SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 2
Síndrome da Indisciplina e da Violência
Aprendidas 1
1 Fev, 2017
Da desconsideração e da falta de respeito à violência o caminho não é longo nem demorado. Em
Portugal, foi percorrido num ápice. Da política educativa à prática pedagógica, não esquecendo o
fulcral nível da gestão escolar, é vastíssimo o grupo daqueles que, generosamente, têm
contribuído para a celeridade deste vergonhoso retrocesso civilizacional.
Ao longo da última década, salvo raras exceções (muito pontuais), o poder político, direta e
indiretamente, ora por razões economicistas, ora por razões ideológicas (ou ambas), não se limitou
a desconsiderar os professores, desrespeitou-os reiteradamente e apontou-lhes,
publicamente, o dedo da culpa pelo insucesso escolar. Do amplo leque, destaco algumas
evidências: a constante degradação da carreira (congelamentos e conversão de escalões); a
crescente precariedade laboral (nos vínculos, nas contratações…); a efetiva redução salarial; as
sucessivas alterações das normas de avaliação e dos conteúdos programáticos (frequentemente
no decorrer do ano letivo, sem ouvir os professores ou contra a sua opinião); o real aumento do
horário semanal de trabalho (quer na escola quer em casa); a progressiva instrumentalização dos
professores; a pérfida confusão entre atividades letivas e não letivas; a inibidora carga burocrática;
as constantes, circunstanciadas e individualizadas justificações que é preciso fornecer (quer por
motivos disciplinares quer na atribuição de níveis negativos); as frequentes e venenosas
declarações sobre a necessidade de melhorar a formação dos professores (especialmente
corrosivas quando feitas a propósito de resultados dos alunos). É um autêntico arraial de
chicotadas que vergam, descredibilizam e desautorizam publicamente os professores,
estimulando assim o recrudescer das más vontades, das desconfianças, das
desobediências… do desrespeito. E quando tudo se consubstancia na barbárie contra docentes…
só o granítico silêncio da tutela responde aos professores e à comunidade.
Duplamente entalados (entre Ministério da Educação e professores; entre professores e
encarregados de educação) os diretores escolares (salvo raras e louváveis exceções) encostam-
se invariavelmente ao lado mais forte: falam fininho para cima e grosso para baixo; dizem
“não”, por defeito, para dentro e “sim”, por feitio, para fora. Comprometidos, superiormente,
com determinadas metas e taxas; comprometidos com certos enlatados pedagógicos que
subscreveram (por crença e/ou a troco de reforço de meios), estão normalmente dispostos a fazer
o necessário para que os resultados numéricos beijem os objetivos subscritos: impõem as suas
ideiasem todos os órgãos e grupos disciplinares (incluindo as práticas pedagógicas), desvalorizam,
ignoram ou vetam o pensamento divergente. Face à crescente falta de empenho e de respeito
dos alunos e ao progressivo aumento da pressão dos encarregados de educação, não
hesitam (na maior parte dos casos) em fazer ceder os ex-colegas, seja em questões
disciplinares, seja no domínio da avaliação. Para a comunidade, passa a ideia (não descabida)
de que os professores são os elos mais fracos, que ninguém os defende e que muito boa gente
está mesmo disposta a expô-los à desautorização e à humilhação. Aos docentes, este contexto
provoca intimidação, medo e… silêncios, que não são completamente injustificados. Na verdade,
quando um dedo acusador entra na escola e aponta um professor, o visado, normalmente, fica só.
Na verdade, quando um troglodita qualquer invade o espaço escolar para esbofetear e pontapear
um professor diante dos seus alunos, o que se segue, muitas vezes, é o desfazer das verdadeiras
solidariedades geradas, o estigmatizar das vozes inconformadas que apelam à reação, a apologia
do sofrimento abafado, o esconjuro da má fama que a divulgação de tais atos, alegadamente,
acarreta… uma discreta participação, um cinzento e mui pachorrento processo disciplinar e…
toneladas de silêncio em decomposição.
No fundo da cadeia alimentar está aquele que deveria ser uma sólida referência para os alunos e
o braço direito dos encarregados de educação. Isolado, entalado por todos (frequentemente pelos
próprios alunos), reage da forma mais inadequada: teme, aceita, cala, age frequentemente
contra os seus princípios e ideias, e vai deixando cair, um atrás do outro, quase todos os
baluartes do respeito (dentro e fora da sala de aula), muitos baluartes da exigência académica,
muitos baluartes da consciência, do orgulho e do amor-próprio. Só isso justifica que o número de
participações e de sanções disciplinares não seja verdadeiramente aterrador. Os professores
estão em modo de sobrevivência, mas a ruir por dentro, o que é terrivelmente preocupante,
esmagador, visto que todos nós ensinamos muito mais o que somos do que o que sabemos.
É neste estranho campo que os alunos medram e aprendem a ser. Sem as devidas e benéficas
cumplicidades entre os adultos, sem firmes referências de postura e de autoridade, sem claros e
bem definidos limites, sem rigorosa exigência, sem verdadeiras consequências… alimentam a
boçalidade, o despropósito, a desconsideração, o desrespeito, o sentimento de impunidade, a falta
de ambição… E vão criando os seus próprios códigos de conduta, as suas próprias (i)moralidades,
as suas próprias intransigências, as suas autolegitimadas insubordinações… Nesta seara
negligenciada (que, dizem, prepara para a vida), é muito natural que o joio vença o trigo, que
a indisciplina, a violência e mesmo a criminalidade se normalizem e se vão tornando
progressivamente banais.
Esta espiral involutiva só poderá conhecer reversão quando as REFERÊNCIASse libertarem
do medo e decidirem, efetivamente, ocupar o lugar que é seu POR DIREITO E POR DEVER.
Luís Costa
BLOG Comregras 01.02.2017

