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Como se livrar da indisciplina
A garotada voa pelos corredores, conversa em sala, briga no recreio, insiste em usar boné e em trazer para a sala
materiais que não são os de estudo. A paciência do professor está por um fio. Cansado e confuso, ele se sente com os
braços atados. Não suporta mais as cenas que vê e não sabe o que fazer. Quer obediência! Quer controle! Quer mudanças
no comportamento dos alunos!
Para ter uma turma atenta e motivada, a primeira mudança necessária talvez esteja nos pais, na escola e nos professores.
O comportamento inadequado do aluno não pode ser visto como uma causa da dificuldade para lecionar. Na verdade, ele
é resultado da falta de adequação no processo de ensino.
Para avançarnessa reflexão, é preciso entender que a indisciplina é a transgressão de dois tipos de regra.
O primeiro são as morais, construídas socialmente com base em princípios que visam o bem comum, ou seja, em
princípios éticos. Por exemplo, não xingar e não bater. Sobre essas, não há discussão: elas valem para todas as escolas e
em qualquer situação. O segundo tipo são as chamadas convencionais, definidas por um grupo com objetivos específicos.
Aqui entram as que tratamdo uso do celular e da conversa em sala de aula, por exemplo. Nesse caso, a questão não pode
ser fechada. Ela necessariamente varia de escola para escola ou ainda dentro de uma mesma instituição, conforme o
momento. Afinal, o diálogo durante a aula pode não ser considerado indisciplina se ele se referir ao conteúdo tratadono
momento, certo?
1. Com distinguir moralidade e convenção?
Não é fácil distinguir entre moralidade e convenção. Frequentemente, mistura-se tudo em extensos regimentos que
pouco colaboram para manter o bom funcionamento da instituição e o clima necessário à aprendizagem em sala de aula.
"As crianças não enxergam a utilidade de um regimento ou dos famosos combinados que não se sustentam. Elas não
sentem a necessidade de respeitá-los e acabam atése voltando contra essas normas", explica Ana Aragão, da Faculdade
de Educação da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
2. Como a criança aprende o valor das regras?
O movimento contínuo de construção e reavaliação de regras, mais o respeito a elas, é a base de todo convívio em
sociedade. Da mesma forma que os conflitos nunca vão deixar de existir na vida em comunidade - no contexto escolar,
especificamente, os conflitos também não vão desaparecer. Saber lidar com eles faz com que o professor consiga
trabalhar melhor. Ensinar o tema aos alunos também é uma tarefa dele. "Esperarque os pequenos, de modo espontâneo,
saibam se portar perante os colegas e educadores é um engano. É abrir mão de um dever docente", explica Luciene
Tognetta, do Departamento de Psicologia Educacional da Faculdade de Educação da Unicamp.
3. A formação moral tem de ser feita pela família?
Muitos professores esperam, sem razão, que essa formação moral seja feita 100% pela família. "Nãose trata de destituí-la
dessa tarefa, mas é preciso enxergar o espaço escolar como propício para a vivência de relações interpessoais", pondera
Áurea de Oliveira, do Departamento de Educação da Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho" (Unesp),
campus de Rio Claro.
4. Como a escola deve tratar as questões morais?
As questões ligadas à moral e à vida em grupo devem ser tratadascomo conteúdos de ensino. Caso contrário, corre-se o
risco de permitir que as crianças se tornem adultos autocentrados e indisciplinados em qualquer situação, incapazes de
dialogar e cooperar. Pesquisa de 2002 com 120 universitários, de Montserrat Moreno e Genoveva Sastre, da Universidade
de Barcelona, indagou sobre a utilidade do que eles aprenderam na escola para a resolução de conflitos na vida adulta.
Apenas 3% apontaram que os professores lhes ensinaram atitudes e formas específicas de agir. "Esses resultados
certamente são próximos da realidade brasileira", afirma Luciene Tognetta, do Departamento de Psicologia Educacional
da Faculdade de Educação da Unicamp. "Nosso estilo de ensinar é parecido, pois joga pouca luz sobre o currículo oculto,
aquele que leva em conta o sentimento do estudante, seus desejos, suas incompreensões."
5. Como se forma a moral na criança?
Saber como o ser humano se desenvolve moralmente é essencial para encontrar as raízes da indisciplina. Antes de
entender por que precisam agir corretamente, as crianças pequenas vivem a chamada moral heterônoma, ou seja,
seguem regrasà risca, ditadas por terceiros, sem usar a própria consciência para reelaborá-las de acordo com a situação.
Por exemplo: se elas sabem que não se deve derramarágua no chão, julgam o fato um erro mesmo no caso de um
acidente. Nessa fase, a autoridade é fundamental para o bom andamento das relações.
Por volta dos 9 anos, abre-se espaço para a moral autônoma, quando o respeito mútuo se sobrepõe à coação. Mas a
mudança não é mágica. O cientista suíço Jean Piaget (1896-1980) questionava a possibilidade de a criança adquirir essa
consciência se todo dever sempre emana de pessoas superiores. Assim, é possível dizer que a autonomia só passa a existir
quando as relações entre crianças e adultos (e delas com elas mesmas) são baseadas, desde a fase heterônoma, na
cooperação e no entendimento do que é ou não é moralmente aceito e por quê. Sem isso, é natural que, conforme
cresçam, mais indisciplinados fiquem os alunos.
7. É possível resolver a indisciplina?
Não há solução fácil. Mas é essencial trabalhar - como conteúdos de ensino - as questões relacionadas à moral e ao
convívio social e criarum ambiente de cooperação. Pesquisa realizada em 2008 pela Organização dos Estados Ibero-
Americanos com cerca de 8,7 mil professores mostrou que 83% deles defendem medidas mais duras em relaçãoao
comportamento dos alunos, 67% acreditam que a expulsão é o melhor caminho e 52% acham que deveria aumentar o
policiamento nas escolas.
8. A repressão funciona contra a indisciplina?
Não. Se a repreensão funcionasse, a indisciplina não seria apontada como o aspecto da Educação com o qual é mais difícil
lidar em sala de aula, como mostrou outra pesquisa, da Fundação SM, feita em 2007 com 3,5 mil docentes de todo o país.
Até mesmo os alunos acreditam que o problema vem crescendo. Em investigação feita em 2006 por Isabel Leme, da
Universidade de São Paulo (USP), com 4 mil estudantes das redes pública e privada de São Paulo, mais de 50% deles
afirmaram que os conflitos aumentaram mesmo nas escolas que estão cada vez mais rígidas. "O problema é que as
intervenções são muito pontuais e imediatistas. O resultado é uma piora nas relações entre alunos e professores e,
consequentemente, no comportamento da turma", acredita Adriana de Melo Ramos, do Grupo de Estudo e Pesquisa em
Educação Moral (Gepem), da Unesp, campus de Rio Claro.
Nos próximos itens, apresentamos soluções para os professores encaminharem o problema. Não se trata de um manual
de instruções. As questões ligadas à indisciplina são da natureza humana. Portanto, complexas e incertas. Esse é um ponto
de partida para quem convive com o problema. Para se sair bem, é preciso estudar muito e sempre revisitar o tema.
9. É importante distinguir as regras morais das convencionais
Erro comum em regimentos escolares é situar regras morais e convencionais num mesmo patamar. "As morais merecem
mais atenção", afirma Telma Vinha, do Gepem da Unicamp. Já as convencionais estão mais ligadas ao andamento do
trabalho. Ao distingui-las, você será capaz de interpretar melhor uma transgressão e, assim, encaminhá-la
adequadamente.
Não mentir é um exemplo clássico de regra moral. O princípio ético em jogo, nesse caso, é a honestidade. Trata-se,
portanto, de um preceito inegociável. Quando algum aluno mente, a solução passa por uma boa conversa - prática
imprescindível já na Educação Infantil. Desde essa fase, é importante explicar para a criança como se sente o colega que
foi enganado e mostrar que isso é errado. Pergunte: "E se fosse comvocê?"
Regrasconvencionais, por sua vez, têm seu fundamento na negociação e na clareza de definição. Tome o exemplo da
conversa. Mesmo numa sala que está barulhenta porque os jovens realizam um trabalho em grupo - e em função disso
trocam ideias sobre um tema proposto -, o silêncio será necessário em algum momento. É preciso estar acertado que,
quando um aluno ou o professor precisarem da atenção, o grupo deve parar para ouvir o que será dito. Também são
consideradas regras convencionais não usar boné e ir para escola sempre de uniforme. Nesse grupo, entram imposições
que em nada afetam o processo de ensino e aprendizagem. Há escolas em que o uso do uniforme é uma questão de
segurança, pois ele permite identificar quem é ou não aluno. Em outras, isso pode não ser necessário. No caso do boné, as
normas desse tipo precisam de constante revisão e discussão.
10. É importante pesar a reação a um problema
Analisar a quebra de uma regra sob a ótica da moral e da convenção facilita equilibrar a resposta ao problema. É sempre
importante avaliar a real gravidade da transgressão.
Os conflitos entre alunos e entre eles e os professores também são problemáticos. Uma pesquisa da USP feita por Isabel
Leme, em 2006, com 55 diretores, mostrou que a gestão de conflitos é apontada por 85% deles como fundamental para
garantira paz na escola. A prática, porém, é outra. Procura-se evitar os conflitos, vistos como algo antinatural, que deixa
os educadores assustados e inseguros. Câmeras, inspetores e marcaçãocerrada são exemplos disso. "Se as desavenças
fazem parte da vida dos adultos, por que com crianças e jovens seria diferente?", pondera Telma Vinha.
Com isso, gasta-se tempo tentando impedir ou antecipar qualquer tipo de encrenca. Quando algo foge desse imaginado
controle, o impulso é mandar para a diretoria ou censurar. "O ideal é respirar, tentar se controlar e reconhecer que o
embate pertence aos envolvidos. No caso de uma discussão mais quente entre a garotada, o caminho é relataro que você
viu com linguagem descritiva e ouvir as partes. "Peça que todos contem como se sentiram e por que discutiram. Isso
demonstra respeito pelos valores de cada um", sugere Vanessa Vicentin, da Universidade de Franca (Unifran). Quando o
conflito é com o professor, ele deve se comportar sempre com sabedoria. "A agressão não é pessoal, mas contra um fato
com o qual o aluno não concorda", diz Telma Vinha. E, claro, nem sempre haverá saída, já que as relações humanas são
complexas. É preciso ter paciência. A aprendizagem é gradual e resulta da reflexão contínua, do diálogo e da coerência nos
procedimentos. "Os mediadores desse processo devem se pautar por ações transparentes e convictas", diz Maria Tereza
Trevisol, da Universidade do Oeste de Santa Catarina, campus de Joaçaba.
12. É importante construir um ambiente cooperativo
Ninguém, em sã consciência, pode deixar a turma fazer o que quiser, num regime anárquico. Longe disso. Um dos maiores
desafios é, portanto, construir um ambiente cooperativo, no qual os alunos tenham voz, sejam respeitados e aprendam a
respeitar. Isso faz com que o comportamento seja adequado naturalmente e não por medo de sanções.
Numa escola da rede municipal de Rio Claro, a 184 quilômetros de São Paulo, as agressões entres os alunos eram comuns.
A situação foi contornada quando se deu mais espaço para que eles se manifestassem e procurassem, juntos, uma solução
para os conflitos.
É claro que essa perspectiva não exime o professor de exercer a figura da autoridade moral e intelectual como o
coordenador do processo educacional. Afinal, além de conhecer os objetivos pedagógicos, é ele o adulto da situação. A
negociação é a palavra. E ela tem de ser justa. Não vale induzir os estudantes a conclusões e normas que somente um dos
lados - o do professor - queira ver implantadas. "Mas isso tem de ser construído gradativamentepelo grupo, com base no
respeito mútuo, na reciprocidade e nos princípios de justiça", completa a especialista.
13. É importante agir na hora certa e sempre manter a calma
Mesmo que o professor aja da forma mencionada nos itens anteriores, em momentos conturbados na sala ele tem de
manifestar desagrado com relação a comportamentos inadequados. Quando um aluno insiste em conversar sobre o fim
de semana durante a explicação de uma atividade, não basta fazer pequenas mudanças, como colocar a carteira do
bagunceiro ao lado da sua mesa, como forma de castigá-lo, e continuar a aula normalmente. Isso não ajuda a resolver o
problema em si nem leva a turma a aprender. É preciso chamar a atenção, mas sempre com respeito e mostrando que o
grupo é que está sendo prejudicado, e não apenas você, pessoalmente. Trataro estudante dessa forma faz com ele
também perceba como agirem momentos de conflito.
15. É importante incentivar e respeitar a autonomia do jovem
Em outras situações, elas esperam chamar a atenção e solicitar que o professor se aproxime e se interesse pelas ideias
delas. "É como se pedissem por cuidado e apreço ou ainda que se delimite o que se deseja delas com o que está sendo
realizado", explica Maria Tereza Trevisol, da Universidade do Oeste de Santa Catarina, campus de Joaçaba.
Convivendo num ambiente em que atitudes como essas sejam o padrão, a criança vai, aos poucos, adquirindo autonomia
e ficando mais apta a tomar decisões responsáveis. Cada aluno, em diferentes situações, coloca sempre novos desafios.
Ele necessita de referências e de orientação. O que ele espera é ajuda para pensar. É importante que alguém - na escola, o
professor; em casa, os pais - coloque as regras, atéque, efetivamente convictos, crianças e jovens possam gerenciá-las e,
de forma autônoma, viver bem em sociedade.
16. Nada como uma boa conversa
O problema? As carteiras do Colégio Comunitário de Campinas apareceram com moedas coladas. A solução? A direção
pediu ajuda aos alunos: "Temos um problema e precisamos da colaboração de vocês". Quando mais carteiras apareceram,
mas com o adesivo ainda fresco, ficou evidente que o problema vinha do 9º ano, que acabara de deixar a sala. O
orientador educacional Marcos Roberto Márcio pediu que os responsáveis se identificassem: "Isso prejudica a imagem da
classe, gera tumulto e um clima ruim". Consciente, a turma pediu que os culpados assumissem, já que a delação,
moralmente condenável, não é aceita pela escola. "Admitir a culpa não isenta a punição, mas é uma atitude responsável,
que atenua o que fizeram", diz. Quatro garotos se manifestaram e tiveram de apresentar uma pesquisa sobre a legislação
referente ao respeito ao patrimônio público, além de limpar as carteiras.
17. Nada como uma dose a mais de interação
O problema? Em 2006, a Escola Ativa, em Itapira, a 174 quilômetros de São Paulo, estava abrindo a 5ª série, com 12
alunos, que lá estudavam desde a 1ª. O fato de a turma ser pequena, que parecia uma vantagem, se tornou um problema.
Os adolescentes se comunicavam pelo olhar. Conversavam em aula e começaram a mentir para os professores. A um,
diziam que haviam feito talcombinado com outro, o que não era verdade. A solução? A equipe se reuniu e definiu novas
pautas de estudo. "Tivemos de melhorar a interação entre os professores e acordamos novas regrase o que não poderia
ser negociado", explica a diretora, Andrea Stevanatto Bataglini. Debates foram realizados com a turma e os dilemas
morais ganharam mais espaço nas aulas. A relação entre professores e alunos foi revista, de modo a levar os estudantes a
pensar se estavam agindo moralmente com quem lhes respeitava. "Hoje eles estão no 9º ano e a situação nunca mais se
repetiu", conta Andrea.
18. Nada como uma assembleia
O problema? No ano passado, as agressões físicas e verbais estavam se tornando cada vez mais graves e frequentes na
EMEFI Antonio Maria Marrote, em Rio Claro.
A solução? A coordenadora pedagógica Rosemeire Archangelo propôs um programa de formação aos professores e
funcionários. Nele, todos trabalharama redefinição do conceito de indisciplina, questões relacionadas a respeito e moral e
a necessidade de trabalhar esses conteúdos. Foram implementadas assembleias em cada sala, durante as quais os
problemas tinham de ser debatidos. A ideia era ajudar no desenvolvimento moral de todos."Todas se surpreenderam.
Com o projeto, elas comprovaram que é possível, sim, que as crianças resolvam conflitos com o diálogo", completa. A
escola não virou o paraíso, mas todos aprenderam e passaram a praticar outras formas de se relacionar e conviver com as
diferenças no dia a dia.
VIOLÊNCIA NA ESCOLA E SUAS CONSEQUÊNCIAS
Na última década a violência nas escolas tem preocupado o poder público e toda sociedade, principalmente, pela
forma como esta tem se configurado. O conflito e violência sempre existiram e sempre existirão, principalmente, na
escola, que é um ambiente social em que os jovens estão experimentando, isto é, estão aprendendo a conviver com as
diferenças, a viver em sociedade.
O grande problema é que a violência tem se tornado em proporções inaceitáveis. Os menos jovens, como eu, estão
assustados. Os professores estão angustiados, com medo, nunca se sabe o que pode acontecer no cotidiano escolar; os
pais, preocupados. Não é raro os jornais noticiarem situações de violência nas escolas, as mais perversas.
Não quero dizer com isso que antes não existia violência. Existia sim, e muita. “Desde que o mundo é mundo, há
violência entre os jovens”. Todos os diferentes, para o bem ou para o mal, são vítimas em potencial na escola, há
muito tempo. Brigas, agressões físicas, enfim, sempre existiram.
O que não existia antes e, que hoje tornou comum é que os jovens depredam a escola, quebram os ventiladores, portas,
vidros, enfim, tudo que é possível destruir, eles destroem. Antes, não se riscava, não murchava ou cortava o pneu do
carro do professor. Agredir fisicamente ou fazer ameaças ao mestre, nem pensar. Não se levava revolver e faca e não
se consumia drogas e álcool no interior das escolas. No meu tempo, por exemplo, nunca se ouviu falar que um colega
tinha assassinado um amiguinho na sala de aula ou que alguém tinha jogado álcool no colega e ateado fogo. Enfim,
são muitos os relatos de violência extrema no interior das escolas.
Muitas de nossas crianças e adolescente passam por violências, e ficam calados – algumas delas não têm coragem de
revelar, outras, por medo da retaliação do agressor. Essa violência entre colegas não é a única. A violência entre
professores e alunos também tem crescido. Assustadoramente, a violência de alunos contra professores é a regra
agora, e não mais o oposto. A violência não contra um ou outro, mas contra a escola mesmo, em todos os sentidos e
modos, também tem aumentado.
O que tem intrigado a todos é que esse aumento da violência veio junto com a ampliação dos direitos dos cidadãos e
com o Estatuto da Criança e Adolescente. Essa é uma questão que não devemos desprezar. No meu ponto de vista, o
Estatuto prioriza os direitos em detrimento dos deveres.
Após a promulgação do Estatuto as ações contra a violência nas escolas tem se realizado a partir da mediação,
conselhos, etc. O que, também, é muito bom. A mediação de conflitos é importante, necessária, e muitos problemas
são resolvidos, mas, muitas vezes, não basta. Junto com a mediação, infelizmente, tem que haver a punição. Vou citar
um exemplo que não é do ambiente escolar, mas por analogia podemos refletir sobre essa questão. Por exemplo, o
problema de dirigir um veículo embriagado. A conscientização é importante? Sim. Resolve? Não. É necessário
fiscalização, multa, prisão, etc.
Não estamos conseguindo resolver o problema da violência nas escolas e, isto é grave. Por quê? Falta, para isso,
entendimento, lucidez. Ou seja, falta pensamento crítico, entender o “porque” agir e “como” se deve agir. Com tais
perguntas é que os problemas podem ser amenizados. Para resolver, de fato, é preciso sair da mera indignação moral
baseada em emoções passageiras, que tantos acham magnífico expor. Aqueles que expõem suas emoções se mostram
como pessoas sensíveis, bondosas, creem-se como antecipadamente capacitados porque emotivos. Porém, não basta.
As emoções em relação à violência na escola passam e tudo continua como antes. Para isso, não podemos ver o
problema da violência sob um só viés. É preciso dialética, racionalidade, determinação e, sobretudo, a união de todos.
Podemos classificar inúmeras questões que levam a violência para o ambiente escolar. Por exemplo, os mais gerais:
diferenças sociais, culturais, psicológicas, etc. e tantas outras como: experiências de frustrações, diferenças de
personalidades, competição, etc. Também, podemos enumerar vários tipos, áreas, níveis de violência. Cada área do
saber tem o seu método próprio de análise, a Filosofia, Sociologia, Psicologia e o Direito. Hoje, sabemos que a
tendência da desfragmentação do saber é o melhor caminho a trilhar. Amultidisciplinaridade e a interdisciplinaridade é
a proposta em voga de superação da fragmentação do saber. Somente através do dialogo aliado a práxis efetiva é que
poderemos amenizar o grau de violência no interior das escolas.
Esse círculo de violência deve ter um olhar mais universal, principalmente, por aqueles que pensam sobre a educação.
É necessário ver que a violência contra a instituição escolar, contra colegas e professores e, de certo modo, a violência
dos adultos contra as crianças, também, contém elementos de caracterização bem comuns. A não aceitação das
diferenças em toda a sua amplitude – se é diferente, é hostilizado, desprezado, humilhado. E quando a vítima reage é
violentada.
A não aceitação das diferenças, também, perpassa pela escola como instituição, com seus próprios professores,
funcionários e com os próprios alunos. Essa uniformização, isto é, uniformizar o diferente, é feita com violência – em
todos os casos. E esse comportamento institucional, gera violência.
Não são raros os casos em que o professor que faz a aula diferente, ainda que seja boa, é admoestado pelo diretor. O
diretor que pensa diferente é castrado pelos supervisores ou pelo dirigente regional de ensino e, assim,
sucessivamente. O aluno que é diferente, que pergunta demais é admoestado pelo professor e, aquele que pergunta na
hora que a aula está acabando é vaiado pelos colegas. Essas são pequenas violências que alimentam as grandes
violências. Não reconhecer nesse processo é o nosso grande problema. Atualmente, vivemos um problema ético de
não reconhecimento da nossa incompetência, o problema sempre são os outros, eu não.
A escola é o primeiro ambiente social que a criança experimenta, antes disso, ou seja, na socialização primária se
restringe a família, igrejas, vizinhos, enfim, um circuito bastante restrito. É na escola, aonde ele vai, realmente,
experimentar um ambiente social – lá ele vai aprender a conviver com as diferenças e constituir um ser para si. Esse
ser é para a sociedade.
Por isso, a urgência que se tornou essencial hoje – e que muitos não percebem, é tratar a violência na escola como um
trabalho de lucidez quanto ao que estamos fazendo com nosso presente, mas, sobretudo, com o que nele se planta e
define o rumo futuro. Para isso, é preciso renovar nossa capacidade de diálogo e propor um novo projeto de sociedade
no qual o bem de todos esteja realmente em vista.
