
capricho, prontidão e concentração nas atividades propostas, e como se relacionou com os
colegas.” (BERTALOT, p.284).
Sabe-se que através da leitura, o conceito do uso da língua vai sendo desenvolvido e
aprimorado. O indivíduo faz uso da língua conforme suas necessidades. Com o avanço da
tecnologia, dos esportes e das ciências – itens que formam nosso modo de usar a língua- o uso
tem sido cada vez mais modificado. Há um grande comprometimento em transmitir o
sentimento de língua materna para as crianças, um comprometimento que deve ser formado
no espírito e que ocasione a mudança na forma de se expressar através da língua usada. Os
professores de língua materna e de língua estrangeira, na Pedagogia Waldorf, mantêm uma
ligação.Essa ligação é necessária para que os alunos possam expressar sentenças completas,
ler poemas, corrigir redações e cadernos de época. Esse contato com a língua materna,
propicia ao professor de língua estrangeira, um contato direto com a língua em que ele foi
letrado. Ato que ajuda o professor a entender sua língua e a língua estrangeira.
1.5 TERCEIRO SETÊNIO (DOS 14 AOS 21 ANOS) – MATURIDADE SOCIAL
O terceiro ciclo ocorre dos 14 aos 21 anos e equivale ao Ensino Médio, ou seja, 9º ao
12º anos. Nesse período os estudantes estão aptos para exercitarem o pensamento, fazerem
uma análise crítica do mundo e sentem a necessidade de se expandirem e se libertarem.
28
Os adolescentes se encontram numa fase em que deixaram de ser crianças e ainda não
são adultos. Vivenciam drásticas mudanças físicas e sua autoconsciência é despertada aos
poucos. Sentem insegurança e necessitam de compreensão por parte dos adultos. Querem
conhecer o mundo, mas para isso precisam desenvolver objetividade, capacidade de fazer
observações, comparações e julgamentos.
Passam a não aceitar as coisas como lhes são apresentadas, consequentemente, têm
uma atitude crítica diante de tudo, se fecham para o universo e o observam tudo de fora.
Muitas vezes assumem atitudes de rebeldia contra o mundo adulto. Essa é a fase onde o “eu”
é despertado e passam a apresentar sua individualidade como sendo autônoma, passando a
negar regras. Dessa forma passa a ser necessário induzi-los a estabelecerem suas próprias
regras e sistema de valores, deslocando para os alunos cada vez mais a responsabilidade.
Nessa fase é importante que a escola estabeleça limites, mas que ao mesmo tempo,
estimule os estudantes a caminharem com suas próprias pernas e aprendam com seus próprios
erros, dando a eles certo grau de liberdade de escolha e de ação.
No primeiro Setênio a criança descobre o mundo através dos sentidos. No Segundo
Setênio são os sentimentos que moldam sua vida, sendo importante que ela vivencie a beleza
do mundo e busque sua compreensão, finalmente no Terceiro Setênio, o jovem compreende
que o universo, não somente a natureza, mas também as pessoas que o cercam, são
verdadeiros.
A Antroposofia desse Sentênio está centrada em um ser humano equilibrado em suas
potencialidades, em que o querer, sentir e pensar são praticados naturalmente, onde o homem
se relaciona de formas diferentes com o planeta: através da atividade física, anímica e do
âmbito do pensamento.
No Primeiro Setênio a criança aprende por imitação, repetindo tudo que está em sua
volta, resultando em uma responsabilidade enorme para o educador, no Segundo Setênio ela
atenderá melhor a solicitações feitas quando seus sentimentos estiverem envolvidos. Mas é
29
somente no Terceiro Setênio que a criança pode ser educada por meio de explicações
conceituais e intelectuais, por estar em condições de compreender o que um adulto lhe diz.
A grade curricular nesse período é distribuída em três tipos de aulas: Épocas, Aulas
avulsas e Blocos. As aulas de Épocas ocorrem no primeiro horário do dia. Durante três ou
quatro semanas seguidas, essas aulas são estruturadas de modo a tirar maior proveito quando
o caminho conceitual encadeia-se dia a dia, intercalado com as noites de sono. As aulas
Avulsas têm duração de 45 minutos, ocorrem ao longo do ano, com horários semanais fixos,
como por exemplo, aulas de Matemática ou Português. Já as aulas em Blocos são as que
ocorrem bimestralmente ou semestralmente, como por exemplo, oficinas práticas.
Cada classe no Ensino Médio tem um tutor que acompanha os alunos do 9º ao 12º
anos e sua atuação fundamenta no respeito, confiança e na responsabilidade. Semanalmente,
ele se reúne com a classe para abordar assuntos de interesse geral e coordena aulas de sua
especialidade, atividades, projetos e atua como orientador.
Bimestralmente os adolescentes recebem um boletim onde são avaliados através de
três parâmetros: conteúdo, trabalhos e participação. O conteúdo está conectado ao
aproveitamento dos instrumentos de avaliação que o professor dispõe, os trabalhos são
referentes às tarefas, trabalhos e pesquisas apresentadas dentro de um prazo fixo e a
participação é ligada ao desempenho e esforço do aluno em sala de aula.
Nessa etapa, a jovem é capaz de comunicar seus sentimentos aos outros mais do que o
rapaz e consegue redigir seu diário íntimo. O menino também apresenta essas características,
porém está mais voltado para o seu impulso conquistador. A jovem se torna mais
rapidamente adulta que o rapaz, pois é mais madura por volta dos dezesseis ou dezessete anos
e vive na consciência de sua superioridade.
É nessa época que ela começa a aprofundar sua vida emotiva e passa a ter experiências
próprias. Seus conhecimentos anteriormente adquiridos são ampliados por uma sabedoria que
lhe permite assumir tarefas que ultrapassam o grau de maturidade dos garotos.
30
Apesar do seu rápido amadurecimento, ela não pode ser considerada plenamente
adulta, pois suas ânsias e seu idealismo ainda têm algo alienado ao mundo e ela também tem
de atravessar a última maturação da vontade. A jovem precisa recuperar de certa forma, o que
o menino já adquiriu nos anos anteriores. Isso permanece como um ponto fraco da psique
feminina.
O amadurecimento fisiológico nas jovens ocorre mais cedo e, nos rapazes, o processo
de maturação coincide com a maturidade psicológica, ocorrendo ambos, entre os catorze e os
dezesseis anos. Na jovem, os dois processos se realizam separadamente, enquanto o homem
conquista e domina o mundo exterior, a mulher se aprofunda no mundo interno da alma, as
relações entre as pessoas e os impulsos anímicos.
A garota contrapõe sem reservas o seu próprio sentimento a todas as coisas confusas
que vêm a conhecer, vivenciando a solidão mais profundamente que os garotos. O rapaz vive
entre dois pólos: o da própria solidão e a felicidade que sente em conhecer o mundo, já a
jovem fica muito mais parada em suas próprias vivências e o mundo que ela deseja conquistar
é o da alma humana.
Na terceira fase, os adolescentes passam pela puberdade, mais conhecida como
“maturidade sexual”. Porém, Rudolf Steiner propôs a substituição desse nome por
“maturidade terrestre”, pois segundo ele: “A criança nessa idade não desperta apenas para a
realidade do outro sexo, mas para a realidade de toda a terra onde a separação dos sexos
constitui apenas um domínio limitado.“ (STEINER, p. 73)
A puberdade é um acontecimento dramático e grandioso, pois um mundo antes florido
e claro, agora passa, de repente, a encontrar-se despedaçado para eles, por se encontrarem em
um mundo cinzento, vivenciando a “realidade nua e crua”.
31
No final dessa etapa, o rapaz dos 18 aos 21 anos prepara-se para a vida profissional e o
tempo em que precede a idade adulta é preenchido pelo preparo dos primeiros passos rumo à
profissão futura. Ao preparar-se para uma profissão, colocam sua vontade deles na vida social
e essa vontade é passada na última fase. A síntese homem-sociedade é baseada nos ideais que
despertaram a vida dos sentimentos, expressando-os na profissão, no trabalho e na sociedade,
levando seus ideais à sociedade e sentindo-se co-responsável pela futura estrutura social.
2 PEDAGOGIA WALDORF NO BRASIL
A Pedagogia Waldorf foi introduzida no Brasil em 27 de fevereiro de 1956, na cidade
de São Paulo, por iniciativa de Schimidt, Mahle, Berkhoute Bromberg,que eram simpatizantes
da proposta e estimularam a Karl e Ida Ulrichque viessem da Alemanha para fundarem a
primeira Escola Waldorf no Brasil, devidamente contextualizada para a realidade de nosso
país, porém mantendo os princípios originais de abordagem pedagógica. A missão de Karl e
Ida era a de lecionar e preparar os educadores para que também lecionassem utilizando a
Pedagogia Waldorf.
O projeto iniciou apenas com o Jardim da Infância e as primeiras quatro séries iniciais.
O Ensino Fundamental só passou a funcionar 23 anos depois, em 1979,após os resultados
positivos que já se vinham obtendo, o que trouxe como consequente resultado, pouco mais
tarde, a implantação do Ensino Médio também.
O reconhecimento dos resultados efetivos ligados a aplicação dessa abordagem fez
com que um número cada vez maior de escolas Waldorf fosse surgindo no território brasileiro,
de tal forma que em 1998 foi fundada a Federação das Escolas Waldorf no Brasil (FEWB),
com a missão de consolidar a Pedagogia Waldorf na sociedade brasileira. Esse reforço elevou
o aumento de abertura de novos estabelecimentos de ensino Waldorf e atualmente, segundo
dados da FEWB,existem 73 Escolas Waldorf funcionando no Brasil, sendo duas delas da rede
pública municipal de ensino, na cidade de Nova Friburgo, Estado do Rio de Janeiro.
