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Romantismo no
Brasil
O que foi o Romantismo?
O Romantismo é um movimento estético e cultural que predominou no
Ocidente durante o final do século XVIII e início do século XIX,O Romantismo no
Brasil teve início em 1836, com a publicação do livro Suspiros poéticos e
saudades, de Gonçalves de Magalhães. Foi resultado de um contexto histórico
que levou à Independência do Brasil, em 1822, e despertou nos artistas
brasileiros o sentimento de nacionalismo, marcante na primeira geração da
poesia romântica. A poesia romântica brasileira é dividida
em três gerações: indianista ou nacionalista, enaltecedora do país e do
heroísmo indígena; ultrarromântica ou mal do século, centrada nas temáticas
do amor e morte; e condoreira, de cunho social.
Principais caracteristicas desta escola literária…
Egocentrismo (o indivíduo é encarado
como o centro do mundo)
Sentimentalismo exacerbado
Idealização do amor e da mulher
Tom depressivo "(típico de diversos autores
Nacionalismo
"românticos, sendo facilmente encontrável,
entre eles, um discurso que exalta a fuga da
realidade, seja pela morte, seja pelo sonho
ou ainda pela própria arte).
Geração Romântica
1ª
A primeira geração romântica é intitulada
“indianista ou nacionalista. Isso porque nela se
elege a figura do índio como herói do mito de
formação da sociedade brasileira. De fato, uma
das principais bandeiras dessa fase é o forte
tom nacionalista, que procura refundar a
identidade cultural brasileira. Essa refundação, é
bom lembrar, tem total relação com o contexto
histórico da época, marcado pela chegada da
família real ao Brasil, em 1808, e pela
independência do país, em 1822.
Principais caracteristicas
01
02
04
Apresenta forte nacionalismo;
05 Possui diálogos com o processo de Independência do Brasil (1822).
A figura do índio é construída como a de um herói
nacional;
Sofre influência da chegada da família real ao Brasil (1808);
03 Valoriza a natureza brasileira;
Principais Caracteristicas
06
07
09
Mulher idealizada;
Amor idealizado;
Rigor formal: metrificação e rima;
08 Floresta como símbolo nacional;
Biografia José de Alencar
José de Alencar (1829-1877) foi um romancista,
dramaturgo, jornalista, advogado e político
brasileiro. Foi um dos maiores representantes
da corrente literária indianista e o principal
romancista brasileiro da fase romântica. Entre
seus romances destacam-se "Iracema" e
"Senhora". Seu romance "O Guarani", publicado
em forma de folhetim, no Diário do Rio de
Janeiro, alcançou enorme sucesso e serviu de
inspiração ao músico Carlos Gomes que
compôs a ópera O Guarani. Foi escolhido
por Machado de Assis para patrono da Cadeira
n.º 23 da Academia Brasileira de Letras.
O Guarani
O Guarani é uma das obras mais
destacadas do escritor José de Alencar.
Esse romance de caráter indianista foi
publicado em 1857 durante a primeira
fase do Romantismo no Brasil. A história
se passa no início do século XVII, quando
o fidalgo D. Antônio de Mariz sai de
Portugal para morar no interior do Rio de
Janeiro com sua família. Lá, D. Antônio
constrói uma pequena comunidade em
torno de sua fazenda e conhece Peri, um
indígena que se encanta por sua filha Ceci
ao salvá-la de um ataque.
Após esse ato de bravura, Peri ganha a
confiança de D. Antônio e passa a viver na
fazenda, apesar de a mãe de Ceci não
gostar. Quando D. Diogo, irmão de Ceci,
mata acidentalmente uma indígena do
povo Aimoré, inicia-se um conflito para
atingir a família do fidalgo. Nesse
contexto, Peri protege a família dos
Aimorés e dos ataques de seus próprios
empregados, além de salvar Ceci diversas
vezes ao longo da narrativa. Peri chega a
tentar se entregar aos Aimorés em um ato
heroico de sacrifício, mas é salvo por
Álvaro. O conflito entre os indígenas e os
brancos avança e D. Antônio pede para
Peri fugir com Ceci, mas para isso ele teria
que se converter ao cristianismo.
Ao final do romance, a casa de D. Antônio
é invadida pelos Aimorés e acaba sendo
explodida pelo fidalgo, enquanto Peri e
Ceci fogem em uma canoa.
O romance foi escrito no momento pós-independência em que o
Brasil buscava cortar laços com Portugal e construir a sua
identidade. Assim, ter o indígena como protagonista foi uma
escolha para ressaltar as origens do país, mesmo que esse sujeito
tenha sido representado com caráter exótico e atitudes
cavaleirescas. Além disso, a união entre um indígena e uma moça
branca forma uma ideia de “identidade do povo brasileiro” com a
miscigenação.
Culto à natureza com longas descrições dos ambientes e espaços
para situar onde as ações ocorrem. Peri também apresenta uma
relação harmoniosa com a natureza;
Misto de romance histórico e indianista que procura as origens do
país nos feitos indígenas e descreve o Brasil do século XVII com
características da Europa medieval;
Nacionalismo com a ideia de uma união entre a cultura indígena e
a cultura branca como formadoras do país. Entretanto, o próprio
romance apresenta personagens desfavoráveis a essa união;
Referência à Idade Média a partir do perfil de Peri – valente,
cavaleiro, submisso e fiel ao senhor – até a arquitetura da casa da
família, descrita como um castelo feudal;
Amor idealizado com a mocinha correndo perigos e o herói
sempre a salvá-la. Assim, há uma divinização da mulher, pois Peri
idolatra Ceci, por vezes, vendo-a como uma imagem de Nossa
Senhora e se sacrificando por ela.
Biografia de Gonçalves Dias
Gonçalves Dias (1823-1864) foi um poeta,
professor, jornalista e teatrólogo brasileiro. É
lembrado como o grande poeta indianista da
Primeira Geração Romântica. Deu romantismo
ao tema índio e uma feição nacional à sua
literatura. É considerado um dos melhores
poetas líricos da literatura brasileira. É Patrono
da cadeira n.º15 da Academia Brasileira de
Letras. Gonçalves Dias é considerado o grande
poeta romântico brasileiro. A história do
Romantismo no Brasil se confunde com a
própria história política da primeira metade do
século XIX.
A Independência política, em 1822, despertou a
consciência de se criar uma cultura brasileira
identificada com as raízes históricas,
linguísticas e culturais. Gonçalves Dias fez
parte da Primeira Geração de “poetas”
românticos brasileiros. Sua obra poética
apresenta os gêneros lírico e épico. Na lírica,
os temas mais comuns são: o índio, o amor, a
natureza, a pátria e a religião. Na épica, canta
os feitos heroicos dos índios.
I-Juca Pirama
O poema I-Juca Pirama, de Gonçalves
Dias, é um ícone do romantismo brasileiro.
A obra, indianista, está dividida em dez
cantos. Publicado em 1851, no livro
Últimos cantos, o poema é composto por
484 versos protagonizados pelos índios
tupis e timbiras. O índio brasileiro, visto
pelos primeiros viajantes que aportaram
nas terras brasileiras ora como um ser
dócil, ora como um selvagem canibal,
transformou-se, para a primeira geração
romântica, em elemento de simplicidade
que contrasta com a malícia e a hipocrisia
do europeu.
Como ocorre em I-Juca Pirama, o
índio será o símbolo do espírito livre, da
coragem e da integridade de caráter,
dotado de princípios morais rígidos, capaz
de comparar-se ao mais nobre dos
cavaleiros medievais europeus. O poema
narra o drama de I-Juca Pirama último
descendente da tribo tupi, que é feito
prisioneiro de uma tribo inimiga. Movido
pela amor filial, pois o índio tupi era arrimo
de seu pai, velho e cego, I-Juca Pirama,
contrariando a ética do índio, implora ao
chefe dos timbiras pela sua libertação. O
chefe timbira a concede, não sem antes
humilhar o prisioneiro: “Não queremos
com carne vil enfraquecer os fortes.”
