Este documento fornece diretrizes para a elaboração de laudos neuropsicológicos, incluindo princípios éticos e técnicos, modalidades de documentos, estrutura e validade. Orienta o profissional psicólogo na produção qualificada de documentos decorrentes de avaliações psicológicas.
2. Elaboração de Laudo Neuropsicológico
Avaliações psicológica e/ou neuropsicológica
Processo técnico-científico de coleta de dados, estudos e
interpretação de informações a respeito dos fenômenos psicológicos,
que são resultantes da relação do indivíduo com a sociedade,
utilizando-se, para tanto, de estratégias psicológicas – métodos,
técnicas e instrumentos.
Resultados das avaliações devem considerar e analisar os
condicionantes históricos e sociais e seus efeitos no psiquismo, com a
finalidade de servirem como instrumentos para atuar não somente
sobre o indivíduo, mas na modificação desses condicionantes que
operam desde a formulação da demanda até a conclusão do
processo de avaliação psicológica.
3. Resolução CFP N.º 007/2003
Institui o Manual de Elaboração de Documentos Escritos produzidos
pelo psicólogo, decorrentes de avaliação psicológica e revoga a
Resolução CFP º 17/2002.
Objetivos: orientar o profissional psicólogo na confecção de
documentos decorrentes das avaliações psicológicas e/ou
neuropsicológicas para fornecer os subsídios éticos e técnicos
necessários para a elaboração qualificada da comunicação escrita.
CONSIDERANDO que:
O psicólogo, no seu exercício profissional, tem sido solicitado a
apresentar informações documentais com objetivos diversos;
A necessidade de referências para subsidiar o psicólogo na
produção qualificada de documentos escritos decorrentes de
avaliação psicológica;
4. Elaboração de Laudo Neuropsicológico
A frequência com que representações éticas são desencadeadas a
partir de queixas que colocam em questão a qualidade dos
documentos escritos, decorrentes de avaliação psicológica,
produzidos pelos psicólogos;
Os princípios éticos fundamentais que norteiam a atividade
profissional do psicólogo e os dispositivos sobre avaliação
psicológica contidos no Código de Ética Profissional do Psicólogo;
As implicações sociais decorrentes da finalidade do uso dos
documentos escritos pelos psicólogos a partir de avaliações
psicológicas.
5. Elaboração de Laudo Neuropsicológico
RESOLUÇÕES:
Instituir o Manual de Elaboração de Documentos Escritos,
produzidos por psicólogos, decorrentes de avaliações psicológicas
que dispõe sobre os seguintes itens:
I. Princípios norteadores;
II. Modalidades de documentos;
III. Conceito / finalidade / estrutura;
IV. Validade dos documentos;
V. Guarda dos documentos.
Toda e qualquer comunicação por escrito decorrente de avaliação
psicológica deverá seguir as diretrizes descritas neste manual.
6. Elaboração de Laudo Neuropsicológico
A não observância da presente norma constitui falta ético-
disciplinar, passível de capitulação nos dispositivos referentes ao
exercício profissional do Código de Ética Profissional do Psicólogo,
sem prejuízo de outros que possam ser argüidos.
Verificar : resolução laudos psicológicos.PDF
7. I - PRINCÍPIOS NORTEADORES NA ELABORAÇÃO DE DOCUMENTOS
Adoção das técnicas da linguagem escrita e os princípios éticos,
técnicos e científicos da profissão.
1 – PRINCÍPIOS TÉCNICOS DA LINGUAGEM ESCRITA
Na linguagem escrita, apresentar uma redação bem estruturada e
definida, expressando o que se quer comunicar com ordenação
que possibilite a compreensão por quem o lê, o que é fornecido
pela estrutura, composição de parágrafos ou frases, além da
correção gramatical.
Emprego de frases e termos: compatível com expressões próprias
da linguagem profissional, garantindo a precisão da comunicação,
evitando a diversidade de significações da linguagem popular,
considerando a quem o documento será destinado.
