SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 12
Baixar para ler offline
REVISÃOREVIEW
925
1
Faculdade de Enfermagem,
Universidade Estadual
de Campinas. Cidade
Universitária Zeferino Vaz,
Barão Geraldo. 13083-
887 Campinas SP Brasil.
mazorpinelli@yahoo.com.br
Construção de instrumentos de medida na área da saúde
Construction of measurement instruments in the area of health
Resumo Instrumentos de medida são partes in-
tegrantes da prática clínica, da avaliação em saú-
de e de pesquisas. Esses instrumentos só são úteis
e capazes de apresentar resultados cientificamente
robustos quando são desenvolvidos de maneira
apropriada e quando apresentam boas qualida-
des psicométricas. A literatura aponta que, apesar
do aumento significativo no número de escalas de
avaliação, muitas não têm sido desenvolvidas e
validadas adequadamente. O presente estudo teve
como objetivos realizar uma revisão narrativa so-
bre o processo de elaboração de novos instrumen-
tos e apresentar algumas ferramentas que podem
ser utilizadas em algumas etapas do seu processo
de desenvolvimento. As etapas descritas foram:
I-Estabelecimento da estrutura conceitual e defi-
nição dos objetivos do instrumento e da população
envolvida; II-Construção dos itens e das escalas
de respostas; III-Seleção e organização dos itens
e estruturação do instrumento; IV-Validade de
conteúdo; e V-Pré-teste. Uma discussão breve so-
bre a avaliação das propriedades psicométricas foi
incluída devido à importância que esta tem para
que os instrumentos sejam aceitos e reconhecidos
tanto no meio científico como no meio clínico.
Palavras-chave Medidas, Métodos e teorias,
Questionários, Estudos de Validação, Reproduti-
bilidade dos testes
Abstract Measurement instruments are an in-
tegral part of clinical practice, health evaluation
and research. These instruments are only useful
and able to present scientifically robust results
when they are developed properly and have appro-
priate psychometric properties. Despite the signif-
icant increase of rating scales, the literature sug-
gests that many of them have not been adequately
developed and validated. The scope of this study
was to conduct a narrative review on the process
of developing new measurement instruments and
to present some tools which can be used in some
stages of the development process. The steps de-
scribed were: I-The establishment of a conceptual
framework, and the definition of the objectives
of the instrument and the population involved;
II-Development of the items and of the response
scales; III-Selection and organization of the items
and structuring of the instrument; IV-Content
validity, V-Pre-test. This study also included a
brief discussion on the evaluation of the psycho-
metric properties due to their importance for the
instruments to be accepted and acknowledged in
both scientific and clinical environments.
Key words Measurements, Methods and theo-
ries, Questionnaires, Validation studies, Repro-
ducibility of the tests
Marina Zambon Orpinelli Coluci 1
Neusa Maria Costa Alexandre 1
Daniela Milani 1
DOI: 10.1590/1413-81232015203.04332013
926
ColuciMZOetal.
Introdução e justificativa
Questionários são instrumentos integrantes da
prática clínica, da avaliação em saúde e de pes-
quisas1
. Estes instrumentos exercem grande in-
fluência nas decisões sobre o cuidado, tratamento
e/ou intervenções e na formulação de programas
de saúde e de políticas institucionais1,2
.
Com o atual e crescente interesse pelo cui-
dado à saúde, pesquisadores e organizações in-
ternacionais têm desenvolvido instrumentos
importantes e de grande aplicabilidade1-3
. Os as-
pectos avaliados e/ou mensurados por estes ins-
trumentos são diversos: dor, qualidade de vida,
capacidade funcional, estado de saúde, vitalidade
e limitações, adesão ao tratamento, fatores emo-
cionais e psicossociais, dentre outros2,4-8
.
Pesquisadores apontam que os instrumentos
para avaliação só são úteis e capazes de apresen-
tar resultados cientificamente robustos quando
demonstram boas propriedades psicométricas3
.
Apesar do aumento significativo do número de
escalas de avaliação e/ou questionários, mui-
tos não são desenvolvidos e validados de forma
apropriada1,9-10
.
O desenvolvimento integral de um novo ins-
trumento de mensuração em saúde é complexo,
consome vários recursos e requer a mobilização
de capacidades e de conhecimentos de diversas
áreas11
. Por este motivo, antes de se desenvolver
novos instrumentos, recomenda-se que o pes-
quisador esteja ciente sobre os questionários já
existentes. Estes, muitas vezes, podem atender às
mesmas finalidades pretendidas ou similares11
.
Outra recomendação é a de que haja prefe-
rência por realizar a adaptação cultural de ques-
tionários previamente desenvolvidos e validados
em outros idiomas em detrimento de construir
novos instrumentos12,13
. Esta é uma alternativa
facilitadora para a troca de informações e di-
vulgação do conhecimento entre a comunidade
científica11-13
.
Porém, quando o desenvolvimento de um
novo instrumento é realmente necessário, os
pesquisadores e profissionais da área da saúde
precisam estar cientes de que devem seguir uma
metodologia adequada a fim de que esse novo
instrumento seja apropriado e confiável2,14-16
.
Neste sentido, discussões sobre o processo
de desenvolvimento de novos questionários e
escalas na área de saúde são bastante relevantes.
O presente estudo tem como objetivos: discutir
de forma sistematizada as principais etapas a se-
rem seguidas na elaboração de instrumentos de
medida na área de saúde e apresentar algumas
ferramentas que podem ser utilizadas como au-
xílio nas etapas do desenvolvimento desses novos
instrumentos.
Método
Trata-se de uma pesquisa bibliográfica que pode
ser definida como narrativa17
. O levantamento
bibliográfico foi realizado nas seguintes bases de
dados das Ciências da Saúde: Biblioteca Virtual
em Saúde – Enfermagem (BDENF), Portal de
Revistas de Enfermagem, SciELO, Lilacs (Litera-
tura Latino - Americana e do Caribe em Ciências
da Saúde), Medline (National Library of Medi-
cine-USA), International Nursing Index (INI) e
Cumulative Index to Nursing and Allied Health
Literature (CINAHL).
No estudo foram incluídas publicações na-
cionais e internacionais disponíveis nos idiomas
português e inglês a partir de 1990 e que abor-
dassem temas relacionados ao desenvolvimento
de instrumentos de medida.
Os seguintes descritores utilizados em por-
tuguês foram pesquisados na Bireme (DeCS
– Terminologia em Saúde): “estudos de valida-
ção”,“validade dos testes”,“reprodutibilidade dos
testes” e “questionários”. Para os descritores em
inglês utilizou-se a National Library of Medici-
ne’s Medical Subject Headings (MeSH = Medical
Subject Heading Terms). Estes foram os seguin-
tes:“validation studies”,“psychometrics”, e“ques-
tionnaire design”.
Resultados e discussão
Devido ao aumento da importância dos instru-
mentos de medida em saúde, o entendimento
sobre o processo e as técnicas utilizadas para o
desenvolvimento destas é crucial2
.
Com o objetivo de melhorar a qualidade dos
instrumentos, autores sugerem e descrevem eta-
pas e métodos padronizados e sistemáticos que
devem ser utilizados durante esse processo3,18,19
.
De uma forma geral, a literatura destaca as
seguintes etapas a serem seguidas no processo de
construção de instrumentos: I-Estabelecimento
da estrutura conceitual; II-definição dos objeti-
vos do instrumento e da população envolvida; II-
I-Construção dos itens e das escalas de resposta;
IV-Seleção e organização dos itens; V-Estrutura-
ção do instrumento; VI-Validade de Conteúdo; e
VII-Pré-teste.
Cada uma dessas etapas será discutida de
927
Ciência&SaúdeColetiva,20(3):925-936,2015
maneira mais detalhada nas seções seguintes.
A Figura 1 ilustra esse processo e apresenta de
maneira resumida os recursos, critérios e/ou re-
comendações que geralmente são utilizados em
cada etapa.
Com relação ao processo de avaliação das
propriedades psicométricas de um instrumen-
to, não há um consenso na literatura sobre este
pertencer ao processo de desenvolvimento do
instrumento ou não. Com a justificativa de que a
utilidade de um instrumento de medida no meio
científico e clínico só é reconhecida após este ter
suas propriedades psicométricas avaliadas, este
estudo também inclui uma breve discussão sobre
a avaliação dessas propriedades.
As etapas do processo de construção de
instrumentos de medidas na área da saúde
Estabelecimento da estrutura conceitual
e definição dos objetivos do instrumento
e da população envolvida
Para a construção de instrumentos de me-
dida, é fundamental que os objetivos sejam es-
tabelecidos e que estes tenham conexão com os
conceitos a serem abordados20,21
. A caracteriza-
ção/definição da população-alvo também é im-
portante porque serve para justificar a relevância
da criação de um instrumento específico15
.
A elaboração da estrutura conceitual, tam-
bém conhecida como definição operacional do
Figura 1. As etapas do processo de desenvolvimento de instrumentos de medida e os recursos, critérios,
recomendações e/ou atributos geralmente mais utilizados em cada etapa.
Estabelecimento da
estrutura conceitual
Recursos:
- Revisão de literatura;
- Conhecimento de
peritos;
- Própria experiência;
Exemplos:
- Escala visual analógica;
- Escalas adjetivas;
- Escalas tipo Likert;
- Escalas de face;
Critérios:
- Formato; - Título; - Instruções;
- Domínios; - Escores;
- Sequência dos itens;
Recomendações:
- Comitê especialistas (5 a 10 juízes);
- Procedimentos quantitativos: taxa concordância;
IVC
- Procedimentos qualitativos: entrevistas, discussões;
Recomendações:
- Amostra de 30-40 indivíduos;
- Entrevista após preenchimento do instrumento;
Atributos:
- Validade;
- Praticabilidade;
- Responsividade;
- Confiabilidade;
- Sensibilidade;
- Interpretabilidade;
Critérios: Comportamental,
objetividade, simplicidade,
clareza, precisão, validade,
relevância, interpretabilidade
Recursos:
- Busca na literatura;
- Escalas já existentes;
- Relatos da população-alvo;
- Observação clínica;
- Opinição de especialistas;
- Resultados de pesquisas;
Construção dos
itens/domínios
Seleção e
organização
dos itens
Estruturação do
questionário
Pré-teste
Validade
de conteúdo
Avaliação das propriedades
psicométricas
Instrumento
construído
Definição dos objetivos
do instrumento
Definição da
população envolvida
Construção das
escalas de resposta
928
ColuciMZOetal.
constructo e de sua dimensionalidade, é a etapa
responsável por definir o contexto do instrumen-
to e sustentar o desenvolvimento dos domínios
e itens22
. Esta é considerada uma etapa bastante
importante porque “quanto melhor e mais com-
pleta for a especificação do constructo, melhor
será a garantia de que o instrumento será útil e
válido”22
. Por este motivo, pesquisadores apon-
tam para a importância das definições operacio-
nais do constructo de forma detalhada22
.
Construção dos itens
e das escalas de resposta
Os itens de uma escala não devem ser cons-
truídos ao acaso. Eles devem ser elaborados ou
selecionados em função das definições operacio-
nais do constructo que já foram analisadas na
etapa anterior22
.
Vários são os recursos a partir dos quais es-
ses itens podem ser construídos: busca na li-
teratura, questionários já existentes, relatos da
população-alvo, observação clínica, opinião de
especialistas, resultados de pesquisa, teorias, den-
tre outros3,11,15,23
. Cada um desses recursos possui
pontos fortes e fracos dependendo do tipo, do ob-
jetivo e da aplicação da escala a ser desenvolvida3
.
A busca na literatura junto às bases de dados
nacionais e internacionais é comumente utiliza-
da como principal recurso nas pesquisas de de-
senvolvimento de instrumentos de medidas. Esta
estratégia visa dar ciência ao pesquisador quanto
aos instrumentos que já existem11
.
A utilização de instrumentos já existentes
também é apontada por pesquisadores3,11
como
um recurso útil, pois, na maioria das vezes, seus
itens já foram testados quanto às qualidades
psicométricas3
. A utilização destes itens em de-
trimento de construir novos pode economizar
tempo e trabalho do pesquisador3,11
.
Outro recurso que pode ser significativo e
fonte excelente de itens é a experiência da popu-
lação-alvo3,11
. Dentre as técnicas utilizadas para
obtenção de dados da população de forma sis-
temática, citam-se a realização de grupo focal e
entrevistas em profundidade3,11,23
.
A observação clínica pode ser útil quando
utilizada previamente à opinião de especialistas
e também é uma forma de reunir informações
de forma sistemática. Geralmente este recurso
está associado à teoria, resultados laboratoriais e
achados clínicos3,11
.
A opinião de especialistas também é um re-
curso bastante utilizado e influencia considera-
velmente na geração de itens mais potenciais para
a escala11
. Dentre as vantagens, está o fato dos es-
pecialistas serem escolhidos cuidadosamente e,
portanto, representarem o que há de mais recen-
te no conhecimento da área3,11
. Recomenda-se a
participação de três a dez especialistas3,11
.
Com relação aos resultados de pesquisas, os
mais úteis são as revisões sistemáticas e estudos3,11
.
Além da construção dos itens, o desenvolvi-
mento e escolha de um método para obtenção
das respostas também é imprescindível11
.As esca-
las de respostas aos itens podem assumir muitas
formas e a escolha do método deve ser determi-
nada pela natureza da pergunta realizada11
.
Dentre as técnicas utilizadas para a formula-
ção de escalas de resposta, as mais comuns são as
de estimativa direta, como a escala visual analó-
gica, as escalas adjetivas, as escalas tipo Likert, as
escala de faces, entre outras11
.
Cada um dos tipos de escala tem suas vanta-
gens e desvantagens11
.
Seleção e organização dos itens,
e estruturação do instrumento
Uma vez realizada a pesquisa bibliográfica,
a consulta aos especialistas da área e aos repre-
sentantes da população-alvo, o próximo passo
é definir as suas dimensões/domínios de forma
que se construa a variedade dos itens segundo os
constructos24
.
Geralmente, nem todos os itens criados estão
em concordância com a proposta do pesquisa-
dor e nem todos possuem bom desempenho. Por
isso, o pesquisador deve estar atento aos diversos
tipos de critérios existentes para selecionar os
itens adequados do novo instrumento3,11
.
Dentre os critérios mais comumente utiliza-
dos estão: o critério comportamental, o critério
da objetividade, da simplicidade, da clareza, da
precisão, da validade, da relevância e da interpre-
tabilidade21-23
. O objetivo da adoção desses crité-
rios é eliminar qualquer item que esteja ambíguo,
incompreensível, com termos vagos, com duplas
perguntas, com jargões e/ou que remeta a juízo
de valores, dentre outros3,11,21-23
.
Com relação à quantidade de itens de um ins-
