2. A REFORMA RELIGIOSA
A Reforma religiosa foi o movimento que, dividindo
os cristãos do Ocidente no século XVI, originou
diversas novas Igrejas chamadas protestantes, as
quais não mais seguiriam o comando e a
orientação do papa de Roma.
Quebrando a unidade religiosa cristã, a Reforma
protestante estabeleceu o fim da quase milenar
supremacia eclesiástica na Europa.
3. AS ORIGENS DO MOVIMENTO REFORMISTA
Espírito humanista: compreensão do ser humano e
do mundo (livre interpretação da Bíblia).
A Igreja era a maior proprietária de terras em toda
a Europa: controlava, por exemplo, perto de 1/3 das
terras francesas e mais de 40% das terras férteis
alemãs.
O papa era visto como um estrangeiro que
arrecadava os impostos cobrados nos feudos da
Igreja, além de diversos outros tributos extraídos de
todos os cristãos, para enviá-los a Roma, dificultando
as finanças nacionais.
Os reis, fortalecidos com o desenvolvimento dos
Estados nacionais, opunham-se as interferências do
papa..
4. O desregramento moral predominava na
hierarquia eclesiástica, como a prática constante de
venda de cargos eclesiásticos, levando sacerdotes,
bispos, arcebispos e até papas a exercerem seus
cargos pela ambição do título e da posição,
estimulando o mau comportamento dos clérigos e o
descrédito entre os fiéis.
A venda de indulgências, por parte das
autoridades da Igreja, comercializando o perdão a
pecados cometidos, com promessas de redução das
penas do purgatório.
A venda de "relíquias sagradas“ (simonia), como
milhares de "lascas da cruz de Cristo" ou "ossos do
burrico de São José".
Essa comercialização desregrada transformou-se no
estopim do movimento protestante.
6. OS PRECURSORES DA REFORMA
John Wyclif, professor da Universidade de Oxford,
condenava a venda de indulgências e defendia a
formação de uma igreja nacional.
Essas propostas foram retomadas pelo professor da
Universidade de Praga, John Huss, que pregava pela
obediência às Escrituras e denunciava a corrupção e o
luxo do clero.
Tanto Wyclif quanto Huss foram perseguidos e
excomungados pela Igreja de Roma.
Suas ideias, porém, foram assimiladas por muitos
cristãos que passaram a contestar enfaticamente a
autoridade do papa.
7. O REFORMISMO DE LUTERO NA ALEMANHA
Em 1517, na Alemanha, o monge e professor da
Universidade de Wittenberg, Martinho Lutero,
rebelou-se contra o vendedor de indulgências John
Tetzel, dominicano a serviço do papa Leão X, que
recolhia recursos para a construção da basílica de
São Pedro.
Lutero, revoltado com a desmoralização da Igreja,
fixou na porta de sua igreja as 95 teses, em que
criticava ferozmente a Igreja papal.
Em 1520, Leão X ordenou a sua retratação, sob
pena de ser considerado um herege. Lutero
queimou em praça pública a ordem papal, sendo
excomungado em 1521.
9. As ideias luteranas espalharam-se rapidamente por
toda a Alemanha, onde encontraram condições
particularmente favoráveis para a sua difusão.
Nobres e camponeses apoiaram Lutero; os nobres,
ambicionando apoderarem-se das terras da Igreja
para ampliar seus poderes apoiados com a
decadência feudal; os camponeses, desejando
escapar da situação de miséria em que viviam.
Parte destes camponeses, conhecidos por
anabatistas e comandados por um seguidor de
Lutero, chamado Thomas Múntzer, reivindicava a
divisão das terras da Igreja entre os mais pobres.
Lutero acusou-os de radicais e apoiou violenta
repressão da nobreza sobre eles, resultando na
morte de mais de 100 mil camponeses.
10. O imperador alemão, Carlos V, inquieto com a
evolução reformista, apoiou o papa, pois julgava o
luteranismo um fortalecedor dos nobres.
Depois de muitos confrontos entre as tropas
imperiais e os luteranos alemães liderados pela
nobreza, Carlos V convocou uma Dieta
(assembleia), realizada em Spira (1529).
Nela, o imperador tentou fazer valer sua autoridade
e determinou a submissão dos luteranos.
Os partidários de Lutero, contudo, protestaram
contra a decisão imperial, passando, a partir de
então, a ser chamados de protestantes.
11. 1555: os príncipes alemães ganharam o direito de
escolher a religião que desejavam em suas terras,
confirmando o triunfo do luteranismo na Alemanha.
Essa decisão foi alcançada graças a um acordo
assinado entre o imperador católico e os nobres
protestantes, o que foi chamado de Paz de
Augsburgo.
12. Doutrina Protestante
A doutrina tinha por base a teologia agostiniana,
defendendo a fé como única fonte de salvação.
Para os luteranos, a Bíblia era a autêntica base da
religião e, portanto, o culto devia reduzir-se à leitura e ao
comentário das Sagradas Escrituras.
Reconhecendo apenas dois sacramentos: batismo e
comunhão.
Não aceitavam o culto da Virgem e dos santos e
negavam a existência do purgatório.
Nos cultos religiosos adotaram a língua nacional no lugar
do latim, e os ministros religiosos deveriam integrar-se o
mais possível na comunidade dos fiéis.
Aboliu o celibato clerical, isto é os sacerdotes podem se
casar.
Aboliu a hierarquia clerical.