Mais conteúdo relacionado

Destaque

Encuesta para medir los indices de investigación
Encuesta para medir los indices de investigaciónEncuesta para medir los indices de investigación
Encuesta para medir los indices de investigaciónjoel150211
 
The grocery excursion by Aidric, Cameron, Daniel
The grocery excursion by Aidric, Cameron, DanielThe grocery excursion by Aidric, Cameron, Daniel
The grocery excursion by Aidric, Cameron, Danielstudents14
 
The grocery excursion by Asia
The grocery excursion by AsiaThe grocery excursion by Asia
The grocery excursion by Asiastudents14
 
Panasonic fpx
Panasonic fpxPanasonic fpx
Panasonic fpxsteven qi
 
Arlington Heights, IL - Get ready to go Purple!
Arlington Heights, IL - Get ready to go Purple!Arlington Heights, IL - Get ready to go Purple!
Arlington Heights, IL - Get ready to go Purple!Purple Communications
 
2011 DFC Taiwan-CHI-000 未填寫成果呈交表
2011 DFC Taiwan-CHI-000 未填寫成果呈交表2011 DFC Taiwan-CHI-000 未填寫成果呈交表
2011 DFC Taiwan-CHI-000 未填寫成果呈交表Design For Change Taiwan
 
Un vol dans le journal
Un vol dans le journalUn vol dans le journal
Un vol dans le journaljamilepsi
 
CD cover research
CD cover researchCD cover research
CD cover researchShengw0ng
 
Unruly - NOAH13 London
Unruly - NOAH13 LondonUnruly - NOAH13 London
Unruly - NOAH13 LondonNOAH Advisors
 
Работа риэлтора на территории
Работа риэлтора на территорииРабота риэлтора на территории
Работа риэлтора на территорииАлександр Кузин
 
Matriz de valoración del portafolio interactivo digital (1)
Matriz de valoración del portafolio interactivo digital (1)Matriz de valoración del portafolio interactivo digital (1)
Matriz de valoración del portafolio interactivo digital (1)angellina331
 
Perfil dos alunos para o século XXI
Perfil dos alunos para o século XXI Perfil dos alunos para o século XXI
Perfil dos alunos para o século XXI pr_afsalbergaria
 
Como se educa sem violencia
Como se educa sem violenciaComo se educa sem violencia
Como se educa sem violenciapr_afsalbergaria
 
C1707 perfeitos como_o_pai
C1707  perfeitos como_o_paiC1707  perfeitos como_o_pai
C1707 perfeitos como_o_paipr_afsalbergaria
 
FICHA DE VISITA DE ESTUDIO
FICHA DE VISITA DE ESTUDIOFICHA DE VISITA DE ESTUDIO
FICHA DE VISITA DE ESTUDIOcepecole
 
Grupo de Trabalho para o desenvolvimento da Escola Inclusiva Despacho n.º 761...
Grupo de Trabalho para o desenvolvimento da Escola Inclusiva Despacho n.º 761...Grupo de Trabalho para o desenvolvimento da Escola Inclusiva Despacho n.º 761...
Grupo de Trabalho para o desenvolvimento da Escola Inclusiva Despacho n.º 761...Joaquim Colôa
 

Destaque (20)

Encuesta para medir los indices de investigación
Encuesta para medir los indices de investigaciónEncuesta para medir los indices de investigación
Encuesta para medir los indices de investigación
 
The grocery excursion by Aidric, Cameron, Daniel
The grocery excursion by Aidric, Cameron, DanielThe grocery excursion by Aidric, Cameron, Daniel
The grocery excursion by Aidric, Cameron, Daniel
 
The grocery excursion by Asia
The grocery excursion by AsiaThe grocery excursion by Asia
The grocery excursion by Asia
 
Presentation2
Presentation2Presentation2
Presentation2
 
Panasonic fpx
Panasonic fpxPanasonic fpx
Panasonic fpx
 
Arlington Heights, IL - Get ready to go Purple!
Arlington Heights, IL - Get ready to go Purple!Arlington Heights, IL - Get ready to go Purple!
Arlington Heights, IL - Get ready to go Purple!
 