Solto, o prisioneiro reencontra-se com seu
pai, que percebe que o filho havia sido
aprisionado e libertado. Indignado, o velho
exige que ambos se dirijam à tribo timbira,
onde o pai amaldiçoa violentamente o
jovem guerreiro que ferido em seus brios,
põe-se sozinho a lutar com os timbiras.
Convencido da coragem do tupi, o chefe
inimigo pede-lhe que pare a luta,
reconhecendo sua bravura. Pai e filho se
abraçam – estava preservada a dignidade
dos tupis.
CANTO IV
Meu canto de morte,
Guerreiros, ouvi:
Sou filho das selvas,
Nas selvas cresci;
Guerreiros, descendo
Da tribo tupi.
Da tribo pujante,
Que agora anda
errante
Por fado inconstante,
Guerreiros, nasci;
Sou bravo, sou forte,
Sou filho do Norte;
Meu canto de morte,
Guerreiros, ouvi.
Já vi cruas brigas,
De tribos imigas,
E as duras fadigas
Da guerra provei;
Nas ondas mendaces
Senti pelas faces
Os silvos fugaces
Dos ventos que amei.
Andei longes terras
Lidei cruas guerras,
Vaguei pelas serras
Dos vis Aimoréis;
Vi lutas de bravos,
Vi fortes — escravos!
De estranhos ignavos
Calcados aos pés.
E os campos talados,
E os arcos quebrados,
E os piagas coitados
Já sem maracás;
E os meigos cantores,
Servindo a senhores,
Que vinham traidores,
Com mostras de paz.
Aos golpes do inimigo,
Meu último amigo,
Sem lar, sem abrigo
Caiu junto a mim!
Com plácido rosto,
Sereno e composto,
O acerbo desgosto
Comigo sofri.
Meu pai a meu lado
Já cego e quebrado,
De penas ralado,
Firmava-se em mim:
Nós ambos, mesquinhos,
Por ínvios caminhos,
Cobertos d'espinhos
Chegamos aqui!
O velho no entanto
Sofrendo já tanto
De fome e quebranto,
Só qu'ria morrer!
Não mais me contenho,
Nas matas me embrenho,
Das frechas que tenho
Me quero valer.
Então, forasteiro,
Caí prisioneiro
De um troço guerreiro
Com que me encontrei:
O cru dessossego
Do pai fraco e cego,
Enquanto não chego
Qual seja, — dizei!
Eu era o seu guia
Na noite sombria,
A só alegria
Que Deus lhe deixou:
Em mim se apoiava,
Em mim se firmava,
Em mim descansava,
Que filho lhe sou.
Ao velho coitado
De penas ralado,
Já cego e quebrado,
Que resta? — Morrer.
Enquanto descreve
O giro tão breve
Da vida que teve,
Deixai-me viver!
Não vil, não ignavo,
Mas forte, mas bravo,
Serei vosso escravo:
Aqui virei ter.
Guerreiros, não coro
Do pranto que choro:
Se a vida deploro,
Também sei morrer.
Canto 4 – I – Juca Pirama aprisionado pelos
Timbiras declama o seu canto de morte e
pede ao Timbiras que deixem-no ir para
cuidar do pai alquebrado e cego. O verso
pentassílabo (cinco sílabas), num ritmo ligeiro,
dá a impressão do rufar dos tambores. As
estrofes com exceção da primeira (sextilha),
têm oito versos (oitavas), e as rimas seguem o
esquema AAA (paralelas) e BCCB (opostas e
intercaladas)
O título do poema é tirado da língua tupi e
significa, conforme explica o próprio autor, “o que
há de ser morto, e que é digno de ser morto.”
Embora tenha nome próprio, “Juca Pirama” não
tem nada a ver com o nome do índio aprisionado
pelos Timbiras. Apesar de ter uma fama narrativa
que configura o gênero épico e um conteúdo
dramatizável, predomina no poema o gênero
lírico – um lirismo fácil e espontâneo, perpassado
das emoções e subjetividade do poeta. Como é
próprio do romantismo, estilo a que está ligado
Gonçalves Dias, é um lirismo que brota do
coração e da “imaginação criadora” do poeta e
que expressa bem o sentimentalismo romântico.
A obra é indianista e vale ressaltar a
musicalidade dos versos que é uma
característica típica de Gonçalves Dias.
I – Juca – Pirama, alterna versos longos e curtos,
ora para descrever (verso lento), ora para dar a
impressão do rufar dos tambores no ritual
indígena.O poema nos é apresentado em dez
cantos, organizados em forma de composição
épico – dramática. Todos sempre pautam pela
apresentação de um índio cujo caráter e
heroísmo são salientados a cada instante.
O poema I–Juca Pirama nos dá uma visão mais
próxima do índio, ligado aos seus costumes,
idealizado e moldado ao gosto romântico. O
índio integrado no ambiente natural, e
principalmente adequado a um sentimento de
honra, reflete o pensamento ocidental de honra
tão típico das novelas de cavalaria medievais
Canção do Exílio
Minha terra tem palmeiras
Onde canta o Sabiá,
As aves, que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.
Nosso céu tem mais estrelas,
Nossas várzeas têm mais flores,
Nossos bosques têm mais vida,
Nossa vida mais amores.
Em cismar, sozinho, à noite,
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
Minha terra tem primores,
Que tais não encontro eu cá;
Em cismar – sozinho, à noite –
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
Não permita Deus que eu morra,
Sem que eu volte para lá;
Sem que desfrute os primores
Que não encontro por cá;
Sem qu’inda aviste as palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
● A Canção do Exílio foi escrita no primeiro momento do Romantismo no Brasil,
caracterizado pelo sentimento de nacionalismo em função da Independência
(1822), logo, do rompimento político, econômico e social com Portugal. Assim,
o poema de Gonçalves Dias expressa o patriotismo, a saudade e a valorização
da terra natal do poeta, como também uma espécie de rejeição às
características portuguesas expressas, de forma implícita, como inferiores às
brasileiras. No momento da recente independência, o Brasil buscava construir
a sua própria cultura, distanciando-se de Portugal e de suas referências.
Assim, a literatura brasileira descreve o país e a identidade de seu povo de
uma forma positivada, buscando suas particularidades como a palmeira e o
sabiá, citados na Canção do Exílio. Inclusive, dois versos do poema
apresentam trechos do Hino Nacional: “Nossos bosques têm mais vida, Nossa
vida, (no teu seio) mais amores”.
Nacionalismo
A Canção do Exílio carrega fortes traços do romantismo,
principalmente em relação à subjetividade expressa por um eu-
lírico que sente saudades de seu país e quer retornar para ele.
Veja outras características a seguir:
Redondilhas maiores, rimas perfeitas nos versos pares e ausência de
rima nos demais versos
Individualismo com a expressão de sentimentos particulares;
Musicalidade a partir da métrica e das rimas;
Simplicidade na linguagem;
Ufanismo com a idealização do Brasil na descrição de sua natureza;
Biografia Joaquim Manuel de Macedo
Joaquim Manuel de Macedo (1820-1882) foi um
escritor brasileiro. A Moreninha, sua obra-prima,
deu origem ao romance romântico brasileiro. Foi
preceptor dos netos do Imperador Pedro II. É
Patrono da cadeira nº. 20 da Academia Brasileira
de Letras. Joaquim Manuel de Macedo nasceu
em Itaboraí, Rio de Janeiro, no dia 24 de junho de
1820. Formou-se em Medicina em 1844, e no
mesmo ano publicou o romance “A Moreninha”,
que foi muito apreciado pelo público da época.
Em 1849 fundou a “Revista Guanabara”,
juntamente com Gonçalves Dias e Porto Alegre.
Biografia Joaquim Manuel de Macedo
Embora formado em medicina, Joaquim Manuel
de Macedo não exerceu a profissão. Seduzido
pelo magistério, foi professor de História no
Colégio Pedro II, e preceptor dos netos do
Imperador Pedro II. Foi membro do Conselho
Diretor da Instrução Pública, fundador e orador
oficial do Instituto Histórico e Geográfico
Brasileiro. Envolvido na política, foi deputado em
várias legislaturas.
A Moreninha
A Moreninha é um romance do escritor
brasileiro Joaquim Manuel de Macedo e
um dos maiores clássicos da literatura
brasileira. Foi publicada em 1844 durante
a primeira geração romântica no Brasil,
inaugurando o romantismo no país.