VIOLÊNCIA NAS ESCOLAS: ELA REPRODUZ AS LOUCURAS DA NOSSA SOCIEDADE
"A violência nas escolas reproduz a violência na sociedade, não é um fenômeno intramuros isolado", afirma a
coordenadora de Ciências Humanas e Sociais da Unesco no Brasil, Marlova Noleto- Por Luis Pellegrini
A violência entrou de vez no currículo escolar dos brasileiros. Só que agora, infelizmente, em vez de um saudável e
democrático conflito no campo das ideias, alunos, professores, diretores e funcionários precisam cada vez mais
conviver com agressões, ameaças e abusos.
Não é preciso ir longe para se verificar tudo isso. Basta recorrer ao buscador do Google e pedir "violência nas
escolas". Aparecem centenas de artigos, análises, denúncias, resumo de encontros e simpósios de especialistas em
ciências da educação e do comportamento, além de livros inteiros, disponibilizados gratuitamente, na tentativa de
analisar o problema e apresentar possibilidades de solução. Se você for ao Youtube, vai encontrar coisa ainda pior: é
imenso o acervo de postagens, contendo cenas às vezes alucinantes de violência destrutiva pura, com frequência
captadas e publicadas pelas câmeras celulares dos próprios alunos. Há vídeos de brigas, de bullying, de quebra-
quebras, de mutilações e até de assassinatos cometidos dentro das salas de aula e nos pátios das escolas.
Exemplos disso são dois casos de agressão ocorridos recentemente em Brasília. Na maior universidade da capital do
país, um professor acabou no hospital após ser agredido por um estudante. Em uma escola pública de ensino básico,
um aluno foi morto a facadas pelo colega.
Violência não é fenômeno isolado - "A violência nas escolas reproduz a violência na sociedade, não é um fenômeno
intramuros isolado", afirma a coordenadora de Ciências Humanas e Sociais da Unesco no Brasil, Marlova Noleto.
Segundo a educadora, os ambientes escolares deixaram de ser lugares protegidos e muitos pais perderam a
tranquilidade ao levar os filhos à escola. Ela destaca que a ausência de regras claras de convivência entre alunos e
professores contribui para o aumento da violência.
Para o professor da faculdade de Educação da Universidade de Brasília e da Universidade Católica Célio da Cunha, há
uma profunda crise de valores humanos. "A violência na escola vem da Idade Média, é uma prática inconcebível no
século 21. A escola tem que refletir uma cultura de respeito, da merendeira ao diretor", diz. Cunha defende que é
preciso recuperar a dimensão humana da educação, que foi transformada em um negócio.
A educadora Marlova Noleto aponta para a importância de um bom clima na escola. "Na escola, aprendemos não só a
ser,mas a fazer, a viver juntos e a conhecer. Um conjunto de regras e valores educam para a vida, não educam apenas
no ambiente escolar", acredita. A especialista reconhece que, em primeiro lugar, é preciso que o professor goste do
que faz. "Ensinar é um ato de amor e é sempre uma via de mão dupla. É preciso estar aberto para ensinar e aprender",
aponta.
"Na maioria dos casos, o aluno reproduz na sala de aula aquilo que vive em sua própria casa, no convívio com a
família, e nas ruas. Há, de modo geral, uma crescente banalização da má educação, uma ausência de consciência de
limites, uma violência instalada nos lares. Reflexo de um fenômeno que se alastra por toda a sociedade", opina a
matemática Nelma Pellegrini Franco, que amargou trinta anos de magistério em escolas públicas de São Paulo.
Estimular o respeito à diferença ´- Em muitos casos, a violência na escola é decorrente do medo de ser reprovado
ou de ameaças que o aluno sofre em casa. Marlova Noleto diz que é preciso incluir as famílias no processo de
educação e ajudar as crianças desde cedo a desenvolver um sentido ético. "Quando estimulamos nossos alunos a
respeitar a diferença, estamos também evitando a violência", observa. Em última instância, destaca Marlova, a
educação deve propiciar também a satisfação dos alunos. "Se o processo de aprendizagem não trouxer também
felicidade, dificilmente aprenderemos com qualidade", afirma.
Para Miriam Abramovay, coordenadora da área de Juventude e Políticas Públicas da Faculdade Latino-Americana de
Ciências Sociais e coordenadora de pesquisas da Unesco (Organização das Nações Unidas para a educação,a ciência e
a cultura), os conflitos são resultado de relações sociais ruins e da falta de diálogo. Pesquisadora do tema há mais de
dez anos, Miriam defende a criação de políticas públicas de prevenção da violência escolar, diagnóstico dos problemas
e a formação específica de professores: "Um bom professor é o que ensina bem a disciplina, mas também que sabe ser
amigo, que sabe entender o que é ser jovem".
Em recente entrevista à jornalista Marcelle Souza, do Portal UOL, Miriam Abramovay diz que a escola deve ser
espaço de proteção e não de violência:
Aumentaram os casos de violência na escola? Eu acho que não dá para dizer que aumentou ou não a violência no
ensino. Não existe nenhuma pesquisa que abarque todo o Brasil e que faça uma avaliação do que aconteceu nesses
últimos dez anos sobre a violência nas escolas. Se você pegar os casos de violência em geral ou de mortalidade dos
jovens, a situação é cada ano pior. Então, é óbvio que por um lado a escola recebe essa influência, mas por outro ela
também produz violência, que são muito específicas do âmbito escolar.
A ciberviolência e a divulgação de vídeos de violência na internet aumentaram a sensação de violência?
Eu acho que é uma questão muito importante e a escola não tem as ferramentas mínimas para poder prevenir esse tipo
de violência. A escola é muito centrada em si mesma, no que pensam os adultos. Em segundo lugar, ela não sabe o
que acontece na vida desse jovem. Colocar uma coisa na internet é uma forma de exibicionismo e nós vivemos numa
sociedade do espetáculo. Isso tem um valor muito grande, principalmente para o jovem.
O que motiva os atos de violência na escola hoje em dia? Brigar, eles sempre brigaram, isso sempre aconteceu.
Mas eu acho que estamos vivendo um fenômeno da exacerbação da masculinidade e da cultura da violência. Aparece
aquele que é mais violento, que sabe brigar melhor. Eu digo masculinidade, mas é para garotos e garotas. Aí também
entra o uso das armas, porque a arma é símbolo de força e de poder.
Qual é o principal motivo do conflito entre professores, alunos e diretores?
Eu acho que as relações sociais -- aluno-aluno, aluno-professor e professor-diretor-- estão muito ruins. Ainda acho que
as mais complicadas são as relações com os adultos. Isso porque a escola é muito centrada nela mesma e muito pouco
do que se propõe é dialogar com os jovens. Eu acho que isso cria um clima muito ruim. Nós estamos fazendo uma
pesquisa e percebemos que o professor que os alunos mais gostam coincide com a matéria que eles mais gostam. Ou
seja, a relação entre o professor e os jovens ainda é muito importante. Um bom professor é o que ensina bem a
disciplina, mas também o que sabe ser amigo, que sabe entender o que é ser jovem.
Por que ocorrem casos de abuso sexual dentro da escola?A escola não é uma torre de marfim, ela também reproduz
as próprias loucuras da nossa sociedade. Eu acho que tem ainda o abuso dos professores e das professoras relacionado
à fragilidade do que é ser adolescente. Nós temos uma postura de negação a tudo o que é jovem, no sentido de não ser
positivo. Por outro lado, existe admiração, porque são bonitos e estão vivendo coisas que os adultos já viveram, o que
causa muito fascínio em muitos professores também. Acho que é uma falta de limite desses professores e professoras e
uma falta de autoridade. A escola tinha que ser um local de proteção e não de reprodução dessa violência. Você
pesquisa a violência escolar desde o início dos anos 2000.
Algo mudou nos últimos dez anos? Eu acho que muito pouco, infelizmente, porque os tipos de comportamento vêm
se repetindo. Nós não temos políticas públicas efetivas, diagnósticos importantes sobre esse tema. Nós não temos
formação de professores, o que é fundamental, porque eles não tiveram isso na sua formação.
Qual é o papel da escola no combate ao bullying? Eu acho que a escola tem que prestar atenção no que está
acontecendo com ela: como se dão as relações entre os alunos, as relações com os professores, em todos os fenômenos
da violência, que são ameaças,a entrada de armas na escola, a homofobia, a violência de gênero... A escola tem que se
dar conta disso.
Como combater a violência escolar em comunidades em que a violência já faz parte do cotidiano?
Uma escola que está num local de violência não obrigatoriamente é violenta. A escola tem uma violência de fora para
dentro, mas tem a violência que ela produz. Então, você pode ter um lugar supertranquilo em que a escola é
superviolenta. E vice-versa. A escola tem as suas próprias características, não é uma consequência direta do que
acontece fora dela. Não obrigatoriamente a comunidade tem interferência nas relações entre os alunos, no racismo, na
homofobia, em como os professores tratam os alunos, porque isso pode ser violência também. Se você tem uma
concepção de violência como só a violência dura, que é a entrada de tráfico e de armas nas escolas, então você tem
razão, quanto mais a comunidade é violenta mais a escola é violenta. Mas se você tem uma concepção de que
violência é uma coisa mais ampla, que existe uma violência simbólica, não obrigatoriamente a comunidade vai fazer
com que as relações sociais sejam piores. Dependendo dos professores, dos alunos, da relação com a família, a escola
pode ser um lugar de proteção, independente do bairro ou da comunidade ser violenta ou não.
Há uma relação entre a participação dos pais e a violência escolar? Nós fizemos uma pesquisa há muito anos que
mostrava que quanto mais havia a participação dos pais na escola mais a escola poderia se tornar uma escola protetora.
Ou seja, abrir as portas para os pais, os pais buscarem entender o que está acontecendo com os filhos, pedirem ajuda,
[fazer com] que essa relação escola e família não seja de competição, é fundamental para o clima escolar.
Em que momento a polícia pode entrar na escola? Está acontecendo um fenômeno hoje que é a judicialização da
educação. Quer dizer, a escola joga para a Justiça seus principais problemas. A polícia tem que entrar na escola
quando a violência é dura, quando existe droga e armas dentro da escola. Senão, não existe nenhum sentido de a
polícia estar dentro da escola. Mas está acontecendo o contrário, quer dizer, o conselho tutelar a toda hora é chamado
por coisas mais banais que acontecem. O que a escola está dizendo é "eu não tenho autoridade de resolver os meus
problemas e vou chamar a polícia para isso".
Qual é o papel do Estado na redução da violência nas escolas?
Eu acho que nós temos que ter uma política pública sobre esse tema, que abarque diagnósticos, formação de
professores. Não adianta só ter pequenos programas, nós temos que ter políticas para a gente saber o que está
acontecendo, depois pensar muito na formação de professores, para eles saberem o que fazer.
A INDISCIPLINA E AGRESSIVIDADE NO CONTEXTO FAMILIAR E ESCOLAR
Temos que trazer e despertar o interesse de pais e educadores os limites da disciplina numa maneira bem-humorada e
realista, mostrando que pai ou professor, é o educador, e não pode se esquivar da tarefa de apontar na medida certa os
limites para que os jovens se desenvolvam bem e consigam viver bem em harmonia.
As crianças aprendem a comportar-se em sociedade ao conviver com outras pessoas, principalmente com os próprios
pais. A maioria dos comportamentos infantis é aprendida por meio da imitação, da experimentação e da invenção.
È preciso lembrar que uma criança, quando faz algo pela primeira vez, sempre olha em volta para ver se agradou
alguém. Se agradou, repete o comportamento, pois entende que agrado é aprovação, e ela ainda não tem condições de
avaliar a adequação do seu gesto.
A força dos pais está em transmitir aos filhos a diferença entre o que é aceitável ou não, supérfluo, e assim por diante.
O professor também perdeu a autoridade inerente à sua função.
É preciso continuar investindo na melhoria da qualidade do ensino em nossas escolas, para isso é fundamental o maior
interesse das políticas públicas na educação, incentivando a formação e aperfeiçoamento do quadro docente,
realizando melhorias do espaço físico das escolas, além de contar com a participação efetiva da família e da
comunidade.
Quando o limite é apresentado com afeto, a criança o aceita mais facilmente. Sem dúvida, não é um trabalho fácil, mas
geralmente funciona. Além da família, cabe à escola este papel. Afinal, os educadores continuam a deter parte
considerável da responsabilidade pela formação da criança.
Nos tempos atuais, família e escola parecem perder o poder e o espaço que tiveram outrora no sentido da formação do
individuo. As crianças começaram a entrar mais cedo na escola, fato que pode favorecê-las ou desfavorecê-las,
dependendo do acompanhamento escolar e familiar realizado. Caso a criança seja bem acompanhada, esse ingresso
prematuro na instituição pode ajudá-la a se desenvolver melhor em todos os aspectos: sociais, cognitivos, etc. Porém,
se a família coloca-a na escola, mas não acompanha pode gerar na criança um sentimento de descaso em relação ao
seu desenvolvimento.
Em outras ocasiões pode-se criar uma criança autoritária e desobediente por culpa dos próprios pais que por
trabalharem demais e estarem ausentes da rotina do filho permitem, por um sentimento de culpa, que a criança faça
tudo que desejar. Tal comportamento dos pais é prejudicial à própria criança, que fora do ambiente familiar não
encontrará tamanha facilidade. A escola por sua vez, também procura subterfúgios para “escapar” da culpa pelos
possíveis fracassos escolares de seus alunos, entre as desculpas mais freqüentes esta a de culpar os pais pela falta de
tempo no convívio com os filhos. Fato que acaba gerando alunos com problemas de aprendizagem, relacionamento,
etc.
Cabe a sociedade, não só aos setores ligados à educação, através de pequenas ações o cotidiano da escola e da família,
para que esta compreenda a importância dos objetivos traçados pela escola, que deve tornar possível ao aluno
aquisição de conteúdos de forma mais atraente. A renovação de conteúdos de forma suscita a renovação dos métodos e
das relações entre professores e alunos, das obrigações e da disciplina. Com a inovação dos métodos, os conteúdos não
podem se tornar inconscientes, pois, devem proporcionar condições de conduzir a satisfação. A escola, enquanto
instituição, já traz embutido o conceito de ordem, a necessidade de disciplina, utilizando-se de certas punições a fim
de manter a ordem já estabelecida e tornar o aluno obediente e passivo como forma de dominação, nesse sentido, a
escola acaba reduzindo a indisciplina e a agressividade do aluno.
Partimos do princípio de que nenhuma criança nasce agressiva, ela torna-se de acordo com o meio, pois limite e
disciplina transitam no caminho do afeto e da liberdade, e isso se reflete nos locais onde ela se insere. Segundo Içami
Tiba (1996, p.173) O maior estímulo pata ter disciplina é o desejo de atingir um objetivo.
Em termos operativos e sociais, o comportamento de qualquer cidadão deve estar baseado pelo menos em cinco
princípios: Gratidão, Disciplina, Religiosidade, Cidadania e Ética. Estes valores devem estar presentes nos processos
educativos familiares e escolares.
O desenvolvimento da indisciplina corresponde ao surgimento de um controle interno, uma obediência às regras que
não dependa mais exclusivamente do controle dos pais ou de outras pessoas. Isso implica a assimilação racional das
regras, o que faz surgir a reciprocidade, o respeito mútuo que vem a ser a capacidade de respeitar o outro e por ele ser
respeitado.
1.1 Características da indisciplina e da agressividade
O comportamento de uma pessoa obedece a atitudes e valores mais ou menos internalizados. Os problemas de
disciplina, que também podem ser chamados “de convivência”, nas escolas, são um reflexo de uma crise de valores
que está se produzindo em nossa sociedade em geral, e claro, na escola como subconjunto institucional criado por esta
sociedade. Em um mundo cada vez mais globalizado, a informação chega diariamente aos lares, mostrando uma
infinidade de cenários de violência. Ao mesmo tempo, a família como instituição esta demonstrando fortes mudanças
com a incorporação da mulher ao trabalho e a cada vez mais frequente separação dos casais, transformando-se em
mono parentais, no próprio lar, muitas crianças aprendem sobre a violência e os maus tratos, a falta de respeito com os
mais velhos etc. Na rua, a aprendizagem do darwinismo social, a assunção de determinismos e contra-valores para a
sobrevivência e a estima no bairro e no grupo.
Para os estudantes de hoje a escola não tem o mesmo significado de algumas décadas atrás, pois boa parte já assumiu
o seu meio de visão que não será assegurado mediante os estudos, e que aqueles que têm expectativas de estudos
superiores advertem as dificuldades existentes hoje para encontrar emprego dentro de sua qualificação. Não nos
surpreende que o estudante mais afetado por estes cenários, e ainda mais se, como já ocorre em muitos países, à
escolaridade fundamental é obrigatória para toda a população, eventualmente mostre conatos de comportamento
indisciplinado, violento, desrespeitoso e de ruptura. A escola não pode por si só modificar as causas que originam este
problema, mas pode fazer o possível para não contribuir para isto e, pelo contrario, apresentar um quadro amigável,
dialogador, pacifista, democrático e um currículo integrado, baseado em seus interesses e suas vivencias. De acordo
com Içami Tiba (1996, p. 165) O aluno que não respeita os outros precisa ser educado ou ser tratado.
Isto nos leva a considerar que os problemas “de convivência” irão aparecer sempre, porém o importante não é só
evitá-los, mas manejá-los de maneira educativa. Assim, em uma análise das características de indisciplina e
agressividade mais frequentes entre os estudantes, aparecem às seguintes:
a) Incompetência emocional, grande parte dos problemas de violência provém de uma falta de controle das emoções;
b) Aumento do individualismo, do egocentrismo, impedindo o aluno de ver o outro como um mediador na busca do
conhecimento escolar, seja o outro professor ou o colega nas trocas indispensáveis nos trabalhos em grupo. Tentativas
constantes de fazer a aula girar em torno de seus interesses e idéias;
c) Desapego da escola, as mesmas atitudes individualistas e a falta de sentido de cooperação levam a um desapego do
aluno a respeito da instituição escolar como micro sociedade na qual convive em grande parte do tempo;
d) Condutas violentas, a aprendizagem da violência, em um contexto no qual esta aparece como única forma de
solução dos conflitos leva a atitudes e comportamentos violentos, o que freqüentemente é potencializado pela
incompetência emocional anteriormente assinalada;
e) Ausência de limites sociais gerando interrupções inoportunas, confusões, conflitos em sala de aula que perturbam o
ambiente externo adequado a uma boa aprendizagem;
f) Desvalorização, desqualificação do professor, da situação escolar, dos conhecimentos escolares;
g) Tendência à intolerância, os contra-valores mencionados, de individualismo, competitividade, falta de
solidariedade, etc., freqüentemente levam também a uma intolerância com o diferente;
h) Tensões, grande ansiedade junto com a conduta indisciplinada causando alterações no foco de atenção,
atrapalhando a memória imediata e do meio prazo em testes e provas, perturbando as construções de relações lógicas
apoiadas nas informações do momento e nas anteriores;
i) Atenção dispersa, dividida, voltada para as brigas, trapaças, roubos, etc., em que esteja envolvido direta ou
indiretamente, ou seja, simples “torcedor” na sala de aula ou fora dela;
j) Perda de aulas por atraso ou retirada de sala por indisciplina ou ainda suspensões disciplinares, gerando
descontinuidade na construção de determinados conhecimentos;
k) Não cumprimento de tarefas escolares fora do horário regulamentar que auxiliariam na desejada fixação e
ampliação de conteúdos programáticos que seriam suportes para novos conhecimentos posteriores;
1.2 Razões da indisciplina e da agressividade
Desde alguns anos atrás,vai instalando-se em nossas sociedades, e de maneira especial em nossas escolas, a convicção
de que os estudantes vão sendo cada vez mais indisciplinados e mal-ducados, mostrando comportamentos que
interrompem o clima acadêmico da escola, quando não protagonizam agressões verbais e físicas, furtos, destruição do
mobiliário, etc.O fato de que na escola surjam problemas de convivência não é nada novo. Sempre tem acontecido, se
bem que o seu tratamento tem estado muito centrado nos aspectos punitivos e na seleção.
Pressupõe uma visão pobre ou psicologista das causas de problema, atribuindo-se à falta de interesse do aluno, à sua
escassa capacidade, sua preguiça, ou inclusive, ao seu “caráter violento” etc., ou então se explica pela sua origem
(classe social, raça, etc.), assumindo-se que os problemas sempre surgirão a partir destas classes sociais porque
carecem de uma adequada educação,não tem expectativas de estudos posteriores, etc. No entanto, estes problemas são
multicausais e têm sua raiz não apenas no ambiente social e nas mudanças socioeconômicas que vão se produzindo,
diante dos quais as crianças são mais vulneráveis do que os outros, quanto as suas expectativas de futuro. Segundo
Içami Tiba (1996, p.79) A educação escapou ao controle da família porque, desde pequena a criança já recebe
influências da escola, dos amigos, da televisão e da internet.
A agressividade aqui colocada está focalizada como uma das manifestações da indisciplina e apresenta as seguintes
razões:
a) Excesso de repressão, professor autoritário em classe, regras rígidas na escola, intolerância, etc. Podem provocar
uma natural onda de revolta principalmente naqueles que não sejam passivamente submissos e queiram saudavelmente
participar das atividades. Assim a indisciplina pode surgir como não aceitação do absolutismo e autoritarismo
excludente. A repressão não educa;
b) Excesso de liberdade, professor e família permissivo em classe, escola sem direção, ausência de regras também na
escola, etc. Quando os alunos ficam entregues aos próprios critérios de convivência os mais abusados podem não
respeitar as autoridades naturais inerente aos educadores nem poupam os próprios colegas. Ausência de limites
também não educa;
c) Pais desinteressados no aprendizado, mas querem aprovação, são pais retrógrados que mandam os filhos para a
escola para serem aprovados e não aprenderem a ampliar o seu mundo e crescer. O que lhes interessa é o diploma. O
que faltar futuramente aos filhos os pais está disposto a supri-los. Assim os filhos estudam o suficiente para passar de
ano. Então eles sendo preparado para o futuro trabalharem o suficiente para não serem despedidos quando empregados
e/ou pagarem o mínimo necessário para seus empregados não os abandonarem, caso sejam empregadores;
d) Pais que terceirizam para Escola a educação dos seus filhos, hoje há pais que por perderem suas referencias
educativas delegam à escola a responsabilidade de educar os seus filhos. Para a escola, os alunos são meros
“transeuntes curriculares” isto é, mudam de escola num piscar de olhos por qualquer motivo e saem da escola quando
terminam o curso. Mais para os pais, os filhos são para sempre. Filhos são como navios. Os pais são os estaleiros que
fabricam os navios e a escola vai capacitá-los através de instrumentos que vão auxiliá-los a navegar pelos mares
muitas vezes desconhecidos dos seus próprios pais. Portanto escola e pais têm funções diferentes, mas
complementares. Os pais não devem jamais abrir mão de educar seus filhos. Como ninguém consegue dar o que não
tem, é importante que os pais sejam progressivos e se preparem para poder dar uma boa educação aos seus filhos. São
retrógados os pais que por encontrarem dificuldades abandonam suas funções e passa a ser muito cômodo poder
cobrar dos outros as suas próprias falhas, estas falhas vão gerar indisciplina;
e) Drogas, um grande problema que infelizmente esta aumentando, sejam elas licitas ou ilícitas, elas prejudicam o
desempenho escolar e relacional dos alunos. O usuário fica à mercê dos seus defeitos químicos e sua vontade já não
esta mais sob o seu controle. Assim ele passa a fazer o que a droga lhe permite. Uma das primeiras estruturas a serem
tiradas de função é o superego. È ele que nos torna adequado a diversos meios que freqüentando e consigamos ter
força de vontade e produtividade.