2011 DFC Taiwan-CHI-000 未填寫成果呈交表
2011 DFC Taiwan-CHI-000 未填寫成果呈交表2011 DFC Taiwan-CHI-000 未填寫成果呈交表
2011 DFC Taiwan-CHI-000 未填寫成果呈交表
 
Un vol dans le journal
Un vol dans le journalUn vol dans le journal
Un vol dans le journal
 
CD cover research
CD cover researchCD cover research
CD cover research
 
Unruly - NOAH13 London
Unruly - NOAH13 LondonUnruly - NOAH13 London
Unruly - NOAH13 London
 
Работа риэлтора на территории
Работа риэлтора на территорииРабота риэлтора на территории
Работа риэлтора на территории
 
Matriz de valoración del portafolio interactivo digital (1)
Matriz de valoración del portafolio interactivo digital (1)Matriz de valoración del portafolio interactivo digital (1)
Matriz de valoración del portafolio interactivo digital (1)
 
Perfil dos alunos para o século XXI
Perfil dos alunos para o século XXI Perfil dos alunos para o século XXI
Perfil dos alunos para o século XXI
 
Закарпатська кухня
Закарпатська кухняЗакарпатська кухня
Закарпатська кухня
 
ELECCIÓN RACIONAL
ELECCIÓN RACIONALELECCIÓN RACIONAL
ELECCIÓN RACIONAL
 
Como se educa sem violencia
Como se educa sem violenciaComo se educa sem violencia
Como se educa sem violencia
 
C1707 perfeitos como_o_pai
C1707  perfeitos como_o_paiC1707  perfeitos como_o_pai
C1707 perfeitos como_o_pai
 
FICHA DE VISITA DE ESTUDIO
FICHA DE VISITA DE ESTUDIOFICHA DE VISITA DE ESTUDIO
FICHA DE VISITA DE ESTUDIO
 
EC 512: Hospital El Carmen
EC 512: Hospital El CarmenEC 512: Hospital El Carmen
EC 512: Hospital El Carmen
 
Grupo de Trabalho para o desenvolvimento da Escola Inclusiva Despacho n.º 761...
Grupo de Trabalho para o desenvolvimento da Escola Inclusiva Despacho n.º 761...Grupo de Trabalho para o desenvolvimento da Escola Inclusiva Despacho n.º 761...
Grupo de Trabalho para o desenvolvimento da Escola Inclusiva Despacho n.º 761...
 

Semelhante a Síndrome da indisciplina e da violência aprendidas

Introdução à Comunicação Não Violenta Na Escola
Introdução à Comunicação Não Violenta Na EscolaIntrodução à Comunicação Não Violenta Na Escola
Introdução à Comunicação Não Violenta Na EscolaJosé Paulo Santos
 
Ver e Viver Indisciplina _MariaCéuRibeiro.pdf
Ver e Viver Indisciplina _MariaCéuRibeiro.pdfVer e Viver Indisciplina _MariaCéuRibeiro.pdf
Ver e Viver Indisciplina _MariaCéuRibeiro.pdfJoana Faria
 
Psicologia da educação
Psicologia da educação Psicologia da educação
Psicologia da educação DINODIAS1963
 
Indisciplina-escolar.pptx
Indisciplina-escolar.pptxIndisciplina-escolar.pptx
Indisciplina-escolar.pptxJoana Faria
 
Disciplina: construção da disciplina consciente e interativa em sala de aula ...
Disciplina: construção da disciplina consciente e interativa em sala de aula ...Disciplina: construção da disciplina consciente e interativa em sala de aula ...
Disciplina: construção da disciplina consciente e interativa em sala de aula ...primeiraopcao
 
Trabalho seminário temático i
Trabalho seminário temático iTrabalho seminário temático i
Trabalho seminário temático iDeyse da Silva
 
Metodologia do grupo de aprendizagem cooperativa no projeto chega de bullying
Metodologia do grupo de aprendizagem cooperativa no projeto chega de bullyingMetodologia do grupo de aprendizagem cooperativa no projeto chega de bullying
Metodologia do grupo de aprendizagem cooperativa no projeto chega de bullyingSimoneHelenDrumond
 
São vários os problemas que se perpetuam e se intensificam nesse novo milênio
São vários os problemas que se perpetuam e se intensificam nesse novo milênioSão vários os problemas que se perpetuam e se intensificam nesse novo milênio
São vários os problemas que se perpetuam e se intensificam nesse novo milênioTania Braga
 