Comunicação: clareza, concisão e harmonia.
8. Elaboração de Laudo Neuropsicológico
2 – PRINCÍPIOS ÉTICOS E TÉCNICOS
Informações baseadas na observância dos princípios e dispositivos
do Código de Ética Profissional do Psicólogo:
Cuidados em relação aos deveres do psicólogo nas suas relações
com a pessoa atendida, ao sigilo profissional, às relações com a
justiça e ao alcance das informações; identificando riscos e
compromissos em relação à utilização das informações presentes
nos documentos em sua dimensão de relações de poder.
Recusar o uso dos instrumentos, técnicas psicológicas e da
experiência profissional da Psicologia na sustentação de modelos
institucionais e ideológicos de perpetuação da segregação aos
diferentes modos de subjetivação.
9. Elaboração de Laudo Neuropsicológico
2 – PRINCÍPIOS ÉTICOS E TÉCNICOS
1. Princípios éticos
Sempre que o trabalho exigir, sugere-se uma intervenção sobre a
própria demanda e a construção de um projeto de trabalho que
aponte para a reformulação dos condicionantes que provoquem o
sofrimento psíquico, a violação dos direitos humanos e a
manutenção das estruturas de poder que sustentam condições de
dominação e segregação.
Realizar prestação de serviço responsável pela execução de
um trabalho de qualidade cujos princípios éticos sustentam o
compromisso social da Psicologia.
Dessa forma, a demanda, tal como é formulada, deve ser
compreendida como efeito de uma situação de grande
complexidade.
10. 2 – PRINCÍPIOS ÉTICOS E TÉCNICOS
2. Princípios Técnicos
O processo de avaliação psicológica deve considerar que as
questões de ordem psicológica têm determinações históricas,
sociais, econômicas e políticas, sendo as mesmas elementos
constitutivos no processo de subjetivação.
O DOCUMENTO, portanto, deve considerar a natureza dinâmica,
não definitiva e não cristalizada do seu objeto de estudo.
Basear-se exclusivamente nos instrumentais técnicos (entrevistas,
testes, observações, dinâmicas de grupo, escuta, intervenções
verbais) que se configuram como métodos e técnicas psicológicas
para a coleta de dados, estudos e interpretações de informações a
respeito da pessoa ou grupo.
Rubricar as laudas, desde a primeira até a penúltima,
considerando que a última estará assinada, em toda e qualquer
modalidade de documento.
11. II - MODALIDADES DE DOCUMENTOS
1. Declaração
2. Atestado psicológico
3. Relatório / laudo psicológico
4. Parecer psicológico
3 – RELATÓRIO/LAUDO PSICOLÓGICO
o Apresentação descritiva acerca de situações e/ou condições
psicológicas e suas determinações históricas, sociais, políticas e
culturais, pesquisadas no processo de avaliação psicológica.
o Deve ser subsidiado em dados colhidos e analisados, à luz de um
instrumental técnico (entrevistas, dinâmicas, testes psicológicos,
observação, exame psíquico, intervenção verbal), consubstanciado
em referencial técnico-filosófico e científico adotado pelo
psicólogo.
12. Finalidade: apresentar os procedimentos e conclusões gerados
pelo processo da avaliação psicológica, relatando sobre o
encaminhamento, as intervenções, o diagnóstico, o prognóstico e
evolução do caso, orientação e sugestão de projeto terapêutico, bem
como, caso necessário, solicitação de acompanhamento psicológico,
limitando-se a fornecer somente as informações necessárias
relacionadas à demanda, solicitação ou petição.
Estrutura
o Peça de natureza e valor científicos, devendo conter narrativa
detalhada e didática, com clareza, precisão e harmonia, tornando-
se acessível e compreensível ao destinatário.
o Os termos técnicos devem, portanto, estar acompanhados das
explicações e/ou conceituação retiradas dos fundamentos teórico-
filosóficos que os sustentam.
13. O relatório psicológico deve conter, no mínimo, 5 (cinco) itens:
identificação, descrição da demanda, procedimento, análise e
conclusão.