Algumas características do romantismo pr
esentes na obra são:
Subjetivismo: A narrativa é focada
nas emoções e sentimentos dos
personagens, especialmente
dos protagonistas Augusto e Carolina.
..
Individualismo: Os personagens são
retratados como indivíduos únicos, com
características e personalidades próprias.
Idealização da mulher: Carolina é
apresentada como uma figura idealizada
e perfeita, que representa a pureza,
a inocência e a beleza feminina.
Culto à natureza: A natureza é
frequentemente descrita de
maneira exaltada, como um elemento
que inspira os personagens e reflete seus
sentimentos.
Valorização do passado e da história:
A tradição e a história são retratadas
como elementos importantes da cultura
brasileira, e a narrativa faz referência a
eventos históricos e culturais do país.
Geração Romântica
2ª
Denominada como geração ultrarromântica ou byroniana.
Foi fortemente influenciada por autores europeus como
Goethe e Byron, os escritores desse grupo produziram
obras com certo tom pessimista e depressivo.
O exagero sentimental, o macabro e o delírio são marcas
presentes nos livros ultrarromânticos. O exagero
sentimental, o egocentrismo, a idealização da mulher, o
pessimismo diante da existência e a vontade de fugir são
marcas tanto da ficção do período quanto da própria
vida dessa parcela da sociedade.
Principais Caracteristicas
Predominância do
egocentrismo;
Saudosismo;
Tematização do amor, da
tristeza e do grotesco;
Evasão da morte;
Influência do escritor
inglês Lord Byron;
Sofrimento amoroso;
Escapismo; Idealização da vida,
mulher e amor;
Presença de intenso
sentimentalismo;
Pessimismo;
Principais Caracteristicas
Isolamento social do poeta:
o gênio incompreendido e
inadaptado;
Locus horrendus (lugar
tempestuoso): cenário
de tempestade e
escuridão que reflete a
alma do poeta;
“Mal do século”: tédio,
desilusão e melancolia;
Biografia de Álvares de Azevedo
Manoel Antônio Álvares de Azevedo nasceu em
12 de setembro de 1831, em São Paulo. No
entanto, foi no Rio de Janeiro que fez o curso
primário. Voltou à capital paulista para cursar
a faculdade de direito em 1848. Ele foi
representante singular dessa geração . A
poesia de Álvares de Azevedo, além de
traços autobiográficos, revela pessimismo,
angústia e desejo pela morte. O poeta tinha
tuberculose, doença tida como o “mal do
século”.
Biografia de Álvares de Azevedo
Por influência do conhecimento da doença que
possuía, Álvares de Azevedo desenvolveu
uma verdadeira obsessão pela temática da
morte, evidente nas cartas à família e aos
amigos. Encontrou apoio na literatura do
poeta inglês Lord Byron, conhecido por um
modelo ultrajante de obstinação ética que
feria os costumes da sociedade aristocrática.
O poeta do Romantismo tem poucas
publicações, apesar de muito conhecidas ,
pelo fato de morrer ainda jovem, aos 21 anos,
em 25 de abril de 1852.
Lembrança de morrer é um poema escrito pelo poeta brasileiro
Álvares de Azevedo, e foi publicado pela primeira vez no
volume Lira dos vinte anos (1853), um ano após a morte do
autor.
O sujeito poético coloca-se a refletir sobre o dia em que morrerá,
expressando desejos e evocando lembranças, como se fizesse
um julgamento sobre a própria vida.
Nota-se nesse poema o forte tom depressivo e pessimista diante
da vida expresso pelos versos: “Eu deixo a vida como deixa o
tédio / Do deserto, o poento caminheiro”, além do desejo de
fuga, em que a válvula de escape é representada pela morte.
Também é perceptível no poema a presença
do sentimentalismo exagerado, como em: “Só levo uma
saudade... é desses tempos /Que amorosa ilusão embelecia.”
Lembrança de morrer
Quando em meu peito rebentar-se a fibra,
Que o espírito enlaça à dor vivente,
Não derramem por mim nenhuma lágrima
Em pálpebra demente.
E nem desfolhem na matéria impura
A flor do vale que adormece ao vento:
Não quero que uma nota de alegria
Se cale por meu triste passamento.
Eu deixo a vida como deixa o tédio
Do deserto, o poento caminheiro,
... Como as horas de um longo pesadelo
Que se desfaz ao dobre de um sineiro;
Como o desterro de minh’alma errante,
Onde fogo insensato a consumia:
Só levo uma saudade... é desses tempos
Que amorosa ilusão embelecia.
Só levo uma saudade... é dessas sombras
Que eu sentia velar nas noites minhas...
De ti, ó minha mãe, pobre coitada,
Que por minha tristeza te definhas!
De meu pai... de meus únicos amigos,
Pouco - bem poucos... e que não zombavam
Quando, em noites de febre endoudecido,
Minhas pálidas crenças duvidavam.
[…]
Biografia de Casimiro de Abreu
Casimiro José Marques de Abreu, nasceu na
Barra de São João, no Estado do Rio de
Janeiro, no dia 4 de janeiro de 1839. Com
apenas 13 anos, enviado pelo pai, vai para a
cidade do Rio de Janeiro, trabalhar no
comércio.
Em novembro de 1853 viaja para Portugal, com o
intuito de completar a prática comercial e
nesse período inicia sua carreira literária.
Com vida boêmia, contrai tuberculose.
Vai para Nova Friburgo tentar a cura da doença,
mas no dia 18 de outubro de 1860, não
resiste e morre, aos 21 anos de idade.
O poema “Meus Oito Anos” faz parte do Livro I da coletânea “As
Primaveras”, publicada por Casimiro de Abreu em 1859, que gira
em torno da saudade da infância e da terra natal. O poeta utiliza
essa representatividade da infância como forma de escapismo,
fugindo assim do momento presente, rico expõe sua saudade
nostálgica da infância pura. Subentende-se que o poeta adulto
está exposto a uma vida dolorosa, em consequência de ele não
ter mais aquela inocência infantil
Oh! Que saudades que tenho
Da aurora da minha vida,
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais!
Que amor, que sonhos, que flores,
Naquelas tardes fagueiras
À sombra das bananeiras,
Debaixo dos laranjais!
Como são belos os dias
Do despontar da existência!
- Respira a alma inocência
Como perfumes a flor;
O mar é - lago sereno,
O céu - um manto azulado,
O mundo - um sonho dourado,
A vida - um hino d'amor!
Que auroras, que sol, que vida,
Que noites de melodia
Naquela doce alegria,
Naquele ingênuo folgar!
O céu bordado d’estrelas,
A terra de aromas cheia,
As ondas beijando a areia
E a lua beijando o mar!
Oh! dias da minha infância!
Oh! meu céu de primavera!
Que doce a vida não era
Nessa risonha manhã.
Em vez das mágoas de agora,
Eu tinha nessas delícias
De minha mãe as carícias
E beijos de minha irmã!
Meus oito anos
Livre filho das montanhas,
Eu ia bem satisfeito,
De camisa aberto ao peito,
- Pés descalços, braços nus –
Correndo pelas campinas
À roda das cachoeiras,
Atrás das asas ligeiras
Das borboletas azuis!
Naqueles tempos ditosos
Ia colher as pitangas,
Trepava a tirar as mangas,
Brincava à beira do mar;
Rezava às Ave-Marias,
Achava o céu sempre lindo,
Adormecia sorrindo
E despertava a cantar!
Oh! Que saudades que tenho
Da aurora da minha vida,
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais!
Que amor, que sonhos, que flores,
Naquelas tardes fagueiras
À sombra das bananeiras,
Debaixo dos laranjais!
Geração Romântica
3ª
Principais características da terceira fase do Romantismo
01
Poesia com caráter político e
social;
03
Temas sociais;
02
Condoreirismo;
04
Compromisso om a causa
abolicionista e republicana;
05
Expressão os sentimentos
de forma livre
07
Influência literária do
romancista e poeta francês
Victor Hugo.