32
CONCLUSÃO
Conclui-se que a atividade pedagógica não seja meramente de ensinar, mas acima de
tudo educar, para que o educando aprenda a não alimentar a dependência de uma autoridade
do conhecimento, e sim observar as referências que lhe permitam trazer à tona sua própria
visão sobre o conhecimento. O processo educacional precisa ser um estímulo que o educando
recebe em busca de reconhecer a si mesmo e ao mundo, seus valores e suas relações, e nesse
caminho ter a oportunidade de interferir, ativa e conscientemente, em sua própria
formação,tornando-se, assim, progressivamente responsável e independente em suas escolhas.
O objetivo principal é de uma pedagogia holística que poderia ser introduzida no
sistema educacional visando à transformação da sociedade por meio da transformação do
indivíduo. A sociedade é a soma de indivíduos e, portanto, o reflexo desses. Se há algo
poderoso para a transformação social, esse algo é a educação devidamente somada ao poder
político e econômico, que são os eixos ao redor dos quais tudo gira.
O propósito de uma Escola Waldorf é, portanto, formar indivíduos em condições de
zelar por sua liberdade, prontos a responder por suas decisões, de modo a garantir não apenas
o seu bem-estar pessoal, mas sua contribuição ao mundo. A aprendizagem que privilegia
apenas o intelecto dificilmente atinge o ser humano por inteiro. As emoções e sensações que
acompanham a experiência de aprender dão sustentação ao que é captado intelectualmente.
Na Escola Waldorf, a expressão artística, é presente em todas as áreas do conhecimento,
favorecendo e possibilitando essa integração, ao expor livremente os anseios humanos.
Espera-se que, ao terminar o ensino médio, o jovem esteja, por fim, apto a identificar-se com
o homem contemporâneo.
Num mundo onde valores humanos são cada vez menos considerados, tem-se a árdua
tarefa de lutar contra uma corrente que prega a alienação, a massificação de ideias e a falta de
sensibilidade. O professor, como agente transformador da sociedade, começa transformando a
si próprio. Para a Pedagogia Waldorf, o verdadeiro educador é aquele que se propõe uma
33
constante busca espiritual pela autoeducação consciente. Para estimular o desenvolvimento de
seres humanos em formação, deve-se estar ele próprio, aberto a se transformar. É o que toda
criança ou jovem espera de qualquer adulto.
As escolas Waldorf têm-se dedicado a propiciar à sociedade humana jovens dotados
de grande criatividade, discernimento e autoconsciência, capazes de melhor contribuir para os
destinos do mundo, na medida em que compreendem o seu próprio sentido existencial.
“Educar para o futuro" significa encarar, a partir da própria organização escolar, os principais
desafios que a atualidade nos propõe.
Ao observar as crianças de hoje, temos a impressão de que elas já nascem bem mais
maduras do que as crianças de 30, 40 anos atrás. Ficamos impressionados diante da postura,
do olhar, de todo o comportamento das crianças pequenas de hoje.
Uma das perguntas fundamentais da educação atual é como lidar com essa aceleração
do desenvolvimento da criança. Será que, de fato, a solução consiste na antecipação dos
conteúdos de ensino? Ou as crianças estão esperando outra solução para as suas
necessidades?A solução está na real compreensão fisiológica e psicológica do
desenvolvimento da criança, e a partir dessa compreensão profunda, temos a tarefa, como
adultos responsáveis pela formação da criança, de proporcionar o ambiente e situações
propícias para o seu desenvolvimento durante esse período em que ela depende tanto de
nossas decisões sensatas.
34
FONTES DOCUMENTAIS
Disponível em: http://www.antroposofy.com.br/wordpress/conheca-a-pegagogia-
waldorf/ Acesso em: 10 de março de 2015
Disponível em: http://www.antroposofy.com.br/wordpress/resumo-do-
desenvolvimento-do-ser-humano-atraves-dos-9-setenios/ Acesso em: 15 de julho de 2015
Disponível em: http://www.federacaoescolaswaldorf.org.br/Pedagogia.php Acesso em:
15 de março de 2015
Disponível em: http://www.lemnisfarmacia.com.br/pedagogia-waldorf/ Acesso em: 20
de março de 2015
Disponível em: http://www.sab.org.br/portal/pedagogiawaldorf/93-a-educacao-e-as-
drogas Acesso em: 01 de Abril de 2015
Disponível em: http://seresdeluz.portaldosanjos.net/2014/01/biografia-de-rudolf-
steiner.html Acesso em: 20 de junho de 2015
Disponível em: http://waldorf.arteblog.com.br/43716/Terceiro-Setenio-O-Colegial-
Waldorf/ Acesso em: 15 de Julho de 2015
35
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BERTALOT, Leonore. Criança Querida: o dia-a-dia da alfabetização. 2. ed. São Paulo,
Editora Antroposófica, , 1995.
CALGREN, Frans. & KLINGBORG,Arne. Educação para a liberdade de Rudolf Steiner.
Ttradução Edith Kunze e Kurt O.Kunze. São Paulo: Editora Antroposofica, 2006.
LIEVEGOED, Bernardus C. J. Desvendando o crescimento: as fases evolutivas da infância e
da adolescência. 4. ed. São Paulo: Editora Antroposófica, 2007.
STEINER, Rudolf; A Metodologia do Ensino : e as condições de vida do educador. Tradução
de Christa Glass. 2. ed. São Paulo: Antroposófica, 2014.
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ANEXOS
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A Renovação do Ensino Sob o Prisma da Pedagogia Waldorf

  • 1. UNIÃO DAS INSTITUIÇÕES DE SERVIÇOS, ENSINO E PESQUISA LTDA. FACULDADES INTEGRADAS ASMEC CURSO DE LETRAS CAMILA LUCATELLI ALVES CARLOS GABRIEL SOUZA DE MIRA TATIANA MARTINS MOYA RODRIGUES TATIÉLEN POPPINGER DA DALT RENOVAÇÃO DO ENSINO SOB O PRISMA DA PEDAGOGIA WALDORF OURO FINO/MG NOVEMBRO/2015
  • 2. RENOVAÇÃO DO ENSINO SOB O PRISMA DA PEDAGOGIA WALDORF
  • 3. UNIÃO DAS INSTITUIÇÕES DE SERVIÇO, ENSINO E PESQUISA LTDA. FACULDADES INTEGRADAS ASMEC CURSO DE LETRAS RENOVAÇÃO DO ENSINO SOB O PRISMA DA PEDAGOGIA WALDORF AUTORES: Camila Lucatelli Alves Carlos Gabriel Souza de Mira Tatiana Martins Moya TatiélenPoppinger Da Dalt ORIENTAÇÃO: Profa. Esp. Andréa Martins Medeiros CO-ORIENTAÇÃO: Profa. Vanessa Aparecida Barbosa OURO FINO/MG NOVEMBRO/2015
  • 4. RESUMO A pedagogia Waldorf nasceu em meio à conturbação da Primeira Guerra Mundial e à derrubada de reformas sociais existentes. As escolas Waldorf são consideradas modelo de escola com associações mantenedoras livres, pois todos aqueles que dela participam têm autonomia administrativa e consequentemente a sua própria responsabilidade. A base dessa pedagogia é uma antropologia que descreve o homem a partir de três aspectos: um ser de corpo, alma e espírito, uma apresentação científico-espiritual, despertando o amor pelo ser humano. O ensino é dado em épocas e setênios, onde o conteúdo de cada ano é dividido em temas principais que são ensinados de maneira intensiva e profunda. O conteúdo de cada ano é adequado à idade dos alunos de modo que eles possam reconhecer dentro de si, as experiências para as quais estão prontos a viver. No primeiro Setênio a criança descobre o mundo através dos sentidos, aprende por imitação, repetindo tudo que está em sua volta, resultando em uma responsabilidade enorme para o educador. No Segundo Setênio são os sentimentos que moldam a vida dela, devendo vivenciar a beleza do mundo e buscar sua compreensão. Já no Terceiro Setênio, o jovem compreende que o universo, não somente a natureza, mas as pessoas que o cercam, são verdadeiros. Nesse setênio, os jovens podem ser educados por meio de explicações conceituais e intelectuais, por estarem em condições de compreender o que um adulto lhe diz. Essa forma diferente de levar o conhecimento para os alunos, faz com que os alunos das Escolas Waldorf se sobressaiam quanto à capacidade de concentração, criatividade, entrosamento social, autonomia e entusiasmo pelo aprendizado. PALAVRAS-CHAVE: Criatividade, desenvolvimento, ensino, liberdade, setênio.
