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2. Pode utilizar o conteúdo desta Cartilha nas Reuniões Pedagógicas visando
orientar melhor e instrumentalizar todos os Professores.
3. Pode utilizar o conteúdo para rever as práticas da Sua Escola e implementar
as melhorias nos processos pedagógicos e na preparação das suas aulas.
O Instituto SOS Professor
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Escolar por meio de
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A
Apresentação
Se pudéssemos classificar as qualidades humanas que nos permitiram vencer
a guerra pela sobrevivência, em primeiro lugar estaria, logicamente, a capaci-
dade de pensar, refletir. Ela nos permitiu desenvolver uma característicaúnica
entre as espécies vivas: a adaptabilidade.
Chegamos até aqui porque soubemos nos adaptar aos mais diferentes hábitats.
Como Darwin afirmou: “Apenas os mais ágeis e aptos sobrevivem e vencem,
não necessariamente os mais fortes.”
E é essa maravilhosa chance de se adaptar que você, professor, deve agarrar
com toda a sua força. Pare e analise sua carreira, pense há quanto tempo você
não faz um curso de aprimoramento ou apenas adota uma nova forma de re-
passar o conteúdo. Ficar parado no tempo, sem “evoluir”, traz grandes riscos
para a sua carreira e seus alunos. Pois como eles estarão preparados para entrar
no mercado de trabalho, se o seu mestre não está antenado às novidades e não
pode instruí-los a como se comportar nesse mundo tão globalizado?
Ao enfrentar o desafio de se tornar o mais ágil e apto de sua espécie, você dei-
xará para trás velhos padrões e, conseqüentemente, se destacará em seu meio.
Enfim, conseguirá se sobressair não apenas como educador, mas, sim, como um
verdadeiro mestre nota 10.
2
PequenoManualdoProfessor
3
ATITUDE
PREPARANDO-SE PARA O SUCESSO
Duas vizinhas, amigas de infância, mesma idade. Freqüenta-
ram a mesma escola, tiveram os primeiros namoradinhos mais
ou menos na mesma época, vestibular no mesmo ano, forma-
ram-se professoras juntas. Após alguns anos, uma é a preferi-
da dos alunos, ganha bem. A outra... é apenas mais uma.
A diferença entre as duas pode ser justamente a diferença.
Aquele algo a mais em suas aulas. Às vezes, é um jeito, uma
postura, algo que não se aprende na faculdade.
É uma aula diferente. É um pequeno espetáculo que se dá
para os alunos, tornando a disciplina ainda mais interessante.
Isso aumenta a participação em sala de aula e, no final das
contas, eleva – e muito – as suas oportunidades de trabalho.
No final das aulas, quem não gostaria de escutar os alunos
comentando uns com os outros: “Nossa! Essa aula foi nota
10, você não acha?” Conseguir essa reação envolve uma série
de fatores e muito planejamento de sua apresentação.
Ao entrar em sala sua postura tem de ser persuasiva, criativa,
motivadora e de liderança, características, essas, essenciais e
que devem ser trabalhadas para se alcançar o sucesso profis-
sional e de suas aulas.
Portanto, assim como um prédio precisa ter alicerces sólidos
para sustentar a construção, você deve desenvolver esses tra-
ços, tornando seu perfil diversificado para conseguir compor
a tão sonhada aula-espetáculo. E este material vem ajudá-lo
nessa tarefa. A seguir, identificamos as qualidades necessá-
rias para seu sucesso e damos diversas orientações de como
cultivá-las.
ATITUDE É TUDO!
Que elementos sua aula precisa ter para ser considerada um
verdadeiro espetáculo por seus alunos? E o mais importante,
como você, professor, deve conduzir suas explicações para
alcançar esse feito?
Além de reunir novos elementos em suas aulas, você deve
incorporar novas atitudes a sua profissão. O sucesso de suas
ações dentro da sala de aula está diretamente ligado à maneira
como você encara a profissão e seus alunos. Sem algumas
atitudes específicas, a meta de tornar-se um professor inesque-
cível, com aulas memoráveis, fica distante.
A maioria dessas qualidades podem ser encontradas em gran-
des comunicadores. Não seria fantástico levar toda a criati-
vidade que Serginho Groisman implantou em seu programa 4
para sua classe? Ou fazer um superplanejamento de aula,
assim como Marília Gabriela faz, antecipadamente, com suas
entrevistas?
PequenoManualdoProfessor
Todos estes grandes profissionais de comunicação possuem
características importantíssimas que o ajudarão, e muito, a
se tornar um professor nota 10. Quem mais indicado para
você se espelhar do que estes excelentes apresentadores?
Faça como eles e transforme a sala de aula em seu palco – e
brilhe! Entretanto, acompanhe alguns detalhes que você deve
aprimorar antes de se tornar um superprofessor.
CRIATIVIDADE
CRIANDO É QUE SE APRENDE
A criatividade, de acordo com o consultor em Desenvolvi-
mento Humano e palestrante Rubens Queiroz de Almeida, diz
respeito a criar coisas novas ou descobrir maneiras diferentes
de fazer tarefas antigas. Reinventar. E é essa a grande ques-
tão!
O professor, assim como a borboleta, precisa deixar seu ca-
sulo e se reinventar. Dar mais cor e movimento a suas aulas.
Pode ser uma forma diferente de se vestir, um elemento novo
na sala de aula ou, ainda, uma maneira diversificada de intera-
gir com os alunos.
Veja o exemplo do apresentador Serginho Groisman. Quando
trabalhava para a TV Cultura, no programa Matéria Prima,
ele inventou um novo formato em que a platéia participava
ativamente das discussões. A inovação agradou tanto que ele
logo foi convidado a integrar a equipe de profissionais do
SBT e em 1999 foi chamado pela Globo.
Você pode estar se perguntando: “O que eu tenho a ver com
ele?” É simples. Assim como Groisman, o educador deve ter
criatividade e bolar algo novo, que desperte a atenção de seu
público (alunos), aumentando sua audiência.
E esse jogo em busca de pontos no IBOPE não se limita
apenas a televisão. Se não existir elementos que atraiam a
atenção dos estudantes para sua aula, eles simplesmente “tro-
carão de canal”.
Cabe a você não deixar que isso aconteça. É seu dever evitar
que eles dispersem e mudem o foco de interesse. As novelas
têm uma lição a ensinar sobre isso. Caso os índices de retorno
apresentem baixa resposta ocorre, de imediato, uma mudança
na “casa”. Os responsáveis pela programação correm contra
o tempo e tentam diminuir o prejuízo mudando o diretor da
novela. Afinal, que outro tipo de atitude eles teriam? Mudar a
audiência está fora de questão, então, a resposta é reinventar e
mudar algumas peças do tabuleiro!
Portanto, encare isso como um alerta. Se a turma começar a
demonstrar um baixo desempenho, de quem você acha que o
diretor irá cobrar uma posição? Do professor ou da classe?
Já que sua “audiência” detém todo esse poder e está sedenta
por novidades, adapte-se. Leve ousadia para a sala. Ousadia
5
PequenoManualdoProfessor
ao experimentar uma linguagem diferenciada de ensino, ou-
sadia ao buscar mais interação de seus estudantes durante as
explicações, ousadia ao levantar assuntos polêmicos, estimu-
lando a discussão e a criação de novas idéias.
Porém, tenha a consciência de que o sucesso dessas ações não
acontecem do dia para a noite e exigem que você, educador,
abandone a zona de conforto. Imagine se Groisman tives-
se mantido o formato de programa que os telespectadores
estavam acostumados. Será que ele estaria gozando de todo o
prestígio que possui hoje?
O mesmo acontece com suas aulas. Sem criatividade, elas
obedecerão ao velho protocolo escolar, ficarão na surdina,
sem nenhum destaque ou algo especial que chame a atenção
dos seus pupilos. Faça como o grande comunicador, não se
conforme, mude esse quadro.
Veja algumas dicas dos seus colegas de profissão que, de uma
forma diferente, envolvem seus alunos com ótimas perfor-
mances. Cantam, interpretam, recitam poesias e até usam
adereços coloridos para chamar a atenção.
Cada um, a seu estilo, está dando o máximo de si para se
transformar no educador nota 10. Claro que não existe uma
forma única do professor ser criativo. Acima de tudo, é preci-
so preservar e respeitar o estilo e o perfil de cada um.
Força da juventude
O fato de a criatividade ser cada vez mais exigida no mercado
já é um motivo mais do que suficiente para você desenvolver
a sua, mas o professor tem uma razão a mais: alunos são o
maior depósito de energia criativa que se conhece.
Gilda Lück, professora do Colégio Dom Bosco de Curitiba, e
mestre em Educação pelo Lesley College de Boston (EUA),
conta que, certa vez, um aluno levou uma borboleta para uma
aula de Matemática. A turma ficou entusiasmada com o inseto
e logo todos depositaram sua atenção nele. A professora foi
ríspida e falou para o aluno que deixasse a borboleta de lado,
pois a aula era de Matemática e não de Biologia.
Segundo a pedagoga, esse é um exemplo de professora que não
utilizou a empolgação da turma a seu favor. Com um pouco de
criatividade, ela poderia ter usado a borboleta como um instru-
mento pedagógico e, assim, despertado o interesse da classe.
Outro exemplo: os professores do Colégio Maxi, de Londrina
(PR), mostraram que, para eles, criatividade não é problema
e, sim, uma grande solução. Tiveram a brilhante idéia de usar
latinhas de refrigerante para decorar o ginásio no qual acon-
teceu a II Bienal Cultural, um evento promovido pela escola
com a participação de seus alunos. O resultado foi duplamen- 6
te satisfatório, pois, além de conseguir um efeito fascinante,
as latinhas foram doadas para uma instituição de caridade que
as trocou por três novos computadores.
PequenoManualdoProfessor
Práticas
Além de despertar seu poder de inovação, você também tem
a responsabilidade de não deixar que esse sentimento dimi-
nua em seus alunos.
Gilda Lück afirma que no dia-a-dia da sala de aula o mais
eficaz é propiciar um ambiente criativo. Algumas dicas:
Adivinhação. Reserve cinco minutos da sua aula para
um jogo de adivinhação. Além de resolver problemas de
indisciplina, aquece a mente do aluno para a observação e
criação.
Relaxamento. Mentalizar por alguns minutos situações
tranqüilas, como andar em um bosque, escutar o barulho do
mar ou banhar-se em uma cachoeira, preparam o intelecto
das pessoas para acriação.
Atividades artísticas. Enriqueça sua aula com música,
esculturas, dobraduras, formação de figuras de papel e de
novas palavras através da composição de formas geomé-
tricas.
Jogo de log. Essa é uma técnica mais conhecida nos Esta-
dos Unidos e Europa. Funciona assim: um pouco antes de
terminar sua aula, peça para um aluno escrever tudo o que
assimilou. Com isso, é possível observar as peculiaridades
MOTIVAÇÃO
NÃO DEIXE A VIDA TE LEVAR
Quando falamos de ensino, um dos fatores mais importantes é
a motivação de seus alunos. Ou seja, além de ensinar criativa-
mente, é preciso que eles queiram aprender.
Conseguir isso é uma tarefa que qualquer professor almeja.
Hoje você se espanta com o fato de seus alunos decorarem o
nome de mais de 150 personagens de video games japone-
ses. Mas faça um teste: procure um colega mais experiente e
pergunte sobre a escalação do Santos de 1962. Ele, provavel-
mente, vai tê-la na ponta da língua. Agora, faça uma pergunta
escolar que não tenha a ver com a matéria dele, por exemplo,
se ele leciona Química, pergunte sobre Geografia.Mudam
os personagens, mudam as modas entre os alunos, porém,
dificilmente o interesse pelo estudo sai do final da fila das
prioridades dos estudantes.
Dificilmente, então, pode-se jogar toda a responsabilidade de
estudantes desmotivados na força atual da mídia. Tampouco
adianta transferir a culpa para o governo, a sociedade ou aos
pais.
de cada estudante, os diferentes modos de observação e de
captação da mensagem.
07
10
PequenoManualdoProfessor
Quando se fala em motivação de alunos, existem duas certe-
zas básicas: você não motiva ninguém e grande parte de suas
ações em sala de aula influenciam a motivação de seus alunos
(para melhor ou pior).
Essas afirmações podem parecer conflitantes, mas não são.A
motivação é algo que depende da vontade de cada um. É um
processo íntimo e individual. O que você pode fazer é criar o
ambiente ideal para que seus pupilos se motivem.
Se lembrarmos dos grandes comunicadores que teriam
essa característica, com certeza, citaríamos como exemplo
José Abelardo Barbosa de Medeiros, o Chacrinha. OVelho
Guerreiro, com todo seu bom humor e alegria, conquistou
um público fiel, e até hoje é lembrado por seu carisma. Claro
que, além do profissionalismo, era inegável que o apresen-
tador desempenhava sua função com prazer. Sua motivação
em fazer o trabalho contagiava todos à sua volta, inclusive os
espectadores.
E é exatamente isso que você, professor, deve fazer se quiser
motivar sua turma. Quem não gostaria de, assim como Cha-
crinha, ser lembrado por muitos e muitos anos?
Essa postura diferenciada se transforma em um ingrediente
a mais. Aproxime e encante seus alunos que são nadamais,
nada menos, que seu público. Um público que está sentado
ali a sua frente, esperando ser surpreendido e aprender o
conteúdo de uma maneira não convencional. Todos gostam de
uma boa surpresa, de uma aula animada, com um professor
motivado e que incentiva seus estudantes.
Vale tudo nessa hora! Chacrinha começou uma brincadeira de
jogar bacalhau nas pessoas. Sua intenção: divertir e chamar
a atenção da audiência. Claro que você não irá jogar comida
nos estudantes, mas a idéia é brincar, inovar e deixar seus
alunos curiosos, com vontade de ir para as aulas e descobrir a
surpresa que você preparou.
Segundo a professora e escritora norte-americana Barbara
McCombs, “os alunos sentem e reagem a todos os aspectos
de um professor: quem são, como falam, o quão confortáveis
eles se sentem em sala de aula”. Ou seja, quanto mais estímu-
los positivos os estudantes encontrarem, melhor se identifica-
rão com você e com a matéria.
Você quer mais motivos para começar a adaptar sua postura e
sua forma de se comunicar com a classe? E lembre-se de uma
grande dica que o Velho Guerreiro nos deixou: “Quem não se
comunica, se trumbica!”
O que motiva seu aluno?
A motivação de um aluno passa naturalmente pelo desejo dele 08
em aprender o que está sendo mostrado. E aí está a chave para
a solução do problema. Por trás do desejo – ou da falta dele
– de aprender algo estão vários motivos, experiências pas-
PequenoManualdoProfessor
sadas e expectativas futuras. E, mesmo que você tenha dois
estudantes com exatamente o mesmo grau de concentração, a
razão para eles prestarem atenção varia.
Alguns são internamente motivados. Gostam de estudar por-
que sabem que é para seu bem e gostam da sensação que as
descobertas produzem. Para outros, a recompensa é externa.
Eles estudam para obter alguma coisa, uma recompensa, ou
para evitar algo de ruim.
Essa motivação vem de várias fontes. A criança vaiconstruin-
do-a durante toda sua vida, observando e escutando outras
pessoas (especialmente pais e professores). Os pais da criança
devem saber lidar com a curiosidade natural dos filhos, res-
pondendo as perguntas (mesmo as mais embaraçosas, engra-
çadas ou impróprias), encorajando as explorações e, de um
modo geral, tentando mostrar-lhes mais do mundo.
Uma criança criada dessa forma receberá a mensagem de que
aprender é divertido – e dificilmente trará problemas para
você. Outras podem crescer em um ambiente que favorece
a autonomia, competência e o respeito próprio, aceitando
melhor os desafios inerentes da escola.
O que você pode fazer? Se você não pode fazer nada quanto
à bagagem que seus alunos trazem, você pode fazer muito
a partir do momento em que eles entram na sua sala pela
primeira vez. Sua atitude, seus procedimentos e suas metas
são o que mais conta. Mesmo assim, você não vai conseguir
motivá-los. Ninguém pode motivar outra pessoa. O máximo
que alguém pode fazer é criar um ambiente propício para que
os alunos automotivem-se. Eles aprenderão o que você espera
que eles aprendam. E você pode mostrar o que espera deles de
várias maneiras.
Práticas
agradável, acolhedor, parecido o mais próximo possível da
sua própria casa. Como se consegue isso? Uma mão de tinta
faz milagres. Sério! Móveis adequados e sem sujeira, ambien-
te claro e bem iluminado, essas são condições mínimas de
trabalho. Algumas escolas podem não lhe oferecer isso, mas
ainda assim você pode fazer algo:
- Mantenha o chão da sala sempre limpo.
- Procure ter duas lixeiras, uma em cada canto da sala. Ra-
zão: a lei do menor esforço. Seus alunos terão uma escolha
do menor caminho para apontar lápis, jogar papéis fora,
etc. E não o farão embaixo das carteiras.
- Procure certificar-se de que o quadro-negro (ou verde)
esteja limpo quando os alunos entrarem na sala.
- Trate todos com respeito. Eles devolverão o tratamento.
Sala de aula
1 Os alunos devem ver a sala de aula como um ambiente
09
PequenoManualdoProfessor
2
3
Lição de casa
Bom, você não pode evitar. Eles também não. Então,
o melhor é chegar a um acordo sobre provas, pesquisas e
exercícios de casa:
- Logo no começo do ano, coloque as regras na mesa.
Diga como você vai trabalhar e respeite o que você disse.
Procure manter um padrão. Um professor que passa um
ou dois exercícios para casa todo dia tende a ser mais
respeitado do que um que, às vezes, passa cinco, às vezes,
não passa nada. Os seres humanos, em geral, só gostam
de suspense no cinema.
- Além disso, seus alunos também têm outros compromis-
sos. Se eles souberem que todo dia devem esperar um
pequeno volume de tarefas de você, se souberem que a
cada dois meses terão de entregar um trabalho, eles po-
derão ajustar suas agendas fazendo o que se espera deles,
e estudar de maneira mais sistematizada. Assim, você
demonstra um grande respeito por seus estudantes.
ensinando a algo que eles vêem todo dia na rua ou que
possam usar.
- Resultado imediato. Procure fazer pequenos testes que
valham um ponto para a prova do mês. Corrija-os rapi-
damente e dê os resultados. Assim, seus alunos vêem, na
hora, o quanto o esforço deles significou e o que precisa
ser mudado para a prova principal.
Papo-cabeça
Por que seus alunos devem estudar? Lá pelo 7ª, 8ª ano,
uma resposta já começa a se formar na cabeça de alguns:
“Para passar no vestibular.” Essa idéia é até estimulada por
algumas escolas, que anunciam – com orgulho – que um de
seus alunos do 9º ano passou no vestibular da PUC de São
João do Fim do Mundo.
Só que essa é uma meta muito distante, e que apavora mais
do que estimula (“Será que eu vou passar?”). E, se não for o
vestibular, será a próxima série. Procure mudar o focodeles:
- Varie o nível de dificuldade. Há sempre aqueles que
demoram um pouco mais para entender o assunto. Um
exercício ou pergunta mais fácil não prejudica os mais
adiantados e permite que os outros cheguem ao mesmo
nível.
- Contextualize. Sempre que possível, ligue o que você está
- Faça com que se concentrem no que estão fazendo. No
aprendizado. O medo de reprovar desvia a atenção, parali-
sa seus alunos.
- Faça com que eles voltem a se interessar pelo que é
10
aprendido. E uma forma segura de fazer isso é através do
humor. A História, por exemplo, está cheia de passagens
PequenoManualdoProfessor
4
engraçadas, as quais podem ser usadas em outras maté-
rias. Quer coisa melhor para fixar as conversões de pesos
e medidas do que contar a história do surgimento da
escala Fahrenheit?
- Ensiná-los a estudar. Técnicas de memorização, horários
rígidos, alimentação, como destacar os pontos importan-
tes, prestar atenção na aula. Tudo isso faz uma diferença
enorme à medida que eles vejam que falharam em um
teste não por incompetência, mas porque não estavam
fazendo a coisa certa.
- Fazer com que entendam que tudo é um investimento.
Ficar pensando em passar de ano, em fazer o vestibular, é
perda de tempo. Eles devem pensar no que são bons, no
que gostam, e se esforçar para tirar da escola o máximo
possível. Só assim poderão realizar todas as suas possibi-
lidades.
Controle
Deixe que eles assumam o controle da própria aprendi-
zagem. Ou seja, abuse das perguntas e consultas à sua turma,
deixando que eles escolham e opinem sobre assuntos como
datas de prova, visitas, formação de equipes de trabalho,
entre outras. Quanto mais sentirem que a voz deles, e a opi-
nião, é ouvida, mais eles se interessarão pelo estudo.
PERSUASÃO
O PODER DOCONVENCIMENTO
O que você entende por persuasão? Segundo o dicionário Au-
rélio, o ato de persuadir compreende “levar a crer ou aceitar”.
É um processo sutil, no qual vários fatores como aspectos
culturais, credibilidade do interlocutor, gestos e linguagem
empregada, influenciam a outra parte.
Dominando suas regras e sabendo empregá-las de maneira
eficiente, a persuasão se transforma em uma característica
imprescindível para que você transforme sua aula em algo
fantástico e sua sala em um palco iluminado.
E falando em brilho, nada mais justo do que pegarmos como
referência para essa qualidade o versátil Arnaldo Jabor. Ele
esteve ligado a esse mundo do show, do espetáculo, antes de
entrar para o jornalismo. Foi técnico de som, crítico de teatro,
escreveu roteiros e dirigiu filmes. Em 1991, deixou os palcos
para investir em sua carreira de comunicador.
Essa vivência que o ambiente teatral e cinematográfico pro-
porcionou a Jabor contribuiu diretamente para a formação de
uma de suas características marcantes, tanto na TV quanto em
seus artigos: ele não se limita apenas a passar o recado, ele
incorpora o texto, coloca emoção em suas palavras e faz dos
11
4
PequenoManualdoProfessor
assuntos geralmente complicados, temas interessantes e claros
num piscar de olhos.
Ao vê-lo “em cena”, percebemos o quanto suas atitudes e
seu discurso são persuasivos, chamam a atenção do público e
cativam os telespectadores e leitores a buscarem mais infor-
mações sobre o assunto tratado.
Jabor também consegue unir durante suas explicações argu-
mentos convincentes, uma dose de entusiasmo e conhecimen-
to de causa. Com todos esses recursos, fica quase impossível
não ser persuasivo.
E você, professor, não gostaria de incorporar essa caracte-
rística? Persuadir seus estudantes a participarem mais das
aulas ou ainda absorverem o conteúdo necessário para sua
formação pedagógica? Para isso, você deve ter paciência e
persistência, pois sem isso fica difícil construir um discurso
que desperte confiança e guie seus estudantes. Afinal, não foi
do dia para a noite que o jornalista acumulou conhecimento
e conseguiu desenvolver um jeito todo especial e único de
se comunicar. Foram necessários muitos estudos, pesquisa e
análise para chegar aos padrões que presenciamos hoje.
Outro fator que contribui para o sucesso de seu discurso é
que o jornalista sabe muito bem para quem está falando. Ele
adapta a linguagem, traduz termos complicados e deixa a ex-
plicação clara e objetiva. E esse é um dos grandes segredos da
persuasão. Descobrir as características, necessidades e o perfil
do público, que no seu caso são os estudantes.
Então, como você vai persuadi-los sem entender o que lhes
chama a atenção ou o que consideram importante para suas
vidas? Sem esse feedback é complicado adaptar sua mensa-
gem e também sua postura para obter bons resultados.
Práticas
12
- Abra seus ouvidos. Escute o que seus estudantes têm a di-
zer, descubra suas expectativas em relação ao seu trabalho
e o que eles gostariam de ver em suas aulas.
- Faça das metáforas e exemplos práticos grandes aliados
no momento de ensinar termos difíceis. Por exemplo, para
explicar sobre o tabagismo para aquela turma de adolescen-
tes que acha que fumar é o máximo, use uma experiência
prática para demonstrar os efeitos negativos que essa droga
causa ao corpo humano. Será muito mais impactante do que
você ficar de pé, parado, divagando sobre consequências.
- Induza seus alunos a participarem mais das aulas, fazen-
do-os complementar suas idéias durante a exposição do
assunto.
- Para persuadi-los a obedecerem suas ordens, nada melhor
do que uma boa conversa em um tom baixo de comando e
olho no olho.
PequenoManualdoProfessor
e usa todas essas informações para planejar e conduzir bem
uma entrevista, você deve passar por todas essas etapas quan-
do estiver preparando suas argumentações para saber quando
usar os recursos disponíveis.