trumento, este é um quesito não consensual22
. Es-
tudos sugerem que a representação de um cons-
tructo é conseguida com uma quantidade de 20
itens aproximadamente22
. No entanto, para outra
vertente, aponta-se que o início da construção de
um instrumento deve possuir pelo menos o tri-
plo de itens do instrumento final.
Outros estudos22,23
se baseiam na teoria dos
traços latentes para determinar o número de
itens que farão parte do instrumento. De acordo
com essa teoria, não se deve começar o instru-
929
Ciência&SaúdeColetiva,20(3):925-936,2015
mento com mais de 10% do número de itens de-
sejado no instrumento final22
.
A estruturação do questionário é o estágio
que visa consolidar as etapas anteriores, ou seja,
visa organizar os itens em seus respectivos domí-
nios e estabelecer o formato geral do instrumen-
to. Deve-se considerar o título, as instruções, as
escalas de respostas, os escores, entre outros.
A estrutura e a sequência do questionário
contribuem significativamente para reduzir o
esforço físico e/ou mental dos respondentes e as-
seguram que todos os termos sejam tratados de
forma que o interesse do respondente seja manti-
do até o final do questionário21
.
Um princípio utilizado na estruturação do
questionário é o de que os itens estejam em uma
ordem lógica. O direcionamento desses itens
sempre que possível deve ser do item mais geral
até o mais específico; no sentido do menos pes-
soal e menos delicado para o mais pessoal e mais
delicado21
.
O procedimento de validade de conteúdo
Após ser estruturado e organizado, o novo
instrumento provavelmente ainda contempla
mais itens do que ele necessariamente apresenta-
rá em seu formato final11
. Esse instrumento ainda
precisa ser testado quanto à hipótese de que os
itens escolhidos representam e/ou contemplam
adequadamente os domínios do constructo de-
sejado3,11,20,22,24-26
.
O procedimento de escolha é a avaliação de
conteúdo. Esta é essencial no processo de desen-
volvimento de novos instrumentos de medidas
porque representa o início de mecanismos para
associar conceitos abstratos com indicadores ob-
serváveis e mensuráveis11,24-27
.
A avaliação de conteúdo deve ser realizada
por um comitê composto por cinco a dez juízes
especialistas na área do instrumento de medi-
da28,29
. A avaliação por juízes pode envolver pro-
cedimentos qualitativos e quantitativos29-32
. O
processo é iniciado com o convite aos membros
do comitê de juízes.
Deve-se redigir aos especialistas uma carta
constando o motivo da escolha daquele sujeito
como juiz e a relevância dos conceitos envolvidos
e do instrumento como um todo33
.
Todo o procedimento para o julgamento da
validade de conteúdo deve ser descrito de forma
estruturada e entregue aos juízes. Cada um deles
deve realizar uma avaliação inicial independen-
te antes de se reunir com os demais membros34
.
Para isso, são necessárias instruções específicas a
partir das quais esses juízes poderão determinar
a validade de conteúdo33
.
É importante que o comitê de especialistas
participe em dois estágios distintos. O primeiro
estágio é aquele em que os juízes realizam uma
avaliação para a fase de especificação dos domí-
nios. O segundo estágio é aquele para o qual rea-
lizam uma avaliação na fase de desenvolvimento
dos itens34
. Os especialistas devem receber instru-
ções específicas em cada estágio sobre como ava-
liar cada item, como avaliar o instrumento como
um todo e como preencher o questionário que
orienta a avaliação.
No primeiro estágio de avaliação, os mem-
bros do comitê devem julgar os domínios e os
itens criados para interpretação das respostas do
questionário. Inicialmente é realizada a avaliação
dos domínios, determinando a abrangência des-
tes. Isto é, os juízes devem avaliar se cada domí-
nio ou conceito foi adequadamente coberto pelo
conjunto de itens e se todas as dimensões foram
incluídas31
. Os especialistas deverão verificar se o
conteúdo está apropriado aos respondentes, se a
estrutura do domínio e seu conteúdo estão corre-
tos, e se o conteúdo contido no domínio é repre-
sentativo34
. Nesta fase, sugestões quanto à inclu-
são ou a eliminação de itens podem ser feitas35
.
As instruções para análise da validade de conteú-
do podem ser redigidas como no Quadro 1.
Após a avaliação dos juízes, pode-se utilizar
a taxa de concordância do comitê, que é obtida
pelo cálculo da porcentagem em cada domínio.
Este é realizado por meio da seguinte fórmula31
:
Essa taxa é interpretada considerando que
um resultado maior ou igual a 90% de concor-
dância, significa que os domínios estão adequa-
dos26
. Quando o resultado for menor que 90%, o
domínio precisa ser discutido e alterado.
No segundo estágio, os juízes devem avaliar
cada item individualmente. Além disso, essa ava-
liação deve ser realizada com relação ao formato,
ao título, às instruções, aos domínios, aos escores
dos domínios (ou do instrumento) e à análise (in-
terpretação) dos escores, considerando a clareza
e/ou pertinência de cada aspecto a ser avaliado.
Com relação à clareza, a orientação é feita no
sentido de que seja avaliada a redação dos itens.
Ou seja, se estes itens estão redigidos de forma
que o conceito esteja compreensível e se expres-
sam adequadamente o que se espera medir36
.
% concordância = x 100
número de participantes
que concordaram
número total de
participantes
930
ColuciMZOetal.
INSTRUÇÕES PARA ANÁLISE DO INSTRUMENTO
Para realizar a avaliação do conteúdo do instru-
mento _________________, descrevemos abaixo os
conceitos envolvidos no estudo.
(Descrever conceitos importantes relacionados
ao instrumento com base na literatura a fim de nor-
tear a avaliação do juiz).
A avaliação do instrumento envolve 2 fases: 1)
avaliação dos domínios e 2) avaliação dos itens.
1.Avaliação dos domínios:
Pedimos que avalie, primeiramente, os domínios.
Verifique se a estrutura do domínio e seu conteúdo
estão corretos, se o conteúdo contido no domínio é
representativo e se está apropriado aos respondentes.
Portanto, considere o conceito de abrangência con-
forme descrito abaixo na sua avaliação:
 Abrangência: verificar se cada domínio ou con-
ceito foi adequadamente coberto pelo conjunto de
itens.
Durante essa fase, você poderá sugerir a inclusão
ou exclusão de itens nos domínios e opinar se os itens
realmente pertencem ao domínio correspondente.
2.Avaliação dos itens:
Na segunda etapa, pedimos para que avalie cada
item separadamente, considerando os conceitos de
clareza e pertinência/representatividade conforme
descrito:
 Clareza: avaliar a redação dos itens, ou seja,
verificar se eles foram redigidos de forma que o con-
ceito esteja compreensível e se expressa adequada-
mente o que se espera medir;
 Pertinência ou representatividade: notar se os
itens realmente refletem os conceitos envolvidos, se
são relevantes e, se são adequados para atingir os ob-
jetivos propostos.
Utilize a escala sobre concordância para avaliar
estes critérios, assinalando um X no campo corres-
pondente. Abaixo de cada escala, deixamos espaços
para que possa redigir sugestões para melhorar o
item, sugerir inclusão e/ou eliminação de itens, ou
fazer comentários. Além disso, poderá visualizar o
novo instrumento em anexo.
Quadro 1. Modelo de instruções para primeira análise da validade de conteúdo.
AVALIAÇÃO DA VALIDADE DE CONTEÚDO
1o
Passo – Especificação dos domínios: Avalie se cada
domínio do instrumento foi adequadamente coberto pelo
conjunto de itens.
DOMÍNIO 1:
(Coloque o domínio 1 completo para avaliação)
Cada item do Domínio 1 realmente expressa seu conteúdo.
Comentários:
 Os itens do Domínio 1 devem permanecer nesse domínio.
Comentários:
(Realizar essa avaliação para cada domínio do seu
questionário)
2o
Passo – Avaliação dos itens: Avalie cada item quanto
à clareza (redação dos itens, se eles foram redigidos
de forma que o conceito esteja compreensível e se
expressa adequadamente o que se espera medir) e à
representatividade (notar se os itens realmente refletem os
conceitos envolvidos, se são relevantes e, se são adequados
para atingir os objetivos propostos).
Questões – Domínio 1:
1. (Redigir a questão)
 O item 1 do instrumento é claro, está compreensível.
Comentários:
 O item 1 é representativo ao conceito explorado, é
relevante.
Comentários:
(Realizar essa avaliação para cada item de todos os
domínios do seu questionário)
CONCORDO NÃO CONCORDO
CONCORDO NÃO CONCORDO
CONCORDO NÃO CONCORDO
CONCORDO NÃO CONCORDO
931
Ciência&SaúdeColetiva,20(3):925-936,2015
A abordagem de se usar pelo menos dois mé-
todos, geralmente quantitativo e qualitativo, é
denominada triangulação metodológica41
.
A fase qualitativa é representada por um pro-
cesso interativo entre pesquisadores e os mem-
bros do comitê por meio de entrevistas e discus-
sões para clarificar pontos controversos36
.
Nessas discussões/entrevistas, todas as suges-
tões e comentários dos membros do comitê são
expostos e anotados pelo pesquisador. Os docu-
mentos devolvidos pelos juízes e suas propostas
de modificações emitidas durante a reunião de-
vem ser avaliadas e revisadas.
Posteriormente, uma nova versão do instru-
mento que contemple as sugestões apresentadas
pelo comitê pode ser entregue novamente a cada
membro. Os juízes deverão revisar seus critérios
de avaliação para que seja finalizado o processo
de validade de conteúdo e a versão para pré-teste
seja obtida.
O procedimento de pré-teste
O pré-teste (também referido como análise
semântica dos itens) tem como objetivo verificar
se todos os itens são compreensíveis para todos
os membros da população a qual o instrumento
se destina22
.
Esta etapa deve ser realizada em uma amostra
de 30-40 indivíduos da população-alvo. Cada su-
jeito deve completar o questionário e em seguida
ser entrevistado individualmente com relação ao
entendimento dos itens e das palavras e quanto
ao preenchimento das respostas22
.
Algumas modificações poderão ser necessá-
rias na versão final do instrumento. Caso sejam
alterações significativas, estas devem ser subme-
tidas à avaliação pelos membros do comitê de
juízes novamente.
Terminada essa etapa, o instrumento de me-
dida estará pronto para ter suas propriedades psi-
cométricas avaliadas22
.
Avaliação das propriedades psicométricas
A robustez dos resultados de um estudo de-
pende muito do instrumento utilizado. Se a qua-
lidade deste estudo é apropriada, os resultados
são válidos e o questionário pode ser uma ferra-
menta útil para novas pesquisas ou para a práti-
ca clínica42
. No entanto, quando a qualidade do
estudo é inadequada, os resultados não são con-
fiáveis e a qualidade e utilidade do questionário
utilizado no estudo permanecem obscuras42
.
Quanto à pertinência ou representatividade, os
juízes devem notar se os itens realmente refletem
os conceitos envolvidos, se estes são relevantes e
se são e/ou estão adequados para atingir os ob-
jetivos propostos36,37
. Além disso, os especialistas
podem reavaliar a abrangência dos domínios e
do instrumento como um todo. Sugestões e/ou
comentários para melhorar o item poderão ser
feitos em espaços deixados especificamente para
essa finalidade31,35
.
Neste segundo estágio recomenda-se que a
concordância dos membros do comitê seja veri-
ficada de forma quantitativa por meio do Índice
de Validade de Conteúdo (IVC)26,29,38
. Esse índi-
ce mede a proporção ou porcentagem de juízes
que estão em concordância sobre determinados
aspectos do instrumento e de seus itens. Uma fer-
ramenta a ser utilizada para avaliação dos juízes
nessa etapa pode ser baseada no Quadro 2.
O IVC é calculado com a utilização de uma
escala tipo Likert de 4-pontos ordinais. Para ava-
liar a relevância/representatividade do item, os
juízes poderão escolher as seguintes respostas: 1
= não relevante ou não representativo, 2 = item
necessita de grande revisão para ser representa-
tivo, 3 = item necessita de pequena revisão para
ser representativo, ou 4 = item relevante ou re-
presentativo26,35,38
. A abrangência, a clareza e a
pertinência serão avaliadas com a mesma escala
e podem apresentar opções mais curtas, como: 1
= não claro, 2 = pouco claro, 3 = bastante claro, 4
= muito claro26,32,39
.
Assim, o cálculo é feito a partir da somatória
das respostas “3” e “4” de cada juiz em cada item
do questionário e divide-se esta soma pelo nú-
mero total de respostas, como segue29,32
.
Os itens que recebem pontuação “1” ou “2”
devem ser revisados ou eliminados. A taxa de
concordância aceitável entre os juízes para avalia-
ção dos itens individualmente deve ser superior
a 0,7840
. Para a verificação da validade do novo
instrumento de uma forma geral, deve haver uma
concordância mínima de 0,8036
e, preferencial-
mente, superior a 0,9040
.
Nos dois estágios, a avaliação de conteúdo do
instrumento é quantitativa. Esta é inicialmente re-
alizada pelos juízes de forma individual, indepen-
dente e em um período pré-estabelecido. Em se-
guida deve ser feita uma discussão em grupo que
corresponde ao procedimento qualitativo31,32,34.
IVC =
Número de respostas “3” ou “4”
Número total de respostas
932
ColuciMZOetal.
INSTRUÇÕES PARA ANÁLISE DO INSTRUMENTO
Para realizar a avaliação do conteúdo do instrumento
_____________________, descrevemos abaixo os con-
ceitos envolvidos no estudo.
(Descrever conceitos importantes relacionados ao ins-
trumento com base na literatura a fim de nortear a ava-
liação do juiz).
Pedimos que avalie o título, o formato (lay-out), as
instruções, cada item separadamente, e o escore do
instrumento (cálculo e classificação), considerando os
conceitos de clareza e pertinência/representatividade
conforme descrito:
 Clareza: avaliar a redação, ou seja, verificar se o con-
ceito pode ser bem compreendido e se expressa adequa-
damente o que se espera medir;
 Pertinência ou representatividade: notar se há relação
com os conceitos envolvidos, se é relevante e se atinge
os objetivos propostos.
Em seguida, avalie cada domínio e o instrumento como
um todo, determinando sua abrangência:
 Abrangência: verificar se cada domínio foi adequa-
damente coberto pelo conjunto de itens e se todas as
dimensões foram incluídas.
Utilize a escala de 1 a 4 para avaliar estes critérios, as-
sinalando um X no campo correspondente. Abaixo de
cada escala, deixamos espaço para que possa redigir su-
gestões ou fazer comentários.
O novo instrumento encontra-se em anexo.
A próxima etapa será uma reunião no dia
________________, às _______, no local ________
___________________________________, quando
participarão todos os integrantes do comitê de especia-
listas, a pesquisadora e a orientadora, com o objetivo
de para clarificar pontos controversos e produzir uma
versão final do questionário.
AVALIAÇÃO DA VALIDADE DE CONTEÚDO
I. Avalie o título quanto à clareza (verificar se expressa
adequadamente o que se espera medir).
