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Quem já teve a oportunidade de folhear alguma edição protestante da Bíblia certamente percebeu uma
diferença na quantidade de livros entre ela e a Bíblia católica. O Novo Testamento contém 27 livros nas
duas, mas o número do Antigo Testamento é destoante.
Por que faltam esses trechos sagrados na Bíblia dos protestantes?
Quem já teve a oportunidade de folhear alguma edição protestante da Bíblia certamente percebeu que existe
uma diferença na quantidade de livros desta e da católica. De fato, o Novo Testamento contém 27 livros
tanto na Bíblia católica quanto na protestante: ele se inicia no Evangelho de Mateus e termina no
Apocalipse. O número de livros do Antigo Testamento, porém, é destoante.
O cânon (lista) católico contém 46 livros e o protestante, 39. Neste, estão ausentes os livros de Tobias,
Judite, Sabedoria, Baruc, Eclesiástico (Sirácida ou Sirac), I Macabeus e II Macabeus. Além disso, faltam
alguns fragmentos dos livros de Ester e de Daniel.
Por que faltam estes trechos sagrados na Bíblia dos protestantes? A Igreja Católica, além das Sagradas
Escrituras e da Tradição, está embasada também no Magistério. Este garante que o Evangelho transmitido e
a fé professada são os mesmos ensinados por Cristo ao longo do tempo. Inicialmente, ele foi formado por
pessoas escolhidas pelo próprio Jesus, os Apóstolos, cujos sucessores são, hoje, os responsáveis por
confirmarem os irmãos e garantirem a guarda do depósito da fé.
No século XVI, os protestantes afastaram-se do Magistério, renegando-o. Sob a alegação de que a Igreja
Católica havia se corrompido, empreenderam um grande esforço arqueológico para recuperar a chamada
Igreja "primitiva". Nesse movimento, descobriram que o povo judeu possuía uma lista diferente de livros
sagrados, com 39 livros - ou seja, 7 livros a menos que o cânon católico. Daí para concluírem que a Igreja
Católica acrescentou os outros livros foi questão de tempo.
Os sete livros adicionais recebem o nome de deuterocanônicos. A palavra "deuteros" vem do grego
δευτεροσ e significa "segundo". Eles são assim chamados pois, apesar de já constarem no cânon no Concílio
de Cartago, no século IV, só foram oficializados pelo Concílio de Trento, no século XVI. Em verdade, eles
já se encontravam na versão grega da Bíblia, chamada Septuaginta, só não faziam parte do texto hebraico. A
partir disto, no século XIX, os protestantes decidiram abolir definitivamente os sete livros de seu cânon.
O Antigo Testamento foi compilado inicialmente em hebraico. O livro era formado por três partes: 1. a Torá
que continha os cinco primeiros livros, também chamados de pentateuco; 2. O Neviim que continha os
Profetas; 3. O Kethuvim que continha os Escritos. A diferença entre a Tanakh (Bíblia hebraica) e o Antigo
Testamento adotado pela Igreja Católica estava no livro que continha os "Escritos".
Interessante frisar que foi muito lento o processo de canonização desses livros. Primeiramente foram
canonizados os livros da Torá, posteriormente os dos Profetas e, somente muito tempo depois, os dos
Escritos. Na época de Jesus o cânon da Bíblia judaica ainda não estava fechado. Portanto, os judeus,
contemporâneos de Jesus, ainda debatiam sobre quais eram os livros sagrados. Por exemplo, os saduceus só
criam nos livros da Torá, já os fariseus aceitavam os Profetas e os Escritos, mas não totalmente, pois
achavam que a inspiração dos Escritos ainda não estava concluída.
Jesus deu uma ordem aos Apóstolos: "ide pelo mundo e evangelizai". Ora, o mundo daquela época falava o
grego, que era o equivalente ao inglês de hoje. Assim, os Apóstolos começaram a pregar o Evangelho em
grego. Mas como se dava isto, se a Bíblia estava em hebraico? Os Apóstolos passaram a utilizar uma
tradução da Bíblia do hebraico para o grego denominada Septuaginta, que havia sido elaborada em
Alexandria antes de Cristo.
Ocorre que na Tradução dos Setenta, como também é conhecida, estão contidos aqueles sete livros. Ora,
qualquer biblista sério é capaz de perceber que em diversas citações do Antigo Testamento encontradas no
Novo, a tradução utilizada é a da Septuaginta. Este era o livro utilizado pelos Apóstolos e foi este, portanto,
que a Igreja Católica adotou.
É verdade que houve um conflito entre os cristãos e os judeus, pois estes perceberam que os Apóstolos
estavam pregando o Evangelho de forma diferente e, por isso, expulsaram-nos das sinagogas. Esse fato
também motivou os judeus a fecharem o cânon dos livros sagrados: eles decidiram pela exclusão definitiva
daqueles sete livros que constavam na Septuaginta.
Isto, porém, só aconteceu no final do século I, ou seja, um século após a vinda de Jesus. Desta forma, os
protestantes, ao aceitarem o cânon da bíblia judaica, estão desprezando a autoridade dada pelo próprio Jesus
aos apóstolos e aceitando a definição dos rabinos judeus mesmo depois de Cristo.
Muito se poderia argumentar ainda nesse sentido, contudo, para os católicos basta saber que quem define o
cânon das Escrituras é a Igreja. É importante lembrar também que foi esta mesma Igreja quem definiu os
outros 27 livros do Novo Testamento, sobre os quais não há discussão. Portanto, uma pergunta que não
pode deixar de ser feita é: por que os protestantes aceitam a autoridade da Igreja Católica que definiu os
27 livros do Novo Testamento e não aceitam a autoridade dessa mesma Igreja quanto aos 46 livros do
Antigo Testamento?
Até o terceiro século o cânon do Novo Testamento não estava ainda definido. Isso é histórico. Havia muitas
listas, muitas discussões acerca de quais livros deveriam ou não integrar as Sagradas Escrituras. Não há
argumento que justifique a postura arbitrária dos protestantes de aderir aos judeus em detrimento da fé da
Igreja.
O primeiro documento da Igreja que faz referência a esse cânon atual (46 livros no Antigo e 27 livros no
Novo Testamento) foi o Concílio de Hipona, na época de Santo Agostinho. Infelizmente, não restaram
consignados os atos desse concílio. Contudo, quase contemporâneo a Santo Agostinho, tem-se o Decretum
Damasi, publicado no ano 382, que diz:
"Agora tratemos das Escrituras divinas, o que a Igreja católica universal deve acolher e que deve evitar.
Começa a ordem do Antigo Testamento. Gênese, 1 livro; Êxodo, 1 livro; Levítico, 1 livro; Números, 1 livro;
Deuteronômio, 1 livro;, Josué, 1 livro; Juízes, 1 livro; Rut, 1 livro; Reis, 4 livros, <= Samuel, 2; Reis 2>
Paralipômeno<= Crônicas> 2 livros; 150 Salmos [Saltério], 1 livro; Salamão [Salomão], 3 livros;
Provérbios, 1 livro; Eclesiastes, 1 livro; Cântico dos Cânticos, 1 livro; Sabedoria, 1 livro; Eclesiástico, 1
livro.
Igualmente, a ordem dos Profetas: Isaías, 1 livro; Jeremias, 1 livro; com as Cinot, isto é suas lamentações;
Ezequiel, 1 livro; Daniel, 1 livro; Oséias, 1 livro; Jonas, 1 livro; Naum, 1 livro; Ambacum [Habacuc], 1
livro; Sofonias, 1 livro; Ageu, 1 livro; Zacarias, 1 livro; Malaciel [Malaquias], 1 livro.
Igualmente a ordem das histórias: Jó, 1 livro; Tobias, 1 livro; Esdras [Hesdras], 2 livros <= 1 de Esdras, 1 de
Neemias>; Ester, 1 livro; Judite, 1 livro; Macabeus, 2 livros.
Igualmente, a ordem da Escritura do Novo e eterno Testamento, que a Igreja santa e católica [romana]
reconhece e venera: dos Evangelhos [4 livros:] segundo Mateus, 1 livro; segundo Marcos, 1 livro; segundo
Lucas, 1 livro; segundo João, 1 livro.
[Igualmente, dos Atos dos Apóstolos, 1 livro]
Cartas de Paulo [apóstolo], em número de 14: aos Romanos, 1 [ep.], aos Coríntios, 2[ep.], aos Efésios, 1; aos
Tessalonicenses, 2; aos Gálatas, 1; aos Filipenses, 1; aos Colossenses, 1; a Timóteo, 2; a Tito, 1; a Filímon
[Filêmon], 1; aos Hebreus, 1.
Igualmente, as cartas canônicas [(cân. ep.], em número de 7: do apóstolo Pedro 3 cartas, do apóstolo Tiago 1
ep., do apóstolo João 1 ep., do outro João, o presbítero, 2 ep., do apóstolo Judas o Zelote, 1 ep. Termina o
cânon do Novo Testamento." (DH 179 e 180)
O Catecismo da Igreja Católica em seu número 120 e seguintes ensina sobre o cânon das Escrituras:
"Foi a Tradição apostólica que fez a Igreja discernir que escritos deveriam ser enumerados na lista dos
Livros Sagrados. Esta lista completa é denominada "Cânon" das Escrituras. Ela comporta 46 (45, se
contarmos Jr e Lm juntos) escritos para o Antigo Testamento e 27 para o Novo:
Gênesis, Êxodo, Levítico, Números, Deuteronômio, Josué, Juízes, Rute, os dois livros de Samuel, os dois
livros dos Reis, os dois livros das Crônicas, Esdras e Neemias, Tobias, Judite, Ester, os dois livros dos
Macabeus, Jó, os Salmos, os Provérbios, o Eclesiastes (ou Coélet), o Cântico dos Cânticos, a Sabedoria, o
Eclesiástico (ou Sirácida), Isaías, Jeremias, as Lamentações, Baruc, Ezequiel, Daniel, Oséias, Joel, Amós,
Abdias, Jonas, Miquéias, Naum, Habacuc, Sofonias, Ageu, Zacarias, Malaquias, para o Antigo Testamento;
os Evangelhos de Mateus, de Marcos, de Lucas e de João, os Atos dos Apóstolos, as Epístolas de S. Paulo
aos Romanos, a primeira e a segunda aos Coríntios, aos Gálatas, aos Efésios, aos Filipenses, aos
Colossenses, a primeira e a segunda aos Tessalonicenses, a primeira e a segunda a Timóteo, a Tito, a
Filêmon, a Epístola aos Hebreus, a Epístola de Tiago, a primeira e a segunda de Pedro, as três Epístolas de
João, a Epístola de Judas e o Apocalipse, para o Novo Testamento." (CIC 120)
Além disso, existem ainda mais dois documentos que citam o cânon das Escrituras. O primeiro é o Concílio
de Florença, em seu Decretum pro Iacobitis, de 04 de fevereiro de 1442, que diz:
"A Igreja confessa um só e o mesmo Deus como autor do Antigo e do Novo Testamento, isto é, da Lei e dos
Profetas e também do Evangelho, porque os Santos do um e do outro Testamento falaram sob inspiração do
mesmo Espírito Santo; e ela aceita e venera os livros deles, compreendidos sob os seguintes títulos:
Os cinco livros de Moisés, isto é, Gênesis, Êxodo, Levítico, Números, Deuteronômio; os livros de Josué, dos
Juízes, de Rute, os quatro dos Reis, os dois dos Paralipômenos, Esdras e Neemias, Tobias, Judite, Ester, Jó,
os Salmos e Davi, os Provérbios, o Eclesiastes, o Cântico dos Cânticos, a Sabedoria, o Eclesiástico, Isaías,
Jeremias, Baruc, Ezequiel, Daniel, os doze profetas menores, isto é, Oséias, Joel, Amós, Abdias, Jonas,
Miquéias, Naum, Habacuc, Sofonias, Ageu, Zacarias, Malaquias, os dois de Macabeus, os quatro
Evangelhos de Mateus, de Marcos, de Lucas e de João, as catorze cartas de Paulo: aos Romanos, duas aos
Coríntios, aos Gálatas, aos Efésios, aos Filipenses, aos Colossenses, as duas aos Tessalonicenses, duas a
Timóteo, a Tito, a Filêmon, a Epístola aos Hebreus, a Epístola de Tiago, as duas cartas de Pedro, as três
João, uma de Tiago, uma de Judas, os Atos dos Apóstolos e o Apocalipse de São João." (DH 1330)
O segundo é o famoso Concílio de Trento que, em 08 de abril de 1546, publicou o Decreto sobre os livros
sagrados e as tradições a serem acolhidas. Vejamos o que diz:
"O Sacrossanto, Ecumênico e Geral concílio de Trento, congregado legitimamente no Espírito Santo e
presidido pelos três legados da Sé Apostólica, propondo-se sempre por objetivo que exterminados os erros
se conserve na Igreja a mesma pureza do Evangelho, que prometido antes na Divina Escritura pelos
Profetas, promulgou primeiramente por suas próprias palavras, Jesus Cristo, Filho de Deus e Nosso Senhor,
e depois mandou que seus apóstolos a pregassem a toda criatura, como fonte de toda verdade que conduz à
nossa salvação, e também é uma regra de costumes, considerando que esta verdade e disciplina estão
contidas nos livros escritos e nas traduções não escritas, que recebidas na voz do mesmo Cristo pelos
apóstolos ou ainda ensinadas pelos apóstolos, inspirados pelo Espírito Santo, chegaram de mão em mão até
nós.
Seguindo o exemplo dos Padres católicos, recebe e venera com igual afeto de piedade e reverência, todos os
livros do Velho e do Novo Testamento, pois Deus é o único autor de ambos assim como as mencionadas
traduções pertencentes à fé e aos costumes, como as que foram ditadas verbalmente por Jesus Cristo ou pelo
Espírito Santo, e conservadas perpetuamente sem interrupção pela Igreja Católica.
