Classificado desde 16 de junho de 1910, como Monumento Nacional, o Mosteiro de
Santa Clara-a-Velha situa-se na margem esquerda do rio Mondego, em Coimbra, uma
zona conhecida futuramente pela sua dificuldade em manter e conservar o espaço e o
património do Mosteiro. Terá sido mandado reconstruir no ano de 1314 por D. Isabel de
Aragão, a Rainha Santa, substituindo um pequeno convento já existente de monjas
clarissas, fundado em finais do século XIII, em 1286, por Dona Mor Dias, dama da
nobreza. Desde a construção do edifício, no século XIV, que o rio fez sentir a sua força e
foi invadindo o espaço, ao longo de poucos séculos, estando constantemente sujeito a
inundações frequentes que forçaram a construção de um piso superior e ao abandono
térreo, que se encontrava quase sempre alagado chegando até mesmo a suceder nos dias
de hoje.
MATERIAL DE APOIO - E-BOOK - CURSO TEOLOGIA DA BÍBLIA
Mosteiro de Santa Clara Velha em Coimbra
1. MOSTEIRO DE
SANTA CLARA-
A-VELHA
A valorização patrimonial e histórica da
infraestrutura e os problemas a nível de
preservação do espaço
Beatriz Morgado, l51998;
Unidade Curricular: Património Religioso;
Património Cultural, 2º ano;
Docente: Antónia Fialho Conde
2. ÍNDICE
Introdução
Mosteiro de Santa
Clara-a-Velha -
História
Mosteiro de Santa
Clara-a-Velha –
Descrição
arquitetónica
01
02
03
Rainha Santa Isabel: da
figura histórica ao culto
O Mosteiro no século
XXI
A Ordem de Santa Clara
Mosteiro de Santa
Clara-a-Nova
Conclusão
Bibliografia e Web
grafia
04
05
06
07
08
09
5. Classificado desde 16 de junho de 1910, como Monumento Nacional, o Mosteiro de Santa Clara-a-Velha situa-
se na margem esquerda do rio Mondego, em Coimbra. Terá sido mandado construir em 1314 por D. Isabel
de Aragão, a Rainha Santa, substituindo um pequeno convento já existente de monjas clarissas fundado em
finais do século XIII, em 1286, por Dona Mor Dias, dama da nobreza.
Desde a construção do edifício, no século XIV, que o rio fez sentir a sua força e foi invadindo o espaço, ao
longo de poucos séculos, estando constantemente sujeito a inundações frequentes que forçaram a
construção de um piso superior e ao abandono térreo, que se encontrava quase sempre alagado.
No século XVII, o rei D. João IV mandou construir num ponto alto da cidade, o novo mosteiro que ficou
conhecido como o Mosteiro de Santa Clara-a-Nova, para onde as freiras se mudaram em 1677. O primitivo
mosteiro que passou a ser designado de Santa Clara-a-Velha, ficou ao abandono até chegar a um estado de
ruína.
As ruínas de Santa Clara-a-Velha de Coimbra compreendem, para além da magnífica igreja com
características muito peculiares, um claustro com dimensões monumentais, que o tornam no maior claustro
gótico conhecido em Portugal.
INTRODUÇÃO
8. 1º Fundação
Este mosteiro, de estilo gótico, tem a sua fundação no ano de 1286, pela nobre Mor Dias. Esta obra que
era dedicada a Jesus, a Nossa Senhora, a Santa Clara e a Santa Isabel, tinha como objetivo albergar uma
comunidade religiosa feminina mendicante. A escolha do local de na margem esquerda do Mondego,
estaria provavelmente relacionada com a proximidade do mosteiro franciscano que lhe deveria
assegurar assistência eclesiástica.
- No entanto, o edifício foi mal visto pelos cónegos regrantes do Mosteiro de Santa Cruz, esta polémica
motivou o encerramento do Mosteiro de Santa Clara-a-Velha em 1311 após a morte de Mor Dias.
O MOSTEIRO E A SUA HISTÓRIA
https://www.cm-coimbra.pt/areas/visitar/ver-e-
fazer/monumentos/mosteiro-de-santa-clara-a-velha
9. 2º Fundação
A rainha Isabel, que fora já no tempo de Dona Mor uma admiradora do Mosteiro, decide avançar com a
sua refundação, conseguindo obter a autorização para o efeito do Papa Clemente V, a 10 de abril de
1314. A esta obra, pode-se apontar três grandes méritos à esposa do rei Dom Dinis:
I. Atrair o número suficiente de património e pessoas para a obra;
II. Projetar um mosteiro mais largo e moderno;
III. Proporcionar condições de autossuficiência às futuras monjas Clarissas.
O Mosteiro de Santa Clara-a-Velha: Torna-se o espaço onde a rainha Isabel decidira residir nos seus
últimos anos de vida, assim como o local de acolhimento da sua sepultura.