TÍTULO: (inserir o título do questionário)
 O título do instrumento é claro e expressa a medida?
Quadro 2. Modelo de instruções para segunda análise da validade de conteúdo.
1 = não claro
2 = pouco claro
3 = bastante claro
4 = muito claro
II. Avalie o formato (lay-out) quanto à clareza (ve-
rificar se o formato é compreensível) e à adequação.
FORMATO DO INSTRUMENTO
 O formato do instrumento?
III. Avalie as instruções quanto à clareza (verificar se
a redação está correta e se expressa adequadamente o
que se espera medir).
INSTRUÇÕES: (descrever as instruções do questionário)
 As instruções do instrumento são claras?
IV. Avalie cada item quanto à clareza (verificar se a
redação está correta, se a redação permite compre-
ender o conceito e se expressa adequadamente o que
se espera medir) e à representatividade (notar se há
relação com os conceitos envolvidos, se é relevante e
se atinge os objetivos propostos).
QUESTÕES – Domínio 1:
1. (Redigir a questão)
 O item 1 do instrumento é claro, está compreensível?
1 = não claro
2 = pouco claro
3 = bastante claro
4 = muito claro
Comentários:
1 = não claras
2 = pouco claras
3 = bastante claras
4 = muito claras
Comentários:
1 = não claro
2 = pouco claro
3 = bastante claro
4 = muito claro
Comentários:
Comentários:
continua
933
Ciência&SaúdeColetiva,20(3):925-936,2015
 O item 1 é representativo ao conceito explorado,
é relevante?
(Realizar essa avaliação para cada item de todos os
domínios do seu questionário)
V. Avalie o cálculo do escore de cada domínio do ins-
trumento e o cálculo do escore total quanto à clareza
(verificar se é compreensível).
ESCORE DOMÍNIOS
(Descrever como se calcula o escore dos domínios)
 O cálculo do escore dos domínios é claro, está
compreensível?
ESCORE TOTAL (se houver)
(Descrever como se calcula o escore total do instrumen-
to)
 O cálculo do escore total é claro, está compreensível?
VI. Avalie a classificação desenvolvida para análise do
escore quanto à clareza (verificar se está compreensí-
vel e se expressa adequadamente o que se espera me-
dir) e à representatividade (notar se há relação com
os conceitos envolvidos, se é relevante e se atinge os
objetivos propostos).
ANÁLISE DO ESCORE (classificação)
(Descrever como os resultados dos escores devem ser
analisados e classificados)
 A classificação baseada no escore é clara?
1 = não claro
2 = pouco claro
3 = bastante claro
4 = muito claro
Comentários:
1 = não claro
2 = pouco claro
3 = bastante claro
4 = muito claro
Comentários:
1 = não claro
2 = pouco claro
3 = bastante claro
4 = muito claro
Comentários:
Quadro 2. continuação
1 = não representativa
2 = necessita grande revisão para ser representativa
3 = necessita pouca revisão para ser representativa
4 = representativa
Comentários:
 A classificação baseada no escore é representativa,
é relevante?
VII. Avalie cada domínio do instrumento
considerando a abrangência (se cada domínio ou
conceito foi adequadamente coberto pelo conjunto
de itens).
(Coloque o domínio 1 completo para avaliação)
 O Domínio 1 é abrangente?
Algum item deve ser removido ou inserido?
(Realizar essa avaliação para cada domínio do seu
questionário)
VIII. Avalie o instrumento como um todo, ou seja,
todos os domínios, considerando a abrangência
(verificar se todas as dimensões foram incluídas).
O instrumento é abrangente?
1 = não abrangente
2 = necessita grande revisão para ser abrangente
3 = necessita pouca revisão para ser abrangente
4 = abrangente
Comentários:
1 = não abrangente
2 = necessita grande revisão para ser abrangente
3 = necessita pouca revisão para ser abrangente
4 = abrangente
Comentários:
1 = não clara
2 = pouco clara
3 = bastante clara
4 = muito clara
Comentários:
934
ColuciMZOetal.
Portanto, ao desenvolver e/ou selecionar ins-
trumentos que serão utilizados em pesquisas e/
ou na prática clínica, é muito importante que
estes sejam ou tenham sido avaliados quanto às
suas propriedades psicométricas43
.
A literatura descreve vários atributos que
podem ser testados no processo de avaliação das
propriedades psicométricas de um instrumen-
to14,44,45
: validade (validity), confiabilidade (relia-
bility), praticabilidade (praticability), sensibilida-
de (sensitivity), responsividade (responsiveness) e
interpretabilidade (interpretability).
A seleção dos atributos que devem ser avalia-
dos, bem como o método a ser utilizado vai de-
pender do tipo e objetivos de cada instrumento.
Dentre os atributos citados, aqueles mais comu-
mente utilizados são a validade, a confiabilidade
e a responsividade42
.
A validade é a capacidade de um instrumen-
to medir com precisão o fenômeno a ser estu-
dado14,19,27,46
. A avaliação deste atributo pode ser
feita de várias maneiras: validade de conteúdo,
validade de constructo e validade de critério1,3,47
.
Cada uma dessas maneiras avalia aspectos dife-
rentes do instrumento e deve ser pensada como
parte de um processo3
.
A confiabilidade é a capacidade do instru-
mento em reproduzir um resultado de forma
consistente no tempo e no espaço ou com ob-
servadores diferentes14,27
. Ou seja, confiabilidade
refere-se à quão estável, consistente ou preciso é
o instrumento19,28
. Os procedimentos utilizados
para a avaliação da confiabilidade também são
diversos. Dentre eles, os mais utilizados são: con-
sistência interna (homogeneidade) e estabilidade
(confiabilidade teste-reteste, confiabilidade inte-
robservadores ou intraobservadores)3
.
A responsividade é a capacidade de um ins-
trumento detectar mudanças sobre o constructo
a ser medido ao longo do tempo14,42
. Este atribu-
to se refere à validade no contexto longitudinal.
A diferença entre a validade e responsividade é
que a primeira se refere à validade de um escore
simples e a responsividade se refere à validade de
mudanças nesse escore42
.
Com relação às propriedades psicométricas,
é importante ressaltar que estas não são estáticas
do instrumento. Ou seja, elas podem variar de
acordo com a mudança da população de estudo3
.
Além disso, outros fatores que também po-
dem influenciar na avaliação das propriedades
psicométricas são: modo de administração (en-
trevista,telefone,ou autoaplicado),tipo de popu-
lação-alvo, tamanho amostral, dentre outros11,48
.
Conclusões
Este estudo realizou uma discussão de forma
sistematizada sobre os procedimentos recomen-
dados para a construção de novos instrumentos
de saúde a serem utilizados tanto na assistência
como em pesquisas.
Compreender, analisar e seguir o processo
descrito neste estudo é essencial para pesquisa-
dores e profissionais da área de saúde, que este-
jam preocupados em construir e utilizar instru-
mentos de medidas cada vez mais confiáveis e
apropriados.
Colaboradores
MZO Coluci trabalhou na concepção, no desen-
volvimento dos modelos para avaliação da vali-
dade de conteúdo, na redação e revisão final do
artigo. D Milani trabalhou na concepção, redação
e revisão final e crítica do artigo. NMC Alexandre
trabalhou na concepção, no delineamento do es-
tudo e na revisão crítica do artigo.
935
Ciência&SaúdeColetiva,20(3):925-936,2015
Haynes SN, Richard DCS, Kubany ES. Content validity
in psychological assessment: a functional approach to
concepts and methods. Psychol Assess 1995; 7(3):238-
247.
Pittman J, Bakas T. Measurement and instrument de-
sign. J Wound Ostomy Continence Nurs 2010; 37(6):
603-607.
Snyder CF, Watson ME, Jackson JD, Cella D, Halyard
MY, Mayo/FDA Patient-Reported Outcomes Consen-
sus Meeting Group. Patient-reported outcome ins-
trument selection: designing a measurement strategy.
Value Health 2007; 10(Supl. 2):S76-S85.
Günther H. Como Elaborar um Questionário. Serie
Planejamento de pesquisa nas ciências sociais 2003; 1:1-
15.
Pasquali L. Princípios de elaboração de escalas psicoló-
gicas. Rev Psiq Clin 1998; 25(5):206-213.
Cardoso CS, Bandeira M, Ribeiro ALP, Oliveira GL,
Caiaffa WT. Escalas de satisfação com o atendimento às
doenças cardiovasculares: Cardiosatis- usuário equipe.
Cien Saude Colet 2011; 16(Supl. 1):1401-1407.
Sireci SG. The construct of content validity. Soc Indic
Res 1998; 45(1-3):83-117.
Fagarasanu M, Kumar S. Measurement instruments
and data collection: a consideration of constructs and
biases in ergonomics research. Int J Ind Ergon 2002;
30(6):355-369.
Wynd CA, Schmidt B, Schaefer MA. Two quantitative
approaches for estimating content validity. West J Nurs
Res 2003; 25(5):508-518.
Contandriopoulos AP. Saber preparar uma pesquisa. 3ª
ed. São Paulo, Rio de Janeiro: Hucitec, Abrasco; 1999.
Polit DF, Beck CT, Hungler BP. Fundamentos em pes-
quisa em enfermagem: métodos, avaliação e utilização.
5ª ed. Porto Alegre: Artmed Editora; 2004.
Alexandre NMC, Coluci, MZO. Validade de conteúdo
nos processos de construção e adaptação de instru-
mentos de medida. Cien Saude Colet 2011; 16(7):3061-
3067.
Burns N, Grove SK. The practice of nursing research:
conduct, critique & utilization. 3a
ed. Philadelphia:
Saunders Company; 1997.
Tilden VP, Nelson CA, May BA. Use of qualitative
methods to enhance content validity. Nurs Res 1990;
39(3):172-175.
Hyrkas K, Appelqvist-Schmidlechner K, Oksa L. Vali-
dating an instrument for clinical supervision using an
expert panel. Int J Nurs Stud 2003; 40:619-625.
Salmond SS. Evaluating the reliability and validity of
measurement instruments. Orthop Nurs 2008; 27(1):
28-30.
Berk RA. Importance of expert judgment in con-
tent-related validity evidence. West J Nurs Res 1990;
12(5):659-671.
Rubio DM, Berg-Weger M, Tebb SS, Lee S, Rauch S.
Objectifying content validity: conducting a content va-
lidity study in social work research. Soc Work Res 2003;
27(2):94-105.
Grant JS, Davis LL. Selection and use of content experts
for instrument development. Res Nurs Health 1997;
20(3):269-274.
18.
19.
20.
21.
22.
23.
24.
25.
26.
27.
28.
29.
30.
31.
32.
33.
34.
35.
36.
Referências
Cano SJ, Hobart JC. The problem with health measure-
ment. Patient Prefer Adherence 2011; 5:279-290.
Marx RG, Bombardier C, Hogg-Johnson S, Wright JG.
Clinimetric and psychometric strategies for develop-
ment of a health measurement scale. J Clin Epidemiol
1999; 5(2):105-111.
Keszei A, Novak M, Streiner DL. Introduction to health
measurement scales. J Psychosom Res 2010; 68(4);319-
323.
Rattray J, Jones MC. Essential elements of question-
naire design and development. J Clin Nurs 2007;
16(2):234-243.
Gallasch CH, Alexandre NMC, Amick III B. Cross-cul-
tural adaptation, Reliability, and validity of the Work
Role Functioning Questionnaire to Brazilian Portugue-
se. J Occup Rehabil 2007; 17(4):701-711.
Vigatto R,Alexandre NMC, Correa Filho HR. Develop-
ment of a Brazilian Portuguese version of the Oswestry
Disability Index. Cross-cultural adaptation, reliability,
and validity. Spine 2007; 32(4):481-486.
Nakajima KM, Rodrigues RCM, Gallani MCBJ, Ale-
xandre NMC, Oldridge N. Psychometric properties
of MacNew Heart Disease Health-related Quality of
Life Questionnaire: Brazilian version. J Adv Nurs 2009;
65(5):1084-1094.
Toledo R, Alexandre NMC, Rodrigues RCM. Psycho-
metric evaluation of a Brazilian Portuguese version of
the Spitzer Quality of Life Index in patients with low
back pain. Rev Lat Am Enfermagem 2008; 16(6):943-
950.
Cano SJ, Hobart JC, Fitzpatrick R, Bhatia K, Thomp-
son AJ, Warner TT. Patient-based outcomes of cervical
dystonia: a review of rating scales. Mov Disord 2004;
19(9):1054-1059.
Chen CM, Cano SJ, Klassen AF, King T, McCarthy C,
Cordeiro PG, Morrow M, Pusic AL. Measuring quality
of life in oncologic breast surgery: a systematic review
of patient-reported outcome measures. Breast J 2010;
16(6):58-97.
Streiner DL, Norman GR. Health measurement scales. A
practical guide to their development and use. 4th
ed. New
York: Oxford University Press; 2008.
Alexandre NMC, Guirardello EB. Adaptación cultural
de instrumentos utilizados em salud ocupacional. Rev
Panam Salud Publica 2002; 11(2):109-111.
Hutchinson A, Bentzen N, Konig-Zanhn C. Cross cul-
tural health outcome assessment: a user’s guide. The Ne-
therlands: ERGHO; 1996.
Terwee CB, Bot SDM, Boer MR, van der Windt DA,
Knol DL, Dekker J, Bouter LM, de Vet HC. Quality
criteria were proposed for measurement properties
of health status questionnaires. J Clin Epidemiol 2007;
60(1):34-42.
Turner R, Quittner AL, Parasuraman BM, Kallich JD,
Cleeland CS, Mayo/FDA Patient-Reported Outcomes
Consensus Meeting Group. Patient-reported outco-
mes: instrument development and selection issues.
Value Health 2007; 10(Supl. 2):S86-S93.
Selby-Harrington ML, Mehta SM, Jutsum V, Riportella
-Muller R, Quade D. Reporting of instrument validity
and reliability in selected clinical nursing journals. J
Prof Nurs 1994; 10(1):47-56.
Rother ET. Revisão sistemática X revisão narrativa.
Acta paul enfer 2007; 20(2):V-VI.
1.
2.
3.
4.
5.
6.
7.
8.
9.
10.
11.
12.
13.
14.
15.
16.
17.
936
ColuciMZOetal.
McGilton K. Development and psychometric evalua-
tion of supportive leadership scales. Can J Nurs Res
2003; 35(4):72-86.
Summers S. Establishing the Reliability and Validity
of a New Instrument: Pilot Testing. J Post Anesth Nurs
1993; 8(2):124-127.
DeVon HA, Block ME, Moyle-Wright P, Ernst DM,
Hayden SJ, Lazzara DJ, Savoy SM, Kostas-Polston E. A
psychometric toolbox for testing validity and reliabili-
ty. J Nurs Scholarsh 2007; 39(2):155-164.
Polit DF, Beck CT. The content validity index: are you
sure you know what’s being reported? Critique and re-
commendations. Res Nurs Health 2006; 29(5):489-497.
Morse JM. Approaches to qualitative-quantitative me-
thodological triangulation. Nurs Res 1991; 40(1):120-
123.
Terwee CB, Schellingerhout JM, Verhagen AP, Koes
BW, de Vet HC. Methodological quality of studies on
the measurement properties of neck pain and disabi-
lity questionnaires: a systematic review. J Manipulative
Physiol Ther 2011; 34(4):261-272.
Olivo SA, Macedo LG, Gadotti IC, Fuentes J, Stanton
T, Magee DJ. Scales to assess the quality of randomized
controlled trials: a systematic review. Phys Ther 2008;
88(2):156-175.
Kimberling CL, Winterstein AG. Validity and reliabili-
ty of measurement instruments used in research. Am J
Health Syst Pharm 2008; 65(23):2276-2284.
DeVon HA, Block ME, Moyle-Wright P, Ernst DM,
Hayden SJ, Lazzara DJ, Savoy SM, Kostas-Polston E. A
psychometric toolbox for testing validity and reliabili-
ty. J Nurs Scholarsh 2007; 39(2):155-164.
Roberts P, Priest H, Traynor M. Reliability and validity
in research. Nurs Stand 2006; 20(44):41-45.
Pasquali L. Psicometria. Rev Esc Enf USP 2009;
43(esp):992-999.
Frost MH, Reeve BB, Liepa AM, Stauffer JW, Hays RD,
Mayo/FDA Patient-Reported Outcomes Consensus
Meeting Group. What is sufficient for reliability and
validity of patient-reported outcome measures? Value
Health 2007; 10(Supl. 2):S94-S105.
Artigo apresentado em 15/03/2013
Aprovado em 14/04/2013
Versão final apresentada em 16/04/2013
37.
38.
39.
40.
41.
42.
43.
44.
45.
46.
47.
48.