  • 5. SUMÁRIO INTRODUÇÃO ..........................................................................................................................5 1 BIOGRAFIA DE RUDOLF STEINER...................................................................................7 1.1 FUNDAMENTOS DA ANTROPOSOFIA........................................................................12 1.2 A ESCOLA WALDORF E SEU FUNCIONAMENTO ....................................................13 1.3 PRIMEIRO SETÊNIO (DOS 0 AOS 7 ANOS DE IDADE) - PERÍODO DA MATURIDADE ESCOLAR ....................................................................................................17 1.4 SEGUNDO SETÊNIO (DOS 8 AOS 14 ANOS) –MATURIDADE SEXUAL ................22 1.5 TERCEIRO SETÊNIO (DOS 14 AOS 21 ANOS) – MATURIDADE SOCIAL ..............27 2 PEDAGOGIA WALDORF NO BRASIL .............................................................................31 CONCLUSÃO ..........................................................................................................................32 FONTES DOCUMENTAIS .....................................................................................................34 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .....................................................................................35 ANEXOS ..................................................................................................................................36
  • 6. 5 INTRODUÇÃO Esta pesquisa prioriza o tema Pedagogia Waldorf e tem como objetivo dar enfoque ao desenvolvimento dos indivíduos e sua interação com o universo, buscando entender o seu papel no mesmo. Seu objetivo é estimular os talentos individuais e fazer com que eles se tornem socialmente produtivos. O conceito de liberdade é visto como uma condição básica para a existência da vida espiritual. Segue a linha de pesquisa Educação, Cultura e Artes, abordando esse tema no início do século XX, na região oriental onde se encontra a cidade de Stuttgart, Alemanha. Num mundo onde valores humanos são cada vez menos considerados, tem-se a árdua tarefa de lutar contra uma corrente que prega a alienação, a massificação de ideias e a falta de sensibilidade. O professor, como agente transformador da sociedade, começa transformando a si próprio. Para a Pedagogia Waldorf, o verdadeiro educador é aquele que se propõe a uma constante busca espiritual pela autoeducação consciente. Para estimular o desenvolvimento de seres humanos em formação, deve-se estar ele próprio, aberto a se transformar. É o que toda criança ou jovem espera de qualquer adulto. Todas as organizações de ensino, como escolas, universidades e laboratórios científicos, são vistos como concorrência político-econômica internacional. Os currículos, estruturação do ensino, exames, entre outros, estão conectados e são adequados de acordo com as necessidades da economia ou da administração estatal. Steiner defende o fato de mesmo as nações se considerarem “livres”, a questão da liberdade cultural está afetada e prejudicada. A maneira de transformar essa realidade está no ensino e na educação que é passada para as crianças, devido ao fato de elas serem o futuro da humanidade. Espera-se que esta pesquisa venha auxiliar aqueles que buscam obter conhecimentos sobre essa significativa pedagogia que enalteceu a importância do homem no mundo, e venha trazer contribuições explicativas a um debate sobre esse esplendoroso tema. O ponto auge para a criação de escolas e universidades livres é o direito da nova geração à uma formação
  • 7. 6 livre neste sentido, que desenvolva impulsos e aptidões de forma mais versátil possível, para que possa um dia transformar essa sociedade.A partir desses conceitos, pode-se observar a função que uma vida espiritual autônoma é capaz de cumprir dentro de uma sociedade.
  • 8. 7 1 BIOGRAFIA DE RUDOLF STEINER Rudolf Steiner, filho de um funcionário ferroviário Austríaco, nasceu em Donji Kraljevec, fronteira da Áustria com a Hungria, em 27 de fevereiro de 1861.Oriundo de família simples, teve suas primeiras orientações educacionais dadas pelo pai. Suas primeiras paixões foram a matemática, a geometria, as ciências naturais e a filosofia. Dedicou-se profundamente aos estudos científicos e filosóficos, com o intuito de embasar-se o suficiente para questionar com propriedade os paradigmas acadêmicos de sua época, vindo a obter, em 1891, seu Doutorado em Filosofia, na Universidade de Rostock, Alemanha. Foi filósofo, educador, artista e esoterista. Fundador da Antroposofia, da Pedagogia Waldorf, da agricultura biodinâmica, da medicina antroposófica e da Euritimia, esta última criada em conjunto com a colaboração de sua esposa, Marie Steiner-von Sivers. A partir dos 7 anos de idade, Steiner começou a ter experiências interiores que marcaram sua vida. Acreditava que as emoções vividas eram uma realidade continuamente presente, mas durante um tempo, guardou tais experiências para si. Mesmo sendo sociável e conquistando vários amigos, não abordava com ninguém sobre o lado de sua vida interior. Prosseguia em silêncio com o treinamento espiritual sistemático que, mais tarde, apareceu em suas obras e em muitas palestras, pois o controle que tinha sobre observar as experiências suprassensíveis se desenvolveu com tal exatidão que pareceu digno defendê-las como pesquisa cientifica. Desde então, passou a apresentar seus conhecimentos. Por influência paterna, cursou Ciências Exatas no Instituto de Tecnologia de Viena. Mas foi durante os estudos técnicos, na Alemanha, que passou a ter contato com as ideias filosóficas de Johann Wolfgang von Goethe (1749-1832) e de outros pensadores. Aos 14 anos de idade financiou seus estudos e cursos acadêmicos dando aulas particulares de todas as disciplinas. Ao concluir seu curso, lecionou para um menino que,
  • 9. 8 segundo médicos especializados, era incapaz de aprender, pois sofria de uma doença chamada Hidrocefalia. Com ensino bem focado e utilizando suas próprias medidas pedagógicas, conseguiu transformar essa visão. Dois anos após, o menino obteve uma considerável melhora e pôde ser matriculado em uma escola comum com crianças da mesma faixa etária, chegando a se formar em Medicina. Em 1883 foi convidado a trabalhar no Arquivo Goethe-Schiller, na Alemanha, onde residiu até 1897 e desenvolveu interesses cognitivos e atividades literário-filosóficas. Ao mesmo tempo em que editava e catalogava as obras do filósofo alemão, começou a desenvolver sua própria linha de pensamento, a Antroposofia, e sua teoria pedagógica. Em 1894 escreveu sua obra mais conhecida,“A filosofia da Liberdade”. Após um período de vivência em Berlim, aderiu-se a uma trajetória de conferencista e escritor, desenvolvendo a Ciência Espiritual Antroposófica, ou Antroposofia, por ele mesmo fundada. A Sociedade Antroposófica é uma das principais criações de Rudolf Steiner, tendo sido fundada em 1913, em conjunto com sua colaboradora Marie Von Sievers, com quem se casou em 1914. Foi durante seus anos de militância na Sociedade Antroposófica que Steiner desenvolveu o corpo de embasamento teórico e prático da Antroposofia. No decorrer das exposições e palestras que realizou em Dornach, Berlim e em varias cidades em toda a Europa, demonstrou indicações para uma renovação em muitas áreas da atividade humana, como arte, pedagogia, ciências, organização social, medicina, farmacêutica, terapias, dança, agricultura, arquitetura e teologia. A Antroposofia não é uma religião, é uma cosmovisão, e dessa cosmovisão decorre uma imagem do ser humano, que é objeto de constante estudo para os professores. Entende que o que distingue o homem dos outros seres da natureza é a sua capacidade de decidir sobre si mesmo e de fazer escolhas conscientes. Nas Escolas Waldorf, não se prega nenhuma confissão específica, respeitando-se a liberdade espiritual de seus alunos e familiares. O sentimento de religiosidade que é cultivado na celebração das festas cristãs e também através de pequenos gestos de gratidão aos homens, à natureza e a Deus. Além de apresentar uma
  • 10. 9 série de recursos como Terapia Artística, Euritmia e a Massagem rítmica, tem um inquestionável efeito terapêutico e respeita o tempo e o sentimento da criança em relação ao seu processo de desenvolvimento. A pedagogia Waldorf nasceu em meio à conturbação da Primeira Guerra Mundial eà derrubada de reformas sociais existentes. Os cidadãos que se esforçavam para construir o futuro da Europa buscavam por orientações. Por este motivo, Rudolf Steiner começou a desenvolver as primeiras tentativas de autogestão, lançando os princípios da Trimembração do Organismo Social, em Wurttemberg, Alemanha. A campanha foi bem acolhida pela classe operária, mas não sobreviveu devido à resistência dos funcionários, que continham ideias político-partidárias das organizações trabalhistas. Esse “Movimento da Trimembração Social” demonstrou grande força vital e lançou firmes raízes. Tais princípios revalorizavam os impulsos da Revolução Francesa: “Liberdade, Igualdade e Fraternidade”, surgindo então a Sociedade Antroposófica, em 1913, em Dornach, na Suíça, também denominada Goetheanum. O primeiro Goetheanum foi destruído por um incêndio em 1922, mas foi reconstruído e tem importante participação na obra de Steiner como um grande centro de contribuições para os campos do Conhecimento Humano. Steiner morreu em 1925, nesta mesma localidade, deixando extraordinárias contribuições nos campos das artes, da organização social, da pedagogia Waldorf, da medicina, da farmacologia, da agricultura e da pedagogia curativa. A partir da análise de dimensões específicas do ser humano como o pensar, o sentir e o querer, Steiner firmou as bases de uma educação que tende a responder às necessidades atuais e futuras da humanidade. Segundo ele, uma sociedade só pode configurar-se e desenvolver-se de forma sadia e adequada às solicitações da época em que está inserida, se levar em conta as dimensões essenciais do ser humano. É necessário para concretizar a educação e o ensino de modo adequado, ter a disposição e a vocação pedagógica corretas, uma real compaixão pela alma da criança, conseguindo-se assim, formá-la de um modo geral.
  • 11. 10 Os objetivos do seu trabalho pela Trimembração Social baseavam-se então em três curtas formulações: a liberdade espiritual dentro da vida cultural, igualdade democrática na vida jurídica e a fraternidade social dentro da vida econômica. Os ideais de Rudolf Steiner apareceram bem antes de ele fundar a primeira Escola Waldorf livre, em 1919, em Stuttgart, na Alemanha. Em 1884 ele exige a liberação do ensino de qualquer intervenção do estado. A consequência dessa ideia foi a Escola Waldorf de Stuttgart ter-se tornado uma instituição não estatal e ter sido fundada como escola de uma associação mantenedora livre. Hoje, as escolas Waldorf formam a maior rede de ensino em crescimento no planeta. Estão nos cinco continentes e, embora tenham sido criadas na Alemanha, buscam incentivar e incorporar a cultura do país em que se encontram. A primeira Escola Waldorf, que chamava-seDie Freie Waldorfschule (A Escola WaldorfLivre), surgiu em 07 de Setembro de 1919, na Alemanha, sob a orientação de Rudolf Steiner. Ela foi criada a pedido de um industrial, o Sr. Emil Molt, para atender os filhos dos operários e funcionários da fábrica de cigarros Waldorf-Astória (originando o nome de sua pedagogia) de que era diretor. Foi uma experiência de sucesso. Emil Molt convidou-o para assumir a direção pedagógica da instituição de ensino, pois tomou conhecimento de suas ideias através de suas palestras e foi, então, apresentado aos funcionários como um filósofo social. Apesar do público mostrar-se receoso quanto à nova pedagogia, Steiner aprofundou- se na ideia do que ele acreditava ser uma exigência daquela época: uma escola única de 12 séries e acessível a todas as classes sociais. Seus ideais eram voltados para uma educação que visava a liberdade, e esse momento foi descrito como “A hora do nascimento da Escola Waldorf.” Steiner realizou palestras e expôs aos operários da fábrica os objetivos e propostas da educação que acreditava ser a ideal. Conquistou a confiança de todos e o desejo claramente expresso por eles pela nova instituição firmou a base desse projeto.