Parte I – A escola, o Conselho Escolar e o processo de formação humana
Parte I – A escola, o Conselho Escolar e o processo de formação humanaParte I – A escola, o Conselho Escolar e o processo de formação humana
Parte I – A escola, o Conselho Escolar e o processo de formação humanaUFBA
 
Sessão de formação - gestão de conflitos: dinâmicas de grupo - I
Sessão de formação - gestão de conflitos: dinâmicas de grupo - ISessão de formação - gestão de conflitos: dinâmicas de grupo - I
Sessão de formação - gestão de conflitos: dinâmicas de grupo - ICristina Couto Varela
 
Apresentacao bullying (1)
Apresentacao bullying (1)Apresentacao bullying (1)
Apresentacao bullying (1)LucasDantas98
 
Questão Social - Causas da Violência na Escola
Questão Social - Causas da Violência na EscolaQuestão Social - Causas da Violência na Escola
Questão Social - Causas da Violência na EscolaCarol Alves
 
A Indisciplina na Sala de Aula
A Indisciplina na Sala de AulaA Indisciplina na Sala de Aula
A Indisciplina na Sala de AulaJosé Vaz
 

Semelhante a Síndrome da indisciplina e da violência aprendidas (20)

Introdução à Comunicação Não Violenta Na Escola
Introdução à Comunicação Não Violenta Na EscolaIntrodução à Comunicação Não Violenta Na Escola
Introdução à Comunicação Não Violenta Na Escola
 
Ver e Viver Indisciplina _MariaCéuRibeiro.pdf
Ver e Viver Indisciplina _MariaCéuRibeiro.pdfVer e Viver Indisciplina _MariaCéuRibeiro.pdf
Ver e Viver Indisciplina _MariaCéuRibeiro.pdf
 
Psicologia da educação
Psicologia da educação Psicologia da educação
Psicologia da educação
 
Indisciplina-escolar.pptx
Indisciplina-escolar.pptxIndisciplina-escolar.pptx
Indisciplina-escolar.pptx
 
Disciplina: construção da disciplina consciente e interativa em sala de aula ...
Disciplina: construção da disciplina consciente e interativa em sala de aula ...Disciplina: construção da disciplina consciente e interativa em sala de aula ...
Disciplina: construção da disciplina consciente e interativa em sala de aula ...
 
Trabalho seminário temático i
Trabalho seminário temático iTrabalho seminário temático i
Trabalho seminário temático i
 
Indisciplina escolar
Indisciplina escolarIndisciplina escolar
Indisciplina escolar
 
Tcc cristiane
Tcc cristianeTcc cristiane
Tcc cristiane
 
Metodologia do grupo de aprendizagem cooperativa no projeto chega de bullying
Metodologia do grupo de aprendizagem cooperativa no projeto chega de bullyingMetodologia do grupo de aprendizagem cooperativa no projeto chega de bullying
Metodologia do grupo de aprendizagem cooperativa no projeto chega de bullying
 
São vários os problemas que se perpetuam e se intensificam nesse novo milênio
São vários os problemas que se perpetuam e se intensificam nesse novo milênioSão vários os problemas que se perpetuam e se intensificam nesse novo milênio
São vários os problemas que se perpetuam e se intensificam nesse novo milênio
 
Bullying na Escola
Bullying na EscolaBullying na Escola
Bullying na Escola
 
Parte I – A escola, o Conselho Escolar e o processo de formação humana
Parte I – A escola, o Conselho Escolar e o processo de formação humanaParte I – A escola, o Conselho Escolar e o processo de formação humana
Parte I – A escola, o Conselho Escolar e o processo de formação humana
 
INDISCIPLINA
INDISCIPLINAINDISCIPLINA
INDISCIPLINA
 
Sessão de formação - gestão de conflitos: dinâmicas de grupo - I
Sessão de formação - gestão de conflitos: dinâmicas de grupo - ISessão de formação - gestão de conflitos: dinâmicas de grupo - I
Sessão de formação - gestão de conflitos: dinâmicas de grupo - I
 
"Pág1": Das turmas...
"Pág1": Das turmas..."Pág1": Das turmas...
"Pág1": Das turmas...
 