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

Avaliacao do-estudante-de-medicina-luiz-ernesto-troncon
Avaliacao do-estudante-de-medicina-luiz-ernesto-tronconAvaliacao do-estudante-de-medicina-luiz-ernesto-troncon
Avaliacao do-estudante-de-medicina-luiz-ernesto-tronconPROIDDBahiana
 
O Papel do Enfermeiro no Tratamento do Paciente com Diagnostico de Patologia ...
O Papel do Enfermeiro no Tratamento do Paciente com Diagnostico de Patologia ...O Papel do Enfermeiro no Tratamento do Paciente com Diagnostico de Patologia ...
O Papel do Enfermeiro no Tratamento do Paciente com Diagnostico de Patologia ...Danielle Carneiro
 
O ensino-e-o-aprendizado-das-habilidades-clinicas-e-competencias-medicas-kira...
O ensino-e-o-aprendizado-das-habilidades-clinicas-e-competencias-medicas-kira...O ensino-e-o-aprendizado-das-habilidades-clinicas-e-competencias-medicas-kira...
O ensino-e-o-aprendizado-das-habilidades-clinicas-e-competencias-medicas-kira...PROIDDBahiana
 
96020392 anamnese-examefisico-cap-01
96020392 anamnese-examefisico-cap-0196020392 anamnese-examefisico-cap-01
96020392 anamnese-examefisico-cap-01Klíscia Rosa
 
09 validação do questionário da angina oms
09   validação do questionário da angina oms09   validação do questionário da angina oms
09 validação do questionário da angina omsgisa_legal
 
Prática Baseada na evidência. Que impacto na praxis dos cuidados de enfermage...
Prática Baseada na evidência. Que impacto na praxis dos cuidados de enfermage...Prática Baseada na evidência. Que impacto na praxis dos cuidados de enfermage...
Prática Baseada na evidência. Que impacto na praxis dos cuidados de enfermage...Abilio Cardoso Teixeira
 
02 perfil da pesquisa clínica no brasil 2012
02   perfil da pesquisa clínica no brasil 201202   perfil da pesquisa clínica no brasil 2012
02 perfil da pesquisa clínica no brasil 2012gisa_legal
 
Aula 9 ferramentas da epidemiologia clínica para um diagnóstico
Aula 9   ferramentas da epidemiologia clínica para um diagnósticoAula 9   ferramentas da epidemiologia clínica para um diagnóstico
Aula 9 ferramentas da epidemiologia clínica para um diagnósticoRicardo Alexandre
 
Análise de custo minimização do curativo com hidrogel e papaína em clientes c...
Análise de custo minimização do curativo com hidrogel e papaína em clientes c...Análise de custo minimização do curativo com hidrogel e papaína em clientes c...
Análise de custo minimização do curativo com hidrogel e papaína em clientes c...Thaisttp
 
CONFIABILIDADE DA VERSÃO BRASILEIRA DA ESCALA DE ATIVIDADES INSTRUMENTAIS DA ...
CONFIABILIDADE DA VERSÃO BRASILEIRA DA ESCALA DE ATIVIDADES INSTRUMENTAIS DA ...CONFIABILIDADE DA VERSÃO BRASILEIRA DA ESCALA DE ATIVIDADES INSTRUMENTAIS DA ...
CONFIABILIDADE DA VERSÃO BRASILEIRA DA ESCALA DE ATIVIDADES INSTRUMENTAIS DA ...Universidade Ferderal do Triângulo Mineiro
 
A cooperação do Hospital Alemão Oswaldo Cruz na elaboração d Diretrizes Clíni...
A cooperação do Hospital Alemão Oswaldo Cruz na elaboração d Diretrizes Clíni...A cooperação do Hospital Alemão Oswaldo Cruz na elaboração d Diretrizes Clíni...
A cooperação do Hospital Alemão Oswaldo Cruz na elaboração d Diretrizes Clíni...CONITEC
 
Evelinda Marramon Trindade
Evelinda Marramon TrindadeEvelinda Marramon Trindade
Evelinda Marramon TrindadeCONITEC
 
Levantamentos epidemiológicos em odontologia
Levantamentos epidemiológicos em odontologiaLevantamentos epidemiológicos em odontologia
Levantamentos epidemiológicos em odontologiaroseanecordeiro
 
Experiência do NATS - INC
Experiência do NATS - INCExperiência do NATS - INC
Experiência do NATS - INCCONITEC
 
Choosing Wisely aplicada à Medicina de Emergência
Choosing Wisely aplicada à Medicina de EmergênciaChoosing Wisely aplicada à Medicina de Emergência
Choosing Wisely aplicada à Medicina de EmergênciaGuilherme Barcellos
 

Mais procurados (18)

Avaliacao do-estudante-de-medicina-luiz-ernesto-troncon
Avaliacao do-estudante-de-medicina-luiz-ernesto-tronconAvaliacao do-estudante-de-medicina-luiz-ernesto-troncon
Avaliacao do-estudante-de-medicina-luiz-ernesto-troncon
 
O Papel do Enfermeiro no Tratamento do Paciente com Diagnostico de Patologia ...
O Papel do Enfermeiro no Tratamento do Paciente com Diagnostico de Patologia ...O Papel do Enfermeiro no Tratamento do Paciente com Diagnostico de Patologia ...
O Papel do Enfermeiro no Tratamento do Paciente com Diagnostico de Patologia ...
 
O ensino-e-o-aprendizado-das-habilidades-clinicas-e-competencias-medicas-kira...
O ensino-e-o-aprendizado-das-habilidades-clinicas-e-competencias-medicas-kira...O ensino-e-o-aprendizado-das-habilidades-clinicas-e-competencias-medicas-kira...
O ensino-e-o-aprendizado-das-habilidades-clinicas-e-competencias-medicas-kira...
 
96020392 anamnese-examefisico-cap-01
96020392 anamnese-examefisico-cap-0196020392 anamnese-examefisico-cap-01
96020392 anamnese-examefisico-cap-01
 
09 validação do questionário da angina oms
09   validação do questionário da angina oms09   validação do questionário da angina oms
09 validação do questionário da angina oms
 
Prática Baseada na evidência. Que impacto na praxis dos cuidados de enfermage...
Prática Baseada na evidência. Que impacto na praxis dos cuidados de enfermage...Prática Baseada na evidência. Que impacto na praxis dos cuidados de enfermage...
Prática Baseada na evidência. Que impacto na praxis dos cuidados de enfermage...
 
12
1212
12
 
02 perfil da pesquisa clínica no brasil 2012
02   perfil da pesquisa clínica no brasil 201202   perfil da pesquisa clínica no brasil 2012
02 perfil da pesquisa clínica no brasil 2012
 
Aula 9 ferramentas da epidemiologia clínica para um diagnóstico
Aula 9   ferramentas da epidemiologia clínica para um diagnósticoAula 9   ferramentas da epidemiologia clínica para um diagnóstico
Aula 9 ferramentas da epidemiologia clínica para um diagnóstico
 
Protocolos: da evidência à prática
Protocolos: da evidência à práticaProtocolos: da evidência à prática
Protocolos: da evidência à prática
 
Análise de custo minimização do curativo com hidrogel e papaína em clientes c...
Análise de custo minimização do curativo com hidrogel e papaína em clientes c...Análise de custo minimização do curativo com hidrogel e papaína em clientes c...
Análise de custo minimização do curativo com hidrogel e papaína em clientes c...
 