PLANEJAMENTO
PENSE PRIMEIRO, AJA DEPOIS
Para dar aquela tão sonhada aula-show o professor nota 10
tem de assumir diversos papéis. Além de ser um bom apre-
sentador, comunicador e persuasivo, é preciso – muitas vezes
– assumir a posição de um jornalista.
Isso mesmo! Uma das características desses profissionais,
como Marília Gabriela, é levantar o máximo de dados pos-
síveis antes de suas entrevistas. Esse processo de pesquisar,
organizar e planejar o andamento da aula também deve fazer
parte de sua rotina.
Assim como a jornalista vasculha a vida de seus entrevistados
Lembre-se de que não adianta nada chegar na frente de seus
alunos e promover um verdadeiro “fuzuê”, colocar músi-
ca, passar filmes, se você não traçou um plano de aula que
definisse um fim para essas atividades. Pense como seriaum
desastre se Marília Gabriela não “estudasse” seu interlocutor
e ficasse fazendo perguntas superficiais, usando dos efeitos
especiais que a televisão oferece só para encher lingüiça?
Você concorda que, além de perder a audiência, ela perderia
credibilidade. Por isso a importância de planejar, pensar o que
será feito e exposto durante aquele momento.
Para o professor funciona exatamente igual. Todos desejam
uma aula-show, perfeita, mas não basta sonhar com ela. É pre-
ciso planejá-la para que ela vire uma realidade aproveitável
para os estudantes.
O professor Jorge Luiz Malkomes Muniz divide a preocupa-
ção com o planejamento sem conhecimento da turma em dois
níveis. Primeiro, afirma que deve ser feito um planejamento
geral: analisar todo o material empregado em suas aulas, fatos
próximos à realidade do aluno e reconhecimento da comu-
nidade na qual a escola se insere. A partir desse diagnóstico,
segue o próximo passo, no qual monta-se o conteúdo que se
deseja aplicar, sempre muito prático e voltado à realidade que
13
6
- Quando a turma estiver muito alvoroçada, com conversas
paralelas, use a técnica do silêncio. Fique na frente da
turma de cara amarrada sem falar nada, ou desenvolva um
grito de guerra peculiar. Por exemplo: “Paz e amor, silên-
cio por favor.”
- Se você quiser convencer os estudantes a fazer um trabalho
específico e eles responderem que não sabem o que fazer,
responda: “Vocês não sabem ainda, mas vão aprender” ou
desafie-os dizendo algo como “Mostre-me que vocês são
capazes de fazer essa tarefa”.
PequenoManualdoProfessor
cerca o estudante. “Muitas novidades, atualidades, para que o
aluno sinta-se constantemente interessado em comparecer às
aulas”, completa.
A professora Maria José Zoppi Campane é outra defensora da
utilização das vivências do cotidiano local. Ela também alerta
que é preciso dar especial atenção à administração do tempo,
pois o educador lida com diferentes tipos de estudantes. “É
preciso planejar uma atividade para diagnosticar qual conteú-
do deve ser trabalhado com os possíveis alunos que vierem de
outra instituição”, destaca, “e acrescentar atividades praze-
rosas, buscando o equilíbrio e o envolvimento do meu aluno
com a minha disciplina”.
Enfim, planejar é essencial para o sucesso de suas aulas. Ao
pular esse passo, você estará correndo grandes riscos de jogar
por água abaixo sua credibilidade e confiança, conquistadas
Práticas
LIDERANÇA
EM BUSCA DE TALENTOS
Onde estão os líderes? Aquelas pessoas que fazem a diferen-
ça em suas escolas e comunidades, que vão além do que se
espera deles, que unem duas qualidades importantíssimas:
competência (suas habilidades e experiências) e autenticidade
(sua identidade, atitude e características)?
Muito se fala sobre liderança. São dezenas de livros, dicas e 14
orientações que prometem transformá-lo, de repente, em uma
pessoa supercarismática, capaz de liderar um espetáculo de
aula que prenda a atenção dos alunos e os incentive a parti-
nova. Você pode dar parte da aula para seu cônjuge e pedir
a opinião dele. Na maioria das vezes, esse treinamento
vai ser interrompido por brincadeiras e gargalhadas, mas
tentem de novo – vocês acabam acertando.
- Ao final, você não terá um espetáculo complemente fe-
chado, pronto. Uma aula está sempre aberta a melhorias e
ajustes, até porque cada classe é única. Anote a experiência
que impressionou mais os seus alunos, que foi um sucesso
em participação, para usá-la como inspiração no futuro.
Assinale também os pontos que não funcionaram muito
bem para poder reestruturá-los nas próximas práticas. Seja
flexível.
- Antes de tudo, separe o conteúdo e o material que você vai
precisar na aula imaginada. Como você terá tempo, pode
pesquisar materiais mais baratos e simples sem prejudicar
o resultado final. Só é proibido descuidar do conteúdo.
- Faça uma simulação de sua aula. Controle o tempo neces-
sário para expor o assunto ou para explicar uma atividade
PequenoManualdoProfessor
cipar das atividades. Porém, desenvolver essa característica
leva tempo e não é tão simples quanto parece, principalmente
em sala de aula.
Diversas experiências acumuladas durante nossas vidas
contribuem para a construção de um grande líder. Jô Soares
é um belo exemplo. O apresentador já fez de tudo um pouco.
Durante os anos 60, esteve envolvido com artistas plásticos de
um movimento classificado Underground e atualmente se di-
vide entre vários “papéis”: escritor, humorista e apresentador.
Enfim, podemos considerar Jô uma pessoa eclética, que lidou
com várias situações durante sua vida profissional. Toda essa
experiência e vivência fazem a diferença na hora de comandar
seu programa e sua equipe. Ele sabe que em seu meio, está
lidando com outros profissionais, os quais possuem personali-
dades distintas e que devem ser tratados de maneira única.
Encontramos esse mesmo dilema dentro da sala de aula.
O educador precisa liderar uma equipe que é formada por
cidadãos diferentes e que possuem pontos de vista singulares.
Assim como o Jô não pode chegar nos estúdios e exigir um
desempenho perfeito e padronizado de seus colaboradores,
você, professor, também deve estar preparado para lidar com
os altos e baixos de seus alunos.
É por isso que exercer esse papel de liderança vai além de
discursos, como: “Se você se esforçar mais, vai conseguir
passar.” Geralmente, você está lidando com estudantesque
estão, no mínimo, muito nervosos, com toda a energia típica
de sua idade e ainda, estão acostumados a toda interatividade
que a tecnologia oferece. Alunos que não poderão se esforçar
mais a não ser que você se dedique a entendê-los melhor e,
em certos casos, mudar seus “hábitos de pensamento”.
Liderar, então, não é e nunca foi trabalhar apenas com
números. Tampouco se resume em entrar em uma sala cheia
de gente e gritar “vamos lá, pessoal!” entre outras frases
motivadoras. Liderar é ser capaz de extrair o melhor de cada
aluno. Fazer com que cada um, com sua habilidade específi-
ca, contribua com a aula. É despertar os interesses e guiar os
estudantes a descobrir seus talentos. No meio desse processo,
com certeza, crises e tensões surgirão. Contudo, como todo
bom líder, você não deve se abater, mas, sim, encarar a situa-
ção como um desafio a ser vencido.
O que vemos, de segunda a sexta à noite, no programa do
Jô, ilustra bem o conceito anterior. O apresentador diverte,
informa e entretém o público, porém, isso só acontece porque
ele sabe como orientar e estimular os profissionais que estão à
sua volta a participarem do show. Ele consegue que cada um,
com todo seu talento, contribua para o espetáculo.
Portanto, professor nota 10, faça dos 40 minutos de aula um
momento de descontração e aprendizagem. Exerça seu poder
de liderança para despertar o potencial de cada estudante,
fazendo deles os coadjuvantes de sua aula-show.
15
PequenoManualdoProfessor
O inesperado, por si só, é um fator fundamental para de-
senvolver a liderança: “As organizações vencedoras serão
aquelas cujos líderes consigam reagir facilmente a qualquer
situação à sua volta”, afirma.
Porém, você pode desenvolver a sua liderança em sala de aula
e com seus colegas. Acompanhe:
1.Reflita – Reflexão é a arte de escutar a sua voz interior
para sacadas sobre uma determinada questão e acessar uma
inteligência que vai além da lógica, dos conhecimentos
pessoais e experiências.
Trabalhe para serlíder
Os grandes líderes trabalham em quatro áreas diferentes:
visão, realidade, ética e coragem. Sem uma delas, qualquer
plano de trabalho ou técnica de modificação vai por água
abaixo. Uma não funciona sem a outra. Veja:
Visão – É a arte de pensar grande, criar coisas novas, de
antecipar o que vai acontecer. E, mais importante, um
líder visionário sabe reconhecer o potencial criativo de sua
equipe.
Realidade – Conseguir ver o mundo como ele é e não
como nós gostaríamos que ele fosse. Lida com parâme-
Para desenvolver esses líderes completos, vale tudo. Por
exemplo, o professor Robert Lengel, da Universidade do
Texas (Estados Unidos), criou – e está tendo muito suces-
so – o curso Jornada para a Liderança. Ao entrar na salade
aula, você pode encontrar alunos discutindo livros. Livros de
ficção mesmo, romances, policiais, e não deAdministração
de Empresas ou Pedagogia, como era de se esperar. Talvezaté
tendo uma lição básica de Aikidô, a arte marcial que ensina
a usar a força do seu oponente contra ele. Ou ainda encontrar
os estudantes ouvindo uma palestra de um pianista clássico.
Segundo o professor Lengel, todas essas aulas não convencio-
nais mudam a maneira pela qual os estudantes vêem o mundo.
tros do dia-a-dia, fatos e números. Ela não tem ilusões, vê
limites e tem pouca paciência para especulações.
Ética – Como você lida com os valores humanos básicos
de amor, integridade e sentido. Essa dimensão da lideran-
ça é única no sentido de que não pode ser manejada com
técnicas de motivação (prazer ou medo). É tudo uma ques-
tão de princípios individuais, os quais devem ser usados
em benefício do grupo.
Coragem – É a vontade de colocar a máquina para
rodar, de fazer acontecer.
O desafio de liderança é fazer com que todas essas caracterís-
ticas coexistam em você ao mesmo tempo. E o mais impor- 16
tante, fazer dessas qualidades, grandes aliadas para transfor-
mar suas aulas em momentos mágicos e de um aprendizado
divertido e eficaz.
PequenoManualdoProfessor
Práticas
Escrever um diário com suas opiniões a respeito de seu
trabalho e de suas qualidades e defeitos é muito útil no
desenvolvimento de sua liderança, pois um líder que sabe
refletir faz com que seus alunos realmente escutem o que
estão dizendo.
Frases simples, como “Desenvolva sua idéia”, “Pode
explicar melhor esse aspecto de seu pensamento?” e outras
expressões similares, também fazem com que seus alunos
acabem aprendendo por si próprios. Um bom líder sabe
escutar, mais do que falar.
2. Explore – Ajude os outros a se aventurarem pelo des-
conhecido. Você já faz isso todos os dias com seus alunos.
Defina uma meta com a qual os seus estudantes possam
trabalhar.
Muitas vezes, vocês estarão pisando em terreno totalmente
inexplorado. E isso pode ser feito, por exemplo, com uma
maneira nova de ensinar através de passeios e visitas. Nes-
sas horas, é papel do líder ser uma bússola para os outros
integrantes do time, que são seus alunos. Ele deve apontar
a direção correta quando o pessoal começar a se desviar do
trajeto (e sempre vão haver desvios nessas condições). O
líder também deve ter a consciência e a coragem de dizer
“não sei” quando não tiver a resposta. Isso ensinará a seus
pupilos a desenvolverem por si só suas idéias.
17
17
0
3. Entenda – Estabeleça contatos mais humanos entre
seus estudantes. Porém, isso é algo difícil de ser consegui-
do, a princípio. Por exemplo, dependendo do aluno, seus
trabalhos e redações sempre são olhados com suspeita. De
vez em quando, olhe a questão através do ponto de vista de
seus estudantes e procure entender suas razões. Eles irão
se sentir mais respeitados e valorizados por você. Um dos
principais atributos da liderança é a capacidade de lidar
com diferentes opiniões e visões que, a princípio, parecem
excludentes: “Como posso me dedicar integralmente a meu
trabalho e a minha família?”, “Eu sou uma diretora ou uma
amiga?”. Converse, estabeleça valores, discuta o que é
mais importante a cada momento de seu dia.
PequenoManualdoProfessor
PREPARAÇÃO
PESSOAL
QUEM QUER, CORREATRÁS
Imagine a seguinte situação: começo do ano, volta às aulas, os
professores são convidados a participarem da famosa semana
pedagógica.
Ao se deparar com todos os educadores novamente reunidos,
o gestor decide abrir o encontro com um questionamento.
— Quem aqui gostaria de ser um professor nota 10?
A maioria, como é de se esperar, levanta a mão. Então,o
administrador continua:
— Interessante. Mas o que vocês consideram um professor
nota 10?
O mestre em Matemática, sentado lá no canto da sala, respon-
de:
— Para ser nota 10, o educador precisa ter carisma.
Nisso, a orientadora educacional emenda:
— Preparo também é importante. – E um grupinho do meio
opina:
— Sem persuasão e criatividade o negócio não funciona.
Após uma série de argumentações, o gestor interrompe nova-
mente e finaliza:
— Muito bem, todos estão certos. Na verdade, esse profes-
sor nota 10 é a reunião dessa série de qualidades. Mas para
alcançar esse objetivo, é importante dar o primeiro passo.
Ou seja, reconhecer a necessidade de desenvolver as carac-
terísticas citadas.
Essa historinha ilustra bem o que acontece dentro de muitas
instituições no começo do ano, durante as semanas de treina-
mento com os professores. A vontade de se aprimorar profis-
sionalmente existe, porém, em certos casos, esse plano vai
sendo preterido quando começa a correria do dia-a-dia.
Tanto professores como gestores alegam que as variadas ati-
vidades que exercem na escola tomam tanto tempo que acaba
não sobrando um espaço na agenda para fazer o tal aprimora-
mento.
O problema é que esse discurso, muitas vezes, esconde o
receio que educadores e administradores têm em assumir uma
nova postura. Uma posição mais ousada, que exija deles o
abandono da zona de conforto que vinham trabalhando até
então.
19
Se realmente essa vontade de se tornar um mestre exemplar
existir, os professores deverão trabalhar com mais afinco as
qualidades e atitudes vistas no capítulo anterior (criatividade,
PequenoManualdoProfessor
motivação, persuasão, planejamento e liderança) e, juntamen-
te com elas, cultivar alguns gestos que fazem toda a diferença,
como:
- Possuir uma atitude naturalmente positiva e
animada.
- Saber pensar e decidir.
- Saber ouvir, e não apenas falar.
- Aceitar críticas.
- Estar sempre aprendendo e se atualizando.
- Possuir boa aparência profissional.
O conjunto dessas ações, aliadas a paixão por ensinar, com
certeza resultará em um desempenho acima da média. Ao
demonstrar o afinco e apreço por sua profissão, você automa-
ticamente contagia todos a sua volta e estimula os estudantes
a participarem e se envolverem com o assunto ensinado.
EM BUSCA DO SUCESSO
Como vimos até aqui, entrar para o hall de professores que fi-
cam eternizados na memória dos alunos exige muito esforço e
dedicação. O tão almejado sucesso profissional vem atreladoa
uma mudança de postura que, muitas vezes, provoca questio-
namentos internos e demanda um planejamento a longo prazo
de realizações profissionais e pessoais.
Ao se conhecer melhor, saber realmente quais são seus ob-
jetivos, fica mais fácil para o professor estabelecer o cami-
nho que deve seguir para a realização dessas metas, e ainda
identificar quais pontos precisam ser ajustados ou aperfeiço-
ados. Fique atento às dicas que reunimos para você ascender
profissionalmente.
Arrumando a casa
Antes de querer mudar tudo em sua carreira, é necessário mu-
dar por dentro. Altere sua maneira de ver o mundo, colégio,
alunos. Desenvolva:
20
4
mesmo. Tomar consciência de que ele não trabalha para
uma empresa ou outra pessoa. Trabalha para si mesmo,
sua própria satisfação pessoal e profissional. E desenvol-
ver uma liderança pessoal requer:
Auto-análise: concentre-se no que você é bom, nas
áreas em que você pode se destacar. Uma pós-graduação,
mestrado, qualquer um pode ter. Mas existem determina-
das habilidades e, principalmente, a maneira como você
transforma essas habilidades em ação que são únicas.
Descubra o horário do dia no qual você rende mais, a sua
maneira preferida de trabalhar.
Liderança – Antes de liderar os outros, um profes-
1 sor de sucesso deve concentrar-se em liderar a si
PequenoManualdoProfessor
A instituição deensino
Nove entre dez escolas se definem como “uma grande família”.
A analogia não poderia ser mais correta. Em ambos os casos,
você é obrigado a conviver com a pessoa fofoqueira, com aque-
le sujeito que só aparece duas vezes por ano e, mesmo assim,
para pedir dinheiro, com aquele neto do patriarca que parece 21
poder tudo, entre outras pessoas. Em ambos os casos também
existem pessoas que se destacam. Que são um sucesso em suas
relações profissionais e familiares.Acompanhe:
aprimorar. O professor de sucesso sabe que a carreira per-
tence a ele. Então, não espere que cursos sejam ofereci-
dos. Busque livros, palestras, aperfeiçoamento. E falta de
dinheiro não é desculpa. Muitas dessas ações não reque-
rem que você invista um tostão. Você pode, por exemplo,
conversar com pessoas de outras empresas e setores da
economia, todos têm algo a ensinar. Bibliotecas e sites
também fornecem muito conteúdo. É só procurar.
Curiosidade – Alguém curioso está sempre atrás
2 das respostas. Está sempre disposto a aprender e a se
dos quadrinhos: toca o despertador e a primeira coisa que
falam é “odeio segundas-feiras”. Se esta é sua atitude,
cuidado. Alguma coisa definitivamente está errada emseu
trabalho. Um professor de sucesso, antes de tudo, tem um
orgulho saudável de seu trabalho.
Abaixo a Síndrome de Garfield – Muitos profis-
4 sionais imitam, semana após semana, o gato laranja
todos os males da vida profissional. Tampouco é apeça-
chave que impulsiona carreiras para frente. É, sim, mais
uma ferramenta que você deve desenvolver. Leia muito,
aprenda outra Língua, vá até a padaria por um caminho
diferente. Tudo isso ajuda.
Criatividade – Correndo o risco de decepcionar
3 algumas pessoas, criatividade não é a panacéia para
Objetivos claros: todo mundo quer chegar lá. Mas você
já parou para analisar, friamente, onde é esse “lá”? Saiba
o que você quer, e o que é necessário para alcançar esse
objetivo. É como ter um mapa e uma bússola. Sem eles,
sua carreira fica à deriva.
Tempo é só o começo: os grandes professores sabem que
administrar o tempo é só o começo da estrada. É neces-
sário planejar sua carreira. Pense no que você gostaria
que constasse em seu currículo, o que é importante para a
empresa nos próximos seis meses.
PequenoManualdoProfessor
5 Comece pelo começo – Em qualquer atividade, nada
é mais importante que a primeira impressão. Certo,
você já causou uma primeira impressão em seus colegas
e chefes, e não tem uma segunda chance. Mas cada tarefa
que você desenvolve também causa uma primeira impres-
são. Portanto, mostre iniciativa, dê o primeiro passo. Ouse
fazer, assumir as tarefas espinhosas da sua instituição.
Algumas dicas:
- Só assuma uma tarefa nova se estiver desempenhando suas
funções atuais bem. Isso aumenta a confiança da diretoria e
dos colegas em você.
- Nada pelo social. Organizar a pelada do fim de semana, as
vaquinhas dos aniversários ou o chá de bebê da sua chefe
podem ser atividades divertidas, mas não trazem nenhuma
recompensa para sua carreira. Ao contrário, ocupam tempo
e espaço de sua mente que poderiam ser dedicados a desen-
volver algo que faça sua empresa ganhar dinheiro.
- O que importa para a escola. Vale tanto para grandes
instituições como para pequenas: elas, freqüentemente,
esquecem o motivo pelo qual abrem as portas todas as ma-
nhãs. A burocracia interna e o “status-quo” tornam-se mais
importantes do que atender bem os alunos, desenvolver um
serviço de qualidade. Aprenda a distinguir o que é impor-
tante e o que leva a empresa para frente.
22
ponto de vista, uma vez que a opinião de todas as outras
pessoas está, por definição, errada.
Um educador de sucesso vê a situação com diversos olhos.
Ele imagina o que colegas, alunos e pais acham e esperam
de uma ação. Assim, ele enxerga muito mais do que uma
Amplie sua visão – Os professores sem futuro so-
7 frem da visão de túnel. Vêem o mundo apenas por seu
6 ensino e parcerias não aparece nos jornais e na televi-
Network – A grande maioria das oportunidadesde
são. Acontecem dentro de uma rede de conhecidos. Pessoas
que se conhecem e se ajudam mutuamente. Se você ainda
não desenvolveu sua rede de contatos, comece agora:
- Mostre-se. Ofereça-se para dar palestras, freqüente clubes
e reuniões diversas com o objetivo de firmar seu nome
como o de um especialista em determinada área.
- Descubra quais áreas você não domina e precisa conhecer.
Então, procure um especialista. Relacione-se com essa
pessoa.
-
Lembre-se de que uma rede é uma eterna troca: se você
quer que as pessoas ofereçam algo para você, ofereça algo
de valor antes.
PequenoManualdoProfessor
PROFESSOR-VENDEDOR
Ao escolher trilhar o caminho de um professor nota 10, você
perceberá quantas técnicas e orientações estão disponíveis
para a realização de seu objetivo. Uma delas é espelhar-se na
rotina e hábitos de outros profissionais e extrair dicas para
serem adaptadas para sua sala de aula.
23
Comece a prestar atenção nas pessoas que você convive. Por
exemplo, você já parou para pensar como é o dia-a-dia de um
vendedor? Antes de comercializar seu produto ou serviço, ele
só aconteceria em um mundo totalmente cartesiano, onde
máquinas tomassem decisões. Basta aplicar uma fórmula
e prova-se matematicamente que o professor Darmo deve
ser promovido a coordenador e a Dona Suzana merece um
aumento de 13,57%.
Racional e emocional – Chegue cedo, trabalhe duro
9 e você vai ser promovido/receber um aumento. Isso
que as ocupam, e não o contrário. Por mais estudado que
seja um organograma, ninguém vai ocupar o seu quadra-
dinho da mesma maneira que seu antecessor e sucessor.
Sem entrar no mérito de melhor ou pior, cada professor é
diferente do outro.
Se você sabe quais são suas qualidades principais (já ouviu
isso em algum lugar, não?) e sabe do que a escola precisa,
faça uma proposta de novas atribuições e tarefas ao diretor-
geral e seus colegas. Essa é a maneira mais fácil (e praze-
rosa) de ser bem-sucedido.
Faça seu emprego – Ao contrário do que parece, a
8 maioria das funções se adapta ao redor das pessoas
Na verdade, somos seres emocionais. Aquele que toma as
decisões na escola usa números, impressões, palpites e, de
noite, pergunta para a esposa:
— Acho que o Darmo pode ser nosso novo coordenador, o
que você acha?
— Bom, nas duas vezes que falei com ele por telefone ele
me pareceu...
Então, use bem cada momento que você passa com a
diretoria. Pergunte o que eles acham de sua performance, o
que você pode fazer para melhorar. Construa um relaciona-
mento baseado na responsabilidade. Mostre que você pode
aprender e mudar com a experiência e novos desafios.
solução. Treine essa habilidade ouvindo os outros atenta-
mente. Descubra como pensam, o que é importante para
cada pessoa com a qual você lida.
PequenoManualdoProfessor
precisa ganhar a confiança do cliente. Precisa que o cliente
acredite em tudo o que vai ser dito dali para frente, que o veja
como alguém que está ali para resolver seus problemas. Tudo
isso em apenas alguns segundos.
A partir daí, o bom vendedor lança mão de diversas técnicas
para ajudar o comprador a decidir pela melhor opção e fechar
o negócio rapidamente. E ainda deixar a pessoa satisfeita o
suficiente para poder voltar outra hora e vender de novo.
Olhando bem, isso não é diferente de seu trabalho, professor.