O insucesso escolar
O insucesso escolarO insucesso escolar
O insucesso escolar
 
Apresentacao bullying (1)
Apresentacao bullying (1)Apresentacao bullying (1)
Apresentacao bullying (1)
 
Questão Social - Causas da Violência na Escola
Questão Social - Causas da Violência na EscolaQuestão Social - Causas da Violência na Escola
Questão Social - Causas da Violência na Escola
 
Cópia de projeto bullying na escola em rede
Cópia de projeto bullying na escola em redeCópia de projeto bullying na escola em rede
Cópia de projeto bullying na escola em rede
 
A Indisciplina na Sala de Aula
A Indisciplina na Sala de AulaA Indisciplina na Sala de Aula
A Indisciplina na Sala de Aula
 

Mais de pr_afsalbergaria (20)

Cesar e Deus
Cesar e DeusCesar e Deus
Cesar e Deus
 
A Vinha do Senhor
A Vinha do SenhorA Vinha do Senhor
A Vinha do Senhor
 
O Caminho da Cruz
O Caminho da CruzO Caminho da Cruz
O Caminho da Cruz
 
Tu és Pedro
Tu és PedroTu és Pedro
Tu és Pedro
 
Coragem sou Eu
Coragem sou EuCoragem sou Eu
Coragem sou Eu
 
O meu avô
O meu avôO meu avô
O meu avô
 
Joio e Trigo
Joio e TrigoJoio e Trigo
Joio e Trigo
 
O Semeador
O SemeadorO Semeador
O Semeador
 
Sim Pai
Sim PaiSim Pai
Sim Pai
 
Pedro e Paulo
Pedro e PauloPedro e Paulo
Pedro e Paulo
 
O Medo
O MedoO Medo
O Medo
 
A Messe
A MesseA Messe
A Messe
 
Solenidade da Santíssima Trindade
Solenidade da Santíssima TrindadeSolenidade da Santíssima Trindade
Solenidade da Santíssima Trindade
 
Pentecostes
PentecostesPentecostes
Pentecostes
 
Ascensão
AscensãoAscensão
Ascensão
 
Caminho, Verdade e Vida
Caminho, Verdade e VidaCaminho, Verdade e Vida
Caminho, Verdade e Vida
 
Fica conosco
Fica conoscoFica conosco
Fica conosco
 
A Comunidade
A ComunidadeA Comunidade
A Comunidade
 
Ressuscitou
RessuscitouRessuscitou
Ressuscitou
 
Ramos
RamosRamos
Ramos
 

Último

Bloco de português com artigo de opinião 8º A, B 3.docx
Bloco de português com artigo de opinião 8º A, B 3.docxBloco de português com artigo de opinião 8º A, B 3.docx
Bloco de português com artigo de opinião 8º A, B 3.docxkellyneamaral
 
ENSINO RELIGIOSO 7º ANO INOVE NA ESCOLA.pdf
ENSINO RELIGIOSO 7º ANO INOVE NA ESCOLA.pdfENSINO RELIGIOSO 7º ANO INOVE NA ESCOLA.pdf
ENSINO RELIGIOSO 7º ANO INOVE NA ESCOLA.pdfLeloIurk1
 
o ciclo do contato Jorge Ponciano Ribeiro.pdf
o ciclo do contato Jorge Ponciano Ribeiro.pdfo ciclo do contato Jorge Ponciano Ribeiro.pdf
o ciclo do contato Jorge Ponciano Ribeiro.pdfCamillaBrito19
 
Dicionário de Genealogia, autor Gilber Rubim Rangel
Dicionário de Genealogia, autor Gilber Rubim RangelDicionário de Genealogia, autor Gilber Rubim Rangel
Dicionário de Genealogia, autor Gilber Rubim RangelGilber Rubim Rangel
 
Discurso Direto, Indireto e Indireto Livre.pptx
Discurso Direto, Indireto e Indireto Livre.pptxDiscurso Direto, Indireto e Indireto Livre.pptx
Discurso Direto, Indireto e Indireto Livre.pptxferreirapriscilla84
 
PROJETO DE EXTENSÃO I - Radiologia Tecnologia
PROJETO DE EXTENSÃO I - Radiologia TecnologiaPROJETO DE EXTENSÃO I - Radiologia Tecnologia
PROJETO DE EXTENSÃO I - Radiologia TecnologiaHELENO FAVACHO
 
Teoria heterotrófica e autotrófica dos primeiros seres vivos..pptx
Teoria heterotrófica e autotrófica dos primeiros seres vivos..pptxTeoria heterotrófica e autotrófica dos primeiros seres vivos..pptx
Teoria heterotrófica e autotrófica dos primeiros seres vivos..pptxTailsonSantos1
 
Slides Lição 5, Betel, Ordenança para uma vida de vigilância e oração, 2Tr24....
Slides Lição 5, Betel, Ordenança para uma vida de vigilância e oração, 2Tr24....Slides Lição 5, Betel, Ordenança para uma vida de vigilância e oração, 2Tr24....
Slides Lição 5, Betel, Ordenança para uma vida de vigilância e oração, 2Tr24....LuizHenriquedeAlmeid6
 