Resolveu também unir a este decreto o índice dos Livros Canônicos, para que ninguém possa duvidar quais
são aqueles que são reconhecidos por este Sagrado Concílio. São então os seguintes:
Do antigo testamento: cinco de Moisés a saber: Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio. Ainda:
Josué, Juízes, Rute, os quatro dos Reis, dois do Paralipômenos, o primeiro de Esdras, e o segundo que
chamam de Neemias, o de Tobias, Judite, Ester, Jó, Salmos de Davi com 150 salmos, Provérbios,
Eclesiastes, Cântico dos Cânticos, Sabedoria, Eclesiástico, Isaías, Jeremias com Baruc, Ezequiel, Daniel, o
dos Doze Profetas menores que são: Oseias, Joel, Amós, Abdías, Jonas, Miquéias, Naum, Habacuc,
Sofonías, Ageu, Zacarias e Malaquias, e os dois dos Macabeus, que são o primeiro e o segundo.
Do Novo Testamento: os quatro Evangelhos: Mateus, Marcos, Lucas e João, os Atos dos Apóstolos escritos
por São Lucas Evangelista, catorze epístolas escritas por São Paulo Apóstolo: aos Romanos, duas aos
Coríntios, aos Gálatas, aos Efésios, aos Filipenses, aos Colossenses, duas aos Tessalonicenses, duas a
Timóteo, a Tito, a Filemon, aos Hebreus. Duas de São Pedro Apóstolo, três de São João Apóstolo, uma de
São Tiago Apóstolo, uma de São Judas Apóstolo, e o Apocalipse do Apóstolo São João.
Se alguém então não reconhecer como sagrados e canônicos estes livros inteiros, com todas as suas partes,
como é de costume desde antigamente na Igreja católica, e se acham na antiga versão latina chamada
Vulgata, e os depreciar de pleno conhecimento, e com deliberada vontade as mencionadas traduções, seja
excomungado.
Fiquem então todos conhecedores da ordem e método com o qual, depois de haver estabelecido a confissão
de fé, há de proceder o Sagrado concílio e de que testemunhos e auxílios servirão principalmente para
comprovar os dogmas e restabelecer os costumes da Igreja." (DH 1501-1505)
Ao contrário dos protestantes, os católicos não pertencem à religião de um livro, mas sim de uma Pessoa:
Nosso Senhor Jesus Cristo, que está vivo e presente em sua Igreja "una, santa, católica e apostólica". Ela
celebra em sucessão apostólica os mesmos sacramentos, crê na mesma fé, nas mesmas Escrituras e está sob
o mesmo governo eclesiástico com o Papa e os Bispos em comunhão com ele.
Como disse Santo Agostinho: "Ego vero Evangelio nos crederem, nisi me catholicae Ecclesiae commoveret
auctoritas" (eu não creria no Evangelho, se a isto não me levasse a autoridade da Igreja católica.)
Bíblia Católica e Bíblia Evangélica: Qual a
diferença?
Creio que muitas pessoas têm dúvidas relativas a possíveis diferenças entre a Bíblia Católica e a Bíblia
Evangélica. Seriam essas diferenças que levam evangélicos a discordar dos católicos e vice-versa?
Como ex-católico, conheço as duas versões da Bíblia e creio que as duas diferenças existentes entre elas são:
Número de livros e tradução.
Numero de livros.
A Bíblia evangélica tem 66 livros, enquanto que a Bíblia católica tem sete livros a mais. Estes livros são:
Tobias, Judite, I Macabeus, II Macabeus, Baruque, Sabedoria e Eclesiástico.
Estes livros foram considerados pelos judeus da palestina como não sendo inspirados pelo Espírito Santo e
por isto os evangélicos os rejeitam como parte da Bíblia. Colabora ainda o fato destes livros não terem sido
citados por nenhum autor do Novo Testamento.
Tradução
Primeiro, é preciso entender que a Bíblia foi originalmente escrita em hebraico e aramaico (antigo
testamento) e grego (novo testamento). Posteriormente o AT foi traduzido para o grego. As Bíblias escritas
em outros idiomas como inglês, espanhol, francês, alemão, português, etc, são versões do grego original.
Desta forma, cada tradutor usou expressões diferentes em seu próprio idioma para representar aquilo que
estava escrito em grego.
As diferentes versões da Bíblia, normalmente não alteram o sentido original, por isto, tanto a tradução
católica como a evangélica tem o mesmo princípio. Evidentemente que alguns termos podem ter sido
adaptados a uma comunidade em detrimento de outra.
Tradução da Bíblia para o português
A Bíblia evangélica usada no Brasil foi traduzida para o português por João Ferreira de Almeida, um
português católico que se converteu ao protestantismo em 1642 e logo em seguida iniciou o trabalho de
tradução. A versão de Almeida foi a primeira em língua portuguesa.
A Bíblia católica possui diversas traduções. Não sei precisar se há alguma versão preferida. Soube
recentemente que a versão “Nova Tradução em Linguagem de Hoje” (versão evangélica) da Sociedade
Bíblica do Brasil foi adotada por uma importante editora católica.
Conclusão
As diferenças entre a Bíblia católica e a Bíblia evangélica não torna uma verdadeira e outra falsa. Ela é
única em sua essência e tem o mesmo propósito que é apresentar a salvação em Jesus Cristo.
Católicos e evangélicos submetem à mesma palavra. O critério de salvação para um evangélico é o mesmo
para um católico. Se os evangélicos insistem que é necessário entregar a vida a Jesus e obedecer à palavra de
Deus, a Bíblia católica não desmente isto, pelo contrário, ela confirma isto.
Portanto, a diferença entre evangélicos e católicos não é pelo que está na Bíblia e sim pelo que não está.
Enquanto que os evangélicos têm sua fé fundamentada exclusivamente nas sagradas escrituras, os católicos
baseiam-se também na tradição e nos dogmas da igreja, como: a assunção de Maria, a infalibilidade do
papa, o purgatório, o culto aos mortos, culto aos santos, entre outros. Estes ensinamentos não são bíblicos e,
portanto são alguns dos pilares que distanciam evangélicos de católicos.
Fiquemos com a Bíblia, pois ela é a palavra de Deus, inspirada pelo Espírito Santo e fonte de toda a
informação que o homem precisa para conhecer a Deus.
Saiba qual a diferença entre a Bíblia Católica e a
Evangélica e conheça os livros apócrifos
A Bíblia usada pelos protestantes e evangélicos possui sete livros a menos que a Bíblia usada pela Igreja
Católica. A diferença ocorre porque durante a Reforma Protestante, Martinho Lutero e seus adeptos
resolveram excluir os livros Tobias, Judite, I Macabeus, II Macabeus, Baruque, Sabedoria de Salomão e
Eclesiástico (ou Sirácida), que não deve ser confundido com o livro de Eclesiastes.
Durante a Reforma Protestante foi decidido que esses livros seriam banidos da Bíblia usada pelas igrejas que
surgissem a partir dali pois eles haviam sido recusados pelos rabinos judeus como sendo sagrados, durante
um Sínodo (espécie de Concílio) e seriam inconsistentes com a declaração de fé protestante.
Há também capítulos de livros que constam da Bíblia protestante que foram removidos, como os capítulos
13 e 14 do livro de Daniel e os versículos 4 a 16 do capítulo 10 do livro de Ester, assim como os capítulos
11 a 16 do mesmo livro. Existem ainda livros que são considerados apócrifos, e que não constam nem na
Bíblia protestante, nem na católica.
Para conhecer os livros que foram removidos da Bíblia usada pelas igrejas evangélicas atualmente, basta
clicar nos nomes dos livros abaixo. O link será redirecionado a páginas com o arquivo em pdf hospedados
pelo portal Terra. Se desejar, poderá salvar o arquivo dos livros em seu computador, ou até, imprimir.
Por que a Bíblia católica é diferente da protestante?
Por Prof. Felipe Aquino 16 de março de 2017 Catequese
A bíblia protestante tem apenas 66 livros porque Lutero e, principalmente os seus
seguidores, rejeitaram os livros de Tobias, Judite, Sabedoria, Baruc, Eclesiástico (ou
Sirácida), 1 e 2 Macabeus, além de Ester 10,4-16; Daniel 3,24-20; 13-14. A razão disso
vem de longe.
No ano 100 da era cristã os rabinos judeus se reuniram no Sínodo de Jâmnia (ou Jabnes), no sul da Palestina,
a fim de definirem a Bíblia Judaica. Isto porque nesta época começava a surgir o Novo Testamento com os
Evangelhos e as cartas dos Apóstolos, que os Judeus não aceitaram. Nesse Sínodo os rabinos definiram
como critérios para aceitar que um livro fizesse parte da Bíblia, o seguinte:
(1) deveria ter sido escrito na Terra Santa;
(2) escrito somente em hebraico, nem aramaico e nem grego;
(3) escrito antes de Esdras (455-428 a.C.);
(4) sem contradição com a Torá ou lei de Moisés.
Esses critérios eram nacionalistas, mais do que religiosos, fruto do retorno do exílio da Babilônia. Por esses
critérios não foram aceitos na Bíblia judaica da Palestina os livros que hoje não constam na Bíblia
protestante, citados antes.
Acontece que em Alexandria no Egito, cerca de 200 anos antes de Cristo, já havia uma forte colônia de
judeus, vivendo em terra estrangeira e falando o grego. Os judeus de Alexandria, através de 70 sábios
judeus, traduziram os livros sagrados hebraicos para o grego, entre os anos 250 e 100 a.C, antes do Sínodo
de Jâmnia (100 d.C). Surgiu assim a versão grega chamada Alexandrina ou dos Setenta. E essa versão dos
Setenta, incluiu os livros que os judeus de Jâmnia, por critérios nacionalistas, rejeitaram.
Havia então no início do Cristianismo duas Bíblias judaicas: uma da Palestina (restrita) e a Alexandrina
(completa – Versão dos LXX). Os Apóstolos e Evangelistas optaram pela Bíblia completa dos Setenta
(Alexandrina), considerando canônicos os livros rejeitados
em Jâmnia. Ao escreverem o Novo Testamento usaram o Antigo Testamento, na forma da tradução grega de
Alexandria, mesmo quando esta era diferente do texto hebraico.
O texto grego “dos Setenta” tornou-se comum entre os cristãos; e portanto, o cânon completo, incluindo os
sete livros e os fragmentos de Ester e Daniel, passou para o uso dos cristãos.
Das 350 citações do Antigo Testamento que há no Novo, 300 são tiradas da Versão dos Setenta, o que
mostra o uso da Bíblia completa pelos apóstolos. Verificamos também que nos livros do Novo Testamento
há citações dos livros que os judeus nacionalistas da Palestina rejeitaram.
Por exemplo: Rom 1,12-32 se refere a Sb 13,1-9; Rom 13,1 a Sb 6,3; Mt 27,43 a Sb 2, 13.18; Tg 1,19 a Eclo
5,11; Mt 11,29s a Eclo 51,23-30; Hb 11,34 a 2 Mac 6,18; 7,42; Ap 8,2 a Tb 12,15.
Nos séculos II a IV houve dúvidas na Igreja sobre os sete livros por causa da
dificuldade do diálogo com os judeus. Finalmente a Igreja, ficou com a Bíblia completa
da Versão dos Setenta, incluindo os sete livros.
Por outro lado, é importante saber também que muitos outros livros que todos os cristãos têm como
canônicos, não são citados nem mesmo implicitamente no Novo Testamento. Por exemplo: Eclesiastes,
Ester, Cântico dos Cânticos, Esdras, Neemias, Abdias, Naum, Rute.
Outro fato importantíssimo é que nos mais antigos escritos dos santos Padres da Igreja (Patrística) os livros
rejeitados pelos protestantes (deutero-canônicos) são citados como Sagrada Escritura. Assim, São Clemente
de Roma, o quarto Papa da Igreja, no ano de 95 escreveu a Carta aos Coríntios, citando Judite, Sabedoria,
fragmentos de Daniel, Tobias e Eclesiástico; livros rejeitados pelos protestantes.
Ouça também: Existe diferença entre a Bíblia Católica e a Protestante?
Ora, será que o Papa S. Clemente se enganou, e com ele a Igreja? É claro que não. Da mesma forma, o
conhecido Pastor de Hermas, no ano 140, faz amplo uso de Eclesiástico, e do 2 Macabeus; Santo Hipólito
(?234), comenta o Livro de Daniel com os fragmentos deuterocanônicos rejeitados pelos protestantes, e cita
como Sagrada Escritura Sabedoria, Baruc, Tobias, 1 e 2 Macabeus.
Fica assim, muito claro, que a Sagrada Tradição da Igreja e o Sagrado Magistério sempre confirmaram os
livros deuterocanônicos como inspirados pelo Espírito Santo.
Vários Concílios confirmaram isto: os Concílios regionais de Hipona (ano 393); Cartago II (397), Cartago
IV (419), Trulos (692). Principalmente os Concílios ecumênicos de Florença (1442), Trento (1546) e
Vaticano I (1870) confirmaram a escolha.
No século XVI, Martinho Lutero (1483-1546) para contestar a Igreja, e para facilitar a defesa das suas teses,
adotou o cânon da Palestina e deixou de lado os sete livros conhecidos, com os fragmentos de Esdras e
Daniel.
Sabemos que é o Espírito Santo quem guia a Igreja e fez com que na hesitação dos séculos II a IV a Igreja
optasse pela Bíblia completa, a versão dos Setenta de Alexandria, o que vale até hoje para nós católicos.
Lutero, ao traduzir a Bíblia para o alemão, traduziu também os sete livros (deuterocanônicos) na sua edição
de 1534, e as sociedades bíblicas protestantes, até o século XIX incluíam os sete livros nas edições da
Bíblia.
Neste fato fundamental para a vida da Igreja (a Bíblia completa) vemos a importância da Tradição da Igreja,
que nos legou a Bíblia como a temos hoje. Disse o último Concílio:
“Pela Tradição torna-se conhecido à Igreja o Cânon completo dos livros sagrados e
as próprias Sagradas Escrituras são nelas cada vez mais profundamente
compreendidas e se fazem sem cessar, atuantes. Assim o Deus que outrora falou,
mantém um permanente diálogo com a Esposa de seu dileto Filho, e o Espírito Santo,
pelo qual a voz viva do Evangelho ressoa na Igreja e através da Igreja no mundo, leva
os fiéis à verdade toda e faz habitar neles copiosamente a Palavra de Cristo” (DV,8).
Por fim, é preciso compreender que a Bíblia não define, ela mesma, o seu catálogo;
isto é, não há um livro da Bíblia que diga qual é o Índice dela. Assim, este só pôde ter sido feito pela
Tradição Apostólica oral que de geração em geração chegou até nós.
Se negarmos o valor indispensável da Tradição, negaremos a autenticidade da própria Bíblia.