Na ausência, o usuário fica mais a disposição dos seus instintos e vontades que não combinam com o assistir aulas,
fazer provas, respeitar outras pessoas como professores, colegas, etc. è importante que os educadores estejam
preparados, no mínimo informados, para lidar bem com seus usuários;
1.4 Evidências da agressividade na família
Ninguém desconhece que a falta do amparo familiar, mais precisamente a carência afetiva durante a infância, pode
conduzir a uma deterioração integral da personalidade, e consequentemente do comportamento. Segundo ensinam os
psicólogos, os comportamentos de cuidado maternos são tão indispensáveis para o futuro da criança que, na sua falta,
se encontram as raízes fundamentais do desajuste infantil, que acaba no adulto desajustado. Quando o relacionamento
familiar é precário, certamente irá influenciar nos relacionamentos sociais de seus membros, principalmente dos
filhos.
Alguns pais não têm noção do mal que causam aos seus filhos quando não estabelecem limites para eles, atendendo
todos os seus desejos sem questioná-los, crianças que não sabem controlar suas vontades, provavelmente não saberão
lidar com problemas corriqueiros do seu dia-a-dia.
Segundo Içami Tiba (195, p. 43) Quando falha o grande controlador, que é a família, representada na figura dos pais,
os abusos começam a acontecer. E, quando um abuso é bem sucedido, ele se estende para social, na delinqüência, na
compulsão pelas drogas. Quando a família deixa o filho fazer sempre suas vontades, este com certeza criará problemas
futuros., essa forma de educar os filhos, baseado no amor incondicional sem estabelecer as devidas restrições, dizendo
com firmeza não e sim na hora certa, com explicações moderadas e objetivas estão levando as crianças a se tornarem
jovens automaticamente dependentes, sem autocontrole e inseguros, incapazes de solucionar problemas que surgem na
dinâmica de sua própria vida, sem perspectiva de uma vida futura progressiva, sem realizações enriquecedoras e
positivas. Tendo em vista que o ser humano é por excelência insaciável, seus instintos de necessidades infinitas não
são trabalhados e contidos por regras e pulso firme de seus pais, quando adultos, estarão sempre insatisfeitos com sua
própria vida e com o mundo.
A ausência de limites, instituídas na educação familiar por pais demasiadamente tolerantes, fecunda conseqüências
desastrosas, produzindo crianças indisciplinadas, extremamente agressivas, insolentes, rebeldes, por conseguinte
vivem sempre em conflitos internos, demonstram insegurança em tudo realizam, crescem ampliando paralelamente
sentimentos nada plausíveis, como o egoísmo e a intolerância, pois estão sempre convictos de que as pessoas que os
rodeiam, que matem contato independente de que seja sua mãe ou não, estarão a sua disposição para satisfazer suas
necessidades. (Santos, 2002, p. 46)
Geralmente, pais que satisfazem todos os desejos instintivos de seus filhos, superprotegendo, afirmam que fazem tudo
para vê-los alegres, com efeito, ao verem que as ações de seus filhos são antagônicas as suas expectativas, cometem
atitudes irresponsáveis, não respeitam os outros provocam brigas em qualquer ambiente ao mesmo tempo em que não
desempenham com dignidade e de forma espontânea as atividades escolares e extra-escolares. Içami Tiba (1995),
comenta que a disciplina é algo vivo, que confere satisfação nos próprios atos de se organizar, de realizar e do colher.
Cada etapa precisa ter a própria satisfação para animar a pessoa a seguir em frente.
Souza (2001), diz que é impossível a permanência de coesão familiar sem alguém que exerça com segurança e
continuidade o princípio aglutinador da autoridade respeitosa, e estimulando as dimensões das possibilidades se as
crianças são capazes de realizar, seus potenciais que estão escondidos e que com esforço desabrocharão, tornando-se
um ser maduro e fortificador. A satisfação consigo mesmo, depende em última instância do bom uso da liberdade
aprendia desde a infância.
Pelo exposto, pode-se compreender que, a firmeza dos pais, sendo proteção contra o domínio do capricho e fonte de
bem estar, tendo em vista que irá permitir quando jovens a conscientizar-se de suas tendências, de conhecer a si
mesmo e dos outros, o progresso intelectual e equilíbrio emocional consciente, o significado da responsabilidade.
A interiorização das boas condutas não acontece por si só, exige de pais a autoridade equilibrada dizer sim e não nos
momentos apropriados em função da firmeza, do bom senso e da integridade no caminho da vida, baseando nesses
preceitos, vale ressaltar que é conveniente dar oportunidade nas circunstâncias oportunas de os filhos expressarem
seus aborrecimentos contra eventuais injustiças e incompreensões do dia-a-dia.
1.5 Evidências da indisciplina e agressividade na escola
A indisciplina e a agressividade manifestam-se de diversas formas na vida de um estudante, e apesar da bagunça e do
barulho não serem as únicas formas, são elas as formas que mais se destacam na sala de aula. Pois quase sempre a
indisciplina passa a ser vista como um problema quando a sala começa “a pegar fogo”, ou seja, quando sofrem
influência no comportamento dos alunos e é percebida na “bagunça”, no “barulho”, na “falta de atenção” e de forma
mais agravante na agressividade. Nessas horas, é que realmente a preocupação do professor cresce e o faz pensar
sobre a indisciplina do aluno.
Ações indisciplinadas na escola são traduzidas em comportamentos como: empurrar e bater nos colegas, destruir ou
pegar seus materiais e trabalhos, sair dos seus lugares e da sala de aula com freqüência e sem permissão, pedir para ir
toda hora ao banheiro, conversar muito durante as explicações do professor, dispersão ou negação em participar das
atividades. Tais atitudes acima citadas não violam as normas legais da sociedade, caracterizam-se por atos que afetam
a vida das escolas, mas estão longe de serem consideradas ações delinqüentes e/ou patológicas. De acordo com Içami
Tiba (1996, p.178) O exemplo é muito importante na educação. Quem sabe fazer, aprendeu fazendo.
Na verdade, a indisciplina poderia ser percebida muito antes de tornar-se um problema de comportamento como a
bagunça ou a agressividade, que são formas de expressão da total falta de respeito com os estudos. O não
acompanhamento das aulas já é um forte indício de indisciplina. Se os professores partirem do princípio que todo
aprendiz quer aprender (mesmo quando esta vontade está escondida no consciente), então, pode concluir que o
mínimo de organização e disciplina o aluno apresente para alcançar o aprendizado. A ausência de disciplina e a falta
de organização nos estudos começam a aparecer quando o aluno começa a perder essa vontade intrínseca de querer
aprender, e com o passar do tempo tornar-se um enfado, ou seja, deixa de ser vontade e passa a se quase um sacrifício.
Um mesmo ato indisciplinado acaba tendo a mesma conseqüência para alguém que agiu pela primeira vez e para o
reincidente. Apenas com o desenvolvimento da capacidade cognitiva e com a experiência no grupo social é que o
adolescente começará a ser capaz de julgar o certo e o errado, considerando as circunstâncias. Tudo isso para
demonstrar que a caminho, sedimentado com coerência, consistência e a intervenção sistemática da escola, família e
sociedade. Por isso a influencia da agressividade e da indisciplina no processo de ensino-aprendizagem será melhor
trabalhada e superada com a união de todos os responsáveis neste processo, tendo como objetivo principal a formação
integral do indivíduo.
2.1 Preparo do professor para lidar com alunos-problemas
Estamos vivendo um momento de desafio em nossas escolas, assistimos um aumento considerável da indisciplina e
atos violentos, bem como as preocupações de professores e pais em relação ao comportamento escolar dos alunos,
precisando ser melhor refletido e enfrentado.
O professor precisa desempenhar seu papel, o que inclui disposição para dialogar sobre objetivos e limitações e para
mostrar ao aluno o que a escola (e a sociedade) espera dele. Só quem tem certeza da importância do que está
ensinando e domina várias metodologias consegue desatar esses nós. De acordo com a psicóloga e pesquisadora em
educação Tânia Zagury (Revista Nova Escola, edição nº149, jan./fev.02) Quando há relacionamento de afeto e um
professor atencioso, qualquer caso pode ser revertido em pouco tempo.
Acreditamos que esses alunos-problemas têm um porquê e um para quê e nós precisamos nos ajudar, porque sozinhos
não conseguiremos ser uma escola de fato. Uma escola que pensa na vida, partindo da vida das pessoas... Está na hora
de repensarmos o processo, a teoria que nos embasa, o currículo, a gestão e o conselho escolar; de repensarmos se
estamos apenas brincando de democracia. Ser professor nunca foi uma tarefa simples. Hoje, porém, novos elementos
vieram tornar o trabalho docente ainda mais difícil. A disciplina parece ter-se tornado particularmente problemática.
Na escola são vistas como alunos problemas, em casa como bagunceiras ou, dependendo do caso, distraídas. Essa é a
realidade de crianças com sintomas de inquietação, baixo rendimento escolar, dificuldade nos relacionamentos,
ansiedade, agressividade e resistência a receber ordens.
Segundo Gadotti (1995), são necessárias algumas diretrizes básicas, dentre as quais estão: a autonomia da escola,
incluindo uma gestão democrática, a valorização dos profissionais de educação e de suas iniciativas pessoais.
Oportunizar uma escola de tempo integral para os alunos, bem equipada, capaz de lhe cultivar a curiosidade e a paixão
pelos estudos, a curiosidade e a paixão pelos estudos, a valorização de sua cultura, propondo-lhes a espontaneidade e o
inconformismo. Inconformismo traduzido no sentimento de perseverança nas utopias, nos projetos e nos valores,
elementos fundadores da ideia de educação e eficazes na batalha contra o pessimismo, a estagnação e o
individualismo.
O preparo e bom senso do professor é o elemento chave para que essas questões possam ser melhores abordadas. A
problemática varia de acordo com cada etapa da escolarização e, principalmente, de acordo com os traços pessoais de
personalidade de cada aluno. De um modo geral, há momentos mais estressantes na vida de qualquer criança, como
por exemplo, as mudanças, as novidades, as exigências adaptativas, uma nova escola ou, simplesmente, a adaptação à
adolescência. As crianças e adolescentes como ocorrem em qualquer outra faixa etária, reagem diferentemente diante
das adversidades e necessidades adaptativas, são diferentes na maneira de lidar com as tensões da vida. É exatamente
nessas fases de provação afetiva e emocional que vêem à tona as características da personalidade de cada um, as
fragilidades e dificuldades adaptativas.
Os alunos podem trazer consigo um conjunto de situações emocionais intrínsecas ou extrínsecas, ou seja, podem trazer
para escola alguns problemas de sua própria constituição emocional (ou personalidade) e, extrinsecamente, podem
apresentar as conseqüências emocionais de suas vivências sociais e familiares. Como se sabe, a escola é um universo
de circunstâncias pessoais e existenciais que requerem do educador, ao menos uma boa dose de bom senso, quando
não, uma abordagem direta com alunos que acabam demandando uma atuação muito além do posicionamento
pedagógico e metodológico da prática escolar. O tão mal afamado "aluno-problema", pode ser reflexo de algum
transtorno emocional, muitas vezes advindo de relações familiares conturbadas, de situações trágicas ou transtornos do
desenvolvimento, e esse tipo de estigmatização docente passa a ser um fardo a mais, mais um dilema e aflição
emocional agravante. Para esses casos, o conhecimento e sensibilidade dos professores podem se constituir em um
bálsamo para corações e mentes conturbados, essas crianças geralmente são incompreendidas tanto em casa como na
escola. Também costumam ser marginalizadas e isoladas pelos colegas. Nesse caso, é importante que a escola ofereça
atendimento e acompanhamento personalizado, para estimular o crescimento pessoal e social dessas crianças,
educação deve ser uma parceria, senão não funciona.
2.2 - Atitudes docentes para melhoria comportamental dos alunos
Um aluno que tenha uma autoimagem negativa, que se considera um fracassado, mesmo reconhecendo a sua
dificuldade, provavelmente vai buscar nas outras pessoas que estão ao seu redor responsabilidade pelo seu fracasso?
Dirá que o professor é chato, ou que a matéria não serve para nada ou mesmo que os colegas é que são ruins. Esse
aluno acaba por desenvolver comportamentos problemáticos na sala de aula, ou torna-se indisciplinado.
Para lidar com a indisciplina, em primeiro lugar, é importante que o professor garanta em sua relação com os alunos
condições igualitárias de participação, proporcionando diferentes contribuições para o processo de aprendizagem. Na
verdade, a questão da indisciplina ou da disciplina tem sido muitas vezes utilizada para justificar práticas autoritárias
por um lado e, de outro, estimular uma espécie de domínio por parte os aluno, o que prejudica o projeto pedagógico da
escola.
Em segundo lugar, fazer da inquietação, da agitação e da movimentação elementos que possibilitem o ato de conhecer.
Transformar o que aparentemente denominamos indisciplina em disciplina poderá estar construindo, na interação da
sala de aula, o surgimento da criatividade e o nascimento do novo.
Você pode observar que tanto o aluno “problema” como o aluno “excelente” possuem uma característica comum, que
é o querer se mostrar, ou tornar-se visível. Eles se tornam visíveis, nos fazendo felizes ou nos fazendo sofrer. É
importante notar que, enquanto esses tipos de aluno aparecem mais, os outros, considerados “normais”, correm o risco
de cair em uma zona sombria, do esquecimento. Não podemos nos esquecer de que cada aluno é singular, único,
diferente do outro.
O fato de dar importância apenas aos aspectos considerados negativos ou positivos do comportamento de um aluno
pode fazer com que não prestemos atenção na relação que estamos construindo com ele dia-a-dia. Essa postura
provavelmente fará com que evidenciamos uma prática muito comum, que é a superficialidade com que a escola ou
cada um de nós se relaciona com os outros, com o saber e com a própria vida. Dessa maneira, aquilo que
consideramos problema, na nossa relação com os alunos, deve ser transformado em um momento de reflexão sobre
nossa prática, sobre as dúvidas que aqueles alunos-problema fazem nascer em nós a respeito de nosso papel de
professores-educadores. Cabe então, ao professor, enquanto educador, participar da formação de seus alunos,
garantindo uma relação que evite que uns se calem, outros apenas obedeçam e outros dominem, estabelecendo
condições para a colaboração, a compreensão mútua e uma boa comunicação.
A intervenção do professor é fundamental para que as interações sociais que acontecem na sala de aula façam parte da
formação de todos os que dela participam. É importante fornecer aos alunos referencias que possibilitem uma relação
de confiança e respeito mútuo para que as questões afetivas, emocionais, presentes no processo de aprendizagem,
possam ser discutidas e ressignificadas.
3. AÇÕES PREVENTIVAS DA INDISCIPLINA E AGRESSIVIDADE ATRAVÉS DE TEMAS
TRANSVERSAIS
A indisciplina e a agressividade representam um dos principais fenômenos que geram dificuldades no contexto
escolar. Esse fato vem se agravando de tal forma que nem a escola, nem a família conseguem solucionar o problema.
Tal fenômeno é caracterizado de diversas formas, porém, as idéias acerca desse tema estão longe de serem
consensuais. Procuramos discutir os sentidos atribuídos por alunos do ensino fundamental ao fenômeno “indisciplina e
agressividade escolar”, as causas que são consideradas por eles como geradoras desse fenômeno e a avaliação das
medidas que estão sendo tomadas para resolver ou amenizar o problema. Partimos do pressuposto que, se desejamos
intervir na realidade educacional, devemos conhecer, de antemão, a forma como os sujeitos que estão envolvidos
nessa realidade compreendem os dilemas que vivenciam e as alternativas de modificação dessa situação. Piaget (1977,
p. 435) define as normas morais "como regras racionais de acordo mútuo”. Uma norma é boa quando satisfaz as "leis
da reciprocidade" e para reconhecer se uma norma é boa, a criança "terá de colocar-se numa perspectiva que se
harmonize com outras perspectivas."
Os sentidos atribuídos pelos alunos ao fenômeno refletem uma pluralidade de terminologias. Não é um problema que
poderá ser resolvido de forma isolada, somente abrangendo a esfera escolar. Faz-se necessário uma aproximação
maior entre a escola, a família e as esferas públicas, como o conselho tutelar, as promotorias de infância e de
adolescência, as universidades (professores e, principalmente, os acadêmicos que estão em formação em diferentes
áreas), visando um trabalho integrado, não apenas discutindo as dificuldades existentes no contexto escolar, mas com
a inserção desses novos olhares possibilitarem uma ressignificação das formas e modelos de intervenção nesse
contexto.
Evidentemente, os alunos devem aprender desde a mais tenra infância a abrir mão, em alguns momentos, da realização
direta de seus desejos, para que possam estar em grupo e viver numa comunidade (no caso as classes de aula).
Todavia, um dos papeis de educador não é exatamente o de possibilitar esse crescimento e amadurecimento para as
relações pessoais por parte dos alunos? O que ocorre que impede essa realização?
Alguns dirão que a educação e os ensinamentos de limites são papeis das famílias. Têm razão os que assim pensam.
Acontece que as famílias têm tido pouco tempo e não conseguem exercer o seu papel de educação das crianças. Além
disso, a televisão ainda exerce uma influência negativa no que tange à aquisição de limites pelas crianças. Então, o
"problema" estoura na escola, dentro e fora das salas de aulas.
Indisciplina, agressividade, inquietação e mau-humor são sintomas que podem indicar problemas psicológicos de
crianças e adolescentes, como no caso da hiperatividade e de outros transtornos psíquicos apresentados por alguns
alunos.
Entretanto, antes de mandarmos "todos os alunos de um determinado grupinho" aos divãs de psicólogos, devemos
analisar se os problemas não estão mais relacionados aos adultos, à equipe de educadores das escolas, enfim, ao plano
pedagógico e às relações estabelecidas pelos adultos e os seus alunos. "Devemos ser como os geógrafos, que sobem à
montanha para conhecer a planície e descem à planície para melhor ver a montanha” (Napoleão Bonaparte).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Escolhemos este tema para contribuir com uma aprendizagem de qualidade partindo do pressuposto de que não existe
qualidade em um ambiente de indisciplina e agressividade. Faz-se necessário buscar novos caminhos que levem a
família, a equipe pedagógica, os professores e os alunos a assumirem o seu verdadeiro papel neste processo.
O problema da indisciplina e agressividade tem constituído em um desafio para a escola, pois muitos alunos não
respeitam seus professores, e essa indisciplina prejudica o ensino e a aprendizagem. Professores e orientadores têm
dificuldade em estabelecer limites na sala de aula e não sabem até que ponto devem intervir em comportamentos
inadequados que ocorrem nos pátios escolares. È preciso recuperar a autoridade fisiológica, o que não significa ser
autoritário cheio de desmandos, injustiças e inadequações. As instituições de ensino, cuja tarefa é introduzir as
crianças nas normas da sociedade, muitas vezes se omitem. O professor também perdeu a autoridade inerente a sua
função. Quanto maior a perda, mais anárquica torna-se a aula. É essencial aos agentes da educação saber estabelecer
limites e valorizar a disciplina, e para isso é necessária a presença de uma autoridade saudável.
Tendo em vista as dificuldades de aprendizagem causadas pela indisciplina e agressividade é que desenvolvemos
nosso tema, visando entender qual a relação entre aprendizagem e indisciplina em sala de aula, pois toda indisciplina é
gesto de desinteresse e todo desinteresse se encarcera quando não existe significação da aula. E nenhuma aula é
realmente significativa, quando não existe busca para a consciência da aprendizagem. O grande desafio da sociedade
moderna é a educação.
DEPREDAÇÃO DO PATRIMÔNIO PÚBLICO ESCOLAR
Maior parte do orçamento para obras de reparo é gasto com vandalismo Das 2.174 escolas estaduais, a maioria já
sofreu com o vandalismo, as vezes praticado pelos próprios alunos. Em 2008, o estado gastou R$ 28 milhões para
arrumar depredações. Uma noite de baderna e vandalismo, com tintas usadas para pichar uma escola inteira. O
Colégio[ ... ] emRecife,foi depredadonamadrugadadodia 10 de julho.Trêsadolescentes,dentre eles um aluno da
própria escola, foram identificados como os autores do crime. Como punição, os três jovens tiveram que comprar
tintase pintarnovamente todaaescola.“Só gastamosdinheiro, só deu prejuízo”, reconheceu o aluno que praticou
as pichações.
Para manter a estrutura física da escola em ordem é necessário que além das manutenções periódicas, haja a
participação de todos os integrantes da comunidade escolar no sentido de preservar e conservar o patrimônio
público. O importante é que todos se sintam pertencentes e responsáveis pelo espaço. Ajudar a manter a
integralidadefísicae cultural daescolalevaoindivíduoalegitimarseu papel na comunidade, valoriza o sentimento
de pertencimentoaumgrupocapaz de vencerdesafios, reafirma valores e faz com que todos vejam a escola como
um patrimônio da comunidade. De acordo com Miranda (2009) todo ano, o Poder Executivo destina parte
significativadoorçamentoparaa manutençãodasescolaspúblicas.Sãogastoscomreformade instalações,conserto
de equipamentos,pinturas,trocade carteiras,entre outras despesas. Esses recursos poderiam ser economizados e
investidos outros em setores da educação se não fossem os atos de vandalismo e de destruição do patrimônio
escolar. Souza (2009) destaca que a luta pela valorização do patrimônio tem seu início na própria luta pela defesa
dos bens que cercam a escola. Não podemos aceitar que jovens depredem seu próprio ambiente de estudo e que
destruamaquiloque elesmesmospoderiamdesfrutar.Évital que hajauma vigilânciade todosnosentidode evitara
depredação de bens da escola que ao serem destruídos estarão causando prejuízos a todos na medida em que
podemescasseare atrapalharo desenvolvimentodasações educativas. Nesse sentido, é necessário que as escolas
desenvolvampráticasque tenhamporobjetivomostraraosalunosa importânciadosbenspatrimoniaisque ocupam
o espaço da escola e que, por serem públicos, pertencem a todos. Segundo Simas (2012), a estrutura precária das
escolasestáafetandoaqualidade do ensino nas escolas públicas. Tal afirmação é notícia do Jornal Gazeta do Povo.