Atividade - Letra da música Esperando na Janela.
Atividade -  Letra da música Esperando na Janela.Atividade -  Letra da música Esperando na Janela.
Atividade - Letra da música Esperando na Janela.Mary Alvarenga
 
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...azulassessoria9
 
2° ANO - ENSINO FUNDAMENTAL ENSINO RELIGIOSO
2° ANO - ENSINO FUNDAMENTAL ENSINO RELIGIOSO2° ANO - ENSINO FUNDAMENTAL ENSINO RELIGIOSO
2° ANO - ENSINO FUNDAMENTAL ENSINO RELIGIOSOLeloIurk1
 
A QUATRO MÃOS - MARILDA CASTANHA . pdf
A QUATRO MÃOS  -  MARILDA CASTANHA . pdfA QUATRO MÃOS  -  MARILDA CASTANHA . pdf
A QUATRO MÃOS - MARILDA CASTANHA . pdfAna Lemos
 
Construção (C)erta - Nós Propomos! Sertã
Construção (C)erta - Nós Propomos! SertãConstrução (C)erta - Nós Propomos! Sertã
Construção (C)erta - Nós Propomos! SertãIlda Bicacro
 
Slides Lição 6, CPAD, As Nossas Armas Espirituais, 2Tr24.pptx
Slides Lição 6, CPAD, As Nossas Armas Espirituais, 2Tr24.pptxSlides Lição 6, CPAD, As Nossas Armas Espirituais, 2Tr24.pptx
Slides Lição 6, CPAD, As Nossas Armas Espirituais, 2Tr24.pptxLuizHenriquedeAlmeid6
 
apostila projeto de vida 2 ano ensino médio
apostila projeto de vida 2 ano ensino médioapostila projeto de vida 2 ano ensino médio
apostila projeto de vida 2 ano ensino médiorosenilrucks
 
DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...
DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...
DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...IsabelPereira2010
 
Análise poema país de abril (Mauel alegre)
Análise poema país de abril (Mauel alegre)Análise poema país de abril (Mauel alegre)
Análise poema país de abril (Mauel alegre)ElliotFerreira
 
PROJETO DE EXTENSÃO I - SERVIÇOS JURÍDICOS, CARTORÁRIOS E NOTARIAIS.pdf
PROJETO DE EXTENSÃO I - SERVIÇOS JURÍDICOS, CARTORÁRIOS E NOTARIAIS.pdfPROJETO DE EXTENSÃO I - SERVIÇOS JURÍDICOS, CARTORÁRIOS E NOTARIAIS.pdf
PROJETO DE EXTENSÃO I - SERVIÇOS JURÍDICOS, CARTORÁRIOS E NOTARIAIS.pdfHELENO FAVACHO
 
Currículo - Ícaro Kleisson - Tutor acadêmico.pdf
Currículo - Ícaro Kleisson - Tutor acadêmico.pdfCurrículo - Ícaro Kleisson - Tutor acadêmico.pdf
Currículo - Ícaro Kleisson - Tutor acadêmico.pdfTutor de matemática Ícaro
 

Último (20)

Bloco de português com artigo de opinião 8º A, B 3.docx
Bloco de português com artigo de opinião 8º A, B 3.docxBloco de português com artigo de opinião 8º A, B 3.docx
Bloco de português com artigo de opinião 8º A, B 3.docx
 
ENSINO RELIGIOSO 7º ANO INOVE NA ESCOLA.pdf
ENSINO RELIGIOSO 7º ANO INOVE NA ESCOLA.pdfENSINO RELIGIOSO 7º ANO INOVE NA ESCOLA.pdf
ENSINO RELIGIOSO 7º ANO INOVE NA ESCOLA.pdf
 
o ciclo do contato Jorge Ponciano Ribeiro.pdf
o ciclo do contato Jorge Ponciano Ribeiro.pdfo ciclo do contato Jorge Ponciano Ribeiro.pdf
o ciclo do contato Jorge Ponciano Ribeiro.pdf
 
Aula sobre o Imperialismo Europeu no século XIX
Aula sobre o Imperialismo Europeu no século XIXAula sobre o Imperialismo Europeu no século XIX
Aula sobre o Imperialismo Europeu no século XIX
 
Dicionário de Genealogia, autor Gilber Rubim Rangel
Dicionário de Genealogia, autor Gilber Rubim RangelDicionário de Genealogia, autor Gilber Rubim Rangel
Dicionário de Genealogia, autor Gilber Rubim Rangel
 
Discurso Direto, Indireto e Indireto Livre.pptx
Discurso Direto, Indireto e Indireto Livre.pptxDiscurso Direto, Indireto e Indireto Livre.pptx
Discurso Direto, Indireto e Indireto Livre.pptx
 