14. O CALVINISMO
Inspirado no luteranismo alemão, o francês João
Calvino publicou, em 1536, uma obra chamada
Instituição Cristã, na qual se acham apresentados os
pontos centrais do que, mais tarde, viria a constituir-se
na doutrina calvinista.
Suas pregações obtiveram rápido sucesso em Genebra,
Suíça, onde conquistou a posição de chefe político e
religioso.
O culto e as práticas religiosas estabelecidos pelos
calvinistas eram simples, resumindo-se apenas no
comentário da Bíblia, preces e cantos.
15. Também não se admitiam imagens e só se aceitavam os
sacramentos da eucaristia e do batismo.
Contrário a teoria do preço justo.
Defendendo a predestinação, Calvino via no sucesso
econômico a indicação divina dos escolhidos para a
salvação eterna.
Para ele, a miséria era a fonte de todos os males e
pecados. Reconhecendo e exaltando o lucro e o trabalho,
passou a ser considerado o pregador espiritual do ideal
burguês.
A doutrina calvinista, adequada as expectativas
capitalistas, conseguiu rápida assimilação pelo segmento
burguês em toda a Europa.
As pregações de João Calvino encontraram seguidores
em vários países.
17. HENRIQUE VIII E O ANGLICANISMO
O líder da Reforma protestante na Inglaterra foi o
próprio rei, Henrique VIII.
Desejando apoderar-se das terras da Igreja
inglesa, retirando, assim, a base de seu poder
temporal, o monarca inglês rompeu com o papa.
O pretexto usado para isso foi o fato de o rei precisar
casar-se novamente, pois, do casamento com
Catarina de Aragão, não tivera filhos para sucedê-lo
no trono.
Isso não podia ser autorizado pela Igreja, que
defendia a indissolubilidade do sacramento do
matrimônio.
18. Diante de tal situação, Henrique VIII proclamou-se,
por meio do Ato de Supremacia, de 1534, chefe da
Igreja inglesa, suprimindo os mosteiros católicos e
confiscando os bens eclesiásticos, que foram
incorporados ao Estado.
Muito parecida com a Igreja católica em sua
estrutura eclesiástica e no cerimonial, a Igreja
inglesa, chamada anglicana, só se consolidaria
durante o reinado de Elizabeth I.
Em 1563 organizou-se a Lei dos 39 artigos, a
verdadeira carta do anglicanismo, incorporando
muitos princípios da doutrina calvinista.
19.
20. A CONTRARREFORMA OU A REFORMA
CATÓLICA
A expansão do protestantismo abalou seriamente a
tradicional hegemonia religiosa de Roma sobre o
continente europeu.
Para conter a difusão das ideias protestantes surgiu
um movimento denominado Contrarreforma, que ao
mesmo tempo buscava fortalecer a Igreja papal e
moralizá-la, adotando medidas que compuseram a
Reforma católica.
O catolicismo foi obrigado a adequar-se aos novos
valores, decorrentes do desenvolvimento do
capitalismo comercial, dentre os quais citamos:
21. CONTRARREFORMA
Criação da Companhia de Jesus, idealizada pelo
espanhol Ignácio de Loyola, onde os jesuítas
seguiam disciplina militar, constituindo um grupo
bem formado e disciplinado, cuja missão principal
era combater infiéis e protestantes.
A importância que esses religiosos atribuíram à
educação fez com que monopolizassem as
instituições de ensino de diversas regiões, visando
primordialmente difundir a ideologia católica
romana.
22. O Concílio de Trento (1545-1563), convocado pelo
papa Paulo III, no qual se discutiram os problemas
do cristianismo e se definiu a atuação da Igreja
diante da expansão protestante, também fez parte
do movimento contrarreformista e de Reforma
católica.
Reorganização do Tribunal do Santo Ofício: que
consistia em vigiar e normatizar a fé e a vida dos
fiéis.
A perseguição inquisitorial a todos os que, de
acordo com seus critérios, pusessem em risco a fé
em Cristo assumiu muitas vezes um caráter de
tortura e morte de milhares de pessoas.
Publicação do catecismo: resumo da doutrina
católica, usada para orientar os fiéis, principalmente
crianças e jovens, nas escolas de evangelização.
23. A elaboração do Índex (relação de livros proibidos
aos católicos), a igreja católica buscava impedir a
difusão das idéias protestantes e das vozes
discordantes do seu ideário religioso.
Dele constavam as bíblias luterana, calvinista e
anglicana e diversas obras de intelectuais da época,
como Galileu Galilei, Giordano Bruno, Isaac Newton,
etc.
A censura estabelecida com o Índex ao longo do
tempo revelou-se um sério entrave ao progresso
cultural e científico da Idade Moderna.
24. EXPANSÃO: A EUROPA SE DIVIDE
A reforma se expandiu rapidamente pela Europa.
Na Escócia eram chamados de presbiterianos, na
Inglaterra de puritanos, e na França, de huguenotes.
Alguns países entraram em guerra civil entre católicos e
protestantes, por exemplo, na França, na noite de 24 de
agosto de 1572, na noite de São Bartolomeu, católicos
massacraram milhares de huguenotes. O episódio
passou a se chamar “Massacre de São Bartolomeu”.
O terrível episódio desencadeou uma onda de guerras
religiosas na França que provocou a morte de milhares
de pessoas.
O conflito só terminou com a promulgação do Edito de
Nantes, em 1598, que concedeu liberdade de culto no
país.