Estrutura precáriaafetao ensinoEscolasdepredadase comespaçosdesconfortáveisfazemcomque oalunosinta-se
desmotivado e até abandone os estudos Duas em cada dez escolas brasileiras estão depredadas. Entre os
problemas, portas e janelas quebradas, brinquedos mal conservados e paredes e muros pichados. Diante desse
cenário, especialistas alertam para a interferência do ambiente na qualidade do ensino e do aprendizado. Uma
estruturadeficiente tornaasatividadesde alunose professoresmaiscomplicadae pode contribuir, inclusive, com a
evasão de estudantes. O dado faz parte de um estudo conduzido pela Fundação Victor Civita – que trabalha com a
produçãode conteúdose pesquisas na área de educação – e, segundo a diretora-executiva, Angela Dannemann, o
número só não é maior porque engloba instituições públicas e privadas. Embora não estimado, o total de escolas
mantidas pelo poder público em péssimo estado de conservação é muito superior. Para os educadores, um
ambiente escolar limpo, pintado e organizado faz o aluno se sentir acolhido, disposto a usufruir o que o espaço
oferece e empenhado em aprender mais. “A escola é como um shopping center, em que tudo é voltado para um
objetivo.Nocasodoshopping é o consumo e no da escola, a educação. Todo espaço que cerca o estudante tem de
ser atrativo e passar alguma informação. Por isso é importante que os jovens gostem de ficar nela, se sintam à
vontade e não queiram ir embora o mais rápido possível”, diz a psicopedagoga e professora da Pontifícia
Universidade Católica do Paraná Evelize Portilho. Estrutura Além das estruturas pedagógicas básicas – como
playground, cancha de esportes e carteiras e quadros negros adequados –, outros aspectos, que à primeira vista
parecemumdetalhe,sãoessenciaisparagarantirque crianças e adolescentespassem quatro ou cinco horas por dia
emum ambiente semse sentiremdesconfortáveis.Entre essesdetalhesestãoo tamanho da sala de aula, o formato
das janelase a existênciade áreasverdes.Osdoisprimeirositensestãorelacionados à ventilação. Eles precisam ter
um tamanho adequado para permitir a entrada de ar. Caso contrário, um ambiente abafado pode fazer com que o
aluno perca a atenção e fique sonolento. O espaço verde é funcional e serve como área de convivência. “A
vegetação, combinada com um bom projeto paisagístico, além de criar um espaço público e recreativo mais
agradável,ajudanoconfortotérmicoe acústico. Para amenizar o ruído que vem da rua, é importante ter um trecho
de árvores entre ela [rua] e a entrada da escola”, explica a arquiteta Andressa Ferraz Damiani, da Cosmopolita
Arquitetura,que trabalhounaaprovaçãode projetosde escolaspúblicasparaoFundoNacional de Desenvolvimento
da Educação (FNDE). Manter um ambiente escolar adequado não é tão simples quanto parece. Quando se trata de
instituições públicas, ainda é preciso vencer a burocracia. No Paraná, as escolas estaduais têm recursos do Fundo
Rotativo para fazer pequenos reparos, como arrumar um vidro quebrado ou limpar a caixa d’água. Para reformas
maiores,é precisoentraremuma listade prioridade.Comodoisterçosdas2.136 escolasprecisam de algum reparo,
as que ficamdestelhadasporcausade chuva, porexemplo,têmprioridade.“Umengenheirovai até olocal e analisa.
Se o problema comprometer as aulas, a escola é atendida”, explica Jaime Sunye Neto, superintendente de
DesenvolvimentoEducacional.Alunodevese sentircomoparte daescola.Escolasantigastendem a apresentar mais
problemas estruturais. Falhas que, se mantidas por muito tempo, podem estigmatizar o local. “Se um professor
puder escolher onde dar aula, vai preferir os espaços mais confortáveis e melhores. Isso gera um círculo vicioso,
onde as instituições com melhor infraestrutura são também as com melhores docentes e viceversa”, comenta
Angela Dannemann, diretora-executiva da Fundação Victor Civita. Dentro desse ciclo, alunos que não se sentem
como parte da escola, ajudando a mantê-la em ordem, também têm mais chances de abandonar os estudos. Com
uma estrutura bem cuidada e ações que envolvam os jovens para conservá-la, a importância daquele local para a
vidado estudante torna-se maisevidente. “Esse trabalho de conscientização deve ser feito pela gestão escolar. Se
não houverisso,osalunosvãocontinuardepredando,poisaveemcomoalgo público, que pertence a todos e não a
ele”, diz a psicopedagoga Evelize Portilho. Comunidade O envolvimento da comunidade também é fundamental
nesse processo de identificação do aluno com a escola. Por essa razão, é de suma importância uma ações que
incentivem os alunos participarem individual e coletivamente na defesa da escola.
PATRIMÔNIO PÚBLICO ESCOLAR -Garcia (2004), no entendimento da Lei de Ação Popular Lei 4.717, de 29/6/1965
em seu artigo 1°, parágrafo 1° define Patrimônio Público, como o conjunto de bens e direitos de valor econômico,
artístico, estético, histórico ou turístico, pertencentes aos entes da administração pública direta ou indireta. Esses
benspúblicos,de acordo com o Código Civil, são, entre outros, os rios, mares, estradas, ruas e praças (bens de uso
comumdo povo),edifíciosouterrenosdestinadosaserviçoouestabelecimentodaadministração federal, estadual,
ou municipal.Conforme oCadernode Orientaçõesparaa PreservaçãodosPrédiosEscolares(2009, p. 6), patrimônio
escolar engloba tanto os bens incorpóreos, imateriais e intangíveis, assim chamados, pois não apresentam uma
formafísica taiscomo: cultura,valores,filosofia,oprojetopedagógico,atradição,a históriae seussímbolos.Quanto
aos bensmateriaisoufísicos,que é tudoaquiloque pode servistoe tocado,tambémchamamos de bens corpóreos,
ou ainda, de bens tangíveis. O patrimônio compõe a identidade e a imagem da escola e, por isso, ele precisa estar
sempre em ordem, sob pena de colocar em risco a segurança das pessoas e o projeto pedagógico. Paulo Freire
(1991, p. 22) quandoSecretariode Educaçãona cidade de São Paulo afirmouque:“Se nãoapenasconstruirmosmais
salas de aula, mas também as mantermos bem cuidadas, zeladas limpas, alegres, bonitas, cedo ou tarde a própria
boniteza do espaço requer outra boniteza: a do ensino competente, a da alegria de aprender, a da i maginação
criadora tendoliberdade de exercitar-se, a da aventura de criar”. É impossível uma escola alcançar bons índices de
aprendizagem com alunos e professores convivendo num prédio mal conservado com paredes rachadas, vidros
quebradose mobiliáriosdanificados.Paraque a aprendizagemaconteça,é necessárioque oambiente seja propício.
Para manter a estrutura física da escola em ordem é necessário que além das manutenções periódicas, haja a
participação de todos os integrantes da comunidade escolar no sentido de preservar e conservar o patrimônio
público.A propostada educaçãopatrimonial visadespertara.curiosidade doseducandos,paraque essesdescubram
por meiodosobjetosoumanifestaçõesculturaismaisinformaçõesarespeitodomeioemque vivem.Sendoaplicada
a partir das séries iniciais, a metodologia da educação patrimonial, vai ao encontro daqueles que ainda não tendo
seus valores totalmente formados, possuem um maior potencial para adquirir e transmitir essas noções de
valorizaçãoe preservação dos patrimônios para o restante da comunidade. (OLIVEIRA e SOARES, 2009, p.115 / 125)
Sabe-se que somentecoma participaçãoda sociedade nasdecisões que regem a vida em comum, poderemos ter a
garantia de que haverá o retorno esperado pela população dos tributos pagos em forma de qualidade de vida.
(ESPÍRITO SANTO, 2010, p.36) Para Espírito Santo (2010) o Programa Nacional de Educação Fiscal (PNEF) e as
parcerias com as instituições de ensino regular a fim de formar cidadãos conscientes de seus deveres e direitos
quanto à tributação e seus repasses por meio do Estado, para garantir qualidade de vida em forma de políticas
públicas,nasce aoportunidade darealizaçãode um estudo voltado para a valorização do patrimônio público e para
a função sócio econômica do tributo deste mesmo estabelecimento de ensino. Os mesmo visualizaram nesta
questãoum bom momento de sensibilização de seus alunos quanto ao não desperdício de verba pública, uma vez
que o que seriagasto na reformada escola,ou na reposição de objetos por eles depredados, poderia ser revertido
para outras necessidades da comunidade onde a escola está inserida: policiamento, urbanização, saúde,
saneamento básico, entre outras. Dessa forma, a função sócia econômica do tributo vem ao encontro de um dos
papéisdaescola,enquantofórumprivilegiado,paradiscussõesacercada cidadania, ética e participação política dos
cidadãos na vida em sociedade.
Na visãodosprofessores,osatosde vandalismoindicamainexistênciadosentimentode pertença à instituição, não
há o sentimento de cuidado e de zelo pelo ambiente e pelos recursos da escola, não há a cultura do respeito pelo
espaço público e pelos outros alunos que utilizarão esse espaço. Relatos de que própria comunidade depreda a
escola,nãoé passadopelospaisaosfilhosorespeitopeloambiente escolar.Algunsprofessoresentendemque,além
do desenvolvimentode umaculturadopertencimento,dorespeitoe dapreservaçãodoespaço,serianecessárioque
houvesse aidentificaçãoe aresponsabilização dosalunosque cometematosde vandalismo, para que a depredação
escolar diminuísse. (COSTA, 2011, p. 9032)
A IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO
Para Brandão (1981) a educação esta em todos os lugares, em casa, na rua, na igreja ou na escola, de um modo ou
de muitos, todos nós envolvemos pedaços da vida com ela: para aprender, para ensinar, para aprender-e-ensinar.
Para saber, para fazer, para ser ou para conviver, todos os dias misturamos a vida com a educação. E ainda para
Brandão (1981), todosos seressão alvosde umprocessoeducativo.Ospássaros,porexemplo,desde cedoexpulsam
seus filhotes do ninho, fazendo com que experimentem o processo de aprendizagem do voo, e este exercício é
fundamental paraa continuidadedavida.Osbebêssentemnecessidade de aprender e esta aprendizagem iniciada
desde a mais tenra idade, objetiva socializar o indivíduo na sociedade por meio do ensino de hábitos, costumes e
valoresconvencionadosde formaconsensual pela coletividade. Para Maria Lúcia Arruda Aranha (1996), a partir das
relações que criam entre si, os homens produzem padrões de comportamento, instituições e saberes, cujo
aperfeiçoamentoé feitopelasgeraçõessucessivas,oque lhespermiteassimilar e modificar os modelos valorizados
em denominada cultura. É a educação, portanto, que mantém viva a memória de um povo e dá condições para
sobrevivência. Quando falamos de educação logo nos chega a imagem da escola. Conforme Bandão (1981), os
antropólogos ao se referirem sobre o assunto pouco querem falar de processos formalizados de ensino. Eles
identificam processos sociais de aprendizagem onde não existe ainda nenhuma situação propriamente escolar de
transferência do saber. A rotina das aldeias tribais, o saber vai da confecção do arco e flecha à recitação das rezas
sagradas aosdeusesdatribo. Tudo o que se sabe aos poucos se adquire por viver muitas e diferentes situações de
trocas entre pessoas,como corpo,com a consciência,comocorpo e a consciência. As pessoas convivem umas com
as outras e o saber flui, pelos atos de quem “sabe-e-faz”, para quem “não-sabe-se-aprende”. Mesmo quando os
adultosencorajame guiam os momentos e situações de aprender de crianças e adolescentes, são raros os tempos
especialmentereservadosapenaspara o ato de ensinar. Outro aspecto para Brandão (1981), há educação quando a
mãe corrige o filho para que ele fale direito a língua do grupo, ou quando fala à filha sobre as normas sociais do
modode “sermulher”ali.Existe quandoopai ensinaofilhoapolira ponta da flecha,ou quando os guerreiros saem
com os jovens para ensiná-los a caçar. Conforme Aranha (1996) os povos primitivos viviam em tribos em que as
relações sociais ainda permanecem igualitárias. Com o desenvolvimento da técnica e dos ofícios especializados, a
sociedade se torna mais complexa, ocorrendo a divisão das classes e o aparecimento do Estado. As primeiras
civilizaçõessurgemnonorte daÁfricae na Ásia(Oriente Próximo,OrienteMédioe Extremo Oriente). A invenção da
escrita é outro fato que se associa ao aparecimento do Estado, pois a manutenção da máquina estatal supõe uma
classe especial e funcionárioscapazesde exercerfunçõesadministrativase legaiscujo o registro e imprescindível. A
educaçãoaparece sempre que surgemformassociaisde conduçãoe controle da aventura de “ensinar-e-aprender”,
efatiza Brandão (1981). E o ensino formal é o momento em que a educação se sujeita à pedagogia (a teoria da
educação);cria situaçõesprópriasparao seuexercício,produzosseusmétodos,estabelece suas regras e tempos, e
constitui executoresespecializados. É quando aparecem a escola, o aluno e o professor. “Nas civilizações orientais
não há propostaspropriamente pedagógicas”. (ARANHA, 1996, p. 33). Nestas sociedades, ao se criarem segmentos
privilegiados,apopulação,compostaporlavradores,comerciantese artesãos,nãotemdireitospolíticosnemacesso
ao saber da classe dominante. A princípio o conhecimento da escrita é bastante restrito, devido ao seu caráter
sagrado e esotérico.Teminício,então,o dualismo escolar, que destina um tipo de ensino para o povo e outro para
os filhosdosfuncionários.A grande massaé excluídadaescolae restringidaàeducaçãofamiliarinformal. Conforme
Aranha (1996) a Grécia clássica pode ser considerada o berço da pedagogia. A palavra pedagogos significa aquele
que conduz a criança, no caso o escravo que acompanha a criança à escola. Com o tempo, o sentido se amplia para
designar toda a teoria da educação. De modo geral, a educação grega está constantemente centrada na formação
integral – corpoe espírito – mesmoque,de fato, a ênfase se deslocasse ora mais para o preparo esportivo ora para
o debate intelectual, conforme a época ou lugar. Nos primeiro tempos, quando não existia a escrita, a educação é
ministradapelaprópriafamília,conforme atradiçãoreligiosa.Apenas com o advento das pólis começam a aparecer
as primeiras escolas, visando a atender a demanda. Segundo Brandão (1981, p. 48) a educação na Grécia Antiga,
denominada de Paidéia, se iniciou como comunitária, mas com o desenvolvimento da sociedade se tornou
específica, onde havia uma educação para nobres, outra para plebeus e nenhuma para os escravos e em Roma a
educação surgiu como na Grécia, comunitária, mas se desenvolveu de forma diferente, onde a formação do
patriarca agricultorsobressaiasobre ocidadão.Maistarde surge a escolaprimária,comoa escolade primeirasletras
gregas, também surge à escola gramáticos, e muito mais tarde a Lector. Havia em Roma a educação que formavam
os trabalhadoresnaoficinade trabalho,e ocidadão eraeducadopara tambémempregarseusaberna sociedade.Da
Antiguidade decadente àIdade Média,daIdade Médiaao Renascimento(umtempodaHistóriaricoemredefinições
da ideiade educação) e do RenascimentoàIdade Moderna,foi preciso esperar muitos séculos para que de novo os
brancos civilizadosaprendessem a repensar a educação como os índios. E uma nova maneira de definir a educação
como uma prática social cuja origem e destino são a sociedade e a cultura, foi formulada com muita clareza pelo
sociólogofrancêsEmile Durkheim. A educação é a ação exercida pelas gerações adultas sobre as gerações que não
se encontram ainda preparadas para a vida social; por objeto suscitar e desenvolver na criança certo número de
estadosfísicos,intelectuaise moraisreclamadospelasociedadepolíticanoseuconjunto e pelo meio especial a que
a criança, particularmente, se destina." (DURKHEIM, apud BRANDÃO,1981, p.71) De acordo com Brandão (1981),
entre muitas outras, esta é uma maneira sociológica de compreender a educação. Depois de Durkheim, inúmeros
sociólogos,antropólogos,filósofose educadorescomeçaramaformularpontosde vistasemelhantes.Nãoé que eles
tivessem uma proposta de uma "nova educação", menos abstrata e desancorada do que a "Educação Humanista"
que criticavam.O que elesbuscaramfazerfoi esclarecermaise mais como a sociedade e a cultura são e funcionam,
na realidade. Como, portanto, a educação existe dentro delas e funciona sob a determinação de exigências,
princípiose controlessociais.Nomundoocidental,é depoisdoadventoe da difusão do Cristianismo que aparecem
ideias sobre a educação que isolam o saber da sociedade e o submetem ao destino individual do cristão, afirma
Brandão (1981). O homem que aprende busca na sabedoria a perfeição que ajuda à salvação da alma. Mas não é o
Cristianismo Primitivo quem sugere a "educação humanista", de que os cursos de "humanidades" que houve no
Brasil até há pouco tempo são o melhor exemplo. Foi necessário que, a partir de Roma, o Estado cristianizado e as
elites de sua sociedade tomassem posse da mensagem cristã de militância e salvação, fazendo dela parte de sua
ideologia. Tornando-a o repertório de símbolos e valores pelos quais representavam o mundo, representavam-se
nele e,assim,legitimavam,comaspalavrasoriginalmente dirigidasapobrese deserdados,asua posiçãode domínio
econômicoe de hegemoniapolíticasobre eles. Foi então preciso o advento de uma nobreza plenamente separada
do trabalho produtivo e, cada vez mais, até mesmo do trabalho político - entregue nas mãos de intelectuais
mediadores de seus interesses para que surgisse uma classe de gente capaz de representar o mundo quase fora
dele. Esta elite ociosa e seus intelectuais sacerdotes, filósofos e artistas puderam imaginar como "puras" a vida, a
arte,a ciênciae até mesmoa educação.A educaçãopassa a ser vista como uma arma que serve para impor ao povo
a vontade e a visão do mundo do dominador. Plutarco descreveu como Roma usou a educação para “domar” os
espanhóisdominados:“Asarmasnãotinhamconseguidosubmetê-losanãoserparcialmente,foi a educação que os
domou”(BRANDÃO,1981, p. 53) Brandão(1981, p.59), escreve dopoderque constitui a educação no país e propõe
o exercício de uma prática idealizada. A fala dos praticantes da educação, os educadores, faz então a critica da
distânciaque háentre a promessae a realidade.Fazmais,denunciaaalteraçãopara piordas própriasleisque dizem
o que é e como deve ser a Educação no Brasil. Para Brandão (1981), não há apenas ideias opostas ou ideias
diferentes a respeito da Educação, sua essência: e seus fins. Há interesses econômicos, políticos que se projetam
também sobre a Educação. Não é raro que aqui, como em toda parte, a fala que idealiza a educação esconda, no
silênciodoque nãodizos interessesque pessoase grupostêmparaos seususos. Pois, do ponto de vista de quem a
controla, muitas vezes definir a educação e legislar sobre ela implica justamente ocultar a parcialidade destes
interesses,ouseja,arealidade de que eles servem a grupos, a classes sociais determinadas, e não tanto lia todos",
"à Nação", "aosbrasileiros".Dopontode vistade quemresponde porfazer a educação funcionar, parte do trabalho
de pensá-la implica justamente desvendar o que faz com que a educação, na realidade, negue e renegue o que
oficialmente se afirmadelanalei e nateoria.Mas a razão de desavençasé anteriore,mesmo entre educadores, ela
tem alguns fundamentos na diferença entre modos de compreender o que o ato de ensinar afinal é o que o
determina e, finalmente, a que e a quem ele serve. De acordo com Brandão (1981), estatísticas que denunciavam
até poucos anos, que o Brasil possuía um dos maiores índices de analfabetismo de todo o mundo. Podemos dizer
que haviaduas educações:Umadestinadaaosfilhosdas“gentesde bem”,que somavaalémdoensinodasprimeiras
letras,para aquelesque prosseguiam os estudos após o primário, letras, o Latim, Grego, Literatura e Música, todos
não profissionalizantes. Conforme Brandão (1981), até por volta da década de 1930, mesmo entre os mais ricos
eram raras as pessoas que faziam o curso superior. Outra era da oficina, destinada aos “filhos da pobreza”. Foi
tambémnas primeirasdécadasdoséculoXXque teve inícioalutapelademocratizaçãodoensino,aqual resultou na
escola pública, gratuita, laica, a qual mantida pelo governo concederia direito de estudar para todas as pessoas.
Brandão (1981) assinala que essa democratização do ensino possuía duas facetas, uma vez que políticos e
educadores, “ao pregarem ideias de uma educação voltada para a vida, a mudança, o progresso, a democracia,
traduziamao mesmotempooimagináriodemocráticode seutempoe, por outro lado, o projeto político que servia
aos interessesde novosdonosdopoder e da economia”.Introduzemassimnovostipos de usos políticos do aparato
pedagógico, adaptado aos novos modelos de controle da cidadania instituído pela demanda de “quadros”
qualificadosparaotrabalhonas fábricas,numprocessode transferênciado capital da agricultura para as indústrias.
Brandão (1981), em seu livro “O que é Educação”, aponta que algumas pesquisas de sociólogos americanos
realizadasnadécadade 1950, confirmamque,mesmonosEstadosUnidos,oingresso da criança pobre nas salas das
escolasnãofezdesapareceradivisãoanteriorentre o“aprender-na-oficinaparao trabalhosubalternoe oaprender-
na-escolaparao trabalhodominante”.Desse modo,“ofilhodo operário estuda para ser operário que acaba sendo,
e o filho do médico para ser médico ou engenheiro”, sendo igualmente comum fazerem alardes em festa de
formatura quando um filho de operário consegue sair formado na Faculdade de Engenharia, o que denota que “a
educaçãoda sociedade capitalistaavançadareproduznamoitae consagraa desigualdade social”.Pode-se completar
afirmando, tal como o faz Brandão, que a educação “vale como um bem de mercado, e por isso é paga e às vezes
custa caro”. Diante das contradiçõesassumidaspelaeducação,atesta-sesuadupladimensãode valorcapitalista:“a)
valercomo alguma coisa cuja posse se detém para uso próprio ou de grupos reduzidos, que se vende e compra; b)
valercomoinstrumentode controle daspessoas,dasclassessociaissubalternas,pelopoderde difusãodasideias de
quemcontrolao seu exercício”. Ainda hoje a educação que se pratica ainda é classista e centralizadora, na medida
emque os sujeitosdiretamente envolvidos no processo não são chamados a participarem das decisões, pois estas
estãorestritasaos“donos dopoderpolítico”e às “pequenasconfrariasde intelectuaisconstituídascomoseusporta-
vozespedagógicos”.Consumimosideiasprontassobre aeducaçãoe reproduzimosconteúdos impostos à educação.