Prof. Felipe Aquino
A Igreja Primitiva era Católica ou Protestante?
Por Prof. Felipe Aquino 2 de fevereiro de 2017 História da Igreja
Santos Padres da Igreja Primitiva
É interessante notar como o Protestantismo alega ser o retorno às origens da fé, ao
Verdadeiro Cristianismo, enfim o verdadeiro confessor da fé legítima dos Primeiros
séculos. Aliás, diga-se de passagem, se existe uma constante entre as religiões não-
católicas é a chamada “teoria do resgate”. A imensa maioria delas (a quase totalidade)
afirma que o cristianismo primitivo foi puro e limpo de todo erro, mas que, com o tempo,
os homens acabaram por perverter a verdade cristã, amontoando sobre ela uma enormidade
de enganos.
O verdadeiro cristão, sob este prisma, seria aquele que, superando tais enganos, redescobre o “verdadeiro
cristianismo’, com toda a sua pureza e singeleza.
Para estas religiões, o responsável pelos erros que se acumularam no decorrer dos séculos é, quase sempre, o
catolicismo. Já a religião que “resgatou a verdade” varia de acordo com o gosto do freguês: luteranismo,
calvinismo, pentecostalismo, espiritismo, etc.
De uma certa forma, mesmo as religiões esotéricas, a Teologia da Libertação, a maçonaria e (pasmen!) o
próprio islamismo bebe desta “teoria do resgate”.
O motivo do universal acatamento desta “teoria” é o fato de que, para o homem, é muito difícil, diante dos
ensinamentos de Jesus Cristo, e da santidade fulgurante dos primeiros cristãos, negar, seja a validade daqueles
ensinamentos, seja a beleza desta santidade. Portanto, as pessoas precisam acreditar que, de uma certa forma,
se vinculam a Jesus Cristo e às primeiras comunidades cristãs, ainda que não diretamente.
Mas igualmente, é muito difícil para o orgulho humano aceitar que este genuíno cristianismo existe, intocado,
dentro do catolicismo. Aceitá-lo, para todos os grupos não católicos, seria aceitar que estão errados e que,
muitas vezes, combateram contra o verdadeiro cristianismo. Desta forma, a “teoria do resgate” é a maneira
mais fácil para que um não-católico possa considerar-se um “verdadeiro discípulo de Cristo” sem ter que
reconhecer os erros e heresias que professa.
O problema básico de todos estes grupos é que existem inúmeros escritos dos cristãos
primitivos e, por meio de tais escritos é que alguém, afinal de contas, pode saber em
que criam e em que não criam os cristãos primitivos. E estes escritos são uma
devastadora bomba a implodir todos os grupos que ousaram a se afastar da barca de
Pedro. Eles solenemente atestam que o cristianismo primitivo permanece intacto
dentro do catolicismo. Assim (ironia das ironias), os adeptos da “teoria do resgate”,
freqüentemente, para defender o que julgam ser a fé dos cristãos primitivos, são
obrigados a desconsiderar todo o legado destes primitivos cristãos.
O protestantismo é o mais solene exemplo de tudo o quanto acima dissemos.
Em nosso artigo “Como o protestantismo pode ser um retorno às origens da fé?”, já expusemos como o
protestantismo não confessa a fé que os primeiros cristãos confessaram, fé esta que receberam dos Santos
Apóstolos. Quem estuda com seriedade as origens da fé e a história da Igreja, insistimos, sabe que a tão referida
Igreja Primitiva, é na verdade a Igreja Católica dos primeiros séculos.
Neste presente artigo, gostaríamos de lançar a seguinte pergunta: teria sido o cristianismo primitivo
uma união de confissões protestantes ou uma única confissão católica?
Sabemos que o Protestantismo ensina que todos os crentes em Jesus formam a Igreja de Cristo. Desta forma,
não interessa se o crente é da Assembléia de Deus, se é Luterano e etc; são crentes em Jesus e fazem parte da
Igreja Invisível de Cristo, mesmo confessando doutrinas diferentes. Curiosamente (e este é um paradoxo
insuperável desta “eclesiologia” chã e rastaquera), apenas os católicos é que não fazem parte deste “corpo
invisível”, ainda que confessemos que Jesus Cristo é o Senhor do Universo.
O protestantismo, como percebe o leitor, é algo bastante curioso…
Aqui é importante que o leitor não confunda doutrina com disciplina. O fato de na Assembléia de Deus os
homens sentarem em lugar distinto das mulheres em suas assembleias, e o fato dos Luteranos não adotarem
esta prática, não é divergência de doutrina entre estas confissões, mas de disciplina. A divergência de doutrina
nota-se pelo fato dos primeiros não aceitarem o batismo infantil e os segundos aceitarem. Isto é para citar um
exemplo.
A doutrina é a Verdade Revelada, é o núcleo da fé, é o que nunca pode mudar. A disciplina é a forma como a
doutrina é vivida, e é o que pode mudar, desde que não fira a doutrina.
Uma análise completa de como seria o passado do Cristianismo se ele tivesse sido protestante exigiria a escrita
de um livro. Então, neste artigo vamos apenas verificar a questão das resoluções tomadas pela Igreja Primitiva
a fim de combater o erro, isto é, as heresias.
Ao longo da história, a Igreja se deparou com sérios problemas doutrinários. Muitos cristãos confessavam
algo que não estava de acordo com a fé recebida pelos apóstolos.
A primeira heresia que a Igreja teve que combater a fim de conservar a reta fé foi a heresia judaizante.
Os primeiros convertidos á fé Cristã eram Judeus, que criam que a observância da Lei era necessária para a
Salvação. Quando os gentios (pagãos) se convertiam a Cristo, eram constrangidos por estes cristãos-judeus a
observarem a Lei de Moisés. Os apóstolos se reúnem em Concílio para decidir o que deveria ser feito sobre
esta questão.
Em At 15, o NT dá testemunho que os apóstolos acordaram que a Lei não deveria ser mais observada. E
escreveram um decreto obrigando toda a Igreja a observar as disposições do Concílio.
Veja-se este Concílio de uma maneira mais pormenorizada. Haviam dois lados muito
bem definidos em disputa, cada qual contando com um líder de enorme expressão.
O primeiro destes lados era o já citado “partido dos judaizantes”, que tinha, como
sua cabeça, ninguém menos do que São Tiago, primo de Jesus Cristo e a quem foi
dado o privilégio de ser Bispo da Igreja Mãe de Jerusalém. Contrário a este partido,
havia o que advogava que, ao cristão, não se poderia impor a Lei de Moisés, visto
que o sacrifício de Jesus Cristo era suficiente e bastante para a salvação de quem crê.
Como cabeça deste grupo, estava São Paulo, o mais influente apóstolo de então, a
quem Deus havia dado o privilégio de “visitar o terceiro céu”, e de conhecer coisas
que, a nenhum outro ser humano, foi dado conhecer.
Dois grupos muito fortes, com líderes extremamente influentes. Realiza-se o Concílio num clima de muita
discussão. Estavam em jogo a ortodoxia e a salvação da alma de todos nós. No concílio, foram estabelecidas
duas coisas muito importantes, de naturezas diversas.
Em primeiro lugar, São Pedro afirmou que os cristãos não estavam obrigados à observância da lei, definindo
um ponto de doutrina imutável e observado por todos os cristãos até hoje (At 15, 7-8). Aliás, a liberdade cristã,
vitoriosa neste Concílio, é o ponto de partida de toda a teologia protestante. Não deixa de ser curioso o fato
de que este núcleo teológico acatado por todos eles foi definido, solenemente, pelo primeiro Papa, muito
embora eles afirmem que o Papa não tem poder para definir coisa alguma…
Pouco depois, São Tiago sugeriu, juntamente com a proibição de uniões ilegítimas, a adoção de normas
pastorais (a saber: a abstinência de carne imolada aos ídolos, e de tudo o que por eles estivesse
contaminado),o que foi aceito por todos e imposto aos cristãos. Tais normas, hoje não são seguidas. Por
que? Nós católicos temos o argumento de que tais normas eram disciplinares e não doutrinárias, e que a
Igreja Católica que foi a Igreja de ontem com o tempo as revogou; assim como uma mãe que aplica normas
disciplinares a um filho quando é criança e não as utiliza mais quando o filho se torna um adulto.
E qual o argumento dos protestantes por não observarem tais normas. Não deixa de ser curioso o fato de que
não existe uma revogação bíblica destas normas, e, portanto, os protestantes (adeptos da ?sola scriptura?)
deveriam observá-las. No entanto, não as observam. Revogaram-nas por conta própria. E, ainda por cima,
nos acusam de “doutrinas antibíblicas”…
Nada mais antibíblico, dentro do tenebroso mundo da “sola scriptura”, do que não seguir as normas de At
15, 19-21…
Bem, prossigamos. Este Concílio, portanto, foi exemplar por três motivos:
a) narra uma intervenção solene de São Pedro, acatada por todos e obedecida até pelos protestantes hodiernos,
ilustrando a infalibilidade papal;
b) narra a instituição de uma norma de fé por todo o concílio (qual seja: a abstenção de uniões ilegítimas),
igualmente seguida por todos até hoje, o que ilustra a infalibilidade conciliar;
c) narra a instituição de normas pastorais, que se impuseram aos cristãos e que deixaram, com o tempo de
serem seguidas, muito embora constem da Bíblia sem jamais terem sido, biblicamente, revogadas (o que, por
óbvio, não cabe dentro do “sola scriptura”).
Ao fim do Concílio, portanto, e de uma certa forma, os dois lados estavam profundamente desgostosos. Em
primeiro lugar, o grupo dos judaizantes teve que aceitar a tese de São Paulo como sendo ortodoxa. Afinal,
São Pedro em pessoa o afirmara e, diante das palavras dele, a opinião de São Tiago não tinha lá grande
importância. Como católicos que eram, curvaram-se, assim como o próprio São Tiago se curvou.
Imaginemos se fossem protestantes. Afirmariam que não há base escriturística para a afirmação de São
Pedro. Que, sem versículos bíblicos (do cânon de Jerusalém, ainda por cima!), não acatariam aquela solene
definição dogmática. Que São Pedro, sendo uma mera “pedrinha”, não tinha poder de ligar e de desligar
coisa nenhuma, muito embora Jesus houvesse dito que ele o tinha. Afirmariam, ainda, que todos os cristãos
são iguais, e que, portanto, São Tiago era tão confiável quanto São Pedro, pelo que a palavra deste não
poderia prevalecer sobre a daquele, principalmente quando todas as Escrituras diziam o contrário.
Por fim, criariam uma nova Igreja. A Igreja do Apóstolo Tiago, verdadeiramente cristã, alheia aos erros do
papado desde o princípio.
Imaginemos, agora, o lado dos discípulos de São Paulo. É verdade que sua tese saiu vitoriosa do Concílio,
mas, em compensação, tiveram que acatar as normas pastorais de cunho nitidamente judaizante. Como bons
católicos que eram, entenderam que a Igreja foi constituída pastora de nossas almas e que, portanto, tais
normas eram de cumprimento obrigatório.
Imaginemos, agora, se fossem protestantes. Afirmariam que São Paulo teve uma “experiência pessoal” com
Jesus e que, nesta experiência, o Senhor lhe dissera que ninguém deveria se preocupar com o que come ou
com o que bebe. Além disto, a experiência cristã é, eminentemente, espiritual e não pode sem conspurcada
ou auxiliada por coisas tão baixas como a matéria (muitos protestantes, na mais pura linha gnóstica, têm
horror a tudo o que é material). Portanto, este Concílio estava negando a verdade cristã, pelo que não se
sentiriam obrigados a coisa alguma nele definida.
Acabariam, finalmente, fundando uma nova Igreja. A “Igreja Em Cristo, Somos Mais do que Livres”, ou
“Igreja Deus é Liberdade.”
Este foi o primeiro concílio da Igreja. Realizado por volta do ano 59 d.C., e narrado na Bíblia. Portanto, é
“cristianismo primitivo” para protestante nenhum botar defeito!
Neste ponto, perguntamos: os protestantes realizam concílios para resolverem divergências doutrinárias?
Sabemos que não. Então, como os protestantes podem avocar um pretenso retorno ao “cristianismo primitivo”
se não resolvem suas pendências como os primitivos cristãos? Somente por aí já se percebe que a “teoria do
resgate” não passa de uma desculpa de quem, orgulhosamente, não quer aderir à Verdade.
Portanto, se a Igreja Primitiva tivesse sido protestante, como defendem alguns, este concílio não se realizaria.
Primeiro que não se incomodariam se alguns cristãos confessam algo diferente, pois para os protestantes, o
que importa é a fé em Cristo. A doutrina não importa, o que importa é a fé. Se você tem fé e foi batizado está
salvo. Não é assim no protestantismo?
Em segundo lugar, supondo a realização do concílio, como já se viu acima, nem os cristãos judaizantes nem
os discípulos de São Paulo não adotariam as disposições do Concílio em sua inteireza. E então não haveria de
forma alguma uma só fé na Igreja.
Verificamos que então que a fé primitiva não era protestante, era católica; por isto eles sabiam que deveriam
obedecer a Igreja pois criam que Cristo a fundou para os guiar na Verdade (cf. 1Tm 3,15), assim como nós
católicos cremos. Tanto é assim que, nos séculos que se seguiram, os “cristãos primitivos” continuaram
resolvendo suas pendências doutrinárias segundo o modelo de At 15. Concílios ecumênicos e regionais se
sucederam por toda a história da cristandade, sempre acatados e respeitados. Alguns deles (vá entender!) são
acatados e respeitados até pelos protestantes.
Depois da heresia judaizante, a ortodoxia (reta doutirna) cristã teve que combater as seguintes heresias:
gnosticismo, montanismo, sabelianismo, arianismo, pelagianismo, nestorianismo, monifisismo,
iconoclatismo, catarismo, etc. Para saber mais sobre estas heresias ler artigo “Grandes Heresias”. Este mesmo
artigo nos mostra como muitas destas heresias se revitalizaram nas seitas protestantes, que, assim, embora
aleguem um retorno ao “crsitianismo primitivo”, acabam por encampar doutrinas anematizadas por estes
mesmos cristãos primitivos.
