Este documento discute a participação pública no planeamento urbano ao longo do tempo, desde as primeiras conferências Habitat até práticas emergentes atuais. Apresenta conceitos-chave como "Direito à Cidade" de Henri Lefebvre e níveis de participação de acordo com Sherry Arnstein. Também explora como as novas tecnologias digitais podem apoiar a participação dos cidadãos no planeamento e gestão das cidades.
20181026 DW Debate:Participação Pública no Processo de Urbanização: Uma conceptualização alargada e o uso de Tecnologia
1. Participação pública no processo de urbanização:
uma conceptualização alargada e o contributo da
tecnologia
Ana Bragança
Instituto Superior Técnico – Universidade de Lisboa
UN-Habitat Angola
Development Workshop
26.10.2018
2. 11.3 até 2030, aumentar a urbanização inclusiva e sustentável, e as
capacidades para o planeamento e gestão de assentamentos humanos
participativos, integrados e sustentáveis, em todos os países
O Objetivo de Desenvolvimento Sustentável das Cidades
11.3.2 Proportion of cities with a direct participation structure of civil
society in urban planning and management that operate regularly and
democratically [Tier III]
3. Habitat I
Conferência das
Nações Unidas sobre
Assentamentos Humanos
Habitat II
Segunda Conferência das
Nações Unidas sobre
Assentamentos Humanos
Habitat III
Conferência das
Nações Unidas sobre Habitação
e Desenvolvimento Urbano
Sustentável
1976
Vancouver
1996
Instambul
2016
Quito
Declaração de Vancouver
Plano de Ação de Vancouver
64 recomendações em 6 domínios:
- Políticas e Estratégias Territoriais
- Planeamento Territorial
- Habitação, Infraestrutura e Serviços
- Terra
- Participação Pública
- Instituições e Gestão
Declaração de Istambul
Agenda Habitat
Compromissos:
- Habitação digna para todos
- Desenvolvimento de assentamentos
humanos sustentáveis
- Participação do setor privado e
comunitário
- Igualdade de género
- Financiamento para habitação e
assentamentos humanos
- Cooperação Internacional
Declaração de Quito
Nova Agenda Urbana
Declaração de Quito sobre cidades e assentamentos
humanos sustentáveis para todos
DIREITO à CIDADE
- Compromissos Transformadores para o DUS
a) Desenvolvimento Urbano Sustentável (DUS) para
Inclusão Social e Erradicação da Pobreza
b) Prosperidade urbana inclusiva e sustentável e
oportunidades para todos
c) Desenvolvimento urbano resiliente e ambientalmente
sustentável
- Implementação Efectiva
- Seguimento e Revisão
Conferências Habitat
8. - Henri Lefebvre é o primeiro a desenvolver efectivamente
o conceito de “Direito à Cidade”
- Na sua concepção original, o termo refere-se ao modo
como o poder de governação poderia ser tomado pelos
cidadãos, de uma forma radical
- Propõe uma matriz de organização social da cidade
através do estabelecimento ou reconstituição de
unidades sociais (localizadas) que resultariam em
unidades urbanas através do seu jogo de tensões e
conexões
- Propõe uma descentralização da tomada de decisão
- O desenvolvimento das cidades deverá ser parte de uma
acção colectiva com a participação de todos
1968
10. 1969
- A formalização do conceito de participação começa a surgir no
fim dos anos 60
- Sherry Arnstein, em linha com as ideias dos autores
antecedentes, cpnsidera que os cidadãos participam através da
tomada de poder dos “detentores de poder tradicionais”
- A participação, nesta Altura, ainda era vista como um processo
de envolvimento dos cidadãos que partia dos decisores
- Assim, a autora propõe uma categorização de níveis de
participação, em oito degraus, de acordo com a capacidade de
influência de tomadas de decisão
- Distinguem-se assim formas de não-participação efectiva, de
participação simbólica e de participação genuína
11. 1977
- Das primeiras reflexões e práticas de planeamento
participado começa-se a estruturar um campo teorico-
empírico
- Michael Fagence faz uma revisão de publicações sobre
participação e sumariza através de uma reflexão filosófica,
conceptual, do context de tomada-de-decisão, sobre os tipos
de actors, as oportunidades e contrangimentos para a
participação e por fim os meios e técnicas
- Sugere que um processo participativo efectivo deverá
começar pela filosofia política da democracia, os quadros de
tomada-de.-decisão e as características dos participantes, e
que só depois deverão ser considerados os métodos e
técnicas
12. 2000
- Henri Sanoff continua a sistematizar prática e teoria da participação
de cidadãos no planeamento e desenho das cidades
- Também refere que se o envolvimento dos cidadãos nos EUA
começou através de Centros Comunitários mediado por
planeadores, cada vez mais se tem assistido a um movimento de
auto-organização dos cidadãos que assumem o poder de
transformer os seus bairros
13. - Mais recentemente as tecnologias de informação e comunicação vêm contribuir para a construção
de plataformas participativas digitais para envolvimento cívico, através de fóruns para recolher,
analisar, visualizer e partilhar informação, conhecimento e soluções para os problemas de
governança
- Assumem a forma de Sistemas de Informação Geográficos Participativos (PPGIS), simulações
digitais de cenários, websites e ferramentas de mapeamento estratégico
14. - As vantagens destas tecnologias são a possibilidade de recolher informação dos cidadãoes em
tempo real, compreender melhor os contextos, servindo também com uma platafroma para o
público aceder a informação técnica
- Por sua vez, a Internet também potenciou as possibilidades da utilização de ferramentas digitais
para a participação dos cidadãos no planeamento e gestão urbanas, noemadamente através das
redes sociais
18. Michael Uwemedimo/CMAP
2014
Nlé Architects 2014
Radio Chicoco
Port Harcourt, Nigéria
Voz de uma comunidade de 480 000 hab. que
resiste à demolição das suas casas pelo
governo
22. Modelo conceptual usado para criar um modelo relacional de participação, com
base em processos relacionados com sistemas de transição energética no Reino
Unido…
… para a compreensão de “ecologias de participação”
Chilvers, J., Pallett, H., & Hargreaves, T. (2018). Ecologies of participationin socio-technicalchange: The case of energy system transitions. Energy Research & Social Science, 42(March),199–210.
https://doi.org/10.1016/j.erss.2018.03.020