  • 12. 11 Emil Molt já considerava a ideia de construir uma escola e seu objetivo era que esta iniciasse em setembro. Assim sendo, compra o prédio de um restaurante no alto do vale Stuttgart, os equipamentos necessários e o reforma. Após a palestra de Steiner no Depósito de Tabaco, houve a primeira reunião entre ele, Steiner e dois futuros professores. Steiner forneceu diversas sugestões e expôs alguns detalhes relevantes quanto à distribuição de aulas e sobre o currículo da Escola que obtinha em mente. O médico chamado Dr. Eugen Kolisko contribuía na observação das crianças sob um aspecto diferenciado daquele visto pelo professor. Sua presença oferecia a possibilidade de um trabalho conjunto entre o professor e a família e auxiliava as crianças e as relações entre elas dentro da escola. O médico escolar representa o porta-voz da criança e dirige sua atenção às dificuldades que ela vem apresentando. No dia 7 de setembro de 1919 houve a inauguração da escola e para mostrar seu objetivo pedagógico, Rudolf assim o descreveu: “Aquele que disser que a Ciência Espiritual de orientação Antroposófica funda a Escola Waldorf e pretende agora introduzir nele sua visão do mundo – digo isto hoje no dia da inauguração – não estará proferindo uma verdade. Não temos interesse algum em ensinar ao jovem nossos princípios, o teor de nossa visão do mundo. Não é nosso objetivo dar uma educação dogmática. Nosso objetivo é que aquilo que conseguimos conquistar através da Ciência Espiritual se torne ação viva de educação.” STEINER (2014, P.18) Rudolf Steiner faleceu em 30 de março de 1925, aos sessenta e quatro anos, em Dornach, Suíça, deixando extraordinárias contribuições em diversos campos do conhecimento humano. A obra completa do grande filósofo foi publicada, incluindo seus 40 livros e aproximadamente 6.000 palestras, totalizando mais de 350 volumes.
  • 13. 12 1.1 FUNDAMENTOS DA ANTROPOSOFIA O termo Antroposofia (do grego anthropo + sophia– sabedoria humana)diz respeito a um conjunto de princípios que servem de base a um sistema filosófico,científico, artístico e espiritual que foi fundado por Rudolf Steiner, a partir de 1902, quando este ainda era presidente da Sociedade Teosófica da Alemanha. Em 1913 Steiner se afasta da Sociedade Teosófica para fundar a Sociedade Antroposófica. A Antroposofia é um caminho de conhecimento que deseja levar o espiritual da entidade humana para o espiritual do universo. Ela aparece no ser humano como uma necessidade do coração e do sentimento, e deve encontrar sua justificativa no fato de poder proporcionar a satisfação dessa necessidade. A Antroposofia só pode ser reconhecida por uma pessoa que nela encontra aquilo que, a partir de sua sensibilidade, deve buscar.Portanto, somente podem ser antropósofos pessoas que sentem como uma necessidade de vida certas perguntas sobre a essência do ser humano e do universo, assim como se sente fome e sede (STEINER, 1923,GA 306). Segundo Steiner, a Antroposofia é uma ciência espiritual. Ele a classifica como espiritual porque entende que seja uma sabedoria intuitiva emanada do espírito humano e se faz ciência devido a possibilidade de ser demonstrada no mundo material por meio das metodologias que despertam e desenvolvem uma série de faculdades latentes na natureza do homem em constante evolução. A Antroposofia é um método de conhecimento da natureza do ser humano e do universo, que amplia o saber obtido pelo método científico convencional, preenchendo o enorme abismo existente entre ciência e espiritualidade. As ferramentas utilizadas na metodologia antroposófica pretendem ativar habilidades ocultas do cérebro do praticante, que o permita superar a barreira existente entre o mundo das formas e o universo dos princípios que permeiam todas as manifestações de vida.
  • 14. 13 1.2 A ESCOLA WALDORF E SEU FUNCIONAMENTO As escolas Waldorf são consideradas modelo de escola com associações mantenedoras livres, pois todos aqueles que dela participam têm autonomia administrativa e consequentemente a sua própria responsabilidade. Não há administração central; cada Escola é independente. Há, contudo, associações que apoiam o movimento, promovendo cursos e congressos de atualização de professores e, muitas vezes, ajuda financeira para escolas de poucos recursos materiais. A base dessa pedagogia é uma antropologia que descreve o homem a partir de três aspectos: um ser de corpo, alma e espírito, uma apresentação científico- espiritual, despertando o amor pelo ser humano. A organização administrativa de cada instituição Waldorf também segue o princípio da autogestão. Não há um único dono ou diretor, mas conselhos. Os professores são plenamente responsáveis pelos seus procedimentos pedagógicos, trabalhando sempre em equipe. Cada escola é representada juridicamente por uma Associação sem fins lucrativos, da qual participam professores, pais, e aqueles que sentem afinidade com os seus propósitos educativos e culturais. Esta filosofia, ou tipo de gestão que dela provém, não muda em nada quaisquer responsabilidades pedagógicas, financeiras ou jurídicas. A Escola Waldorf responde a todos estes níveis, como qualquer outra escola. Pais e professores dedicam seu esforço para a criação de um ambiente de ensino positivo para as crianças, focando em um currículo comprometido com o ideal de se orientar com base em conteúdos e métodos que se renovam com o estado de desenvolvimento infantil e de acordo com a independência espiritual. Já existem mais de 190 Escolas Waldorf na Alemanha e quase 900 em todo o mundo, sendo um caso único na história da pedagogia. Essas escolas serviram de base para iniciativas de reforma no sistema escolar federal. Nessas escolas não há qualquer seleção social entre alunos e não existe reprovação. Conta sempre com a ajuda de um médico-terapeuta, que dá
  • 15. 14 apoio no dia a dia escolar. Sua propagação mundial ocorreu devido a sua modernidade, vivacidade e abertura a todas as culturas do mundo. No Brasil, a primeira Escola foi criada em 1956, em São Paulo. A partir de então, o movimento tem se expandido com novas escolas em Aracajú (SE), Belo Horizonte, Botucatu (SP), Brasília, Curitiba, Cuiabá, Florianópolis, Fortaleza, Friburgo, Juiz de Fora, Ribeirão Preto, Rio de Janeiro e Salvador, entre outras. O conceito de liberdade é visto como uma condição básica para a existência da vida espiritual. Muitas vezes, nas escolas que não utilizam a pedagogia Waldorf, a ambição do planejamento industrial-estatal acaba por tomar parte na estrutura do sistema de ensino e pesquisa, e consequentemente em toda vida cultural. Todas as organizações de ensino, como escolas, universidades e laboratórios científicos, são vistos como concorrência político-econômica internacional. Os currículos, estruturação do ensino, exames, entre outros, estão conectados e são adequados de acordo com as necessidades da economia ou da administração estatal. Steiner defende o fato de mesmo as nações se considerarem “livres”, a questão da liberdade cultural está afetada e prejudicada. Sua concepção é centrada no ser humano, que deve crescer e se desenvolver livre de exigências do poder público e da vida econômica, até que ele se torne um cidadão ativo e possa por si mesmo participar dessas questões na sociedade. Se as exigências de um país industrial moderno afetarem de maneira elevada os exames do sistema de ensino, as necessidades dos estudantes e sua formação abrangente serão afetadas. A maneira de transformar essa realidade está no ensino e na educação que é passada para as crianças, devido ao fato de elas serem o futuro da humanidade. Valoriza-se, então, as realizações que são feitas individualmente e que posteriormente se expandam dentro de uma comunidade.
