2. Nem governante, nem leis, nem tempos de paz ou de conflito.
Nem rei nem lei, nem paz nem guerra,
Define com perfil e ser
Este fulgor baço da terra
Que é Portugal a entristecer —
Brilho sem luz e sem arder
Como o que o fogo-fátuo encerra.
Ninguém sabe que coisa quer.
Ninguém conhece que alma tem,
Nem o que é mal nem o que é bem.
(Que ânsia distante perto chora?)
Tudo é incerto e derradeiro.
Tudo é disperso, nada é inteiro.
Ó Portugal, hoje és nevoeiro...
É a hora!
Os Portugueses não sabem o que verdadeiramente querem
Não conhecem a sua alma- O seu destino
Nem para o bem, nem para o mal
Adivinha-se, no entanto, uma ânsia neles, uma ânsia de querer
Mas tudo é incerto, difuso, morte
Tudo em Portugal é parcial, não há vontade de erguer, nada
Portugal é no presente como o nevoeiro
Podem definir a verdadeira essência
No que no presente é de uma essência triste
Portugal é um país pobre, sem esperança e entristecido
Vida exterior sem paixão e vontade
Como as luzes do fogo-fátuo
Está na hora de surgir alguém que vai renovar Portugal