06
Negação do amor platônico
e erotismo
08
Principais características da terceira fase do Romantismo
Nesse momento do Romantismo brasileiro,
o patriotismo e o subjetivismo tão notórios
na primeira e segunda geração romântica
eram absolutamente incompatíveis.
Biografia de Castro Alves
Antônio Frederico de Castro Alves nasceu na vila
de Curralinho, hoje cidade de Castro Alves,
Bahia, em 14 de março de 1847. Castro Alves
faleceu em Salvador, no dia 6 de julho de
1871, vitimado pela tuberculose, com apenas
24 anos de idade. Sendo a maior figura do
Romantismo. Desenvolveu uma poesia
sensível aos problemas sociais de seu tempo
e defendeu as grandes causas da liberdade
e da justiça. Denunciou a crueldade da
escravidão e clamou pela liberdade, dando
ao romantismo um sentido social e
revolucionário que o aproximava do
Realismo.
O Navio Negreiro
O Navio Negreiro é uma poesia dividida
em seis partes e se encontra dentro da
obra Os Escravos. O poeta descreve a
horrível cena que se passa no convés do
navio: uma multidão de negros, mulheres,
velhos e crianças, todos presos uns aos
outros, As principais imagens são as dos
ferros que rangem formando uma espécie
de música e da orquestra de marinheiros
que chicoteiam os escravos. A relação
entre a música e a dança com a tortura e
o sofrimento dão uma grande carga
poética à descrição da cena. No final
quem ri da dança insólita é o próprio
Satanás, como se aquele fosse um show
de horrores feito para o diabo.
V
Senhor Deus dos desgraçados!
Dizei-me vós, Senhor Deus!
Se é loucura... se é verdade
Tanto horror perante os céus?!
Ó mar, por que não apagas
Co'a esponja de tuas vagas
De teu manto este borrão?...
Astros! noites! tempestades!
Rolai das imensidades!
Varrei os mares, tufão!
Quem são estes desgraçados
Que não encontram em vós
Mais que o rir calmo da turba
Que excita a fúria do algoz?
Quem são? Se a estrela se cala
Se a vaga à pressa resvala
Como um cúmplice fugaz,
Perante a noite confusa...
Dize-o tu, severa Musa,
Musa libérrima, audaz!...
São os filhos do deserto,
Onde a terra esposa a luz.
Onde vive em campo aberto
A tribo dos homens nus...
São os guerreiros ousados
Que com os tigres mosqueados
Combatem na solidão.
Ontem simples, fortes, bravos.
Hoje míseros escravos,
Sem luz, sem ar, sem razão. . .
São mulheres desgraçadas,
Como Agar o foi também.
Que sedentas, alquebradas,
De longe... bem longe vêm...
Trazendo com tíbios passos,
Filhos e algemas nos braços,
N'alma — lágrimas e fel...
Como Agar sofrendo tanto,
Que nem o leite de pranto
Têm que dar para Ismael
Lá nas areias infindas,
Das palmeiras no país,
Nasceram crianças lindas,
Viveram moças gentis...
Passa um dia a caravana,
Quando a virgem na cabana
Cisma da noite nos véus ... ...
Adeus, ó choça do monte, ...
Adeus, palmeiras da fonte!... ...
Adeus, amores... adeus!...
Depois, o areal extenso...
Depois, o oceano de pó.
Depois no horizonte imenso
Desertos... desertos só...
E a fome, o cansaço, a sede...
Ai! quanto infeliz que cede,
E cai p'ra não mais s'erguer!...
Vaga um lugar na cadeia,
Mas o chacal sobre a areia
Acha um corpo que roer.
Ontem a Serra Leoa,
A guerra, a caça ao leão,
O sono dormido à toa
Sob as tendas d'amplidão!
Hoje... o porão negro, fundo,
Infecto, apertado, imundo,
Tendo a peste por jaguar...
E o sono sempre cortado
Pelo arranco de um finado,
E o baque de um corpo ao mar...
Ontem plena liberdade,
A vontade por poder...
Hoje... cúm'lo de maldade,
Nem são livres p'ra morrer. .
Prende-os a mesma corrente —
Férrea, lúgubre serpente —
Nas roscas da escravidão.
E assim zombando da morte,
Dança a lúgubre coorte
Ao som do açoute... Irrisão!...
Senhor Deus dos desgraçados!
Dizei-me vós, Senhor Deus,
Se eu deliro... ou se é verdade
Tanto horror perante os céus?!...
Ó mar, por que não apagas
Co'a esponja de tuas vagas
Do teu manto este borrão?
Astros! noites! tempestades!
Rolai das imensidades!
Varrei os mares, tufão! ...
De forma extremamente intensa o eu – lírico expressa
sua paixão por sua amada, oscilando seu amor entre o
real e o imaginário, onde esse sentimento ora aparece de
forma idealizada, chegando a fazer referência ao romance
de Shakespeare “Romeu e Julieta”. Há uma tensão
sensual porém sendo mais sugestiva do que explícita, e é
vista mais como uma forma de expressão poética do que
como um tema central do poema. O foco principal é a dor
da personagem, sua reflexão sobre a vida e a morte, e sua
incerteza em relação ao propósito da existência.
Poema Boa-noite
Boa-noite
Boa-noite, Maria! Eu vou-me embora.
A lua nas janelas bate em cheio.
Boa-noite, Maria! É tarde... é tarde...
Não me apertes assim contra teu seio.
Boa-noite!... E tu dizes — Boa-noite.
Mas não digas assim por entre beijos...
Mas não mo digas descobrindo o peito
— Mar de amor onde vagam meus desejos.
Julieta do céu! Ouve... a calhandra
Já rumoreja o canto da matina.
Tu dizes que eu menti?... pois foi mentira...
... Quem cantou foi teu hálito, divina!
Se à estrela-d'alva os derradeiros raios Derrama nos
jardins do Capuleto,
Eu direi, me esquecendo d'alvorada:
"É noite ainda em teu cabelo preto..."
E noite ainda! Brilha na cambraia
— Desmanchado o roupão, a espádua nua —
O globo de teu peito entre os arminhos
Como entre as névoas se balouça a lua...
É noite, pois! Durmamos, Julieta!
Recende a alcova ao trescalar das flores, Fechemos
sobre nós estas cortinas...
—São as asas do arcanjo dos amores.
A frouxa luz da alabastrina lâmpada
Lambe voluptuosa os teus contornos...
Oh! Deixa-me aquecer teus pés divinos
Ao doudo afago de meus lábios mornos.
Mulher do meu amor! Quando aos meus beijos
Treme tua alma, como a lira ao vento,
Das teclas de teu seio que harmonias,
Que escalas de suspiros, bebo atento!
Ai! Canta a cavatina do delírio,
Ri, suspira, soluça, anseia e chora...
Marion! Marion!... É noite ainda.
Que importa os raios de uma nova aurora?!... Como
um negro e sombrio firmamento,
Sobre mim desenrola teu cabelo...
E deixa-me dormir balbuciando:
—Boa-noite!, formosa Consuelo!...
Recapitulando…
1ª Geração
• Exaltação da natureza e
da liberdade.
• Religiosidade.
• Figura do índio ou
indianismo.
• Sentimentalismo,
emoções.
• Nacionalismo-ufanista.
• Brasileirismo
(linguagem)
2ª Geração
• Sentimentalismo
exacerbado.
• Pessimismo,
melancolia.
• Egocentrismo,
individualismo.
• Fuga da realidade.
• Escapismo.
• Saudosismo.
3ª Geração
• Erotismo
• Pecado
• Liberdade
• Abolicionismo
• Realidade social
• Negação do amor
platônico
Referências
● MARINHO, Fernando. "Segunda geração do Romantismo"; Brasil Escola. Disponível
em: https://brasilescola.uol.com.br/literatura/a-segunda-geracao-
romantismo.htm. Acesso em 12 de abril de 2023.
● MARINHO, Fernando. "Primeira geração do Romantismo"; Brasil Escola. Disponível
em: https://brasilescola.uol.com.br/literatura/primeira-geracao-romantismo-no-
brasil.htm. Acesso em 10 de abril de 2023.