  • 16. 15 Os educadores contêm uma grande responsabilidade em mãos, pois as chances que o indivíduo tem de explorar suas fontes interiores vão depender da cautela que é passada para ele. Seu objetivo é estimular os talentos individuais e fazer com que eles se tornem socialmente produtivos, deixando de lado a educação que aborda uma continuidade linear voltada para o desenvolvimento técnico-econômico. O ponto auge para a criação de escolas e universidades livres é o direito da nova geração a uma formação livre neste sentido, que desenvolva impulsos e aptidões de forma mais versátil possível, para que possa um dia, transformar essa sociedade. Os professores das escolas e universidades formam corporações livres e contam com a colaboração natural de seus alunos e do ambiente, cuidam da formação da nova geração de profissionais e têm de definir autonomamente as questões ligadas aos currículos e métodos de ensino. Esse tipo de independência também é aplicado no campo das ciências. Em consequência dessa autonomia, as instituições de formação e pesquisa têm a liberdade de comunicar-se além das fronteiras. A partir desses conceitos, pode-se observar a função que uma vida espiritual autônoma é capaz de cumprir dentro de uma sociedade. É preciso que todas as instituições adotem esse método sem considerar interesses econômicos e políticos. O professor Waldorf, além da formação tradicional exigida pelo MEC, passa por uma formação específica que consiste nos Cursos de Formação em Pedagogia Waldorf, e matérias teóricas que tratam do currículo e do desenvolvimento da criança, como filosofia, vivências com artes, música e trabalhos manuais. Entretanto, a formação de todo professor se completa dentro da sala de aula, no exercício diário da sua missão. As próprias crianças e jovens ensinam como se deve lidar com eles, mostrando caminhos, tornando-se companheiros de vida. Na metodologia de ensino da Pedagogia Waldorf, não há o uso do livro didático, pois são os alunos que elaboram o seu próprio material de ensino. Esse material é chamado
  • 17. 16 “cadernos de época”, com resumos de um período de aulas. Os textos são ditados pelo professor e as ilustrações são confiadas aos alunos. Quando estão no ensino médio, redigir um texto é um exercício extremamente importante. Outra proposta de ensino que podemos encontrar no ensino Waldorf é a ”Euritmia”. Essa modalidade de interação coloca em evidência os sons predominantes de um poema. Pode-se dizer que os sons vocálicos e as onomatopeias transmitem algum valor ou sentimento para quem os recita. Esse sentimento é o da vontade. Vontade de querer aprender, de querer descobrir, etc. Justamente durante a festa mensal, os alunos Waldorfs podem mostrar aos pais o que aprenderam durante as aulas (poemas, canções, dramatizações). “O ensino de Euritmia, portanto, faz grandes exigências humanas á riqueza de criação artística dos euritmistas, á capacidade de fundamentar e esclarecer e, não por último, ao humor.” (CARLGREN & KLINGBORG, 2006, p. 64). O ensino é dado em épocas e setênios, em que o conteúdo de cada ano é dividido em temas principais que são ensinados durante três ou quatro semanas de maneira intensiva e profunda. O conteúdo de cada ano é adequado à idade dos alunos, de modo que eles possam reconhecer, dentro de si, as experiências para as quais estão prontos a viver. O currículo proporciona ao aluno uma visão ampla e viva das matérias, além de possibilitar a aquisição de conhecimentos gerais e preparar o jovem para o exercício da cidadania. Essa dinâmica permite aos alunos uma espécie de digestão do conhecimento adquirido. Quando se retorna a uma época, as crianças estão cheias de novidades e com vontade de aprender mais. A diferença está na forma com que os assuntos são trazidos a elas e no respeito às suas fases evolutivas. Frequentemente os alunos das Escolas Waldorf se sobressaem quanto à capacidade de concentração, criatividade, entrosamento social, autonomia e entusiasmo pelo aprendizado. Há três aspectos que se expressarão a seu tempo e que precisam ser devidamente atendidos, são eles: QUERER, SENTIR e PENSAR. O autor explica que durante o Primeiro Setênio as energias da criança estão sendo canalizadas para o corpo físico. Mais tarde, durante o Segundo Setênio, essas energias fluirão em função dos sentimentos e das emoções. E,
  • 18. 17 finalmente, no Terceiro Setênio a corrente natural da formação humana estará direcionando as energias para o pensamento. 1.3 PRIMEIRO SETÊNIO (DOS 0 AOS 7 ANOS DE IDADE) - PERÍODO DA MATURIDADE ESCOLAR Na Pedagogia Waldorf dá-se uma importância fundamental à educação no primeiro setênio, por tratar-se da fase da vida na qual é desenvolvida a organização do corpo físico. A visão que Steiner tem é a de que a criança está aberta ao mundo, receptiva, não oferece resistência alguma às informações que lhe cercam e isso torna o fluxo de dados, que chega de fora, o eixo de maior importância nesse período da vida. O primeiro período de vida da criança foi dividido em três fases: a fase do lactante, da tenra infância e a da transição rumo à escolaridade. A função mais importante da consciência do recém-nascido é a percepção. A criança é totalmente um órgão sensorial, toda a sua atividade psíquica tem por finalidade conhecer o mundo à sua volta. Perceber é um processo ativo, onde a atividade reside no interesse pelo mundo exterior. Uma criança retardada recebe do mundo exterior o mesmo número de impressões que uma criança normal, porém ela não chega a ter percepção, pois falta, ou há dentro dela em escala menor, o interesse ativo pelo mundo externo. Na criança pequena, esse interesse ativo resulta de uma cobiça1 e não de uma vontade consciente. A vontade é a cobiça dirigida pelo eu. Essa entrega ao mundo ocorre com uma força comparável apenas na vida posterior, à devoção do homem religioso. “Em suas conferências pedagógicas, Rudolf Steiner falou dessa dedicação “religiosa” ao mundo ambiente denominando-a com uma nova expressão: religiosidade corporal.” (Lievegoed, Bernard.2007, pág. 38) 1Tradução apenas aproximada para Begierde, palavra alemã isenta da conotação negativa sugerida pela correspondente em português. (NT)
  • 19. 18 A educação visa proporcionar um corpo são para torná-lo um melhor instrumento de expressão e atuação durante todo o aprendizado futuro. Nessa fase a criança aprende a adequar-se aos apelos do mundo por meio da imitação das pessoas e das ocorrências ao seu redor.Cabe aos pais, neste primeiro período de desenvolvimento, uma enorme responsabilidade em relação à criança. Educacionalmente, exercemos grande influência nos primeiros anos de vida por aquilo que somos e pela confiança e moralidade que adquirimos e manifestamos mediante nossos atos. A criança desse período, que aparentemente não entende nada, é a que mais assimila os conteúdos anímicos mais profundos de seu ambiente. Diante de uma infinidade de opções de ambientes e estímulos externos consequentes do desenvolvimento da humanidade atual, cabe a nós, adultos, escolhermos a qualidade do ambiente e atitudes dignas de serem imitadas pelas crianças. Pode-se observar nitidamente três passos no despertar da consciência da criança de0 a 7 anos de idade. Esse período destaca-se como um desenvolvimento inconsciente, que não apela a um raciocínio intelectual para aprender as coisas da vida, e é quando se aprende por imitação. A atividade interior da criança faz com que ela descubra também sua própria corporalidade e constata-se que o próprio corpo também é um mundo exterior desconhecido. Ao estudar o desenvolvimento da vida emocional da criança deve-se observar o caráter da atividade lúdica. Na criança, a brincadeira começa cedo. Ela brinca com o que aparece casualmente em seu campo de visão, as mãozinhas, ao surgirem em seu campo visual, constituem o seu primeiro brinquedo, descobrindo mais tarde os pés que somem e precisam ser procurados, depois argolas e chocalhos de madeira, mais tarde caixinhas e cubinhos. A criança tem a característica de querer brincar sempre com o que está perto, ao alcance de sua visão. Do nascimento até, aproximadamente, 2 anos e 4 meses ou 3 anos, a criança apresenta uma visível necessidade de movimentar-se constantemente. Os movimentos ainda são caóticos e desajeitados, não dirigidos por uma consciência racional. O aprendizado do andar e do falar, que ocorre inconscientemente, vai se encaminhando ao primeiro momento de uma
  • 20. 19 autopercepção, não muito consciente, quando a criança começa a se autodenominar como "eu". (antes dessa consciência: "João quer comer"; passando a falar: "Eu quero comer"). Há crianças que quando imitam mais passivamente, conseguem assimilar a linguagem falada de um modo mais ou menos servil e outras buscam uma maneira própria de se expressar. Outras crianças continuam por algum tempo falando desarticuladamente, devido a sua incapacidade de captar a linguagem. Em geral são crianças que mais tarde, desenvolvem aptidões visuais frente ao mundo, muitas vezes é um indicio de retardamento geral. Primeiramente a criança aprende a denominar o mundo ambiente objetos como cadeira, mesa, árvore. Ela reconhece o objeto e lhe denomina um nome. “Aprender a falar é, pois, o início de um processo de separação entre o próprio ser e o mundo global, processo que só termina com a puberdade.” (Lievegoed, Bernard.1994, pág. 44). Quando a fala vai além da mera denominação e a criança começa a juntar palavras para formar frases, desenrola-se a primeira atividade pensante, que no ato da fala desperta a formação de conceitos. Estes conceitos iniciais não possuem um conteúdo concreto, referem- se à globalidade. Primeiro a criança tem a noção de um todo e, deste, vão se destacando os diversos elementos. Suas primeiras representações mentais apresentam-se mal definidas e delimitadas e, somente mais tarde, é que os ricos conceitos da criança transformam-se em conceitos aguçados e mortos dos adultos, dos quais aos poucos, vão desaparecendo o conteúdo vivencial. É através do contato com a fala e por sua prática que se desenvolve o pensar. Todavia, os primeiros conceitos da criança referem-se concretamente ao mundo exterior, surgindo o “conceito das coisas”. No aprendizado da fala, uma grande responsabilidade recai sobre o ambiente da criança, no primeiro ano é o ambiente moral que influiu nela e agora o fator importante é o modo correto de falar em sua presença. Uma língua materna bem articulada oferece à criança, condições para a união da língua com o seu eu. Um vocabulário bem articulado, proveniente do mundo ao redor, contribuirá para um pensar diferenciado na criança. É válido tanto para a capacidade imaginativa, que é nascida depois da denominação,
  • 21. 20 como para o processo lógico do pensar, que se desenvolva consecutivamente a sintaxe e uma boa estrutura sintática, que fornece uma base para a dinâmica do pensamento. É o momento em que a criança deve ter a oportunidade de desenvolver suas habilidades físicas e adquirir a consciência corporal. Ela irá aprender, pela conquista natural de seus movimentos, a ação exemplar do adulto. Dos 2 anos e meio até os 4 anos e oito meses ou 5 anos, depois de a criança ter chegado a se auto denominar como o "eu", ela vai acordando para a percepção do outro, do você. Com essa nova conscientização do mundo, ela irá se inserir no âmbito social. Antes a criança adaptou-se à vida no mundo físico, agora ela adapta-se ao mundo social, onde vive intensamente sentimentos alternados entre simpatias e antipatias. Ela deixa-se guiar pelas emoções e não por uma compreensão racional. Explicações não levam e nem resolvem nada nessa idade. O educador irá apelar para a imitação, mas agora também pode apelar à imaginação. A criança se relaciona com o mundo como se tudo nele sentisse e percebesse as coisas como ela (a cadeira, por exemplo, pode chorar quando cai). A criança vive numa consciência onírica, imaginativa. A brincadeira infantil passa por uma profunda transformação ao redor dos quatro anos. Antes a criança dirigia-se ao que encontrasse por acaso em seu campo visual, e o sentir estava ligado à percepção das funções vitais, agora ela se distancia dessas imediações, no emocional uma nova força se contrapõe ao mundo exterior, a qual se pode chamar de fantasia criativa. A brincadeira é mais fortemente intensificada. Ela sobrepôs sua fantasia à realidade e um mundo de contos de fadas vem a luz a partir da própria criança, onde tudo é possível. Começa aí um período em que a criança vê o mundo através de um vidro, onde tudo se transforma conforme sua vontade. O adulto deve levar a sério esse brincar e enriquecer a vida interior da criança, lhe oferecendo novas oportunidades e novos conteúdos. Não havendo espaço suficiente no lar, este é o momento certo de levar a criança ao jardim-de-infância, onde ela entra em contato com as histórias dos contos de fadas de que necessita e dispõe do espaço necessário para dar livre curso a sua fantasia. Todos os objetos existentes nesse espaço são utensílios necessários para a criança se fantasiar, então o ideal de um jardim-de-infância terá sido alcançado.
