2. O avanço do fascismo no mundo e no Brasil
“O neofascismo não é a repetição do fascismo dos
anos 1930: é um fenómeno novo, com caraterísticas
do século XXI”, afirma, apontando que “a diferença
mais importante” situa-se no “terreno económico”.
Michael Löwy
3. Neofascismo
Atualmente, utiliza-se o termo “neofascista” como referência
a regimes políticos que possuem características semelhantes
às dos fascismos tradicionais (italiano, alemão, espanhol,
português, etc), mas que possuem certas diferenças
ideológicas. Essas diferenciações são decorrentes do
contexto de desenvolvimento do neofascismo, que é
completamente diferente do contexto dos fascismos do
período entreguerras. O elo, portanto, é a aproximação
ideológica entre o fascismo clássico e os neofascismos
4. Neofascismo características
Não assume a forma de uma ditadura policial, mas respeita
algumas formas democráticas: eleições, pluralismo
partidário, liberdade de imprensa, existência de um
Parlamento, etc.
A diferença mais importante entre os anos 1930 e hoje se situa
no terreno econômico: os governos neofascistas desenvolvem
uma política econômica tipicamente neoliberal, longe do
modelo nacionalista-corporativista dos fascismos clássicos.
5. As ideias neofascistas, em particular o racismo,
contaminaram uma parte significativa não só da pequena
burguesia e dos desempregados, mas também da classe
trabalhadora.
Ex: Donald Trump – Estados Unidos - conseguiu o apoio
da grande maioria dos brancos no país, de todas as classes
sociais.
Jair Bolsonaro - Brasil.
6. O principal tema de agitação da maioria destes regimes ou partidos é o racismo, a
xenofobia, o ódio ao imigrante: mexicano nos Estados Unidos, negro ou árabe na
Europa, etc.
7. Os movimentos neofascistas na Europa
Existe um grande número de partidos com apoio de
massas, que em alguns países são candidatos sérios ao
poder.
Uma tentativa de tipologia da extrema-direita europeia
atual teria de distinguir pelo menos três tipos diferentes:
8. 1.
Partidos de caráter diretamente fascista e/ou neonazi: por
exemplo, o Aurora Dourada, da Grécia (recentemente
dissolvido) ; o Setor Direito, da Ucrânia; o Partido
Nacional Democrata, na Alemanha; e várias outras forças
menores e menos influentes.
9. 2.
Partidos neofascistas, isto é, com raízes e fortes
componentes fascistas, mas que não podem ser
identificados com o padrão fascista clássico. É o caso, em
diferentes formas, do Rassemblement Nacional, da França;
do FPÖ, da Áustria; e do Vlaams Belang, da Bélgica,
entre outros.
10. 3.
Partidos de extrema-direita que não possuem origens
fascistas mas partilham do seu racismo, xenofobia,
retórica anti-imigrante e islamofobia. Exemplos são a
italiana Lega Nord, o suíço UDC (União Democrática
do Centro), o britânico Ukip (Partido de Independência
do Reino Unido), o holandês Partido da Liberdade, o
norueguês Partido Progressista, o Partido dos
Verdadeiros Finlandeses (True Finns) e o Partido do
Povo Dinamarquês. Os Democratas Suecos são um
caso intermédio, com origens claramente fascistas (e
neonazis), mas que têm feito grandes esforços, desde
os anos 1990, para apresentar uma imagem mais
“moderada”.
11. O caso brasileiro: o neofascismo de
Bolsonaro
O que Bolsonaro tem em comum com o fascismo clássico
é o autoritarismo, a preferência por formas ditatoriais de
governo, o culto do Chefe (“Mito”) Salvador da Pátria, o
ódio à esquerda e ao movimento operário.
Desejava dissolver o STF e colocando fora da lei
sindicatos e partidos de oposição. Mas faltou-lhe para isso
o apoio tanto das classes dominantes quanto das Forças
Armadas
12. O autoritarismo de Bolsonaro manifestou-se, entre outras,
no seu “tratamento” da epidemia, tentando impor, contra o
Congresso, contra os governos dos estados, e contra os
seus próprios ministros, uma politica cega de recusa das
medidas sanitárias mínimas, indispensáveis para tentar
limitar as dramáticas consequências da crise
(confinamento, vacinação, etc.). A sua atitude tem também
traços de social-darwinismo (típico do fascismo): a
sobrevivência dos mais fortes.
13. Outro aspeto específico do neofascismo bolsonarista é
o obscurantismo, o desprezo pela ciência, em aliança com
os seus apoiadores incondicionais, os setores mais
retrógrados do neopentecostalismo evangélico. (Edir
Macedo, Malafaia etc.)
14.
15. O governo de Jair Bolsonaro, embora tenha algumas
semelhanças com os movimentos neofascistas da Europa,
apresenta várias caraterísticas específicas.
Enquanto na Europa existe, em vários países, uma
continuidade política e ideológica entre movimentos
neofascistas atuais e o fascismo clássico dos anos 1930,
isso não ocorre no Brasil.
16. Não existem no Brasil, como na Europa, partidos
de massas neofascistas. Bolsonaro, embora tenha
uma base popular significativa, nunca foi capaz de
organizar um grande partido; para se eleger, filiou-
se no pequeno PSL (Partido Social Liberal), com o
qual acabou rompendo pouco depois.
Contrariamente à Europa (e aos Estados Unidos,
com Trump), o neofascismo no Brasil não fez do
racismo a sua principal bandeira. Temas racistas
não estiveram ausentes da campanha eleitoral de
Bolsonaro, mas de forma alguma era esse o seu
assunto principal.