● MARCÍLIO, Fernando. “Lira dos Vinte Anos”; Educação. Literatura. Disponível em:
http://educacao.globo.com/literatura/assunto/resumos-de-livros/lira-dos-
vinte-anos.html. Acesso em 11 de abril de 2023.
● DIANA, Daniela. "O Guarani";Toda-Matéria. Disponível em:
https://www.todamateria.com.br/o-guarani/.Acesso em 10 de abril de 2023
Obrigada! Você tem alguma dúvida?
● Alunas:
Anna Clara Freitas
Laura Elene Silva
Lygia Daniela Cassiano
Silviane Lima

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Romantismo Brasileiro: Movimento e Obra-prima

  • 2. O que foi o Romantismo? O Romantismo é um movimento estético e cultural que predominou no Ocidente durante o final do século XVIII e início do século XIX,O Romantismo no Brasil teve início em 1836, com a publicação do livro Suspiros poéticos e saudades, de Gonçalves de Magalhães. Foi resultado de um contexto histórico que levou à Independência do Brasil, em 1822, e despertou nos artistas brasileiros o sentimento de nacionalismo, marcante na primeira geração da poesia romântica. A poesia romântica brasileira é dividida em três gerações: indianista ou nacionalista, enaltecedora do país e do heroísmo indígena; ultrarromântica ou mal do século, centrada nas temáticas do amor e morte; e condoreira, de cunho social.
  • 3. Principais caracteristicas desta escola literária… Egocentrismo (o indivíduo é encarado como o centro do mundo) Sentimentalismo exacerbado Idealização do amor e da mulher Tom depressivo "(típico de diversos autores Nacionalismo "românticos, sendo facilmente encontrável, entre eles, um discurso que exalta a fuga da realidade, seja pela morte, seja pelo sonho ou ainda pela própria arte).
  • 5. A primeira geração romântica é intitulada “indianista ou nacionalista. Isso porque nela se elege a figura do índio como herói do mito de formação da sociedade brasileira. De fato, uma das principais bandeiras dessa fase é o forte tom nacionalista, que procura refundar a identidade cultural brasileira. Essa refundação, é bom lembrar, tem total relação com o contexto histórico da época, marcado pela chegada da família real ao Brasil, em 1808, e pela independência do país, em 1822.
  • 6. Principais caracteristicas 01 02 04 Apresenta forte nacionalismo; 05 Possui diálogos com o processo de Independência do Brasil (1822). A figura do índio é construída como a de um herói nacional; Sofre influência da chegada da família real ao Brasil (1808); 03 Valoriza a natureza brasileira;
  • 7. Principais Caracteristicas 06 07 09 Mulher idealizada; Amor idealizado; Rigor formal: metrificação e rima; 08 Floresta como símbolo nacional;
  • 8. Biografia José de Alencar José de Alencar (1829-1877) foi um romancista, dramaturgo, jornalista, advogado e político brasileiro. Foi um dos maiores representantes da corrente literária indianista e o principal romancista brasileiro da fase romântica. Entre seus romances destacam-se "Iracema" e "Senhora". Seu romance "O Guarani", publicado em forma de folhetim, no Diário do Rio de Janeiro, alcançou enorme sucesso e serviu de inspiração ao músico Carlos Gomes que compôs a ópera O Guarani. Foi escolhido por Machado de Assis para patrono da Cadeira n.º 23 da Academia Brasileira de Letras.
  • 9. O Guarani O Guarani é uma das obras mais destacadas do escritor José de Alencar. Esse romance de caráter indianista foi publicado em 1857 durante a primeira fase do Romantismo no Brasil. A história se passa no início do século XVII, quando o fidalgo D. Antônio de Mariz sai de Portugal para morar no interior do Rio de Janeiro com sua família. Lá, D. Antônio constrói uma pequena comunidade em torno de sua fazenda e conhece Peri, um indígena que se encanta por sua filha Ceci ao salvá-la de um ataque.
  • 10. Após esse ato de bravura, Peri ganha a confiança de D. Antônio e passa a viver na fazenda, apesar de a mãe de Ceci não gostar. Quando D. Diogo, irmão de Ceci, mata acidentalmente uma indígena do povo Aimoré, inicia-se um conflito para atingir a família do fidalgo. Nesse contexto, Peri protege a família dos Aimorés e dos ataques de seus próprios empregados, além de salvar Ceci diversas vezes ao longo da narrativa. Peri chega a tentar se entregar aos Aimorés em um ato heroico de sacrifício, mas é salvo por Álvaro. O conflito entre os indígenas e os brancos avança e D. Antônio pede para Peri fugir com Ceci, mas para isso ele teria que se converter ao cristianismo.
  • 11. Ao final do romance, a casa de D. Antônio é invadida pelos Aimorés e acaba sendo explodida pelo fidalgo, enquanto Peri e Ceci fogem em uma canoa.
  • 12. O romance foi escrito no momento pós-independência em que o Brasil buscava cortar laços com Portugal e construir a sua identidade. Assim, ter o indígena como protagonista foi uma escolha para ressaltar as origens do país, mesmo que esse sujeito tenha sido representado com caráter exótico e atitudes cavaleirescas. Além disso, a união entre um indígena e uma moça branca forma uma ideia de “identidade do povo brasileiro” com a miscigenação. Culto à natureza com longas descrições dos ambientes e espaços para situar onde as ações ocorrem. Peri também apresenta uma relação harmoniosa com a natureza; Misto de romance histórico e indianista que procura as origens do país nos feitos indígenas e descreve o Brasil do século XVII com características da Europa medieval;
  • 13. Nacionalismo com a ideia de uma união entre a cultura indígena e a cultura branca como formadoras do país. Entretanto, o próprio romance apresenta personagens desfavoráveis a essa união; Referência à Idade Média a partir do perfil de Peri – valente, cavaleiro, submisso e fiel ao senhor – até a arquitetura da casa da família, descrita como um castelo feudal; Amor idealizado com a mocinha correndo perigos e o herói sempre a salvá-la. Assim, há uma divinização da mulher, pois Peri idolatra Ceci, por vezes, vendo-a como uma imagem de Nossa Senhora e se sacrificando por ela.
  • 14. Biografia de Gonçalves Dias Gonçalves Dias (1823-1864) foi um poeta, professor, jornalista e teatrólogo brasileiro. É lembrado como o grande poeta indianista da Primeira Geração Romântica. Deu romantismo ao tema índio e uma feição nacional à sua literatura. É considerado um dos melhores poetas líricos da literatura brasileira. É Patrono da cadeira n.º15 da Academia Brasileira de Letras. Gonçalves Dias é considerado o grande poeta romântico brasileiro. A história do Romantismo no Brasil se confunde com a própria história política da primeira metade do século XIX.
  • 15. A Independência política, em 1822, despertou a consciência de se criar uma cultura brasileira identificada com as raízes históricas, linguísticas e culturais. Gonçalves Dias fez parte da Primeira Geração de “poetas” românticos brasileiros. Sua obra poética apresenta os gêneros lírico e épico. Na lírica, os temas mais comuns são: o índio, o amor, a natureza, a pátria e a religião. Na épica, canta os feitos heroicos dos índios.
  • 16. I-Juca Pirama O poema I-Juca Pirama, de Gonçalves Dias, é um ícone do romantismo brasileiro. A obra, indianista, está dividida em dez cantos. Publicado em 1851, no livro Últimos cantos, o poema é composto por 484 versos protagonizados pelos índios tupis e timbiras. O índio brasileiro, visto pelos primeiros viajantes que aportaram nas terras brasileiras ora como um ser dócil, ora como um selvagem canibal, transformou-se, para a primeira geração romântica, em elemento de simplicidade que contrasta com a malícia e a hipocrisia do europeu.
  • 17. Como ocorre em I-Juca Pirama, o índio será o símbolo do espírito livre, da coragem e da integridade de caráter, dotado de princípios morais rígidos, capaz de comparar-se ao mais nobre dos cavaleiros medievais europeus. O poema narra o drama de I-Juca Pirama último descendente da tribo tupi, que é feito prisioneiro de uma tribo inimiga. Movido pela amor filial, pois o índio tupi era arrimo de seu pai, velho e cego, I-Juca Pirama, contrariando a ética do índio, implora ao chefe dos timbiras pela sua libertação. O chefe timbira a concede, não sem antes humilhar o prisioneiro: “Não queremos com carne vil enfraquecer os fortes.”