  • 22. 21 Nessa fase continua a necessidade da criança ter a oportunidade de conquistar naturalmente a consciência corporal. Isso não quer dizer estimular e condicionar, mas oferecer o ambiente adequado e situações para que ela própria tenha a alegria de conquistar e adquira segurança do que aprendeu de fato. Nessa fase a criança pode perfeitamente responder a estímulos dos adultos, como a possibilidade de alfabetização precoce, mas isso, além de não interferir de forma a melhorar capacidade intelectual quando adulto, irá tirar a oportunidade de a criança desenvolver sua fantasia, despertar a alegria da conquista e aquisição da sua segurança diante do mundo, tão mais importantes para sua formação, especificamente nesse tempo tão precioso da vida. Dos 5 aos 7 anos podemos observar o surgimento de um novo comportamento. Até agora a criança aprendeu a lidar com o espaço e seus limites e então aprende a inserir-se no tempo. Ela consegue situar-se no ontem, hoje e amanhã, nos dias da semana, etc.; a criança também consegue captar a sequência temporal dos acontecimentos. Suas brincadeiras seguem uma sequência mais próxima da realidade, ela tem uma primeira noção de causa e efeito. A imaginação se cristaliza levemente em representações mentais das experiências vividas no mundo. Têm início os primeiros passos de um raciocínio, e só agora, em torno dos 6 anos completos, no sétimo ano de vida, é que podemos apelar a uma compreensão de ideias, de pensamentos sobre o mundo, que são colocados pelos adultos. Só agora é que a criança está pronta para ser alfabetizada sem prejudicar sua futura saúde. Na Pedagogia Waldorf, procura-se criar um ambiente adequado para a criança experimentar amplamente as possibilidades que seu processo de amadurecimento lhe proporciona. A criança deve usufruir com muita alegria a repetição de cada nova conquista no seu caminho de adaptação e conhecimento do mundo. E voltamos a frisar que a qualidade sempre tem mais valor que a quantidade.
  • 23. 22 1.4 SEGUNDO SETÊNIO (DOS 8 AOS 14 ANOS) –MATURIDADE SEXUAL Após os primeiros sete anos de vida, após passar pelas transformações do primeiro setênio, a criança a partir de agora, adquire a maturidade escolar. No desenvolvimento de sentir as fantasias criativas, assumem o papel de um véu que não deixa despertar a vida de sentimentos na criança. Mesmo assim, “as primeiras estipulações de metas são sempre uma tentativa de realizar determinados desejos”. (LIEVEGOED, 2007). Diversas transformações acompanharam e acompanharão a criança. Até os sete anos o corpo e a maturidade se desenvolveram, porém, a criança ainda faz separação entre o mundo interior e exterior. Ela constrói e fortifica seu interior para suportar os abalos do mundo de fora. O mundo não se restringe mais em desejo ardente e associativo às percepções. O pensar começa abrir as asas para pairar em sua própria formação, adquirindo a capacidade de desenvolver seu caráter pictórico, ou seja, passando da percepção à imagem carregada de conceitos. Para Lievegoed (2007, p. 60): “Essa vida de imagens conceituais é muito pronunciada justamente nos primeiros anos desse segundo período da vida. Elas se coadunam num universo fechado que só será abalado na puberdade. Esse mundo infantil é algo maravilhosamente real e irreal.” Se na primeira fase a criança era um órgão sensorial, imitando o que acontecia ao seu redor, agora ela está aberta ao que se diz em seu ambiente. Sente-se atraída pelas pessoas que tem o dom de contar histórias verdadeiramente belas. A criança só compreende com o auxílio da palavra falada, ou seja, compreenderá quando ela própria falar. Nessa época que se dá dos 7 aos 9 anos, o estudo deve ser pautado nos contos de fadas e fabulas. O professor deve ser o mais artístico e criativo possível para que as crianças recebam grandes e pequenas verdades, sem moralização, a partir dos contos e fábulas. Lievegoed (2007) define que “cabe ao professor desenvolver o que assim foi preparado; porém ele só poderá fazê-lo por meio da palavra, pela narração e pelo convívio diário”.
  • 24. 23 Os três primeiros anos de vida, onde a criança tem energia da vontade apoderando-se do pensar em evolução, faz com que ela se abra para um novo mundo ao que se entrega com veneração. Esses três anos de vida não trazem problemas ligados à ordem. O professor tem a seu favor a autoridade ilimitada e a criança segue de bom grado sua orientação. Para a criança é muito importante ter ferramentas para ela exercitar toda sua vida anímica e não apenas o intelecto. Chegando perto da quarta série escolar acontece outra grande e profunda transformação na relação da criança com o mundo. De repente, o professor2 que conviveu com a turma durante três anos, chega à quarta série sendo “odiado”. Essa mudança ocorre porque o sentir é objetivado. A criança sente semiconscientemente seu isolamento em relação ao Cosmo e seu aprisionamento num mundo escuro, limitado pela corporalidade. Lievegoed (2007, p. 66) exemplifica que: “De repente a criança sente medo no escuro. Receia que um homem possa estar escondido embaixo da cama e esconde-se sob o cobertor, encolhendo as pernas. A porta para o corredor precisa ficar aberta; a criança precisa poder ouvir os pais.” Ocorre também uma mudança mais significativa, em que a criança percebe a dualidade entre ela e o mundo ao seu redor, o mundo dos adultos. Nasce nela uma visão mais crítica que resulta de uma nova forma de pensar. Outra novidade é o fato de passar a utilizar suas próprias vivências como referência para seus entendimentos e conclusões. São também traços marcantes desse período: a amizade, a justiça, a honra, os valores morais dentro das relações sociais. Passam a empregar então, expressões cada vez mais cruas. Durante esse período além da crítica, aparece o poder da observação. Nessa idade, pela primeira vez, a morte é vivenciada como um problema, podendo dar oportunidade a profundas considerações. A criança se sente como algo oposto ao mundo exterior. No primeiro período, seu mundo era protegido pelo véu da fantasia. Porém, na fase presente o véu foi rasgado e a polaridade “eu - mundo”, “dentro-fora” se torna realidade. De um lado, ela acha tudo chato e maçante, e de outro, sonha com experiências novas. A fim de evitar que tudo vire algo chato, Lievegoed (2007, p.67) propõe que “a criança deveria entrar em relação com a Natureza não 2 Sempre pressupondo a Pedagogia Waldorf,o Autor refere-se aqui ao mesmo “professor de classe”que acompanha seus alunos da primeira à oitava sérieescolar.(N.E.)
  • 25. 24 de um modo cientifico, e sim artístico.” A Natureza servirá para que ela tenha novas experiências satisfazendo a necessidade íntima. Desenhar as folhas e plantas inteiras é uma maneira de familiarizá-la com o universo das formas naturais. Depois de passar por esses períodos, a criança chega à pré-puberdade com uma nova transformação no relacionamento volitivo com o mundo. Nos períodos anteriores a criança fixou uma determinada meta e procurou realizá-la e, agora, tentará conquistar o mundo. Esse processo começa na pré-puberdade e termina nos anos da puberdade propriamente dita. A brincadeira dos meninos será “mocinho e bandido”, não pela briga em si, mas pelo prazer de brincar de agressão. Os meninos dessa idade adoram formar clubinhos, onde dentro de uma cabana, planejam aventuras diversas. Seus movimentos são angulosos e rígidos e, para eles, as meninas adquirem um papel inferior, servindo no máximo, para lhes puxarem os cabelos ou coisas do tipo. As energias liberadas devem ser dirigidas pedagogicamente, caso contrário a juventude degenera em arruaças e banditismo. Uma alternativa maravilhosa é a organização de excursões pela Natureza, acampamentos para que os meninos possam encontrar as forças morais no mundo como um todo; zelando para que a juventude dessa idade não se engaje em egoísmos políticos grupais e tenham uma vida social mais desprendida das coisas materiais. Os problemas nas jovens são diversos. Aqui também existe a necessidade de criar grupinhos. A diferença entre os meninos e as meninas é que os primeiros têm uma vitalidade explosiva e a necessidade de livrar-se do excesso de forças, já os segundos se preocupam com exclusivismo, sonhos cheios de fantasias, falta de tolerância, risos plenos de subentendidos, e quando chega à puberdade há uma diminuição de sua energia, e a primeira menstruação. Não adianta queixar-se da juventude mal criada. O autor defende que: “Os verdadeiros educadores deverão ter a capacidade de orientar os jovens também nessa idade. O novo desabrochar da vontade trará uma renovação dos sentimentos de veneração, não tão cômodos de satisfazer quanto junto a crianças de seis anos.” (LIEVEGOED, p.69).