Você também tem poucos segundos para conseguir a empatia
dos alunos, tem algo a “vender” (a importância de sua disci-
plina/do estudo em geral), e deve deixar a turma motivada o
suficiente para que esperem a próxima aula com alegria. Veja
o que você pode aprender com eles.
Venda sua imagem
Vendedores, assim como professores, têm poucos segundos
para se apresentar a seus clientes ou alunos. E, para compli-
car, isso é feito sem palavras. É a maneira como se chega na
sala, como se olha nos olhos da pessoa, o sorriso, a postura
relaxada e confiante.
Procure ser natural e prestar atenção em seus alunos. Nesse
momento, você aprenderá mais sobre sua aula do que sefizes-
se uma enquete entre os estudantes.
Cuide também de sua aparência. Não é preciso vestir terninho
ou gravata todos os dias, mas suas roupas devem estar limpas
e em ordem. Nada pior do que entrar em sala com um guarda-
pó com botão faltando ou desfiando.
Pode parecer que não, mas os alunos reparam nesses detalhes.
Imagine-se entrando em um banco cuja gerente usa um sapato
estragado e roupa amassada. Você não confiaria seu dinheiro a
esse pessoal, certo? Então, por que seus alunos iriam confiar o
futuro e a carreira deles a um professor em semelhante
situação?
A imagem do professor deve refletir o que os alunos recebe-
rão no ano, a importância da matéria para eles. Se o educador
não se preocupar com a maneira pela qual se apresenta em
sala de aula, os estudantes não se preocuparão em participar
da aula.
Seja autêntico
Todos os bons vendedores sabem que improvisar ou mentir
a respeito de um produto/serviço é uma receita para o desas-
tre. Ele pode até imaginar que fechou a venda aquele dia e o
assunto está encerrado. Só que, no dia seguinte, o cliente vai
para o Procon, liga para a empresa reclamando e pedindo o
dinheiro de volta e, pior, vai relatar o fato para todos os seus
conhecidos.
24
8
PequenoManualdoProfessor
Assim, o vendedor perde a venda, perde o cliente e ganha
dezenas e dezenas de pessoas que não vão querer nem saber
o que ele vende. Uma das grandes lições dos vendedores: a
melhor propaganda é a boca a boca. A pior, também. Caso
um aluno tenha alguma reclamação legítima contra você ou
sua escola, pode ter certeza de que a informação vai circular
por seus parentes e amigos. São famílias inteiras que podem
começar a reclamar de você e de sua instituição de ensino.
Tão importante quanto ser autêntico com relação ao produto,
é o ser em relação a si mesmo. Um vendedor nunca pretende
ser o que não é. Ele utiliza as características pessoais que do-
mina a cada situação, enquanto desenvolve as outras habilida-
des necessárias. Até porque não existe outra alternativa.
Um cliente, assim como um aluno, percebe quando o pro-
fessor não está sendo totalmente honesto. Imagine-se na
frente de um vendedor que hesita, gagueja, solta um número
qualquer que não se sabe ao certo se é real ou inventado, se
contradiz. Certamente, é alguém que não vai vender ou que
vai ser passado para trás nas negociações.
Compare isso com o vendedor que diz algo como: “Olha,
apesar de eu estar há apenas um mês na empresa, posso
esclarecer qualquer dúvida que a senhora possa ter em relação
ao nosso produto e, se for preciso, podemos trabalhar juntos,
a senhora, meu supervisor e eu, para encontrarmos a melhor
solução para suas necessidades.”
Esse segundo vendedor colocou logo as cartas na mesa, disse
o que a cliente pode esperar dele e como irão trabalhar dali
para frente.
Da mesma forma, você deve lecionar com as armas que
domina, enquanto desenvolve as outras (existe sempre um
ponto em que precisamos melhorar, algo a mais que pode
ser aprendido). Seja autêntico em sala de aula, seus alunos
agradecerão.
Conheça as pessoas
Se há uma coisa que todos os bons vendedores sabem, é que
cada ser humano ferve a uma diferente temperatura. Em ou-
tras palavras, não há duas pessoas iguais no mundo. Lógico,
algumas características são comuns, permitindo que eles
separem os clientes em tipos, em grupos com características
similares. Mais ou menos da mesma forma que você sabe que
pode esperar determinados comportamentos da turma do fun-
dão e certas atitudes da garota que senta na primeira carteira.
Contudo, esses grupos estão longe de serem homogêneos em
todas as suas características. Existem diferenças que o vende-
dor sabe identificar e usar a seu favor. Alguns exemplos:
25
- Use o nome da pessoa com freqüência. Alguém já disse
que o próprio nome é o som mais bonito de qualquer Lín-
gua. Os bons vendedores sabem disso, tanto que uma das
PequenoManualdoProfessor
primeiras coisas que perguntam é o nome do cliente. Para
os professores isso é um pouco mais difícil, uma vez que
em cada sala há por volta de 30 nomes a serem memoriza-
dos. Alguns educadores fazem seus alunos improvisarem
espécies de crachás nas primeiras semanas de aula até que
ele decore o nome de todos. É uma estratégia válida.
-Primeiro, faça as perguntas. Um sapatonão é sóum sapato.
É preciso saber em que oportunidade o cliente pretende
usá-lo, se é para uma ocasião especial, se é para o dia-a-
dia, com o que ele pretende usar, se vai ficar mais sentado
ou em pé, ou se vai caminhar muito com aquele calçado.
Também é necessário saber que cor, estilo, marca o cliente
prefere. Só então o bom vendedor mostra o sapato, com
segurança. Com as informações do cliente, ele sabe que vai
mostrar o sapato certo e a venda está praticamente garan-
tida. Da mesma forma, seus alunos. O que eles preferem
fazer em classe? O que cada um pretende fazer com a
informação que você está passando? Quais os valores que
trazem de casa? Saber esses dados de cada um de seus alu-
nos é garantia de uma boa aula. Você não precisa perguntar
a todos, de uma só vez. Dilua a coleta de informações,
gaste semanas se for preciso; pergunte durante bate-papos
descompromissados entre seus alunos. Vai ser mais fácil
conseguir respostas elaboradas e que reflitam melhor a
realidade.
- Utilize a própria informação que o cliente lhe dá a seu
favor. Isso significa repetir para ele, com todas as palavras,
as vantagens de realizar o negócio naquele momento. O
professor também deve repetir para seus alunos as razões
que eles deram para querer aprender a matéria e os inte-
resses de cada um. Utilizar os motivos de cada aluno para
reforçar um ou outro ponto da aula faz com que o interesse
pela matéria dispare.
Nada de segredos
Frente a um grupo de possíveis compradores, o vendedor
está preparado para responder a qualquer pergunta. Além
da imagem de profissionalismo, ele precisa passar para seus
clientes a idéia de que ele não tem nada a esconder, que não
há nenhum segredo ou “pegadinha” naquele produto.
Se ele precisar falar sobre outros assuntos para ajudar na ven-
da de um produto, ele fala, sem problemas. E, sempre que for
possível, vai citar uma estatística ou número. Nesse momento,
a informação deixa de ser apenas a opinião dele, vendedor, e
passa a ser algo científico, com grande credibilidade.
Nessa proibição de segredos está embutida a preocupação
com a ética. O bom vendedor nunca fala mal de seu concor-
rente. A razão é a mesma daquele conto de Nelson Rodrigues,
em que o sujeito não passa um dia sem alertar a noiva sobre
um conhecido de ambos, segundo ele, o mais perfeito cana-
lha. E assim a futura esposa vai ouvindo as mais tenebrosas
histórias... até que um dia termina o noivado e manda um bi-
26
PequenoManualdoProfessor
lhete ao ex-noivo: você falou tanto naquele sujeito que eu me
apaixonei por ele. O vendedor não fala mal da concorrência.
Geralmente, se o cliente traz o nome do competidor à baila, a
resposta vem nos termos: “Sim, realmente, os produtos deles
são muito bons, mas nós somos superiores nos seguintes
pontos...”
Assim como o vendedor, o professor não deve fazer campa-
nhas “terroristas” contra este ou aquele educador ou institui-
ção de ensino. Destaque a sua qualidade, as suas aulas, o que
a sua escola faz de melhor que ninguém mais faz.
E esteja pronto para sair do plano de aula sempre que os alu-
nos o desejarem. Cada vez mais seus alunos recebem inúme-
ros dados, para os quais precisam de explicação. Dependendo
da idade, não está muito claro o que é realidade e o que é
ficção. Assim, o desenho japonês da moda pode ser conside-
rado tão importante quanto a crise na segurança das grandes
cidades; fatos como guerras e flutuação de preços precisam
ser embasados em coisas palpáveis, do universo do aluno,
para que ele possa medir e quantificar a informação.
Dê espaço para seu cliente
Já falamos que os bons vendedores primeiro escutam para
depois falar. Só que eles continuam escutando e escutando
durante todo o processo. É necessário deixar espaço para os
clientes expressarem suas opiniões, pegarem no produto, revi-
rá-lo de lá para cá, fazer testes. Só, então, comprar. O vende-
dor de qualidade sabe que pode controlar o ritmo da negocia-
ção até mesmo com o silêncio. Ele deixa o possível cliente se
expressar, dizer o que está sentindo e como vê aquela compra.
Algumas dicas:
- Faça perguntas que exijam uma resposta complexa. Por
exemplo “como você percebe esse momento da história”
ou “onde você acha que essa equação pode ser aplicada”.
Evite perguntar “você entende” ou “você pode imaginar”,
pois são perguntas que podem ser respondidas com sim ou
não. Deixe que seus estudantes se expressem e, de quebra,
ensinem uns aos outros.
- Não responda logo de cara. Após o aluno formular uma
questão ou uma resposta, permaneça alguns segundos em
silêncio. Isso dará a ele a oportunidade de concluir seu
raciocínio, se assim o desejar. A seguir, repita a afirmação
dele para que toda a sala possa ouvir e você e seu aluno
tenham a certeza de falar a mesma Língua.
- Use uma escala. Em vez de perguntar se os alunos enten-
deram a matéria, pergunte o quanto eles entenderam do
assunto em uma escala de zero a dez. Se eles responderem
qualquer nota menor que dez, emende: “Ótimo. O que falta
para chegarmos a dez?” 27
PequenoManualdoProfessor
Simplifique
Existe uma história famosa de vendas, ocorrida em uma em-
presa norte-americana de telefones que pretendia que as pes-
soas instalassem mais extensões em seus quartos (isso foi bem
antes dos celulares e telefones sem fio). Os gerentes então
contrataram dezenas de vendedores e passaram uma semana
treinando-os. Eles foram expostos aos princípios da telefonia,
de transmissão de dados, os milagres do impulso eletrônico,
como funciona uma extensão, a ergonomia dos modelos dis-
poníveis e mais uma tonelada de aspectos técnicos.
Aí, os vendedores foram à rua vender. No final do primeiro
dia, percebeu-se que um deles havia vendido muito mais do
que os outros. Disparado na frente, com uma baita comissão
garantida. O gerente correu felicitá-lo, e perguntou como
conseguira isso. Ele estava mencionando a qualidade da
reprodução de voz, os impulsos eletrônicos, a ergonomia da...
“Nada disso” – disse o vendedor – “eu só lembro ao pessoal
que o inverno está chegando e como é ruim levantar no meio
da noite para atender ao telefone na sala. Aí, eles compram a
extensão rapidinho.”
É isso, professor. Concentre-se no que os alunos consideram
mais conveniente, no que tem valor para eles. Existem vários
fatores dentro de sua profissão dos quais você se orgulha, e
com razão, mas deixe-os de lado um pouco durante a aula. O
que importa é o que seus alunos desejam, e só.
AJUDE SEUS ALUNOS A
ALCANÇAREM O SUCESSO
Por Heloísa Lück
Você já ouviu falar ou leu algum trabalho dizendo que a
maneira como pensamos sobre a realidade é fator de-
terminante sobre o que nela acontece? Pois, falando-se
especificamente em educação, Benjamin Bloom, em seu
livro Características humanas e aprendizagem escolar,
identificou que a ótica do professor é um dos principais
determinantes do sucesso do aluno na escola.
Todos sabem que bons resultados não acontecem por
milagre ou por acaso, mas por força de uma ação orienta-
da por uma crença de que ela produzirá bons resultados.
É bom lembrar que essa crença não corresponde a um
desejo ou a uma vontade de que as coisas aconteçam sem
o nosso esforço. Ela representa, sim, uma atitude mental
que tem por base o entendimento de que somos capazes
de modificar as situações que nos rodeiam e nos afetam e
de que podemos fazer alguma coisa para alcançar nossos
ideais.
Trazendo novamente a questão para a nossa ação profis-
sional como professores, responda: o que acontece quan-
do julgamos natural que alguns alunos aprendam mais do
que os outros? Que muitos não gostam de estudar? Que
28
32
PequenoManualdoProfessor
uns alunos são tão desinteressados que não têm condições
de aprender?
Orientados por essa predisposição mental, nossa atuação
ajusta-se a esse julgamento e, no final, é esse mesmo
resultado que obtemos, corroborando o nosso pensamen-
to: “Eu não disse? Esse aluno não tinha condições de
aprender.” É essa atitude, aliás, que constitui um fenô-
meno muito comum na escola, denominado de “profecia
auto-realizadora”, isto é, a predição do futuro que traz em
si mesma as condições de se realizar e que condiciona a
sua realização.
E, muitas vezes, não é isso que fazemos na escola? Quan-
do vamos ler trabalhos dos nossos alunos, afirmamos que
vamos “corrigi-los”, uma afirmação que indica uma busca
de erros. Partimos de 10 e vamos tirando pontos. Não é à
toa que os alunos, em geral, e afinal, acabem aprendendo
tão pouco ou apenas o suficiente para passar.
Os professores que refletem sobre sua prática se dão con-
ta de que, depois de ler um trabalho e dar-lhe uma nota,
ao verificar o nome do aluno, procuram ajustar essa nota
à sua expectativa de rendimento do aluno, procurando
erros ou acertos para justificar um aumento ou rebaixa-
mento da nota.
Dessa forma, o professor conduz uns para o sucesso e
outros para o fracasso. É difícil admitir isso, mas é uma
realidade, e admiti-lo é o ponto de partida para o desen-
volvimento de nosso sucesso profissional como professo-
res.
Fazer um esforço por mudar o nosso enfoque, a nossa
perspectiva é, portanto, a condição básica para que use-
mos a avaliação da aprendizagem dos nossos alunos de
modo que esses tenham sucesso na escola, que aprendam
o máximo o que a escola tem a lhes ensinar, para que
realizemos o que Benjamin Bloom (1981, p. XI e XII)
identificou:
“Todos os alunos tornam-se bastante semelhantes em
relação à capacidade de aprender, ritmo de aprendizagem
e motivação posterior, quando lhe são propiciadas condi-
ções favoráveis de aprendizagem.”
“Todos os alunos aprendem com sucesso o que a escola
lhes deve ensinar, quando os professores acreditam que
podem fazê-lo e criam as estimulações e orientações
adequadas para isso.”
“Quando o professor altera positivamente suas expecta- 29
tivas em relação ao desempenho de seus alunos, passa a
agir de forma mais favorável à estimulação de sua apren-
dizagem e o aluno passa a aprender mais e melhor.”
PequenoManualdoProfessor
Precisamos nos dar conta de que nossas expectativas e
orientações estão contribuindo fortemente para a crista-
lização de que basta estudar o suficiente para passar, o
importante é tirar nota. Em vez de criarmos uma cultura
em que o importante é aprender, aprender é a maior rique-
za da vida, aprendemos para conhecer o mundo e a nós
mesmos no mundo.
Heloísa Lück - Doutora em Educação, consultora e promotora de
programasecursosdecapacitaçãoprofissionalemEducação.
DiretoradoCEDHAP–CentrodeDesenvolvimentoHumanoAplicado
(fone: 3336 4242).
Referências Bibliográficas
BLOOM, Benjamin S. Características humanas e aprendizagem
escolar: uma concepção revolucionária para o ensino. Porto Alegre:
Globo, 1981
VOZDO PROFESSOR
PorEnyReginaB.NevesPereira
A voz desempenha um papel fundamental durante o processo
de comunicação. Para que o som produzido no aparelho fona-
dor seja de boa qualidade e emitido sem dificuldade ou des-
conforto para o falante, é necessário que todas as estruturas
envolvidas em sua produção funcionem de forma harmoniosa.
A fonação ou voz é produzida pelo fluxo de ar passando entre
as pregas vocais, fazendo com que elas vibrem e seja ampli-
ficado pelas cavidades de ressonância. Quando estamos em
silêncio, as pregas vocais estão abertas para que possamos
respirar e, ao falarmos, elas se fecham, vibram e a voz é emi-
tida. Vejam as figuras:
30
4
PequenoManualdoProfessor
Muitos são os profissionais que usam a voz como instrumen-
to de trabalho. O professor é um deles, que precisa da voz
para exercer sua profissão. O mau uso da voz se refere a falar
excessivamente, alto e rápido, gritar, usá-la muito aguda ou
muito grave sem ter preparação adequada. O aparecimento
de rouquidão, cansaço vocal, ardume e/ou dor na garganta,
pigarro e falta de ar são sinais de patologias que acometem a
laringe e podem estar relacionadas ao uso abusivo da voz em
condições desfavoráveis.
Existem mecanismos básicos empregados para uma boa qua-
lidade vocal. Precisamos nos ater ao tipo de voz que estamos
usando, pois ela identifica-se com a nossa personalidade, é o
nosso “cartão de visita”. Uma voz com intensidade elevada
(falar alto), demonstra franqueza, energia, autoritarismo; o fa-
lante com intensidade reduzida (falar baixo), parece ter pouca
experiência nas relações pessoais, timidez ou medo. Por isso,
há necessidade de um certo equilíbrio na intensidade vocal a
fim de trazer a sensação de convicção do que se quer passar
para o aluno e domínio da voz.
Uma voz com articulação precisa, sem exagero, transmite,
clareza de idéias e pensamentos, favorecendo o processo de
comunicação na classe.
O ritmo ou velocidade de fala lenta sugere monotonia, cansaço
e faz com que não haja interesse no que está sendo exposto.
Com velocidade acelerada, demonstra ansiedade ou nervosis-
mo, o que trará aos alunos uma conseqüência desfavorável.
A voz grave (grossa) pode trazer um aspecto de professor
enérgico e autoritário. Já o educador que possui uma voz
aguda (fina) transmite ser uma pessoa submissa, dependente,
infantil ou frágil.
Se você tem algum desses aspectos vocais procure:
-Emitir frases curtas, com mais inflexões, isto é, mais
melodia.
-Use de uma articulação bem definida, sem exageros.
- Dê ênfase em determinadas palavras sem aumentar a
intensidade ou volume.
- Abuse da ressonância, usando os sons nasais e
orais demonstrando clareza naemissão.
- Esteja, o máximo que conseguir, relaxado, sem tensão
principalmente na região cervical.
- Façausodarespiraçãodiafragmáticaenãodoar
de reserva que prejudica as pregas vocais.
O professor deve se lembrar da importância de fazer a higiene
vocal, tendo alguns cuidados especiais do tipo:
Alimentação: deve ser composta de alimentos leves, ver-
duras e frutas, uma vez que esses ajudam na boa digestão, 31
evitando refluxo gastroesofágico ou má digestão. Evite
o uso de chocolates e leites no momento que antecede
o uso profissional da voz porque aumentam a secreção.
PequenoManualdoProfessor
Durante o período entre as aulas, recomenda-se o consu-
mo de maçã ou a ingestão de sucos cítricos, pois possuem
propriedades adstringentes, o que auxilia na limpeza da
boca e faringe, no excesso da secreção, obtendo, assim,
uma melhor qualidade vocal.
Alimentar-se de refeições pesadas acaba atrapalhando a
boa performance do professor, uma vez que isto impede a
movimentação livre do diafragma, dificultando a fonação.
Bebidas gaseificadas e geladas: o gás interfere na diges-
tão e prejudica o apoio diafragmático, ou seja, evite usar
antes das aulas, pois ele favorece a flatulência (gástrica
ou intestinal), prejudicando o controle da voz. E o consu-
mo de líquido gelado pode causar danos vocais devido à
mudança de temperatura ao deglutir.
Ambientes refrigerados: algumas pessoas são muito
sensíveis ao ar-condicionado, isso porque o resfriamento
do ar realizado através da retirada da umidade do meio
ambiente resseca também a mucosa do trato vocal. A
movimentação da mucosa durante o ciclo vibratório de-
pende diretamente de uma boa lubrificação, comprometida
devido ao uso do ar-condicionado.
Competição sonora ou grito: a competição sonora, o
“barulho dos alunos”, é uma situação bastante comum.
Quando se está em um local barulhento, há uma tendência
natural dos educadores elevarem a voz para se fazerem
ouvir. Esse fator rende ao professor um desgaste vocal
muito maior.
Gripes e alergias: durante gripes fortes e crises alérgicas, é
freqüente o aparecimento de quadros de rouquidão. Isso
ocorre porque há um inchaço das mucosas que revestem o
trato respiratório. Vocalizar excessivamente sobre o tecido
inchado pode ser extremamente prejudicial, causando
danos irreversíveis à mucosa que reveste as pregas vocais.
Atividades em grupo, provas de aproveitamento ou ativi-
dades individuais que não exijam tanto do professor o uso
da voz tornam-se necessárias nessas situações.
Os indivíduos alérgicos e que usam a vozprofissionalmen-
te devem seguir as orientações médicas. Evitar contato
com substâncias alergênicas também é recomendado a fim
de reduzir ou espaçar o aparecimento das crises.
Pigarrear: o ato de pigarrear constitui outra forma de
abuso vocal. A prática constante desse procedimento pro-
duz um choque mecânico entre as pregas vocais causando
um aumento na produção de muco como mecanismo de
defesa, o que se torna um ciclo e um hábito.
Cigarro: a fumaça age nas pregas vocais, essa reação é
manifestada por uma descarga intensa de muco, gerando
parada na movimentação ciliar do tecido que envolve as
pregas, fazendo surgir um depósito de secreção e pro-
vocando o pigarro. A toxina deposita-se diretamente nas
32
66
PequenoManualdoProfessor
pregas vocais, as quais funcionam como verdadeiros
aparadores de impurezas, favorecendo as diversas lesões,
como edemas, pólipos, nódulos e câncer.
Álcool: essa substância é responsável pela anestesia das
pregas vocais. O professor que usar essa droga e logo
depois for dar uma aula vai estar causando uma grande
lesão no aparelho fonador. O mesmo acontece com o uso
indiscriminado de sprays, pastilhas, balas, etc. Se for uti-
lizá-los, deve-se fazer quando for dormir para não causar
danos às pregas vocais.
Hidratação: é indicada para a prevenção e tratamento dos
distúrbios da voz por permitir que a vibração das pregas
vocais ocorra de modo livre e com o atrito reduzido.
Orientações:
Quando estiver no final de sua jornada de trabalho, prefira
falar baixo, não sussurrando, e devagar. Fique em silêncio, se
possível, por um tempo.
Durma bem e descanse o seu corpo.
Aquecimento vocal
As pregas vocais são músculos, por isso há necessidade de
aquecê-las. Esse detalhe evita sobrecarga, o uso inadequado
da voz ou um caso de fadiga.
Todas as manhãs ou no período que antecede o uso profissio-
nal da voz, deve-se fazer os seguintes exercícios:
Exercícios de respiração profunda
(alternando nariz e boca).
Alongamento da coluna.
Alongamento de pescoço e ombros.
Alongamento dos músculos da face.
Exercício de vibração de ponta de língua e lábios. É bem
simples e consiste apenas em imitar o barulho do telefo-
ne (“trrrrrrrrriiimmmm”).
Exercício de ressonância – mastigando o som do “m”.
Imagine que você está mastigando algo e ao mesmo
tempo emita um som de “Hummmmmm”.
Desaquecimento vocal
O desaquecimento vocal favorece o retorno ao ajuste fonoar-
ticulatório da voz coloquial. Você deve estar se perguntando
o que significa isso. É o seguinte, quando o professor está
dando aula, ele imposta mais sua voz para ser ouvido pelos
seus alunos. O desaquecimento ajuda a acalmar sua voz e
fazer com que ela volte a seu estado “normal”. 33
Após o uso profissional da voz, recomenda-se fazer os seguin-
tes exercícios:
PequenoManualdoProfessor
-Ficaremsilênciototal por5minutosparaqueocorrao
repouso.
- Exercício de vibração de ponta de língua em escala
descendente(procurandosemprearegiãograve)–imiteo
barulhodotelefone, masdessa vezcoma voz maisgrossa.