  • 18. Solto, o prisioneiro reencontra-se com seu pai, que percebe que o filho havia sido aprisionado e libertado. Indignado, o velho exige que ambos se dirijam à tribo timbira, onde o pai amaldiçoa violentamente o jovem guerreiro que ferido em seus brios, põe-se sozinho a lutar com os timbiras. Convencido da coragem do tupi, o chefe inimigo pede-lhe que pare a luta, reconhecendo sua bravura. Pai e filho se abraçam – estava preservada a dignidade dos tupis.
  • 19. CANTO IV Meu canto de morte, Guerreiros, ouvi: Sou filho das selvas, Nas selvas cresci; Guerreiros, descendo Da tribo tupi. Da tribo pujante, Que agora anda errante Por fado inconstante, Guerreiros, nasci; Sou bravo, sou forte, Sou filho do Norte; Meu canto de morte, Guerreiros, ouvi. Já vi cruas brigas, De tribos imigas, E as duras fadigas Da guerra provei; Nas ondas mendaces Senti pelas faces Os silvos fugaces Dos ventos que amei. Andei longes terras Lidei cruas guerras, Vaguei pelas serras Dos vis Aimoréis; Vi lutas de bravos, Vi fortes — escravos! De estranhos ignavos Calcados aos pés. E os campos talados, E os arcos quebrados, E os piagas coitados Já sem maracás; E os meigos cantores, Servindo a senhores, Que vinham traidores, Com mostras de paz. Aos golpes do inimigo, Meu último amigo, Sem lar, sem abrigo Caiu junto a mim! Com plácido rosto, Sereno e composto, O acerbo desgosto Comigo sofri.
  • 20. Meu pai a meu lado Já cego e quebrado, De penas ralado, Firmava-se em mim: Nós ambos, mesquinhos, Por ínvios caminhos, Cobertos d'espinhos Chegamos aqui! O velho no entanto Sofrendo já tanto De fome e quebranto, Só qu'ria morrer! Não mais me contenho, Nas matas me embrenho, Das frechas que tenho Me quero valer. Então, forasteiro, Caí prisioneiro De um troço guerreiro Com que me encontrei: O cru dessossego Do pai fraco e cego, Enquanto não chego Qual seja, — dizei! Eu era o seu guia Na noite sombria, A só alegria Que Deus lhe deixou: Em mim se apoiava, Em mim se firmava, Em mim descansava, Que filho lhe sou. Ao velho coitado De penas ralado, Já cego e quebrado, Que resta? — Morrer. Enquanto descreve O giro tão breve Da vida que teve, Deixai-me viver! Não vil, não ignavo, Mas forte, mas bravo, Serei vosso escravo: Aqui virei ter. Guerreiros, não coro Do pranto que choro: Se a vida deploro, Também sei morrer.
  • 21. Canto 4 – I – Juca Pirama aprisionado pelos Timbiras declama o seu canto de morte e pede ao Timbiras que deixem-no ir para cuidar do pai alquebrado e cego. O verso pentassílabo (cinco sílabas), num ritmo ligeiro, dá a impressão do rufar dos tambores. As estrofes com exceção da primeira (sextilha), têm oito versos (oitavas), e as rimas seguem o esquema AAA (paralelas) e BCCB (opostas e intercaladas)
  • 22. O título do poema é tirado da língua tupi e significa, conforme explica o próprio autor, “o que há de ser morto, e que é digno de ser morto.” Embora tenha nome próprio, “Juca Pirama” não tem nada a ver com o nome do índio aprisionado pelos Timbiras. Apesar de ter uma fama narrativa que configura o gênero épico e um conteúdo dramatizável, predomina no poema o gênero lírico – um lirismo fácil e espontâneo, perpassado das emoções e subjetividade do poeta. Como é próprio do romantismo, estilo a que está ligado Gonçalves Dias, é um lirismo que brota do coração e da “imaginação criadora” do poeta e que expressa bem o sentimentalismo romântico. A obra é indianista e vale ressaltar a musicalidade dos versos que é uma característica típica de Gonçalves Dias.
  • 23. I – Juca – Pirama, alterna versos longos e curtos, ora para descrever (verso lento), ora para dar a impressão do rufar dos tambores no ritual indígena.O poema nos é apresentado em dez cantos, organizados em forma de composição épico – dramática. Todos sempre pautam pela apresentação de um índio cujo caráter e heroísmo são salientados a cada instante. O poema I–Juca Pirama nos dá uma visão mais próxima do índio, ligado aos seus costumes, idealizado e moldado ao gosto romântico. O índio integrado no ambiente natural, e principalmente adequado a um sentimento de honra, reflete o pensamento ocidental de honra tão típico das novelas de cavalaria medievais
  • 24. Canção do Exílio Minha terra tem palmeiras Onde canta o Sabiá, As aves, que aqui gorjeiam, Não gorjeiam como lá. Nosso céu tem mais estrelas, Nossas várzeas têm mais flores, Nossos bosques têm mais vida, Nossa vida mais amores. Em cismar, sozinho, à noite, Mais prazer encontro eu lá; Minha terra tem palmeiras, Onde canta o Sabiá. Minha terra tem primores, Que tais não encontro eu cá; Em cismar – sozinho, à noite – Mais prazer encontro eu lá; Minha terra tem palmeiras, Onde canta o Sabiá. Não permita Deus que eu morra, Sem que eu volte para lá; Sem que desfrute os primores Que não encontro por cá; Sem qu’inda aviste as palmeiras, Onde canta o Sabiá.
  • 25. ● A Canção do Exílio foi escrita no primeiro momento do Romantismo no Brasil, caracterizado pelo sentimento de nacionalismo em função da Independência (1822), logo, do rompimento político, econômico e social com Portugal. Assim, o poema de Gonçalves Dias expressa o patriotismo, a saudade e a valorização da terra natal do poeta, como também uma espécie de rejeição às características portuguesas expressas, de forma implícita, como inferiores às brasileiras. No momento da recente independência, o Brasil buscava construir a sua própria cultura, distanciando-se de Portugal e de suas referências. Assim, a literatura brasileira descreve o país e a identidade de seu povo de uma forma positivada, buscando suas particularidades como a palmeira e o sabiá, citados na Canção do Exílio. Inclusive, dois versos do poema apresentam trechos do Hino Nacional: “Nossos bosques têm mais vida, Nossa vida, (no teu seio) mais amores”.
  • 26. Nacionalismo A Canção do Exílio carrega fortes traços do romantismo, principalmente em relação à subjetividade expressa por um eu- lírico que sente saudades de seu país e quer retornar para ele. Veja outras características a seguir: Redondilhas maiores, rimas perfeitas nos versos pares e ausência de rima nos demais versos Individualismo com a expressão de sentimentos particulares; Musicalidade a partir da métrica e das rimas; Simplicidade na linguagem; Ufanismo com a idealização do Brasil na descrição de sua natureza;
  • 27. Biografia Joaquim Manuel de Macedo Joaquim Manuel de Macedo (1820-1882) foi um escritor brasileiro. A Moreninha, sua obra-prima, deu origem ao romance romântico brasileiro. Foi preceptor dos netos do Imperador Pedro II. É Patrono da cadeira nº. 20 da Academia Brasileira de Letras. Joaquim Manuel de Macedo nasceu em Itaboraí, Rio de Janeiro, no dia 24 de junho de 1820. Formou-se em Medicina em 1844, e no mesmo ano publicou o romance “A Moreninha”, que foi muito apreciado pelo público da época. Em 1849 fundou a “Revista Guanabara”, juntamente com Gonçalves Dias e Porto Alegre.
  • 28. Biografia Joaquim Manuel de Macedo Embora formado em medicina, Joaquim Manuel de Macedo não exerceu a profissão. Seduzido pelo magistério, foi professor de História no Colégio Pedro II, e preceptor dos netos do Imperador Pedro II. Foi membro do Conselho Diretor da Instrução Pública, fundador e orador oficial do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro. Envolvido na política, foi deputado em várias legislaturas.