Como costumamos dizer, a coerência não é o forte do protestantismo…
O fato é que graças á realização dos Concílios Ecumênicos ou Regionais, graças aos
decretos Papais, e à submissão dos primeiros cristãos aos ensinamentos do Magistério
da Igreja, é que foi possível que houvesse uma só fé na Igreja antes do século XVI
(antes da Reforma). Foi pelo fato da Igreja antiga ser Católica, que as palavras de São
Paulo (“uma só fé” cf. Ef 4,5) puderam se cumprir.
Se a Igreja Antiga fosse protestante, simplesmente, o combate às heresias não teria acontecido, e com toda
certeza nem saberíamos no que crer hoje. O mundo protestante só não e mais confuso porque recebeu da Igreja
Católica a base de sua teologia.
Como ensinou São Paulo: “A Igreja é a Coluna e o Fundamento da Verdade” (cf. 1Tm 3,15). Foi assim para
os primeiros cristãos e assim continua para nós católicos.
Assim como no passado, continuamos obedecendo aos apóstolos (hoje são os bispos da Igreja, legítimos
sucessores dos apóstolos) pois continuamos crendo que Jesus fundou sua Igreja nos ensinar a Verdade através
dela.
Se isto foi verdade no passado, necessariamente é verdade agora e continuará sendo sempre.
Estude as origens da fé, procure saber sobre os Escritos patrísticos e descubra a Verdade, assim como nós do
Veritatis Splendor, que somos ex-protestantes (em sua maioria) descobrimos.
Não rotulem, conheçam.
“Conhecereis a Verdade e a Verdade vos libertará”.
Por que as Bíblias católicas são diferentes das outras?
Se comparar uma Bíblia católica com outras Bíblias, perceberá muitas semelhanças.
Basicamente tudo que se encontra em outras Bíblias está nas Bíblias católicas. Mas, há
diferenças:
 As Bíblicas católicas contêm sete livros no Antigo Testamento que não se encontram em outras Bíblias
(chamadas por alguns de “Bíblias protestantes” ou “Bíblias de crentes”).
 Alguns livros (Ester e Daniel) nas Bíblias católicas contêm trechos que não se encontram em outras Bíblias.
 Os nomes de alguns livros são diferentes.
 Algumas divisões de capítulos e versículos são diferentes. Não precisamos nos preocupar com esses últimos
dois itens, mas, por que diferenças de conteúdo, até de livros inteiros?
Tanto católicos como protestantes têm apresentado argumentos fracos ou inválidos para responder a essa pergunta.
Alguns católicos afirmam que Martinho Lutero removeu esses livros e trechos da Bíblia sem base nenhuma. Seria
mais acurado dizer que ele não aceitou sete livros que nunca foram considerados iguais aos outros, e que tinha
motivos históricos para isso. Sugerem que Jesus e os apóstolos, ao citar a versão grega do Antigo Testamento,
automaticamente aprovaram esses livros extras. Tal afirmação vai além das evidências. Por outro lado, alguns não-
católicos fazem alegações exageradas, dando a impressão que esses livros apareceram do nada 1.500 anos depois
de Cristo, no concílio de Trento. Afirmam, às vezes, que Jesus e os apóstolos jamais citaram os livros questionáveis.
Seria melhor dizer que não há citação exata, nem que mencione o nome de um desses livros, mas não pode negar
que vários trechos do Novo Testamento têm paralelos nos livros chamados deuterocanônicos (pelos católicos) ou
apócrifos (pelos que adotaram a palavra usada por Martinho Lutero). Um dos exemplos mais nítidos é Tiago 1:19
(“Vocês já sabem, meus queridos irmãos: cada um seja pronto para ouvir, mas lento para falar, e lento para ficar c om
raiva”) comparado a Eclesiastico 5:11 (“Esteja pronto para ouvir e lento para dar a resposta”). [Citações da Bíblia
Sagrada, Edição Pastoral.]
De onde vieram os livros diferentes? Tradutores católicos Ivo Storniolo e Euclides Martins
Balancin explicam:
“Para entender isso é preciso conhecer um pouco a história do texto do Antigo Testamento. Ele, inicialmente, só
existia em hebraico. Quando os judeus se espalharam pelo mundo, sentiram necessidade de traduzi-lo para uma
língua mais universal naquela época: o grego. Acontece que no Antigo Testamento traduzido foram colocados alguns
livros que não estavam na Bíblia hebraica e que eram mais recentes.... Os protestantes consideram como Palavra de
Deus só os livros do Antigo Testamento que fazem parte da Bíblia hebraica, enquanto que a Igreja católica considera
também alguns que foram acrescentados na tradução grega feita pelos judeus. Essa é a diferença entre a Bíblia
católica e a protestante. O Novo Testamento é igualzinho. Portanto, se você tem uma Bíblia protestante não precisa
rasgá-la ou queimá-la. Basta você estar ciente que faltam esses livros, que você poderá ler numa Bíblia católica.”
Como devemos enxergar estas diferenças? Uma análise dos argumentos e evidências
oferecidas pelos dois lados revela vários fatos importantes:
 A diferença não é apenas uma briga do Século XVI (entre Martinho Lutero e o Concílio de Trento), mas
certamente chegou a seu auge na época da Reforma Protestante. Quando Lutero adotou apenas os livros do
Antigo Testamento que aparecem nas Escrituras hebraicas e chamou os outros de “apócrifos” (livros não
inspirados por Deus), a Igreja Católica reagiu com uma declaração do Concílio de Trento (em 1546),
oficialmente incluíndo na Bíblia esses livros que chamaram de “deuterocanônico” (que vem depois do
cânone, ou seja, depois do “conjunto dos livros considerados de inspiração divina” - Houaiss). Devemos
observar que Lutero traduziu os livros que considerava apócrifos, mas separados dos livros que julgava
inspirados.
 O fato de um livro não ser citado por nome no Novo Testamento não prova, por si só, que o mesmo
não seja canônico. Como os católicos freqüentemente observam, vários livros do Antigo Testamento,
aceitos geralmente em todas as Bíblias, não são mencionados por nome no Novo Testamento.
 A diferença não é meramente um desacordo entre católicos e protestantes. Os judeus morando na
Palestina 2.000 anos atrás aceitaram, geralmente, 39 livros que foram escritos em hebraico (embora
dividissem em 22 ou 24 livros). Para eles, as Escrituras terminaram com as histórias relatadas em Esdras e
Neemias, aproximadamente 400 anos antes da vinda de Jesus. Uma tradução do Antigo Testamento foi feito
no Egito no período entre os Testamentos. É conhecida como a Septuaginta ou pela abreviatura LXX; a
mesma tradução é chamada de versão Alexandrina ou “cânon comprido” (porque inclui mais livros do que o
Velho Testamento geralmente aceito na Palestina).
 Os católicos tendem a basear a sua fé na autoridade da Igreja Católica, a suposta fonte da Bíblia .
Felipe de Aquino diz: “Se não fosse a Igreja Católica, não existiria a Bíblia como a temos hoje, com os 73
livros canônicos, isto é, inspirados pelo Espírito Santo. Foi num longo processo de discernimento que a
Igreja, desde o tempo dos Apóstolos, foi ‘berçando’ a Bíblia, e descobrindo os livros inspirados. Se você
acredita no dogma da infalibilidade de Igreja, então pode acreditar na Bíblia como a Palavra de Deus.”
 Os autores inspirados do Novo Testamento, porém, afirmaram que as Escrituras foram entregues à
igreja, e não que foram produzidas pela igreja. A fé (a revelação de Deus) foi “...uma vez por todas
entregue aos santos” (Judas 3). Pedro concorda: “Visto como, pelo seu divino poder, nos têm sido
doadas todas as coisas que conduzem à vida e à piedade, pelo conhecimento completo daquele que
nos chamou para a sua própria glória e virtude, pelas quais nos têm sido doadas as suas preciosas e
mui grandes promessas...” (2 Pedro 1:3-4). A igreja de Deus não é a fonte da Bíblia, e sim o resultado dela.
 Embora houvesse discussões durante os séculos posteriores sobre a autenticidade de alguns livros,
as Escrituras já existiam e eram reconhecidas no primeiro século. Paulo disse: “Toda a Escritura é
inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na
justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra” (2
Timóteo 3:16-17). Pedro incluiu as cartas de Paulo entre as Escrituras: “...e tende por salvação a
longanimidade de nosso Senhor, como igualmente o nosso amado irmão Paulo vos escreveu,
segundo a sabedoria que lhe foi dada, ao falar acerca destes assuntos, como, de fato, costuma fazer
em todas as suas epístolas, nas quais há certas coisas difíceis de entender, que os ignorantes e
instáveis deturpam, como também deturpam as demais Escrituras, para a própria destruição deles” (2
Pedro 3:15-16).
 Os livros acrescentados na LXX e, posteriormente, nas Bíblias católicas, não são da mesma
qualidade dos livros aceitos geralmente no Velho Testamento. Considere estas ilustrações:
(a) A Edição Pastoral da Bíblia católica, publicada em 1990 pela Editora Paulus, trata alguns desses livros
como novelas, descrevendo-os como ficção (528).
(b) Livros como os dos Macabeus são muito interessantes, e fornecem informações valiosas em termos da
História entre o Velho e o Novo Testamentos, mas claramente não alegam ser livros inspirados por Deus. 2
Macabeus 2:19-32 contém a explicação do autor, dizendo que tentava resumir informações de vários outros
livros. Ele não alega ser inspirado por Deus.
 Citações no Novo Testamento da versão grega (LXX) não são afirmações da autenticidade de todos
os livros incluídos nela. É verdade que alguns cristãos do primeiro século usaram a versão grega. Este fato
até serve para defender nosso uso de traduções na nossa própria língua. Alguns versículos no Novo
Testamento são realmente parecidos com trechos dos livros deuterocanônicos. Mas uma citação não é um
ato de aprovação de tudo que se inclui na mesma versão. Paulo citou poetas da Grécia (Atos 17:28) e um
“profeta” de Creta (Tito 1:12), mas não afirmou a inspiração das obras deles. Judas repetiu uma frase falada
por Enoque (Judas 14) e relatada num livro judaico com o nome do mesmo, mas não pediu a inclusão do
livro inteiro no catálogo das Escrituras. Não devemos ficar surpresos ao encontrar possíveis citações dos
livros deuterocanônicos no Novo Testamento. Ainda não é prova de sua inspiração.
 Citações depois do Novo Testamento, também, não servem como provas da inspiração desses livros.
Defensores dos deuterocanônicos, freqüentemente, referem-se a citações feitas nos primeiros dois ou três
séculos da época cristã como provas da aceitação e inspiração destes livros. Se citações no Novo
Testamento já não são provas de inspiração (como explicado acima), certamente não podemos nos basear
em algumas citações de homens que escreveram no período pós-apostólico.
 A própria Igreja Católica sempre considerava esses livros diferentes, e demorou para oficialmente
incluí-los no seu catálogo de livros bíblicos. Alguns defensores de tradição católica fazem afirmações
ousadas sobre a aceitação geral desses livros pelos cristãos primitivos. Para ser justos, devemos reconhecer
que nem todos aceitaram esses livros. Houve acirrados debates sobre a validade dos deuterocanônicos já no
segundo e terceiro séculos. No final do século IV, Agostinho defendeu esses livros e Jerônimo discordou.
Mesmo não os considerando livros inspirados, este foi obrigado a incluir os deuterocanônicos na Vulgata, a
sua tradução em latim. A boa parte desses livros duvidosos foi copiada de uma anterior versão (Ítala Antiga).
A distinção entre os livros canônicos e esses outros, apresentados pelo valor para leitura, foi mantida até os
meados do século XVI.
Por que tanta controvérsia? Por que a Igreja Católica oficialmente elevou esses livros ao nível de Escrituras mais de
1500 anos depois da morte de Jesus? Como devemos enxergar esses livros hoje? O nosso propósito é de entender
a verdade revelada por Deus e aplicá-la em nossas vidas. Para isso, devemos abordar questões como essas com
equilíbrio e justiça.
Todos admitem que a controvérsia, pelo menos da época da Reforma Protestante até hoje, envolve questões
doutrinárias, especialmente a doutrina católica de purgatório. Os católicos citam 2 Macabeus12 para defender a idéia
de purgatório. Neste capítulo, Judas mandou enterrar os corpos de soldados judeus que morreram numa batalha.
Foram descobertos nos corpos objetos dedicados a ídolos, assim deixando claro que esses homens morreram no
seu pecado de idolatria. Judas e seus homens fizeram uma coleta para oferecer um sacrifício pelo pecado dos
mortos, e rezaram (oraram) que estes “fossem libertados do pecado”.
Agora que chegamos ao ponto crítico do debate, vamos observar alguns fatos:
 O livro de 2 Macabeus não alega ser inspirado, e não apresenta nenhuma revelação de Deus autorizando tal
sacrifício e oração.
 Mesmo se esse ato de Judas tivesse a autorização de Deus, ainda não seria motivo para praticar tal coisa
hoje em dia. Judas era judeu e viveu na época da Lei de Moisés. Nós vivemos sob o Novo Testamento. É o
sacrifício de Jesus, não o de animais, que nos traz perdão hoje (Hebreus 10:10-12). É o arrependimento por
parte do próprio pecador que Deus exige hoje (Atos 17:30). Depois da morte, vem o juízo (Hebreus 9:27). O
Novo Testamento não fala de purgatório, nem de orações pelos pecados dos mortos, nem de pagar pelos
próprios pecados para entrar no céu. A nossa salvação depende do sacrifício e da graça de Jesus.
 O caso de 2 Macabeus 12 apresenta um problema grave para os católicos. Ironicamente, esse exemplo de
sacrifício e orações pelos pecados dos mortos não se encaixa bem na doutrina católica. A idolatria sempre é
apresentada nas Escrituras como um dos mais graves de pecados, chamada de abominação diante de Deus.
Se os soldados de 2 Macabeus 12 morreram sem confessar um pecado mortal, o que adianta fazer sacrifício
e “rezar” pelos pecados deles? Será que um dos livros oficialmente aceitos pelo Concílio de Trento contradiz
a doutrina do mesmo concílio, que exige a confissão dos pecados graves a um sacerdote?
 Se livros como 2 Macabeus fizessem parte do Antigo Testamento, apresentariam problema também em
relação à Lei dada através de Moisés, que exigia sacrifícios feitos pelo próprio pecador. De fato, um dos
critérios usados pelos judeus da época para julgar esses livros foi a própria Lei. Rejeitavam livros que
contradiziam a Lei já revelada.