CONFIABILIDADE DA VERSÃO BRASILEIRA DA ESCALA DE ATIVIDADES INSTRUMENTAIS DA ...
CONFIABILIDADE DA VERSÃO BRASILEIRA DA ESCALA DE ATIVIDADES INSTRUMENTAIS DA ...CONFIABILIDADE DA VERSÃO BRASILEIRA DA ESCALA DE ATIVIDADES INSTRUMENTAIS DA ...
CONFIABILIDADE DA VERSÃO BRASILEIRA DA ESCALA DE ATIVIDADES INSTRUMENTAIS DA ...
 
Janine Schirmer
Janine SchirmerJanine Schirmer
Janine Schirmer
 
A cooperação do Hospital Alemão Oswaldo Cruz na elaboração d Diretrizes Clíni...
A cooperação do Hospital Alemão Oswaldo Cruz na elaboração d Diretrizes Clíni...A cooperação do Hospital Alemão Oswaldo Cruz na elaboração d Diretrizes Clíni...
A cooperação do Hospital Alemão Oswaldo Cruz na elaboração d Diretrizes Clíni...
 
Evelinda Marramon Trindade
Evelinda Marramon TrindadeEvelinda Marramon Trindade
Evelinda Marramon Trindade
 
Levantamentos epidemiológicos em odontologia
Levantamentos epidemiológicos em odontologiaLevantamentos epidemiológicos em odontologia
Levantamentos epidemiológicos em odontologia
 
Experiência do NATS - INC
Experiência do NATS - INCExperiência do NATS - INC
Experiência do NATS - INC
 
Choosing Wisely aplicada à Medicina de Emergência
Choosing Wisely aplicada à Medicina de EmergênciaChoosing Wisely aplicada à Medicina de Emergência
Choosing Wisely aplicada à Medicina de Emergência
 

Semelhante a 04 construção de instrumentos de medida na área da saúde

revisão integrativa metodologia FASES 2010.pdf
revisão integrativa metodologia FASES 2010.pdfrevisão integrativa metodologia FASES 2010.pdf
revisão integrativa metodologia FASES 2010.pdfJoilaneAlvesPereiraF
 
Akerman 2004 aval_pol_pub
Akerman 2004 aval_pol_pubAkerman 2004 aval_pol_pub
Akerman 2004 aval_pol_pubmarcosgmaciel1
 
Avaliação e monitoramento de serviços de saúde
Avaliação e monitoramento de serviços de saúdeAvaliação e monitoramento de serviços de saúde
Avaliação e monitoramento de serviços de saúdeArare Carvalho Júnior
 
Metodologia de pesquisa quali em medicina
Metodologia de pesquisa quali em medicinaMetodologia de pesquisa quali em medicina
Metodologia de pesquisa quali em medicinagisa_legal
 
Metodologia de pesquisa quali em medicina
Metodologia de pesquisa quali em medicinaMetodologia de pesquisa quali em medicina
Metodologia de pesquisa quali em medicinagisa_legal
 
I Forum de residência médica em urologia
I Forum de residência médica em urologiaI Forum de residência médica em urologia
I Forum de residência médica em urologiaUrovideo.org
 
I forum urologia[1]
I forum urologia[1]I forum urologia[1]
I forum urologia[1]Urovideo.org
 
Construcao de-um-instrumento-para-avaliacao-das-atitudes-de-estudantes-de-med...
Construcao de-um-instrumento-para-avaliacao-das-atitudes-de-estudantes-de-med...Construcao de-um-instrumento-para-avaliacao-das-atitudes-de-estudantes-de-med...
Construcao de-um-instrumento-para-avaliacao-das-atitudes-de-estudantes-de-med...PROIDDBahiana
 
Construcao de-um-instrumento-para-avaliacao-das-atitudes-de-estudantes-de-med...
Construcao de-um-instrumento-para-avaliacao-das-atitudes-de-estudantes-de-med...Construcao de-um-instrumento-para-avaliacao-das-atitudes-de-estudantes-de-med...
Construcao de-um-instrumento-para-avaliacao-das-atitudes-de-estudantes-de-med...PROIDDBahiana
 
Desenvolvimento profissional contínuoem cuidados de saúde primários e integra...
Desenvolvimento profissional contínuoem cuidados de saúde primários e integra...Desenvolvimento profissional contínuoem cuidados de saúde primários e integra...
Desenvolvimento profissional contínuoem cuidados de saúde primários e integra...João Pedro Batista Tomaz
 
Avaliacao do-estudante-de-medicina-luiz-ernesto-troncon
Avaliacao do-estudante-de-medicina-luiz-ernesto-tronconAvaliacao do-estudante-de-medicina-luiz-ernesto-troncon
Avaliacao do-estudante-de-medicina-luiz-ernesto-tronconPROIDDBahiana
 
Omsis relatorio do estudo final v1.0
Omsis relatorio do estudo  final  v1.0Omsis relatorio do estudo  final  v1.0
Omsis relatorio do estudo final v1.0Comunidade ESaude
 
MEDIDAS E AVALIAÇÃO EM PSI_1psicana.pptx
MEDIDAS E AVALIAÇÃO EM PSI_1psicana.pptxMEDIDAS E AVALIAÇÃO EM PSI_1psicana.pptx
MEDIDAS E AVALIAÇÃO EM PSI_1psicana.pptxMarceloMonteiro213738
 
Manuais para o cuidado em saúde
Manuais para o cuidado em saúdeManuais para o cuidado em saúde
Manuais para o cuidado em saúdegisorte
 
Instrumento para coleta de dados em enfermagem
Instrumento para coleta de dados em enfermagemInstrumento para coleta de dados em enfermagem
Instrumento para coleta de dados em enfermagemNayara Kalline
 
Processo de enfermagem 2015
Processo de enfermagem 2015Processo de enfermagem 2015
Processo de enfermagem 2015Ellen Priscilla
 
Apresentação CEP
Apresentação CEPApresentação CEP
Apresentação CEPtaty.hidv
 

Semelhante a 04 construção de instrumentos de medida na área da saúde (20)

revisão integrativa metodologia FASES 2010.pdf
revisão integrativa metodologia FASES 2010.pdfrevisão integrativa metodologia FASES 2010.pdf
revisão integrativa metodologia FASES 2010.pdf
 
Galvao - revisao integrativa.pdf
Galvao - revisao integrativa.pdfGalvao - revisao integrativa.pdf
Galvao - revisao integrativa.pdf
 
Akerman 2004 aval_pol_pub
Akerman 2004 aval_pol_pubAkerman 2004 aval_pol_pub
Akerman 2004 aval_pol_pub
 
Avaliação e monitoramento de serviços de saúde
Avaliação e monitoramento de serviços de saúdeAvaliação e monitoramento de serviços de saúde
Avaliação e monitoramento de serviços de saúde
 
Metodologia de pesquisa quali em medicina
Metodologia de pesquisa quali em medicinaMetodologia de pesquisa quali em medicina
Metodologia de pesquisa quali em medicina
 
Metodologia de pesquisa quali em medicina
Metodologia de pesquisa quali em medicinaMetodologia de pesquisa quali em medicina
Metodologia de pesquisa quali em medicina
 
I Forum de residência médica em urologia
I Forum de residência médica em urologiaI Forum de residência médica em urologia
I Forum de residência médica em urologia
 
I forum urologia[1]
I forum urologia[1]I forum urologia[1]
I forum urologia[1]
 
Construcao de-um-instrumento-para-avaliacao-das-atitudes-de-estudantes-de-med...
Construcao de-um-instrumento-para-avaliacao-das-atitudes-de-estudantes-de-med...Construcao de-um-instrumento-para-avaliacao-das-atitudes-de-estudantes-de-med...
Construcao de-um-instrumento-para-avaliacao-das-atitudes-de-estudantes-de-med...
 
Construcao de-um-instrumento-para-avaliacao-das-atitudes-de-estudantes-de-med...
Construcao de-um-instrumento-para-avaliacao-das-atitudes-de-estudantes-de-med...Construcao de-um-instrumento-para-avaliacao-das-atitudes-de-estudantes-de-med...
Construcao de-um-instrumento-para-avaliacao-das-atitudes-de-estudantes-de-med...
 
revisao sistematica
revisao sistematicarevisao sistematica
revisao sistematica
 
Desenvolvimento profissional contínuoem cuidados de saúde primários e integra...
Desenvolvimento profissional contínuoem cuidados de saúde primários e integra...Desenvolvimento profissional contínuoem cuidados de saúde primários e integra...
Desenvolvimento profissional contínuoem cuidados de saúde primários e integra...
 
Avaliacao do-estudante-de-medicina-luiz-ernesto-troncon
Avaliacao do-estudante-de-medicina-luiz-ernesto-tronconAvaliacao do-estudante-de-medicina-luiz-ernesto-troncon
Avaliacao do-estudante-de-medicina-luiz-ernesto-troncon
 
Omsis relatorio do estudo final v1.0
Omsis relatorio do estudo  final  v1.0Omsis relatorio do estudo  final  v1.0
Omsis relatorio do estudo final v1.0
 
MEDIDAS E AVALIAÇÃO EM PSI_1psicana.pptx
MEDIDAS E AVALIAÇÃO EM PSI_1psicana.pptxMEDIDAS E AVALIAÇÃO EM PSI_1psicana.pptx
MEDIDAS E AVALIAÇÃO EM PSI_1psicana.pptx
 
Teste palo
Teste paloTeste palo
Teste palo
 
Manuais para o cuidado em saúde
Manuais para o cuidado em saúdeManuais para o cuidado em saúde
Manuais para o cuidado em saúde
 
Instrumento para coleta de dados em enfermagem
Instrumento para coleta de dados em enfermagemInstrumento para coleta de dados em enfermagem
Instrumento para coleta de dados em enfermagem
 
Processo de enfermagem 2015
Processo de enfermagem 2015Processo de enfermagem 2015
Processo de enfermagem 2015
 