Tal como atesta Brandão (1981, p.94), “a educação que chega à favela, chega pronta na escola, no livro e na lição”.
Para Paulo Freire (1981), aqueles que olham para os favelados como “naturalmente inferiores e incapazes” e
imputam a esta “inferioridade” todas as deficiências materiais que caracterizam uma favela, sugeriríamos que
discutissemum dia com estas pessoas sobre o que significa sua existência. Porventura alguns entre esses sujeitos
descobrissem afinal que, se há algo intimamente mau, que deve ser radicalmente transformado, é o sistema
capitalista mesmo, incapaz ele sim, de resolver o problema com seus propósitos “modernizantes” Fonte:
www.pedagogiaaopedaletra.com/wp-content/uploadsEmoutraspalavrasFreire (1991) dizque:“Afirmarcomo ideia
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Tema indisciplina

  • 1. Como se livrar da indisciplina A garotada voa pelos corredores, conversa em sala, briga no recreio, insiste em usar boné e em trazer para a sala materiais que não são os de estudo. A paciência do professor está por um fio. Cansado e confuso, ele se sente com os braços atados. Não suporta mais as cenas que vê e não sabe o que fazer. Quer obediência! Quer controle! Quer mudanças no comportamento dos alunos! Para ter uma turma atenta e motivada, a primeira mudança necessária talvez esteja nos pais, na escola e nos professores. O comportamento inadequado do aluno não pode ser visto como uma causa da dificuldade para lecionar. Na verdade, ele é resultado da falta de adequação no processo de ensino. Para avançarnessa reflexão, é preciso entender que a indisciplina é a transgressão de dois tipos de regra. O primeiro são as morais, construídas socialmente com base em princípios que visam o bem comum, ou seja, em princípios éticos. Por exemplo, não xingar e não bater. Sobre essas, não há discussão: elas valem para todas as escolas e em qualquer situação. O segundo tipo são as chamadas convencionais, definidas por um grupo com objetivos específicos. Aqui entram as que tratamdo uso do celular e da conversa em sala de aula, por exemplo. Nesse caso, a questão não pode ser fechada. Ela necessariamente varia de escola para escola ou ainda dentro de uma mesma instituição, conforme o momento. Afinal, o diálogo durante a aula pode não ser considerado indisciplina se ele se referir ao conteúdo tratadono momento, certo? 1. Com distinguir moralidade e convenção? Não é fácil distinguir entre moralidade e convenção. Frequentemente, mistura-se tudo em extensos regimentos que pouco colaboram para manter o bom funcionamento da instituição e o clima necessário à aprendizagem em sala de aula. "As crianças não enxergam a utilidade de um regimento ou dos famosos combinados que não se sustentam. Elas não sentem a necessidade de respeitá-los e acabam atése voltando contra essas normas", explica Ana Aragão, da Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). 2. Como a criança aprende o valor das regras? O movimento contínuo de construção e reavaliação de regras, mais o respeito a elas, é a base de todo convívio em sociedade. Da mesma forma que os conflitos nunca vão deixar de existir na vida em comunidade - no contexto escolar, especificamente, os conflitos também não vão desaparecer. Saber lidar com eles faz com que o professor consiga trabalhar melhor. Ensinar o tema aos alunos também é uma tarefa dele. "Esperarque os pequenos, de modo espontâneo, saibam se portar perante os colegas e educadores é um engano. É abrir mão de um dever docente", explica Luciene Tognetta, do Departamento de Psicologia Educacional da Faculdade de Educação da Unicamp. 3. A formação moral tem de ser feita pela família? Muitos professores esperam, sem razão, que essa formação moral seja feita 100% pela família. "Nãose trata de destituí-la dessa tarefa, mas é preciso enxergar o espaço escolar como propício para a vivência de relações interpessoais", pondera Áurea de Oliveira, do Departamento de Educação da Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho" (Unesp), campus de Rio Claro. 4. Como a escola deve tratar as questões morais? As questões ligadas à moral e à vida em grupo devem ser tratadascomo conteúdos de ensino. Caso contrário, corre-se o risco de permitir que as crianças se tornem adultos autocentrados e indisciplinados em qualquer situação, incapazes de dialogar e cooperar. Pesquisa de 2002 com 120 universitários, de Montserrat Moreno e Genoveva Sastre, da Universidade de Barcelona, indagou sobre a utilidade do que eles aprenderam na escola para a resolução de conflitos na vida adulta. Apenas 3% apontaram que os professores lhes ensinaram atitudes e formas específicas de agir. "Esses resultados certamente são próximos da realidade brasileira", afirma Luciene Tognetta, do Departamento de Psicologia Educacional da Faculdade de Educação da Unicamp. "Nosso estilo de ensinar é parecido, pois joga pouca luz sobre o currículo oculto, aquele que leva em conta o sentimento do estudante, seus desejos, suas incompreensões." 5. Como se forma a moral na criança? Saber como o ser humano se desenvolve moralmente é essencial para encontrar as raízes da indisciplina. Antes de entender por que precisam agir corretamente, as crianças pequenas vivem a chamada moral heterônoma, ou seja, seguem regrasà risca, ditadas por terceiros, sem usar a própria consciência para reelaborá-las de acordo com a situação. Por exemplo: se elas sabem que não se deve derramarágua no chão, julgam o fato um erro mesmo no caso de um acidente. Nessa fase, a autoridade é fundamental para o bom andamento das relações. Por volta dos 9 anos, abre-se espaço para a moral autônoma, quando o respeito mútuo se sobrepõe à coação. Mas a mudança não é mágica. O cientista suíço Jean Piaget (1896-1980) questionava a possibilidade de a criança adquirir essa consciência se todo dever sempre emana de pessoas superiores. Assim, é possível dizer que a autonomia só passa a existir quando as relações entre crianças e adultos (e delas com elas mesmas) são baseadas, desde a fase heterônoma, na cooperação e no entendimento do que é ou não é moralmente aceito e por quê. Sem isso, é natural que, conforme cresçam, mais indisciplinados fiquem os alunos. 7. É possível resolver a indisciplina?
  • 2. Não há solução fácil. Mas é essencial trabalhar - como conteúdos de ensino - as questões relacionadas à moral e ao convívio social e criarum ambiente de cooperação. Pesquisa realizada em 2008 pela Organização dos Estados Ibero- Americanos com cerca de 8,7 mil professores mostrou que 83% deles defendem medidas mais duras em relaçãoao comportamento dos alunos, 67% acreditam que a expulsão é o melhor caminho e 52% acham que deveria aumentar o policiamento nas escolas. 8. A repressão funciona contra a indisciplina? Não. Se a repreensão funcionasse, a indisciplina não seria apontada como o aspecto da Educação com o qual é mais difícil lidar em sala de aula, como mostrou outra pesquisa, da Fundação SM, feita em 2007 com 3,5 mil docentes de todo o país. Até mesmo os alunos acreditam que o problema vem crescendo. Em investigação feita em 2006 por Isabel Leme, da Universidade de São Paulo (USP), com 4 mil estudantes das redes pública e privada de São Paulo, mais de 50% deles afirmaram que os conflitos aumentaram mesmo nas escolas que estão cada vez mais rígidas. "O problema é que as intervenções são muito pontuais e imediatistas. O resultado é uma piora nas relações entre alunos e professores e, consequentemente, no comportamento da turma", acredita Adriana de Melo Ramos, do Grupo de Estudo e Pesquisa em Educação Moral (Gepem), da Unesp, campus de Rio Claro. Nos próximos itens, apresentamos soluções para os professores encaminharem o problema. Não se trata de um manual de instruções. As questões ligadas à indisciplina são da natureza humana. Portanto, complexas e incertas. Esse é um ponto de partida para quem convive com o problema. Para se sair bem, é preciso estudar muito e sempre revisitar o tema. 9. É importante distinguir as regras morais das convencionais Erro comum em regimentos escolares é situar regras morais e convencionais num mesmo patamar. "As morais merecem mais atenção", afirma Telma Vinha, do Gepem da Unicamp. Já as convencionais estão mais ligadas ao andamento do trabalho. Ao distingui-las, você será capaz de interpretar melhor uma transgressão e, assim, encaminhá-la adequadamente. Não mentir é um exemplo clássico de regra moral. O princípio ético em jogo, nesse caso, é a honestidade. Trata-se, portanto, de um preceito inegociável. Quando algum aluno mente, a solução passa por uma boa conversa - prática imprescindível já na Educação Infantil. Desde essa fase, é importante explicar para a criança como se sente o colega que foi enganado e mostrar que isso é errado. Pergunte: "E se fosse comvocê?" Regrasconvencionais, por sua vez, têm seu fundamento na negociação e na clareza de definição. Tome o exemplo da conversa. Mesmo numa sala que está barulhenta porque os jovens realizam um trabalho em grupo - e em função disso trocam ideias sobre um tema proposto -, o silêncio será necessário em algum momento. É preciso estar acertado que, quando um aluno ou o professor precisarem da atenção, o grupo deve parar para ouvir o que será dito. Também são consideradas regras convencionais não usar boné e ir para escola sempre de uniforme. Nesse grupo, entram imposições que em nada afetam o processo de ensino e aprendizagem. Há escolas em que o uso do uniforme é uma questão de segurança, pois ele permite identificar quem é ou não aluno. Em outras, isso pode não ser necessário. No caso do boné, as normas desse tipo precisam de constante revisão e discussão. 10. É importante pesar a reação a um problema Analisar a quebra de uma regra sob a ótica da moral e da convenção facilita equilibrar a resposta ao problema. É sempre importante avaliar a real gravidade da transgressão. Os conflitos entre alunos e entre eles e os professores também são problemáticos. Uma pesquisa da USP feita por Isabel Leme, em 2006, com 55 diretores, mostrou que a gestão de conflitos é apontada por 85% deles como fundamental para garantira paz na escola. A prática, porém, é outra. Procura-se evitar os conflitos, vistos como algo antinatural, que deixa os educadores assustados e inseguros. Câmeras, inspetores e marcaçãocerrada são exemplos disso. "Se as desavenças fazem parte da vida dos adultos, por que com crianças e jovens seria diferente?", pondera Telma Vinha. Com isso, gasta-se tempo tentando impedir ou antecipar qualquer tipo de encrenca. Quando algo foge desse imaginado controle, o impulso é mandar para a diretoria ou censurar. "O ideal é respirar, tentar se controlar e reconhecer que o embate pertence aos envolvidos. No caso de uma discussão mais quente entre a garotada, o caminho é relataro que você viu com linguagem descritiva e ouvir as partes. "Peça que todos contem como se sentiram e por que discutiram. Isso demonstra respeito pelos valores de cada um", sugere Vanessa Vicentin, da Universidade de Franca (Unifran). Quando o conflito é com o professor, ele deve se comportar sempre com sabedoria. "A agressão não é pessoal, mas contra um fato com o qual o aluno não concorda", diz Telma Vinha. E, claro, nem sempre haverá saída, já que as relações humanas são complexas. É preciso ter paciência. A aprendizagem é gradual e resulta da reflexão contínua, do diálogo e da coerência nos procedimentos. "Os mediadores desse processo devem se pautar por ações transparentes e convictas", diz Maria Tereza Trevisol, da Universidade do Oeste de Santa Catarina, campus de Joaçaba. 12. É importante construir um ambiente cooperativo Ninguém, em sã consciência, pode deixar a turma fazer o que quiser, num regime anárquico. Longe disso. Um dos maiores desafios é, portanto, construir um ambiente cooperativo, no qual os alunos tenham voz, sejam respeitados e aprendam a respeitar. Isso faz com que o comportamento seja adequado naturalmente e não por medo de sanções. Numa escola da rede municipal de Rio Claro, a 184 quilômetros de São Paulo, as agressões entres os alunos eram comuns. A situação foi contornada quando se deu mais espaço para que eles se manifestassem e procurassem, juntos, uma solução
  • 3. para os conflitos. É claro que essa perspectiva não exime o professor de exercer a figura da autoridade moral e intelectual como o coordenador do processo educacional. Afinal, além de conhecer os objetivos pedagógicos, é ele o adulto da situação. A negociação é a palavra. E ela tem de ser justa. Não vale induzir os estudantes a conclusões e normas que somente um dos lados - o do professor - queira ver implantadas. "Mas isso tem de ser construído gradativamentepelo grupo, com base no respeito mútuo, na reciprocidade e nos princípios de justiça", completa a especialista. 13. É importante agir na hora certa e sempre manter a calma Mesmo que o professor aja da forma mencionada nos itens anteriores, em momentos conturbados na sala ele tem de manifestar desagrado com relação a comportamentos inadequados. Quando um aluno insiste em conversar sobre o fim de semana durante a explicação de uma atividade, não basta fazer pequenas mudanças, como colocar a carteira do bagunceiro ao lado da sua mesa, como forma de castigá-lo, e continuar a aula normalmente. Isso não ajuda a resolver o problema em si nem leva a turma a aprender. É preciso chamar a atenção, mas sempre com respeito e mostrando que o grupo é que está sendo prejudicado, e não apenas você, pessoalmente. Trataro estudante dessa forma faz com ele também perceba como agirem momentos de conflito. 15. É importante incentivar e respeitar a autonomia do jovem Em outras situações, elas esperam chamar a atenção e solicitar que o professor se aproxime e se interesse pelas ideias delas. "É como se pedissem por cuidado e apreço ou ainda que se delimite o que se deseja delas com o que está sendo realizado", explica Maria Tereza Trevisol, da Universidade do Oeste de Santa Catarina, campus de Joaçaba. Convivendo num ambiente em que atitudes como essas sejam o padrão, a criança vai, aos poucos, adquirindo autonomia e ficando mais apta a tomar decisões responsáveis. Cada aluno, em diferentes situações, coloca sempre novos desafios. Ele necessita de referências e de orientação. O que ele espera é ajuda para pensar. É importante que alguém - na escola, o professor; em casa, os pais - coloque as regras, atéque, efetivamente convictos, crianças e jovens possam gerenciá-las e, de forma autônoma, viver bem em sociedade. 16. Nada como uma boa conversa O problema? As carteiras do Colégio Comunitário de Campinas apareceram com moedas coladas. A solução? A direção pediu ajuda aos alunos: "Temos um problema e precisamos da colaboração de vocês". Quando mais carteiras apareceram, mas com o adesivo ainda fresco, ficou evidente que o problema vinha do 9º ano, que acabara de deixar a sala. O orientador educacional Marcos Roberto Márcio pediu que os responsáveis se identificassem: "Isso prejudica a imagem da classe, gera tumulto e um clima ruim". Consciente, a turma pediu que os culpados assumissem, já que a delação, moralmente condenável, não é aceita pela escola. "Admitir a culpa não isenta a punição, mas é uma atitude responsável, que atenua o que fizeram", diz. Quatro garotos se manifestaram e tiveram de apresentar uma pesquisa sobre a legislação referente ao respeito ao patrimônio público, além de limpar as carteiras. 17. Nada como uma dose a mais de interação O problema? Em 2006, a Escola Ativa, em Itapira, a 174 quilômetros de São Paulo, estava abrindo a 5ª série, com 12 alunos, que lá estudavam desde a 1ª. O fato de a turma ser pequena, que parecia uma vantagem, se tornou um problema. Os adolescentes se comunicavam pelo olhar. Conversavam em aula e começaram a mentir para os professores. A um, diziam que haviam feito talcombinado com outro, o que não era verdade. A solução? A equipe se reuniu e definiu novas pautas de estudo. "Tivemos de melhorar a interação entre os professores e acordamos novas regrase o que não poderia ser negociado", explica a diretora, Andrea Stevanatto Bataglini. Debates foram realizados com a turma e os dilemas morais ganharam mais espaço nas aulas. A relação entre professores e alunos foi revista, de modo a levar os estudantes a pensar se estavam agindo moralmente com quem lhes respeitava. "Hoje eles estão no 9º ano e a situação nunca mais se repetiu", conta Andrea. 18. Nada como uma assembleia O problema? No ano passado, as agressões físicas e verbais estavam se tornando cada vez mais graves e frequentes na EMEFI Antonio Maria Marrote, em Rio Claro. A solução? A coordenadora pedagógica Rosemeire Archangelo propôs um programa de formação aos professores e funcionários. Nele, todos trabalharama redefinição do conceito de indisciplina, questões relacionadas a respeito e moral e a necessidade de trabalhar esses conteúdos. Foram implementadas assembleias em cada sala, durante as quais os problemas tinham de ser debatidos. A ideia era ajudar no desenvolvimento moral de todos."Todas se surpreenderam. Com o projeto, elas comprovaram que é possível, sim, que as crianças resolvam conflitos com o diálogo", completa. A escola não virou o paraíso, mas todos aprenderam e passaram a praticar outras formas de se relacionar e conviver com as diferenças no dia a dia.
  • 4. VIOLÊNCIA NA ESCOLA E SUAS CONSEQUÊNCIAS Na última década a violência nas escolas tem preocupado o poder público e toda sociedade, principalmente, pela forma como esta tem se configurado. O conflito e violência sempre existiram e sempre existirão, principalmente, na escola, que é um ambiente social em que os jovens estão experimentando, isto é, estão aprendendo a conviver com as diferenças, a viver em sociedade. O grande problema é que a violência tem se tornado em proporções inaceitáveis. Os menos jovens, como eu, estão assustados. Os professores estão angustiados, com medo, nunca se sabe o que pode acontecer no cotidiano escolar; os pais, preocupados. Não é raro os jornais noticiarem situações de violência nas escolas, as mais perversas. Não quero dizer com isso que antes não existia violência. Existia sim, e muita. “Desde que o mundo é mundo, há violência entre os jovens”. Todos os diferentes, para o bem ou para o mal, são vítimas em potencial na escola, há muito tempo. Brigas, agressões físicas, enfim, sempre existiram. O que não existia antes e, que hoje tornou comum é que os jovens depredam a escola, quebram os ventiladores, portas, vidros, enfim, tudo que é possível destruir, eles destroem. Antes, não se riscava, não murchava ou cortava o pneu do carro do professor. Agredir fisicamente ou fazer ameaças ao mestre, nem pensar. Não se levava revolver e faca e não se consumia drogas e álcool no interior das escolas. No meu tempo, por exemplo, nunca se ouviu falar que um colega tinha assassinado um amiguinho na sala de aula ou que alguém tinha jogado álcool no colega e ateado fogo. Enfim, são muitos os relatos de violência extrema no interior das escolas. Muitas de nossas crianças e adolescente passam por violências, e ficam calados – algumas delas não têm coragem de revelar, outras, por medo da retaliação do agressor. Essa violência entre colegas não é a única. A violência entre professores e alunos também tem crescido. Assustadoramente, a violência de alunos contra professores é a regra agora, e não mais o oposto. A violência não contra um ou outro, mas contra a escola mesmo, em todos os sentidos e modos, também tem aumentado. O que tem intrigado a todos é que esse aumento da violência veio junto com a ampliação dos direitos dos cidadãos e com o Estatuto da Criança e Adolescente. Essa é uma questão que não devemos desprezar. No meu ponto de vista, o Estatuto prioriza os direitos em detrimento dos deveres. Após a promulgação do Estatuto as ações contra a violência nas escolas tem se realizado a partir da mediação, conselhos, etc. O que, também, é muito bom. A mediação de conflitos é importante, necessária, e muitos problemas são resolvidos, mas, muitas vezes, não basta. Junto com a mediação, infelizmente, tem que haver a punição. Vou citar um exemplo que não é do ambiente escolar, mas por analogia podemos refletir sobre essa questão. Por exemplo, o problema de dirigir um veículo embriagado. A conscientização é importante? Sim. Resolve? Não. É necessário fiscalização, multa, prisão, etc. Não estamos conseguindo resolver o problema da violência nas escolas e, isto é grave. Por quê? Falta, para isso, entendimento, lucidez. Ou seja, falta pensamento crítico, entender o “porque” agir e “como” se deve agir. Com tais perguntas é que os problemas podem ser amenizados. Para resolver, de fato, é preciso sair da mera indignação moral baseada em emoções passageiras, que tantos acham magnífico expor. Aqueles que expõem suas emoções se mostram como pessoas sensíveis, bondosas, creem-se como antecipadamente capacitados porque emotivos. Porém, não basta. As emoções em relação à violência na escola passam e tudo continua como antes. Para isso, não podemos ver o problema da violência sob um só viés. É preciso dialética, racionalidade, determinação e, sobretudo, a união de todos. Podemos classificar inúmeras questões que levam a violência para o ambiente escolar. Por exemplo, os mais gerais: diferenças sociais, culturais, psicológicas, etc. e tantas outras como: experiências de frustrações, diferenças de personalidades, competição, etc. Também, podemos enumerar vários tipos, áreas, níveis de violência. Cada área do saber tem o seu método próprio de análise, a Filosofia, Sociologia, Psicologia e o Direito. Hoje, sabemos que a tendência da desfragmentação do saber é o melhor caminho a trilhar. Amultidisciplinaridade e a interdisciplinaridade é a proposta em voga de superação da fragmentação do saber. Somente através do dialogo aliado a práxis efetiva é que poderemos amenizar o grau de violência no interior das escolas. Esse círculo de violência deve ter um olhar mais universal, principalmente, por aqueles que pensam sobre a educação. É necessário ver que a violência contra a instituição escolar, contra colegas e professores e, de certo modo, a violência dos adultos contra as crianças, também, contém elementos de caracterização bem comuns. A não aceitação das diferenças em toda a sua amplitude – se é diferente, é hostilizado, desprezado, humilhado. E quando a vítima reage é violentada. A não aceitação das diferenças, também, perpassa pela escola como instituição, com seus próprios professores, funcionários e com os próprios alunos. Essa uniformização, isto é, uniformizar o diferente, é feita com violência – em todos os casos. E esse comportamento institucional, gera violência. Não são raros os casos em que o professor que faz a aula diferente, ainda que seja boa, é admoestado pelo diretor. O diretor que pensa diferente é castrado pelos supervisores ou pelo dirigente regional de ensino e, assim, sucessivamente. O aluno que é diferente, que pergunta demais é admoestado pelo professor e, aquele que pergunta na hora que a aula está acabando é vaiado pelos colegas. Essas são pequenas violências que alimentam as grandes violências. Não reconhecer nesse processo é o nosso grande problema. Atualmente, vivemos um problema ético de não reconhecimento da nossa incompetência, o problema sempre são os outros, eu não.