Associado ao grande drama e romance entre Dom Pedro e Dona Inês de Castro.
O MOSTEIRO E A SUA HISTÓRIA
10. O MOSTEIRO E A SUA HISTÓRIA
Última Fase:
Em 1330, o Mosteiro é finalmente consagrado.
Porém um ano mais tarde, inicia-se um grave problema que atormentaria até então a vida
pacata das freiras com as grandes inundações vindas do Rio Mondego. Com a falta de
condições para continuar naquele espaço, o Mosteiro de Santa Clara-a-Velha seria então votado
ao abandono, onde durante muitos anos chegou a servir de apoio para exploração agrícola.
Apesar destas adversidades, o reconhecimento da importância do Mosteiro resiste ao
abandono graças à intervenção de inúmeras personalidades:
Arqueólogo do século XIX, Augusto Filipe Simões;
Em 1995 começam as obras de intervenção para valorização, do qual surgiram várias e
agradáveis surpresas não só a área de ruína, mas também o Centro Interpretativo com
achados arqueológicos, resultado das escavações e estudos do local.
12. Arquitetura “gótica mendicante”, - tratando-se de um
modelo peculiar adotado na Idade Média;
Centrada num período de transformações dos padrões
de construção, valorizando o gótico e as necessidades
advindas das freiras em questão;
O Mosteiro delongou cerca de duas décadas para ser
erguido e teve evidentes alterações de projetos e
distintas campanhas de obras no decorrer das eras. Estas
alterações de projeto tiveram como consequência
assimetrias a falta de esquadria de alinhamento e de
perpendicularidade.
MOSTEIRO DE SANTA
CLARA-A-VELHA
13. Verifica-se, de um modo geral, que as igrejas mendicantes seguiam o esquema:
Corpo de três naves e cinco tramos, coberto por teto de madeira;
Transepto saliente;
Cabeceira coberta por uma abóbada de cruzaria de ogivas com três ou cinco capelas escalonadas;
Os espaços internos são claramente delineados no exterior: com a fachada principal a possuir um
corpo central mais alto (correspondendo à nave central) com uma empena triangular e uma rosácea
ao centro.
MOSTEIRO DE SANTA CLARA-A-VELHA
Nave Central e Nave do Sul -
https://www.researchgate.net/figur
e/Igreja-de-Santa-Clara-a-Velha-de-
Coimbra-Nave-central-e-Nave-
sul_fig8_325533751; Nave Central e Rosácea na fachada principal -
https://www.expedia.com/pictures/europe/portugal/
mosteiro-de-santa-clara-a-velha.d6116876;
14. Em Portugal, o estilo gótico difundiu-se por todo o pais:
Além das igrejas das Ordens dos Franciscanos e Dominicanos, a arquitetura mendicante foi
aplicada na construção de templos cistercienses (Ordem de Cister) e carmelitas (Ordem do
Carmo).
Entende-se assim, que o gótico disseminou-se por meio das ordens religiosas mendicantes
que fundaram vários conventos em centros urbanos portugueses ao longo dos séculos XIII e
XIV.
Esse estilo arquitetónico representou uma “significativa mudança nos sistemas construtivos,
coincidente com um momento do gosto e da sensibilidade religiosa que são, a seu modo, reflexo
de um estado de civilização”
O cuidado na construção desses mosteiros parece revelar as necessidades de serem
concebidos como conventos de clausura, adaptando espaços funcionais.
MOSTEIRO DE SANTA CLARA-A-VELHA
15. MOSTEIRO DE SANTA CLARA-A-VELHA
Convento do Carmo, Lisboa;
http://maisumapraconta.com/convento-do-carmo/;
Mosteiro de Santa Maria de Salzedas, Tarouca;
https://culturanorte.gov.pt/patrimonio/mosteiro-de-santa-maria-de-
salzedas/;
16. MOSTEIRO DE SANTA CLARA-A-VELHA
Cidade de Coimbra na primeira metade do século XVII, pelo pintor Pier Maria Baldi
https://portugalpatrimonios.com/2018/07/11/santa-clara-a-velha-2/;
Mosteiro de Santa Clara-A-Velha
Convento de São Francisco
18. A ORDEM DE SANTA CLARA
Fundadora: Clara de Assis - Ordem de Santa Clara, em 1212;
Com bastante aproximação à Ordem Franciscana, fundada por
Francisco de Assis, a Ordem de Santa Clara seguia os seus
princípios, caracterizando-se pela renúncia à posse de bens e
propriedades, o que conduziria à purificação individual e à
remissão dos pecados;
Esta nova Ordem feminina, regida por um conjunto de Regras e
pelas Constituições da Ordem de Santa Clara foi seguindo a sua
crença de acordo com a espiritualidade da contemplação e da
clausura;
A Ordem de Santa Clara instalou-se em Portugal por volta de
1258.