1.Identificação
2.Descrição da demanda
3. Procedimento
4. Análise
5. Conclusão
1. Identificação
Parte superior do primeiro tópico do documento com a
finalidade de identificar:
• O autor/relator – quem elabora; O interessado – quem solicita;
O assunto/finalidade – qual a razão/finalidade.
• No identificador AUTOR/RELATOR, deverá ser colocado o(s)
nome(s) do(s) psicólogo(s) que realizará(ão) a avaliação, com a(s)
respectiva(s) inscrição(ões) no Conselho Regional.
14. 2. Descrição da demanda
• Narração das informações referentes à problemática apresentada
e dos motivos, razões e expectativas que produziram o pedido do
documento.
• Apresentar a análise que se faz da demanda de forma a justificar o
procedimento adotado.
3. Procedimento
• Apresentará os recursos e instrumentos técnicos utilizados para
coletar as informações (número de encontros, pessoas ouvidas
etc) à luz do referencial teórico-filosófico que os embasa.
• O procedimento adotado deve ser pertinente para avaliar a
complexidade do que está sendo demandado.
15. 2. Descrição da demanda
• Narração das informações referentes à problemática apresentada
e dos motivos, razões e expectativas que produziram o pedido do
documento.
• Apresentar a análise que se faz da demanda de forma a justificar o
procedimento adotado.
3. Procedimento
• Apresentará os recursos e instrumentos técnicos utilizados para
coletar as informações (número de encontros, pessoas ouvidas
etc) à luz do referencial teórico-filosófico que os embasa.
• O procedimento adotado deve ser pertinente para avaliar a
complexidade do que está sendo demandado.
16. 4. Análise
• Exposição descritiva de forma metódica, objetiva e fiel dos dados
colhidos e das situações vividas relacionados à demanda em sua
complexidade.
• Deve-se respeitar a fundamentação teórica que sustenta o
instrumental técnico utilizado, bem como princípios éticos e as
questões relativas ao sigilo das informações.
• Somente deve ser relatado o que for necessário para o
esclarecimento do encaminhamento, como disposto no Código de
Ética Profissional do Psicólogo.
• Não deve haver afirmações sem sustentação em fatos e/ou
teorias, devendo ter linguagem precisa, especialmente quando se
referir a dados de natureza subjetiva, expressando-se de maneira
clara e exata.
17. 5. Conclusão
• Psicólogo vai expor o resultado e/ou considerações a respeito de
sua investigação a partir das referências que subsidiaram o
trabalho.
• As considerações geradas pelo processo de avaliação psicológica
devem transmitir ao solicitante a análise da demanda em sua
complexidade e do processo de avaliação psicológica como um
todo.
• Importância de sugestões e projetos de trabalho que
contemplem a complexidade das variáveis envolvidas durante
todo o processo.
• Após a narração conclusiva, o documento é encerrado, com
indicação do local, data de emissão, assinatura do psicólogo e o
seu número de inscrição no CRP.
18. VALIDADE DOS CONTEÚDOS DOS DOCUMENTOS
Deverá considerar a legislação vigente nos casos já definidos.
Não havendo definição legal, o psicólogo, onde for possível,
indicará o prazo de validade do conteúdo emitido no documento
em função das características avaliadas, das informações obtidas
e dos objetivos da avaliação.
Ao definir o prazo, o psicólogo deve dispor dos fundamentos para
a indicação, devendo apresentá-los sempre que solicitado.
GUARDA DOS DOCUMENTOS E CONDIÇÕES DE GUARDA
Documentos escritos e todo o material que os fundamentou: ,
guardados por no mínimo de 5 anos.
Responsabilidade por eles tanto do psicólogo quanto da
instituição em que ocorreu a avaliação psicológica.
Esse prazo poderá ser ampliado nos casos previstos em lei, por
determinação judicial, ou ainda em casos específicos em que seja
necessária a manutenção da guarda por maior tempo.
