O documento descreve a evolução das práticas corporais no Brasil ao longo do século XX, desde a República Velha até a Nova República, e discute o papel do professor de Educação Física na atualidade de promover a inclusão e o desenvolvimento integral dos alunos.
11oC_-_Mural_de_Portugues_4m35.pptxTrabalho do Ensino Profissional turma do 1...
Evolução da Educação Física no Brasil do Século XX
1. UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO – UNIVASF
LICENCIATURA EM EDUCAÇÃO FÍSICA
ALUNA: ANA VALÉRIA UBALDO DA SILVA
Participação em Fórum de Discussão
Módulo 2 - Discussão sobre os "Introdução aos estudos históricos da EF"
e "panorama das práticas corporais no Brasil do Século XX" – Profº.: José
Roberto Andrade do Nascimento Junior
Inicialmente, no primeiro módulo intitulado como a "Introdução aos estudos
históricos da EF" vimos sobre a importância de formarmos uma consciência histórica a
respeito das práticas corporais para conhecer o passado, compreender o presente e,
possivelmente, poder ter perspectivas sobre o futuro. Dessa forma, podemos afirmar que a
Educação Física brasileira vem ao longo dos anos apresentando características que
correspondem a momentos políticos, sociais e econômicos da nação, pois suas práticas
estão incluídas na história da sociedade.
No segundo módulo “As práticas corporais no Brasil do século XX” foi possível
conhecer a trajetória da Educação Física Escolar nos períodos da República Velha, Era
Vargas, Regime Liberal Populista, Ditadura Militar e durante a Nova República.
Durante a República Velha, no inicio do séc. XX, havia o interesse pela
manutenção dos interesses das elites agrárias. Podemos perceber ao analisar a obra de
arte exposta no vídeo que as práticas esportivas de maior destaque como o futebol eram
restritas à elite da cidade de São Paulo. A imagem ligada ao esporte introduzido por
Charles Miller fazia alusão à modernidade e à cultura europeia. Essa era vista pelas
classes abastadas como um ideal de civilização. Naquele tempo, houve uma perseguição
às práticas ligadas aos negros escravizados, tais como o samba e a capoeira. Esses eram
proibidos de frequentar os clubes para praticar o esporte.
Na Era Vargas (1930-1945), o futebol foi utilizado com fins políticos-ideológicos e
passa a ser o espelho da nação. Jogavam no mesmo time o branco, o negro e o mulato.
Essa era uma estratégia na construção de uma identidade nacional como forma de
integrar a massa à elite e concretizar a ideia de democracia social do Estado Novo. Foi
nesse período que foi criada em 1939, a primeira Escola de Educação Física.
Durante o Regime Liberal Populista (1964) marca o início da industrialização e
também houve o aumento dos investimentos em infraestrutura no país. Isso pode ser
exemplificado pela construção de grandes estádios. Nesse período da Guerra Fria, o
esporte foi utilizado para medir o poder de cada modelo econômico, socialista ou
capitalista, de acordo com seu número de medalhas e quebras de recordes. A educação
física popular pretendia incentivar elementos como a ludicidade, a cooperação para
construir uma unidade operária mobilizada e organizada contra a elite dominante.
Na Ditadura militar (1964-1985) o esporte foi ressignificado e a vitória na Copa de
1970 foi usada como forma de propaganda do governo sendo todos os ramos e níveis de
ensino voltados para os esportes de alto rendimento. Sua finalidade era promover a
disciplina moral e o adestramento físico da população para o mundo do trabalho e defesa
da nação. Buscava-se por meio da educação física escolar divulgar valores como
superação individual, a competitividade, o fortalecimento da nação por meio das atividades
esportivas e da competição para desenvolver a performance, resistência, desempenho e
velocidade. Nessa fase, a educação ganhou um caráter tecnicista para formar mão-de-
obra qualificada, desenvolver esportes de alto nível e auxiliar na criação do ideário do
atleta-herói representante da força do povo brasileiro.
Na década de 70, a educação física era usada para manutenção da ordem e do
progresso, para exaltar o nacionalismo, na integração social e na segurança nacional. No
2. período militarista, a escola servia para formar uma nação com pessoas preparadas para o
combate e para a guerra. A educação por sua vez era bastante rígida para educar e formar
cidadãos servidores da pátria. Dessa forma, também eram excluídos os mais fracos,
assemelhando-se a uma espécie de seleção natural com vistas à depuração da raça.
Durante a Nova República (1985), houve a valorização da democracia, o respeito
aos direitos do cidadão e o esporte passou a ser visto como direito social e patrimônio
histórico a partir da Constituição de 1988. Nesse período, surgem novas ideias sobre o
papel da Educação Física referente à democracia e aos direitos humanos para as aulas na
escola. O antigo modelo é contestado e iniciou-se uma crise de identidade no discurso da
Educação Física que priorizava o esporte na escola.
E posteriormente, qual foi o foco da Educação Física Escolar?
Após esse período, o foco escolar passou a ser o desenvolvimento psicomotor do
aluno, tirando da escola à função de incentivar os esportes de alto rendimento e ampliaram
sua visão enfatizando dimensões sociais, filosóficas, pedagógicas, cognitivas, afetivas e
psicológicas. Sob esses moldes visava-se a formação não apenas de seres saudáveis,
disciplinados e ufanistas, mas ter uma educação física com fins eminentemente educativos
para tornar o aluno um ser humano integral.
Mas, atualmente, como está a relação entre as práticas corporais e a sociedade?
Na Idade contemporânea vemos o culto ao corpo e a preocupação exacerbada
com a estética corporal. O ideal de alcançar um copo perfeito é muito utilizado pela
indústria e pelo comércio para vender e lucrar mais. A mídia também é uma forte
incentivadora levando aos espectadores a ir em busca de qualquer meio para obter o
modelo estético padrão associado a ideias de sucesso e felicidade. Essas pessoas se
utilizam de várias estratégias, desde dietas mirabolantes, recorrem às cirurgias estéticas e
ao consumo de produtos nocivos e perigosos que, em alguns casos, podem leva-los à
morte.
A partir do contexto descrito, como deve ser a postura do professor de Educação
Física na atualidade?
Segundo a professora de educação Física Tânia Casali de Oliveira, em sua
entrevista para a Revista Nova Escola, o professor de Educação Física atual deve
promover a inclusão de todos os alunos independentemente de gênero, sexualidade, raça,
etnia ou biótipo. É importante dar-lhes oportunidades para desenvolver competências,
ampliar o repertório sobre as culturas corporais, intercalar teoria e prática, ter acesso a
jogos e fundamentos durante a aula. O professor pode fazer com que o discente saiba
executar movimentos variados, ler, escrever e refletir sobre seus aprendizados. Fazer com
que o aluno analise criticamente as tentativas de imposição da indústria cultural que são
veiculadas através da mídia, e também saiba interpretar as intenções reais de algumas
políticas esportivas e de discursos discriminatórios que inferiorizam a diversidade humana.
Para combater o sedentarismo o educador deve ensinar aos alunos hábitos e
comportamentos saudáveis e a prática autônoma de exercícios físicos através de
estratégias direcionadas que contribuam para o desenvolvimento integral promovendo
assim o conhecimento corporal e suas relações com os objetos, o espaço social e o outro.
(OLIVEIRA, 2008, p. 4-9)
OLIVEIRA, Tânia Casali de. O que ensinar em Educação Física. NOVA ESCOLA.
São Paulo, Set. 2008. Disponível em: https://novaescola.org.br/conteudo/1215/o-que-
ensinar-em-educacao-fisica Acesso em 28 de Dez. de 2017;