  • 26. 25 Aos 12 anos, o menino tem uma visão um pouco mais realista do mundo ao seu redor e com ideais mais amplos. Tem a necessidade de conhecer o mundo. O segundo setênio traz uma evolução psicológica. O pensar, o sentir e o querer passam a evoluir dentro do ambiente fechado da própria personalidade. Após entendermos o desenvolvimento da criança dos 7 aos 14 anos, o tema que irá prevalecer no segundo setênio é a alfabetização. No entanto, é preciso ressaltar que alfabetizar vai muito além da decodificação de letras, ou seja, é um processo de aquisição de conhecimentos e de uma visão de mundo e não apenas uma técnica de ler e escrever. A primeira aula é chamada de “aula principal”, quando durante 120 minutos o professor de classe ensina e exercita o conteúdo da matéria da Época Temática em pauta. A aula é dividida em 4 partes onde: o primeiro momento consiste na saudação, onde acontece uma explicação de como será estruturada suas aulas e o que os alunos terão ao longo dessa Época ; o segundo momento é a harmonização (canto, ritmo, movimento, etc.); o terceiro é o momento prático da matéria (recordação, diálogo, exercitação gráfica e uma curta retrospectiva) e o quarto é o ato de contar uma história para alimentar e enriquecer a vida interior da criança. Os materiais usados pelos alunos são: o giz de cera grosso (nas cores azul, amarela e vermelha, que são as cores básicas) para desenhar e escrever; cadernos ou folhas sem pauta- do tamanho do papel sulfite; para exercitar formas e letras, sugere-se o uso de madeira (compensada ou prensada) pintada de preto e para escrever nelas, usa-se o giz do quadro- negro e um pano para apagar os exercícios. O próprio caderno do aluno servirá como cartilha para iniciar a leitura. As Épocas do primeiro semestre são dividas em outras seis épocas. A Primeira Época irá tratar do preparo para a alfabetização e desenho de formas. O professor de classe usa uma história ou música para que a alfabetização se inicie, ou seja, as letras e as formas serão assimiladas através da história ou música trabalhada pelo professor. É de suma importância dar ao aluno algo concreto para assimilar o que foi estudado. O papel do professor é encorajar os alunos a contarem, relembrarem as histórias e músicas aprendidas.
  • 27. 26 Na Segunda Época os exercícios de lateralidade e ritmo irão parecer ainda. A dicção irá assumir um papel importante para que haja a compreensão das palavras através das parlendas e movimentos com palmas e pés, introdução das letras A,E,I,O,U,B,D,L,M,R,S,T,V com o vocabulário do tema da Época. O aprender a ouvir será trabalhado com as crianças, pois um bom ouvinte é um bom falante. A Terceira Época é caracterizada pelo desenvolvimento da introdução aos números. Os alunos irão cantar os números andando para que a assimilação aconteça. Nessa época, o professor irá apresentar os sinais para as quatro operações e o uso dos algarismos romanos antigos. Os cálculos irão acontecer com números até 10, usando objetos, os dedos e crianças para representá-los. Com a Quarta Época, retoma-se o desenvolvimento da escrita de letras maiúsculas, a mímica, a recitação de histórias que tem como personagens fadas, gigantes, gênios, membros da família, partes do dia, etc. O professor deve ser o mais criativo possível para que a criança desenvolva sua dicção, que ainda é trabalhada nessa época. Na Quinta Época retoma-se o estudo de cálculos, o contar rítmico até 100, andando e contando para frente e para trás e exercícios para verbalizar as contas. Então se finaliza a segunda época de números. O primeiro semestre das épocas é finalizado com a Sexta Época, onde ainda é trabalhada a dicção, ritmo e movimento, introdução das letras C, G, H, J, Q, X, Z e CH, NH, LH e ÃO, completando o alfabeto de letras maiúsculas. Deve-se ressaltar que cada época dura 15 dias para que os alunos não se cansem do mesmo tema. Dessa forma, o tema pode ser explorado ao máximo, fazendo com que os alunos aprendam de uma forma significativa. O segundo semestre inicia-se com a Sétima Época, onde serão trabalhadas as “letras-mães” e as “letras-filhas”: A a, B b, G g, etc., frases ou palavras do tema, escritas nas duas formas, maiúscula e minúscula Retoma-se os números (terceira época de números) com a Oitava Época, onde os alunos irão aprender a fazer as quatro operações com números até 20 ou mais, oralmente, e irão representar cálculos com desenhos e com os algarismo romanos até 10. A Nona Época é voltada para o ensino das letras novamente, com o trabalho dos encontros consonantais e apresentação de versinhos com esses encontros. A dicção é mais uma vez trabalha fortemente nessa época.
  • 28. 27 Os números arábicos são introduzidos na Décima Época. Os alunos aprendem a fazer cálculos orais com objetos e números puros e os transformam em sinais matemáticos. Exercitam muito a passagem da dezena e registram contas com algarismos até 20. Finalizamos então com a Décima primeira Época, em que acontece a introdução da letra cursiva. É feito uma retomada dos conteúdos estudados, dos ritmos, dos cantos, dos sons das letras com auxilio de versinhos. Nota-se que a palavra “avaliação” não foi mencionada em momento algum, pois “cada aluno apresenta um índice particular de aproveitamento e de rendimento escolar. Podemos avaliar se o aluno mostrou interesse, esforço, compreensão, capricho, prontidão e concentração nas atividades propostas, e como se relacionou com os colegas.” (BERTALOT, p.284). Sabe-se que através da leitura, o conceito do uso da língua vai sendo desenvolvido e aprimorado. O indivíduo faz uso da língua conforme suas necessidades. Com o avanço da tecnologia, dos esportes e das ciências – itens que formam nosso modo de usar a língua- o uso tem sido cada vez mais modificado. Há um grande comprometimento em transmitir o sentimento de língua materna para as crianças, um comprometimento que deve ser formado no espírito e que ocasione a mudança na forma de se expressar através da língua usada. Os professores de língua materna e de língua estrangeira, na Pedagogia Waldorf, mantêm uma ligação.Essa ligação é necessária para que os alunos possam expressar sentenças completas, ler poemas, corrigir redações e cadernos de época. Esse contato com a língua materna, propicia ao professor de língua estrangeira, um contato direto com a língua em que ele foi letrado. Ato que ajuda o professor a entender sua língua e a língua estrangeira. 1.5 TERCEIRO SETÊNIO (DOS 14 AOS 21 ANOS) – MATURIDADE SOCIAL O terceiro ciclo ocorre dos 14 aos 21 anos e equivale ao Ensino Médio, ou seja, 9º ao 12º anos. Nesse período os estudantes estão aptos para exercitarem o pensamento, fazerem uma análise crítica do mundo e sentem a necessidade de se expandirem e se libertarem.
  • 29. 28 Os adolescentes se encontram numa fase em que deixaram de ser crianças e ainda não são adultos. Vivenciam drásticas mudanças físicas e sua autoconsciência é despertada aos poucos. Sentem insegurança e necessitam de compreensão por parte dos adultos. Querem conhecer o mundo, mas para isso precisam desenvolver objetividade, capacidade de fazer observações, comparações e julgamentos. Passam a não aceitar as coisas como lhes são apresentadas, consequentemente, têm uma atitude crítica diante de tudo, se fecham para o universo e o observam tudo de fora. Muitas vezes assumem atitudes de rebeldia contra o mundo adulto. Essa é a fase onde o “eu” é despertado e passam a apresentar sua individualidade como sendo autônoma, passando a negar regras. Dessa forma passa a ser necessário induzi-los a estabelecerem suas próprias regras e sistema de valores, deslocando para os alunos cada vez mais a responsabilidade. Nessa fase é importante que a escola estabeleça limites, mas que ao mesmo tempo, estimule os estudantes a caminharem com suas próprias pernas e aprendam com seus próprios erros, dando a eles certo grau de liberdade de escolha e de ação. No primeiro Setênio a criança descobre o mundo através dos sentidos. No Segundo Setênio são os sentimentos que moldam sua vida, sendo importante que ela vivencie a beleza do mundo e busque sua compreensão, finalmente no Terceiro Setênio, o jovem compreende que o universo, não somente a natureza, mas também as pessoas que o cercam, são verdadeiros. A Antroposofia desse Sentênio está centrada em um ser humano equilibrado em suas potencialidades, em que o querer, sentir e pensar são praticados naturalmente, onde o homem se relaciona de formas diferentes com o planeta: através da atividade física, anímica e do âmbito do pensamento. No Primeiro Setênio a criança aprende por imitação, repetindo tudo que está em sua volta, resultando em uma responsabilidade enorme para o educador, no Segundo Setênio ela atenderá melhor a solicitações feitas quando seus sentimentos estiverem envolvidos. Mas é
  • 30. 29 somente no Terceiro Setênio que a criança pode ser educada por meio de explicações conceituais e intelectuais, por estar em condições de compreender o que um adulto lhe diz. A grade curricular nesse período é distribuída em três tipos de aulas: Épocas, Aulas avulsas e Blocos. As aulas de Épocas ocorrem no primeiro horário do dia. Durante três ou quatro semanas seguidas, essas aulas são estruturadas de modo a tirar maior proveito quando o caminho conceitual encadeia-se dia a dia, intercalado com as noites de sono. As aulas Avulsas têm duração de 45 minutos, ocorrem ao longo do ano, com horários semanais fixos, como por exemplo, aulas de Matemática ou Português. Já as aulas em Blocos são as que ocorrem bimestralmente ou semestralmente, como por exemplo, oficinas práticas. Cada classe no Ensino Médio tem um tutor que acompanha os alunos do 9º ao 12º anos e sua atuação fundamenta no respeito, confiança e na responsabilidade. Semanalmente, ele se reúne com a classe para abordar assuntos de interesse geral e coordena aulas de sua especialidade, atividades, projetos e atua como orientador. Bimestralmente os adolescentes recebem um boletim onde são avaliados através de três parâmetros: conteúdo, trabalhos e participação. O conteúdo está conectado ao aproveitamento dos instrumentos de avaliação que o professor dispõe, os trabalhos são referentes às tarefas, trabalhos e pesquisas apresentadas dentro de um prazo fixo e a participação é ligada ao desempenho e esforço do aluno em sala de aula. Nessa etapa, a jovem é capaz de comunicar seus sentimentos aos outros mais do que o rapaz e consegue redigir seu diário íntimo. O menino também apresenta essas características, porém está mais voltado para o seu impulso conquistador. A jovem se torna mais rapidamente adulta que o rapaz, pois é mais madura por volta dos dezesseis ou dezessete anos e vive na consciência de sua superioridade. É nessa época que ela começa a aprofundar sua vida emotiva e passa a ter experiências próprias. Seus conhecimentos anteriormente adquiridos são ampliados por uma sabedoria que lhe permite assumir tarefas que ultrapassam o grau de maturidade dos garotos.