Apresentação CEP
Apresentação CEPApresentação CEP
Apresentação CEP
 

04 construção de instrumentos de medida na área da saúde

  • 1. REVISÃOREVIEW 925 1 Faculdade de Enfermagem, Universidade Estadual de Campinas. Cidade Universitária Zeferino Vaz, Barão Geraldo. 13083- 887 Campinas SP Brasil. mazorpinelli@yahoo.com.br Construção de instrumentos de medida na área da saúde Construction of measurement instruments in the area of health Resumo Instrumentos de medida são partes in- tegrantes da prática clínica, da avaliação em saú- de e de pesquisas. Esses instrumentos só são úteis e capazes de apresentar resultados cientificamente robustos quando são desenvolvidos de maneira apropriada e quando apresentam boas qualida- des psicométricas. A literatura aponta que, apesar do aumento significativo no número de escalas de avaliação, muitas não têm sido desenvolvidas e validadas adequadamente. O presente estudo teve como objetivos realizar uma revisão narrativa so- bre o processo de elaboração de novos instrumen- tos e apresentar algumas ferramentas que podem ser utilizadas em algumas etapas do seu processo de desenvolvimento. As etapas descritas foram: I-Estabelecimento da estrutura conceitual e defi- nição dos objetivos do instrumento e da população envolvida; II-Construção dos itens e das escalas de respostas; III-Seleção e organização dos itens e estruturação do instrumento; IV-Validade de conteúdo; e V-Pré-teste. Uma discussão breve so- bre a avaliação das propriedades psicométricas foi incluída devido à importância que esta tem para que os instrumentos sejam aceitos e reconhecidos tanto no meio científico como no meio clínico. Palavras-chave Medidas, Métodos e teorias, Questionários, Estudos de Validação, Reproduti- bilidade dos testes Abstract Measurement instruments are an in- tegral part of clinical practice, health evaluation and research. These instruments are only useful and able to present scientifically robust results when they are developed properly and have appro- priate psychometric properties. Despite the signif- icant increase of rating scales, the literature sug- gests that many of them have not been adequately developed and validated. The scope of this study was to conduct a narrative review on the process of developing new measurement instruments and to present some tools which can be used in some stages of the development process. The steps de- scribed were: I-The establishment of a conceptual framework, and the definition of the objectives of the instrument and the population involved; II-Development of the items and of the response scales; III-Selection and organization of the items and structuring of the instrument; IV-Content validity, V-Pre-test. This study also included a brief discussion on the evaluation of the psycho- metric properties due to their importance for the instruments to be accepted and acknowledged in both scientific and clinical environments. Key words Measurements, Methods and theo- ries, Questionnaires, Validation studies, Repro- ducibility of the tests Marina Zambon Orpinelli Coluci 1 Neusa Maria Costa Alexandre 1 Daniela Milani 1 DOI: 10.1590/1413-81232015203.04332013
  • 2. 926 ColuciMZOetal. Introdução e justificativa Questionários são instrumentos integrantes da prática clínica, da avaliação em saúde e de pes- quisas1 . Estes instrumentos exercem grande in- fluência nas decisões sobre o cuidado, tratamento e/ou intervenções e na formulação de programas de saúde e de políticas institucionais1,2 . Com o atual e crescente interesse pelo cui- dado à saúde, pesquisadores e organizações in- ternacionais têm desenvolvido instrumentos importantes e de grande aplicabilidade1-3 . Os as- pectos avaliados e/ou mensurados por estes ins- trumentos são diversos: dor, qualidade de vida, capacidade funcional, estado de saúde, vitalidade e limitações, adesão ao tratamento, fatores emo- cionais e psicossociais, dentre outros2,4-8 . Pesquisadores apontam que os instrumentos para avaliação só são úteis e capazes de apresen- tar resultados cientificamente robustos quando demonstram boas propriedades psicométricas3 . Apesar do aumento significativo do número de escalas de avaliação e/ou questionários, mui- tos não são desenvolvidos e validados de forma apropriada1,9-10 . O desenvolvimento integral de um novo ins- trumento de mensuração em saúde é complexo, consome vários recursos e requer a mobilização de capacidades e de conhecimentos de diversas áreas11 . Por este motivo, antes de se desenvolver novos instrumentos, recomenda-se que o pes- quisador esteja ciente sobre os questionários já existentes. Estes, muitas vezes, podem atender às mesmas finalidades pretendidas ou similares11 . Outra recomendação é a de que haja prefe- rência por realizar a adaptação cultural de ques- tionários previamente desenvolvidos e validados em outros idiomas em detrimento de construir novos instrumentos12,13 . Esta é uma alternativa facilitadora para a troca de informações e di- vulgação do conhecimento entre a comunidade científica11-13 . Porém, quando o desenvolvimento de um novo instrumento é realmente necessário, os pesquisadores e profissionais da área da saúde precisam estar cientes de que devem seguir uma metodologia adequada a fim de que esse novo instrumento seja apropriado e confiável2,14-16 . Neste sentido, discussões sobre o processo de desenvolvimento de novos questionários e escalas na área de saúde são bastante relevantes. O presente estudo tem como objetivos: discutir de forma sistematizada as principais etapas a se- rem seguidas na elaboração de instrumentos de medida na área de saúde e apresentar algumas ferramentas que podem ser utilizadas como au- xílio nas etapas do desenvolvimento desses novos instrumentos. Método Trata-se de uma pesquisa bibliográfica que pode ser definida como narrativa17 . O levantamento bibliográfico foi realizado nas seguintes bases de dados das Ciências da Saúde: Biblioteca Virtual em Saúde – Enfermagem (BDENF), Portal de Revistas de Enfermagem, SciELO, Lilacs (Litera- tura Latino - Americana e do Caribe em Ciências da Saúde), Medline (National Library of Medi- cine-USA), International Nursing Index (INI) e Cumulative Index to Nursing and Allied Health Literature (CINAHL). No estudo foram incluídas publicações na- cionais e internacionais disponíveis nos idiomas português e inglês a partir de 1990 e que abor- dassem temas relacionados ao desenvolvimento de instrumentos de medida. Os seguintes descritores utilizados em por- tuguês foram pesquisados na Bireme (DeCS – Terminologia em Saúde): “estudos de valida- ção”,“validade dos testes”,“reprodutibilidade dos testes” e “questionários”. Para os descritores em inglês utilizou-se a National Library of Medici- ne’s Medical Subject Headings (MeSH = Medical Subject Heading Terms). Estes foram os seguin- tes:“validation studies”,“psychometrics”, e“ques- tionnaire design”. Resultados e discussão Devido ao aumento da importância dos instru- mentos de medida em saúde, o entendimento sobre o processo e as técnicas utilizadas para o desenvolvimento destas é crucial2 . Com o objetivo de melhorar a qualidade dos instrumentos, autores sugerem e descrevem eta- pas e métodos padronizados e sistemáticos que devem ser utilizados durante esse processo3,18,19 . De uma forma geral, a literatura destaca as seguintes etapas a serem seguidas no processo de construção de instrumentos: I-Estabelecimento da estrutura conceitual; II-definição dos objeti- vos do instrumento e da população envolvida; II- I-Construção dos itens e das escalas de resposta; IV-Seleção e organização dos itens; V-Estrutura- ção do instrumento; VI-Validade de Conteúdo; e VII-Pré-teste. Cada uma dessas etapas será discutida de
  • 3. 927 Ciência&SaúdeColetiva,20(3):925-936,2015 maneira mais detalhada nas seções seguintes. A Figura 1 ilustra esse processo e apresenta de maneira resumida os recursos, critérios e/ou re- comendações que geralmente são utilizados em cada etapa. Com relação ao processo de avaliação das propriedades psicométricas de um instrumen- to, não há um consenso na literatura sobre este pertencer ao processo de desenvolvimento do instrumento ou não. Com a justificativa de que a utilidade de um instrumento de medida no meio científico e clínico só é reconhecida após este ter suas propriedades psicométricas avaliadas, este estudo também inclui uma breve discussão sobre a avaliação dessas propriedades. As etapas do processo de construção de instrumentos de medidas na área da saúde Estabelecimento da estrutura conceitual e definição dos objetivos do instrumento e da população envolvida Para a construção de instrumentos de me- dida, é fundamental que os objetivos sejam es- tabelecidos e que estes tenham conexão com os conceitos a serem abordados20,21 . A caracteriza- ção/definição da população-alvo também é im- portante porque serve para justificar a relevância da criação de um instrumento específico15 . A elaboração da estrutura conceitual, tam- bém conhecida como definição operacional do Figura 1. As etapas do processo de desenvolvimento de instrumentos de medida e os recursos, critérios, recomendações e/ou atributos geralmente mais utilizados em cada etapa. Estabelecimento da estrutura conceitual Recursos: - Revisão de literatura; - Conhecimento de peritos; - Própria experiência; Exemplos: - Escala visual analógica; - Escalas adjetivas; - Escalas tipo Likert; - Escalas de face; Critérios: - Formato; - Título; - Instruções; - Domínios; - Escores; - Sequência dos itens; Recomendações: - Comitê especialistas (5 a 10 juízes); - Procedimentos quantitativos: taxa concordância; IVC - Procedimentos qualitativos: entrevistas, discussões; Recomendações: - Amostra de 30-40 indivíduos; - Entrevista após preenchimento do instrumento; Atributos: - Validade; - Praticabilidade; - Responsividade; - Confiabilidade; - Sensibilidade; - Interpretabilidade; Critérios: Comportamental, objetividade, simplicidade, clareza, precisão, validade, relevância, interpretabilidade Recursos: - Busca na literatura; - Escalas já existentes; - Relatos da população-alvo; - Observação clínica; - Opinição de especialistas; - Resultados de pesquisas; Construção dos itens/domínios Seleção e organização dos itens Estruturação do questionário Pré-teste Validade de conteúdo Avaliação das propriedades psicométricas Instrumento construído Definição dos objetivos do instrumento Definição da população envolvida Construção das escalas de resposta
  • 4. 928 ColuciMZOetal. constructo e de sua dimensionalidade, é a etapa responsável por definir o contexto do instrumen- to e sustentar o desenvolvimento dos domínios e itens22 . Esta é considerada uma etapa bastante importante porque “quanto melhor e mais com- pleta for a especificação do constructo, melhor será a garantia de que o instrumento será útil e válido”22 . Por este motivo, pesquisadores apon- tam para a importância das definições operacio- nais do constructo de forma detalhada22 . Construção dos itens e das escalas de resposta Os itens de uma escala não devem ser cons- truídos ao acaso. Eles devem ser elaborados ou selecionados em função das definições operacio- nais do constructo que já foram analisadas na etapa anterior22 . Vários são os recursos a partir dos quais es- ses itens podem ser construídos: busca na li- teratura, questionários já existentes, relatos da população-alvo, observação clínica, opinião de especialistas, resultados de pesquisa, teorias, den- tre outros3,11,15,23 . Cada um desses recursos possui pontos fortes e fracos dependendo do tipo, do ob- jetivo e da aplicação da escala a ser desenvolvida3 . A busca na literatura junto às bases de dados nacionais e internacionais é comumente utiliza- da como principal recurso nas pesquisas de de- senvolvimento de instrumentos de medidas. Esta estratégia visa dar ciência ao pesquisador quanto aos instrumentos que já existem11 . A utilização de instrumentos já existentes também é apontada por pesquisadores3,11 como um recurso útil, pois, na maioria das vezes, seus itens já foram testados quanto às qualidades psicométricas3 . A utilização destes itens em de- trimento de construir novos pode economizar tempo e trabalho do pesquisador3,11 . Outro recurso que pode ser significativo e fonte excelente de itens é a experiência da popu- lação-alvo3,11 . Dentre as técnicas utilizadas para obtenção de dados da população de forma sis- temática, citam-se a realização de grupo focal e entrevistas em profundidade3,11,23 . A observação clínica pode ser útil quando utilizada previamente à opinião de especialistas e também é uma forma de reunir informações de forma sistemática. Geralmente este recurso está associado à teoria, resultados laboratoriais e achados clínicos3,11 . A opinião de especialistas também é um re- curso bastante utilizado e influencia considera- velmente na geração de itens mais potenciais para a escala11 . Dentre as vantagens, está o fato dos es- pecialistas serem escolhidos cuidadosamente e, portanto, representarem o que há de mais recen- te no conhecimento da área3,11 . Recomenda-se a participação de três a dez especialistas3,11 . Com relação aos resultados de pesquisas, os mais úteis são as revisões sistemáticas e estudos3,11 . Além da construção dos itens, o desenvolvi- mento e escolha de um método para obtenção das respostas também é imprescindível11 .As esca- las de respostas aos itens podem assumir muitas formas e a escolha do método deve ser determi- nada pela natureza da pergunta realizada11 . Dentre as técnicas utilizadas para a formula- ção de escalas de resposta, as mais comuns são as de estimativa direta, como a escala visual analó- gica, as escalas adjetivas, as escalas tipo Likert, as escala de faces, entre outras11 . Cada um dos tipos de escala tem suas vanta- gens e desvantagens11 . Seleção e organização dos itens, e estruturação do instrumento Uma vez realizada a pesquisa bibliográfica, a consulta aos especialistas da área e aos repre- sentantes da população-alvo, o próximo passo é definir as suas dimensões/domínios de forma que se construa a variedade dos itens segundo os constructos24 . Geralmente, nem todos os itens criados estão em concordância com a proposta do pesquisa- dor e nem todos possuem bom desempenho. Por isso, o pesquisador deve estar atento aos diversos tipos de critérios existentes para selecionar os itens adequados do novo instrumento3,11 . Dentre os critérios mais comumente utiliza- dos estão: o critério comportamental, o critério da objetividade, da simplicidade, da clareza, da precisão, da validade, da relevância e da interpre- tabilidade21-23 . O objetivo da adoção desses crité- rios é eliminar qualquer item que esteja ambíguo, incompreensível, com termos vagos, com duplas perguntas, com jargões e/ou que remeta a juízo de valores, dentre outros3,11,21-23 . Com relação à quantidade de itens de um ins- trumento, este é um quesito não consensual22 . Es- tudos sugerem que a representação de um cons- tructo é conseguida com uma quantidade de 20 itens aproximadamente22 . No entanto, para outra vertente, aponta-se que o início da construção de um instrumento deve possuir pelo menos o tri- plo de itens do instrumento final. Outros estudos22,23 se baseiam na teoria dos traços latentes para determinar o número de itens que farão parte do instrumento. De acordo com essa teoria, não se deve começar o instru-