Hoje, o que devemos pensar sobre as Bíblias católicas? Quando estudo a Bíblia com pessoas católicas, eu sugiro
que a pessoa acompanhe o estudo usando sua própria Bíblia, pois os ensinamentos essenciais do Novo Testamento
são os mesmos. Podemos até apreciar o valor histórico de alguns dos livros deuterocanônicos, mas não temos
motivo para elevá-los à posição de Escrituras. É nesse sentido que podem ser corretamente descritos como livros
apócrifos.

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Por que faltam 7 livros na Bíblia protestante

  • 1. Quem já teve a oportunidade de folhear alguma edição protestante da Bíblia certamente percebeu uma diferença na quantidade de livros entre ela e a Bíblia católica. O Novo Testamento contém 27 livros nas duas, mas o número do Antigo Testamento é destoante. Por que faltam esses trechos sagrados na Bíblia dos protestantes? Quem já teve a oportunidade de folhear alguma edição protestante da Bíblia certamente percebeu que existe uma diferença na quantidade de livros desta e da católica. De fato, o Novo Testamento contém 27 livros tanto na Bíblia católica quanto na protestante: ele se inicia no Evangelho de Mateus e termina no Apocalipse. O número de livros do Antigo Testamento, porém, é destoante. O cânon (lista) católico contém 46 livros e o protestante, 39. Neste, estão ausentes os livros de Tobias, Judite, Sabedoria, Baruc, Eclesiástico (Sirácida ou Sirac), I Macabeus e II Macabeus. Além disso, faltam alguns fragmentos dos livros de Ester e de Daniel. Por que faltam estes trechos sagrados na Bíblia dos protestantes? A Igreja Católica, além das Sagradas Escrituras e da Tradição, está embasada também no Magistério. Este garante que o Evangelho transmitido e a fé professada são os mesmos ensinados por Cristo ao longo do tempo. Inicialmente, ele foi formado por pessoas escolhidas pelo próprio Jesus, os Apóstolos, cujos sucessores são, hoje, os responsáveis por confirmarem os irmãos e garantirem a guarda do depósito da fé. No século XVI, os protestantes afastaram-se do Magistério, renegando-o. Sob a alegação de que a Igreja Católica havia se corrompido, empreenderam um grande esforço arqueológico para recuperar a chamada Igreja "primitiva". Nesse movimento, descobriram que o povo judeu possuía uma lista diferente de livros sagrados, com 39 livros - ou seja, 7 livros a menos que o cânon católico. Daí para concluírem que a Igreja Católica acrescentou os outros livros foi questão de tempo. Os sete livros adicionais recebem o nome de deuterocanônicos. A palavra "deuteros" vem do grego δευτεροσ e significa "segundo". Eles são assim chamados pois, apesar de já constarem no cânon no Concílio de Cartago, no século IV, só foram oficializados pelo Concílio de Trento, no século XVI. Em verdade, eles já se encontravam na versão grega da Bíblia, chamada Septuaginta, só não faziam parte do texto hebraico. A partir disto, no século XIX, os protestantes decidiram abolir definitivamente os sete livros de seu cânon. O Antigo Testamento foi compilado inicialmente em hebraico. O livro era formado por três partes: 1. a Torá que continha os cinco primeiros livros, também chamados de pentateuco; 2. O Neviim que continha os Profetas; 3. O Kethuvim que continha os Escritos. A diferença entre a Tanakh (Bíblia hebraica) e o Antigo Testamento adotado pela Igreja Católica estava no livro que continha os "Escritos". Interessante frisar que foi muito lento o processo de canonização desses livros. Primeiramente foram canonizados os livros da Torá, posteriormente os dos Profetas e, somente muito tempo depois, os dos Escritos. Na época de Jesus o cânon da Bíblia judaica ainda não estava fechado. Portanto, os judeus, contemporâneos de Jesus, ainda debatiam sobre quais eram os livros sagrados. Por exemplo, os saduceus só criam nos livros da Torá, já os fariseus aceitavam os Profetas e os Escritos, mas não totalmente, pois achavam que a inspiração dos Escritos ainda não estava concluída. Jesus deu uma ordem aos Apóstolos: "ide pelo mundo e evangelizai". Ora, o mundo daquela época falava o grego, que era o equivalente ao inglês de hoje. Assim, os Apóstolos começaram a pregar o Evangelho em grego. Mas como se dava isto, se a Bíblia estava em hebraico? Os Apóstolos passaram a utilizar uma tradução da Bíblia do hebraico para o grego denominada Septuaginta, que havia sido elaborada em Alexandria antes de Cristo. Ocorre que na Tradução dos Setenta, como também é conhecida, estão contidos aqueles sete livros. Ora, qualquer biblista sério é capaz de perceber que em diversas citações do Antigo Testamento encontradas no
  • 2. Novo, a tradução utilizada é a da Septuaginta. Este era o livro utilizado pelos Apóstolos e foi este, portanto, que a Igreja Católica adotou. É verdade que houve um conflito entre os cristãos e os judeus, pois estes perceberam que os Apóstolos estavam pregando o Evangelho de forma diferente e, por isso, expulsaram-nos das sinagogas. Esse fato também motivou os judeus a fecharem o cânon dos livros sagrados: eles decidiram pela exclusão definitiva daqueles sete livros que constavam na Septuaginta. Isto, porém, só aconteceu no final do século I, ou seja, um século após a vinda de Jesus. Desta forma, os protestantes, ao aceitarem o cânon da bíblia judaica, estão desprezando a autoridade dada pelo próprio Jesus aos apóstolos e aceitando a definição dos rabinos judeus mesmo depois de Cristo. Muito se poderia argumentar ainda nesse sentido, contudo, para os católicos basta saber que quem define o cânon das Escrituras é a Igreja. É importante lembrar também que foi esta mesma Igreja quem definiu os outros 27 livros do Novo Testamento, sobre os quais não há discussão. Portanto, uma pergunta que não pode deixar de ser feita é: por que os protestantes aceitam a autoridade da Igreja Católica que definiu os 27 livros do Novo Testamento e não aceitam a autoridade dessa mesma Igreja quanto aos 46 livros do Antigo Testamento? Até o terceiro século o cânon do Novo Testamento não estava ainda definido. Isso é histórico. Havia muitas listas, muitas discussões acerca de quais livros deveriam ou não integrar as Sagradas Escrituras. Não há argumento que justifique a postura arbitrária dos protestantes de aderir aos judeus em detrimento da fé da Igreja. O primeiro documento da Igreja que faz referência a esse cânon atual (46 livros no Antigo e 27 livros no Novo Testamento) foi o Concílio de Hipona, na época de Santo Agostinho. Infelizmente, não restaram consignados os atos desse concílio. Contudo, quase contemporâneo a Santo Agostinho, tem-se o Decretum Damasi, publicado no ano 382, que diz: "Agora tratemos das Escrituras divinas, o que a Igreja católica universal deve acolher e que deve evitar. Começa a ordem do Antigo Testamento. Gênese, 1 livro; Êxodo, 1 livro; Levítico, 1 livro; Números, 1 livro; Deuteronômio, 1 livro;, Josué, 1 livro; Juízes, 1 livro; Rut, 1 livro; Reis, 4 livros, <= Samuel, 2; Reis 2> Paralipômeno<= Crônicas> 2 livros; 150 Salmos [Saltério], 1 livro; Salamão [Salomão], 3 livros; Provérbios, 1 livro; Eclesiastes, 1 livro; Cântico dos Cânticos, 1 livro; Sabedoria, 1 livro; Eclesiástico, 1 livro. Igualmente, a ordem dos Profetas: Isaías, 1 livro; Jeremias, 1 livro; com as Cinot, isto é suas lamentações; Ezequiel, 1 livro; Daniel, 1 livro; Oséias, 1 livro; Jonas, 1 livro; Naum, 1 livro; Ambacum [Habacuc], 1 livro; Sofonias, 1 livro; Ageu, 1 livro; Zacarias, 1 livro; Malaciel [Malaquias], 1 livro. Igualmente a ordem das histórias: Jó, 1 livro; Tobias, 1 livro; Esdras [Hesdras], 2 livros <= 1 de Esdras, 1 de Neemias>; Ester, 1 livro; Judite, 1 livro; Macabeus, 2 livros. Igualmente, a ordem da Escritura do Novo e eterno Testamento, que a Igreja santa e católica [romana] reconhece e venera: dos Evangelhos [4 livros:] segundo Mateus, 1 livro; segundo Marcos, 1 livro; segundo Lucas, 1 livro; segundo João, 1 livro. [Igualmente, dos Atos dos Apóstolos, 1 livro] Cartas de Paulo [apóstolo], em número de 14: aos Romanos, 1 [ep.], aos Coríntios, 2[ep.], aos Efésios, 1; aos Tessalonicenses, 2; aos Gálatas, 1; aos Filipenses, 1; aos Colossenses, 1; a Timóteo, 2; a Tito, 1; a Filímon [Filêmon], 1; aos Hebreus, 1. Igualmente, as cartas canônicas [(cân. ep.], em número de 7: do apóstolo Pedro 3 cartas, do apóstolo Tiago 1 ep., do apóstolo João 1 ep., do outro João, o presbítero, 2 ep., do apóstolo Judas o Zelote, 1 ep. Termina o cânon do Novo Testamento." (DH 179 e 180) O Catecismo da Igreja Católica em seu número 120 e seguintes ensina sobre o cânon das Escrituras: "Foi a Tradição apostólica que fez a Igreja discernir que escritos deveriam ser enumerados na lista dos Livros Sagrados. Esta lista completa é denominada "Cânon" das Escrituras. Ela comporta 46 (45, se
  • 3. contarmos Jr e Lm juntos) escritos para o Antigo Testamento e 27 para o Novo: Gênesis, Êxodo, Levítico, Números, Deuteronômio, Josué, Juízes, Rute, os dois livros de Samuel, os dois livros dos Reis, os dois livros das Crônicas, Esdras e Neemias, Tobias, Judite, Ester, os dois livros dos Macabeus, Jó, os Salmos, os Provérbios, o Eclesiastes (ou Coélet), o Cântico dos Cânticos, a Sabedoria, o Eclesiástico (ou Sirácida), Isaías, Jeremias, as Lamentações, Baruc, Ezequiel, Daniel, Oséias, Joel, Amós, Abdias, Jonas, Miquéias, Naum, Habacuc, Sofonias, Ageu, Zacarias, Malaquias, para o Antigo Testamento; os Evangelhos de Mateus, de Marcos, de Lucas e de João, os Atos dos Apóstolos, as Epístolas de S. Paulo aos Romanos, a primeira e a segunda aos Coríntios, aos Gálatas, aos Efésios, aos Filipenses, aos Colossenses, a primeira e a segunda aos Tessalonicenses, a primeira e a segunda a Timóteo, a Tito, a Filêmon, a Epístola aos Hebreus, a Epístola de Tiago, a primeira e a segunda de Pedro, as três Epístolas de João, a Epístola de Judas e o Apocalipse, para o Novo Testamento." (CIC 120) Além disso, existem ainda mais dois documentos que citam o cânon das Escrituras. O primeiro é o Concílio de Florença, em seu Decretum pro Iacobitis, de 04 de fevereiro de 1442, que diz: "A Igreja confessa um só e o mesmo Deus como autor do Antigo e do Novo Testamento, isto é, da Lei e dos Profetas e também do Evangelho, porque os Santos do um e do outro Testamento falaram sob inspiração do mesmo Espírito Santo; e ela aceita e venera os livros deles, compreendidos sob os seguintes títulos: Os cinco livros de Moisés, isto é, Gênesis, Êxodo, Levítico, Números, Deuteronômio; os livros de Josué, dos Juízes, de Rute, os quatro dos Reis, os dois dos Paralipômenos, Esdras e Neemias, Tobias, Judite, Ester, Jó, os Salmos e Davi, os Provérbios, o Eclesiastes, o Cântico dos Cânticos, a Sabedoria, o Eclesiástico, Isaías, Jeremias, Baruc, Ezequiel, Daniel, os doze profetas menores, isto é, Oséias, Joel, Amós, Abdias, Jonas, Miquéias, Naum, Habacuc, Sofonias, Ageu, Zacarias, Malaquias, os dois de Macabeus, os quatro Evangelhos de Mateus, de Marcos, de Lucas e de João, as catorze cartas de Paulo: aos Romanos, duas aos Coríntios, aos Gálatas, aos Efésios, aos Filipenses, aos Colossenses, as duas aos Tessalonicenses, duas a Timóteo, a Tito, a Filêmon, a Epístola aos Hebreus, a Epístola de Tiago, as duas cartas de Pedro, as três João, uma de Tiago, uma de Judas, os Atos dos Apóstolos e o Apocalipse de São João." (DH 1330) O segundo é o famoso Concílio de Trento que, em 08 de abril de 1546, publicou o Decreto sobre os livros sagrados e as tradições a serem acolhidas. Vejamos o que diz: "O Sacrossanto, Ecumênico e Geral concílio de Trento, congregado legitimamente no Espírito Santo e presidido pelos três legados da Sé Apostólica, propondo-se sempre por objetivo que exterminados os erros se conserve na Igreja a mesma pureza do Evangelho, que prometido antes na Divina Escritura pelos Profetas, promulgou primeiramente por suas próprias palavras, Jesus Cristo, Filho de Deus e Nosso Senhor, e depois mandou que seus apóstolos a pregassem a toda criatura, como fonte de toda verdade que conduz à nossa salvação, e também é uma regra de costumes, considerando que esta verdade e disciplina estão contidas nos livros escritos e nas traduções não escritas, que recebidas na voz do mesmo Cristo pelos apóstolos ou ainda ensinadas pelos apóstolos, inspirados pelo Espírito Santo, chegaram de mão em mão até nós. Seguindo o exemplo dos Padres católicos, recebe e venera com igual afeto de piedade e reverência, todos os livros do Velho e do Novo Testamento, pois Deus é o único autor de ambos assim como as mencionadas traduções pertencentes à fé e aos costumes, como as que foram ditadas verbalmente por Jesus Cristo ou pelo Espírito Santo, e conservadas perpetuamente sem interrupção pela Igreja Católica. Resolveu também unir a este decreto o índice dos Livros Canônicos, para que ninguém possa duvidar quais são aqueles que são reconhecidos por este Sagrado Concílio. São então os seguintes: Do antigo testamento: cinco de Moisés a saber: Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio. Ainda: Josué, Juízes, Rute, os quatro dos Reis, dois do Paralipômenos, o primeiro de Esdras, e o segundo que chamam de Neemias, o de Tobias, Judite, Ester, Jó, Salmos de Davi com 150 salmos, Provérbios, Eclesiastes, Cântico dos Cânticos, Sabedoria, Eclesiástico, Isaías, Jeremias com Baruc, Ezequiel, Daniel, o dos Doze Profetas menores que são: Oseias, Joel, Amós, Abdías, Jonas, Miquéias, Naum, Habacuc, Sofonías, Ageu, Zacarias e Malaquias, e os dois dos Macabeus, que são o primeiro e o segundo. Do Novo Testamento: os quatro Evangelhos: Mateus, Marcos, Lucas e João, os Atos dos Apóstolos escritos por São Lucas Evangelista, catorze epístolas escritas por São Paulo Apóstolo: aos Romanos, duas aos Coríntios, aos Gálatas, aos Efésios, aos Filipenses, aos Colossenses, duas aos Tessalonicenses, duas a
  • 4. Timóteo, a Tito, a Filemon, aos Hebreus. Duas de São Pedro Apóstolo, três de São João Apóstolo, uma de São Tiago Apóstolo, uma de São Judas Apóstolo, e o Apocalipse do Apóstolo São João. Se alguém então não reconhecer como sagrados e canônicos estes livros inteiros, com todas as suas partes, como é de costume desde antigamente na Igreja católica, e se acham na antiga versão latina chamada Vulgata, e os depreciar de pleno conhecimento, e com deliberada vontade as mencionadas traduções, seja excomungado. Fiquem então todos conhecedores da ordem e método com o qual, depois de haver estabelecido a confissão de fé, há de proceder o Sagrado concílio e de que testemunhos e auxílios servirão principalmente para comprovar os dogmas e restabelecer os costumes da Igreja." (DH 1501-1505) Ao contrário dos protestantes, os católicos não pertencem à religião de um livro, mas sim de uma Pessoa: Nosso Senhor Jesus Cristo, que está vivo e presente em sua Igreja "una, santa, católica e apostólica". Ela celebra em sucessão apostólica os mesmos sacramentos, crê na mesma fé, nas mesmas Escrituras e está sob o mesmo governo eclesiástico com o Papa e os Bispos em comunhão com ele. Como disse Santo Agostinho: "Ego vero Evangelio nos crederem, nisi me catholicae Ecclesiae commoveret auctoritas" (eu não creria no Evangelho, se a isto não me levasse a autoridade da Igreja católica.)