PROJETO DE EXTENSÃO I - Radiologia Tecnologia
PROJETO DE EXTENSÃO I - Radiologia TecnologiaPROJETO DE EXTENSÃO I - Radiologia Tecnologia
PROJETO DE EXTENSÃO I - Radiologia Tecnologia
 
Teoria heterotrófica e autotrófica dos primeiros seres vivos..pptx
Teoria heterotrófica e autotrófica dos primeiros seres vivos..pptxTeoria heterotrófica e autotrófica dos primeiros seres vivos..pptx
Teoria heterotrófica e autotrófica dos primeiros seres vivos..pptx
 
Slides Lição 5, Betel, Ordenança para uma vida de vigilância e oração, 2Tr24....
Slides Lição 5, Betel, Ordenança para uma vida de vigilância e oração, 2Tr24....Slides Lição 5, Betel, Ordenança para uma vida de vigilância e oração, 2Tr24....
Slides Lição 5, Betel, Ordenança para uma vida de vigilância e oração, 2Tr24....
 
Atividade - Letra da música Esperando na Janela.
Atividade -  Letra da música Esperando na Janela.Atividade -  Letra da música Esperando na Janela.
Atividade - Letra da música Esperando na Janela.
 
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
 
2° ANO - ENSINO FUNDAMENTAL ENSINO RELIGIOSO
2° ANO - ENSINO FUNDAMENTAL ENSINO RELIGIOSO2° ANO - ENSINO FUNDAMENTAL ENSINO RELIGIOSO
2° ANO - ENSINO FUNDAMENTAL ENSINO RELIGIOSO
 
A QUATRO MÃOS - MARILDA CASTANHA . pdf
A QUATRO MÃOS  -  MARILDA CASTANHA . pdfA QUATRO MÃOS  -  MARILDA CASTANHA . pdf
A QUATRO MÃOS - MARILDA CASTANHA . pdf
 
Construção (C)erta - Nós Propomos! Sertã
Construção (C)erta - Nós Propomos! SertãConstrução (C)erta - Nós Propomos! Sertã
Construção (C)erta - Nós Propomos! Sertã
 
Slides Lição 6, CPAD, As Nossas Armas Espirituais, 2Tr24.pptx
Slides Lição 6, CPAD, As Nossas Armas Espirituais, 2Tr24.pptxSlides Lição 6, CPAD, As Nossas Armas Espirituais, 2Tr24.pptx
Slides Lição 6, CPAD, As Nossas Armas Espirituais, 2Tr24.pptx
 
apostila projeto de vida 2 ano ensino médio
apostila projeto de vida 2 ano ensino médioapostila projeto de vida 2 ano ensino médio
apostila projeto de vida 2 ano ensino médio
 
DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...
DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...
DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...
 
Análise poema país de abril (Mauel alegre)
Análise poema país de abril (Mauel alegre)Análise poema país de abril (Mauel alegre)
Análise poema país de abril (Mauel alegre)
 
PROJETO DE EXTENSÃO I - SERVIÇOS JURÍDICOS, CARTORÁRIOS E NOTARIAIS.pdf
PROJETO DE EXTENSÃO I - SERVIÇOS JURÍDICOS, CARTORÁRIOS E NOTARIAIS.pdfPROJETO DE EXTENSÃO I - SERVIÇOS JURÍDICOS, CARTORÁRIOS E NOTARIAIS.pdf
PROJETO DE EXTENSÃO I - SERVIÇOS JURÍDICOS, CARTORÁRIOS E NOTARIAIS.pdf
 
Currículo - Ícaro Kleisson - Tutor acadêmico.pdf
Currículo - Ícaro Kleisson - Tutor acadêmico.pdfCurrículo - Ícaro Kleisson - Tutor acadêmico.pdf
Currículo - Ícaro Kleisson - Tutor acadêmico.pdf
 

