O documento analisa por que os especialistas erraram nas previsões sobre o Brexit e a eleição de Trump. Afirma que as elites intelectuais estão desconectadas da realidade do povo comum e vivem em uma "bolha" ideológica. O documento também discute como demografias como idade, escolaridade e identidade nacional influenciaram os resultados dessas votações.
Revolução russa e mexicana. Slides explicativos e atividades
Do Brexit a Trump: por que os especialistas erraram tanto?
1.
2. Trump e Brexit: por que os especialistas
erraram tanto?
ANDRÉ ASSI BARRETO é graduado e mestre em Filosofia pela
Universidade de São Paulo. Professor de Filosofia das redes
pública e privada de São Paulo. Trabalha com tradução e revisão
de textos. Faz trabalho de assessoria editorial e é sócio da
editora Linotipo Digital.
www.andreassibarreto.org
3. Por que erraram tanto?
Resposta “simples”: os especialistas estão numa
“bolha” alheia à realidade das pessoas normais.
De onde veio essa bolha? Quais seus
fundamentos intelectuais? Qual sua origem?
Quais os interesses de quem “está” na bolha?
5. A tese: uma longa marcha rumo a
irracionalidade
• a impossibilidade do socialismo;
• culminância na derrocada da URSS, mas já percebida muito antes;
• a gestação do pós-modernismo e este como “resposta” à crise da esquerda;
• irracionalismo e negação da verdade (relativismos cultural, cognitivo, moral
radicais, estruturalismo e pós-estruturalismo, [Wittgenstein], Foucault etc);
• consequências: feminismo estridente (a lógica é “machista”), “social justice
warriors” e outras aberrações. “Imposturas Intelectuais” (Bricmont; Sokal).
• em suma: as regras normais de funcionamento das coisas estão sob ataque
e/ou SUSPENSAS.
6.
7.
8. “Algumas ideias são tão estúpidas que apenas
intelectuais acreditam nelas”*
* Frase atribuída a George Orwell (ensaio On Nationalism)
26. Pico do Brexit
em fevereiro:
34% (junho
52%).
https://www.bloomberg.com/news/arti
cles/2016-02-22/-brexit-odds-shorten-
as-johnson-joins-campaign-to-leave-
chart
27. Pesquisas (de 2010 a 2016)
• De 2010 a 2013: 22 pesquisas realizadas, 19 apontavam vantagem do “leave” e 3 do
“remain”.
•2014: 43 pesquisas realizadas, 20 apontavam vantagem do “leave” e 23 do “remain”.
•2015: 75 pesquisas realizadas, 12 apontavam vantagem do “leave” e 63 do “remain”.
•2016: 105 pesquisas realizadas, 53 apontavam vantagem do “leave” e 52 do “remain”.
• Dessas: 7 em 22 de junho, 2 apontando vantagem do “leave”, 5 do “remain”.
• Última: Instituto Populus, 4.700 pessoas de amostragem: 55% “remain”, 45% “leave”.
•FONTE: https://ig.ft.com/sites/brexit-polling/
30. À guisa de conclusão sobre as previsões do Brexit:
Embora de forma bastante mais sutil (em relação aos EUA),
todas as tendências (experts, pesquisas e apostas)
apontavam pela vitória do “remain”.
33. II) Trump e Brexit
• Classe intelectual completamente desconectada da realidade, mas eis que surge um homem
“com uma arma na cintura” a caminho da presidência (Trump/Farage).
• Revoltas de uma “maioria silenciosa”; revolução que veio de baixo.
• Demografias (em geral: os mais simples, menos “escolarizados”, classes baixa/média, menos
“politicizados”).
• Quem mais reclamou do Brexit? Professores universitários.
• Quem mais reclamou do Trump? Jornalistas, classe artística (Vingadores), Wall Street (!).
• EM SUMA: ELITE vs POVO. “BEAUTIFUL PEOPLE” vs “COMMON PEOPLE”. PROGRESSIVES vs
DEPLORABLES.
39. “3º turno”
Após um segundo turno cancelado
por suspeita e confirmação de
fraude nos votos vindos do exterior
e uma campanha de difamação
contra Hofer, o jogo “vira”:
Hofer: 2,124,661
Bellen: 2,472,892
81% dos austríacos com nível
superior votaram em Van der Bellen,
enquanto 86% dos trabalhadores
sem diploma votaram em Norbert
Hofer.
40. Quem é van
der Bellen?
• Partido Verde.
• Seu outro partido em
2007: "qualquer um que diga que
ama a Áustria é um merda”.
•Outro líder do partido
recentemente declarou que "a
Áustria é um detestável pedaço de
merda e isso não é uma questão
subjetiva, é fato”.
• Integração Europeia (globalismo).
•Refugiados: "jovens e inteligentes
trabalhadores".
58. Trump: bom
desempenho
com a classe
média
Menos histeria universitária
(gênero, banheiro, cirurgia
pra criança trans) e mais
economia. Ninguém quer
terminar como Detroit.