17. O tema da luta contra a corrupção está presente entre os neofascistas da Europa,
mas de forma relativamente marginal. No Brasil é uma velha tradição, desde os
anos 1940, dos conservadores: levanta-se a bandeira do combate à corrupção
para justificar o poder das oligarquias tradicionais e, segundo o caso, legitimar
golpes militares. Na campanha de Bolsonaro foi um tema essencial.
A homofobia não é um tema de campanha frequente na extrema-direita
europeia, com algumas exceções. O Brasil tem uma longa tradição de cultura
homofóbica, mas isto nunca foi assunto de luta política. Com o neofascismo de
Bolsonaro, em aliança com as Igrejas neopentecostais, tornou-se, pela primeira
vez na história, um dos temas principais da sua campanha eleitoral.
18. O QUE É NEONAZISMO?
O neonazismo é o resgate do nazismo na atualidade,
mas com uma face repaginada, a fim de ter mais sintonia
com a época atual. Continuam as ideias nazistas, como a
do racismo, do nacionalismo, do antissemitismo e do
anticomunismo.
Para os neonazistas, assim como no nazismo alemão, há
apenas uma raça soberana: a “raça pura ariana”. Os
principais alvos de discriminação são: comunistas, judeus,
indígenas, negros e homossexuais.
19. Da mesma maneira que vários tipos de preconceito se
disseminam, como a xenofobia, ele tem causas em
questões pelas quais certo país está passando,
como desemprego, poucas oportunidades de trabalho,
crescente criminalidade, entre vários outros contextos
nacionais. Para eles, uma forma de combater esses
problemas é depositar a culpa desses problemas na
presença e cultura do outro no país, como imigrantes,
refugiados, estrangeiros.
20. O grande diferencial do neonazismo é o uso de outra
abordagem para a disseminação de suas ideias. Por exemplo,
quando defendem suas ideias ao clamar por uma “salvação
nacional”, considerando-se “libertadores” que valorizam a
pátria e dela se orgulham. Esses são exemplos da utilização de
palavras brandas, os famosos eufemismos, para maquiar a
origem de seus ideais e ter a possibilidade de atrair mais
pessoas, principalmente aquelas que já se identificam com
ideais da extrema-direita. O discurso de “nós” contra “eles” é o
mesmo, só está repaginado.
21. QUAIS AS CARACTERÍSTICAS DO
NEONAZISMO?
As características do neonazismo são as mesmas
do nazismo, mas com uma abordagem nova e mais
adaptada à atualidade.
As origens são similares também: ambas as ideologias
florescem em países, espaços e locais em que há alguma
forma de conturbação social, seja o desemprego, a
violência, a desigualdade e dificuldade de vida em geral. O
neonazismo se alastra em quem já tem um pensamento que
caminha em direção à extrema direita.
22. Os neonazistas são chamados de
negacionistas. A maioria dos grupos neonazistas
nega que o Holocausto existiu.
A estratégia de muitos grupos neonazista é de negar
esse acontecimento, argumentando que não houve
essa perseguição e que o número de judeus mortos
durante a guerra não passou de 500 mil pessoas.
23. Não se intitulam como racistas, apesar de atitudes que
corroborem essa prática. O discurso nazista e neonazista
é essencialmente racista, tanto por acreditar em uma
supremacia branca como por ser contra a entrada de outras
pessoas – portanto, de outras culturas, outras ideias, outras
vivências e visões de mundo – em seu espaço.
24. O NEONAZISMO NO MUNDO ATUAL
Há alguns episódios de grupos neonazistas atuando política e
socialmente no mundo. Sobre a sua atuação política, o
neonazismo aparece na sua forma de ideologia.
GRUPOS NEONAZISTAS
Os grupos neonazistas existem em todo o mundo, estão
espalhados por países como Alemanha, Espanha, Estados
Unidos, Brasil e Uruguai. Alguns dos mais famosos definem
sua principal pauta na “supremacia branca” – princípio de que
pessoas de pele branca são superiores –, como a Nação Ariana,
o White Power, os Skinheads, a Ku Klux Klan.
25. Os Skinheads
Os skinheads ganhara
m mais notoriedade a
partir dos anos 1980,
com grupos nos
Estados Unidos que
praticavam
vandalismo e
violência contra
grupos de pessoas
negras,
homossexuais, judeus
e imigrantes latinos.
26. Ku Klux Klan
Outro grupo, também muito famoso historicamente, é a Ku Klux Klan,
conhecida como KKK. A Ku Klux Klan foi um grupo secreto racista,
chamado de clã, com ideais de extrema-direita. Prega o
ultranacionalismo, a supremacia branca, a anti-imigração, o
antissemitismo e tem um histórico de violência grande nos Estados
Unidos.
Com essas
roupas,
buscavam
assustar as
pessoas e
manter o
anonimato de
seus
membros.
27. Neonazismo no Brasil
A ascensão da extrema direita e a vitória do presidente Jair
Bolsonaro nas eleições de 2018 estão diretamente ligadas
aos dados que apontam o avanço do neonazismo no
Brasil.
28. Reuniões da deputada
alemã Beatrix von
Storch com Bolsonaro,
com o deputado federal
Eduardo Bolsonaro
(PSL-SP) e com a
deputada Bia Kicis
(PSL-DF) expuseram o
Brasil como centro
articulador da extrema
direita global.