Síndrome da indisciplina e da violência aprendidas

  • 1. Síndrome da Indisciplina e da Violência Aprendidas 1 1 Fev, 2017 Da desconsideração e da falta de respeito à violência o caminho não é longo nem demorado. Em Portugal, foi percorrido num ápice. Da política educativa à prática pedagógica, não esquecendo o fulcral nível da gestão escolar, é vastíssimo o grupo daqueles que, generosamente, têm contribuído para a celeridade deste vergonhoso retrocesso civilizacional. Ao longo da última década, salvo raras exceções (muito pontuais), o poder político, direta e indiretamente, ora por razões economicistas, ora por razões ideológicas (ou ambas), não se limitou a desconsiderar os professores, desrespeitou-os reiteradamente e apontou-lhes, publicamente, o dedo da culpa pelo insucesso escolar. Do amplo leque, destaco algumas evidências: a constante degradação da carreira (congelamentos e conversão de escalões); a crescente precariedade laboral (nos vínculos, nas contratações…); a efetiva redução salarial; as sucessivas alterações das normas de avaliação e dos conteúdos programáticos (frequentemente no decorrer do ano letivo, sem ouvir os professores ou contra a sua opinião); o real aumento do horário semanal de trabalho (quer na escola quer em casa); a progressiva instrumentalização dos professores; a pérfida confusão entre atividades letivas e não letivas; a inibidora carga burocrática; as constantes, circunstanciadas e individualizadas justificações que é preciso fornecer (quer por motivos disciplinares quer na atribuição de níveis negativos); as frequentes e venenosas declarações sobre a necessidade de melhorar a formação dos professores (especialmente corrosivas quando feitas a propósito de resultados dos alunos). É um autêntico arraial de chicotadas que vergam, descredibilizam e desautorizam publicamente os professores, estimulando assim o recrudescer das más vontades, das desconfianças, das desobediências… do desrespeito. E quando tudo se consubstancia na barbárie contra docentes… só o granítico silêncio da tutela responde aos professores e à comunidade. Duplamente entalados (entre Ministério da Educação e professores; entre professores e encarregados de educação) os diretores escolares (salvo raras e louváveis exceções) encostam- se invariavelmente ao lado mais forte: falam fininho para cima e grosso para baixo; dizem “não”, por defeito, para dentro e “sim”, por feitio, para fora. Comprometidos, superiormente, com determinadas metas e taxas; comprometidos com certos enlatados pedagógicos que subscreveram (por crença e/ou a troco de reforço de meios), estão normalmente dispostos a fazer o necessário para que os resultados numéricos beijem os objetivos subscritos: impõem as suas ideiasem todos os órgãos e grupos disciplinares (incluindo as práticas pedagógicas), desvalorizam, ignoram ou vetam o pensamento divergente. Face à crescente falta de empenho e de respeito dos alunos e ao progressivo aumento da pressão dos encarregados de educação, não hesitam (na maior parte dos casos) em fazer ceder os ex-colegas, seja em questões disciplinares, seja no domínio da avaliação. Para a comunidade, passa a ideia (não descabida) de que os professores são os elos mais fracos, que ninguém os defende e que muito boa gente está mesmo disposta a expô-los à desautorização e à humilhação. Aos docentes, este contexto provoca intimidação, medo e… silêncios, que não são completamente injustificados. Na verdade, quando um dedo acusador entra na escola e aponta um professor, o visado, normalmente, fica só. Na verdade, quando um troglodita qualquer invade o espaço escolar para esbofetear e pontapear um professor diante dos seus alunos, o que se segue, muitas vezes, é o desfazer das verdadeiras solidariedades geradas, o estigmatizar das vozes inconformadas que apelam à reação, a apologia do sofrimento abafado, o esconjuro da má fama que a divulgação de tais atos, alegadamente,
  • 2. acarreta… uma discreta participação, um cinzento e mui pachorrento processo disciplinar e… toneladas de silêncio em decomposição. No fundo da cadeia alimentar está aquele que deveria ser uma sólida referência para os alunos e o braço direito dos encarregados de educação. Isolado, entalado por todos (frequentemente pelos próprios alunos), reage da forma mais inadequada: teme, aceita, cala, age frequentemente contra os seus princípios e ideias, e vai deixando cair, um atrás do outro, quase todos os baluartes do respeito (dentro e fora da sala de aula), muitos baluartes da exigência académica, muitos baluartes da consciência, do orgulho e do amor-próprio. Só isso justifica que o número de participações e de sanções disciplinares não seja verdadeiramente aterrador. Os professores estão em modo de sobrevivência, mas a ruir por dentro, o que é terrivelmente preocupante, esmagador, visto que todos nós ensinamos muito mais o que somos do que o que sabemos. É neste estranho campo que os alunos medram e aprendem a ser. Sem as devidas e benéficas cumplicidades entre os adultos, sem firmes referências de postura e de autoridade, sem claros e bem definidos limites, sem rigorosa exigência, sem verdadeiras consequências… alimentam a boçalidade, o despropósito, a desconsideração, o desrespeito, o sentimento de impunidade, a falta de ambição… E vão criando os seus próprios códigos de conduta, as suas próprias (i)moralidades, as suas próprias intransigências, as suas autolegitimadas insubordinações… Nesta seara negligenciada (que, dizem, prepara para a vida), é muito natural que o joio vença o trigo, que a indisciplina, a violência e mesmo a criminalidade se normalizem e se vão tornando progressivamente banais. Esta espiral involutiva só poderá conhecer reversão quando as REFERÊNCIASse libertarem do medo e decidirem, efetivamente, ocupar o lugar que é seu POR DIREITO E POR DEVER. Luís Costa BLOG Comregras 01.02.2017