-Massagem na laringe:
Movimentos de deslocação lateral. Com o dedo indi-
cador e o dedão massageie, delicadamente, os anéis do
pescoço, de um lado para o outro.
Movimentos circulares. Esse exercício é muito parecido
com o anterior. Só que em vez de fazer movimentos de
uma lado para o outro nos anéis do pescoço, você deve
massageá-los com movimentos circulares.
Movimentos descendentes. Desça em linha reta massa-
geando os anéis do pescoço.
Aproveite todas essas dicas e orientações para cuidar melhor de
um de seu bens mais preciosos, sua voz. Se você estiver apre-
sentando quadros de rouquidão com freqüência e há mais de 10
dias, semcausa evidente, procure um médico otorrinolaringolo-
gista ou um fonoaudiólogo para uma avaliação vocal.
*Professora Ms. Eny Regina Bóia Neves Pereira – Fonoaudióloga,
mestrena área de Pediatria pela Faculdade de Medicina da UNESP de
Botucatu/ SP,doutoranda na área de Basesda Cirurgia, em VozProfis-
sional,pelaFaculdadedeMedicinadaUNESPdeBotucatu/SPedocente
da Universidade do Sagrado Coração – Bauru/SP.
EM BUSCA DE UMA VOZ PERFEITA
A voz revela muito sobre seu estado de espírito. A entonação,
o volume e a intensidade do discurso não transmitem apenas
o conteúdo, mas também suas emoções. Assim como os olhos
são a janela da alma, a voz é o espelho da sua personalidade.
Para se alcançar uma boa voz, certos pontos precisam ser
trabalhados. A respiração é um deles. É ela quem ajuda a
equilibrar a ressonância produzida durante o processo de
formação das palavras.
A altura da voz também precisa ser controlada. O volume
da fala, se não for adequado, agride a garganta (no caso do
professor falar muito alto ou irritar seus alunos se ele explicar
a matéria quase sussurrando).
A intensidade da voz é outro detalhe importante. Ela não pode
ser nem muito grave e nem muito fina. Se o educador abusar
da fala grave pode parecer autoritário e fechado a novas idéias
e opiniões. Uma vocalização mais fina transmite a sensação de
pessoa infantil, insegura e que não está certa de sua ações ou
palavras.
Além desses fatores, temos ainda a articulação das palavras.
Ela consiste na maneira como se mexe a boca durante a fala.
Se feita de maneira correta, resulta em um discurso claro e
sem ruídos. Pessoas que não abrem muito a boca para pro-
34
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PequenoManualdoProfessor
nunciar as palavras indicam ser tímidas, acanhadas. Já quem
articula exageradamente passa a sensação de falsidade e
exibicionismo.
Assim, para que sua voz seja agradável é preciso que você
tenha sempre em mente o bom senso – uma articulação, inten-
sidade e volume de voz equilibrados.
Tipos de voz
A voz é como um impressão digital. Cada pessoa vocaliza as
palavras de maneira única e não existe outro indivíduo capaz
de imitá-la fielmente. Segundo pesquisas, existem mais de
120 tipos de vozes. Elas podem ser aveludadas, melodiosas
ou oscilantes. Acompanhe mais alguns exemplos e asensação
que elas provocam em seus ouvintes:
• Voz rouca – Pode transmitir cansaço, esgotamento, estres-
se, fadiga ou seriedade.
• Voz trêmula – Significa medo, fragilidade e indecisão.
• Voz monótona – Indica pessoa cansativa, desinteressante
e repetitiva.
• Voz infantilizada – Demonstra uma pessoa ingênua, sem
maturidade e insegura.
Além de sua voz, que por si só transmite diversas emoções,
a combinação de intensidade e volume diferenciados revela
outros detalhes de sua personalidade. Leia e faça uma auto-
análise, assim você poderá ajustar certos detalhes de sua fala
e potencializar sua qualidades.
• Voz fina e fraca – Revela uma pessoa submissa e
dependente.
• Voz forte e grave – Mostra um indivíduo enérgico
e autoritário.
• Voz arrastada e fraca – Demonstra que a pessoa
está triste, melancólica.
• Voz aguda e forte – Transmite alegria, ânimo e
desinibição.
• Voz alta e grave – Indica uma pessoa franca, cheia
de energia e que fala o que pensa.
• Voz baixa e oscilante – Pode significar uma pes-
soa tímida e receosa.
• Voz alta e rápida – Passa a sensação de indivíduos
tensos, atrapalhados, ansiosos e confusos.
Identificar e trabalhar para amenizar os pontos fracos de sua
voz é uma das tarefas que você, professor, deve executar em
busca da aula perfeita. Conhecendo e controlando sua ento-
nação e vocalização será possível adequar seu discurso e usar
sua voz da melhor forma possível para dar ênfase aos princi- 35
pais pontos do conteúdo.
PequenoManualdoProfessor
Exercícios de relaxamento
Existem diversas práticas que contribuem para o desenvolvi-
mento da fala e a melhora na impostação da voz. Pratique-os
regularmente e você e seus alunos notarão a diferença.
-Ao acordar, não pule rápido da cama e sai correndo para
sua aula. Levante devagar, se espreguice e boceje 10 ve-
zes.Essesmovimentosajudamadispersaromucoquefoi
acumulado na garganta durante osono.
-Façaumalongamentocorporalaochegaremcasadepois
de suas aulas.
PRONÚNCIA E ARTICULAÇÃO
Um discurso claro e inteligível exige que a pronúncia e a ar-
ticulação das palavras sejam perfeitas. Qualquer distúrbio ou
deslize durante a fala de certas sílabas distorce o significado
e prejudica o entendimento da mensagem. O professor, como
está sendo avaliado 24 horas por seus alunos, colegas de pro-
fissão e superiores, precisa mais do que ninguém de uma fala
e uma articulação impecáveis. Como você conseguirá ser um
professor nota 10 falando empolado ou comendo as palavras?
Como seus alunos entenderão a matéria, se não compreen-
dem o que você fala? Observe com atenção a articulação das
consoantes e melhore seu discurso.
Articulação das consoantes
Para a sonorização de certos fonemas, alguns órgãos de nosso
corpo entram em ação e outros são deixados de lado. Ter a
percepção de como esse processo funciona contribui para a
sonorização correta das palavras. Conheça algumas articula-
ções e o esquema de pronúncia das consoantes.
Articulação bilabial – As partes do corpo envolvidas duran-
te a sonorização são os lábios. Preste atenção em como a
pronúncia das consoantes P/B/M ocorre entre eles.
Articulação linguodental – Exige que os lábios fiquem
entreabertos e a língua tocando os dentes. As consoantes
pronunciadas dessa forma são o T, D e N.
Articulação labiodental – A pronúncia ocorre com osden-
tes superiores, tocando o lábio inferior. As consoantesque
respeitam essa sonorização são F e o V.
Exercícios de articulação
Articular corretamente as palavras requer o esforço de vários
órgãos do corpo, entre eles os lábios, a mandíbula e a língua.
Para fortalecer o tonos muscular dessas partes especificamen-
te, segue uma série de exercícios que devem ser praticados
regularmente. Se você sentir algum desconforto durante a prá-
tica dos movimentos, interrompa imediatamente os exercícios
e procure um médico.
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PequenoManualdoProfessor
Num ninho de mafagafos tinham três mafagafinhos.
Quem os desamafagafizar,
bom desamafagafizador será.
Lábios
1. Conte, lentamente, de um a cem fazendo movimentos
exagerados com a boca, com bicos e sorrisos forçados
durante a sonorização dos números.
2. Com a boca fechada e os lábios unidos, movimente-os
de um lado para o outro, lentamente, 10 vezes.
Língua
1. Coloque a língua para fora vagarosamente e em seguida
recolha-a rapidamente para dentro da boca. Depois de
fazer esse movimento 10 vezes, inverta. Coloque a língua
para fora rapidamente e a recolha lentamente.
2. Abra a boca e bote a língua para fora. Faça movimentos
circulares cerca de 10 vezes.
3. Repita o exercício anterior, só que com a língua dentro
da boca.
Articulação das palavras
Além dos exercícios que ajudam na articulação das palavras,
podemos usar brincadeiras como os trava-línguas para alcan-
çar nosso objetivo. Escolhemos algumas dessas pegadinhas
para você ir treinando. Tente falar rápido e procure não errar.
Caso isso aconteça, comece de novo o texto.
1.
2.
Palato
1. Boceje diversas vezes com a boca bem aberta e depois
repita o mesmo movimento com a boca fechada.
3. 372. Emita durante um minuto o famoso “ahhhhhhhhh”
(tão usado na meditação). Não use o ar reserva durante a
sonorização.
É crocogrilo? É cocodrilo?
É cocrodilo? É cocodilho?
É corcodilho? É crocrodilo?
É cocordilo? É jacaré?
Será que ninguém acerta
O nome do crocodilo mané?
Paga o pato, dorme o gato,
Foge o rato, paga o gato,
Dorme o rato, foge o pato,
Paga o rato, dorme o pato,
Foge o gato.
PequenoManualdoProfessor
EXPRESSÃO CORPORAL
COMUNICANDO COM O CORPO
Todo o nosso corpo fala. A posição dos pés e das pernas, o
movimento do tronco, dos braços, das mãos e dos dedos, a
postura dos ombros, o balanço da cabeça, cada gesto possui
um significado próprio que encerra em si uma mensagem.
Pesquisas apontam que a linguagem corporal é responsável
por cerca de 55% do processo de comunicação interpessoal.
Esses recados que você transmite com o corpo, mesmo sem
querer, são outros pontos que devem ser pensados e trabalha-
dos de maneira correta.
As mensagens sublimares afetam seus alunos tanto quanto as
palavras e seus gestos mostram se você está ou não prepara-
do ou com vontade de dar aquela aula. Para esses casos, não
há recursos visuais que façam qualquer momento tornar-se
agradável. Sem a motivação necessária, você desperdiçará
seu tempo, o tempo dos estudantes e fará da aula um teatro,
no qual o professor interpreta um personagem sem emoção e
sem conteúdo.
A naturalidade do gesto: a gesticulação obedece a um pro-
cesso natural. Pensamos na mensagem ao mesmo tempo que
informamos ao corpo o movimento a ser executado. Ele reage
e só depois pronunciamos as palavras. Por isso, o gesto vem
antes da palavra ou junto com ela, e não depois. Recomen-
damos, sempre, não falar com as mãos nos bolsos, com os
braços atrás das costas, cruzados ou apoiados, entre outros.
Você também deve adaptar seus gestos de acordo com o
número de estudantes que a turma comporta. Classes grandes
exigem movimentos mais enfáticos, “exagerados”, para que
todos possam vê-lo. Mas tenha bom senso. Já turmas menores
não precisam desses movimentos tão amplos.
A posição das pernas: as pernas têm um significado especial
para a estética da postura. Você irá se sentir melhor se manti-
ver uma atitude correta, plantado sobre as duas pernas, dando
um bom equilíbrio ao corpo. Procure também deixá-las cerca
de 20 centímetros afastadas uma da outra e lembre-se de que
ao ficar parado não é recomendável fazer movimentos com as
pernas. Esse gesto dará a impressão que você está impaciente
e inseguro. Evite também:
-Procurar um ponto de apoio para se encostar. Ao fazer isso,
naturalmente, você deixará uma das pernas arqueadas para
trás.
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42
PequenoManualdoProfessor
- Jogar o peso do seu corpo em cima de uma perna só.
- Balançar os pés ou ficar freneticamente batendo-os no
chão. Além de fazer barulho, você estará distraindo os
alunos e chamando a atenção para os seus movimentos.
A posição dos braços: ao andar no meio da sala, seus braços
devem balançar naturalmente. Se você estiver explicando a
matéria, levante-os acima da linha da cintura e mantenha suas
mãos semi-abertas. Sincronize seus movimentos de acordo
com a ênfase que você deseja dar a certos pontos. Evite os
seguintes gestos durante suas aulas:
- Colocar seus braços para trás. Transmite a impressão de
que você está supervisionando seus alunos. Se você adotar
essa postura, parecerá mais inspetor do que professor.
- Ao deixar as mãos sobre a barriga, suas explicações serão
encaradas mais como sermões religiosos.
- Mãos na cintura lembram técnicos de futebol ou sargentos.
Com certeza, você não quer parecer com nenhuma dessas
figuras.
- Deixar as mãos dentro dos bolsos remete à displicência,
falta de vontade. Você passará a sensação de que não está
nem aí para a aula ou para os alunos.
- Braços cruzados transmitem a mensagem de uma pessoa
na defensiva, que está fechada para comunicação. Esse
simples gesto revela se seu interlocutor está disposto a
escutar o que você tem a dizer. Imagine se você solicita a
opinião de um aluno e, na hora em que ele vai responder,
você simplesmente se encosta e cruza os braços. Situação
desagradável, não?
A posição das mãos: se você for uma pessoa agitada, que
gesticula bastante com as mãos durante uma conversa, não
tente mudar esse jeito dentro da sala de aula. Seja natural.
Caso você use bastante as mãos, procure empregá-las para
ressaltar os pontos mais importantes da matéria. Você pode
criar um gesto específico que avise seus alunos sobre a abor-
dagem de um tema importante.
Outra dica é procurar manter as mãos entre a cintura e os
ombros. Gestos com as mãos muito próximas ao rosto são
um perigo, pois além de você correr o risco de se bater, esses
movimentos distraem os alunos.
Como vimos, as mãos podem se tornar mais um recurso para
chamar a atenção dos estudantes. Acompanhe algumas orien-
tações de como usá-las durante suas aulas.
- Ao deixar sua mão aberta com a palma voltada para cima,
você transmite receptividade, doação.
-Ogestocontrário, deixandoaspalmasvoltadasparabaixo,
significa repulsa e rejeição.
- Se você quiser acalmar sua turma e pedir silêncioe coope- 39
ração, mantenha a mão aberta, com a palma voltada para
baixo e faça movimentos subindo e descendo.
- Ao deixar as mãos abertas, estendidas para frente e com as
PequenoManualdoProfessor
palmas voltadas para cima, mostra que você está solicitan-
do a colaboração dos alunos.
- Se você ficar girando uma mão sobre a outra, na frente do
corpo, você estará transmitindo a mensagem de que está
enroscado em algum conceito ou tema.
A posição da cabeça: ela deve guardar equilíbrio com o
restante do corpo. Quando inclinada constantemente para um
dos lados, excessivamente alta ou baixa, quebra a elegância
da postura.
A comunicação do semblante: o semblante talvez seja a
parte mais expressiva de todo o corpo. O queixo, a boca, as
faces, o nariz, os olhos, a sobrancelha e a testa trabalham
isoladamente, ou em conjunto, para demonstrar idéias e
sentimentos transmitidos pelas palavras ou mesmo sem a
existência delas.
O conhecimento de todo o jogo fisionômico, a certeza deestar
demonstrando no semblante exatamente o que deseja, dá a
quem fala confiança e convicção ao se apresentar. Confira
outros detalhes que fazem toda diferença na comunicação
não-verbal:
tra que você pode estar refletindo sobre um assunto ou tendo
alguma idéia.
b) Sorria – Um ato simples que pode fazer toda a diferença,
se vier acompanhado de um animado “Bom dia” ou “Boa tar-
de”. Nada mais acolhedor e estimulante para seus estudantes
que ter um professor motivado e que entra na sala com um
sorriso sincero no rosto. Esse gesto cria um ambiente favorá-
vel e agradável para o início de sua aula.
c) Olhos – “Os olhos são a janela da alma”, quem nunca
ouviu essa frase? Assim como os demais membros de nosso
corpo transmitem mensagens subliminares, os olhos tam-
bém possuem esse incrível dom de revelar os sentimentos
da pessoa. Por meio deles, podemos saber se os alunos estão
atentos ao conteúdo ou se já dispersaram a atenção.
O olhar serve como um termômetro, dando um retorno
imediato sobre o que suas palavras causam nos estudantes.
Assim, quando você desejar medir esse “nível de interesse”,
preste atenção se os alunos estão com os olhos vivos, abertos
e iluminados. Caso contrário, comece a pensar em mudar sua
estratégia de apresentação.
Use algum elemento surpresa para chamar a atenção ao con-
teúdo. Por isso, é importante que você assuma uma posição
na sala que permita a visualização de todos os estudantes,
para acompanhar as reações deles.
a) Boca – O movimento que fazemos com os lábios também
revela nossas emoções. Quando eles empurram levemente o
superior, podem expressar mágoa ou frustração. Ao deixar a
boca semi-aberta, você pode transmitir a seus alunos ansieda-
de, expectativa, apreensão. Morder o canto da boca demons-
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4
PequenoManualdoProfessor
Comunicação não-verbal dentro da
sala de aula
Espaço, a fronteira inicial. Para alguns professores, a sala de
aula limita-se a 2 metros à frente do quadro-negro. A partir
daí, é território dos alunos, conforme afirma um Tratado de
Tordesilhas imaginário auto-aplicado.
Outros, circulam pela sala, encostam-se na parede do fundo e
de lá dão suas aulas. Os alunos têm duas opções: ou permane-
cem voltados para o quadro-negro, só ouvindo o que o educa-
dor tem a dizer, ou torcem-se para visualizar o professor.
E há ainda aqueles que caminham entre as fileiras de alunos
como um militar em revista à tropa.
Todos esses são estilos que podem ser melhorados, conforme
a situação. Algumas dicas:
Crie âncoras visuais para seus alunos. Desde o primeiro dia
de aula, defina determinado canto da sala para assuntos
leves e piadas, outro para falar sobre a matéria, um para
interação direta com os alunos.
Você não precisa dizer nada para eles, apenas se movimen-
tar para aquele ponto da sala de aula toda vez que desejar
tomar uma ação específica. Assim, sempre que os alunos o
virem caminhando para a posição descontraída já começa-
rão a relaxar, e sempre que você for para o local da intera-
ção já começarão a imaginar algumas questões.
Caso você tenha pouco espaço disponível em sua sala de
aula, substitua esses “cantos” por gestos, como abrir os
braços de certa maneira seguido de um “Bom. Perguntas?”.
Com o passar do tempo, você não precisará falar mais
nada, basta o gesto.
De vez em quando, mude a disposição das carteiras ou
dos alunos. O simples fato de sentar em outro lugar já
muda toda a perspectiva do aluno em sua aula. Ele passa
a prestar atenção a novas coisas, vê a matéria de maneira
diferente. Isso também ajuda sua turma a se conhecer me-
lhor, ajudando a acabar com as panelinhas.
Circule pela sala de aula, com movimentos calmos e
tranqüilos. Cuidado para não ficar muito tempo parado ao
lado de um mesmo aluno. Geralmente, como os intervalos
entre as filas de carteiras são apertados, sua proximidade
física pode incomodar. Assim, ande entre duas fileiras um
dia, entre outras duas em outra ocasião, e assim por diante.
Pense na sala como um todo. Você dá aula tanto para
o pessoal da primeira fila como para a turma do fundão. 41
Faça contato visual com alunos que sentam em locais
diferentes. Na hora de mostrar algo, faça-o tanto à altura
de sua cabeça, para que o pessoal de trás veja, como um
PequenoManualdoProfessor
pouco abaixo da altura de seu peito, para o pessoal das
três primeiras carteiras.
Erros a seremevitados
Eis aqui algumas posturas que devem ser evitadas durante
suas aulas:
. Ficar parado em um ponto, apoiando-se de lado. A men-
sagem oculta que esse professor passa é “estou chateado
e preferia estar em outro lugar”. Solução: quando estiver
parado, mantenha seu peso uniformemente equilibrado e
os quadris nivelados.
. Encostado em uma estante ou parede. A mensagem é “es-
tou cansado demais para ficar em pé” ou “não quero nem
me incomodar em dar essa aula”. Solução: evite apoiar-se
ou o faça por períodos muito curtos.
. Sentado à mesa onde estão suas anotações. O que tal edu-
cador diz é: “Não preciso fazer nenhum esforço aqui, pois
sou mais importante do que vocês.” Solução: a não ser
em determinados momentos (como chamada e correção
de provas), fique em pé.
Saúde também conta
Além da postura que o ajuda a ensinar, existe aquela que evita
problemas no futuro. Seu corpo pode começar a reclamar
mais cedo do que imagina. Má-postura ao sentar ou caminhar
pode causar desde dores até invalidez após alguns anos.
Então, a primeira regra é não se permitir ficar muito tempo
em uma mesma posição. Se estiver mais de uma hora sentado,
levante-se. Se estiver há mais de uma hora parado, em pé,
ande um pouco. Acompanhe outras dicas.
Para evitar esses e demais problemas que podem afetar seu
desempenho, fique atento à sua postura e a seus movimentos
diários. Às vezes, pequenas correções fazem uma grande
.Quando estiver sentado, procure não ficar com os ombros
caídos. O encosto reto da cadeira ajuda a manter a coluna
ereta, evitando dores nas costas.
. Nunca suba escadas com a coluna inclinada para a frente.
Suba com a coluna ereta e o pé completamente apoiado no
chão.
. Para erguer qualquer objeto do chão, o correto é flexionar
os joelhos e manter a coluna ereta (o peso deve ficar o
mais próximo possível do tronco).
. Não durma de bruços. Prefira dormir de lado ou de barriga
para cima.
. Não carregue, em nenhuma hipótese, peso na cabeça. O
ideal é dividir o peso proporcionalmente para os dois
lados do corpo.
. Preste bastante atenção às condições do piso antes de
carregar qualquer peso para evitar tropeções, escorregões
e torções.
42
6
PequenoManualdoProfessor
diferença em sua qualidade de vida, o que reflete diretamente
em seu desempenho em sala de aula.
Trabalhe para que nenhum desses inconvenientes atrapalhem
seu objetivo de ser um professor nota 10. Existem exercícios
simples que podem corrigir sua postura, aquecer seu corpo
para as aulas e ainda ajudá-lo a relaxar depois de um dia can-
sativo de trabalho. Siga atentamente as orientações abaixo e
prepare-se fisicamente para se tornar um show de professor.
2° passo: em pé, flexione e estenda (de forma moderada) os
joelhos. É como se você estivesse dando pequenos chutes
no ar. Isso irá aquecer e lubrificar a articulação do joelho.
3° passo: ainda em pé, coloque as mãos na cintura e realize
movimentos circulares. Imagine que você está brincando
com um bambolê. Faça esse exercício cerca de 10 vezes
sendo 5 vezes no sentido horário e 5 vezes no sentido anti-
horário.
4° passo: com os joelhos semiflexionados, gire o seu troco
transversalmente 6 vezes. Esse movimento consiste em
girar seu corpo para esquerda e depois para direita, de modo
que você enxergue o que tem por trás de suas costas. Para
alinhar a coluna e seus ombros, você pode realizar esse
exercício segurando o cabo de uma vassoura.
5° passo: flexione levemente o joelho, estenda um dos bra-
ços próximo a cabeça e coloque o outro na cintura. Desça o
tronco lateralmente, com o braço esticado 5 vezes para
direita e outras 5 para a esquerda.
Aquecimento dos membros superiores:
6° passo: com os braços relaxados, gire-os para frente 5
43
vezes e para trás outras 5 vezes.
HORA DO EXERCÍCIO, PESSOAL!
Aquecimento para iniciar as aulas
É uma forma de começar as aulas com as articulações mais
soltas e adequadamente lubrificadas, evitando aqueles
estalos desagradáveis. Lembre-se de que uma boa base para
qualquer movimento consiste em manter os joelhos semifle-
xionados e o abdômen contraído.
Aquecimento dos membros inferiores:
1° passo: sentado em uma cadeira confortável, realize
movimentos circulares com os pés, aquecendo a articulação
do tornozelo. Faça esse exercício cerca de 10 vezes, sendo 5
movimentos no sentido horário e 5 no sentido anti-horário.
PequenoManualdoProfessor
7° passo: faça o mesmo com os ombros.
8° passo: flexione e estenda sucessivamente os cotovelos.
Repita essa prática cerca de 10 vezes.
9° passo: realize movimentos circulares com os punhos. 5
vezes no sentido horário e 5 vezes no sentido anti-horário.
10° passo: abra e feche as mãos de forma sucessiva, faça-o
10 vezes. Em seguida “sacuda-as” soltando bem as articula-
ções dos punhos e dedos.
11° passo: realize movimentos circulares (de forma suave)
com o pescoço – 5 vezes no sentido horário e 5 vezes no
sentido anti-horário.
Seguindo esses passos, você terá mais disposição para
entrar em sala de aula e realizar seus movimentos de forma
mais ampla e motivada.