Democratas perdem no
mínimo 5% dos votos com a
classe média
59. Ninguém quer ser Detroit após seguidas
administrações democratas
60. Trump e o anti-globalismo
• As atuais elites são da esquerda progressista, que é globalista e ≠ da “esquerda raiz”.
• O globalismo faz a cabeça dos “especialistas” de hoje (multiculturalismo chacreano, Imagine
John Lennon).
• Princípio: Kant, Paz Perpétua, História Cosmopolita e Direitos Humanos [= Razão].
• Princípio: promover ingerência nas soberanias nacionais (UE implementa leis no RU, ONU,
UNERSO, UNICEF, OMS etc). Solapar as soberanias nacionais.
• Entender quais são os blocos globalistas ajuda até mesmo a entender as ações de Putin (alia-se
a uns, combate outros, em nome da criação de seu próprio império).
• Não façamos do globalismo o novo marxismo cultural.
61. Bloco globalista – esquerda progressista
• (New Dems) - Clintons, Soros, Obama, Rockefeller, Rothschild, Warren Buffett, Ben Bernake.
• É o globalismo democrata ligado a interesses do sistema financeiro, à ONU, à União Europeia e
outros orgãos supranacionais.
• Bloco totalmente anti-Trump.
63. Bloco globalista – imperialismo
americano
• Imperialismo Americano (Neocons).
• Baseado na doutrina do "Destino Manifesto", parte do conservadorismo americano crê que os
EUA tem uma missão messiânica no mundo. Os Neocons querem um globalismo diretamente
comandado pelos Estados Unidos, a pax americana, e isso se dará pela intervenção militar dos
EUA em todos os cantos do mundo.
• Neocons: problemática teórica, muitos ex-comunistas que “viraram a chave”.
• Boas críticas: filósofo John Gray.
• Bloco praticamente anti-Trump.
64. Bloco globalista: Tea Party e Libertarians
• Ann Coulter (Tea Party): criticou a intervenção do governo Trump na Síria, o negócio é fechar as
fronteiras e fomentar um predomínio cultural.
• Assim como os neocons, estes também creem na doutrina do "Destino manifesto", contudo,
são isolacionistas e querem uma dominação essencialmente cultural e econômica, sem
envolvimentos militares ou despesas em atoleiros no Oriente Médio. Gozando assim da
liderança econômica e tecnológica, com megaempresas e patentes monopolizadas, os EUA
dominarão o cenário econômico mundial.
• Bloco apenas parcialmente anti-Trump.
66. Pós-Trump: a imprensa exige o monopólio da
mentira, da distorção e da desinformação
- Breitbart supera o alcance da CNN;
- Alex Jones, Paul Joseph Watson, Milo Yiannopoulos;
- 4chan, Wikileaks e outros.
Todos tiveram alcance superior à mídia tradicional ao contradizer sua narrativa. Tudo que fugiu
do alcance dos “especialistas”.
Resposta dos “especialistas” e da velha mídia: pós-verdade e “fake news”. A única verdade é a da
mídia tradicional, bem como a única responsável por notícias verdadeiras. Eis que a bolha vira
escudo.
67. Alt-right
Alguns princípios da direita, método da esquerda:
- militância ostensiva nas redes (memes, sapo Pepe, 4chan,
shitposters – a direita dominando um ramo da “cultura pop”).
- reivindicação de território legítimo: direita sem vergonha de
ser direita (direita sem medo de exigir seu lugar ao sol).
68. Conclusão
• Uma longa marcha pela irracionalidade, criada para ressuscitar a esquerda, criou uma bolha
intransponível entre as elites falantes (“intelectuais”, jornalistas, artistas, beautiful people etc) e
as pessoas normais.
• O golpe foi dado, mas as ideologias em questão não foram derrotadas:
• Rutte (Holanda) vê sua vitória como freio ao “populismo errado” que levou a Trump e ao Brexit:
http://internacional.estadao.com.br/noticias/geral,rutte-pede-que-holanda-freie-avanco-do-
populismo-apos-vitoria-do-brexit-na-europa-e-de-trump-nos-eua,70001700187
• Vitória de Macron significa “retorno à normalidade”:
http://global.beyondbullsandbears.com/2017/05/09/why-were-expecting-a-return-to-
normality/
http://global.beyondbullsandbears.com/2017/05/08/the-political-implications-of-macrons-win-
in-france/
69. Referências bibliográficas
BRICMONT, Jean. SOKAL, Alan. Imposturas Intelectuais. São Paulo: ed. Best Bolso, 2014.
GRAY, John. Missa Negra. Rio de Janeiro: ed. Record, 2009.
HICKS, Stephen. Explicando o pós-modernismo. São Paulo: ed. Callis, 2011.
KANT, Immanuel. A Paz Perpétua e outros opúsculos. Lisboa: ed. 70, 2008.
. Ideia de uma História Universal de um ponto de vista cosmopolita. São Paulo:
ed. WMF Martins Fontes, 2016.
ROCKEFELLER, David. Memórias. Rio de Janeiro, ed. Rocco, 2003.