  • 5. 929 Ciência&SaúdeColetiva,20(3):925-936,2015 mento com mais de 10% do número de itens de- sejado no instrumento final22 . A estruturação do questionário é o estágio que visa consolidar as etapas anteriores, ou seja, visa organizar os itens em seus respectivos domí- nios e estabelecer o formato geral do instrumen- to. Deve-se considerar o título, as instruções, as escalas de respostas, os escores, entre outros. A estrutura e a sequência do questionário contribuem significativamente para reduzir o esforço físico e/ou mental dos respondentes e as- seguram que todos os termos sejam tratados de forma que o interesse do respondente seja manti- do até o final do questionário21 . Um princípio utilizado na estruturação do questionário é o de que os itens estejam em uma ordem lógica. O direcionamento desses itens sempre que possível deve ser do item mais geral até o mais específico; no sentido do menos pes- soal e menos delicado para o mais pessoal e mais delicado21 . O procedimento de validade de conteúdo Após ser estruturado e organizado, o novo instrumento provavelmente ainda contempla mais itens do que ele necessariamente apresenta- rá em seu formato final11 . Esse instrumento ainda precisa ser testado quanto à hipótese de que os itens escolhidos representam e/ou contemplam adequadamente os domínios do constructo de- sejado3,11,20,22,24-26 . O procedimento de escolha é a avaliação de conteúdo. Esta é essencial no processo de desen- volvimento de novos instrumentos de medidas porque representa o início de mecanismos para associar conceitos abstratos com indicadores ob- serváveis e mensuráveis11,24-27 . A avaliação de conteúdo deve ser realizada por um comitê composto por cinco a dez juízes especialistas na área do instrumento de medi- da28,29 . A avaliação por juízes pode envolver pro- cedimentos qualitativos e quantitativos29-32 . O processo é iniciado com o convite aos membros do comitê de juízes. Deve-se redigir aos especialistas uma carta constando o motivo da escolha daquele sujeito como juiz e a relevância dos conceitos envolvidos e do instrumento como um todo33 . Todo o procedimento para o julgamento da validade de conteúdo deve ser descrito de forma estruturada e entregue aos juízes. Cada um deles deve realizar uma avaliação inicial independen- te antes de se reunir com os demais membros34 . Para isso, são necessárias instruções específicas a partir das quais esses juízes poderão determinar a validade de conteúdo33 . É importante que o comitê de especialistas participe em dois estágios distintos. O primeiro estágio é aquele em que os juízes realizam uma avaliação para a fase de especificação dos domí- nios. O segundo estágio é aquele para o qual rea- lizam uma avaliação na fase de desenvolvimento dos itens34 . Os especialistas devem receber instru- ções específicas em cada estágio sobre como ava- liar cada item, como avaliar o instrumento como um todo e como preencher o questionário que orienta a avaliação. No primeiro estágio de avaliação, os mem- bros do comitê devem julgar os domínios e os itens criados para interpretação das respostas do questionário. Inicialmente é realizada a avaliação dos domínios, determinando a abrangência des- tes. Isto é, os juízes devem avaliar se cada domí- nio ou conceito foi adequadamente coberto pelo conjunto de itens e se todas as dimensões foram incluídas31 . Os especialistas deverão verificar se o conteúdo está apropriado aos respondentes, se a estrutura do domínio e seu conteúdo estão corre- tos, e se o conteúdo contido no domínio é repre- sentativo34 . Nesta fase, sugestões quanto à inclu- são ou a eliminação de itens podem ser feitas35 . As instruções para análise da validade de conteú- do podem ser redigidas como no Quadro 1. Após a avaliação dos juízes, pode-se utilizar a taxa de concordância do comitê, que é obtida pelo cálculo da porcentagem em cada domínio. Este é realizado por meio da seguinte fórmula31 : Essa taxa é interpretada considerando que um resultado maior ou igual a 90% de concor- dância, significa que os domínios estão adequa- dos26 . Quando o resultado for menor que 90%, o domínio precisa ser discutido e alterado. No segundo estágio, os juízes devem avaliar cada item individualmente. Além disso, essa ava- liação deve ser realizada com relação ao formato, ao título, às instruções, aos domínios, aos escores dos domínios (ou do instrumento) e à análise (in- terpretação) dos escores, considerando a clareza e/ou pertinência de cada aspecto a ser avaliado. Com relação à clareza, a orientação é feita no sentido de que seja avaliada a redação dos itens. Ou seja, se estes itens estão redigidos de forma que o conceito esteja compreensível e se expres- sam adequadamente o que se espera medir36 . % concordância = x 100 número de participantes que concordaram número total de participantes
  • 6. 930 ColuciMZOetal. INSTRUÇÕES PARA ANÁLISE DO INSTRUMENTO Para realizar a avaliação do conteúdo do instru- mento _________________, descrevemos abaixo os conceitos envolvidos no estudo. (Descrever conceitos importantes relacionados ao instrumento com base na literatura a fim de nor- tear a avaliação do juiz). A avaliação do instrumento envolve 2 fases: 1) avaliação dos domínios e 2) avaliação dos itens. 1.Avaliação dos domínios: Pedimos que avalie, primeiramente, os domínios. Verifique se a estrutura do domínio e seu conteúdo estão corretos, se o conteúdo contido no domínio é representativo e se está apropriado aos respondentes. Portanto, considere o conceito de abrangência con- forme descrito abaixo na sua avaliação:  Abrangência: verificar se cada domínio ou con- ceito foi adequadamente coberto pelo conjunto de itens. Durante essa fase, você poderá sugerir a inclusão ou exclusão de itens nos domínios e opinar se os itens realmente pertencem ao domínio correspondente. 2.Avaliação dos itens: Na segunda etapa, pedimos para que avalie cada item separadamente, considerando os conceitos de clareza e pertinência/representatividade conforme descrito:  Clareza: avaliar a redação dos itens, ou seja, verificar se eles foram redigidos de forma que o con- ceito esteja compreensível e se expressa adequada- mente o que se espera medir;  Pertinência ou representatividade: notar se os itens realmente refletem os conceitos envolvidos, se são relevantes e, se são adequados para atingir os ob- jetivos propostos. Utilize a escala sobre concordância para avaliar estes critérios, assinalando um X no campo corres- pondente. Abaixo de cada escala, deixamos espaços para que possa redigir sugestões para melhorar o item, sugerir inclusão e/ou eliminação de itens, ou fazer comentários. Além disso, poderá visualizar o novo instrumento em anexo. Quadro 1. Modelo de instruções para primeira análise da validade de conteúdo. AVALIAÇÃO DA VALIDADE DE CONTEÚDO 1o Passo – Especificação dos domínios: Avalie se cada domínio do instrumento foi adequadamente coberto pelo conjunto de itens. DOMÍNIO 1: (Coloque o domínio 1 completo para avaliação) Cada item do Domínio 1 realmente expressa seu conteúdo. Comentários:  Os itens do Domínio 1 devem permanecer nesse domínio. Comentários: (Realizar essa avaliação para cada domínio do seu questionário) 2o Passo – Avaliação dos itens: Avalie cada item quanto à clareza (redação dos itens, se eles foram redigidos de forma que o conceito esteja compreensível e se expressa adequadamente o que se espera medir) e à representatividade (notar se os itens realmente refletem os conceitos envolvidos, se são relevantes e, se são adequados para atingir os objetivos propostos). Questões – Domínio 1: 1. (Redigir a questão)  O item 1 do instrumento é claro, está compreensível. Comentários:  O item 1 é representativo ao conceito explorado, é relevante. Comentários: (Realizar essa avaliação para cada item de todos os domínios do seu questionário) CONCORDO NÃO CONCORDO CONCORDO NÃO CONCORDO CONCORDO NÃO CONCORDO CONCORDO NÃO CONCORDO
  • 7. 931 Ciência&SaúdeColetiva,20(3):925-936,2015 A abordagem de se usar pelo menos dois mé- todos, geralmente quantitativo e qualitativo, é denominada triangulação metodológica41 . A fase qualitativa é representada por um pro- cesso interativo entre pesquisadores e os mem- bros do comitê por meio de entrevistas e discus- sões para clarificar pontos controversos36 . Nessas discussões/entrevistas, todas as suges- tões e comentários dos membros do comitê são expostos e anotados pelo pesquisador. Os docu- mentos devolvidos pelos juízes e suas propostas de modificações emitidas durante a reunião de- vem ser avaliadas e revisadas. Posteriormente, uma nova versão do instru- mento que contemple as sugestões apresentadas pelo comitê pode ser entregue novamente a cada membro. Os juízes deverão revisar seus critérios de avaliação para que seja finalizado o processo de validade de conteúdo e a versão para pré-teste seja obtida. O procedimento de pré-teste O pré-teste (também referido como análise semântica dos itens) tem como objetivo verificar se todos os itens são compreensíveis para todos os membros da população a qual o instrumento se destina22 . Esta etapa deve ser realizada em uma amostra de 30-40 indivíduos da população-alvo. Cada su- jeito deve completar o questionário e em seguida ser entrevistado individualmente com relação ao entendimento dos itens e das palavras e quanto ao preenchimento das respostas22 . Algumas modificações poderão ser necessá- rias na versão final do instrumento. Caso sejam alterações significativas, estas devem ser subme- tidas à avaliação pelos membros do comitê de juízes novamente. Terminada essa etapa, o instrumento de me- dida estará pronto para ter suas propriedades psi- cométricas avaliadas22 . Avaliação das propriedades psicométricas A robustez dos resultados de um estudo de- pende muito do instrumento utilizado. Se a qua- lidade deste estudo é apropriada, os resultados são válidos e o questionário pode ser uma ferra- menta útil para novas pesquisas ou para a práti- ca clínica42 . No entanto, quando a qualidade do estudo é inadequada, os resultados não são con- fiáveis e a qualidade e utilidade do questionário utilizado no estudo permanecem obscuras42 . Quanto à pertinência ou representatividade, os juízes devem notar se os itens realmente refletem os conceitos envolvidos, se estes são relevantes e se são e/ou estão adequados para atingir os ob- jetivos propostos36,37 . Além disso, os especialistas podem reavaliar a abrangência dos domínios e do instrumento como um todo. Sugestões e/ou comentários para melhorar o item poderão ser feitos em espaços deixados especificamente para essa finalidade31,35 . Neste segundo estágio recomenda-se que a concordância dos membros do comitê seja veri- ficada de forma quantitativa por meio do Índice de Validade de Conteúdo (IVC)26,29,38 . Esse índi- ce mede a proporção ou porcentagem de juízes que estão em concordância sobre determinados aspectos do instrumento e de seus itens. Uma fer- ramenta a ser utilizada para avaliação dos juízes nessa etapa pode ser baseada no Quadro 2. O IVC é calculado com a utilização de uma escala tipo Likert de 4-pontos ordinais. Para ava- liar a relevância/representatividade do item, os juízes poderão escolher as seguintes respostas: 1 = não relevante ou não representativo, 2 = item necessita de grande revisão para ser representa- tivo, 3 = item necessita de pequena revisão para ser representativo, ou 4 = item relevante ou re- presentativo26,35,38 . A abrangência, a clareza e a pertinência serão avaliadas com a mesma escala e podem apresentar opções mais curtas, como: 1 = não claro, 2 = pouco claro, 3 = bastante claro, 4 = muito claro26,32,39 . Assim, o cálculo é feito a partir da somatória das respostas “3” e “4” de cada juiz em cada item do questionário e divide-se esta soma pelo nú- mero total de respostas, como segue29,32 . Os itens que recebem pontuação “1” ou “2” devem ser revisados ou eliminados. A taxa de concordância aceitável entre os juízes para avalia- ção dos itens individualmente deve ser superior a 0,7840 . Para a verificação da validade do novo instrumento de uma forma geral, deve haver uma concordância mínima de 0,8036 e, preferencial- mente, superior a 0,9040 . Nos dois estágios, a avaliação de conteúdo do instrumento é quantitativa. Esta é inicialmente re- alizada pelos juízes de forma individual, indepen- dente e em um período pré-estabelecido. Em se- guida deve ser feita uma discussão em grupo que corresponde ao procedimento qualitativo31,32,34. IVC = Número de respostas “3” ou “4” Número total de respostas
  • 8. 932 ColuciMZOetal. INSTRUÇÕES PARA ANÁLISE DO INSTRUMENTO Para realizar a avaliação do conteúdo do instrumento _____________________, descrevemos abaixo os con- ceitos envolvidos no estudo. (Descrever conceitos importantes relacionados ao ins- trumento com base na literatura a fim de nortear a ava- liação do juiz). Pedimos que avalie o título, o formato (lay-out), as instruções, cada item separadamente, e o escore do instrumento (cálculo e classificação), considerando os conceitos de clareza e pertinência/representatividade conforme descrito:  Clareza: avaliar a redação, ou seja, verificar se o con- ceito pode ser bem compreendido e se expressa adequa- damente o que se espera medir;  Pertinência ou representatividade: notar se há relação com os conceitos envolvidos, se é relevante e se atinge os objetivos propostos. Em seguida, avalie cada domínio e o instrumento como um todo, determinando sua abrangência:  Abrangência: verificar se cada domínio foi adequa- damente coberto pelo conjunto de itens e se todas as dimensões foram incluídas. Utilize a escala de 1 a 4 para avaliar estes critérios, as- sinalando um X no campo correspondente. Abaixo de cada escala, deixamos espaço para que possa redigir su- gestões ou fazer comentários. O novo instrumento encontra-se em anexo. A próxima etapa será uma reunião no dia ________________, às _______, no local ________ ___________________________________, quando participarão todos os integrantes do comitê de especia- listas, a pesquisadora e a orientadora, com o objetivo de para clarificar pontos controversos e produzir uma versão final do questionário. AVALIAÇÃO DA VALIDADE DE CONTEÚDO I. Avalie o título quanto à clareza (verificar se expressa adequadamente o que se espera medir). TÍTULO: (inserir o título do questionário)  O título do instrumento é claro e expressa a medida? Quadro 2. Modelo de instruções para segunda análise da validade de conteúdo. 1 = não claro 2 = pouco claro 3 = bastante claro 4 = muito claro II. Avalie o formato (lay-out) quanto à clareza (ve- rificar se o formato é compreensível) e à adequação. FORMATO DO INSTRUMENTO  O formato do instrumento? III. Avalie as instruções quanto à clareza (verificar se a redação está correta e se expressa adequadamente o que se espera medir). INSTRUÇÕES: (descrever as instruções do questionário)  As instruções do instrumento são claras? IV. Avalie cada item quanto à clareza (verificar se a redação está correta, se a redação permite compre- ender o conceito e se expressa adequadamente o que se espera medir) e à representatividade (notar se há relação com os conceitos envolvidos, se é relevante e se atinge os objetivos propostos). QUESTÕES – Domínio 1: 1. (Redigir a questão)  O item 1 do instrumento é claro, está compreensível? 1 = não claro 2 = pouco claro 3 = bastante claro 4 = muito claro Comentários: 1 = não claras 2 = pouco claras 3 = bastante claras 4 = muito claras Comentários: 1 = não claro 2 = pouco claro 3 = bastante claro 4 = muito claro Comentários: Comentários: continua