Alongamento pararelaxamento
após as aulas
Para facilitar o trabalho do alongamento, e não esquecer
nenhum grupo muscular, é interessante começá-lo dos pés
para a cabeça ou vice-versa.
1° passo: escolha um lugar bem tranqüilo da sua casa,
não muito iluminado e pouco barulhento.
2° passo: sente no chão, cruze as pernas (posição de
índio), feche os olhos, mantenha a coluna reta e respire
profundamente 3 vezes.
3° passo: flexione uma das pernas e estenda a outra.
Desça devagar com o tronco (o quanto puder) até tocar
o pé da perna estendida. Fique nessa posição de 20 a 30
segundos. Repita o mesmo com a outra perna.
4° passo: deite no chão, flexione e abrace suas pernas,
deixando a região lombar relaxada e encostada no chão.
Segure nesta posição cerca de 30 segundos.
5° passo: ainda deitado e com as pernas flexionadas, gire
o tronco lateralmente de forma que os joelhos encostem
no chão, e volte sua cabeça para o lado oposto. Permaneça
nesta posição cerca de 30 segundos. Repita o movimento
trocando o lado.
6° passo: fique em pé com os joelhos levemente flexio-
nados, flexione o tronco para frente deixando os braços
relaxados e próximo aos pés. Fique nesta posição cerca de
15 segundos. Em seguida, suba seu tronco bem devagar,
de modo que sinta a sua coluna “desenrolar”.
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Pequeno manual do professor
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Pequeno manual do professor

  • 2. Ensino Fundamental Educação Infantil Educação Especial Coordenação Escolar Indisciplina na sala Escola de Formação Blog SOS Professor DICAS PARA UTILIZAÇÃO DESTA CARTILHA Conheça mais do SOS!Gratuito para você! ESTA CARTILHA ESTÁ SENDO DISTRIBUÍDA PARA TODOS OS PROFESSORES DO BLOG SOS PROFESSOR 1. Você pode distribuí-la para todos os Professores da sua Escola, via Email, Facebook, Twitter, etc. 2. Pode utilizar o conteúdo desta Cartilha nas Reuniões Pedagógicas visando orientar melhor e instrumentalizar todos os Professores. 3. Pode utilizar o conteúdo para rever as práticas da Sua Escola e implementar as melhorias nos processos pedagógicos e na preparação das suas aulas. O Instituto SOS Professor foi criado para auxiliar Professores e Escolas com as melhores práticas de Educação e Gestão Escolar por meio de Artigos, Materiais, Cursos e Programas. www.cursoseadonline.com.br/educacaoespecial www.sosprofessor.com.br/blog www.portaleducacao.sosprofessor.com.br/escola-de-formacao www.sosprofessor.com.br www.cursoseadonline.com.br/coordenadorpedagogico www.cursoseadonline.com.br/ensinofundamental www.cursoseadonline.com.br/educacaoinfantil www.facebook.com/sosprofessor www.youtube.com/SOSprofessorSOS www.instagram.com/sosprofessor
  • 3. A Apresentação Se pudéssemos classificar as qualidades humanas que nos permitiram vencer a guerra pela sobrevivência, em primeiro lugar estaria, logicamente, a capaci- dade de pensar, refletir. Ela nos permitiu desenvolver uma característicaúnica entre as espécies vivas: a adaptabilidade. Chegamos até aqui porque soubemos nos adaptar aos mais diferentes hábitats. Como Darwin afirmou: “Apenas os mais ágeis e aptos sobrevivem e vencem, não necessariamente os mais fortes.” E é essa maravilhosa chance de se adaptar que você, professor, deve agarrar com toda a sua força. Pare e analise sua carreira, pense há quanto tempo você não faz um curso de aprimoramento ou apenas adota uma nova forma de re- passar o conteúdo. Ficar parado no tempo, sem “evoluir”, traz grandes riscos para a sua carreira e seus alunos. Pois como eles estarão preparados para entrar no mercado de trabalho, se o seu mestre não está antenado às novidades e não pode instruí-los a como se comportar nesse mundo tão globalizado? Ao enfrentar o desafio de se tornar o mais ágil e apto de sua espécie, você dei- xará para trás velhos padrões e, conseqüentemente, se destacará em seu meio. Enfim, conseguirá se sobressair não apenas como educador, mas, sim, como um verdadeiro mestre nota 10. 2 PequenoManualdoProfessor
  • 5. PREPARANDO-SE PARA O SUCESSO Duas vizinhas, amigas de infância, mesma idade. Freqüenta- ram a mesma escola, tiveram os primeiros namoradinhos mais ou menos na mesma época, vestibular no mesmo ano, forma- ram-se professoras juntas. Após alguns anos, uma é a preferi- da dos alunos, ganha bem. A outra... é apenas mais uma. A diferença entre as duas pode ser justamente a diferença. Aquele algo a mais em suas aulas. Às vezes, é um jeito, uma postura, algo que não se aprende na faculdade. É uma aula diferente. É um pequeno espetáculo que se dá para os alunos, tornando a disciplina ainda mais interessante. Isso aumenta a participação em sala de aula e, no final das contas, eleva – e muito – as suas oportunidades de trabalho. No final das aulas, quem não gostaria de escutar os alunos comentando uns com os outros: “Nossa! Essa aula foi nota 10, você não acha?” Conseguir essa reação envolve uma série de fatores e muito planejamento de sua apresentação. Ao entrar em sala sua postura tem de ser persuasiva, criativa, motivadora e de liderança, características, essas, essenciais e que devem ser trabalhadas para se alcançar o sucesso profis- sional e de suas aulas. Portanto, assim como um prédio precisa ter alicerces sólidos para sustentar a construção, você deve desenvolver esses tra- ços, tornando seu perfil diversificado para conseguir compor a tão sonhada aula-espetáculo. E este material vem ajudá-lo nessa tarefa. A seguir, identificamos as qualidades necessá- rias para seu sucesso e damos diversas orientações de como cultivá-las. ATITUDE É TUDO! Que elementos sua aula precisa ter para ser considerada um verdadeiro espetáculo por seus alunos? E o mais importante, como você, professor, deve conduzir suas explicações para alcançar esse feito? Além de reunir novos elementos em suas aulas, você deve incorporar novas atitudes a sua profissão. O sucesso de suas ações dentro da sala de aula está diretamente ligado à maneira como você encara a profissão e seus alunos. Sem algumas atitudes específicas, a meta de tornar-se um professor inesque- cível, com aulas memoráveis, fica distante. A maioria dessas qualidades podem ser encontradas em gran- des comunicadores. Não seria fantástico levar toda a criati- vidade que Serginho Groisman implantou em seu programa 4 para sua classe? Ou fazer um superplanejamento de aula, assim como Marília Gabriela faz, antecipadamente, com suas entrevistas? PequenoManualdoProfessor
  • 6. Todos estes grandes profissionais de comunicação possuem características importantíssimas que o ajudarão, e muito, a se tornar um professor nota 10. Quem mais indicado para você se espelhar do que estes excelentes apresentadores? Faça como eles e transforme a sala de aula em seu palco – e brilhe! Entretanto, acompanhe alguns detalhes que você deve aprimorar antes de se tornar um superprofessor. CRIATIVIDADE CRIANDO É QUE SE APRENDE A criatividade, de acordo com o consultor em Desenvolvi- mento Humano e palestrante Rubens Queiroz de Almeida, diz respeito a criar coisas novas ou descobrir maneiras diferentes de fazer tarefas antigas. Reinventar. E é essa a grande ques- tão! O professor, assim como a borboleta, precisa deixar seu ca- sulo e se reinventar. Dar mais cor e movimento a suas aulas. Pode ser uma forma diferente de se vestir, um elemento novo na sala de aula ou, ainda, uma maneira diversificada de intera- gir com os alunos. Veja o exemplo do apresentador Serginho Groisman. Quando trabalhava para a TV Cultura, no programa Matéria Prima, ele inventou um novo formato em que a platéia participava ativamente das discussões. A inovação agradou tanto que ele logo foi convidado a integrar a equipe de profissionais do SBT e em 1999 foi chamado pela Globo. Você pode estar se perguntando: “O que eu tenho a ver com ele?” É simples. Assim como Groisman, o educador deve ter criatividade e bolar algo novo, que desperte a atenção de seu público (alunos), aumentando sua audiência. E esse jogo em busca de pontos no IBOPE não se limita apenas a televisão. Se não existir elementos que atraiam a atenção dos estudantes para sua aula, eles simplesmente “tro- carão de canal”. Cabe a você não deixar que isso aconteça. É seu dever evitar que eles dispersem e mudem o foco de interesse. As novelas têm uma lição a ensinar sobre isso. Caso os índices de retorno apresentem baixa resposta ocorre, de imediato, uma mudança na “casa”. Os responsáveis pela programação correm contra o tempo e tentam diminuir o prejuízo mudando o diretor da novela. Afinal, que outro tipo de atitude eles teriam? Mudar a audiência está fora de questão, então, a resposta é reinventar e mudar algumas peças do tabuleiro! Portanto, encare isso como um alerta. Se a turma começar a demonstrar um baixo desempenho, de quem você acha que o diretor irá cobrar uma posição? Do professor ou da classe? Já que sua “audiência” detém todo esse poder e está sedenta por novidades, adapte-se. Leve ousadia para a sala. Ousadia 5 PequenoManualdoProfessor
  • 7. ao experimentar uma linguagem diferenciada de ensino, ou- sadia ao buscar mais interação de seus estudantes durante as explicações, ousadia ao levantar assuntos polêmicos, estimu- lando a discussão e a criação de novas idéias. Porém, tenha a consciência de que o sucesso dessas ações não acontecem do dia para a noite e exigem que você, educador, abandone a zona de conforto. Imagine se Groisman tives- se mantido o formato de programa que os telespectadores estavam acostumados. Será que ele estaria gozando de todo o prestígio que possui hoje? O mesmo acontece com suas aulas. Sem criatividade, elas obedecerão ao velho protocolo escolar, ficarão na surdina, sem nenhum destaque ou algo especial que chame a atenção dos seus pupilos. Faça como o grande comunicador, não se conforme, mude esse quadro. Veja algumas dicas dos seus colegas de profissão que, de uma forma diferente, envolvem seus alunos com ótimas perfor- mances. Cantam, interpretam, recitam poesias e até usam adereços coloridos para chamar a atenção. Cada um, a seu estilo, está dando o máximo de si para se transformar no educador nota 10. Claro que não existe uma forma única do professor ser criativo. Acima de tudo, é preci- so preservar e respeitar o estilo e o perfil de cada um. Força da juventude O fato de a criatividade ser cada vez mais exigida no mercado já é um motivo mais do que suficiente para você desenvolver a sua, mas o professor tem uma razão a mais: alunos são o maior depósito de energia criativa que se conhece. Gilda Lück, professora do Colégio Dom Bosco de Curitiba, e mestre em Educação pelo Lesley College de Boston (EUA), conta que, certa vez, um aluno levou uma borboleta para uma aula de Matemática. A turma ficou entusiasmada com o inseto e logo todos depositaram sua atenção nele. A professora foi ríspida e falou para o aluno que deixasse a borboleta de lado, pois a aula era de Matemática e não de Biologia. Segundo a pedagoga, esse é um exemplo de professora que não utilizou a empolgação da turma a seu favor. Com um pouco de criatividade, ela poderia ter usado a borboleta como um instru- mento pedagógico e, assim, despertado o interesse da classe. Outro exemplo: os professores do Colégio Maxi, de Londrina (PR), mostraram que, para eles, criatividade não é problema e, sim, uma grande solução. Tiveram a brilhante idéia de usar latinhas de refrigerante para decorar o ginásio no qual acon- teceu a II Bienal Cultural, um evento promovido pela escola com a participação de seus alunos. O resultado foi duplamen- 6 te satisfatório, pois, além de conseguir um efeito fascinante, as latinhas foram doadas para uma instituição de caridade que as trocou por três novos computadores. PequenoManualdoProfessor
  • 8. Práticas Além de despertar seu poder de inovação, você também tem a responsabilidade de não deixar que esse sentimento dimi- nua em seus alunos. Gilda Lück afirma que no dia-a-dia da sala de aula o mais eficaz é propiciar um ambiente criativo. Algumas dicas: Adivinhação. Reserve cinco minutos da sua aula para um jogo de adivinhação. Além de resolver problemas de indisciplina, aquece a mente do aluno para a observação e criação. Relaxamento. Mentalizar por alguns minutos situações tranqüilas, como andar em um bosque, escutar o barulho do mar ou banhar-se em uma cachoeira, preparam o intelecto das pessoas para acriação. Atividades artísticas. Enriqueça sua aula com música, esculturas, dobraduras, formação de figuras de papel e de novas palavras através da composição de formas geomé- tricas. Jogo de log. Essa é uma técnica mais conhecida nos Esta- dos Unidos e Europa. Funciona assim: um pouco antes de terminar sua aula, peça para um aluno escrever tudo o que assimilou. Com isso, é possível observar as peculiaridades MOTIVAÇÃO NÃO DEIXE A VIDA TE LEVAR Quando falamos de ensino, um dos fatores mais importantes é a motivação de seus alunos. Ou seja, além de ensinar criativa- mente, é preciso que eles queiram aprender. Conseguir isso é uma tarefa que qualquer professor almeja. Hoje você se espanta com o fato de seus alunos decorarem o nome de mais de 150 personagens de video games japone- ses. Mas faça um teste: procure um colega mais experiente e pergunte sobre a escalação do Santos de 1962. Ele, provavel- mente, vai tê-la na ponta da língua. Agora, faça uma pergunta escolar que não tenha a ver com a matéria dele, por exemplo, se ele leciona Química, pergunte sobre Geografia.Mudam os personagens, mudam as modas entre os alunos, porém, dificilmente o interesse pelo estudo sai do final da fila das prioridades dos estudantes. Dificilmente, então, pode-se jogar toda a responsabilidade de estudantes desmotivados na força atual da mídia. Tampouco adianta transferir a culpa para o governo, a sociedade ou aos pais. de cada estudante, os diferentes modos de observação e de captação da mensagem. 07 10 PequenoManualdoProfessor
  • 9. Quando se fala em motivação de alunos, existem duas certe- zas básicas: você não motiva ninguém e grande parte de suas ações em sala de aula influenciam a motivação de seus alunos (para melhor ou pior). Essas afirmações podem parecer conflitantes, mas não são.A motivação é algo que depende da vontade de cada um. É um processo íntimo e individual. O que você pode fazer é criar o ambiente ideal para que seus pupilos se motivem. Se lembrarmos dos grandes comunicadores que teriam essa característica, com certeza, citaríamos como exemplo José Abelardo Barbosa de Medeiros, o Chacrinha. OVelho Guerreiro, com todo seu bom humor e alegria, conquistou um público fiel, e até hoje é lembrado por seu carisma. Claro que, além do profissionalismo, era inegável que o apresen- tador desempenhava sua função com prazer. Sua motivação em fazer o trabalho contagiava todos à sua volta, inclusive os espectadores. E é exatamente isso que você, professor, deve fazer se quiser motivar sua turma. Quem não gostaria de, assim como Cha- crinha, ser lembrado por muitos e muitos anos? Essa postura diferenciada se transforma em um ingrediente a mais. Aproxime e encante seus alunos que são nadamais, nada menos, que seu público. Um público que está sentado ali a sua frente, esperando ser surpreendido e aprender o conteúdo de uma maneira não convencional. Todos gostam de uma boa surpresa, de uma aula animada, com um professor motivado e que incentiva seus estudantes. Vale tudo nessa hora! Chacrinha começou uma brincadeira de jogar bacalhau nas pessoas. Sua intenção: divertir e chamar a atenção da audiência. Claro que você não irá jogar comida nos estudantes, mas a idéia é brincar, inovar e deixar seus alunos curiosos, com vontade de ir para as aulas e descobrir a surpresa que você preparou. Segundo a professora e escritora norte-americana Barbara McCombs, “os alunos sentem e reagem a todos os aspectos de um professor: quem são, como falam, o quão confortáveis eles se sentem em sala de aula”. Ou seja, quanto mais estímu- los positivos os estudantes encontrarem, melhor se identifica- rão com você e com a matéria. Você quer mais motivos para começar a adaptar sua postura e sua forma de se comunicar com a classe? E lembre-se de uma grande dica que o Velho Guerreiro nos deixou: “Quem não se comunica, se trumbica!” O que motiva seu aluno? A motivação de um aluno passa naturalmente pelo desejo dele 08 em aprender o que está sendo mostrado. E aí está a chave para a solução do problema. Por trás do desejo – ou da falta dele – de aprender algo estão vários motivos, experiências pas- PequenoManualdoProfessor
  • 10. sadas e expectativas futuras. E, mesmo que você tenha dois estudantes com exatamente o mesmo grau de concentração, a razão para eles prestarem atenção varia. Alguns são internamente motivados. Gostam de estudar por- que sabem que é para seu bem e gostam da sensação que as descobertas produzem. Para outros, a recompensa é externa. Eles estudam para obter alguma coisa, uma recompensa, ou para evitar algo de ruim. Essa motivação vem de várias fontes. A criança vaiconstruin- do-a durante toda sua vida, observando e escutando outras pessoas (especialmente pais e professores). Os pais da criança devem saber lidar com a curiosidade natural dos filhos, res- pondendo as perguntas (mesmo as mais embaraçosas, engra- çadas ou impróprias), encorajando as explorações e, de um modo geral, tentando mostrar-lhes mais do mundo. Uma criança criada dessa forma receberá a mensagem de que aprender é divertido – e dificilmente trará problemas para você. Outras podem crescer em um ambiente que favorece a autonomia, competência e o respeito próprio, aceitando melhor os desafios inerentes da escola. O que você pode fazer? Se você não pode fazer nada quanto à bagagem que seus alunos trazem, você pode fazer muito a partir do momento em que eles entram na sua sala pela primeira vez. Sua atitude, seus procedimentos e suas metas são o que mais conta. Mesmo assim, você não vai conseguir motivá-los. Ninguém pode motivar outra pessoa. O máximo que alguém pode fazer é criar um ambiente propício para que os alunos automotivem-se. Eles aprenderão o que você espera que eles aprendam. E você pode mostrar o que espera deles de várias maneiras. Práticas agradável, acolhedor, parecido o mais próximo possível da sua própria casa. Como se consegue isso? Uma mão de tinta faz milagres. Sério! Móveis adequados e sem sujeira, ambien- te claro e bem iluminado, essas são condições mínimas de trabalho. Algumas escolas podem não lhe oferecer isso, mas ainda assim você pode fazer algo: - Mantenha o chão da sala sempre limpo. - Procure ter duas lixeiras, uma em cada canto da sala. Ra- zão: a lei do menor esforço. Seus alunos terão uma escolha do menor caminho para apontar lápis, jogar papéis fora, etc. E não o farão embaixo das carteiras. - Procure certificar-se de que o quadro-negro (ou verde) esteja limpo quando os alunos entrarem na sala. - Trate todos com respeito. Eles devolverão o tratamento. Sala de aula 1 Os alunos devem ver a sala de aula como um ambiente 09 PequenoManualdoProfessor
  • 11. 2 3 Lição de casa Bom, você não pode evitar. Eles também não. Então, o melhor é chegar a um acordo sobre provas, pesquisas e exercícios de casa: - Logo no começo do ano, coloque as regras na mesa. Diga como você vai trabalhar e respeite o que você disse. Procure manter um padrão. Um professor que passa um ou dois exercícios para casa todo dia tende a ser mais respeitado do que um que, às vezes, passa cinco, às vezes, não passa nada. Os seres humanos, em geral, só gostam de suspense no cinema. - Além disso, seus alunos também têm outros compromis- sos. Se eles souberem que todo dia devem esperar um pequeno volume de tarefas de você, se souberem que a cada dois meses terão de entregar um trabalho, eles po- derão ajustar suas agendas fazendo o que se espera deles, e estudar de maneira mais sistematizada. Assim, você demonstra um grande respeito por seus estudantes. ensinando a algo que eles vêem todo dia na rua ou que possam usar. - Resultado imediato. Procure fazer pequenos testes que valham um ponto para a prova do mês. Corrija-os rapi- damente e dê os resultados. Assim, seus alunos vêem, na hora, o quanto o esforço deles significou e o que precisa ser mudado para a prova principal. Papo-cabeça Por que seus alunos devem estudar? Lá pelo 7ª, 8ª ano, uma resposta já começa a se formar na cabeça de alguns: “Para passar no vestibular.” Essa idéia é até estimulada por algumas escolas, que anunciam – com orgulho – que um de seus alunos do 9º ano passou no vestibular da PUC de São João do Fim do Mundo. Só que essa é uma meta muito distante, e que apavora mais do que estimula (“Será que eu vou passar?”). E, se não for o vestibular, será a próxima série. Procure mudar o focodeles: - Varie o nível de dificuldade. Há sempre aqueles que demoram um pouco mais para entender o assunto. Um exercício ou pergunta mais fácil não prejudica os mais adiantados e permite que os outros cheguem ao mesmo nível. - Contextualize. Sempre que possível, ligue o que você está - Faça com que se concentrem no que estão fazendo. No aprendizado. O medo de reprovar desvia a atenção, parali- sa seus alunos. - Faça com que eles voltem a se interessar pelo que é 10 aprendido. E uma forma segura de fazer isso é através do humor. A História, por exemplo, está cheia de passagens PequenoManualdoProfessor
  • 12. 4 engraçadas, as quais podem ser usadas em outras maté- rias. Quer coisa melhor para fixar as conversões de pesos e medidas do que contar a história do surgimento da escala Fahrenheit? - Ensiná-los a estudar. Técnicas de memorização, horários rígidos, alimentação, como destacar os pontos importan- tes, prestar atenção na aula. Tudo isso faz uma diferença enorme à medida que eles vejam que falharam em um teste não por incompetência, mas porque não estavam fazendo a coisa certa. - Fazer com que entendam que tudo é um investimento. Ficar pensando em passar de ano, em fazer o vestibular, é perda de tempo. Eles devem pensar no que são bons, no que gostam, e se esforçar para tirar da escola o máximo possível. Só assim poderão realizar todas as suas possibi- lidades. Controle Deixe que eles assumam o controle da própria aprendi- zagem. Ou seja, abuse das perguntas e consultas à sua turma, deixando que eles escolham e opinem sobre assuntos como datas de prova, visitas, formação de equipes de trabalho, entre outras. Quanto mais sentirem que a voz deles, e a opi- nião, é ouvida, mais eles se interessarão pelo estudo. PERSUASÃO O PODER DOCONVENCIMENTO O que você entende por persuasão? Segundo o dicionário Au- rélio, o ato de persuadir compreende “levar a crer ou aceitar”. É um processo sutil, no qual vários fatores como aspectos culturais, credibilidade do interlocutor, gestos e linguagem empregada, influenciam a outra parte. Dominando suas regras e sabendo empregá-las de maneira eficiente, a persuasão se transforma em uma característica imprescindível para que você transforme sua aula em algo fantástico e sua sala em um palco iluminado. E falando em brilho, nada mais justo do que pegarmos como referência para essa qualidade o versátil Arnaldo Jabor. Ele esteve ligado a esse mundo do show, do espetáculo, antes de entrar para o jornalismo. Foi técnico de som, crítico de teatro, escreveu roteiros e dirigiu filmes. Em 1991, deixou os palcos para investir em sua carreira de comunicador. Essa vivência que o ambiente teatral e cinematográfico pro- porcionou a Jabor contribuiu diretamente para a formação de uma de suas características marcantes, tanto na TV quanto em seus artigos: ele não se limita apenas a passar o recado, ele incorpora o texto, coloca emoção em suas palavras e faz dos 11 4 PequenoManualdoProfessor