  • 5. Bíblia Católica e Bíblia Evangélica: Qual a diferença? Creio que muitas pessoas têm dúvidas relativas a possíveis diferenças entre a Bíblia Católica e a Bíblia Evangélica. Seriam essas diferenças que levam evangélicos a discordar dos católicos e vice-versa? Como ex-católico, conheço as duas versões da Bíblia e creio que as duas diferenças existentes entre elas são: Número de livros e tradução. Numero de livros. A Bíblia evangélica tem 66 livros, enquanto que a Bíblia católica tem sete livros a mais. Estes livros são: Tobias, Judite, I Macabeus, II Macabeus, Baruque, Sabedoria e Eclesiástico. Estes livros foram considerados pelos judeus da palestina como não sendo inspirados pelo Espírito Santo e por isto os evangélicos os rejeitam como parte da Bíblia. Colabora ainda o fato destes livros não terem sido citados por nenhum autor do Novo Testamento. Tradução Primeiro, é preciso entender que a Bíblia foi originalmente escrita em hebraico e aramaico (antigo testamento) e grego (novo testamento). Posteriormente o AT foi traduzido para o grego. As Bíblias escritas em outros idiomas como inglês, espanhol, francês, alemão, português, etc, são versões do grego original. Desta forma, cada tradutor usou expressões diferentes em seu próprio idioma para representar aquilo que estava escrito em grego. As diferentes versões da Bíblia, normalmente não alteram o sentido original, por isto, tanto a tradução católica como a evangélica tem o mesmo princípio. Evidentemente que alguns termos podem ter sido adaptados a uma comunidade em detrimento de outra. Tradução da Bíblia para o português A Bíblia evangélica usada no Brasil foi traduzida para o português por João Ferreira de Almeida, um português católico que se converteu ao protestantismo em 1642 e logo em seguida iniciou o trabalho de tradução. A versão de Almeida foi a primeira em língua portuguesa. A Bíblia católica possui diversas traduções. Não sei precisar se há alguma versão preferida. Soube recentemente que a versão “Nova Tradução em Linguagem de Hoje” (versão evangélica) da Sociedade Bíblica do Brasil foi adotada por uma importante editora católica. Conclusão As diferenças entre a Bíblia católica e a Bíblia evangélica não torna uma verdadeira e outra falsa. Ela é única em sua essência e tem o mesmo propósito que é apresentar a salvação em Jesus Cristo. Católicos e evangélicos submetem à mesma palavra. O critério de salvação para um evangélico é o mesmo para um católico. Se os evangélicos insistem que é necessário entregar a vida a Jesus e obedecer à palavra de Deus, a Bíblia católica não desmente isto, pelo contrário, ela confirma isto. Portanto, a diferença entre evangélicos e católicos não é pelo que está na Bíblia e sim pelo que não está. Enquanto que os evangélicos têm sua fé fundamentada exclusivamente nas sagradas escrituras, os católicos baseiam-se também na tradição e nos dogmas da igreja, como: a assunção de Maria, a infalibilidade do
  • 6. papa, o purgatório, o culto aos mortos, culto aos santos, entre outros. Estes ensinamentos não são bíblicos e, portanto são alguns dos pilares que distanciam evangélicos de católicos. Fiquemos com a Bíblia, pois ela é a palavra de Deus, inspirada pelo Espírito Santo e fonte de toda a informação que o homem precisa para conhecer a Deus.
  • 7. Saiba qual a diferença entre a Bíblia Católica e a Evangélica e conheça os livros apócrifos A Bíblia usada pelos protestantes e evangélicos possui sete livros a menos que a Bíblia usada pela Igreja Católica. A diferença ocorre porque durante a Reforma Protestante, Martinho Lutero e seus adeptos resolveram excluir os livros Tobias, Judite, I Macabeus, II Macabeus, Baruque, Sabedoria de Salomão e Eclesiástico (ou Sirácida), que não deve ser confundido com o livro de Eclesiastes. Durante a Reforma Protestante foi decidido que esses livros seriam banidos da Bíblia usada pelas igrejas que surgissem a partir dali pois eles haviam sido recusados pelos rabinos judeus como sendo sagrados, durante um Sínodo (espécie de Concílio) e seriam inconsistentes com a declaração de fé protestante. Há também capítulos de livros que constam da Bíblia protestante que foram removidos, como os capítulos 13 e 14 do livro de Daniel e os versículos 4 a 16 do capítulo 10 do livro de Ester, assim como os capítulos 11 a 16 do mesmo livro. Existem ainda livros que são considerados apócrifos, e que não constam nem na Bíblia protestante, nem na católica. Para conhecer os livros que foram removidos da Bíblia usada pelas igrejas evangélicas atualmente, basta clicar nos nomes dos livros abaixo. O link será redirecionado a páginas com o arquivo em pdf hospedados pelo portal Terra. Se desejar, poderá salvar o arquivo dos livros em seu computador, ou até, imprimir.
  • 8. Por que a Bíblia católica é diferente da protestante? Por Prof. Felipe Aquino 16 de março de 2017 Catequese A bíblia protestante tem apenas 66 livros porque Lutero e, principalmente os seus seguidores, rejeitaram os livros de Tobias, Judite, Sabedoria, Baruc, Eclesiástico (ou Sirácida), 1 e 2 Macabeus, além de Ester 10,4-16; Daniel 3,24-20; 13-14. A razão disso vem de longe. No ano 100 da era cristã os rabinos judeus se reuniram no Sínodo de Jâmnia (ou Jabnes), no sul da Palestina, a fim de definirem a Bíblia Judaica. Isto porque nesta época começava a surgir o Novo Testamento com os Evangelhos e as cartas dos Apóstolos, que os Judeus não aceitaram. Nesse Sínodo os rabinos definiram como critérios para aceitar que um livro fizesse parte da Bíblia, o seguinte: (1) deveria ter sido escrito na Terra Santa; (2) escrito somente em hebraico, nem aramaico e nem grego; (3) escrito antes de Esdras (455-428 a.C.); (4) sem contradição com a Torá ou lei de Moisés. Esses critérios eram nacionalistas, mais do que religiosos, fruto do retorno do exílio da Babilônia. Por esses critérios não foram aceitos na Bíblia judaica da Palestina os livros que hoje não constam na Bíblia protestante, citados antes. Acontece que em Alexandria no Egito, cerca de 200 anos antes de Cristo, já havia uma forte colônia de judeus, vivendo em terra estrangeira e falando o grego. Os judeus de Alexandria, através de 70 sábios judeus, traduziram os livros sagrados hebraicos para o grego, entre os anos 250 e 100 a.C, antes do Sínodo de Jâmnia (100 d.C). Surgiu assim a versão grega chamada Alexandrina ou dos Setenta. E essa versão dos Setenta, incluiu os livros que os judeus de Jâmnia, por critérios nacionalistas, rejeitaram. Havia então no início do Cristianismo duas Bíblias judaicas: uma da Palestina (restrita) e a Alexandrina (completa – Versão dos LXX). Os Apóstolos e Evangelistas optaram pela Bíblia completa dos Setenta (Alexandrina), considerando canônicos os livros rejeitados em Jâmnia. Ao escreverem o Novo Testamento usaram o Antigo Testamento, na forma da tradução grega de Alexandria, mesmo quando esta era diferente do texto hebraico. O texto grego “dos Setenta” tornou-se comum entre os cristãos; e portanto, o cânon completo, incluindo os sete livros e os fragmentos de Ester e Daniel, passou para o uso dos cristãos. Das 350 citações do Antigo Testamento que há no Novo, 300 são tiradas da Versão dos Setenta, o que mostra o uso da Bíblia completa pelos apóstolos. Verificamos também que nos livros do Novo Testamento há citações dos livros que os judeus nacionalistas da Palestina rejeitaram. Por exemplo: Rom 1,12-32 se refere a Sb 13,1-9; Rom 13,1 a Sb 6,3; Mt 27,43 a Sb 2, 13.18; Tg 1,19 a Eclo 5,11; Mt 11,29s a Eclo 51,23-30; Hb 11,34 a 2 Mac 6,18; 7,42; Ap 8,2 a Tb 12,15. Nos séculos II a IV houve dúvidas na Igreja sobre os sete livros por causa da dificuldade do diálogo com os judeus. Finalmente a Igreja, ficou com a Bíblia completa da Versão dos Setenta, incluindo os sete livros.