19. Elaboração de Laudo Neuropsicológico
“Diretrizes para o Uso de Testes: International Test Commission”
PRÁTICAS ADEQUADAS NO USO DOS TESTES
Avaliar o potencial dos testes em uma situação de avaliação;
Selecionar testes tecnicamente confiáveis para cada situação;
Prestar a devida consideração aos vieses culturais;
Preparar cuidadosamente as sessões de aplicação dos testes;
Administrar os testes adequadamente;
Corrigir e analisar os resultados dos testes corretamente;
Interpretar os resultados dos testes adequadamente;
Comunicar os resultados de forma clara para as pessoas
envolvidas;
Revisar a adequação do teste e sua utilização.
Verificar: Diretrizes Testes.PDF
20. Elaboração de Laudo Neuropsicológico
“Corrigir e analisar os resultados dos testes corretamente”
Os usuários dos testes devem:
• Seguir cuidadosamente os procedimentos padronizados para as
pontuações;
• Converter adequadamente as pontuações brutas à outros tipos de
escalas pertinentes;
• Escolher o tipo de escala mais pertinente de acordo com o uso
pretendido para as pontuações do teste;
• Verificar a precisão das conversões escalares, assim como
qualquer outro tipo de análise ou tratamento de dados;
• Assegurar-se que não sejam delineadas conclusões errôneas
devido a comparações das pontuações com normas não
pertinentes para os examinandos;
21. Elaboração de Laudo Neuropsicológico
“Corrigir e analisar os resultados dos testes corretamente”
Os usuários dos testes devem:
• Quando necessário, calcular as pontuações utilizando fórmulas e
equações padronizadas;
• Utilizar procedimentos que possam identificar possíveis erros nas
pontuações e
• Descrever e identificar claramente na descrição dos resultados, as
normas, os tipos de escalas e fórmulas utilizadas.
22. Elaboração de Laudo Neuropsicológico
“Interpretar os resultados dos testes adequadamente”
Os usuários dos testes devem:
Ter uma boa compreensão das bases teóricas e conceituais do
teste, da documentação técnica e das normas para o uso e a
interpretação das pontuações do teste;
Ter uma boa compreensão da escala utilizada, das características
das normas ou grupos de comparações, assim como das
limitações das pontuações obtidas;
Cuidar para que os vieses culturais entre qualquer grupo, na
interpretação dos testes, sejam minimizados;
23. Elaboração de Laudo Neuropsicológico
Evitar generalizações excessivas dos resultados de um teste para
traços ou características da pessoa que não tenham sido medidas
pelo mesmo.
Interpretar os resultados de modo a considerar as informações
disponíveis sobre o examinando (incluindo idade, sexo,
escolarização, cultura e outras características/ fatores), dando a
devida atenção às limitações técnicas do teste, ao contexto de
avaliação e às necessidades das pessoas ou instituições com
interesses legítimos no resultado do processo de avaliação;
No momento de interpretar as pontuações, considerar a precisão,
o erro de medida e outros fatores que possam ter alterado os
resultados;
24. Elaboração de Laudo Neuropsicológico
Dar a devida atenção aos dados disponíveis sobre a validade do
constructo medido em relação a outras características
demográficas dos grupos avaliados (por exemplo cultura, idade,
classe social e sexo);
Utilizar pontuações de corte na interpretação do teste somente
quando existir evidência de validade sobre desempenho a partir
de certos pontos;
Estar ciente dos estereótipos sociais negativos que podem existir
com relação às pessoas e/ou grupos avaliados ( por exemplo, em
relação ao grupo cultural, idade, classe social, e sexo), evitando
interpretar os testes de forma que se perpetue estereótipos
semelhantes;
25. Elaboração de Laudo Neuropsicológico
Levar em consideração qualquer variação individual ou grupal nos
procedimentos padronizados de aplicação do teste e
Levar em consideração qualquer experiência prévia do examinado
com o teste, em caso de se dispor de dados sobre o efeito desta
experiência em relação ao desempenho no teste.