  • 13. assuntos geralmente complicados, temas interessantes e claros num piscar de olhos. Ao vê-lo “em cena”, percebemos o quanto suas atitudes e seu discurso são persuasivos, chamam a atenção do público e cativam os telespectadores e leitores a buscarem mais infor- mações sobre o assunto tratado. Jabor também consegue unir durante suas explicações argu- mentos convincentes, uma dose de entusiasmo e conhecimen- to de causa. Com todos esses recursos, fica quase impossível não ser persuasivo. E você, professor, não gostaria de incorporar essa caracte- rística? Persuadir seus estudantes a participarem mais das aulas ou ainda absorverem o conteúdo necessário para sua formação pedagógica? Para isso, você deve ter paciência e persistência, pois sem isso fica difícil construir um discurso que desperte confiança e guie seus estudantes. Afinal, não foi do dia para a noite que o jornalista acumulou conhecimento e conseguiu desenvolver um jeito todo especial e único de se comunicar. Foram necessários muitos estudos, pesquisa e análise para chegar aos padrões que presenciamos hoje. Outro fator que contribui para o sucesso de seu discurso é que o jornalista sabe muito bem para quem está falando. Ele adapta a linguagem, traduz termos complicados e deixa a ex- plicação clara e objetiva. E esse é um dos grandes segredos da persuasão. Descobrir as características, necessidades e o perfil do público, que no seu caso são os estudantes. Então, como você vai persuadi-los sem entender o que lhes chama a atenção ou o que consideram importante para suas vidas? Sem esse feedback é complicado adaptar sua mensa- gem e também sua postura para obter bons resultados. Práticas 12 - Abra seus ouvidos. Escute o que seus estudantes têm a di- zer, descubra suas expectativas em relação ao seu trabalho e o que eles gostariam de ver em suas aulas. - Faça das metáforas e exemplos práticos grandes aliados no momento de ensinar termos difíceis. Por exemplo, para explicar sobre o tabagismo para aquela turma de adolescen- tes que acha que fumar é o máximo, use uma experiência prática para demonstrar os efeitos negativos que essa droga causa ao corpo humano. Será muito mais impactante do que você ficar de pé, parado, divagando sobre consequências. - Induza seus alunos a participarem mais das aulas, fazen- do-os complementar suas idéias durante a exposição do assunto. - Para persuadi-los a obedecerem suas ordens, nada melhor do que uma boa conversa em um tom baixo de comando e olho no olho. PequenoManualdoProfessor
  • 14. e usa todas essas informações para planejar e conduzir bem uma entrevista, você deve passar por todas essas etapas quan- do estiver preparando suas argumentações para saber quando usar os recursos disponíveis. PLANEJAMENTO PENSE PRIMEIRO, AJA DEPOIS Para dar aquela tão sonhada aula-show o professor nota 10 tem de assumir diversos papéis. Além de ser um bom apre- sentador, comunicador e persuasivo, é preciso – muitas vezes – assumir a posição de um jornalista. Isso mesmo! Uma das características desses profissionais, como Marília Gabriela, é levantar o máximo de dados pos- síveis antes de suas entrevistas. Esse processo de pesquisar, organizar e planejar o andamento da aula também deve fazer parte de sua rotina. Assim como a jornalista vasculha a vida de seus entrevistados Lembre-se de que não adianta nada chegar na frente de seus alunos e promover um verdadeiro “fuzuê”, colocar músi- ca, passar filmes, se você não traçou um plano de aula que definisse um fim para essas atividades. Pense como seriaum desastre se Marília Gabriela não “estudasse” seu interlocutor e ficasse fazendo perguntas superficiais, usando dos efeitos especiais que a televisão oferece só para encher lingüiça? Você concorda que, além de perder a audiência, ela perderia credibilidade. Por isso a importância de planejar, pensar o que será feito e exposto durante aquele momento. Para o professor funciona exatamente igual. Todos desejam uma aula-show, perfeita, mas não basta sonhar com ela. É pre- ciso planejá-la para que ela vire uma realidade aproveitável para os estudantes. O professor Jorge Luiz Malkomes Muniz divide a preocupa- ção com o planejamento sem conhecimento da turma em dois níveis. Primeiro, afirma que deve ser feito um planejamento geral: analisar todo o material empregado em suas aulas, fatos próximos à realidade do aluno e reconhecimento da comu- nidade na qual a escola se insere. A partir desse diagnóstico, segue o próximo passo, no qual monta-se o conteúdo que se deseja aplicar, sempre muito prático e voltado à realidade que 13 6 - Quando a turma estiver muito alvoroçada, com conversas paralelas, use a técnica do silêncio. Fique na frente da turma de cara amarrada sem falar nada, ou desenvolva um grito de guerra peculiar. Por exemplo: “Paz e amor, silên- cio por favor.” - Se você quiser convencer os estudantes a fazer um trabalho específico e eles responderem que não sabem o que fazer, responda: “Vocês não sabem ainda, mas vão aprender” ou desafie-os dizendo algo como “Mostre-me que vocês são capazes de fazer essa tarefa”. PequenoManualdoProfessor
  • 15. cerca o estudante. “Muitas novidades, atualidades, para que o aluno sinta-se constantemente interessado em comparecer às aulas”, completa. A professora Maria José Zoppi Campane é outra defensora da utilização das vivências do cotidiano local. Ela também alerta que é preciso dar especial atenção à administração do tempo, pois o educador lida com diferentes tipos de estudantes. “É preciso planejar uma atividade para diagnosticar qual conteú- do deve ser trabalhado com os possíveis alunos que vierem de outra instituição”, destaca, “e acrescentar atividades praze- rosas, buscando o equilíbrio e o envolvimento do meu aluno com a minha disciplina”. Enfim, planejar é essencial para o sucesso de suas aulas. Ao pular esse passo, você estará correndo grandes riscos de jogar por água abaixo sua credibilidade e confiança, conquistadas Práticas LIDERANÇA EM BUSCA DE TALENTOS Onde estão os líderes? Aquelas pessoas que fazem a diferen- ça em suas escolas e comunidades, que vão além do que se espera deles, que unem duas qualidades importantíssimas: competência (suas habilidades e experiências) e autenticidade (sua identidade, atitude e características)? Muito se fala sobre liderança. São dezenas de livros, dicas e 14 orientações que prometem transformá-lo, de repente, em uma pessoa supercarismática, capaz de liderar um espetáculo de aula que prenda a atenção dos alunos e os incentive a parti- nova. Você pode dar parte da aula para seu cônjuge e pedir a opinião dele. Na maioria das vezes, esse treinamento vai ser interrompido por brincadeiras e gargalhadas, mas tentem de novo – vocês acabam acertando. - Ao final, você não terá um espetáculo complemente fe- chado, pronto. Uma aula está sempre aberta a melhorias e ajustes, até porque cada classe é única. Anote a experiência que impressionou mais os seus alunos, que foi um sucesso em participação, para usá-la como inspiração no futuro. Assinale também os pontos que não funcionaram muito bem para poder reestruturá-los nas próximas práticas. Seja flexível. - Antes de tudo, separe o conteúdo e o material que você vai precisar na aula imaginada. Como você terá tempo, pode pesquisar materiais mais baratos e simples sem prejudicar o resultado final. Só é proibido descuidar do conteúdo. - Faça uma simulação de sua aula. Controle o tempo neces- sário para expor o assunto ou para explicar uma atividade PequenoManualdoProfessor
  • 16. cipar das atividades. Porém, desenvolver essa característica leva tempo e não é tão simples quanto parece, principalmente em sala de aula. Diversas experiências acumuladas durante nossas vidas contribuem para a construção de um grande líder. Jô Soares é um belo exemplo. O apresentador já fez de tudo um pouco. Durante os anos 60, esteve envolvido com artistas plásticos de um movimento classificado Underground e atualmente se di- vide entre vários “papéis”: escritor, humorista e apresentador. Enfim, podemos considerar Jô uma pessoa eclética, que lidou com várias situações durante sua vida profissional. Toda essa experiência e vivência fazem a diferença na hora de comandar seu programa e sua equipe. Ele sabe que em seu meio, está lidando com outros profissionais, os quais possuem personali- dades distintas e que devem ser tratados de maneira única. Encontramos esse mesmo dilema dentro da sala de aula. O educador precisa liderar uma equipe que é formada por cidadãos diferentes e que possuem pontos de vista singulares. Assim como o Jô não pode chegar nos estúdios e exigir um desempenho perfeito e padronizado de seus colaboradores, você, professor, também deve estar preparado para lidar com os altos e baixos de seus alunos. É por isso que exercer esse papel de liderança vai além de discursos, como: “Se você se esforçar mais, vai conseguir passar.” Geralmente, você está lidando com estudantesque estão, no mínimo, muito nervosos, com toda a energia típica de sua idade e ainda, estão acostumados a toda interatividade que a tecnologia oferece. Alunos que não poderão se esforçar mais a não ser que você se dedique a entendê-los melhor e, em certos casos, mudar seus “hábitos de pensamento”. Liderar, então, não é e nunca foi trabalhar apenas com números. Tampouco se resume em entrar em uma sala cheia de gente e gritar “vamos lá, pessoal!” entre outras frases motivadoras. Liderar é ser capaz de extrair o melhor de cada aluno. Fazer com que cada um, com sua habilidade específi- ca, contribua com a aula. É despertar os interesses e guiar os estudantes a descobrir seus talentos. No meio desse processo, com certeza, crises e tensões surgirão. Contudo, como todo bom líder, você não deve se abater, mas, sim, encarar a situa- ção como um desafio a ser vencido. O que vemos, de segunda a sexta à noite, no programa do Jô, ilustra bem o conceito anterior. O apresentador diverte, informa e entretém o público, porém, isso só acontece porque ele sabe como orientar e estimular os profissionais que estão à sua volta a participarem do show. Ele consegue que cada um, com todo seu talento, contribua para o espetáculo. Portanto, professor nota 10, faça dos 40 minutos de aula um momento de descontração e aprendizagem. Exerça seu poder de liderança para despertar o potencial de cada estudante, fazendo deles os coadjuvantes de sua aula-show. 15 PequenoManualdoProfessor
  • 17. O inesperado, por si só, é um fator fundamental para de- senvolver a liderança: “As organizações vencedoras serão aquelas cujos líderes consigam reagir facilmente a qualquer situação à sua volta”, afirma. Porém, você pode desenvolver a sua liderança em sala de aula e com seus colegas. Acompanhe: 1.Reflita – Reflexão é a arte de escutar a sua voz interior para sacadas sobre uma determinada questão e acessar uma inteligência que vai além da lógica, dos conhecimentos pessoais e experiências. Trabalhe para serlíder Os grandes líderes trabalham em quatro áreas diferentes: visão, realidade, ética e coragem. Sem uma delas, qualquer plano de trabalho ou técnica de modificação vai por água abaixo. Uma não funciona sem a outra. Veja: Visão – É a arte de pensar grande, criar coisas novas, de antecipar o que vai acontecer. E, mais importante, um líder visionário sabe reconhecer o potencial criativo de sua equipe. Realidade – Conseguir ver o mundo como ele é e não como nós gostaríamos que ele fosse. Lida com parâme- Para desenvolver esses líderes completos, vale tudo. Por exemplo, o professor Robert Lengel, da Universidade do Texas (Estados Unidos), criou – e está tendo muito suces- so – o curso Jornada para a Liderança. Ao entrar na salade aula, você pode encontrar alunos discutindo livros. Livros de ficção mesmo, romances, policiais, e não deAdministração de Empresas ou Pedagogia, como era de se esperar. Talvezaté tendo uma lição básica de Aikidô, a arte marcial que ensina a usar a força do seu oponente contra ele. Ou ainda encontrar os estudantes ouvindo uma palestra de um pianista clássico. Segundo o professor Lengel, todas essas aulas não convencio- nais mudam a maneira pela qual os estudantes vêem o mundo. tros do dia-a-dia, fatos e números. Ela não tem ilusões, vê limites e tem pouca paciência para especulações. Ética – Como você lida com os valores humanos básicos de amor, integridade e sentido. Essa dimensão da lideran- ça é única no sentido de que não pode ser manejada com técnicas de motivação (prazer ou medo). É tudo uma ques- tão de princípios individuais, os quais devem ser usados em benefício do grupo. Coragem – É a vontade de colocar a máquina para rodar, de fazer acontecer. O desafio de liderança é fazer com que todas essas caracterís- ticas coexistam em você ao mesmo tempo. E o mais impor- 16 tante, fazer dessas qualidades, grandes aliadas para transfor- mar suas aulas em momentos mágicos e de um aprendizado divertido e eficaz. PequenoManualdoProfessor Práticas
  • 18. Escrever um diário com suas opiniões a respeito de seu trabalho e de suas qualidades e defeitos é muito útil no desenvolvimento de sua liderança, pois um líder que sabe refletir faz com que seus alunos realmente escutem o que estão dizendo. Frases simples, como “Desenvolva sua idéia”, “Pode explicar melhor esse aspecto de seu pensamento?” e outras expressões similares, também fazem com que seus alunos acabem aprendendo por si próprios. Um bom líder sabe escutar, mais do que falar. 2. Explore – Ajude os outros a se aventurarem pelo des- conhecido. Você já faz isso todos os dias com seus alunos. Defina uma meta com a qual os seus estudantes possam trabalhar. Muitas vezes, vocês estarão pisando em terreno totalmente inexplorado. E isso pode ser feito, por exemplo, com uma maneira nova de ensinar através de passeios e visitas. Nes- sas horas, é papel do líder ser uma bússola para os outros integrantes do time, que são seus alunos. Ele deve apontar a direção correta quando o pessoal começar a se desviar do trajeto (e sempre vão haver desvios nessas condições). O líder também deve ter a consciência e a coragem de dizer “não sei” quando não tiver a resposta. Isso ensinará a seus pupilos a desenvolverem por si só suas idéias. 17 17 0 3. Entenda – Estabeleça contatos mais humanos entre seus estudantes. Porém, isso é algo difícil de ser consegui- do, a princípio. Por exemplo, dependendo do aluno, seus trabalhos e redações sempre são olhados com suspeita. De vez em quando, olhe a questão através do ponto de vista de seus estudantes e procure entender suas razões. Eles irão se sentir mais respeitados e valorizados por você. Um dos principais atributos da liderança é a capacidade de lidar com diferentes opiniões e visões que, a princípio, parecem excludentes: “Como posso me dedicar integralmente a meu trabalho e a minha família?”, “Eu sou uma diretora ou uma amiga?”. Converse, estabeleça valores, discuta o que é mais importante a cada momento de seu dia. PequenoManualdoProfessor
  • 20. QUEM QUER, CORREATRÁS Imagine a seguinte situação: começo do ano, volta às aulas, os professores são convidados a participarem da famosa semana pedagógica. Ao se deparar com todos os educadores novamente reunidos, o gestor decide abrir o encontro com um questionamento. — Quem aqui gostaria de ser um professor nota 10? A maioria, como é de se esperar, levanta a mão. Então,o administrador continua: — Interessante. Mas o que vocês consideram um professor nota 10? O mestre em Matemática, sentado lá no canto da sala, respon- de: — Para ser nota 10, o educador precisa ter carisma. Nisso, a orientadora educacional emenda: — Preparo também é importante. – E um grupinho do meio opina: — Sem persuasão e criatividade o negócio não funciona. Após uma série de argumentações, o gestor interrompe nova- mente e finaliza: — Muito bem, todos estão certos. Na verdade, esse profes- sor nota 10 é a reunião dessa série de qualidades. Mas para alcançar esse objetivo, é importante dar o primeiro passo. Ou seja, reconhecer a necessidade de desenvolver as carac- terísticas citadas. Essa historinha ilustra bem o que acontece dentro de muitas instituições no começo do ano, durante as semanas de treina- mento com os professores. A vontade de se aprimorar profis- sionalmente existe, porém, em certos casos, esse plano vai sendo preterido quando começa a correria do dia-a-dia. Tanto professores como gestores alegam que as variadas ati- vidades que exercem na escola tomam tanto tempo que acaba não sobrando um espaço na agenda para fazer o tal aprimora- mento. O problema é que esse discurso, muitas vezes, esconde o receio que educadores e administradores têm em assumir uma nova postura. Uma posição mais ousada, que exija deles o abandono da zona de conforto que vinham trabalhando até então. 19 Se realmente essa vontade de se tornar um mestre exemplar existir, os professores deverão trabalhar com mais afinco as qualidades e atitudes vistas no capítulo anterior (criatividade, PequenoManualdoProfessor
  • 21. motivação, persuasão, planejamento e liderança) e, juntamen- te com elas, cultivar alguns gestos que fazem toda a diferença, como: - Possuir uma atitude naturalmente positiva e animada. - Saber pensar e decidir. - Saber ouvir, e não apenas falar. - Aceitar críticas. - Estar sempre aprendendo e se atualizando. - Possuir boa aparência profissional. O conjunto dessas ações, aliadas a paixão por ensinar, com certeza resultará em um desempenho acima da média. Ao demonstrar o afinco e apreço por sua profissão, você automa- ticamente contagia todos a sua volta e estimula os estudantes a participarem e se envolverem com o assunto ensinado. EM BUSCA DO SUCESSO Como vimos até aqui, entrar para o hall de professores que fi- cam eternizados na memória dos alunos exige muito esforço e dedicação. O tão almejado sucesso profissional vem atreladoa uma mudança de postura que, muitas vezes, provoca questio- namentos internos e demanda um planejamento a longo prazo de realizações profissionais e pessoais. Ao se conhecer melhor, saber realmente quais são seus ob- jetivos, fica mais fácil para o professor estabelecer o cami- nho que deve seguir para a realização dessas metas, e ainda identificar quais pontos precisam ser ajustados ou aperfeiço- ados. Fique atento às dicas que reunimos para você ascender profissionalmente. Arrumando a casa Antes de querer mudar tudo em sua carreira, é necessário mu- dar por dentro. Altere sua maneira de ver o mundo, colégio, alunos. Desenvolva: 20 4 mesmo. Tomar consciência de que ele não trabalha para uma empresa ou outra pessoa. Trabalha para si mesmo, sua própria satisfação pessoal e profissional. E desenvol- ver uma liderança pessoal requer: Auto-análise: concentre-se no que você é bom, nas áreas em que você pode se destacar. Uma pós-graduação, mestrado, qualquer um pode ter. Mas existem determina- das habilidades e, principalmente, a maneira como você transforma essas habilidades em ação que são únicas. Descubra o horário do dia no qual você rende mais, a sua maneira preferida de trabalhar. Liderança – Antes de liderar os outros, um profes- 1 sor de sucesso deve concentrar-se em liderar a si PequenoManualdoProfessor
  • 22. A instituição deensino Nove entre dez escolas se definem como “uma grande família”. A analogia não poderia ser mais correta. Em ambos os casos, você é obrigado a conviver com a pessoa fofoqueira, com aque- le sujeito que só aparece duas vezes por ano e, mesmo assim, para pedir dinheiro, com aquele neto do patriarca que parece 21 poder tudo, entre outras pessoas. Em ambos os casos também existem pessoas que se destacam. Que são um sucesso em suas relações profissionais e familiares.Acompanhe: aprimorar. O professor de sucesso sabe que a carreira per- tence a ele. Então, não espere que cursos sejam ofereci- dos. Busque livros, palestras, aperfeiçoamento. E falta de dinheiro não é desculpa. Muitas dessas ações não reque- rem que você invista um tostão. Você pode, por exemplo, conversar com pessoas de outras empresas e setores da economia, todos têm algo a ensinar. Bibliotecas e sites também fornecem muito conteúdo. É só procurar. Curiosidade – Alguém curioso está sempre atrás 2 das respostas. Está sempre disposto a aprender e a se dos quadrinhos: toca o despertador e a primeira coisa que falam é “odeio segundas-feiras”. Se esta é sua atitude, cuidado. Alguma coisa definitivamente está errada emseu trabalho. Um professor de sucesso, antes de tudo, tem um orgulho saudável de seu trabalho. Abaixo a Síndrome de Garfield – Muitos profis- 4 sionais imitam, semana após semana, o gato laranja todos os males da vida profissional. Tampouco é apeça- chave que impulsiona carreiras para frente. É, sim, mais uma ferramenta que você deve desenvolver. Leia muito, aprenda outra Língua, vá até a padaria por um caminho diferente. Tudo isso ajuda. Criatividade – Correndo o risco de decepcionar 3 algumas pessoas, criatividade não é a panacéia para Objetivos claros: todo mundo quer chegar lá. Mas você já parou para analisar, friamente, onde é esse “lá”? Saiba o que você quer, e o que é necessário para alcançar esse objetivo. É como ter um mapa e uma bússola. Sem eles, sua carreira fica à deriva. Tempo é só o começo: os grandes professores sabem que administrar o tempo é só o começo da estrada. É neces- sário planejar sua carreira. Pense no que você gostaria que constasse em seu currículo, o que é importante para a empresa nos próximos seis meses. PequenoManualdoProfessor
  • 23. 5 Comece pelo começo – Em qualquer atividade, nada é mais importante que a primeira impressão. Certo, você já causou uma primeira impressão em seus colegas e chefes, e não tem uma segunda chance. Mas cada tarefa que você desenvolve também causa uma primeira impres- são. Portanto, mostre iniciativa, dê o primeiro passo. Ouse fazer, assumir as tarefas espinhosas da sua instituição. Algumas dicas: - Só assuma uma tarefa nova se estiver desempenhando suas funções atuais bem. Isso aumenta a confiança da diretoria e dos colegas em você. - Nada pelo social. Organizar a pelada do fim de semana, as vaquinhas dos aniversários ou o chá de bebê da sua chefe podem ser atividades divertidas, mas não trazem nenhuma recompensa para sua carreira. Ao contrário, ocupam tempo e espaço de sua mente que poderiam ser dedicados a desen- volver algo que faça sua empresa ganhar dinheiro. - O que importa para a escola. Vale tanto para grandes instituições como para pequenas: elas, freqüentemente, esquecem o motivo pelo qual abrem as portas todas as ma- nhãs. A burocracia interna e o “status-quo” tornam-se mais importantes do que atender bem os alunos, desenvolver um serviço de qualidade. Aprenda a distinguir o que é impor- tante e o que leva a empresa para frente. 22 ponto de vista, uma vez que a opinião de todas as outras pessoas está, por definição, errada. Um educador de sucesso vê a situação com diversos olhos. Ele imagina o que colegas, alunos e pais acham e esperam de uma ação. Assim, ele enxerga muito mais do que uma Amplie sua visão – Os professores sem futuro so- 7 frem da visão de túnel. Vêem o mundo apenas por seu 6 ensino e parcerias não aparece nos jornais e na televi- Network – A grande maioria das oportunidadesde são. Acontecem dentro de uma rede de conhecidos. Pessoas que se conhecem e se ajudam mutuamente. Se você ainda não desenvolveu sua rede de contatos, comece agora: - Mostre-se. Ofereça-se para dar palestras, freqüente clubes e reuniões diversas com o objetivo de firmar seu nome como o de um especialista em determinada área. - Descubra quais áreas você não domina e precisa conhecer. Então, procure um especialista. Relacione-se com essa pessoa. - Lembre-se de que uma rede é uma eterna troca: se você quer que as pessoas ofereçam algo para você, ofereça algo de valor antes. PequenoManualdoProfessor
  • 24. PROFESSOR-VENDEDOR Ao escolher trilhar o caminho de um professor nota 10, você perceberá quantas técnicas e orientações estão disponíveis para a realização de seu objetivo. Uma delas é espelhar-se na rotina e hábitos de outros profissionais e extrair dicas para serem adaptadas para sua sala de aula. 23 Comece a prestar atenção nas pessoas que você convive. Por exemplo, você já parou para pensar como é o dia-a-dia de um vendedor? Antes de comercializar seu produto ou serviço, ele só aconteceria em um mundo totalmente cartesiano, onde máquinas tomassem decisões. Basta aplicar uma fórmula e prova-se matematicamente que o professor Darmo deve ser promovido a coordenador e a Dona Suzana merece um aumento de 13,57%. Racional e emocional – Chegue cedo, trabalhe duro 9 e você vai ser promovido/receber um aumento. Isso que as ocupam, e não o contrário. Por mais estudado que seja um organograma, ninguém vai ocupar o seu quadra- dinho da mesma maneira que seu antecessor e sucessor. Sem entrar no mérito de melhor ou pior, cada professor é diferente do outro. Se você sabe quais são suas qualidades principais (já ouviu isso em algum lugar, não?) e sabe do que a escola precisa, faça uma proposta de novas atribuições e tarefas ao diretor- geral e seus colegas. Essa é a maneira mais fácil (e praze- rosa) de ser bem-sucedido. Faça seu emprego – Ao contrário do que parece, a 8 maioria das funções se adapta ao redor das pessoas Na verdade, somos seres emocionais. Aquele que toma as decisões na escola usa números, impressões, palpites e, de noite, pergunta para a esposa: — Acho que o Darmo pode ser nosso novo coordenador, o que você acha? — Bom, nas duas vezes que falei com ele por telefone ele me pareceu... Então, use bem cada momento que você passa com a diretoria. Pergunte o que eles acham de sua performance, o que você pode fazer para melhorar. Construa um relaciona- mento baseado na responsabilidade. Mostre que você pode aprender e mudar com a experiência e novos desafios. solução. Treine essa habilidade ouvindo os outros atenta- mente. Descubra como pensam, o que é importante para cada pessoa com a qual você lida. PequenoManualdoProfessor