  • 9. Por outro lado, é importante saber também que muitos outros livros que todos os cristãos têm como canônicos, não são citados nem mesmo implicitamente no Novo Testamento. Por exemplo: Eclesiastes, Ester, Cântico dos Cânticos, Esdras, Neemias, Abdias, Naum, Rute. Outro fato importantíssimo é que nos mais antigos escritos dos santos Padres da Igreja (Patrística) os livros rejeitados pelos protestantes (deutero-canônicos) são citados como Sagrada Escritura. Assim, São Clemente de Roma, o quarto Papa da Igreja, no ano de 95 escreveu a Carta aos Coríntios, citando Judite, Sabedoria, fragmentos de Daniel, Tobias e Eclesiástico; livros rejeitados pelos protestantes. Ouça também: Existe diferença entre a Bíblia Católica e a Protestante? Ora, será que o Papa S. Clemente se enganou, e com ele a Igreja? É claro que não. Da mesma forma, o conhecido Pastor de Hermas, no ano 140, faz amplo uso de Eclesiástico, e do 2 Macabeus; Santo Hipólito (?234), comenta o Livro de Daniel com os fragmentos deuterocanônicos rejeitados pelos protestantes, e cita como Sagrada Escritura Sabedoria, Baruc, Tobias, 1 e 2 Macabeus. Fica assim, muito claro, que a Sagrada Tradição da Igreja e o Sagrado Magistério sempre confirmaram os livros deuterocanônicos como inspirados pelo Espírito Santo. Vários Concílios confirmaram isto: os Concílios regionais de Hipona (ano 393); Cartago II (397), Cartago IV (419), Trulos (692). Principalmente os Concílios ecumênicos de Florença (1442), Trento (1546) e Vaticano I (1870) confirmaram a escolha. No século XVI, Martinho Lutero (1483-1546) para contestar a Igreja, e para facilitar a defesa das suas teses, adotou o cânon da Palestina e deixou de lado os sete livros conhecidos, com os fragmentos de Esdras e Daniel. Sabemos que é o Espírito Santo quem guia a Igreja e fez com que na hesitação dos séculos II a IV a Igreja optasse pela Bíblia completa, a versão dos Setenta de Alexandria, o que vale até hoje para nós católicos. Lutero, ao traduzir a Bíblia para o alemão, traduziu também os sete livros (deuterocanônicos) na sua edição de 1534, e as sociedades bíblicas protestantes, até o século XIX incluíam os sete livros nas edições da Bíblia. Neste fato fundamental para a vida da Igreja (a Bíblia completa) vemos a importância da Tradição da Igreja, que nos legou a Bíblia como a temos hoje. Disse o último Concílio: “Pela Tradição torna-se conhecido à Igreja o Cânon completo dos livros sagrados e as próprias Sagradas Escrituras são nelas cada vez mais profundamente compreendidas e se fazem sem cessar, atuantes. Assim o Deus que outrora falou, mantém um permanente diálogo com a Esposa de seu dileto Filho, e o Espírito Santo, pelo qual a voz viva do Evangelho ressoa na Igreja e através da Igreja no mundo, leva os fiéis à verdade toda e faz habitar neles copiosamente a Palavra de Cristo” (DV,8). Por fim, é preciso compreender que a Bíblia não define, ela mesma, o seu catálogo; isto é, não há um livro da Bíblia que diga qual é o Índice dela. Assim, este só pôde ter sido feito pela Tradição Apostólica oral que de geração em geração chegou até nós. Se negarmos o valor indispensável da Tradição, negaremos a autenticidade da própria Bíblia. Prof. Felipe Aquino
  • 10. A Igreja Primitiva era Católica ou Protestante? Por Prof. Felipe Aquino 2 de fevereiro de 2017 História da Igreja Santos Padres da Igreja Primitiva É interessante notar como o Protestantismo alega ser o retorno às origens da fé, ao Verdadeiro Cristianismo, enfim o verdadeiro confessor da fé legítima dos Primeiros séculos. Aliás, diga-se de passagem, se existe uma constante entre as religiões não- católicas é a chamada “teoria do resgate”. A imensa maioria delas (a quase totalidade) afirma que o cristianismo primitivo foi puro e limpo de todo erro, mas que, com o tempo, os homens acabaram por perverter a verdade cristã, amontoando sobre ela uma enormidade de enganos. O verdadeiro cristão, sob este prisma, seria aquele que, superando tais enganos, redescobre o “verdadeiro cristianismo’, com toda a sua pureza e singeleza. Para estas religiões, o responsável pelos erros que se acumularam no decorrer dos séculos é, quase sempre, o catolicismo. Já a religião que “resgatou a verdade” varia de acordo com o gosto do freguês: luteranismo, calvinismo, pentecostalismo, espiritismo, etc. De uma certa forma, mesmo as religiões esotéricas, a Teologia da Libertação, a maçonaria e (pasmen!) o próprio islamismo bebe desta “teoria do resgate”. O motivo do universal acatamento desta “teoria” é o fato de que, para o homem, é muito difícil, diante dos ensinamentos de Jesus Cristo, e da santidade fulgurante dos primeiros cristãos, negar, seja a validade daqueles ensinamentos, seja a beleza desta santidade. Portanto, as pessoas precisam acreditar que, de uma certa forma, se vinculam a Jesus Cristo e às primeiras comunidades cristãs, ainda que não diretamente. Mas igualmente, é muito difícil para o orgulho humano aceitar que este genuíno cristianismo existe, intocado, dentro do catolicismo. Aceitá-lo, para todos os grupos não católicos, seria aceitar que estão errados e que, muitas vezes, combateram contra o verdadeiro cristianismo. Desta forma, a “teoria do resgate” é a maneira mais fácil para que um não-católico possa considerar-se um “verdadeiro discípulo de Cristo” sem ter que reconhecer os erros e heresias que professa. O problema básico de todos estes grupos é que existem inúmeros escritos dos cristãos primitivos e, por meio de tais escritos é que alguém, afinal de contas, pode saber em que criam e em que não criam os cristãos primitivos. E estes escritos são uma devastadora bomba a implodir todos os grupos que ousaram a se afastar da barca de Pedro. Eles solenemente atestam que o cristianismo primitivo permanece intacto dentro do catolicismo. Assim (ironia das ironias), os adeptos da “teoria do resgate”, freqüentemente, para defender o que julgam ser a fé dos cristãos primitivos, são obrigados a desconsiderar todo o legado destes primitivos cristãos. O protestantismo é o mais solene exemplo de tudo o quanto acima dissemos. Em nosso artigo “Como o protestantismo pode ser um retorno às origens da fé?”, já expusemos como o protestantismo não confessa a fé que os primeiros cristãos confessaram, fé esta que receberam dos Santos Apóstolos. Quem estuda com seriedade as origens da fé e a história da Igreja, insistimos, sabe que a tão referida Igreja Primitiva, é na verdade a Igreja Católica dos primeiros séculos. Neste presente artigo, gostaríamos de lançar a seguinte pergunta: teria sido o cristianismo primitivo uma união de confissões protestantes ou uma única confissão católica?
  • 11. Sabemos que o Protestantismo ensina que todos os crentes em Jesus formam a Igreja de Cristo. Desta forma, não interessa se o crente é da Assembléia de Deus, se é Luterano e etc; são crentes em Jesus e fazem parte da Igreja Invisível de Cristo, mesmo confessando doutrinas diferentes. Curiosamente (e este é um paradoxo insuperável desta “eclesiologia” chã e rastaquera), apenas os católicos é que não fazem parte deste “corpo invisível”, ainda que confessemos que Jesus Cristo é o Senhor do Universo. O protestantismo, como percebe o leitor, é algo bastante curioso… Aqui é importante que o leitor não confunda doutrina com disciplina. O fato de na Assembléia de Deus os homens sentarem em lugar distinto das mulheres em suas assembleias, e o fato dos Luteranos não adotarem esta prática, não é divergência de doutrina entre estas confissões, mas de disciplina. A divergência de doutrina nota-se pelo fato dos primeiros não aceitarem o batismo infantil e os segundos aceitarem. Isto é para citar um exemplo. A doutrina é a Verdade Revelada, é o núcleo da fé, é o que nunca pode mudar. A disciplina é a forma como a doutrina é vivida, e é o que pode mudar, desde que não fira a doutrina. Uma análise completa de como seria o passado do Cristianismo se ele tivesse sido protestante exigiria a escrita de um livro. Então, neste artigo vamos apenas verificar a questão das resoluções tomadas pela Igreja Primitiva a fim de combater o erro, isto é, as heresias. Ao longo da história, a Igreja se deparou com sérios problemas doutrinários. Muitos cristãos confessavam algo que não estava de acordo com a fé recebida pelos apóstolos. A primeira heresia que a Igreja teve que combater a fim de conservar a reta fé foi a heresia judaizante. Os primeiros convertidos á fé Cristã eram Judeus, que criam que a observância da Lei era necessária para a Salvação. Quando os gentios (pagãos) se convertiam a Cristo, eram constrangidos por estes cristãos-judeus a observarem a Lei de Moisés. Os apóstolos se reúnem em Concílio para decidir o que deveria ser feito sobre esta questão. Em At 15, o NT dá testemunho que os apóstolos acordaram que a Lei não deveria ser mais observada. E escreveram um decreto obrigando toda a Igreja a observar as disposições do Concílio. Veja-se este Concílio de uma maneira mais pormenorizada. Haviam dois lados muito bem definidos em disputa, cada qual contando com um líder de enorme expressão. O primeiro destes lados era o já citado “partido dos judaizantes”, que tinha, como sua cabeça, ninguém menos do que São Tiago, primo de Jesus Cristo e a quem foi dado o privilégio de ser Bispo da Igreja Mãe de Jerusalém. Contrário a este partido, havia o que advogava que, ao cristão, não se poderia impor a Lei de Moisés, visto que o sacrifício de Jesus Cristo era suficiente e bastante para a salvação de quem crê. Como cabeça deste grupo, estava São Paulo, o mais influente apóstolo de então, a quem Deus havia dado o privilégio de “visitar o terceiro céu”, e de conhecer coisas que, a nenhum outro ser humano, foi dado conhecer. Dois grupos muito fortes, com líderes extremamente influentes. Realiza-se o Concílio num clima de muita discussão. Estavam em jogo a ortodoxia e a salvação da alma de todos nós. No concílio, foram estabelecidas duas coisas muito importantes, de naturezas diversas. Em primeiro lugar, São Pedro afirmou que os cristãos não estavam obrigados à observância da lei, definindo um ponto de doutrina imutável e observado por todos os cristãos até hoje (At 15, 7-8). Aliás, a liberdade cristã, vitoriosa neste Concílio, é o ponto de partida de toda a teologia protestante. Não deixa de ser curioso o fato de que este núcleo teológico acatado por todos eles foi definido, solenemente, pelo primeiro Papa, muito embora eles afirmem que o Papa não tem poder para definir coisa alguma…
  • 12. Pouco depois, São Tiago sugeriu, juntamente com a proibição de uniões ilegítimas, a adoção de normas pastorais (a saber: a abstinência de carne imolada aos ídolos, e de tudo o que por eles estivesse contaminado),o que foi aceito por todos e imposto aos cristãos. Tais normas, hoje não são seguidas. Por que? Nós católicos temos o argumento de que tais normas eram disciplinares e não doutrinárias, e que a Igreja Católica que foi a Igreja de ontem com o tempo as revogou; assim como uma mãe que aplica normas disciplinares a um filho quando é criança e não as utiliza mais quando o filho se torna um adulto. E qual o argumento dos protestantes por não observarem tais normas. Não deixa de ser curioso o fato de que não existe uma revogação bíblica destas normas, e, portanto, os protestantes (adeptos da ?sola scriptura?) deveriam observá-las. No entanto, não as observam. Revogaram-nas por conta própria. E, ainda por cima, nos acusam de “doutrinas antibíblicas”… Nada mais antibíblico, dentro do tenebroso mundo da “sola scriptura”, do que não seguir as normas de At 15, 19-21… Bem, prossigamos. Este Concílio, portanto, foi exemplar por três motivos: a) narra uma intervenção solene de São Pedro, acatada por todos e obedecida até pelos protestantes hodiernos, ilustrando a infalibilidade papal; b) narra a instituição de uma norma de fé por todo o concílio (qual seja: a abstenção de uniões ilegítimas), igualmente seguida por todos até hoje, o que ilustra a infalibilidade conciliar; c) narra a instituição de normas pastorais, que se impuseram aos cristãos e que deixaram, com o tempo de serem seguidas, muito embora constem da Bíblia sem jamais terem sido, biblicamente, revogadas (o que, por óbvio, não cabe dentro do “sola scriptura”). Ao fim do Concílio, portanto, e de uma certa forma, os dois lados estavam profundamente desgostosos. Em primeiro lugar, o grupo dos judaizantes teve que aceitar a tese de São Paulo como sendo ortodoxa. Afinal, São Pedro em pessoa o afirmara e, diante das palavras dele, a opinião de São Tiago não tinha lá grande importância. Como católicos que eram, curvaram-se, assim como o próprio São Tiago se curvou. Imaginemos se fossem protestantes. Afirmariam que não há base escriturística para a afirmação de São Pedro. Que, sem versículos bíblicos (do cânon de Jerusalém, ainda por cima!), não acatariam aquela solene definição dogmática. Que São Pedro, sendo uma mera “pedrinha”, não tinha poder de ligar e de desligar coisa nenhuma, muito embora Jesus houvesse dito que ele o tinha. Afirmariam, ainda, que todos os cristãos são iguais, e que, portanto, São Tiago era tão confiável quanto São Pedro, pelo que a palavra deste não poderia prevalecer sobre a daquele, principalmente quando todas as Escrituras diziam o contrário. Por fim, criariam uma nova Igreja. A Igreja do Apóstolo Tiago, verdadeiramente cristã, alheia aos erros do papado desde o princípio. Imaginemos, agora, o lado dos discípulos de São Paulo. É verdade que sua tese saiu vitoriosa do Concílio, mas, em compensação, tiveram que acatar as normas pastorais de cunho nitidamente judaizante. Como bons católicos que eram, entenderam que a Igreja foi constituída pastora de nossas almas e que, portanto, tais normas eram de cumprimento obrigatório. Imaginemos, agora, se fossem protestantes. Afirmariam que São Paulo teve uma “experiência pessoal” com Jesus e que, nesta experiência, o Senhor lhe dissera que ninguém deveria se preocupar com o que come ou com o que bebe. Além disto, a experiência cristã é, eminentemente, espiritual e não pode sem conspurcada ou auxiliada por coisas tão baixas como a matéria (muitos protestantes, na mais pura linha gnóstica, têm horror a tudo o que é material). Portanto, este Concílio estava negando a verdade cristã, pelo que não se sentiriam obrigados a coisa alguma nele definida.
  • 13. Acabariam, finalmente, fundando uma nova Igreja. A “Igreja Em Cristo, Somos Mais do que Livres”, ou “Igreja Deus é Liberdade.” Este foi o primeiro concílio da Igreja. Realizado por volta do ano 59 d.C., e narrado na Bíblia. Portanto, é “cristianismo primitivo” para protestante nenhum botar defeito! Neste ponto, perguntamos: os protestantes realizam concílios para resolverem divergências doutrinárias? Sabemos que não. Então, como os protestantes podem avocar um pretenso retorno ao “cristianismo primitivo” se não resolvem suas pendências como os primitivos cristãos? Somente por aí já se percebe que a “teoria do resgate” não passa de uma desculpa de quem, orgulhosamente, não quer aderir à Verdade. Portanto, se a Igreja Primitiva tivesse sido protestante, como defendem alguns, este concílio não se realizaria. Primeiro que não se incomodariam se alguns cristãos confessam algo diferente, pois para os protestantes, o que importa é a fé em Cristo. A doutrina não importa, o que importa é a fé. Se você tem fé e foi batizado está salvo. Não é assim no protestantismo? Em segundo lugar, supondo a realização do concílio, como já se viu acima, nem os cristãos judaizantes nem os discípulos de São Paulo não adotariam as disposições do Concílio em sua inteireza. E então não haveria de forma alguma uma só fé na Igreja. Verificamos que então que a fé primitiva não era protestante, era católica; por isto eles sabiam que deveriam obedecer a Igreja pois criam que Cristo a fundou para os guiar na Verdade (cf. 1Tm 3,15), assim como nós católicos cremos. Tanto é assim que, nos séculos que se seguiram, os “cristãos primitivos” continuaram resolvendo suas pendências doutrinárias segundo o modelo de At 15. Concílios ecumênicos e regionais se sucederam por toda a história da cristandade, sempre acatados e respeitados. Alguns deles (vá entender!) são acatados e respeitados até pelos protestantes. Depois da heresia judaizante, a ortodoxia (reta doutirna) cristã teve que combater as seguintes heresias: gnosticismo, montanismo, sabelianismo, arianismo, pelagianismo, nestorianismo, monifisismo, iconoclatismo, catarismo, etc. Para saber mais sobre estas heresias ler artigo “Grandes Heresias”. Este mesmo artigo nos mostra como muitas destas heresias se revitalizaram nas seitas protestantes, que, assim, embora aleguem um retorno ao “crsitianismo primitivo”, acabam por encampar doutrinas anematizadas por estes mesmos cristãos primitivos. Como costumamos dizer, a coerência não é o forte do protestantismo… O fato é que graças á realização dos Concílios Ecumênicos ou Regionais, graças aos decretos Papais, e à submissão dos primeiros cristãos aos ensinamentos do Magistério da Igreja, é que foi possível que houvesse uma só fé na Igreja antes do século XVI (antes da Reforma). Foi pelo fato da Igreja antiga ser Católica, que as palavras de São Paulo (“uma só fé” cf. Ef 4,5) puderam se cumprir. Se a Igreja Antiga fosse protestante, simplesmente, o combate às heresias não teria acontecido, e com toda certeza nem saberíamos no que crer hoje. O mundo protestante só não e mais confuso porque recebeu da Igreja Católica a base de sua teologia. Como ensinou São Paulo: “A Igreja é a Coluna e o Fundamento da Verdade” (cf. 1Tm 3,15). Foi assim para os primeiros cristãos e assim continua para nós católicos. Assim como no passado, continuamos obedecendo aos apóstolos (hoje são os bispos da Igreja, legítimos sucessores dos apóstolos) pois continuamos crendo que Jesus fundou sua Igreja nos ensinar a Verdade através dela. Se isto foi verdade no passado, necessariamente é verdade agora e continuará sendo sempre.