  • 29. A Moreninha A Moreninha é um romance do escritor brasileiro Joaquim Manuel de Macedo e um dos maiores clássicos da literatura brasileira. Foi publicada em 1844 durante a primeira geração romântica no Brasil, inaugurando o romantismo no país. Algumas características do romantismo pr esentes na obra são: Subjetivismo: A narrativa é focada nas emoções e sentimentos dos personagens, especialmente dos protagonistas Augusto e Carolina. ..
  • 30. Individualismo: Os personagens são retratados como indivíduos únicos, com características e personalidades próprias. Idealização da mulher: Carolina é apresentada como uma figura idealizada e perfeita, que representa a pureza, a inocência e a beleza feminina. Culto à natureza: A natureza é frequentemente descrita de maneira exaltada, como um elemento que inspira os personagens e reflete seus sentimentos. Valorização do passado e da história: A tradição e a história são retratadas como elementos importantes da cultura brasileira, e a narrativa faz referência a eventos históricos e culturais do país.
  • 32. Denominada como geração ultrarromântica ou byroniana. Foi fortemente influenciada por autores europeus como Goethe e Byron, os escritores desse grupo produziram obras com certo tom pessimista e depressivo. O exagero sentimental, o macabro e o delírio são marcas presentes nos livros ultrarromânticos. O exagero sentimental, o egocentrismo, a idealização da mulher, o pessimismo diante da existência e a vontade de fugir são marcas tanto da ficção do período quanto da própria vida dessa parcela da sociedade.
  • 33. Principais Caracteristicas Predominância do egocentrismo; Saudosismo; Tematização do amor, da tristeza e do grotesco; Evasão da morte; Influência do escritor inglês Lord Byron; Sofrimento amoroso; Escapismo; Idealização da vida, mulher e amor; Presença de intenso sentimentalismo; Pessimismo;
  • 34. Principais Caracteristicas Isolamento social do poeta: o gênio incompreendido e inadaptado; Locus horrendus (lugar tempestuoso): cenário de tempestade e escuridão que reflete a alma do poeta; “Mal do século”: tédio, desilusão e melancolia;
  • 35. Biografia de Álvares de Azevedo Manoel Antônio Álvares de Azevedo nasceu em 12 de setembro de 1831, em São Paulo. No entanto, foi no Rio de Janeiro que fez o curso primário. Voltou à capital paulista para cursar a faculdade de direito em 1848. Ele foi representante singular dessa geração . A poesia de Álvares de Azevedo, além de traços autobiográficos, revela pessimismo, angústia e desejo pela morte. O poeta tinha tuberculose, doença tida como o “mal do século”.
  • 36. Biografia de Álvares de Azevedo Por influência do conhecimento da doença que possuía, Álvares de Azevedo desenvolveu uma verdadeira obsessão pela temática da morte, evidente nas cartas à família e aos amigos. Encontrou apoio na literatura do poeta inglês Lord Byron, conhecido por um modelo ultrajante de obstinação ética que feria os costumes da sociedade aristocrática. O poeta do Romantismo tem poucas publicações, apesar de muito conhecidas , pelo fato de morrer ainda jovem, aos 21 anos, em 25 de abril de 1852.
  • 37. Lembrança de morrer é um poema escrito pelo poeta brasileiro Álvares de Azevedo, e foi publicado pela primeira vez no volume Lira dos vinte anos (1853), um ano após a morte do autor. O sujeito poético coloca-se a refletir sobre o dia em que morrerá, expressando desejos e evocando lembranças, como se fizesse um julgamento sobre a própria vida. Nota-se nesse poema o forte tom depressivo e pessimista diante da vida expresso pelos versos: “Eu deixo a vida como deixa o tédio / Do deserto, o poento caminheiro”, além do desejo de fuga, em que a válvula de escape é representada pela morte. Também é perceptível no poema a presença do sentimentalismo exagerado, como em: “Só levo uma saudade... é desses tempos /Que amorosa ilusão embelecia.”
  • 38. Lembrança de morrer Quando em meu peito rebentar-se a fibra, Que o espírito enlaça à dor vivente, Não derramem por mim nenhuma lágrima Em pálpebra demente. E nem desfolhem na matéria impura A flor do vale que adormece ao vento: Não quero que uma nota de alegria Se cale por meu triste passamento. Eu deixo a vida como deixa o tédio Do deserto, o poento caminheiro, ... Como as horas de um longo pesadelo Que se desfaz ao dobre de um sineiro; Como o desterro de minh’alma errante, Onde fogo insensato a consumia: Só levo uma saudade... é desses tempos Que amorosa ilusão embelecia. Só levo uma saudade... é dessas sombras Que eu sentia velar nas noites minhas... De ti, ó minha mãe, pobre coitada, Que por minha tristeza te definhas! De meu pai... de meus únicos amigos, Pouco - bem poucos... e que não zombavam Quando, em noites de febre endoudecido, Minhas pálidas crenças duvidavam. […]
  • 39. Biografia de Casimiro de Abreu Casimiro José Marques de Abreu, nasceu na Barra de São João, no Estado do Rio de Janeiro, no dia 4 de janeiro de 1839. Com apenas 13 anos, enviado pelo pai, vai para a cidade do Rio de Janeiro, trabalhar no comércio. Em novembro de 1853 viaja para Portugal, com o intuito de completar a prática comercial e nesse período inicia sua carreira literária. Com vida boêmia, contrai tuberculose. Vai para Nova Friburgo tentar a cura da doença, mas no dia 18 de outubro de 1860, não resiste e morre, aos 21 anos de idade.
  • 40. O poema “Meus Oito Anos” faz parte do Livro I da coletânea “As Primaveras”, publicada por Casimiro de Abreu em 1859, que gira em torno da saudade da infância e da terra natal. O poeta utiliza essa representatividade da infância como forma de escapismo, fugindo assim do momento presente, rico expõe sua saudade nostálgica da infância pura. Subentende-se que o poeta adulto está exposto a uma vida dolorosa, em consequência de ele não ter mais aquela inocência infantil
  • 41. Oh! Que saudades que tenho Da aurora da minha vida, Da minha infância querida Que os anos não trazem mais! Que amor, que sonhos, que flores, Naquelas tardes fagueiras À sombra das bananeiras, Debaixo dos laranjais! Como são belos os dias Do despontar da existência! - Respira a alma inocência Como perfumes a flor; O mar é - lago sereno, O céu - um manto azulado, O mundo - um sonho dourado, A vida - um hino d'amor! Que auroras, que sol, que vida, Que noites de melodia Naquela doce alegria, Naquele ingênuo folgar! O céu bordado d’estrelas, A terra de aromas cheia, As ondas beijando a areia E a lua beijando o mar! Oh! dias da minha infância! Oh! meu céu de primavera! Que doce a vida não era Nessa risonha manhã. Em vez das mágoas de agora, Eu tinha nessas delícias De minha mãe as carícias E beijos de minha irmã! Meus oito anos
  • 42. Livre filho das montanhas, Eu ia bem satisfeito, De camisa aberto ao peito, - Pés descalços, braços nus – Correndo pelas campinas À roda das cachoeiras, Atrás das asas ligeiras Das borboletas azuis! Naqueles tempos ditosos Ia colher as pitangas, Trepava a tirar as mangas, Brincava à beira do mar; Rezava às Ave-Marias, Achava o céu sempre lindo, Adormecia sorrindo E despertava a cantar! Oh! Que saudades que tenho Da aurora da minha vida, Da minha infância querida Que os anos não trazem mais! Que amor, que sonhos, que flores, Naquelas tardes fagueiras À sombra das bananeiras, Debaixo dos laranjais!
  • 44. Principais características da terceira fase do Romantismo 01 Poesia com caráter político e social; 03 Temas sociais; 02 Condoreirismo; 04 Compromisso om a causa abolicionista e republicana;
  • 45. 05 Expressão os sentimentos de forma livre 07 Influência literária do romancista e poeta francês Victor Hugo. 06 Negação do amor platônico e erotismo 08 Principais características da terceira fase do Romantismo Nesse momento do Romantismo brasileiro, o patriotismo e o subjetivismo tão notórios na primeira e segunda geração romântica eram absolutamente incompatíveis.