  • 25. precisa ganhar a confiança do cliente. Precisa que o cliente acredite em tudo o que vai ser dito dali para frente, que o veja como alguém que está ali para resolver seus problemas. Tudo isso em apenas alguns segundos. A partir daí, o bom vendedor lança mão de diversas técnicas para ajudar o comprador a decidir pela melhor opção e fechar o negócio rapidamente. E ainda deixar a pessoa satisfeita o suficiente para poder voltar outra hora e vender de novo. Olhando bem, isso não é diferente de seu trabalho, professor. Você também tem poucos segundos para conseguir a empatia dos alunos, tem algo a “vender” (a importância de sua disci- plina/do estudo em geral), e deve deixar a turma motivada o suficiente para que esperem a próxima aula com alegria. Veja o que você pode aprender com eles. Venda sua imagem Vendedores, assim como professores, têm poucos segundos para se apresentar a seus clientes ou alunos. E, para compli- car, isso é feito sem palavras. É a maneira como se chega na sala, como se olha nos olhos da pessoa, o sorriso, a postura relaxada e confiante. Procure ser natural e prestar atenção em seus alunos. Nesse momento, você aprenderá mais sobre sua aula do que sefizes- se uma enquete entre os estudantes. Cuide também de sua aparência. Não é preciso vestir terninho ou gravata todos os dias, mas suas roupas devem estar limpas e em ordem. Nada pior do que entrar em sala com um guarda- pó com botão faltando ou desfiando. Pode parecer que não, mas os alunos reparam nesses detalhes. Imagine-se entrando em um banco cuja gerente usa um sapato estragado e roupa amassada. Você não confiaria seu dinheiro a esse pessoal, certo? Então, por que seus alunos iriam confiar o futuro e a carreira deles a um professor em semelhante situação? A imagem do professor deve refletir o que os alunos recebe- rão no ano, a importância da matéria para eles. Se o educador não se preocupar com a maneira pela qual se apresenta em sala de aula, os estudantes não se preocuparão em participar da aula. Seja autêntico Todos os bons vendedores sabem que improvisar ou mentir a respeito de um produto/serviço é uma receita para o desas- tre. Ele pode até imaginar que fechou a venda aquele dia e o assunto está encerrado. Só que, no dia seguinte, o cliente vai para o Procon, liga para a empresa reclamando e pedindo o dinheiro de volta e, pior, vai relatar o fato para todos os seus conhecidos. 24 8 PequenoManualdoProfessor
  • 26. Assim, o vendedor perde a venda, perde o cliente e ganha dezenas e dezenas de pessoas que não vão querer nem saber o que ele vende. Uma das grandes lições dos vendedores: a melhor propaganda é a boca a boca. A pior, também. Caso um aluno tenha alguma reclamação legítima contra você ou sua escola, pode ter certeza de que a informação vai circular por seus parentes e amigos. São famílias inteiras que podem começar a reclamar de você e de sua instituição de ensino. Tão importante quanto ser autêntico com relação ao produto, é o ser em relação a si mesmo. Um vendedor nunca pretende ser o que não é. Ele utiliza as características pessoais que do- mina a cada situação, enquanto desenvolve as outras habilida- des necessárias. Até porque não existe outra alternativa. Um cliente, assim como um aluno, percebe quando o pro- fessor não está sendo totalmente honesto. Imagine-se na frente de um vendedor que hesita, gagueja, solta um número qualquer que não se sabe ao certo se é real ou inventado, se contradiz. Certamente, é alguém que não vai vender ou que vai ser passado para trás nas negociações. Compare isso com o vendedor que diz algo como: “Olha, apesar de eu estar há apenas um mês na empresa, posso esclarecer qualquer dúvida que a senhora possa ter em relação ao nosso produto e, se for preciso, podemos trabalhar juntos, a senhora, meu supervisor e eu, para encontrarmos a melhor solução para suas necessidades.” Esse segundo vendedor colocou logo as cartas na mesa, disse o que a cliente pode esperar dele e como irão trabalhar dali para frente. Da mesma forma, você deve lecionar com as armas que domina, enquanto desenvolve as outras (existe sempre um ponto em que precisamos melhorar, algo a mais que pode ser aprendido). Seja autêntico em sala de aula, seus alunos agradecerão. Conheça as pessoas Se há uma coisa que todos os bons vendedores sabem, é que cada ser humano ferve a uma diferente temperatura. Em ou- tras palavras, não há duas pessoas iguais no mundo. Lógico, algumas características são comuns, permitindo que eles separem os clientes em tipos, em grupos com características similares. Mais ou menos da mesma forma que você sabe que pode esperar determinados comportamentos da turma do fun- dão e certas atitudes da garota que senta na primeira carteira. Contudo, esses grupos estão longe de serem homogêneos em todas as suas características. Existem diferenças que o vende- dor sabe identificar e usar a seu favor. Alguns exemplos: 25 - Use o nome da pessoa com freqüência. Alguém já disse que o próprio nome é o som mais bonito de qualquer Lín- gua. Os bons vendedores sabem disso, tanto que uma das PequenoManualdoProfessor
  • 27. primeiras coisas que perguntam é o nome do cliente. Para os professores isso é um pouco mais difícil, uma vez que em cada sala há por volta de 30 nomes a serem memoriza- dos. Alguns educadores fazem seus alunos improvisarem espécies de crachás nas primeiras semanas de aula até que ele decore o nome de todos. É uma estratégia válida. -Primeiro, faça as perguntas. Um sapatonão é sóum sapato. É preciso saber em que oportunidade o cliente pretende usá-lo, se é para uma ocasião especial, se é para o dia-a- dia, com o que ele pretende usar, se vai ficar mais sentado ou em pé, ou se vai caminhar muito com aquele calçado. Também é necessário saber que cor, estilo, marca o cliente prefere. Só então o bom vendedor mostra o sapato, com segurança. Com as informações do cliente, ele sabe que vai mostrar o sapato certo e a venda está praticamente garan- tida. Da mesma forma, seus alunos. O que eles preferem fazer em classe? O que cada um pretende fazer com a informação que você está passando? Quais os valores que trazem de casa? Saber esses dados de cada um de seus alu- nos é garantia de uma boa aula. Você não precisa perguntar a todos, de uma só vez. Dilua a coleta de informações, gaste semanas se for preciso; pergunte durante bate-papos descompromissados entre seus alunos. Vai ser mais fácil conseguir respostas elaboradas e que reflitam melhor a realidade. - Utilize a própria informação que o cliente lhe dá a seu favor. Isso significa repetir para ele, com todas as palavras, as vantagens de realizar o negócio naquele momento. O professor também deve repetir para seus alunos as razões que eles deram para querer aprender a matéria e os inte- resses de cada um. Utilizar os motivos de cada aluno para reforçar um ou outro ponto da aula faz com que o interesse pela matéria dispare. Nada de segredos Frente a um grupo de possíveis compradores, o vendedor está preparado para responder a qualquer pergunta. Além da imagem de profissionalismo, ele precisa passar para seus clientes a idéia de que ele não tem nada a esconder, que não há nenhum segredo ou “pegadinha” naquele produto. Se ele precisar falar sobre outros assuntos para ajudar na ven- da de um produto, ele fala, sem problemas. E, sempre que for possível, vai citar uma estatística ou número. Nesse momento, a informação deixa de ser apenas a opinião dele, vendedor, e passa a ser algo científico, com grande credibilidade. Nessa proibição de segredos está embutida a preocupação com a ética. O bom vendedor nunca fala mal de seu concor- rente. A razão é a mesma daquele conto de Nelson Rodrigues, em que o sujeito não passa um dia sem alertar a noiva sobre um conhecido de ambos, segundo ele, o mais perfeito cana- lha. E assim a futura esposa vai ouvindo as mais tenebrosas histórias... até que um dia termina o noivado e manda um bi- 26 PequenoManualdoProfessor
  • 28. lhete ao ex-noivo: você falou tanto naquele sujeito que eu me apaixonei por ele. O vendedor não fala mal da concorrência. Geralmente, se o cliente traz o nome do competidor à baila, a resposta vem nos termos: “Sim, realmente, os produtos deles são muito bons, mas nós somos superiores nos seguintes pontos...” Assim como o vendedor, o professor não deve fazer campa- nhas “terroristas” contra este ou aquele educador ou institui- ção de ensino. Destaque a sua qualidade, as suas aulas, o que a sua escola faz de melhor que ninguém mais faz. E esteja pronto para sair do plano de aula sempre que os alu- nos o desejarem. Cada vez mais seus alunos recebem inúme- ros dados, para os quais precisam de explicação. Dependendo da idade, não está muito claro o que é realidade e o que é ficção. Assim, o desenho japonês da moda pode ser conside- rado tão importante quanto a crise na segurança das grandes cidades; fatos como guerras e flutuação de preços precisam ser embasados em coisas palpáveis, do universo do aluno, para que ele possa medir e quantificar a informação. Dê espaço para seu cliente Já falamos que os bons vendedores primeiro escutam para depois falar. Só que eles continuam escutando e escutando durante todo o processo. É necessário deixar espaço para os clientes expressarem suas opiniões, pegarem no produto, revi- rá-lo de lá para cá, fazer testes. Só, então, comprar. O vende- dor de qualidade sabe que pode controlar o ritmo da negocia- ção até mesmo com o silêncio. Ele deixa o possível cliente se expressar, dizer o que está sentindo e como vê aquela compra. Algumas dicas: - Faça perguntas que exijam uma resposta complexa. Por exemplo “como você percebe esse momento da história” ou “onde você acha que essa equação pode ser aplicada”. Evite perguntar “você entende” ou “você pode imaginar”, pois são perguntas que podem ser respondidas com sim ou não. Deixe que seus estudantes se expressem e, de quebra, ensinem uns aos outros. - Não responda logo de cara. Após o aluno formular uma questão ou uma resposta, permaneça alguns segundos em silêncio. Isso dará a ele a oportunidade de concluir seu raciocínio, se assim o desejar. A seguir, repita a afirmação dele para que toda a sala possa ouvir e você e seu aluno tenham a certeza de falar a mesma Língua. - Use uma escala. Em vez de perguntar se os alunos enten- deram a matéria, pergunte o quanto eles entenderam do assunto em uma escala de zero a dez. Se eles responderem qualquer nota menor que dez, emende: “Ótimo. O que falta para chegarmos a dez?” 27 PequenoManualdoProfessor
  • 29. Simplifique Existe uma história famosa de vendas, ocorrida em uma em- presa norte-americana de telefones que pretendia que as pes- soas instalassem mais extensões em seus quartos (isso foi bem antes dos celulares e telefones sem fio). Os gerentes então contrataram dezenas de vendedores e passaram uma semana treinando-os. Eles foram expostos aos princípios da telefonia, de transmissão de dados, os milagres do impulso eletrônico, como funciona uma extensão, a ergonomia dos modelos dis- poníveis e mais uma tonelada de aspectos técnicos. Aí, os vendedores foram à rua vender. No final do primeiro dia, percebeu-se que um deles havia vendido muito mais do que os outros. Disparado na frente, com uma baita comissão garantida. O gerente correu felicitá-lo, e perguntou como conseguira isso. Ele estava mencionando a qualidade da reprodução de voz, os impulsos eletrônicos, a ergonomia da... “Nada disso” – disse o vendedor – “eu só lembro ao pessoal que o inverno está chegando e como é ruim levantar no meio da noite para atender ao telefone na sala. Aí, eles compram a extensão rapidinho.” É isso, professor. Concentre-se no que os alunos consideram mais conveniente, no que tem valor para eles. Existem vários fatores dentro de sua profissão dos quais você se orgulha, e com razão, mas deixe-os de lado um pouco durante a aula. O que importa é o que seus alunos desejam, e só. AJUDE SEUS ALUNOS A ALCANÇAREM O SUCESSO Por Heloísa Lück Você já ouviu falar ou leu algum trabalho dizendo que a maneira como pensamos sobre a realidade é fator de- terminante sobre o que nela acontece? Pois, falando-se especificamente em educação, Benjamin Bloom, em seu livro Características humanas e aprendizagem escolar, identificou que a ótica do professor é um dos principais determinantes do sucesso do aluno na escola. Todos sabem que bons resultados não acontecem por milagre ou por acaso, mas por força de uma ação orienta- da por uma crença de que ela produzirá bons resultados. É bom lembrar que essa crença não corresponde a um desejo ou a uma vontade de que as coisas aconteçam sem o nosso esforço. Ela representa, sim, uma atitude mental que tem por base o entendimento de que somos capazes de modificar as situações que nos rodeiam e nos afetam e de que podemos fazer alguma coisa para alcançar nossos ideais. Trazendo novamente a questão para a nossa ação profis- sional como professores, responda: o que acontece quan- do julgamos natural que alguns alunos aprendam mais do que os outros? Que muitos não gostam de estudar? Que 28 32 PequenoManualdoProfessor
  • 30. uns alunos são tão desinteressados que não têm condições de aprender? Orientados por essa predisposição mental, nossa atuação ajusta-se a esse julgamento e, no final, é esse mesmo resultado que obtemos, corroborando o nosso pensamen- to: “Eu não disse? Esse aluno não tinha condições de aprender.” É essa atitude, aliás, que constitui um fenô- meno muito comum na escola, denominado de “profecia auto-realizadora”, isto é, a predição do futuro que traz em si mesma as condições de se realizar e que condiciona a sua realização. E, muitas vezes, não é isso que fazemos na escola? Quan- do vamos ler trabalhos dos nossos alunos, afirmamos que vamos “corrigi-los”, uma afirmação que indica uma busca de erros. Partimos de 10 e vamos tirando pontos. Não é à toa que os alunos, em geral, e afinal, acabem aprendendo tão pouco ou apenas o suficiente para passar. Os professores que refletem sobre sua prática se dão con- ta de que, depois de ler um trabalho e dar-lhe uma nota, ao verificar o nome do aluno, procuram ajustar essa nota à sua expectativa de rendimento do aluno, procurando erros ou acertos para justificar um aumento ou rebaixa- mento da nota. Dessa forma, o professor conduz uns para o sucesso e outros para o fracasso. É difícil admitir isso, mas é uma realidade, e admiti-lo é o ponto de partida para o desen- volvimento de nosso sucesso profissional como professo- res. Fazer um esforço por mudar o nosso enfoque, a nossa perspectiva é, portanto, a condição básica para que use- mos a avaliação da aprendizagem dos nossos alunos de modo que esses tenham sucesso na escola, que aprendam o máximo o que a escola tem a lhes ensinar, para que realizemos o que Benjamin Bloom (1981, p. XI e XII) identificou: “Todos os alunos tornam-se bastante semelhantes em relação à capacidade de aprender, ritmo de aprendizagem e motivação posterior, quando lhe são propiciadas condi- ções favoráveis de aprendizagem.” “Todos os alunos aprendem com sucesso o que a escola lhes deve ensinar, quando os professores acreditam que podem fazê-lo e criam as estimulações e orientações adequadas para isso.” “Quando o professor altera positivamente suas expecta- 29 tivas em relação ao desempenho de seus alunos, passa a agir de forma mais favorável à estimulação de sua apren- dizagem e o aluno passa a aprender mais e melhor.” PequenoManualdoProfessor
  • 31. Precisamos nos dar conta de que nossas expectativas e orientações estão contribuindo fortemente para a crista- lização de que basta estudar o suficiente para passar, o importante é tirar nota. Em vez de criarmos uma cultura em que o importante é aprender, aprender é a maior rique- za da vida, aprendemos para conhecer o mundo e a nós mesmos no mundo. Heloísa Lück - Doutora em Educação, consultora e promotora de programasecursosdecapacitaçãoprofissionalemEducação. DiretoradoCEDHAP–CentrodeDesenvolvimentoHumanoAplicado (fone: 3336 4242). Referências Bibliográficas BLOOM, Benjamin S. Características humanas e aprendizagem escolar: uma concepção revolucionária para o ensino. Porto Alegre: Globo, 1981 VOZDO PROFESSOR PorEnyReginaB.NevesPereira A voz desempenha um papel fundamental durante o processo de comunicação. Para que o som produzido no aparelho fona- dor seja de boa qualidade e emitido sem dificuldade ou des- conforto para o falante, é necessário que todas as estruturas envolvidas em sua produção funcionem de forma harmoniosa. A fonação ou voz é produzida pelo fluxo de ar passando entre as pregas vocais, fazendo com que elas vibrem e seja ampli- ficado pelas cavidades de ressonância. Quando estamos em silêncio, as pregas vocais estão abertas para que possamos respirar e, ao falarmos, elas se fecham, vibram e a voz é emi- tida. Vejam as figuras: 30 4 PequenoManualdoProfessor
  • 32. Muitos são os profissionais que usam a voz como instrumen- to de trabalho. O professor é um deles, que precisa da voz para exercer sua profissão. O mau uso da voz se refere a falar excessivamente, alto e rápido, gritar, usá-la muito aguda ou muito grave sem ter preparação adequada. O aparecimento de rouquidão, cansaço vocal, ardume e/ou dor na garganta, pigarro e falta de ar são sinais de patologias que acometem a laringe e podem estar relacionadas ao uso abusivo da voz em condições desfavoráveis. Existem mecanismos básicos empregados para uma boa qua- lidade vocal. Precisamos nos ater ao tipo de voz que estamos usando, pois ela identifica-se com a nossa personalidade, é o nosso “cartão de visita”. Uma voz com intensidade elevada (falar alto), demonstra franqueza, energia, autoritarismo; o fa- lante com intensidade reduzida (falar baixo), parece ter pouca experiência nas relações pessoais, timidez ou medo. Por isso, há necessidade de um certo equilíbrio na intensidade vocal a fim de trazer a sensação de convicção do que se quer passar para o aluno e domínio da voz. Uma voz com articulação precisa, sem exagero, transmite, clareza de idéias e pensamentos, favorecendo o processo de comunicação na classe. O ritmo ou velocidade de fala lenta sugere monotonia, cansaço e faz com que não haja interesse no que está sendo exposto. Com velocidade acelerada, demonstra ansiedade ou nervosis- mo, o que trará aos alunos uma conseqüência desfavorável. A voz grave (grossa) pode trazer um aspecto de professor enérgico e autoritário. Já o educador que possui uma voz aguda (fina) transmite ser uma pessoa submissa, dependente, infantil ou frágil. Se você tem algum desses aspectos vocais procure: -Emitir frases curtas, com mais inflexões, isto é, mais melodia. -Use de uma articulação bem definida, sem exageros. - Dê ênfase em determinadas palavras sem aumentar a intensidade ou volume. - Abuse da ressonância, usando os sons nasais e orais demonstrando clareza naemissão. - Esteja, o máximo que conseguir, relaxado, sem tensão principalmente na região cervical. - Façausodarespiraçãodiafragmáticaenãodoar de reserva que prejudica as pregas vocais. O professor deve se lembrar da importância de fazer a higiene vocal, tendo alguns cuidados especiais do tipo: Alimentação: deve ser composta de alimentos leves, ver- duras e frutas, uma vez que esses ajudam na boa digestão, 31 evitando refluxo gastroesofágico ou má digestão. Evite o uso de chocolates e leites no momento que antecede o uso profissional da voz porque aumentam a secreção. PequenoManualdoProfessor
  • 33. Durante o período entre as aulas, recomenda-se o consu- mo de maçã ou a ingestão de sucos cítricos, pois possuem propriedades adstringentes, o que auxilia na limpeza da boca e faringe, no excesso da secreção, obtendo, assim, uma melhor qualidade vocal. Alimentar-se de refeições pesadas acaba atrapalhando a boa performance do professor, uma vez que isto impede a movimentação livre do diafragma, dificultando a fonação. Bebidas gaseificadas e geladas: o gás interfere na diges- tão e prejudica o apoio diafragmático, ou seja, evite usar antes das aulas, pois ele favorece a flatulência (gástrica ou intestinal), prejudicando o controle da voz. E o consu- mo de líquido gelado pode causar danos vocais devido à mudança de temperatura ao deglutir. Ambientes refrigerados: algumas pessoas são muito sensíveis ao ar-condicionado, isso porque o resfriamento do ar realizado através da retirada da umidade do meio ambiente resseca também a mucosa do trato vocal. A movimentação da mucosa durante o ciclo vibratório de- pende diretamente de uma boa lubrificação, comprometida devido ao uso do ar-condicionado. Competição sonora ou grito: a competição sonora, o “barulho dos alunos”, é uma situação bastante comum. Quando se está em um local barulhento, há uma tendência natural dos educadores elevarem a voz para se fazerem ouvir. Esse fator rende ao professor um desgaste vocal muito maior. Gripes e alergias: durante gripes fortes e crises alérgicas, é freqüente o aparecimento de quadros de rouquidão. Isso ocorre porque há um inchaço das mucosas que revestem o trato respiratório. Vocalizar excessivamente sobre o tecido inchado pode ser extremamente prejudicial, causando danos irreversíveis à mucosa que reveste as pregas vocais. Atividades em grupo, provas de aproveitamento ou ativi- dades individuais que não exijam tanto do professor o uso da voz tornam-se necessárias nessas situações. Os indivíduos alérgicos e que usam a vozprofissionalmen- te devem seguir as orientações médicas. Evitar contato com substâncias alergênicas também é recomendado a fim de reduzir ou espaçar o aparecimento das crises. Pigarrear: o ato de pigarrear constitui outra forma de abuso vocal. A prática constante desse procedimento pro- duz um choque mecânico entre as pregas vocais causando um aumento na produção de muco como mecanismo de defesa, o que se torna um ciclo e um hábito. Cigarro: a fumaça age nas pregas vocais, essa reação é manifestada por uma descarga intensa de muco, gerando parada na movimentação ciliar do tecido que envolve as pregas, fazendo surgir um depósito de secreção e pro- vocando o pigarro. A toxina deposita-se diretamente nas 32 66 PequenoManualdoProfessor
  • 34. pregas vocais, as quais funcionam como verdadeiros aparadores de impurezas, favorecendo as diversas lesões, como edemas, pólipos, nódulos e câncer. Álcool: essa substância é responsável pela anestesia das pregas vocais. O professor que usar essa droga e logo depois for dar uma aula vai estar causando uma grande lesão no aparelho fonador. O mesmo acontece com o uso indiscriminado de sprays, pastilhas, balas, etc. Se for uti- lizá-los, deve-se fazer quando for dormir para não causar danos às pregas vocais. Hidratação: é indicada para a prevenção e tratamento dos distúrbios da voz por permitir que a vibração das pregas vocais ocorra de modo livre e com o atrito reduzido. Orientações: Quando estiver no final de sua jornada de trabalho, prefira falar baixo, não sussurrando, e devagar. Fique em silêncio, se possível, por um tempo. Durma bem e descanse o seu corpo. Aquecimento vocal As pregas vocais são músculos, por isso há necessidade de aquecê-las. Esse detalhe evita sobrecarga, o uso inadequado da voz ou um caso de fadiga. Todas as manhãs ou no período que antecede o uso profissio- nal da voz, deve-se fazer os seguintes exercícios: Exercícios de respiração profunda (alternando nariz e boca). Alongamento da coluna. Alongamento de pescoço e ombros. Alongamento dos músculos da face. Exercício de vibração de ponta de língua e lábios. É bem simples e consiste apenas em imitar o barulho do telefo- ne (“trrrrrrrrriiimmmm”). Exercício de ressonância – mastigando o som do “m”. Imagine que você está mastigando algo e ao mesmo tempo emita um som de “Hummmmmm”. Desaquecimento vocal O desaquecimento vocal favorece o retorno ao ajuste fonoar- ticulatório da voz coloquial. Você deve estar se perguntando o que significa isso. É o seguinte, quando o professor está dando aula, ele imposta mais sua voz para ser ouvido pelos seus alunos. O desaquecimento ajuda a acalmar sua voz e fazer com que ela volte a seu estado “normal”. 33 Após o uso profissional da voz, recomenda-se fazer os seguin- tes exercícios: PequenoManualdoProfessor
