O documento descreve a origem e os fundamentos do movimento religioso Quaker, fundado por George Fox na Inglaterra do século XVII. Os Quakers acreditavam na "luz interior" e na revelação direta de Deus, recusando rituais e hierarquias. Posteriormente, muitos Quakers migraram para a Pensilvânia fundada por William Penn, onde prosperaram. O documento também menciona grupos religiosos similares como os Shakers.
1. Osvaldo Camargo Bräscher – Blog da Revista Espírita Roteiro de Luz Página 1
Os Quakers
O criador do movimento religioso
Quaker foi o sapateiro George Fox,
que em 1647, aos 19 anos de
idade, rebelando-se contra o uso
do álcool pelos comensais de uma
festa em Pendle Hill, Inglaterra,
abandona a festa e volta para casa.
Tendo passado a noite sem dormir
tem uma visão espiritual que lhe
diz: – “Vês como os homens jovens
caminham juntos na vaidade. Pois
tu deves abandonar tudo, jovens e
velhos, e manter-te fora de tudo,
mesmo que te tornes um estranho
para todos”. (fonte: A autobiografia de
George Fox) George Fox vai à Igreja Anglicana e não tira o chapéu
Buscando compreender a origem de sua visão e o significado do que ouviu,
George Fox procurou o conselho de professores religiosos em várias localidades
ingleses, mas estes lhe deram conselhos que ele não quis seguir: cante salmos,
case-se, mas nada disso lhe pareceu adequado. Ele resolveu aceitar o conselho das
vozes como revelações que denominou de luz interior. Convenceu seus amigos a
terem fé na ideia de que a luz interior pode ser alcançada por qualquer um,
significando que Deus pode falar diretamente com qualquer pessoa.
Denominações do movimento quaker
Baseando-se no Evangelho de João 15, 14:
“Vóis sois meus amigos, se fazeis o que vos
mando”, adotaram o nome de Amigos da Verdade
e finalmente Sociedade Religiosa dos Amigos. Os
profitentes da nova crença rezavam com fervor
até o ponto de entrarem em transe e tremerem
descontroladamente e por isso foram apelidados
de quakers, que em Inglês significa pessoa que
treme. Inicialmente George Fox rejeitou reunir a
congregação de quakers em templos, mas as
insistências dos profitentes o fez reunir o grande
número de adeptos em congregações. Os quakers
não aceitavam participar de guerras e não
utilizavam armas nem para se defender.
Convencidos de desligarem-se das coisas do
mundo, chegaram ao exagero de não cultuar a
arte, a música e o teatro e não permitiam-se
praticar esportes ou dançar, considerando todas
estas coisas indignas da gravidade de um cristão. Em outras demonstrações de
modo diferente de viver a vida, os quakers se tornaram pioneiros em cuidar dos
pobres e dos idosos e também de presos acometidos de loucura.
Reunião dos Quakers
The Granger Collection, New York
2. Osvaldo Camargo Bräscher – Blog da Revista Espírita Roteiro de Luz Página 2
No início de 1980 eles estavam distribuídos em cerca de 30 países. O maior
número de Amigos está nos EUA, onde, de acordo com as últimas estatísticas
disponíveis, a sociedade tinha cerca de 1.100 congregações com cerca de 117.000
membros e apenas 18.000 na Grã-Bretanha que é a região onde surgiram. Desde
1917 existe nos Estados Unidos um Comitê de Serviço dos Amigos Americanos
(American Friend’s Service Committe) que oferece ajuda a necessitados dos
Estados Unidos e de países do Terceiro Mundo. No ano de 1947 essa organização
quaker de ajuda humanitária e militância pacifista foi laureada com o Prêmio
Nobel da Paz.
A luz interior e o Espiritismo
O Espiritismo, através do médium espírita Francisco Cândido Xavier registrará,
trezentos anos depois de George Fox criar o grupo dos Quakers, a existência da luz
de Deus está presente no nosso íntimo:
A aquisição do conhecimento espiritual, com a perfeita noção de nossos deveres,
desperta em nosso íntimo a centelha do espírito divino, que se encontra no âmago
de todas as criaturas. Nesse instante, descerra-se à nossa visão profunda o
santuário da luz de Deus, dentro de nós mesmos, consolidando e orientando as
nossas mais legítimas noções de responsabilidade na vida. (Consolador, Emmanuel,
psicografia de Francisco Cândido Xavier, Editora FEB, 1941, questão 303)
Migração dos quakers para os Estados Unidos
A Pensilvânia foi fundada pelo
quaker William Penn e tornou-se
um refúgio para quakers
perseguidos. Os quakers se
tornaram amigos dos índios e em
1787 nenhum membro das
comunidades quaker tinha
qualquer tipo de escravo, embora
ainda imperasse na América do
Norte o regime de escravatura. Seus
descendentes terão importante
participação futura nos eventos
relativos à Família Fox. Desde 1917
existe nos Estados Unidos um
Comitê de Serviço dos Amigos
Americanos (American Friend’s
Service Committe) que oferece
ajuda a necessitados dos Estados Unidos e de países do Terceiro Mundo. No ano de
1947 essa organização quaker de ajuda humanitária e militância pacifista foi
laureada com o Prêmio Nobel da Paz. Atualmente estão distribuídos em 30 países.