  • 46. Biografia de Castro Alves Antônio Frederico de Castro Alves nasceu na vila de Curralinho, hoje cidade de Castro Alves, Bahia, em 14 de março de 1847. Castro Alves faleceu em Salvador, no dia 6 de julho de 1871, vitimado pela tuberculose, com apenas 24 anos de idade. Sendo a maior figura do Romantismo. Desenvolveu uma poesia sensível aos problemas sociais de seu tempo e defendeu as grandes causas da liberdade e da justiça. Denunciou a crueldade da escravidão e clamou pela liberdade, dando ao romantismo um sentido social e revolucionário que o aproximava do Realismo.
  • 47. O Navio Negreiro O Navio Negreiro é uma poesia dividida em seis partes e se encontra dentro da obra Os Escravos. O poeta descreve a horrível cena que se passa no convés do navio: uma multidão de negros, mulheres, velhos e crianças, todos presos uns aos outros, As principais imagens são as dos ferros que rangem formando uma espécie de música e da orquestra de marinheiros que chicoteiam os escravos. A relação entre a música e a dança com a tortura e o sofrimento dão uma grande carga poética à descrição da cena. No final quem ri da dança insólita é o próprio Satanás, como se aquele fosse um show de horrores feito para o diabo.
  • 48. V Senhor Deus dos desgraçados! Dizei-me vós, Senhor Deus! Se é loucura... se é verdade Tanto horror perante os céus?! Ó mar, por que não apagas Co'a esponja de tuas vagas De teu manto este borrão?... Astros! noites! tempestades! Rolai das imensidades! Varrei os mares, tufão! Quem são estes desgraçados Que não encontram em vós Mais que o rir calmo da turba Que excita a fúria do algoz? Quem são? Se a estrela se cala Se a vaga à pressa resvala Como um cúmplice fugaz, Perante a noite confusa... Dize-o tu, severa Musa, Musa libérrima, audaz!... São os filhos do deserto, Onde a terra esposa a luz. Onde vive em campo aberto A tribo dos homens nus... São os guerreiros ousados Que com os tigres mosqueados Combatem na solidão. Ontem simples, fortes, bravos. Hoje míseros escravos, Sem luz, sem ar, sem razão. . . São mulheres desgraçadas, Como Agar o foi também. Que sedentas, alquebradas, De longe... bem longe vêm... Trazendo com tíbios passos, Filhos e algemas nos braços, N'alma — lágrimas e fel... Como Agar sofrendo tanto, Que nem o leite de pranto Têm que dar para Ismael Lá nas areias infindas, Das palmeiras no país, Nasceram crianças lindas, Viveram moças gentis... Passa um dia a caravana, Quando a virgem na cabana Cisma da noite nos véus ... ... Adeus, ó choça do monte, ... Adeus, palmeiras da fonte!... ... Adeus, amores... adeus!... Depois, o areal extenso... Depois, o oceano de pó. Depois no horizonte imenso Desertos... desertos só... E a fome, o cansaço, a sede... Ai! quanto infeliz que cede, E cai p'ra não mais s'erguer!... Vaga um lugar na cadeia, Mas o chacal sobre a areia Acha um corpo que roer.
  • 49. Ontem a Serra Leoa, A guerra, a caça ao leão, O sono dormido à toa Sob as tendas d'amplidão! Hoje... o porão negro, fundo, Infecto, apertado, imundo, Tendo a peste por jaguar... E o sono sempre cortado Pelo arranco de um finado, E o baque de um corpo ao mar... Ontem plena liberdade, A vontade por poder... Hoje... cúm'lo de maldade, Nem são livres p'ra morrer. . Prende-os a mesma corrente — Férrea, lúgubre serpente — Nas roscas da escravidão. E assim zombando da morte, Dança a lúgubre coorte Ao som do açoute... Irrisão!... Senhor Deus dos desgraçados! Dizei-me vós, Senhor Deus, Se eu deliro... ou se é verdade Tanto horror perante os céus?!... Ó mar, por que não apagas Co'a esponja de tuas vagas Do teu manto este borrão? Astros! noites! tempestades! Rolai das imensidades! Varrei os mares, tufão! ...
  • 50. De forma extremamente intensa o eu – lírico expressa sua paixão por sua amada, oscilando seu amor entre o real e o imaginário, onde esse sentimento ora aparece de forma idealizada, chegando a fazer referência ao romance de Shakespeare “Romeu e Julieta”. Há uma tensão sensual porém sendo mais sugestiva do que explícita, e é vista mais como uma forma de expressão poética do que como um tema central do poema. O foco principal é a dor da personagem, sua reflexão sobre a vida e a morte, e sua incerteza em relação ao propósito da existência. Poema Boa-noite
  • 51. Boa-noite Boa-noite, Maria! Eu vou-me embora. A lua nas janelas bate em cheio. Boa-noite, Maria! É tarde... é tarde... Não me apertes assim contra teu seio. Boa-noite!... E tu dizes — Boa-noite. Mas não digas assim por entre beijos... Mas não mo digas descobrindo o peito — Mar de amor onde vagam meus desejos. Julieta do céu! Ouve... a calhandra Já rumoreja o canto da matina. Tu dizes que eu menti?... pois foi mentira... ... Quem cantou foi teu hálito, divina! Se à estrela-d'alva os derradeiros raios Derrama nos jardins do Capuleto, Eu direi, me esquecendo d'alvorada: "É noite ainda em teu cabelo preto..." E noite ainda! Brilha na cambraia — Desmanchado o roupão, a espádua nua — O globo de teu peito entre os arminhos Como entre as névoas se balouça a lua... É noite, pois! Durmamos, Julieta! Recende a alcova ao trescalar das flores, Fechemos sobre nós estas cortinas... —São as asas do arcanjo dos amores. A frouxa luz da alabastrina lâmpada Lambe voluptuosa os teus contornos... Oh! Deixa-me aquecer teus pés divinos Ao doudo afago de meus lábios mornos. Mulher do meu amor! Quando aos meus beijos Treme tua alma, como a lira ao vento, Das teclas de teu seio que harmonias, Que escalas de suspiros, bebo atento! Ai! Canta a cavatina do delírio, Ri, suspira, soluça, anseia e chora... Marion! Marion!... É noite ainda. Que importa os raios de uma nova aurora?!... Como um negro e sombrio firmamento, Sobre mim desenrola teu cabelo... E deixa-me dormir balbuciando: —Boa-noite!, formosa Consuelo!...
  • 52. Recapitulando… 1ª Geração • Exaltação da natureza e da liberdade. • Religiosidade. • Figura do índio ou indianismo. • Sentimentalismo, emoções. • Nacionalismo-ufanista. • Brasileirismo (linguagem) 2ª Geração • Sentimentalismo exacerbado. • Pessimismo, melancolia. • Egocentrismo, individualismo. • Fuga da realidade. • Escapismo. • Saudosismo. 3ª Geração • Erotismo • Pecado • Liberdade • Abolicionismo • Realidade social • Negação do amor platônico
  • 53. Referências ● MARINHO, Fernando. "Segunda geração do Romantismo"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/literatura/a-segunda-geracao- romantismo.htm. Acesso em 12 de abril de 2023. ● MARINHO, Fernando. "Primeira geração do Romantismo"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/literatura/primeira-geracao-romantismo-no- brasil.htm. Acesso em 10 de abril de 2023. ● MARCÍLIO, Fernando. “Lira dos Vinte Anos”; Educação. Literatura. Disponível em: http://educacao.globo.com/literatura/assunto/resumos-de-livros/lira-dos- vinte-anos.html. Acesso em 11 de abril de 2023. ● DIANA, Daniela. "O Guarani";Toda-Matéria. Disponível em: https://www.todamateria.com.br/o-guarani/.Acesso em 10 de abril de 2023
  • 54. Obrigada! Você tem alguma dúvida? ● Alunas: Anna Clara Freitas Laura Elene Silva Lygia Daniela Cassiano Silviane Lima