  • 9. 933 Ciência&SaúdeColetiva,20(3):925-936,2015  O item 1 é representativo ao conceito explorado, é relevante? (Realizar essa avaliação para cada item de todos os domínios do seu questionário) V. Avalie o cálculo do escore de cada domínio do ins- trumento e o cálculo do escore total quanto à clareza (verificar se é compreensível). ESCORE DOMÍNIOS (Descrever como se calcula o escore dos domínios)  O cálculo do escore dos domínios é claro, está compreensível? ESCORE TOTAL (se houver) (Descrever como se calcula o escore total do instrumen- to)  O cálculo do escore total é claro, está compreensível? VI. Avalie a classificação desenvolvida para análise do escore quanto à clareza (verificar se está compreensí- vel e se expressa adequadamente o que se espera me- dir) e à representatividade (notar se há relação com os conceitos envolvidos, se é relevante e se atinge os objetivos propostos). ANÁLISE DO ESCORE (classificação) (Descrever como os resultados dos escores devem ser analisados e classificados)  A classificação baseada no escore é clara? 1 = não claro 2 = pouco claro 3 = bastante claro 4 = muito claro Comentários: 1 = não claro 2 = pouco claro 3 = bastante claro 4 = muito claro Comentários: 1 = não claro 2 = pouco claro 3 = bastante claro 4 = muito claro Comentários: Quadro 2. continuação 1 = não representativa 2 = necessita grande revisão para ser representativa 3 = necessita pouca revisão para ser representativa 4 = representativa Comentários:  A classificação baseada no escore é representativa, é relevante? VII. Avalie cada domínio do instrumento considerando a abrangência (se cada domínio ou conceito foi adequadamente coberto pelo conjunto de itens). (Coloque o domínio 1 completo para avaliação)  O Domínio 1 é abrangente? Algum item deve ser removido ou inserido? (Realizar essa avaliação para cada domínio do seu questionário) VIII. Avalie o instrumento como um todo, ou seja, todos os domínios, considerando a abrangência (verificar se todas as dimensões foram incluídas). O instrumento é abrangente? 1 = não abrangente 2 = necessita grande revisão para ser abrangente 3 = necessita pouca revisão para ser abrangente 4 = abrangente Comentários: 1 = não abrangente 2 = necessita grande revisão para ser abrangente 3 = necessita pouca revisão para ser abrangente 4 = abrangente Comentários: 1 = não clara 2 = pouco clara 3 = bastante clara 4 = muito clara Comentários:
  • 10. 934 ColuciMZOetal. Portanto, ao desenvolver e/ou selecionar ins- trumentos que serão utilizados em pesquisas e/ ou na prática clínica, é muito importante que estes sejam ou tenham sido avaliados quanto às suas propriedades psicométricas43 . A literatura descreve vários atributos que podem ser testados no processo de avaliação das propriedades psicométricas de um instrumen- to14,44,45 : validade (validity), confiabilidade (relia- bility), praticabilidade (praticability), sensibilida- de (sensitivity), responsividade (responsiveness) e interpretabilidade (interpretability). A seleção dos atributos que devem ser avalia- dos, bem como o método a ser utilizado vai de- pender do tipo e objetivos de cada instrumento. Dentre os atributos citados, aqueles mais comu- mente utilizados são a validade, a confiabilidade e a responsividade42 . A validade é a capacidade de um instrumen- to medir com precisão o fenômeno a ser estu- dado14,19,27,46 . A avaliação deste atributo pode ser feita de várias maneiras: validade de conteúdo, validade de constructo e validade de critério1,3,47 . Cada uma dessas maneiras avalia aspectos dife- rentes do instrumento e deve ser pensada como parte de um processo3 . A confiabilidade é a capacidade do instru- mento em reproduzir um resultado de forma consistente no tempo e no espaço ou com ob- servadores diferentes14,27 . Ou seja, confiabilidade refere-se à quão estável, consistente ou preciso é o instrumento19,28 . Os procedimentos utilizados para a avaliação da confiabilidade também são diversos. Dentre eles, os mais utilizados são: con- sistência interna (homogeneidade) e estabilidade (confiabilidade teste-reteste, confiabilidade inte- robservadores ou intraobservadores)3 . A responsividade é a capacidade de um ins- trumento detectar mudanças sobre o constructo a ser medido ao longo do tempo14,42 . Este atribu- to se refere à validade no contexto longitudinal. A diferença entre a validade e responsividade é que a primeira se refere à validade de um escore simples e a responsividade se refere à validade de mudanças nesse escore42 . Com relação às propriedades psicométricas, é importante ressaltar que estas não são estáticas do instrumento. Ou seja, elas podem variar de acordo com a mudança da população de estudo3 . Além disso, outros fatores que também po- dem influenciar na avaliação das propriedades psicométricas são: modo de administração (en- trevista,telefone,ou autoaplicado),tipo de popu- lação-alvo, tamanho amostral, dentre outros11,48 . Conclusões Este estudo realizou uma discussão de forma sistematizada sobre os procedimentos recomen- dados para a construção de novos instrumentos de saúde a serem utilizados tanto na assistência como em pesquisas. Compreender, analisar e seguir o processo descrito neste estudo é essencial para pesquisa- dores e profissionais da área de saúde, que este- jam preocupados em construir e utilizar instru- mentos de medidas cada vez mais confiáveis e apropriados. Colaboradores MZO Coluci trabalhou na concepção, no desen- volvimento dos modelos para avaliação da vali- dade de conteúdo, na redação e revisão final do artigo. D Milani trabalhou na concepção, redação e revisão final e crítica do artigo. NMC Alexandre trabalhou na concepção, no delineamento do es- tudo e na revisão crítica do artigo.
  • 11. 935 Ciência&SaúdeColetiva,20(3):925-936,2015 Haynes SN, Richard DCS, Kubany ES. Content validity in psychological assessment: a functional approach to concepts and methods. Psychol Assess 1995; 7(3):238- 247. Pittman J, Bakas T. Measurement and instrument de- sign. J Wound Ostomy Continence Nurs 2010; 37(6): 603-607. Snyder CF, Watson ME, Jackson JD, Cella D, Halyard MY, Mayo/FDA Patient-Reported Outcomes Consen- sus Meeting Group. Patient-reported outcome ins- trument selection: designing a measurement strategy. Value Health 2007; 10(Supl. 2):S76-S85. Günther H. Como Elaborar um Questionário. Serie Planejamento de pesquisa nas ciências sociais 2003; 1:1- 15. Pasquali L. Princípios de elaboração de escalas psicoló- gicas. Rev Psiq Clin 1998; 25(5):206-213. Cardoso CS, Bandeira M, Ribeiro ALP, Oliveira GL, Caiaffa WT. Escalas de satisfação com o atendimento às doenças cardiovasculares: Cardiosatis- usuário equipe. Cien Saude Colet 2011; 16(Supl. 1):1401-1407. Sireci SG. The construct of content validity. Soc Indic Res 1998; 45(1-3):83-117. Fagarasanu M, Kumar S. Measurement instruments and data collection: a consideration of constructs and biases in ergonomics research. Int J Ind Ergon 2002; 30(6):355-369. Wynd CA, Schmidt B, Schaefer MA. Two quantitative approaches for estimating content validity. West J Nurs Res 2003; 25(5):508-518. Contandriopoulos AP. Saber preparar uma pesquisa. 3ª ed. São Paulo, Rio de Janeiro: Hucitec, Abrasco; 1999. Polit DF, Beck CT, Hungler BP. Fundamentos em pes- quisa em enfermagem: métodos, avaliação e utilização. 5ª ed. Porto Alegre: Artmed Editora; 2004. Alexandre NMC, Coluci, MZO. Validade de conteúdo nos processos de construção e adaptação de instru- mentos de medida. Cien Saude Colet 2011; 16(7):3061- 3067. Burns N, Grove SK. The practice of nursing research: conduct, critique & utilization. 3a ed. Philadelphia: Saunders Company; 1997. Tilden VP, Nelson CA, May BA. Use of qualitative methods to enhance content validity. Nurs Res 1990; 39(3):172-175. Hyrkas K, Appelqvist-Schmidlechner K, Oksa L. Vali- dating an instrument for clinical supervision using an expert panel. Int J Nurs Stud 2003; 40:619-625. Salmond SS. Evaluating the reliability and validity of measurement instruments. Orthop Nurs 2008; 27(1): 28-30. Berk RA. Importance of expert judgment in con- tent-related validity evidence. West J Nurs Res 1990; 12(5):659-671. Rubio DM, Berg-Weger M, Tebb SS, Lee S, Rauch S. Objectifying content validity: conducting a content va- lidity study in social work research. Soc Work Res 2003; 27(2):94-105. Grant JS, Davis LL. Selection and use of content experts for instrument development. Res Nurs Health 1997; 20(3):269-274. 18. 19. 20. 21. 22. 23. 24. 25. 26. 27. 28. 29. 30. 31. 32. 33. 34. 35. 36. Referências Cano SJ, Hobart JC. The problem with health measure- ment. Patient Prefer Adherence 2011; 5:279-290. Marx RG, Bombardier C, Hogg-Johnson S, Wright JG. Clinimetric and psychometric strategies for develop- ment of a health measurement scale. J Clin Epidemiol 1999; 5(2):105-111. Keszei A, Novak M, Streiner DL. Introduction to health measurement scales. J Psychosom Res 2010; 68(4);319- 323. Rattray J, Jones MC. Essential elements of question- naire design and development. J Clin Nurs 2007; 16(2):234-243. Gallasch CH, Alexandre NMC, Amick III B. Cross-cul- tural adaptation, Reliability, and validity of the Work Role Functioning Questionnaire to Brazilian Portugue- se. J Occup Rehabil 2007; 17(4):701-711. Vigatto R,Alexandre NMC, Correa Filho HR. Develop- ment of a Brazilian Portuguese version of the Oswestry Disability Index. Cross-cultural adaptation, reliability, and validity. Spine 2007; 32(4):481-486. Nakajima KM, Rodrigues RCM, Gallani MCBJ, Ale- xandre NMC, Oldridge N. Psychometric properties of MacNew Heart Disease Health-related Quality of Life Questionnaire: Brazilian version. J Adv Nurs 2009; 65(5):1084-1094. Toledo R, Alexandre NMC, Rodrigues RCM. Psycho- metric evaluation of a Brazilian Portuguese version of the Spitzer Quality of Life Index in patients with low back pain. Rev Lat Am Enfermagem 2008; 16(6):943- 950. Cano SJ, Hobart JC, Fitzpatrick R, Bhatia K, Thomp- son AJ, Warner TT. Patient-based outcomes of cervical dystonia: a review of rating scales. Mov Disord 2004; 19(9):1054-1059. Chen CM, Cano SJ, Klassen AF, King T, McCarthy C, Cordeiro PG, Morrow M, Pusic AL. Measuring quality of life in oncologic breast surgery: a systematic review of patient-reported outcome measures. Breast J 2010; 16(6):58-97. Streiner DL, Norman GR. Health measurement scales. A practical guide to their development and use. 4th ed. New York: Oxford University Press; 2008. Alexandre NMC, Guirardello EB. Adaptación cultural de instrumentos utilizados em salud ocupacional. Rev Panam Salud Publica 2002; 11(2):109-111. Hutchinson A, Bentzen N, Konig-Zanhn C. Cross cul- tural health outcome assessment: a user’s guide. The Ne- therlands: ERGHO; 1996. Terwee CB, Bot SDM, Boer MR, van der Windt DA, Knol DL, Dekker J, Bouter LM, de Vet HC. Quality criteria were proposed for measurement properties of health status questionnaires. J Clin Epidemiol 2007; 60(1):34-42. Turner R, Quittner AL, Parasuraman BM, Kallich JD, Cleeland CS, Mayo/FDA Patient-Reported Outcomes Consensus Meeting Group. Patient-reported outco- mes: instrument development and selection issues. Value Health 2007; 10(Supl. 2):S86-S93. Selby-Harrington ML, Mehta SM, Jutsum V, Riportella -Muller R, Quade D. Reporting of instrument validity and reliability in selected clinical nursing journals. J Prof Nurs 1994; 10(1):47-56. Rother ET. Revisão sistemática X revisão narrativa. Acta paul enfer 2007; 20(2):V-VI. 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. 10. 11. 12. 13. 14. 15. 16. 17.
  • 12. 936 ColuciMZOetal. McGilton K. Development and psychometric evalua- tion of supportive leadership scales. Can J Nurs Res 2003; 35(4):72-86. Summers S. Establishing the Reliability and Validity of a New Instrument: Pilot Testing. J Post Anesth Nurs 1993; 8(2):124-127. DeVon HA, Block ME, Moyle-Wright P, Ernst DM, Hayden SJ, Lazzara DJ, Savoy SM, Kostas-Polston E. A psychometric toolbox for testing validity and reliabili- ty. J Nurs Scholarsh 2007; 39(2):155-164. Polit DF, Beck CT. The content validity index: are you sure you know what’s being reported? Critique and re- commendations. Res Nurs Health 2006; 29(5):489-497. Morse JM. Approaches to qualitative-quantitative me- thodological triangulation. Nurs Res 1991; 40(1):120- 123. Terwee CB, Schellingerhout JM, Verhagen AP, Koes BW, de Vet HC. Methodological quality of studies on the measurement properties of neck pain and disabi- lity questionnaires: a systematic review. J Manipulative Physiol Ther 2011; 34(4):261-272. Olivo SA, Macedo LG, Gadotti IC, Fuentes J, Stanton T, Magee DJ. Scales to assess the quality of randomized controlled trials: a systematic review. Phys Ther 2008; 88(2):156-175. Kimberling CL, Winterstein AG. Validity and reliabili- ty of measurement instruments used in research. Am J Health Syst Pharm 2008; 65(23):2276-2284. DeVon HA, Block ME, Moyle-Wright P, Ernst DM, Hayden SJ, Lazzara DJ, Savoy SM, Kostas-Polston E. A psychometric toolbox for testing validity and reliabili- ty. J Nurs Scholarsh 2007; 39(2):155-164. Roberts P, Priest H, Traynor M. Reliability and validity in research. Nurs Stand 2006; 20(44):41-45. Pasquali L. Psicometria. Rev Esc Enf USP 2009; 43(esp):992-999. Frost MH, Reeve BB, Liepa AM, Stauffer JW, Hays RD, Mayo/FDA Patient-Reported Outcomes Consensus Meeting Group. What is sufficient for reliability and validity of patient-reported outcome measures? Value Health 2007; 10(Supl. 2):S94-S105. Artigo apresentado em 15/03/2013 Aprovado em 14/04/2013 Versão final apresentada em 16/04/2013 37. 38. 39. 40. 41. 42. 43. 44. 45. 46. 47. 48.