  • 5. A escola é o primeiro ambiente social que a criança experimenta, antes disso, ou seja, na socialização primária se restringe a família, igrejas, vizinhos, enfim, um circuito bastante restrito. É na escola, aonde ele vai, realmente, experimentar um ambiente social – lá ele vai aprender a conviver com as diferenças e constituir um ser para si. Esse ser é para a sociedade. Por isso, a urgência que se tornou essencial hoje – e que muitos não percebem, é tratar a violência na escola como um trabalho de lucidez quanto ao que estamos fazendo com nosso presente, mas, sobretudo, com o que nele se planta e define o rumo futuro. Para isso, é preciso renovar nossa capacidade de diálogo e propor um novo projeto de sociedade no qual o bem de todos esteja realmente em vista. VIOLÊNCIA NAS ESCOLAS: ELA REPRODUZ AS LOUCURAS DA NOSSA SOCIEDADE "A violência nas escolas reproduz a violência na sociedade, não é um fenômeno intramuros isolado", afirma a coordenadora de Ciências Humanas e Sociais da Unesco no Brasil, Marlova Noleto- Por Luis Pellegrini A violência entrou de vez no currículo escolar dos brasileiros. Só que agora, infelizmente, em vez de um saudável e democrático conflito no campo das ideias, alunos, professores, diretores e funcionários precisam cada vez mais conviver com agressões, ameaças e abusos. Não é preciso ir longe para se verificar tudo isso. Basta recorrer ao buscador do Google e pedir "violência nas escolas". Aparecem centenas de artigos, análises, denúncias, resumo de encontros e simpósios de especialistas em ciências da educação e do comportamento, além de livros inteiros, disponibilizados gratuitamente, na tentativa de analisar o problema e apresentar possibilidades de solução. Se você for ao Youtube, vai encontrar coisa ainda pior: é imenso o acervo de postagens, contendo cenas às vezes alucinantes de violência destrutiva pura, com frequência captadas e publicadas pelas câmeras celulares dos próprios alunos. Há vídeos de brigas, de bullying, de quebra- quebras, de mutilações e até de assassinatos cometidos dentro das salas de aula e nos pátios das escolas. Exemplos disso são dois casos de agressão ocorridos recentemente em Brasília. Na maior universidade da capital do país, um professor acabou no hospital após ser agredido por um estudante. Em uma escola pública de ensino básico, um aluno foi morto a facadas pelo colega. Violência não é fenômeno isolado - "A violência nas escolas reproduz a violência na sociedade, não é um fenômeno intramuros isolado", afirma a coordenadora de Ciências Humanas e Sociais da Unesco no Brasil, Marlova Noleto. Segundo a educadora, os ambientes escolares deixaram de ser lugares protegidos e muitos pais perderam a tranquilidade ao levar os filhos à escola. Ela destaca que a ausência de regras claras de convivência entre alunos e professores contribui para o aumento da violência. Para o professor da faculdade de Educação da Universidade de Brasília e da Universidade Católica Célio da Cunha, há uma profunda crise de valores humanos. "A violência na escola vem da Idade Média, é uma prática inconcebível no século 21. A escola tem que refletir uma cultura de respeito, da merendeira ao diretor", diz. Cunha defende que é preciso recuperar a dimensão humana da educação, que foi transformada em um negócio. A educadora Marlova Noleto aponta para a importância de um bom clima na escola. "Na escola, aprendemos não só a ser,mas a fazer, a viver juntos e a conhecer. Um conjunto de regras e valores educam para a vida, não educam apenas no ambiente escolar", acredita. A especialista reconhece que, em primeiro lugar, é preciso que o professor goste do que faz. "Ensinar é um ato de amor e é sempre uma via de mão dupla. É preciso estar aberto para ensinar e aprender", aponta. "Na maioria dos casos, o aluno reproduz na sala de aula aquilo que vive em sua própria casa, no convívio com a família, e nas ruas. Há, de modo geral, uma crescente banalização da má educação, uma ausência de consciência de limites, uma violência instalada nos lares. Reflexo de um fenômeno que se alastra por toda a sociedade", opina a matemática Nelma Pellegrini Franco, que amargou trinta anos de magistério em escolas públicas de São Paulo. Estimular o respeito à diferença ´- Em muitos casos, a violência na escola é decorrente do medo de ser reprovado ou de ameaças que o aluno sofre em casa. Marlova Noleto diz que é preciso incluir as famílias no processo de educação e ajudar as crianças desde cedo a desenvolver um sentido ético. "Quando estimulamos nossos alunos a respeitar a diferença, estamos também evitando a violência", observa. Em última instância, destaca Marlova, a educação deve propiciar também a satisfação dos alunos. "Se o processo de aprendizagem não trouxer também felicidade, dificilmente aprenderemos com qualidade", afirma. Para Miriam Abramovay, coordenadora da área de Juventude e Políticas Públicas da Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais e coordenadora de pesquisas da Unesco (Organização das Nações Unidas para a educação,a ciência e a cultura), os conflitos são resultado de relações sociais ruins e da falta de diálogo. Pesquisadora do tema há mais de dez anos, Miriam defende a criação de políticas públicas de prevenção da violência escolar, diagnóstico dos problemas e a formação específica de professores: "Um bom professor é o que ensina bem a disciplina, mas também que sabe ser amigo, que sabe entender o que é ser jovem". Em recente entrevista à jornalista Marcelle Souza, do Portal UOL, Miriam Abramovay diz que a escola deve ser espaço de proteção e não de violência:
  • 6. Aumentaram os casos de violência na escola? Eu acho que não dá para dizer que aumentou ou não a violência no ensino. Não existe nenhuma pesquisa que abarque todo o Brasil e que faça uma avaliação do que aconteceu nesses últimos dez anos sobre a violência nas escolas. Se você pegar os casos de violência em geral ou de mortalidade dos jovens, a situação é cada ano pior. Então, é óbvio que por um lado a escola recebe essa influência, mas por outro ela também produz violência, que são muito específicas do âmbito escolar. A ciberviolência e a divulgação de vídeos de violência na internet aumentaram a sensação de violência? Eu acho que é uma questão muito importante e a escola não tem as ferramentas mínimas para poder prevenir esse tipo de violência. A escola é muito centrada em si mesma, no que pensam os adultos. Em segundo lugar, ela não sabe o que acontece na vida desse jovem. Colocar uma coisa na internet é uma forma de exibicionismo e nós vivemos numa sociedade do espetáculo. Isso tem um valor muito grande, principalmente para o jovem. O que motiva os atos de violência na escola hoje em dia? Brigar, eles sempre brigaram, isso sempre aconteceu. Mas eu acho que estamos vivendo um fenômeno da exacerbação da masculinidade e da cultura da violência. Aparece aquele que é mais violento, que sabe brigar melhor. Eu digo masculinidade, mas é para garotos e garotas. Aí também entra o uso das armas, porque a arma é símbolo de força e de poder. Qual é o principal motivo do conflito entre professores, alunos e diretores? Eu acho que as relações sociais -- aluno-aluno, aluno-professor e professor-diretor-- estão muito ruins. Ainda acho que as mais complicadas são as relações com os adultos. Isso porque a escola é muito centrada nela mesma e muito pouco do que se propõe é dialogar com os jovens. Eu acho que isso cria um clima muito ruim. Nós estamos fazendo uma pesquisa e percebemos que o professor que os alunos mais gostam coincide com a matéria que eles mais gostam. Ou seja, a relação entre o professor e os jovens ainda é muito importante. Um bom professor é o que ensina bem a disciplina, mas também o que sabe ser amigo, que sabe entender o que é ser jovem. Por que ocorrem casos de abuso sexual dentro da escola?A escola não é uma torre de marfim, ela também reproduz as próprias loucuras da nossa sociedade. Eu acho que tem ainda o abuso dos professores e das professoras relacionado à fragilidade do que é ser adolescente. Nós temos uma postura de negação a tudo o que é jovem, no sentido de não ser positivo. Por outro lado, existe admiração, porque são bonitos e estão vivendo coisas que os adultos já viveram, o que causa muito fascínio em muitos professores também. Acho que é uma falta de limite desses professores e professoras e uma falta de autoridade. A escola tinha que ser um local de proteção e não de reprodução dessa violência. Você pesquisa a violência escolar desde o início dos anos 2000. Algo mudou nos últimos dez anos? Eu acho que muito pouco, infelizmente, porque os tipos de comportamento vêm se repetindo. Nós não temos políticas públicas efetivas, diagnósticos importantes sobre esse tema. Nós não temos formação de professores, o que é fundamental, porque eles não tiveram isso na sua formação. Qual é o papel da escola no combate ao bullying? Eu acho que a escola tem que prestar atenção no que está acontecendo com ela: como se dão as relações entre os alunos, as relações com os professores, em todos os fenômenos da violência, que são ameaças,a entrada de armas na escola, a homofobia, a violência de gênero... A escola tem que se dar conta disso. Como combater a violência escolar em comunidades em que a violência já faz parte do cotidiano? Uma escola que está num local de violência não obrigatoriamente é violenta. A escola tem uma violência de fora para dentro, mas tem a violência que ela produz. Então, você pode ter um lugar supertranquilo em que a escola é superviolenta. E vice-versa. A escola tem as suas próprias características, não é uma consequência direta do que acontece fora dela. Não obrigatoriamente a comunidade tem interferência nas relações entre os alunos, no racismo, na homofobia, em como os professores tratam os alunos, porque isso pode ser violência também. Se você tem uma concepção de violência como só a violência dura, que é a entrada de tráfico e de armas nas escolas, então você tem razão, quanto mais a comunidade é violenta mais a escola é violenta. Mas se você tem uma concepção de que violência é uma coisa mais ampla, que existe uma violência simbólica, não obrigatoriamente a comunidade vai fazer com que as relações sociais sejam piores. Dependendo dos professores, dos alunos, da relação com a família, a escola pode ser um lugar de proteção, independente do bairro ou da comunidade ser violenta ou não. Há uma relação entre a participação dos pais e a violência escolar? Nós fizemos uma pesquisa há muito anos que mostrava que quanto mais havia a participação dos pais na escola mais a escola poderia se tornar uma escola protetora. Ou seja, abrir as portas para os pais, os pais buscarem entender o que está acontecendo com os filhos, pedirem ajuda, [fazer com] que essa relação escola e família não seja de competição, é fundamental para o clima escolar. Em que momento a polícia pode entrar na escola? Está acontecendo um fenômeno hoje que é a judicialização da educação. Quer dizer, a escola joga para a Justiça seus principais problemas. A polícia tem que entrar na escola quando a violência é dura, quando existe droga e armas dentro da escola. Senão, não existe nenhum sentido de a polícia estar dentro da escola. Mas está acontecendo o contrário, quer dizer, o conselho tutelar a toda hora é chamado por coisas mais banais que acontecem. O que a escola está dizendo é "eu não tenho autoridade de resolver os meus problemas e vou chamar a polícia para isso". Qual é o papel do Estado na redução da violência nas escolas? Eu acho que nós temos que ter uma política pública sobre esse tema, que abarque diagnósticos, formação de professores. Não adianta só ter pequenos programas, nós temos que ter políticas para a gente saber o que está acontecendo, depois pensar muito na formação de professores, para eles saberem o que fazer.
  • 7. A INDISCIPLINA E AGRESSIVIDADE NO CONTEXTO FAMILIAR E ESCOLAR Temos que trazer e despertar o interesse de pais e educadores os limites da disciplina numa maneira bem-humorada e realista, mostrando que pai ou professor, é o educador, e não pode se esquivar da tarefa de apontar na medida certa os limites para que os jovens se desenvolvam bem e consigam viver bem em harmonia. As crianças aprendem a comportar-se em sociedade ao conviver com outras pessoas, principalmente com os próprios pais. A maioria dos comportamentos infantis é aprendida por meio da imitação, da experimentação e da invenção. È preciso lembrar que uma criança, quando faz algo pela primeira vez, sempre olha em volta para ver se agradou alguém. Se agradou, repete o comportamento, pois entende que agrado é aprovação, e ela ainda não tem condições de avaliar a adequação do seu gesto. A força dos pais está em transmitir aos filhos a diferença entre o que é aceitável ou não, supérfluo, e assim por diante. O professor também perdeu a autoridade inerente à sua função. É preciso continuar investindo na melhoria da qualidade do ensino em nossas escolas, para isso é fundamental o maior interesse das políticas públicas na educação, incentivando a formação e aperfeiçoamento do quadro docente, realizando melhorias do espaço físico das escolas, além de contar com a participação efetiva da família e da comunidade. Quando o limite é apresentado com afeto, a criança o aceita mais facilmente. Sem dúvida, não é um trabalho fácil, mas geralmente funciona. Além da família, cabe à escola este papel. Afinal, os educadores continuam a deter parte considerável da responsabilidade pela formação da criança. Nos tempos atuais, família e escola parecem perder o poder e o espaço que tiveram outrora no sentido da formação do individuo. As crianças começaram a entrar mais cedo na escola, fato que pode favorecê-las ou desfavorecê-las, dependendo do acompanhamento escolar e familiar realizado. Caso a criança seja bem acompanhada, esse ingresso prematuro na instituição pode ajudá-la a se desenvolver melhor em todos os aspectos: sociais, cognitivos, etc. Porém, se a família coloca-a na escola, mas não acompanha pode gerar na criança um sentimento de descaso em relação ao seu desenvolvimento. Em outras ocasiões pode-se criar uma criança autoritária e desobediente por culpa dos próprios pais que por trabalharem demais e estarem ausentes da rotina do filho permitem, por um sentimento de culpa, que a criança faça tudo que desejar. Tal comportamento dos pais é prejudicial à própria criança, que fora do ambiente familiar não encontrará tamanha facilidade. A escola por sua vez, também procura subterfúgios para “escapar” da culpa pelos possíveis fracassos escolares de seus alunos, entre as desculpas mais freqüentes esta a de culpar os pais pela falta de tempo no convívio com os filhos. Fato que acaba gerando alunos com problemas de aprendizagem, relacionamento, etc. Cabe a sociedade, não só aos setores ligados à educação, através de pequenas ações o cotidiano da escola e da família, para que esta compreenda a importância dos objetivos traçados pela escola, que deve tornar possível ao aluno aquisição de conteúdos de forma mais atraente. A renovação de conteúdos de forma suscita a renovação dos métodos e das relações entre professores e alunos, das obrigações e da disciplina. Com a inovação dos métodos, os conteúdos não podem se tornar inconscientes, pois, devem proporcionar condições de conduzir a satisfação. A escola, enquanto instituição, já traz embutido o conceito de ordem, a necessidade de disciplina, utilizando-se de certas punições a fim de manter a ordem já estabelecida e tornar o aluno obediente e passivo como forma de dominação, nesse sentido, a escola acaba reduzindo a indisciplina e a agressividade do aluno. Partimos do princípio de que nenhuma criança nasce agressiva, ela torna-se de acordo com o meio, pois limite e disciplina transitam no caminho do afeto e da liberdade, e isso se reflete nos locais onde ela se insere. Segundo Içami Tiba (1996, p.173) O maior estímulo pata ter disciplina é o desejo de atingir um objetivo. Em termos operativos e sociais, o comportamento de qualquer cidadão deve estar baseado pelo menos em cinco princípios: Gratidão, Disciplina, Religiosidade, Cidadania e Ética. Estes valores devem estar presentes nos processos educativos familiares e escolares. O desenvolvimento da indisciplina corresponde ao surgimento de um controle interno, uma obediência às regras que não dependa mais exclusivamente do controle dos pais ou de outras pessoas. Isso implica a assimilação racional das regras, o que faz surgir a reciprocidade, o respeito mútuo que vem a ser a capacidade de respeitar o outro e por ele ser respeitado. 1.1 Características da indisciplina e da agressividade O comportamento de uma pessoa obedece a atitudes e valores mais ou menos internalizados. Os problemas de disciplina, que também podem ser chamados “de convivência”, nas escolas, são um reflexo de uma crise de valores que está se produzindo em nossa sociedade em geral, e claro, na escola como subconjunto institucional criado por esta sociedade. Em um mundo cada vez mais globalizado, a informação chega diariamente aos lares, mostrando uma infinidade de cenários de violência. Ao mesmo tempo, a família como instituição esta demonstrando fortes mudanças com a incorporação da mulher ao trabalho e a cada vez mais frequente separação dos casais, transformando-se em mono parentais, no próprio lar, muitas crianças aprendem sobre a violência e os maus tratos, a falta de respeito com os mais velhos etc. Na rua, a aprendizagem do darwinismo social, a assunção de determinismos e contra-valores para a sobrevivência e a estima no bairro e no grupo.
  • 8. Para os estudantes de hoje a escola não tem o mesmo significado de algumas décadas atrás, pois boa parte já assumiu o seu meio de visão que não será assegurado mediante os estudos, e que aqueles que têm expectativas de estudos superiores advertem as dificuldades existentes hoje para encontrar emprego dentro de sua qualificação. Não nos surpreende que o estudante mais afetado por estes cenários, e ainda mais se, como já ocorre em muitos países, à escolaridade fundamental é obrigatória para toda a população, eventualmente mostre conatos de comportamento indisciplinado, violento, desrespeitoso e de ruptura. A escola não pode por si só modificar as causas que originam este problema, mas pode fazer o possível para não contribuir para isto e, pelo contrario, apresentar um quadro amigável, dialogador, pacifista, democrático e um currículo integrado, baseado em seus interesses e suas vivencias. De acordo com Içami Tiba (1996, p. 165) O aluno que não respeita os outros precisa ser educado ou ser tratado. Isto nos leva a considerar que os problemas “de convivência” irão aparecer sempre, porém o importante não é só evitá-los, mas manejá-los de maneira educativa. Assim, em uma análise das características de indisciplina e agressividade mais frequentes entre os estudantes, aparecem às seguintes: a) Incompetência emocional, grande parte dos problemas de violência provém de uma falta de controle das emoções; b) Aumento do individualismo, do egocentrismo, impedindo o aluno de ver o outro como um mediador na busca do conhecimento escolar, seja o outro professor ou o colega nas trocas indispensáveis nos trabalhos em grupo. Tentativas constantes de fazer a aula girar em torno de seus interesses e idéias; c) Desapego da escola, as mesmas atitudes individualistas e a falta de sentido de cooperação levam a um desapego do aluno a respeito da instituição escolar como micro sociedade na qual convive em grande parte do tempo; d) Condutas violentas, a aprendizagem da violência, em um contexto no qual esta aparece como única forma de solução dos conflitos leva a atitudes e comportamentos violentos, o que freqüentemente é potencializado pela incompetência emocional anteriormente assinalada; e) Ausência de limites sociais gerando interrupções inoportunas, confusões, conflitos em sala de aula que perturbam o ambiente externo adequado a uma boa aprendizagem; f) Desvalorização, desqualificação do professor, da situação escolar, dos conhecimentos escolares; g) Tendência à intolerância, os contra-valores mencionados, de individualismo, competitividade, falta de solidariedade, etc., freqüentemente levam também a uma intolerância com o diferente; h) Tensões, grande ansiedade junto com a conduta indisciplinada causando alterações no foco de atenção, atrapalhando a memória imediata e do meio prazo em testes e provas, perturbando as construções de relações lógicas apoiadas nas informações do momento e nas anteriores; i) Atenção dispersa, dividida, voltada para as brigas, trapaças, roubos, etc., em que esteja envolvido direta ou indiretamente, ou seja, simples “torcedor” na sala de aula ou fora dela; j) Perda de aulas por atraso ou retirada de sala por indisciplina ou ainda suspensões disciplinares, gerando descontinuidade na construção de determinados conhecimentos; k) Não cumprimento de tarefas escolares fora do horário regulamentar que auxiliariam na desejada fixação e ampliação de conteúdos programáticos que seriam suportes para novos conhecimentos posteriores; 1.2 Razões da indisciplina e da agressividade Desde alguns anos atrás,vai instalando-se em nossas sociedades, e de maneira especial em nossas escolas, a convicção de que os estudantes vão sendo cada vez mais indisciplinados e mal-ducados, mostrando comportamentos que interrompem o clima acadêmico da escola, quando não protagonizam agressões verbais e físicas, furtos, destruição do mobiliário, etc.O fato de que na escola surjam problemas de convivência não é nada novo. Sempre tem acontecido, se bem que o seu tratamento tem estado muito centrado nos aspectos punitivos e na seleção. Pressupõe uma visão pobre ou psicologista das causas de problema, atribuindo-se à falta de interesse do aluno, à sua escassa capacidade, sua preguiça, ou inclusive, ao seu “caráter violento” etc., ou então se explica pela sua origem (classe social, raça, etc.), assumindo-se que os problemas sempre surgirão a partir destas classes sociais porque carecem de uma adequada educação,não tem expectativas de estudos posteriores, etc. No entanto, estes problemas são multicausais e têm sua raiz não apenas no ambiente social e nas mudanças socioeconômicas que vão se produzindo, diante dos quais as crianças são mais vulneráveis do que os outros, quanto as suas expectativas de futuro. Segundo Içami Tiba (1996, p.79) A educação escapou ao controle da família porque, desde pequena a criança já recebe influências da escola, dos amigos, da televisão e da internet. A agressividade aqui colocada está focalizada como uma das manifestações da indisciplina e apresenta as seguintes razões: a) Excesso de repressão, professor autoritário em classe, regras rígidas na escola, intolerância, etc. Podem provocar uma natural onda de revolta principalmente naqueles que não sejam passivamente submissos e queiram saudavelmente participar das atividades. Assim a indisciplina pode surgir como não aceitação do absolutismo e autoritarismo excludente. A repressão não educa; b) Excesso de liberdade, professor e família permissivo em classe, escola sem direção, ausência de regras também na escola, etc. Quando os alunos ficam entregues aos próprios critérios de convivência os mais abusados podem não respeitar as autoridades naturais inerente aos educadores nem poupam os próprios colegas. Ausência de limites também não educa;
  • 9. c) Pais desinteressados no aprendizado, mas querem aprovação, são pais retrógrados que mandam os filhos para a escola para serem aprovados e não aprenderem a ampliar o seu mundo e crescer. O que lhes interessa é o diploma. O que faltar futuramente aos filhos os pais está disposto a supri-los. Assim os filhos estudam o suficiente para passar de ano. Então eles sendo preparado para o futuro trabalharem o suficiente para não serem despedidos quando empregados e/ou pagarem o mínimo necessário para seus empregados não os abandonarem, caso sejam empregadores; d) Pais que terceirizam para Escola a educação dos seus filhos, hoje há pais que por perderem suas referencias educativas delegam à escola a responsabilidade de educar os seus filhos. Para a escola, os alunos são meros “transeuntes curriculares” isto é, mudam de escola num piscar de olhos por qualquer motivo e saem da escola quando terminam o curso. Mais para os pais, os filhos são para sempre. Filhos são como navios. Os pais são os estaleiros que fabricam os navios e a escola vai capacitá-los através de instrumentos que vão auxiliá-los a navegar pelos mares muitas vezes desconhecidos dos seus próprios pais. Portanto escola e pais têm funções diferentes, mas complementares. Os pais não devem jamais abrir mão de educar seus filhos. Como ninguém consegue dar o que não tem, é importante que os pais sejam progressivos e se preparem para poder dar uma boa educação aos seus filhos. São retrógados os pais que por encontrarem dificuldades abandonam suas funções e passa a ser muito cômodo poder cobrar dos outros as suas próprias falhas, estas falhas vão gerar indisciplina; e) Drogas, um grande problema que infelizmente esta aumentando, sejam elas licitas ou ilícitas, elas prejudicam o desempenho escolar e relacional dos alunos. O usuário fica à mercê dos seus defeitos químicos e sua vontade já não esta mais sob o seu controle. Assim ele passa a fazer o que a droga lhe permite. Uma das primeiras estruturas a serem tiradas de função é o superego. È ele que nos torna adequado a diversos meios que freqüentando e consigamos ter força de vontade e produtividade. Na ausência, o usuário fica mais a disposição dos seus instintos e vontades que não combinam com o assistir aulas, fazer provas, respeitar outras pessoas como professores, colegas, etc. è importante que os educadores estejam preparados, no mínimo informados, para lidar bem com seus usuários; 1.4 Evidências da agressividade na família Ninguém desconhece que a falta do amparo familiar, mais precisamente a carência afetiva durante a infância, pode conduzir a uma deterioração integral da personalidade, e consequentemente do comportamento. Segundo ensinam os psicólogos, os comportamentos de cuidado maternos são tão indispensáveis para o futuro da criança que, na sua falta, se encontram as raízes fundamentais do desajuste infantil, que acaba no adulto desajustado. Quando o relacionamento familiar é precário, certamente irá influenciar nos relacionamentos sociais de seus membros, principalmente dos filhos. Alguns pais não têm noção do mal que causam aos seus filhos quando não estabelecem limites para eles, atendendo todos os seus desejos sem questioná-los, crianças que não sabem controlar suas vontades, provavelmente não saberão lidar com problemas corriqueiros do seu dia-a-dia. Segundo Içami Tiba (195, p. 43) Quando falha o grande controlador, que é a família, representada na figura dos pais, os abusos começam a acontecer. E, quando um abuso é bem sucedido, ele se estende para social, na delinqüência, na compulsão pelas drogas. Quando a família deixa o filho fazer sempre suas vontades, este com certeza criará problemas futuros., essa forma de educar os filhos, baseado no amor incondicional sem estabelecer as devidas restrições, dizendo com firmeza não e sim na hora certa, com explicações moderadas e objetivas estão levando as crianças a se tornarem jovens automaticamente dependentes, sem autocontrole e inseguros, incapazes de solucionar problemas que surgem na dinâmica de sua própria vida, sem perspectiva de uma vida futura progressiva, sem realizações enriquecedoras e positivas. Tendo em vista que o ser humano é por excelência insaciável, seus instintos de necessidades infinitas não são trabalhados e contidos por regras e pulso firme de seus pais, quando adultos, estarão sempre insatisfeitos com sua própria vida e com o mundo. A ausência de limites, instituídas na educação familiar por pais demasiadamente tolerantes, fecunda conseqüências desastrosas, produzindo crianças indisciplinadas, extremamente agressivas, insolentes, rebeldes, por conseguinte vivem sempre em conflitos internos, demonstram insegurança em tudo realizam, crescem ampliando paralelamente sentimentos nada plausíveis, como o egoísmo e a intolerância, pois estão sempre convictos de que as pessoas que os rodeiam, que matem contato independente de que seja sua mãe ou não, estarão a sua disposição para satisfazer suas necessidades. (Santos, 2002, p. 46) Geralmente, pais que satisfazem todos os desejos instintivos de seus filhos, superprotegendo, afirmam que fazem tudo para vê-los alegres, com efeito, ao verem que as ações de seus filhos são antagônicas as suas expectativas, cometem atitudes irresponsáveis, não respeitam os outros provocam brigas em qualquer ambiente ao mesmo tempo em que não desempenham com dignidade e de forma espontânea as atividades escolares e extra-escolares. Içami Tiba (1995), comenta que a disciplina é algo vivo, que confere satisfação nos próprios atos de se organizar, de realizar e do colher. Cada etapa precisa ter a própria satisfação para animar a pessoa a seguir em frente. Souza (2001), diz que é impossível a permanência de coesão familiar sem alguém que exerça com segurança e continuidade o princípio aglutinador da autoridade respeitosa, e estimulando as dimensões das possibilidades se as crianças são capazes de realizar, seus potenciais que estão escondidos e que com esforço desabrocharão, tornando-se um ser maduro e fortificador. A satisfação consigo mesmo, depende em última instância do bom uso da liberdade aprendia desde a infância.