  • 35. -Ficaremsilênciototal por5minutosparaqueocorrao repouso. - Exercício de vibração de ponta de língua em escala descendente(procurandosemprearegiãograve)–imiteo barulhodotelefone, masdessa vezcoma voz maisgrossa. -Massagem na laringe: Movimentos de deslocação lateral. Com o dedo indi- cador e o dedão massageie, delicadamente, os anéis do pescoço, de um lado para o outro. Movimentos circulares. Esse exercício é muito parecido com o anterior. Só que em vez de fazer movimentos de uma lado para o outro nos anéis do pescoço, você deve massageá-los com movimentos circulares. Movimentos descendentes. Desça em linha reta massa- geando os anéis do pescoço. Aproveite todas essas dicas e orientações para cuidar melhor de um de seu bens mais preciosos, sua voz. Se você estiver apre- sentando quadros de rouquidão com freqüência e há mais de 10 dias, semcausa evidente, procure um médico otorrinolaringolo- gista ou um fonoaudiólogo para uma avaliação vocal. *Professora Ms. Eny Regina Bóia Neves Pereira – Fonoaudióloga, mestrena área de Pediatria pela Faculdade de Medicina da UNESP de Botucatu/ SP,doutoranda na área de Basesda Cirurgia, em VozProfis- sional,pelaFaculdadedeMedicinadaUNESPdeBotucatu/SPedocente da Universidade do Sagrado Coração – Bauru/SP. EM BUSCA DE UMA VOZ PERFEITA A voz revela muito sobre seu estado de espírito. A entonação, o volume e a intensidade do discurso não transmitem apenas o conteúdo, mas também suas emoções. Assim como os olhos são a janela da alma, a voz é o espelho da sua personalidade. Para se alcançar uma boa voz, certos pontos precisam ser trabalhados. A respiração é um deles. É ela quem ajuda a equilibrar a ressonância produzida durante o processo de formação das palavras. A altura da voz também precisa ser controlada. O volume da fala, se não for adequado, agride a garganta (no caso do professor falar muito alto ou irritar seus alunos se ele explicar a matéria quase sussurrando). A intensidade da voz é outro detalhe importante. Ela não pode ser nem muito grave e nem muito fina. Se o educador abusar da fala grave pode parecer autoritário e fechado a novas idéias e opiniões. Uma vocalização mais fina transmite a sensação de pessoa infantil, insegura e que não está certa de sua ações ou palavras. Além desses fatores, temos ainda a articulação das palavras. Ela consiste na maneira como se mexe a boca durante a fala. Se feita de maneira correta, resulta em um discurso claro e sem ruídos. Pessoas que não abrem muito a boca para pro- 34 8 PequenoManualdoProfessor
  • 36. nunciar as palavras indicam ser tímidas, acanhadas. Já quem articula exageradamente passa a sensação de falsidade e exibicionismo. Assim, para que sua voz seja agradável é preciso que você tenha sempre em mente o bom senso – uma articulação, inten- sidade e volume de voz equilibrados. Tipos de voz A voz é como um impressão digital. Cada pessoa vocaliza as palavras de maneira única e não existe outro indivíduo capaz de imitá-la fielmente. Segundo pesquisas, existem mais de 120 tipos de vozes. Elas podem ser aveludadas, melodiosas ou oscilantes. Acompanhe mais alguns exemplos e asensação que elas provocam em seus ouvintes: • Voz rouca – Pode transmitir cansaço, esgotamento, estres- se, fadiga ou seriedade. • Voz trêmula – Significa medo, fragilidade e indecisão. • Voz monótona – Indica pessoa cansativa, desinteressante e repetitiva. • Voz infantilizada – Demonstra uma pessoa ingênua, sem maturidade e insegura. Além de sua voz, que por si só transmite diversas emoções, a combinação de intensidade e volume diferenciados revela outros detalhes de sua personalidade. Leia e faça uma auto- análise, assim você poderá ajustar certos detalhes de sua fala e potencializar sua qualidades. • Voz fina e fraca – Revela uma pessoa submissa e dependente. • Voz forte e grave – Mostra um indivíduo enérgico e autoritário. • Voz arrastada e fraca – Demonstra que a pessoa está triste, melancólica. • Voz aguda e forte – Transmite alegria, ânimo e desinibição. • Voz alta e grave – Indica uma pessoa franca, cheia de energia e que fala o que pensa. • Voz baixa e oscilante – Pode significar uma pes- soa tímida e receosa. • Voz alta e rápida – Passa a sensação de indivíduos tensos, atrapalhados, ansiosos e confusos. Identificar e trabalhar para amenizar os pontos fracos de sua voz é uma das tarefas que você, professor, deve executar em busca da aula perfeita. Conhecendo e controlando sua ento- nação e vocalização será possível adequar seu discurso e usar sua voz da melhor forma possível para dar ênfase aos princi- 35 pais pontos do conteúdo. PequenoManualdoProfessor
  • 37. Exercícios de relaxamento Existem diversas práticas que contribuem para o desenvolvi- mento da fala e a melhora na impostação da voz. Pratique-os regularmente e você e seus alunos notarão a diferença. -Ao acordar, não pule rápido da cama e sai correndo para sua aula. Levante devagar, se espreguice e boceje 10 ve- zes.Essesmovimentosajudamadispersaromucoquefoi acumulado na garganta durante osono. -Façaumalongamentocorporalaochegaremcasadepois de suas aulas. PRONÚNCIA E ARTICULAÇÃO Um discurso claro e inteligível exige que a pronúncia e a ar- ticulação das palavras sejam perfeitas. Qualquer distúrbio ou deslize durante a fala de certas sílabas distorce o significado e prejudica o entendimento da mensagem. O professor, como está sendo avaliado 24 horas por seus alunos, colegas de pro- fissão e superiores, precisa mais do que ninguém de uma fala e uma articulação impecáveis. Como você conseguirá ser um professor nota 10 falando empolado ou comendo as palavras? Como seus alunos entenderão a matéria, se não compreen- dem o que você fala? Observe com atenção a articulação das consoantes e melhore seu discurso. Articulação das consoantes Para a sonorização de certos fonemas, alguns órgãos de nosso corpo entram em ação e outros são deixados de lado. Ter a percepção de como esse processo funciona contribui para a sonorização correta das palavras. Conheça algumas articula- ções e o esquema de pronúncia das consoantes. Articulação bilabial – As partes do corpo envolvidas duran- te a sonorização são os lábios. Preste atenção em como a pronúncia das consoantes P/B/M ocorre entre eles. Articulação linguodental – Exige que os lábios fiquem entreabertos e a língua tocando os dentes. As consoantes pronunciadas dessa forma são o T, D e N. Articulação labiodental – A pronúncia ocorre com osden- tes superiores, tocando o lábio inferior. As consoantesque respeitam essa sonorização são F e o V. Exercícios de articulação Articular corretamente as palavras requer o esforço de vários órgãos do corpo, entre eles os lábios, a mandíbula e a língua. Para fortalecer o tonos muscular dessas partes especificamen- te, segue uma série de exercícios que devem ser praticados regularmente. Se você sentir algum desconforto durante a prá- tica dos movimentos, interrompa imediatamente os exercícios e procure um médico. 36 40 PequenoManualdoProfessor
  • 38. Num ninho de mafagafos tinham três mafagafinhos. Quem os desamafagafizar, bom desamafagafizador será. Lábios 1. Conte, lentamente, de um a cem fazendo movimentos exagerados com a boca, com bicos e sorrisos forçados durante a sonorização dos números. 2. Com a boca fechada e os lábios unidos, movimente-os de um lado para o outro, lentamente, 10 vezes. Língua 1. Coloque a língua para fora vagarosamente e em seguida recolha-a rapidamente para dentro da boca. Depois de fazer esse movimento 10 vezes, inverta. Coloque a língua para fora rapidamente e a recolha lentamente. 2. Abra a boca e bote a língua para fora. Faça movimentos circulares cerca de 10 vezes. 3. Repita o exercício anterior, só que com a língua dentro da boca. Articulação das palavras Além dos exercícios que ajudam na articulação das palavras, podemos usar brincadeiras como os trava-línguas para alcan- çar nosso objetivo. Escolhemos algumas dessas pegadinhas para você ir treinando. Tente falar rápido e procure não errar. Caso isso aconteça, comece de novo o texto. 1. 2. Palato 1. Boceje diversas vezes com a boca bem aberta e depois repita o mesmo movimento com a boca fechada. 3. 372. Emita durante um minuto o famoso “ahhhhhhhhh” (tão usado na meditação). Não use o ar reserva durante a sonorização. É crocogrilo? É cocodrilo? É cocrodilo? É cocodilho? É corcodilho? É crocrodilo? É cocordilo? É jacaré? Será que ninguém acerta O nome do crocodilo mané? Paga o pato, dorme o gato, Foge o rato, paga o gato, Dorme o rato, foge o pato, Paga o rato, dorme o pato, Foge o gato. PequenoManualdoProfessor
  • 39. EXPRESSÃO CORPORAL COMUNICANDO COM O CORPO Todo o nosso corpo fala. A posição dos pés e das pernas, o movimento do tronco, dos braços, das mãos e dos dedos, a postura dos ombros, o balanço da cabeça, cada gesto possui um significado próprio que encerra em si uma mensagem. Pesquisas apontam que a linguagem corporal é responsável por cerca de 55% do processo de comunicação interpessoal. Esses recados que você transmite com o corpo, mesmo sem querer, são outros pontos que devem ser pensados e trabalha- dos de maneira correta. As mensagens sublimares afetam seus alunos tanto quanto as palavras e seus gestos mostram se você está ou não prepara- do ou com vontade de dar aquela aula. Para esses casos, não há recursos visuais que façam qualquer momento tornar-se agradável. Sem a motivação necessária, você desperdiçará seu tempo, o tempo dos estudantes e fará da aula um teatro, no qual o professor interpreta um personagem sem emoção e sem conteúdo. A naturalidade do gesto: a gesticulação obedece a um pro- cesso natural. Pensamos na mensagem ao mesmo tempo que informamos ao corpo o movimento a ser executado. Ele reage e só depois pronunciamos as palavras. Por isso, o gesto vem antes da palavra ou junto com ela, e não depois. Recomen- damos, sempre, não falar com as mãos nos bolsos, com os braços atrás das costas, cruzados ou apoiados, entre outros. Você também deve adaptar seus gestos de acordo com o número de estudantes que a turma comporta. Classes grandes exigem movimentos mais enfáticos, “exagerados”, para que todos possam vê-lo. Mas tenha bom senso. Já turmas menores não precisam desses movimentos tão amplos. A posição das pernas: as pernas têm um significado especial para a estética da postura. Você irá se sentir melhor se manti- ver uma atitude correta, plantado sobre as duas pernas, dando um bom equilíbrio ao corpo. Procure também deixá-las cerca de 20 centímetros afastadas uma da outra e lembre-se de que ao ficar parado não é recomendável fazer movimentos com as pernas. Esse gesto dará a impressão que você está impaciente e inseguro. Evite também: -Procurar um ponto de apoio para se encostar. Ao fazer isso, naturalmente, você deixará uma das pernas arqueadas para trás. 38 42 PequenoManualdoProfessor
  • 40. - Jogar o peso do seu corpo em cima de uma perna só. - Balançar os pés ou ficar freneticamente batendo-os no chão. Além de fazer barulho, você estará distraindo os alunos e chamando a atenção para os seus movimentos. A posição dos braços: ao andar no meio da sala, seus braços devem balançar naturalmente. Se você estiver explicando a matéria, levante-os acima da linha da cintura e mantenha suas mãos semi-abertas. Sincronize seus movimentos de acordo com a ênfase que você deseja dar a certos pontos. Evite os seguintes gestos durante suas aulas: - Colocar seus braços para trás. Transmite a impressão de que você está supervisionando seus alunos. Se você adotar essa postura, parecerá mais inspetor do que professor. - Ao deixar as mãos sobre a barriga, suas explicações serão encaradas mais como sermões religiosos. - Mãos na cintura lembram técnicos de futebol ou sargentos. Com certeza, você não quer parecer com nenhuma dessas figuras. - Deixar as mãos dentro dos bolsos remete à displicência, falta de vontade. Você passará a sensação de que não está nem aí para a aula ou para os alunos. - Braços cruzados transmitem a mensagem de uma pessoa na defensiva, que está fechada para comunicação. Esse simples gesto revela se seu interlocutor está disposto a escutar o que você tem a dizer. Imagine se você solicita a opinião de um aluno e, na hora em que ele vai responder, você simplesmente se encosta e cruza os braços. Situação desagradável, não? A posição das mãos: se você for uma pessoa agitada, que gesticula bastante com as mãos durante uma conversa, não tente mudar esse jeito dentro da sala de aula. Seja natural. Caso você use bastante as mãos, procure empregá-las para ressaltar os pontos mais importantes da matéria. Você pode criar um gesto específico que avise seus alunos sobre a abor- dagem de um tema importante. Outra dica é procurar manter as mãos entre a cintura e os ombros. Gestos com as mãos muito próximas ao rosto são um perigo, pois além de você correr o risco de se bater, esses movimentos distraem os alunos. Como vimos, as mãos podem se tornar mais um recurso para chamar a atenção dos estudantes. Acompanhe algumas orien- tações de como usá-las durante suas aulas. - Ao deixar sua mão aberta com a palma voltada para cima, você transmite receptividade, doação. -Ogestocontrário, deixandoaspalmasvoltadasparabaixo, significa repulsa e rejeição. - Se você quiser acalmar sua turma e pedir silêncioe coope- 39 ração, mantenha a mão aberta, com a palma voltada para baixo e faça movimentos subindo e descendo. - Ao deixar as mãos abertas, estendidas para frente e com as PequenoManualdoProfessor
  • 41. palmas voltadas para cima, mostra que você está solicitan- do a colaboração dos alunos. - Se você ficar girando uma mão sobre a outra, na frente do corpo, você estará transmitindo a mensagem de que está enroscado em algum conceito ou tema. A posição da cabeça: ela deve guardar equilíbrio com o restante do corpo. Quando inclinada constantemente para um dos lados, excessivamente alta ou baixa, quebra a elegância da postura. A comunicação do semblante: o semblante talvez seja a parte mais expressiva de todo o corpo. O queixo, a boca, as faces, o nariz, os olhos, a sobrancelha e a testa trabalham isoladamente, ou em conjunto, para demonstrar idéias e sentimentos transmitidos pelas palavras ou mesmo sem a existência delas. O conhecimento de todo o jogo fisionômico, a certeza deestar demonstrando no semblante exatamente o que deseja, dá a quem fala confiança e convicção ao se apresentar. Confira outros detalhes que fazem toda diferença na comunicação não-verbal: tra que você pode estar refletindo sobre um assunto ou tendo alguma idéia. b) Sorria – Um ato simples que pode fazer toda a diferença, se vier acompanhado de um animado “Bom dia” ou “Boa tar- de”. Nada mais acolhedor e estimulante para seus estudantes que ter um professor motivado e que entra na sala com um sorriso sincero no rosto. Esse gesto cria um ambiente favorá- vel e agradável para o início de sua aula. c) Olhos – “Os olhos são a janela da alma”, quem nunca ouviu essa frase? Assim como os demais membros de nosso corpo transmitem mensagens subliminares, os olhos tam- bém possuem esse incrível dom de revelar os sentimentos da pessoa. Por meio deles, podemos saber se os alunos estão atentos ao conteúdo ou se já dispersaram a atenção. O olhar serve como um termômetro, dando um retorno imediato sobre o que suas palavras causam nos estudantes. Assim, quando você desejar medir esse “nível de interesse”, preste atenção se os alunos estão com os olhos vivos, abertos e iluminados. Caso contrário, comece a pensar em mudar sua estratégia de apresentação. Use algum elemento surpresa para chamar a atenção ao con- teúdo. Por isso, é importante que você assuma uma posição na sala que permita a visualização de todos os estudantes, para acompanhar as reações deles. a) Boca – O movimento que fazemos com os lábios também revela nossas emoções. Quando eles empurram levemente o superior, podem expressar mágoa ou frustração. Ao deixar a boca semi-aberta, você pode transmitir a seus alunos ansieda- de, expectativa, apreensão. Morder o canto da boca demons- 40 4 PequenoManualdoProfessor
  • 42. Comunicação não-verbal dentro da sala de aula Espaço, a fronteira inicial. Para alguns professores, a sala de aula limita-se a 2 metros à frente do quadro-negro. A partir daí, é território dos alunos, conforme afirma um Tratado de Tordesilhas imaginário auto-aplicado. Outros, circulam pela sala, encostam-se na parede do fundo e de lá dão suas aulas. Os alunos têm duas opções: ou permane- cem voltados para o quadro-negro, só ouvindo o que o educa- dor tem a dizer, ou torcem-se para visualizar o professor. E há ainda aqueles que caminham entre as fileiras de alunos como um militar em revista à tropa. Todos esses são estilos que podem ser melhorados, conforme a situação. Algumas dicas: Crie âncoras visuais para seus alunos. Desde o primeiro dia de aula, defina determinado canto da sala para assuntos leves e piadas, outro para falar sobre a matéria, um para interação direta com os alunos. Você não precisa dizer nada para eles, apenas se movimen- tar para aquele ponto da sala de aula toda vez que desejar tomar uma ação específica. Assim, sempre que os alunos o virem caminhando para a posição descontraída já começa- rão a relaxar, e sempre que você for para o local da intera- ção já começarão a imaginar algumas questões. Caso você tenha pouco espaço disponível em sua sala de aula, substitua esses “cantos” por gestos, como abrir os braços de certa maneira seguido de um “Bom. Perguntas?”. Com o passar do tempo, você não precisará falar mais nada, basta o gesto. De vez em quando, mude a disposição das carteiras ou dos alunos. O simples fato de sentar em outro lugar já muda toda a perspectiva do aluno em sua aula. Ele passa a prestar atenção a novas coisas, vê a matéria de maneira diferente. Isso também ajuda sua turma a se conhecer me- lhor, ajudando a acabar com as panelinhas. Circule pela sala de aula, com movimentos calmos e tranqüilos. Cuidado para não ficar muito tempo parado ao lado de um mesmo aluno. Geralmente, como os intervalos entre as filas de carteiras são apertados, sua proximidade física pode incomodar. Assim, ande entre duas fileiras um dia, entre outras duas em outra ocasião, e assim por diante. Pense na sala como um todo. Você dá aula tanto para o pessoal da primeira fila como para a turma do fundão. 41 Faça contato visual com alunos que sentam em locais diferentes. Na hora de mostrar algo, faça-o tanto à altura de sua cabeça, para que o pessoal de trás veja, como um PequenoManualdoProfessor
  • 43. pouco abaixo da altura de seu peito, para o pessoal das três primeiras carteiras. Erros a seremevitados Eis aqui algumas posturas que devem ser evitadas durante suas aulas: . Ficar parado em um ponto, apoiando-se de lado. A men- sagem oculta que esse professor passa é “estou chateado e preferia estar em outro lugar”. Solução: quando estiver parado, mantenha seu peso uniformemente equilibrado e os quadris nivelados. . Encostado em uma estante ou parede. A mensagem é “es- tou cansado demais para ficar em pé” ou “não quero nem me incomodar em dar essa aula”. Solução: evite apoiar-se ou o faça por períodos muito curtos. . Sentado à mesa onde estão suas anotações. O que tal edu- cador diz é: “Não preciso fazer nenhum esforço aqui, pois sou mais importante do que vocês.” Solução: a não ser em determinados momentos (como chamada e correção de provas), fique em pé. Saúde também conta Além da postura que o ajuda a ensinar, existe aquela que evita problemas no futuro. Seu corpo pode começar a reclamar mais cedo do que imagina. Má-postura ao sentar ou caminhar pode causar desde dores até invalidez após alguns anos. Então, a primeira regra é não se permitir ficar muito tempo em uma mesma posição. Se estiver mais de uma hora sentado, levante-se. Se estiver há mais de uma hora parado, em pé, ande um pouco. Acompanhe outras dicas. Para evitar esses e demais problemas que podem afetar seu desempenho, fique atento à sua postura e a seus movimentos diários. Às vezes, pequenas correções fazem uma grande .Quando estiver sentado, procure não ficar com os ombros caídos. O encosto reto da cadeira ajuda a manter a coluna ereta, evitando dores nas costas. . Nunca suba escadas com a coluna inclinada para a frente. Suba com a coluna ereta e o pé completamente apoiado no chão. . Para erguer qualquer objeto do chão, o correto é flexionar os joelhos e manter a coluna ereta (o peso deve ficar o mais próximo possível do tronco). . Não durma de bruços. Prefira dormir de lado ou de barriga para cima. . Não carregue, em nenhuma hipótese, peso na cabeça. O ideal é dividir o peso proporcionalmente para os dois lados do corpo. . Preste bastante atenção às condições do piso antes de carregar qualquer peso para evitar tropeções, escorregões e torções. 42 6 PequenoManualdoProfessor
  • 44. diferença em sua qualidade de vida, o que reflete diretamente em seu desempenho em sala de aula. Trabalhe para que nenhum desses inconvenientes atrapalhem seu objetivo de ser um professor nota 10. Existem exercícios simples que podem corrigir sua postura, aquecer seu corpo para as aulas e ainda ajudá-lo a relaxar depois de um dia can- sativo de trabalho. Siga atentamente as orientações abaixo e prepare-se fisicamente para se tornar um show de professor. 2° passo: em pé, flexione e estenda (de forma moderada) os joelhos. É como se você estivesse dando pequenos chutes no ar. Isso irá aquecer e lubrificar a articulação do joelho. 3° passo: ainda em pé, coloque as mãos na cintura e realize movimentos circulares. Imagine que você está brincando com um bambolê. Faça esse exercício cerca de 10 vezes sendo 5 vezes no sentido horário e 5 vezes no sentido anti- horário. 4° passo: com os joelhos semiflexionados, gire o seu troco transversalmente 6 vezes. Esse movimento consiste em girar seu corpo para esquerda e depois para direita, de modo que você enxergue o que tem por trás de suas costas. Para alinhar a coluna e seus ombros, você pode realizar esse exercício segurando o cabo de uma vassoura. 5° passo: flexione levemente o joelho, estenda um dos bra- ços próximo a cabeça e coloque o outro na cintura. Desça o tronco lateralmente, com o braço esticado 5 vezes para direita e outras 5 para a esquerda. Aquecimento dos membros superiores: 6° passo: com os braços relaxados, gire-os para frente 5 43 vezes e para trás outras 5 vezes. HORA DO EXERCÍCIO, PESSOAL! Aquecimento para iniciar as aulas É uma forma de começar as aulas com as articulações mais soltas e adequadamente lubrificadas, evitando aqueles estalos desagradáveis. Lembre-se de que uma boa base para qualquer movimento consiste em manter os joelhos semifle- xionados e o abdômen contraído. Aquecimento dos membros inferiores: 1° passo: sentado em uma cadeira confortável, realize movimentos circulares com os pés, aquecendo a articulação do tornozelo. Faça esse exercício cerca de 10 vezes, sendo 5 movimentos no sentido horário e 5 no sentido anti-horário. PequenoManualdoProfessor
  • 45. 7° passo: faça o mesmo com os ombros. 8° passo: flexione e estenda sucessivamente os cotovelos. Repita essa prática cerca de 10 vezes. 9° passo: realize movimentos circulares com os punhos. 5 vezes no sentido horário e 5 vezes no sentido anti-horário. 10° passo: abra e feche as mãos de forma sucessiva, faça-o 10 vezes. Em seguida “sacuda-as” soltando bem as articula- ções dos punhos e dedos. 11° passo: realize movimentos circulares (de forma suave) com o pescoço – 5 vezes no sentido horário e 5 vezes no sentido anti-horário. Seguindo esses passos, você terá mais disposição para entrar em sala de aula e realizar seus movimentos de forma mais ampla e motivada. Alongamento pararelaxamento após as aulas Para facilitar o trabalho do alongamento, e não esquecer nenhum grupo muscular, é interessante começá-lo dos pés para a cabeça ou vice-versa. 1° passo: escolha um lugar bem tranqüilo da sua casa, não muito iluminado e pouco barulhento. 2° passo: sente no chão, cruze as pernas (posição de índio), feche os olhos, mantenha a coluna reta e respire profundamente 3 vezes. 3° passo: flexione uma das pernas e estenda a outra. Desça devagar com o tronco (o quanto puder) até tocar o pé da perna estendida. Fique nessa posição de 20 a 30 segundos. Repita o mesmo com a outra perna. 4° passo: deite no chão, flexione e abrace suas pernas, deixando a região lombar relaxada e encostada no chão. Segure nesta posição cerca de 30 segundos. 5° passo: ainda deitado e com as pernas flexionadas, gire o tronco lateralmente de forma que os joelhos encostem no chão, e volte sua cabeça para o lado oposto. Permaneça nesta posição cerca de 30 segundos. Repita o movimento trocando o lado. 6° passo: fique em pé com os joelhos levemente flexio- nados, flexione o tronco para frente deixando os braços relaxados e próximo aos pés. Fique nesta posição cerca de 15 segundos. Em seguida, suba seu tronco bem devagar, de modo que sinta a sua coluna “desenrolar”. 44 8 PequenoManualdoProfessor