  • 14. Estude as origens da fé, procure saber sobre os Escritos patrísticos e descubra a Verdade, assim como nós do Veritatis Splendor, que somos ex-protestantes (em sua maioria) descobrimos. Não rotulem, conheçam. “Conhecereis a Verdade e a Verdade vos libertará”.
  • 15. Por que as Bíblias católicas são diferentes das outras? Se comparar uma Bíblia católica com outras Bíblias, perceberá muitas semelhanças. Basicamente tudo que se encontra em outras Bíblias está nas Bíblias católicas. Mas, há diferenças:  As Bíblicas católicas contêm sete livros no Antigo Testamento que não se encontram em outras Bíblias (chamadas por alguns de “Bíblias protestantes” ou “Bíblias de crentes”).  Alguns livros (Ester e Daniel) nas Bíblias católicas contêm trechos que não se encontram em outras Bíblias.  Os nomes de alguns livros são diferentes.  Algumas divisões de capítulos e versículos são diferentes. Não precisamos nos preocupar com esses últimos dois itens, mas, por que diferenças de conteúdo, até de livros inteiros? Tanto católicos como protestantes têm apresentado argumentos fracos ou inválidos para responder a essa pergunta. Alguns católicos afirmam que Martinho Lutero removeu esses livros e trechos da Bíblia sem base nenhuma. Seria mais acurado dizer que ele não aceitou sete livros que nunca foram considerados iguais aos outros, e que tinha motivos históricos para isso. Sugerem que Jesus e os apóstolos, ao citar a versão grega do Antigo Testamento, automaticamente aprovaram esses livros extras. Tal afirmação vai além das evidências. Por outro lado, alguns não- católicos fazem alegações exageradas, dando a impressão que esses livros apareceram do nada 1.500 anos depois de Cristo, no concílio de Trento. Afirmam, às vezes, que Jesus e os apóstolos jamais citaram os livros questionáveis. Seria melhor dizer que não há citação exata, nem que mencione o nome de um desses livros, mas não pode negar que vários trechos do Novo Testamento têm paralelos nos livros chamados deuterocanônicos (pelos católicos) ou apócrifos (pelos que adotaram a palavra usada por Martinho Lutero). Um dos exemplos mais nítidos é Tiago 1:19 (“Vocês já sabem, meus queridos irmãos: cada um seja pronto para ouvir, mas lento para falar, e lento para ficar c om raiva”) comparado a Eclesiastico 5:11 (“Esteja pronto para ouvir e lento para dar a resposta”). [Citações da Bíblia Sagrada, Edição Pastoral.] De onde vieram os livros diferentes? Tradutores católicos Ivo Storniolo e Euclides Martins Balancin explicam: “Para entender isso é preciso conhecer um pouco a história do texto do Antigo Testamento. Ele, inicialmente, só existia em hebraico. Quando os judeus se espalharam pelo mundo, sentiram necessidade de traduzi-lo para uma língua mais universal naquela época: o grego. Acontece que no Antigo Testamento traduzido foram colocados alguns livros que não estavam na Bíblia hebraica e que eram mais recentes.... Os protestantes consideram como Palavra de Deus só os livros do Antigo Testamento que fazem parte da Bíblia hebraica, enquanto que a Igreja católica considera também alguns que foram acrescentados na tradução grega feita pelos judeus. Essa é a diferença entre a Bíblia católica e a protestante. O Novo Testamento é igualzinho. Portanto, se você tem uma Bíblia protestante não precisa rasgá-la ou queimá-la. Basta você estar ciente que faltam esses livros, que você poderá ler numa Bíblia católica.” Como devemos enxergar estas diferenças? Uma análise dos argumentos e evidências oferecidas pelos dois lados revela vários fatos importantes:  A diferença não é apenas uma briga do Século XVI (entre Martinho Lutero e o Concílio de Trento), mas certamente chegou a seu auge na época da Reforma Protestante. Quando Lutero adotou apenas os livros do Antigo Testamento que aparecem nas Escrituras hebraicas e chamou os outros de “apócrifos” (livros não inspirados por Deus), a Igreja Católica reagiu com uma declaração do Concílio de Trento (em 1546), oficialmente incluíndo na Bíblia esses livros que chamaram de “deuterocanônico” (que vem depois do cânone, ou seja, depois do “conjunto dos livros considerados de inspiração divina” - Houaiss). Devemos observar que Lutero traduziu os livros que considerava apócrifos, mas separados dos livros que julgava inspirados.  O fato de um livro não ser citado por nome no Novo Testamento não prova, por si só, que o mesmo não seja canônico. Como os católicos freqüentemente observam, vários livros do Antigo Testamento, aceitos geralmente em todas as Bíblias, não são mencionados por nome no Novo Testamento.  A diferença não é meramente um desacordo entre católicos e protestantes. Os judeus morando na Palestina 2.000 anos atrás aceitaram, geralmente, 39 livros que foram escritos em hebraico (embora dividissem em 22 ou 24 livros). Para eles, as Escrituras terminaram com as histórias relatadas em Esdras e Neemias, aproximadamente 400 anos antes da vinda de Jesus. Uma tradução do Antigo Testamento foi feito no Egito no período entre os Testamentos. É conhecida como a Septuaginta ou pela abreviatura LXX; a mesma tradução é chamada de versão Alexandrina ou “cânon comprido” (porque inclui mais livros do que o Velho Testamento geralmente aceito na Palestina).  Os católicos tendem a basear a sua fé na autoridade da Igreja Católica, a suposta fonte da Bíblia . Felipe de Aquino diz: “Se não fosse a Igreja Católica, não existiria a Bíblia como a temos hoje, com os 73 livros canônicos, isto é, inspirados pelo Espírito Santo. Foi num longo processo de discernimento que a
  • 16. Igreja, desde o tempo dos Apóstolos, foi ‘berçando’ a Bíblia, e descobrindo os livros inspirados. Se você acredita no dogma da infalibilidade de Igreja, então pode acreditar na Bíblia como a Palavra de Deus.”  Os autores inspirados do Novo Testamento, porém, afirmaram que as Escrituras foram entregues à igreja, e não que foram produzidas pela igreja. A fé (a revelação de Deus) foi “...uma vez por todas entregue aos santos” (Judas 3). Pedro concorda: “Visto como, pelo seu divino poder, nos têm sido doadas todas as coisas que conduzem à vida e à piedade, pelo conhecimento completo daquele que nos chamou para a sua própria glória e virtude, pelas quais nos têm sido doadas as suas preciosas e mui grandes promessas...” (2 Pedro 1:3-4). A igreja de Deus não é a fonte da Bíblia, e sim o resultado dela.  Embora houvesse discussões durante os séculos posteriores sobre a autenticidade de alguns livros, as Escrituras já existiam e eram reconhecidas no primeiro século. Paulo disse: “Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra” (2 Timóteo 3:16-17). Pedro incluiu as cartas de Paulo entre as Escrituras: “...e tende por salvação a longanimidade de nosso Senhor, como igualmente o nosso amado irmão Paulo vos escreveu, segundo a sabedoria que lhe foi dada, ao falar acerca destes assuntos, como, de fato, costuma fazer em todas as suas epístolas, nas quais há certas coisas difíceis de entender, que os ignorantes e instáveis deturpam, como também deturpam as demais Escrituras, para a própria destruição deles” (2 Pedro 3:15-16).  Os livros acrescentados na LXX e, posteriormente, nas Bíblias católicas, não são da mesma qualidade dos livros aceitos geralmente no Velho Testamento. Considere estas ilustrações: (a) A Edição Pastoral da Bíblia católica, publicada em 1990 pela Editora Paulus, trata alguns desses livros como novelas, descrevendo-os como ficção (528). (b) Livros como os dos Macabeus são muito interessantes, e fornecem informações valiosas em termos da História entre o Velho e o Novo Testamentos, mas claramente não alegam ser livros inspirados por Deus. 2 Macabeus 2:19-32 contém a explicação do autor, dizendo que tentava resumir informações de vários outros livros. Ele não alega ser inspirado por Deus.  Citações no Novo Testamento da versão grega (LXX) não são afirmações da autenticidade de todos os livros incluídos nela. É verdade que alguns cristãos do primeiro século usaram a versão grega. Este fato até serve para defender nosso uso de traduções na nossa própria língua. Alguns versículos no Novo Testamento são realmente parecidos com trechos dos livros deuterocanônicos. Mas uma citação não é um ato de aprovação de tudo que se inclui na mesma versão. Paulo citou poetas da Grécia (Atos 17:28) e um “profeta” de Creta (Tito 1:12), mas não afirmou a inspiração das obras deles. Judas repetiu uma frase falada por Enoque (Judas 14) e relatada num livro judaico com o nome do mesmo, mas não pediu a inclusão do livro inteiro no catálogo das Escrituras. Não devemos ficar surpresos ao encontrar possíveis citações dos livros deuterocanônicos no Novo Testamento. Ainda não é prova de sua inspiração.  Citações depois do Novo Testamento, também, não servem como provas da inspiração desses livros. Defensores dos deuterocanônicos, freqüentemente, referem-se a citações feitas nos primeiros dois ou três séculos da época cristã como provas da aceitação e inspiração destes livros. Se citações no Novo Testamento já não são provas de inspiração (como explicado acima), certamente não podemos nos basear em algumas citações de homens que escreveram no período pós-apostólico.  A própria Igreja Católica sempre considerava esses livros diferentes, e demorou para oficialmente incluí-los no seu catálogo de livros bíblicos. Alguns defensores de tradição católica fazem afirmações ousadas sobre a aceitação geral desses livros pelos cristãos primitivos. Para ser justos, devemos reconhecer que nem todos aceitaram esses livros. Houve acirrados debates sobre a validade dos deuterocanônicos já no segundo e terceiro séculos. No final do século IV, Agostinho defendeu esses livros e Jerônimo discordou. Mesmo não os considerando livros inspirados, este foi obrigado a incluir os deuterocanônicos na Vulgata, a sua tradução em latim. A boa parte desses livros duvidosos foi copiada de uma anterior versão (Ítala Antiga). A distinção entre os livros canônicos e esses outros, apresentados pelo valor para leitura, foi mantida até os meados do século XVI. Por que tanta controvérsia? Por que a Igreja Católica oficialmente elevou esses livros ao nível de Escrituras mais de 1500 anos depois da morte de Jesus? Como devemos enxergar esses livros hoje? O nosso propósito é de entender a verdade revelada por Deus e aplicá-la em nossas vidas. Para isso, devemos abordar questões como essas com equilíbrio e justiça. Todos admitem que a controvérsia, pelo menos da época da Reforma Protestante até hoje, envolve questões doutrinárias, especialmente a doutrina católica de purgatório. Os católicos citam 2 Macabeus12 para defender a idéia de purgatório. Neste capítulo, Judas mandou enterrar os corpos de soldados judeus que morreram numa batalha. Foram descobertos nos corpos objetos dedicados a ídolos, assim deixando claro que esses homens morreram no seu pecado de idolatria. Judas e seus homens fizeram uma coleta para oferecer um sacrifício pelo pecado dos mortos, e rezaram (oraram) que estes “fossem libertados do pecado”. Agora que chegamos ao ponto crítico do debate, vamos observar alguns fatos:
  • 17.  O livro de 2 Macabeus não alega ser inspirado, e não apresenta nenhuma revelação de Deus autorizando tal sacrifício e oração.  Mesmo se esse ato de Judas tivesse a autorização de Deus, ainda não seria motivo para praticar tal coisa hoje em dia. Judas era judeu e viveu na época da Lei de Moisés. Nós vivemos sob o Novo Testamento. É o sacrifício de Jesus, não o de animais, que nos traz perdão hoje (Hebreus 10:10-12). É o arrependimento por parte do próprio pecador que Deus exige hoje (Atos 17:30). Depois da morte, vem o juízo (Hebreus 9:27). O Novo Testamento não fala de purgatório, nem de orações pelos pecados dos mortos, nem de pagar pelos próprios pecados para entrar no céu. A nossa salvação depende do sacrifício e da graça de Jesus.  O caso de 2 Macabeus 12 apresenta um problema grave para os católicos. Ironicamente, esse exemplo de sacrifício e orações pelos pecados dos mortos não se encaixa bem na doutrina católica. A idolatria sempre é apresentada nas Escrituras como um dos mais graves de pecados, chamada de abominação diante de Deus. Se os soldados de 2 Macabeus 12 morreram sem confessar um pecado mortal, o que adianta fazer sacrifício e “rezar” pelos pecados deles? Será que um dos livros oficialmente aceitos pelo Concílio de Trento contradiz a doutrina do mesmo concílio, que exige a confissão dos pecados graves a um sacerdote?  Se livros como 2 Macabeus fizessem parte do Antigo Testamento, apresentariam problema também em relação à Lei dada através de Moisés, que exigia sacrifícios feitos pelo próprio pecador. De fato, um dos critérios usados pelos judeus da época para julgar esses livros foi a própria Lei. Rejeitavam livros que contradiziam a Lei já revelada. Hoje, o que devemos pensar sobre as Bíblias católicas? Quando estudo a Bíblia com pessoas católicas, eu sugiro que a pessoa acompanhe o estudo usando sua própria Bíblia, pois os ensinamentos essenciais do Novo Testamento são os mesmos. Podemos até apreciar o valor histórico de alguns dos livros deuterocanônicos, mas não temos motivo para elevá-los à posição de Escrituras. É nesse sentido que podem ser corretamente descritos como livros apócrifos.