  • 31. 30 Apesar do seu rápido amadurecimento, ela não pode ser considerada plenamente adulta, pois suas ânsias e seu idealismo ainda têm algo alienado ao mundo e ela também tem de atravessar a última maturação da vontade. A jovem precisa recuperar de certa forma, o que o menino já adquiriu nos anos anteriores. Isso permanece como um ponto fraco da psique feminina. O amadurecimento fisiológico nas jovens ocorre mais cedo e, nos rapazes, o processo de maturação coincide com a maturidade psicológica, ocorrendo ambos, entre os catorze e os dezesseis anos. Na jovem, os dois processos se realizam separadamente, enquanto o homem conquista e domina o mundo exterior, a mulher se aprofunda no mundo interno da alma, as relações entre as pessoas e os impulsos anímicos. A garota contrapõe sem reservas o seu próprio sentimento a todas as coisas confusas que vêm a conhecer, vivenciando a solidão mais profundamente que os garotos. O rapaz vive entre dois pólos: o da própria solidão e a felicidade que sente em conhecer o mundo, já a jovem fica muito mais parada em suas próprias vivências e o mundo que ela deseja conquistar é o da alma humana. Na terceira fase, os adolescentes passam pela puberdade, mais conhecida como “maturidade sexual”. Porém, Rudolf Steiner propôs a substituição desse nome por “maturidade terrestre”, pois segundo ele: “A criança nessa idade não desperta apenas para a realidade do outro sexo, mas para a realidade de toda a terra onde a separação dos sexos constitui apenas um domínio limitado.“ (STEINER, p. 73) A puberdade é um acontecimento dramático e grandioso, pois um mundo antes florido e claro, agora passa, de repente, a encontrar-se despedaçado para eles, por se encontrarem em um mundo cinzento, vivenciando a “realidade nua e crua”.
  • 32. 31 No final dessa etapa, o rapaz dos 18 aos 21 anos prepara-se para a vida profissional e o tempo em que precede a idade adulta é preenchido pelo preparo dos primeiros passos rumo à profissão futura. Ao preparar-se para uma profissão, colocam sua vontade deles na vida social e essa vontade é passada na última fase. A síntese homem-sociedade é baseada nos ideais que despertaram a vida dos sentimentos, expressando-os na profissão, no trabalho e na sociedade, levando seus ideais à sociedade e sentindo-se co-responsável pela futura estrutura social. 2 PEDAGOGIA WALDORF NO BRASIL A Pedagogia Waldorf foi introduzida no Brasil em 27 de fevereiro de 1956, na cidade de São Paulo, por iniciativa de Schimidt, Mahle, Berkhoute Bromberg,que eram simpatizantes da proposta e estimularam a Karl e Ida Ulrichque viessem da Alemanha para fundarem a primeira Escola Waldorf no Brasil, devidamente contextualizada para a realidade de nosso país, porém mantendo os princípios originais de abordagem pedagógica. A missão de Karl e Ida era a de lecionar e preparar os educadores para que também lecionassem utilizando a Pedagogia Waldorf. O projeto iniciou apenas com o Jardim da Infância e as primeiras quatro séries iniciais. O Ensino Fundamental só passou a funcionar 23 anos depois, em 1979,após os resultados positivos que já se vinham obtendo, o que trouxe como consequente resultado, pouco mais tarde, a implantação do Ensino Médio também. O reconhecimento dos resultados efetivos ligados a aplicação dessa abordagem fez com que um número cada vez maior de escolas Waldorf fosse surgindo no território brasileiro, de tal forma que em 1998 foi fundada a Federação das Escolas Waldorf no Brasil (FEWB), com a missão de consolidar a Pedagogia Waldorf na sociedade brasileira. Esse reforço elevou o aumento de abertura de novos estabelecimentos de ensino Waldorf e atualmente, segundo dados da FEWB,existem 73 Escolas Waldorf funcionando no Brasil, sendo duas delas da rede pública municipal de ensino, na cidade de Nova Friburgo, Estado do Rio de Janeiro.
  • 33. 32 CONCLUSÃO Conclui-se que a atividade pedagógica não seja meramente de ensinar, mas acima de tudo educar, para que o educando aprenda a não alimentar a dependência de uma autoridade do conhecimento, e sim observar as referências que lhe permitam trazer à tona sua própria visão sobre o conhecimento. O processo educacional precisa ser um estímulo que o educando recebe em busca de reconhecer a si mesmo e ao mundo, seus valores e suas relações, e nesse caminho ter a oportunidade de interferir, ativa e conscientemente, em sua própria formação,tornando-se, assim, progressivamente responsável e independente em suas escolhas. O objetivo principal é de uma pedagogia holística que poderia ser introduzida no sistema educacional visando à transformação da sociedade por meio da transformação do indivíduo. A sociedade é a soma de indivíduos e, portanto, o reflexo desses. Se há algo poderoso para a transformação social, esse algo é a educação devidamente somada ao poder político e econômico, que são os eixos ao redor dos quais tudo gira. O propósito de uma Escola Waldorf é, portanto, formar indivíduos em condições de zelar por sua liberdade, prontos a responder por suas decisões, de modo a garantir não apenas o seu bem-estar pessoal, mas sua contribuição ao mundo. A aprendizagem que privilegia apenas o intelecto dificilmente atinge o ser humano por inteiro. As emoções e sensações que acompanham a experiência de aprender dão sustentação ao que é captado intelectualmente. Na Escola Waldorf, a expressão artística, é presente em todas as áreas do conhecimento, favorecendo e possibilitando essa integração, ao expor livremente os anseios humanos. Espera-se que, ao terminar o ensino médio, o jovem esteja, por fim, apto a identificar-se com o homem contemporâneo. Num mundo onde valores humanos são cada vez menos considerados, tem-se a árdua tarefa de lutar contra uma corrente que prega a alienação, a massificação de ideias e a falta de sensibilidade. O professor, como agente transformador da sociedade, começa transformando a si próprio. Para a Pedagogia Waldorf, o verdadeiro educador é aquele que se propõe uma
  • 34. 33 constante busca espiritual pela autoeducação consciente. Para estimular o desenvolvimento de seres humanos em formação, deve-se estar ele próprio, aberto a se transformar. É o que toda criança ou jovem espera de qualquer adulto. As escolas Waldorf têm-se dedicado a propiciar à sociedade humana jovens dotados de grande criatividade, discernimento e autoconsciência, capazes de melhor contribuir para os destinos do mundo, na medida em que compreendem o seu próprio sentido existencial. “Educar para o futuro" significa encarar, a partir da própria organização escolar, os principais desafios que a atualidade nos propõe. Ao observar as crianças de hoje, temos a impressão de que elas já nascem bem mais maduras do que as crianças de 30, 40 anos atrás. Ficamos impressionados diante da postura, do olhar, de todo o comportamento das crianças pequenas de hoje. Uma das perguntas fundamentais da educação atual é como lidar com essa aceleração do desenvolvimento da criança. Será que, de fato, a solução consiste na antecipação dos conteúdos de ensino? Ou as crianças estão esperando outra solução para as suas necessidades?A solução está na real compreensão fisiológica e psicológica do desenvolvimento da criança, e a partir dessa compreensão profunda, temos a tarefa, como adultos responsáveis pela formação da criança, de proporcionar o ambiente e situações propícias para o seu desenvolvimento durante esse período em que ela depende tanto de nossas decisões sensatas.
  • 35. 34 FONTES DOCUMENTAIS Disponível em: http://www.antroposofy.com.br/wordpress/conheca-a-pegagogia- waldorf/ Acesso em: 10 de março de 2015 Disponível em: http://www.antroposofy.com.br/wordpress/resumo-do- desenvolvimento-do-ser-humano-atraves-dos-9-setenios/ Acesso em: 15 de julho de 2015 Disponível em: http://www.federacaoescolaswaldorf.org.br/Pedagogia.php Acesso em: 15 de março de 2015 Disponível em: http://www.lemnisfarmacia.com.br/pedagogia-waldorf/ Acesso em: 20 de março de 2015 Disponível em: http://www.sab.org.br/portal/pedagogiawaldorf/93-a-educacao-e-as- drogas Acesso em: 01 de Abril de 2015 Disponível em: http://seresdeluz.portaldosanjos.net/2014/01/biografia-de-rudolf- steiner.html Acesso em: 20 de junho de 2015 Disponível em: http://waldorf.arteblog.com.br/43716/Terceiro-Setenio-O-Colegial- Waldorf/ Acesso em: 15 de Julho de 2015
  • 36. 35 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BERTALOT, Leonore. Criança Querida: o dia-a-dia da alfabetização. 2. ed. São Paulo, Editora Antroposófica, , 1995. CALGREN, Frans. & KLINGBORG,Arne. Educação para a liberdade de Rudolf Steiner. Ttradução Edith Kunze e Kurt O.Kunze. São Paulo: Editora Antroposofica, 2006. LIEVEGOED, Bernardus C. J. Desvendando o crescimento: as fases evolutivas da infância e da adolescência. 4. ed. São Paulo: Editora Antroposófica, 2007. STEINER, Rudolf; A Metodologia do Ensino : e as condições de vida do educador. Tradução de Christa Glass. 2. ed. São Paulo: Antroposófica, 2014.
  • 38. 37
  • 39. 38
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