19. A ORDEM DE SANTA CLARA
- Hábitos alimentares
Como a vida num mosteiro é sustentada por regras e disciplina, também na alimentação
esses indicadores estavam presentes. Segundo a Regra Urbanista de Santa Clara e a Regra de
São Bento, o jejum por exemplo, era recorrente;
Para além do jejum, deveria ser consumido peixe, pelo que há registos de uma maior compra
de peixe nessa época. A carne no resto dos dias do ano deveria ser consumida apenas três
vezes por semana;
Porém, é também de referir a confeção de doces. As condições económicas de muitos dos
mosteiros possibilitavam a aquisição de produtos como o açúcar ou a amêndoa;
No próprio Mosteiro de Santa Clara confecionavam-se os conhecidos pastéis de Santa Clara,
as arrufadas de Coimbra, a lampreia de ovos, as broas de milho de Santa Clara, as mães
bentas, os biscoitos de Coimbra e o pudim de ovos de Coimbra.
21. RAINHA SANTA ISABEL
Isabel de Aragão nasceu em Saragoça no dia 11 de fevereiro de
1271, filha mais velha de D. Pedro III, o Grande, de Aragão e de D.
Constança de Saboia;
Celebra-se o casamento por procuração com D. Dinis, na cidade de
Barcelona, a 11 de fevereiro de 1282. Em 15 de outubro de 1282,
chegou a Coimbra um sumptuoso cortejo com o casal régio.
Em 22 de dezembro de 1327, D. Isabel faz o seu último testamento
no qual manda sepultar o seu corpo no Mosteiro de Santa Clara-a-
Velha.
22. RAINHA SANTA ISABEL
Em 1325, D. Dinis morre em Santarém. Chorada esta grande perda,
D. Isabel mostra, externamente, o luto e a tristeza abandonando as
vestes reais, coloridas e faustosas;
Depois da morte do rei, D. Isabel retirou-se para a sua câmara,
cortou os cabelos e pôs o hábito de terciária franciscana. Queria
cumprir, plenamente, o ideal franciscano que a tinha movido
desde sempre e resolve ir em peregrinação a Compostela;
Em 4 de julho de 1326, morre em Estremoz, dando o seu corpo
entrada naquele mosteiro, no dia 11 de julho do mesmo ano.
Devido à sua bondosa e santa vida o papa Leão X beatifica a
rainha D. Isabel pela bula de 15 de abril de 1516.
23. Transladado de Estremoz segue o corpo para Coimbra e não
tardaram as manifestações populares de oração e veneração junto
do túmulo;
No ano de 1516, após a categoria de beata, é autorizado a
celebração do ofício litúrgico e veneração pública da sua imagem,
nos altares de todas as igrejas, mosteiros e conventos, mas
circunscrito à Diocese de Coimbra.
De recordar que a Rainha Santa Isabel, nasceu associado a uma
lenda, onde teria nascido envolta numa pele, manifestando, assim, a
vocação para uma existência excecional. Outra lenda é a do milagre
das rosas.
RAINHA SANTA ISABEL
Rainha Santa Isabel – Milagre das Rosas;
http://coisasdesantos.blogspot.com/2014/11/milagres-de-
santa-isabel-da-hungria.html
24. RAINHA SANTA ISABEL
Como já foi mencionado, com a transferência das Clarissas para o novo mosteiro, chamado Santa Clara-
A-Nova, após as inúmeras inundações provocadas pelo rio Mondego no Mosteiro, o corpo da rainha, em
constante perigo pela sua localização foi trasladado em procissão no dia 29 de Outubro de 1677,
encontrando-se num sarcófago de prata e cristal, no altar-mor da igreja do mosteiro de Santa Clara-A-
Nova.
Tumulo da rainha Santa Isabel no mosteiro de Santa-Clara-A-Nova
http://histgeo6.blogspot.com/2014/09/mosteiro-de-santa-clara-velha-e-o.html
26. MOSTEIRO NO SÉCULO XXI
Atualmente, após as intervenções arqueológicas, os trabalhos de
limpeza e escavação começaram no ano de 1995 e terminaram
em 1999, ficando a intervenção arqueológica a cargo de António
Nunes Pinto, sob a responsabilidade do Instituto de Arqueologia
da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra;
As escavações arqueológicas (a partir do ano de 1995) em Santa
Clara-a-Velha desvendaram as ruínas do Mosteiro que
compreendem, além da Igreja, um Claustro com dimensões
monumentais e um conjunto monástico que organiza-se e
articula-se em redor do Claustro, o espaço onde as monjas
circulavam, oravam e meditavam. No pátio, é ainda possível
encontrar um tanque ligado a quatro fontes e diversas floreiras
procurava evocar os quatro rios e os jardins do Paraíso.