William Penn faz tratado com os índios
norteamericanos em 1681
3. Osvaldo Camargo Bräscher – Blog da Revista Espírita Roteiro de Luz Página 3
Fundamentos religiosos do Quakerismo
Em 13 de janeiro de 1691 estabeleceu-se, a lista de princípios definidores do
Quacrismo:
A revelação divina é imediata e individual, através de uma luz interior
Qualquer pessoa pode ser utilizada por Deus sem que seja necessário
pertencer a um credo formal
Todos devem ser bondosos porque existe algo de Deus em todos nós
A maldade é humana e deve ser erradicada
A vida de um quaker deve estar de acordo com os princípios cristãos
Deve existir simplicidade no vestir e no falar e deve ser abolido o luxo
Não deve existir distinção entre gêneros, ou seja, mulher e homem tem
iguais capacidades
As reuniões religiosas dos quakers não podem ter sermão, nem liturgia,
nem ritos, nem programa preestabelecido pois a crença é completamente
espiritual.
O símbolo da Aveia Quaker
A empresa Quaker Mill Company foi criada
em 1877 por Ferdinand Schumacher,
Henry Parsons Crowell e Robert Stuart. O
primeiro logotipo das caixas de aveia
traziam o fundador da Pensilvânia, William
Penn, desenhado de corpo inteiro.
Em 1957 a empresa Quaker Oats, admitindo não ter
nenhum vínculo com o movimento religioso dos
Quakers, fez algumas mudanças no logotipo e
resolveu dar-lhe o nome de Larry, desta forma
buscando afastar complicações que poderiam advir
da utilização do nome de William Penn.
Logotipo baseado em William Penn
4. Osvaldo Camargo Bräscher – Blog da Revista Espírita Roteiro de Luz Página 4
OS PROFETAS FRANCESES
Em 1685 o Rei Louis XIV da
França ordena a destruição de
igrejas e o fechamento das
escolas protestantes, após a
revogar a proteção que concedia
liberdade de crença aos
huguenotes. A grande população
rural, de maioria protestante,
sentindo-se abandonada em sua
fé sofre ainda o assédio da
população católica que inicia
uma perseguição contra os
protestantes. Quinhentos jovens
das comunidades rurais passam
a considerar-se inspirados por um Santo Espírito e conclamam o povo a abandonar
o Catolicismo. Fazem previsões de que o mundo vai acabar. Esses jovens profetas
anunciam: "Arrependei-vos, não vão assistir à missa, renunciem à idolatria de
imagens. Arrependam-se e deixem de ser católicos romanos, porque o fim da Igreja
Católica Romana está perto". Os profetas franceses eram também chamados de
camisards por vestirem uma camisa branca. Em suas preleções, costumavam
entrar em transe e ter convulsões. Iniciam-se combates nas regiões montanhosas
entre católicos e protestantes. O exército intervém. Em duas décadas abandonam a
França entre 200 mil e 500 mil protestantes exilados para as Colônias americanas,
ou fugidos para a Inglaterra, África do Sul e Dinamarca.
A respeito dos perigos da mediunidade, Allan Kardec assevera:
“O perigo está na orgulhosa propensão de certos médiuns, que acreditam ser,
levianamente, instrumentos exclusivos dos Espíritos superiores, e na espécie de
fascinação que não lhes permite compreender as bobagens de que são intérpretes.”
(O Livro dos Médiuns, Allan Kardec, item 244)
O Livro dos Espíritos, questão 482. Como é que sucede estender-se subitamente a
toda uma população o estado anormal dos convulsionários e dos que sofrem de
crises nervosas?
”Efeito de simpatia. As disposições morais se comunicam mui facilmente, em
certos casos. Entre as singulares faculdades que se notam nos convulsionários,
algumas facilmente se reconhecem, de que numerosos exemplos oferecem o
sonambulismo e o magnetismo, tais como, além de outras, a insensibilidade física,
a leitura do pensamento, a transmissão das dores, por simpatia etc. Não há, pois,
duvidar de que aqueles em quem tais crises se manifestam estejam numa espécie
de sonambulismo desperto, provocado pela influência que exercem uns sobre os
outros. Eles são ao mesmo tempo magnetizadores e magnetizados,
inconscientemente.”
5. Osvaldo Camargo Bräscher – Blog da Revista Espírita Roteiro de Luz Página 5
__________________________________________________________________________
OS SHAKERS Da França, cinco profetas camisards fogem das perseguições
contra os protestantes e internam-se na Inglaterra no ano de 1706, misturando-se
com os quakers ingleses. A chegada dos convulsionários franceses reaviva o
movimento quaker e em 1747
surge um novo grupo de religiosos
tremedores na Inglaterra Ann Lee:
os shakers. Eles não apenas
tremiam durante o transe
mediúnico, mas entravam em
convulsão. Shakers em Inglês
significa sacudidor, convulsionário.
Uma vez transferidos para as
colônias norte-americanas, os
shakers progrediram em número fazendo conversões e adotando crianças órfãs. As
comunidades shakers instalaram-se em áreas rurais, aonde dedicavam-se ao
trabalho agrícola e uso em comum de seus recursos.
O escritor Arthur Conan Doyle
afirma sobre a presença dos
Shakers nos Estados Unidos:
“Em 1837, existiam sessenta
dessas corporações, todas elas
receptivas, em diferentes
graus, à nova força (força
mediúnica). Os fenômenos
tiveram início com os
habituais ruídos de
advertência, acompanhados de
um envolvimento obsessivo
que acabou por submeter à possessão espiritual quase toda a comunidade.” (História
do Espiritualismo, Arthur Conan Doyle, Editora FEB)
Allan Kardec instrui, a respeito dos tipos de médiuns:
“Todo aquele que, tanto no estado normal, como no de êxtase, recebe pelo
pensamento comunicações estranhas às suas ideias preconcebidas, pode ser
incluído na categoria dos médiuns inspirados, que formam, assim, uma variedade
da mediunidade intuitiva, com a diferença de que a intervenção de uma força
oculta é aí muito menos sensível.” (O Livro dos Médiuns, Allan Kardec, item 172)