  • 10. Pelo exposto, pode-se compreender que, a firmeza dos pais, sendo proteção contra o domínio do capricho e fonte de bem estar, tendo em vista que irá permitir quando jovens a conscientizar-se de suas tendências, de conhecer a si mesmo e dos outros, o progresso intelectual e equilíbrio emocional consciente, o significado da responsabilidade. A interiorização das boas condutas não acontece por si só, exige de pais a autoridade equilibrada dizer sim e não nos momentos apropriados em função da firmeza, do bom senso e da integridade no caminho da vida, baseando nesses preceitos, vale ressaltar que é conveniente dar oportunidade nas circunstâncias oportunas de os filhos expressarem seus aborrecimentos contra eventuais injustiças e incompreensões do dia-a-dia. 1.5 Evidências da indisciplina e agressividade na escola A indisciplina e a agressividade manifestam-se de diversas formas na vida de um estudante, e apesar da bagunça e do barulho não serem as únicas formas, são elas as formas que mais se destacam na sala de aula. Pois quase sempre a indisciplina passa a ser vista como um problema quando a sala começa “a pegar fogo”, ou seja, quando sofrem influência no comportamento dos alunos e é percebida na “bagunça”, no “barulho”, na “falta de atenção” e de forma mais agravante na agressividade. Nessas horas, é que realmente a preocupação do professor cresce e o faz pensar sobre a indisciplina do aluno. Ações indisciplinadas na escola são traduzidas em comportamentos como: empurrar e bater nos colegas, destruir ou pegar seus materiais e trabalhos, sair dos seus lugares e da sala de aula com freqüência e sem permissão, pedir para ir toda hora ao banheiro, conversar muito durante as explicações do professor, dispersão ou negação em participar das atividades. Tais atitudes acima citadas não violam as normas legais da sociedade, caracterizam-se por atos que afetam a vida das escolas, mas estão longe de serem consideradas ações delinqüentes e/ou patológicas. De acordo com Içami Tiba (1996, p.178) O exemplo é muito importante na educação. Quem sabe fazer, aprendeu fazendo. Na verdade, a indisciplina poderia ser percebida muito antes de tornar-se um problema de comportamento como a bagunça ou a agressividade, que são formas de expressão da total falta de respeito com os estudos. O não acompanhamento das aulas já é um forte indício de indisciplina. Se os professores partirem do princípio que todo aprendiz quer aprender (mesmo quando esta vontade está escondida no consciente), então, pode concluir que o mínimo de organização e disciplina o aluno apresente para alcançar o aprendizado. A ausência de disciplina e a falta de organização nos estudos começam a aparecer quando o aluno começa a perder essa vontade intrínseca de querer aprender, e com o passar do tempo tornar-se um enfado, ou seja, deixa de ser vontade e passa a se quase um sacrifício. Um mesmo ato indisciplinado acaba tendo a mesma conseqüência para alguém que agiu pela primeira vez e para o reincidente. Apenas com o desenvolvimento da capacidade cognitiva e com a experiência no grupo social é que o adolescente começará a ser capaz de julgar o certo e o errado, considerando as circunstâncias. Tudo isso para demonstrar que a caminho, sedimentado com coerência, consistência e a intervenção sistemática da escola, família e sociedade. Por isso a influencia da agressividade e da indisciplina no processo de ensino-aprendizagem será melhor trabalhada e superada com a união de todos os responsáveis neste processo, tendo como objetivo principal a formação integral do indivíduo. 2.1 Preparo do professor para lidar com alunos-problemas Estamos vivendo um momento de desafio em nossas escolas, assistimos um aumento considerável da indisciplina e atos violentos, bem como as preocupações de professores e pais em relação ao comportamento escolar dos alunos, precisando ser melhor refletido e enfrentado. O professor precisa desempenhar seu papel, o que inclui disposição para dialogar sobre objetivos e limitações e para mostrar ao aluno o que a escola (e a sociedade) espera dele. Só quem tem certeza da importância do que está ensinando e domina várias metodologias consegue desatar esses nós. De acordo com a psicóloga e pesquisadora em educação Tânia Zagury (Revista Nova Escola, edição nº149, jan./fev.02) Quando há relacionamento de afeto e um professor atencioso, qualquer caso pode ser revertido em pouco tempo. Acreditamos que esses alunos-problemas têm um porquê e um para quê e nós precisamos nos ajudar, porque sozinhos não conseguiremos ser uma escola de fato. Uma escola que pensa na vida, partindo da vida das pessoas... Está na hora de repensarmos o processo, a teoria que nos embasa, o currículo, a gestão e o conselho escolar; de repensarmos se estamos apenas brincando de democracia. Ser professor nunca foi uma tarefa simples. Hoje, porém, novos elementos vieram tornar o trabalho docente ainda mais difícil. A disciplina parece ter-se tornado particularmente problemática. Na escola são vistas como alunos problemas, em casa como bagunceiras ou, dependendo do caso, distraídas. Essa é a realidade de crianças com sintomas de inquietação, baixo rendimento escolar, dificuldade nos relacionamentos, ansiedade, agressividade e resistência a receber ordens. Segundo Gadotti (1995), são necessárias algumas diretrizes básicas, dentre as quais estão: a autonomia da escola, incluindo uma gestão democrática, a valorização dos profissionais de educação e de suas iniciativas pessoais. Oportunizar uma escola de tempo integral para os alunos, bem equipada, capaz de lhe cultivar a curiosidade e a paixão pelos estudos, a curiosidade e a paixão pelos estudos, a valorização de sua cultura, propondo-lhes a espontaneidade e o inconformismo. Inconformismo traduzido no sentimento de perseverança nas utopias, nos projetos e nos valores, elementos fundadores da ideia de educação e eficazes na batalha contra o pessimismo, a estagnação e o individualismo. O preparo e bom senso do professor é o elemento chave para que essas questões possam ser melhores abordadas. A problemática varia de acordo com cada etapa da escolarização e, principalmente, de acordo com os traços pessoais de
  • 11. personalidade de cada aluno. De um modo geral, há momentos mais estressantes na vida de qualquer criança, como por exemplo, as mudanças, as novidades, as exigências adaptativas, uma nova escola ou, simplesmente, a adaptação à adolescência. As crianças e adolescentes como ocorrem em qualquer outra faixa etária, reagem diferentemente diante das adversidades e necessidades adaptativas, são diferentes na maneira de lidar com as tensões da vida. É exatamente nessas fases de provação afetiva e emocional que vêem à tona as características da personalidade de cada um, as fragilidades e dificuldades adaptativas. Os alunos podem trazer consigo um conjunto de situações emocionais intrínsecas ou extrínsecas, ou seja, podem trazer para escola alguns problemas de sua própria constituição emocional (ou personalidade) e, extrinsecamente, podem apresentar as conseqüências emocionais de suas vivências sociais e familiares. Como se sabe, a escola é um universo de circunstâncias pessoais e existenciais que requerem do educador, ao menos uma boa dose de bom senso, quando não, uma abordagem direta com alunos que acabam demandando uma atuação muito além do posicionamento pedagógico e metodológico da prática escolar. O tão mal afamado "aluno-problema", pode ser reflexo de algum transtorno emocional, muitas vezes advindo de relações familiares conturbadas, de situações trágicas ou transtornos do desenvolvimento, e esse tipo de estigmatização docente passa a ser um fardo a mais, mais um dilema e aflição emocional agravante. Para esses casos, o conhecimento e sensibilidade dos professores podem se constituir em um bálsamo para corações e mentes conturbados, essas crianças geralmente são incompreendidas tanto em casa como na escola. Também costumam ser marginalizadas e isoladas pelos colegas. Nesse caso, é importante que a escola ofereça atendimento e acompanhamento personalizado, para estimular o crescimento pessoal e social dessas crianças, educação deve ser uma parceria, senão não funciona. 2.2 - Atitudes docentes para melhoria comportamental dos alunos Um aluno que tenha uma autoimagem negativa, que se considera um fracassado, mesmo reconhecendo a sua dificuldade, provavelmente vai buscar nas outras pessoas que estão ao seu redor responsabilidade pelo seu fracasso? Dirá que o professor é chato, ou que a matéria não serve para nada ou mesmo que os colegas é que são ruins. Esse aluno acaba por desenvolver comportamentos problemáticos na sala de aula, ou torna-se indisciplinado. Para lidar com a indisciplina, em primeiro lugar, é importante que o professor garanta em sua relação com os alunos condições igualitárias de participação, proporcionando diferentes contribuições para o processo de aprendizagem. Na verdade, a questão da indisciplina ou da disciplina tem sido muitas vezes utilizada para justificar práticas autoritárias por um lado e, de outro, estimular uma espécie de domínio por parte os aluno, o que prejudica o projeto pedagógico da escola. Em segundo lugar, fazer da inquietação, da agitação e da movimentação elementos que possibilitem o ato de conhecer. Transformar o que aparentemente denominamos indisciplina em disciplina poderá estar construindo, na interação da sala de aula, o surgimento da criatividade e o nascimento do novo. Você pode observar que tanto o aluno “problema” como o aluno “excelente” possuem uma característica comum, que é o querer se mostrar, ou tornar-se visível. Eles se tornam visíveis, nos fazendo felizes ou nos fazendo sofrer. É importante notar que, enquanto esses tipos de aluno aparecem mais, os outros, considerados “normais”, correm o risco de cair em uma zona sombria, do esquecimento. Não podemos nos esquecer de que cada aluno é singular, único, diferente do outro. O fato de dar importância apenas aos aspectos considerados negativos ou positivos do comportamento de um aluno pode fazer com que não prestemos atenção na relação que estamos construindo com ele dia-a-dia. Essa postura provavelmente fará com que evidenciamos uma prática muito comum, que é a superficialidade com que a escola ou cada um de nós se relaciona com os outros, com o saber e com a própria vida. Dessa maneira, aquilo que consideramos problema, na nossa relação com os alunos, deve ser transformado em um momento de reflexão sobre nossa prática, sobre as dúvidas que aqueles alunos-problema fazem nascer em nós a respeito de nosso papel de professores-educadores. Cabe então, ao professor, enquanto educador, participar da formação de seus alunos, garantindo uma relação que evite que uns se calem, outros apenas obedeçam e outros dominem, estabelecendo condições para a colaboração, a compreensão mútua e uma boa comunicação. A intervenção do professor é fundamental para que as interações sociais que acontecem na sala de aula façam parte da formação de todos os que dela participam. É importante fornecer aos alunos referencias que possibilitem uma relação de confiança e respeito mútuo para que as questões afetivas, emocionais, presentes no processo de aprendizagem, possam ser discutidas e ressignificadas. 3. AÇÕES PREVENTIVAS DA INDISCIPLINA E AGRESSIVIDADE ATRAVÉS DE TEMAS TRANSVERSAIS A indisciplina e a agressividade representam um dos principais fenômenos que geram dificuldades no contexto escolar. Esse fato vem se agravando de tal forma que nem a escola, nem a família conseguem solucionar o problema. Tal fenômeno é caracterizado de diversas formas, porém, as idéias acerca desse tema estão longe de serem consensuais. Procuramos discutir os sentidos atribuídos por alunos do ensino fundamental ao fenômeno “indisciplina e agressividade escolar”, as causas que são consideradas por eles como geradoras desse fenômeno e a avaliação das medidas que estão sendo tomadas para resolver ou amenizar o problema. Partimos do pressuposto que, se desejamos intervir na realidade educacional, devemos conhecer, de antemão, a forma como os sujeitos que estão envolvidos nessa realidade compreendem os dilemas que vivenciam e as alternativas de modificação dessa situação. Piaget (1977,
  • 12. p. 435) define as normas morais "como regras racionais de acordo mútuo”. Uma norma é boa quando satisfaz as "leis da reciprocidade" e para reconhecer se uma norma é boa, a criança "terá de colocar-se numa perspectiva que se harmonize com outras perspectivas." Os sentidos atribuídos pelos alunos ao fenômeno refletem uma pluralidade de terminologias. Não é um problema que poderá ser resolvido de forma isolada, somente abrangendo a esfera escolar. Faz-se necessário uma aproximação maior entre a escola, a família e as esferas públicas, como o conselho tutelar, as promotorias de infância e de adolescência, as universidades (professores e, principalmente, os acadêmicos que estão em formação em diferentes áreas), visando um trabalho integrado, não apenas discutindo as dificuldades existentes no contexto escolar, mas com a inserção desses novos olhares possibilitarem uma ressignificação das formas e modelos de intervenção nesse contexto. Evidentemente, os alunos devem aprender desde a mais tenra infância a abrir mão, em alguns momentos, da realização direta de seus desejos, para que possam estar em grupo e viver numa comunidade (no caso as classes de aula). Todavia, um dos papeis de educador não é exatamente o de possibilitar esse crescimento e amadurecimento para as relações pessoais por parte dos alunos? O que ocorre que impede essa realização? Alguns dirão que a educação e os ensinamentos de limites são papeis das famílias. Têm razão os que assim pensam. Acontece que as famílias têm tido pouco tempo e não conseguem exercer o seu papel de educação das crianças. Além disso, a televisão ainda exerce uma influência negativa no que tange à aquisição de limites pelas crianças. Então, o "problema" estoura na escola, dentro e fora das salas de aulas. Indisciplina, agressividade, inquietação e mau-humor são sintomas que podem indicar problemas psicológicos de crianças e adolescentes, como no caso da hiperatividade e de outros transtornos psíquicos apresentados por alguns alunos. Entretanto, antes de mandarmos "todos os alunos de um determinado grupinho" aos divãs de psicólogos, devemos analisar se os problemas não estão mais relacionados aos adultos, à equipe de educadores das escolas, enfim, ao plano pedagógico e às relações estabelecidas pelos adultos e os seus alunos. "Devemos ser como os geógrafos, que sobem à montanha para conhecer a planície e descem à planície para melhor ver a montanha” (Napoleão Bonaparte). CONSIDERAÇÕES FINAIS Escolhemos este tema para contribuir com uma aprendizagem de qualidade partindo do pressuposto de que não existe qualidade em um ambiente de indisciplina e agressividade. Faz-se necessário buscar novos caminhos que levem a família, a equipe pedagógica, os professores e os alunos a assumirem o seu verdadeiro papel neste processo. O problema da indisciplina e agressividade tem constituído em um desafio para a escola, pois muitos alunos não respeitam seus professores, e essa indisciplina prejudica o ensino e a aprendizagem. Professores e orientadores têm dificuldade em estabelecer limites na sala de aula e não sabem até que ponto devem intervir em comportamentos inadequados que ocorrem nos pátios escolares. È preciso recuperar a autoridade fisiológica, o que não significa ser autoritário cheio de desmandos, injustiças e inadequações. As instituições de ensino, cuja tarefa é introduzir as crianças nas normas da sociedade, muitas vezes se omitem. O professor também perdeu a autoridade inerente a sua função. Quanto maior a perda, mais anárquica torna-se a aula. É essencial aos agentes da educação saber estabelecer limites e valorizar a disciplina, e para isso é necessária a presença de uma autoridade saudável. Tendo em vista as dificuldades de aprendizagem causadas pela indisciplina e agressividade é que desenvolvemos nosso tema, visando entender qual a relação entre aprendizagem e indisciplina em sala de aula, pois toda indisciplina é gesto de desinteresse e todo desinteresse se encarcera quando não existe significação da aula. E nenhuma aula é realmente significativa, quando não existe busca para a consciência da aprendizagem. O grande desafio da sociedade moderna é a educação. DEPREDAÇÃO DO PATRIMÔNIO PÚBLICO ESCOLAR Maior parte do orçamento para obras de reparo é gasto com vandalismo Das 2.174 escolas estaduais, a maioria já sofreu com o vandalismo, as vezes praticado pelos próprios alunos. Em 2008, o estado gastou R$ 28 milhões para arrumar depredações. Uma noite de baderna e vandalismo, com tintas usadas para pichar uma escola inteira. O Colégio[ ... ] emRecife,foi depredadonamadrugadadodia 10 de julho.Trêsadolescentes,dentre eles um aluno da própria escola, foram identificados como os autores do crime. Como punição, os três jovens tiveram que comprar tintase pintarnovamente todaaescola.“Só gastamosdinheiro, só deu prejuízo”, reconheceu o aluno que praticou as pichações. Para manter a estrutura física da escola em ordem é necessário que além das manutenções periódicas, haja a participação de todos os integrantes da comunidade escolar no sentido de preservar e conservar o patrimônio público. O importante é que todos se sintam pertencentes e responsáveis pelo espaço. Ajudar a manter a integralidadefísicae cultural daescolalevaoindivíduoalegitimarseu papel na comunidade, valoriza o sentimento de pertencimentoaumgrupocapaz de vencerdesafios, reafirma valores e faz com que todos vejam a escola como um patrimônio da comunidade. De acordo com Miranda (2009) todo ano, o Poder Executivo destina parte significativadoorçamentoparaa manutençãodasescolaspúblicas.Sãogastoscomreformade instalações,conserto
  • 13. de equipamentos,pinturas,trocade carteiras,entre outras despesas. Esses recursos poderiam ser economizados e investidos outros em setores da educação se não fossem os atos de vandalismo e de destruição do patrimônio escolar. Souza (2009) destaca que a luta pela valorização do patrimônio tem seu início na própria luta pela defesa dos bens que cercam a escola. Não podemos aceitar que jovens depredem seu próprio ambiente de estudo e que destruamaquiloque elesmesmospoderiamdesfrutar.Évital que hajauma vigilânciade todosnosentidode evitara depredação de bens da escola que ao serem destruídos estarão causando prejuízos a todos na medida em que podemescasseare atrapalharo desenvolvimentodasações educativas. Nesse sentido, é necessário que as escolas desenvolvampráticasque tenhamporobjetivomostraraosalunosa importânciadosbenspatrimoniaisque ocupam o espaço da escola e que, por serem públicos, pertencem a todos. Segundo Simas (2012), a estrutura precária das escolasestáafetandoaqualidade do ensino nas escolas públicas. Tal afirmação é notícia do Jornal Gazeta do Povo. Estrutura precáriaafetao ensinoEscolasdepredadase comespaçosdesconfortáveisfazemcomque oalunosinta-se desmotivado e até abandone os estudos Duas em cada dez escolas brasileiras estão depredadas. Entre os problemas, portas e janelas quebradas, brinquedos mal conservados e paredes e muros pichados. Diante desse cenário, especialistas alertam para a interferência do ambiente na qualidade do ensino e do aprendizado. Uma estruturadeficiente tornaasatividadesde alunose professoresmaiscomplicadae pode contribuir, inclusive, com a evasão de estudantes. O dado faz parte de um estudo conduzido pela Fundação Victor Civita – que trabalha com a produçãode conteúdose pesquisas na área de educação – e, segundo a diretora-executiva, Angela Dannemann, o número só não é maior porque engloba instituições públicas e privadas. Embora não estimado, o total de escolas mantidas pelo poder público em péssimo estado de conservação é muito superior. Para os educadores, um ambiente escolar limpo, pintado e organizado faz o aluno se sentir acolhido, disposto a usufruir o que o espaço oferece e empenhado em aprender mais. “A escola é como um shopping center, em que tudo é voltado para um objetivo.Nocasodoshopping é o consumo e no da escola, a educação. Todo espaço que cerca o estudante tem de ser atrativo e passar alguma informação. Por isso é importante que os jovens gostem de ficar nela, se sintam à vontade e não queiram ir embora o mais rápido possível”, diz a psicopedagoga e professora da Pontifícia Universidade Católica do Paraná Evelize Portilho. Estrutura Além das estruturas pedagógicas básicas – como playground, cancha de esportes e carteiras e quadros negros adequados –, outros aspectos, que à primeira vista parecemumdetalhe,sãoessenciaisparagarantirque crianças e adolescentespassem quatro ou cinco horas por dia emum ambiente semse sentiremdesconfortáveis.Entre essesdetalhesestãoo tamanho da sala de aula, o formato das janelase a existênciade áreasverdes.Osdoisprimeirositensestãorelacionados à ventilação. Eles precisam ter um tamanho adequado para permitir a entrada de ar. Caso contrário, um ambiente abafado pode fazer com que o aluno perca a atenção e fique sonolento. O espaço verde é funcional e serve como área de convivência. “A vegetação, combinada com um bom projeto paisagístico, além de criar um espaço público e recreativo mais agradável,ajudanoconfortotérmicoe acústico. Para amenizar o ruído que vem da rua, é importante ter um trecho de árvores entre ela [rua] e a entrada da escola”, explica a arquiteta Andressa Ferraz Damiani, da Cosmopolita Arquitetura,que trabalhounaaprovaçãode projetosde escolaspúblicasparaoFundoNacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE). Manter um ambiente escolar adequado não é tão simples quanto parece. Quando se trata de instituições públicas, ainda é preciso vencer a burocracia. No Paraná, as escolas estaduais têm recursos do Fundo Rotativo para fazer pequenos reparos, como arrumar um vidro quebrado ou limpar a caixa d’água. Para reformas maiores,é precisoentraremuma listade prioridade.Comodoisterçosdas2.136 escolasprecisam de algum reparo, as que ficamdestelhadasporcausade chuva, porexemplo,têmprioridade.“Umengenheirovai até olocal e analisa. Se o problema comprometer as aulas, a escola é atendida”, explica Jaime Sunye Neto, superintendente de DesenvolvimentoEducacional.Alunodevese sentircomoparte daescola.Escolasantigastendem a apresentar mais problemas estruturais. Falhas que, se mantidas por muito tempo, podem estigmatizar o local. “Se um professor puder escolher onde dar aula, vai preferir os espaços mais confortáveis e melhores. Isso gera um círculo vicioso, onde as instituições com melhor infraestrutura são também as com melhores docentes e viceversa”, comenta Angela Dannemann, diretora-executiva da Fundação Victor Civita. Dentro desse ciclo, alunos que não se sentem como parte da escola, ajudando a mantê-la em ordem, também têm mais chances de abandonar os estudos. Com uma estrutura bem cuidada e ações que envolvam os jovens para conservá-la, a importância daquele local para a vidado estudante torna-se maisevidente. “Esse trabalho de conscientização deve ser feito pela gestão escolar. Se não houverisso,osalunosvãocontinuardepredando,poisaveemcomoalgo público, que pertence a todos e não a ele”, diz a psicopedagoga Evelize Portilho. Comunidade O envolvimento da comunidade também é fundamental nesse processo de identificação do aluno com a escola. Por essa razão, é de suma importância uma ações que incentivem os alunos participarem individual e coletivamente na defesa da escola. PATRIMÔNIO PÚBLICO ESCOLAR -Garcia (2004), no entendimento da Lei de Ação Popular Lei 4.717, de 29/6/1965 em seu artigo 1°, parágrafo 1° define Patrimônio Público, como o conjunto de bens e direitos de valor econômico, artístico, estético, histórico ou turístico, pertencentes aos entes da administração pública direta ou indireta. Esses