Planta do Mosteiro de Santa Clara-a-Velha
http://histgeo6.blogspot.com/2014/09/mosteiro-de-santa-clara-velha-e-o.html
27. MOSTEIRO NO SÉCULO XXI
Claustro do Mosteiro de Santa Clara-a-Velha atualmente e como seria no século XVII https://cnnportugal.iol.pt/tecnologia/3d/viagem-3-
d-a-mosteiro-de-santa-clara-a-velha ; http://histgeo6.blogspot.com/2014/09/mosteiro-de-santa-clara-velha-e-o.html;
28. MOSTEIRO NO SÉCULO XXI - VIDEO
https://www.youtube.com/watch?v=ZDgCpXIIHLg&ab_channel=CCG%3ACentrodeComputa%C3%A7%C3%A3oGr%C3%A1fica
30. Como já foi previamente mencionado, a vida das Clarissas tinha-se tornado de tal maneira insuportável
pelas inundações que o rei D. João IV decidiu patrocinar a construção de um novo convento, erguido em
terreno elevado e a salvo de inundações. Em 1696, o novo mosteiro ficou concluído e recebeu então as
clarissas, fiéis depositárias dos restos mortais da Rainha Santa Isabel, que ali está sepultada.
O edifício é em estilo sóbrio e utilitário. Na igreja, dedicada à Rainha Santa Isabel, foi preparado um
retábulo barroco para albergar a urna de prata e cristal, do séc. XVII, para veneração da padroeira da
cidade de Coimbra.
MOSTEIRO DE SANTA CLARA-A-NOVA
31. MOSTEIRO DE SANTA CLARA-A-NOVA
Tumulo da Rainha no mosteiro de Santa Clara-a-Nova;
https://www.centerofportugal.com/poi/convent-of-santa-clara-a-nova
34. CONCLUSÃO
Para concluir, a ideia principal deste trabalho seria a de apresentação do
Convento do Louriçal, no concelho de Pombal, contudo após pesquisas
para a realização desta apresentação, devido à dificuldade em encontrar
informações, foi mudado o tema do trabalho para o Mosteiro de Santa
Clara-A-Velha, que cresci a visitar na cidade de Coimbra.
A sua história sempre me interessou para além das ruínas que se
encontram visíveis nas margens do rio Mondego, e após as constantes
inundações que ameaçam a história do património arquitetónico da
cidade de Coimbra, achei necessária a intervenção para contar a história
de um dos monumentos mais interessantes, na minha opinião, presentes
na cidade de Coimbra e ligados a uma das lendas mais conhecidas de
Portugal, o Milagre das rosas, associado a uma figura histórica de
interesse como a Rainha Santa Isabel.
Apesar de, atualmente, se encontrar num estado de conservação pobre
após as imensas inundações, o Mosteiro continua através de escavações
arqueológicas e protocolos de proteção patrimonial, a ser uma parte da
imensa história da cidade de Coimbra.
36. BIBLIOGRAFIA E WEB GRAFIA
RIBEIRO, Ana Sofia Martins, “A dieta de uma comunidade religiosa feminina: Estudo dos
isótopos estáveis de carbono e ozoto numa amostra do Mosteiro de Santa Clara-A-Velha de
Coimbra”, Universidade de Coimbra, Setembro 2019;
TOIPA, Helena Costa, “Três Momentos na existência do Mosteiro de Santa Clara-A-Velha”,
Centro de Estudos Clássicos e Humanístico, Humanitas 61 (2009) 225-239;
OLIVEIRA, Sílvia Margarida Cascão de, “O passado histórico e o presente turístico do
Mosteiro de Santa Clara-A-Velha”, Universidade de Coimbra, Faculdade de Letras, 2015;
MACEDO, Francisco Pato de, “Santa Clara-A-Velha de Coimbra, Singular Mosteiro
Mendicante”, Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, 2006;
37. BIBLIOGRAFIA E WEB GRAFIA
https://www.travel-in-portugal.com/attractions/convento-de-santa-clara-velha.htm,
Consultado em 15 de Dezembro 2022;
https://osmeustrilhos.pt/mosteiro-de-santa-clara-a-velha-em-coimbra/, Consultado a 15 de
Dezembro 2022;
https://cnnportugal.iol.pt/tecnologia/3d/viagem-3-d-a-mosteiro-de-santa-clara-a-velha,
Consultado a 16 de Dezembro 2022;
https://www.centerofportugal.com/poi/convent-of-santa-clara-a-nova, Consultado a 15 de
Dezembro 2022;
https://portugalpatrimonios.com/2018/07/11/santa-clara-a-velha-2/, Consultado a 15 de
Dezembro 2022;