  • 14. benspúblicos,de acordo com o Código Civil, são, entre outros, os rios, mares, estradas, ruas e praças (bens de uso comumdo povo),edifíciosouterrenosdestinadosaserviçoouestabelecimentodaadministração federal, estadual, ou municipal.Conforme oCadernode Orientaçõesparaa PreservaçãodosPrédiosEscolares(2009, p. 6), patrimônio escolar engloba tanto os bens incorpóreos, imateriais e intangíveis, assim chamados, pois não apresentam uma formafísica taiscomo: cultura,valores,filosofia,oprojetopedagógico,atradição,a históriae seussímbolos.Quanto aos bensmateriaisoufísicos,que é tudoaquiloque pode servistoe tocado,tambémchamamos de bens corpóreos, ou ainda, de bens tangíveis. O patrimônio compõe a identidade e a imagem da escola e, por isso, ele precisa estar sempre em ordem, sob pena de colocar em risco a segurança das pessoas e o projeto pedagógico. Paulo Freire (1991, p. 22) quandoSecretariode Educaçãona cidade de São Paulo afirmouque:“Se nãoapenasconstruirmosmais salas de aula, mas também as mantermos bem cuidadas, zeladas limpas, alegres, bonitas, cedo ou tarde a própria boniteza do espaço requer outra boniteza: a do ensino competente, a da alegria de aprender, a da i maginação criadora tendoliberdade de exercitar-se, a da aventura de criar”. É impossível uma escola alcançar bons índices de aprendizagem com alunos e professores convivendo num prédio mal conservado com paredes rachadas, vidros quebradose mobiliáriosdanificados.Paraque a aprendizagemaconteça,é necessárioque oambiente seja propício. Para manter a estrutura física da escola em ordem é necessário que além das manutenções periódicas, haja a participação de todos os integrantes da comunidade escolar no sentido de preservar e conservar o patrimônio público.A propostada educaçãopatrimonial visadespertara.curiosidade doseducandos,paraque essesdescubram por meiodosobjetosoumanifestaçõesculturaismaisinformaçõesarespeitodomeioemque vivem.Sendoaplicada a partir das séries iniciais, a metodologia da educação patrimonial, vai ao encontro daqueles que ainda não tendo seus valores totalmente formados, possuem um maior potencial para adquirir e transmitir essas noções de valorizaçãoe preservação dos patrimônios para o restante da comunidade. (OLIVEIRA e SOARES, 2009, p.115 / 125) Sabe-se que somentecoma participaçãoda sociedade nasdecisões que regem a vida em comum, poderemos ter a garantia de que haverá o retorno esperado pela população dos tributos pagos em forma de qualidade de vida. (ESPÍRITO SANTO, 2010, p.36) Para Espírito Santo (2010) o Programa Nacional de Educação Fiscal (PNEF) e as parcerias com as instituições de ensino regular a fim de formar cidadãos conscientes de seus deveres e direitos quanto à tributação e seus repasses por meio do Estado, para garantir qualidade de vida em forma de políticas públicas,nasce aoportunidade darealizaçãode um estudo voltado para a valorização do patrimônio público e para a função sócio econômica do tributo deste mesmo estabelecimento de ensino. Os mesmo visualizaram nesta questãoum bom momento de sensibilização de seus alunos quanto ao não desperdício de verba pública, uma vez que o que seriagasto na reformada escola,ou na reposição de objetos por eles depredados, poderia ser revertido para outras necessidades da comunidade onde a escola está inserida: policiamento, urbanização, saúde, saneamento básico, entre outras. Dessa forma, a função sócia econômica do tributo vem ao encontro de um dos papéisdaescola,enquantofórumprivilegiado,paradiscussõesacercada cidadania, ética e participação política dos cidadãos na vida em sociedade. Na visãodosprofessores,osatosde vandalismoindicamainexistênciadosentimentode pertença à instituição, não há o sentimento de cuidado e de zelo pelo ambiente e pelos recursos da escola, não há a cultura do respeito pelo espaço público e pelos outros alunos que utilizarão esse espaço. Relatos de que própria comunidade depreda a escola,nãoé passadopelospaisaosfilhosorespeitopeloambiente escolar.Algunsprofessoresentendemque,além do desenvolvimentode umaculturadopertencimento,dorespeitoe dapreservaçãodoespaço,serianecessárioque houvesse aidentificaçãoe aresponsabilização dosalunosque cometematosde vandalismo, para que a depredação escolar diminuísse. (COSTA, 2011, p. 9032) A IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO Para Brandão (1981) a educação esta em todos os lugares, em casa, na rua, na igreja ou na escola, de um modo ou de muitos, todos nós envolvemos pedaços da vida com ela: para aprender, para ensinar, para aprender-e-ensinar. Para saber, para fazer, para ser ou para conviver, todos os dias misturamos a vida com a educação. E ainda para Brandão (1981), todosos seressão alvosde umprocessoeducativo.Ospássaros,porexemplo,desde cedoexpulsam seus filhotes do ninho, fazendo com que experimentem o processo de aprendizagem do voo, e este exercício é fundamental paraa continuidadedavida.Osbebêssentemnecessidade de aprender e esta aprendizagem iniciada desde a mais tenra idade, objetiva socializar o indivíduo na sociedade por meio do ensino de hábitos, costumes e valoresconvencionadosde formaconsensual pela coletividade. Para Maria Lúcia Arruda Aranha (1996), a partir das relações que criam entre si, os homens produzem padrões de comportamento, instituições e saberes, cujo aperfeiçoamentoé feitopelasgeraçõessucessivas,oque lhespermiteassimilar e modificar os modelos valorizados em denominada cultura. É a educação, portanto, que mantém viva a memória de um povo e dá condições para sobrevivência. Quando falamos de educação logo nos chega a imagem da escola. Conforme Bandão (1981), os antropólogos ao se referirem sobre o assunto pouco querem falar de processos formalizados de ensino. Eles
  • 15. identificam processos sociais de aprendizagem onde não existe ainda nenhuma situação propriamente escolar de transferência do saber. A rotina das aldeias tribais, o saber vai da confecção do arco e flecha à recitação das rezas sagradas aosdeusesdatribo. Tudo o que se sabe aos poucos se adquire por viver muitas e diferentes situações de trocas entre pessoas,como corpo,com a consciência,comocorpo e a consciência. As pessoas convivem umas com as outras e o saber flui, pelos atos de quem “sabe-e-faz”, para quem “não-sabe-se-aprende”. Mesmo quando os adultosencorajame guiam os momentos e situações de aprender de crianças e adolescentes, são raros os tempos especialmentereservadosapenaspara o ato de ensinar. Outro aspecto para Brandão (1981), há educação quando a mãe corrige o filho para que ele fale direito a língua do grupo, ou quando fala à filha sobre as normas sociais do modode “sermulher”ali.Existe quandoopai ensinaofilhoapolira ponta da flecha,ou quando os guerreiros saem com os jovens para ensiná-los a caçar. Conforme Aranha (1996) os povos primitivos viviam em tribos em que as relações sociais ainda permanecem igualitárias. Com o desenvolvimento da técnica e dos ofícios especializados, a sociedade se torna mais complexa, ocorrendo a divisão das classes e o aparecimento do Estado. As primeiras civilizaçõessurgemnonorte daÁfricae na Ásia(Oriente Próximo,OrienteMédioe Extremo Oriente). A invenção da escrita é outro fato que se associa ao aparecimento do Estado, pois a manutenção da máquina estatal supõe uma classe especial e funcionárioscapazesde exercerfunçõesadministrativase legaiscujo o registro e imprescindível. A educaçãoaparece sempre que surgemformassociaisde conduçãoe controle da aventura de “ensinar-e-aprender”, efatiza Brandão (1981). E o ensino formal é o momento em que a educação se sujeita à pedagogia (a teoria da educação);cria situaçõesprópriasparao seuexercício,produzosseusmétodos,estabelece suas regras e tempos, e constitui executoresespecializados. É quando aparecem a escola, o aluno e o professor. “Nas civilizações orientais não há propostaspropriamente pedagógicas”. (ARANHA, 1996, p. 33). Nestas sociedades, ao se criarem segmentos privilegiados,apopulação,compostaporlavradores,comerciantese artesãos,nãotemdireitospolíticosnemacesso ao saber da classe dominante. A princípio o conhecimento da escrita é bastante restrito, devido ao seu caráter sagrado e esotérico.Teminício,então,o dualismo escolar, que destina um tipo de ensino para o povo e outro para os filhosdosfuncionários.A grande massaé excluídadaescolae restringidaàeducaçãofamiliarinformal. Conforme Aranha (1996) a Grécia clássica pode ser considerada o berço da pedagogia. A palavra pedagogos significa aquele que conduz a criança, no caso o escravo que acompanha a criança à escola. Com o tempo, o sentido se amplia para designar toda a teoria da educação. De modo geral, a educação grega está constantemente centrada na formação integral – corpoe espírito – mesmoque,de fato, a ênfase se deslocasse ora mais para o preparo esportivo ora para o debate intelectual, conforme a época ou lugar. Nos primeiro tempos, quando não existia a escrita, a educação é ministradapelaprópriafamília,conforme atradiçãoreligiosa.Apenas com o advento das pólis começam a aparecer as primeiras escolas, visando a atender a demanda. Segundo Brandão (1981, p. 48) a educação na Grécia Antiga, denominada de Paidéia, se iniciou como comunitária, mas com o desenvolvimento da sociedade se tornou específica, onde havia uma educação para nobres, outra para plebeus e nenhuma para os escravos e em Roma a educação surgiu como na Grécia, comunitária, mas se desenvolveu de forma diferente, onde a formação do patriarca agricultorsobressaiasobre ocidadão.Maistarde surge a escolaprimária,comoa escolade primeirasletras gregas, também surge à escola gramáticos, e muito mais tarde a Lector. Havia em Roma a educação que formavam os trabalhadoresnaoficinade trabalho,e ocidadão eraeducadopara tambémempregarseusaberna sociedade.Da Antiguidade decadente àIdade Média,daIdade Médiaao Renascimento(umtempodaHistóriaricoemredefinições da ideiade educação) e do RenascimentoàIdade Moderna,foi preciso esperar muitos séculos para que de novo os brancos civilizadosaprendessem a repensar a educação como os índios. E uma nova maneira de definir a educação como uma prática social cuja origem e destino são a sociedade e a cultura, foi formulada com muita clareza pelo sociólogofrancêsEmile Durkheim. A educação é a ação exercida pelas gerações adultas sobre as gerações que não se encontram ainda preparadas para a vida social; por objeto suscitar e desenvolver na criança certo número de estadosfísicos,intelectuaise moraisreclamadospelasociedadepolíticanoseuconjunto e pelo meio especial a que a criança, particularmente, se destina." (DURKHEIM, apud BRANDÃO,1981, p.71) De acordo com Brandão (1981), entre muitas outras, esta é uma maneira sociológica de compreender a educação. Depois de Durkheim, inúmeros sociólogos,antropólogos,filósofose educadorescomeçaramaformularpontosde vistasemelhantes.Nãoé que eles tivessem uma proposta de uma "nova educação", menos abstrata e desancorada do que a "Educação Humanista" que criticavam.O que elesbuscaramfazerfoi esclarecermaise mais como a sociedade e a cultura são e funcionam, na realidade. Como, portanto, a educação existe dentro delas e funciona sob a determinação de exigências, princípiose controlessociais.Nomundoocidental,é depoisdoadventoe da difusão do Cristianismo que aparecem ideias sobre a educação que isolam o saber da sociedade e o submetem ao destino individual do cristão, afirma Brandão (1981). O homem que aprende busca na sabedoria a perfeição que ajuda à salvação da alma. Mas não é o Cristianismo Primitivo quem sugere a "educação humanista", de que os cursos de "humanidades" que houve no Brasil até há pouco tempo são o melhor exemplo. Foi necessário que, a partir de Roma, o Estado cristianizado e as elites de sua sociedade tomassem posse da mensagem cristã de militância e salvação, fazendo dela parte de sua ideologia. Tornando-a o repertório de símbolos e valores pelos quais representavam o mundo, representavam-se
  • 16. nele e,assim,legitimavam,comaspalavrasoriginalmente dirigidasapobrese deserdados,asua posiçãode domínio econômicoe de hegemoniapolíticasobre eles. Foi então preciso o advento de uma nobreza plenamente separada do trabalho produtivo e, cada vez mais, até mesmo do trabalho político - entregue nas mãos de intelectuais mediadores de seus interesses para que surgisse uma classe de gente capaz de representar o mundo quase fora dele. Esta elite ociosa e seus intelectuais sacerdotes, filósofos e artistas puderam imaginar como "puras" a vida, a arte,a ciênciae até mesmoa educação.A educaçãopassa a ser vista como uma arma que serve para impor ao povo a vontade e a visão do mundo do dominador. Plutarco descreveu como Roma usou a educação para “domar” os espanhóisdominados:“Asarmasnãotinhamconseguidosubmetê-losanãoserparcialmente,foi a educação que os domou”(BRANDÃO,1981, p. 53) Brandão(1981, p.59), escreve dopoderque constitui a educação no país e propõe o exercício de uma prática idealizada. A fala dos praticantes da educação, os educadores, faz então a critica da distânciaque háentre a promessae a realidade.Fazmais,denunciaaalteraçãopara piordas própriasleisque dizem o que é e como deve ser a Educação no Brasil. Para Brandão (1981), não há apenas ideias opostas ou ideias diferentes a respeito da Educação, sua essência: e seus fins. Há interesses econômicos, políticos que se projetam também sobre a Educação. Não é raro que aqui, como em toda parte, a fala que idealiza a educação esconda, no silênciodoque nãodizos interessesque pessoase grupostêmparaos seususos. Pois, do ponto de vista de quem a controla, muitas vezes definir a educação e legislar sobre ela implica justamente ocultar a parcialidade destes interesses,ouseja,arealidade de que eles servem a grupos, a classes sociais determinadas, e não tanto lia todos", "à Nação", "aosbrasileiros".Dopontode vistade quemresponde porfazer a educação funcionar, parte do trabalho de pensá-la implica justamente desvendar o que faz com que a educação, na realidade, negue e renegue o que oficialmente se afirmadelanalei e nateoria.Mas a razão de desavençasé anteriore,mesmo entre educadores, ela tem alguns fundamentos na diferença entre modos de compreender o que o ato de ensinar afinal é o que o determina e, finalmente, a que e a quem ele serve. De acordo com Brandão (1981), estatísticas que denunciavam até poucos anos, que o Brasil possuía um dos maiores índices de analfabetismo de todo o mundo. Podemos dizer que haviaduas educações:Umadestinadaaosfilhosdas“gentesde bem”,que somavaalémdoensinodasprimeiras letras,para aquelesque prosseguiam os estudos após o primário, letras, o Latim, Grego, Literatura e Música, todos não profissionalizantes. Conforme Brandão (1981), até por volta da década de 1930, mesmo entre os mais ricos eram raras as pessoas que faziam o curso superior. Outra era da oficina, destinada aos “filhos da pobreza”. Foi tambémnas primeirasdécadasdoséculoXXque teve inícioalutapelademocratizaçãodoensino,aqual resultou na escola pública, gratuita, laica, a qual mantida pelo governo concederia direito de estudar para todas as pessoas. Brandão (1981) assinala que essa democratização do ensino possuía duas facetas, uma vez que políticos e educadores, “ao pregarem ideias de uma educação voltada para a vida, a mudança, o progresso, a democracia, traduziamao mesmotempooimagináriodemocráticode seutempoe, por outro lado, o projeto político que servia aos interessesde novosdonosdopoder e da economia”.Introduzemassimnovostipos de usos políticos do aparato pedagógico, adaptado aos novos modelos de controle da cidadania instituído pela demanda de “quadros” qualificadosparaotrabalhonas fábricas,numprocessode transferênciado capital da agricultura para as indústrias. Brandão (1981), em seu livro “O que é Educação”, aponta que algumas pesquisas de sociólogos americanos realizadasnadécadade 1950, confirmamque,mesmonosEstadosUnidos,oingresso da criança pobre nas salas das escolasnãofezdesapareceradivisãoanteriorentre o“aprender-na-oficinaparao trabalhosubalternoe oaprender- na-escolaparao trabalhodominante”.Desse modo,“ofilhodo operário estuda para ser operário que acaba sendo, e o filho do médico para ser médico ou engenheiro”, sendo igualmente comum fazerem alardes em festa de formatura quando um filho de operário consegue sair formado na Faculdade de Engenharia, o que denota que “a educaçãoda sociedade capitalistaavançadareproduznamoitae consagraa desigualdade social”.Pode-se completar afirmando, tal como o faz Brandão, que a educação “vale como um bem de mercado, e por isso é paga e às vezes custa caro”. Diante das contradiçõesassumidaspelaeducação,atesta-sesuadupladimensãode valorcapitalista:“a) valercomo alguma coisa cuja posse se detém para uso próprio ou de grupos reduzidos, que se vende e compra; b) valercomoinstrumentode controle daspessoas,dasclassessociaissubalternas,pelopoderde difusãodasideias de quemcontrolao seu exercício”. Ainda hoje a educação que se pratica ainda é classista e centralizadora, na medida emque os sujeitosdiretamente envolvidos no processo não são chamados a participarem das decisões, pois estas estãorestritasaos“donos dopoderpolítico”e às “pequenasconfrariasde intelectuaisconstituídascomoseusporta- vozespedagógicos”.Consumimosideiasprontassobre aeducaçãoe reproduzimosconteúdos impostos à educação. Tal como atesta Brandão (1981, p.94), “a educação que chega à favela, chega pronta na escola, no livro e na lição”. Para Paulo Freire (1981), aqueles que olham para os favelados como “naturalmente inferiores e incapazes” e imputam a esta “inferioridade” todas as deficiências materiais que caracterizam uma favela, sugeriríamos que discutissemum dia com estas pessoas sobre o que significa sua existência. Porventura alguns entre esses sujeitos descobrissem afinal que, se há algo intimamente mau, que deve ser radicalmente transformado, é o sistema capitalista mesmo, incapaz ele sim, de resolver o problema com seus propósitos “modernizantes” Fonte: www.pedagogiaaopedaletra.com/wp-content/uploadsEmoutraspalavrasFreire (1991) dizque:“Afirmarcomo ideia