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O legado dos Jesuítas no Brasil
Certa jovem está trabalhando em uma loja, vendendo roupas como de costume, quando é abordada por um
homem que a chama no canto, a fim de lhe falar em particular:
– Moça, com licença. Sou pastor evangélico e preciso entregar uma revelação a você. Fizeram uma obra de
feitiçaria contra sua família. Pagaram R$ 1.000,00 para acabar com seu casamento.
A moça ficou assustada com aquelas palavras e logo tratou de buscar uma forma de quebrar aquelas maldições,
afinal, sua família está em jogo. Ligou a TV e viu outro pastor fazendo uma oração forte. Em seguida, o tele
evangelista pediu que o telespectador colocasse um copo com água sobre o aparelho de televisão, pois iria orar
repreendendo todos os tipos de demônios, cujos nomes são os mais variados.
Ela bebeu a água benta do pastor e depois decidiu fazer uma visita na campanha das causas impossíveis
daquela denominação do universo neopentecostal do Reino de Deus. Chegando lá, a sessão de descarrego
pegou fogo e os espíritos malignos tinham oportunidade de contar seus objetivos antes de serem expulsos.
Depois desse fogo, o que pegou fogo foi a fogueira de dinheiro. Parecia a sarça que Moisés viu. Ardia em
chamas, mas não se consumia.
A mensagem foi muito emocionante. A partir de agora a moça estava determinada a determinar. O desfecho
daquela reunião de poder foi realizado com a proposta de que as pessoas levassem uma rosa ungida, pois este
objeto protegeria a família e sugaria todos os maus espíritos e maus olhados daquela casa. A moça, mais do que
depressa pegou a sua, pois tinha certeza que seria mais eficaz que o galho de arruda de sua avó. Ela estava se
agendando para participar da próxima reunião, pois o pastor havia avisado que iria ungir os celulares para que
cessassem as cobranças de cartão de crédito.
Esse caso é baseado em fatos reais e num primeiro momento pode surgir o seguinte questionamento: o que ele
tem a ver com o legado dos jesuítas? Somente obteremos a resposta para essa pergunta voltando alguns anos
na história.
A origem dos Jesuítas
Os Jesuítas fazem parte de uma ordem religiosa da Igreja Católica chamada “Companhia de Jesus”. Esta ordem
foi fundada em 1534 por sete estudantes da Universidade de Paris, os quais visavam desenvolver um trabalho de
acompanhamento hospitalar e missionário, sob os votos de pobreza e castidade.
Além disso, a Companhia de Jesus foi um movimento oriundo da contrarreforma, cujo um dos principais objetivos
era o de impedir o avanço da Reforma Protestante. Este grupo de sete estudantes liderados por Inácio de Loyola,
organizou esta ordem com características de muita disciplina e rigidez, dando ênfase à absoluta abnegação,
conforme já vimos anteriormente e à obediência total ao papa e às doutrinas católicas. Essa postura
antiprotestante pode ser vista nas famosas palavras de Inácio de Loyola em sua obra Exercícios Espirituais:
“Acredito que o branco que eu vejo é negro, se a hierarquia da igreja assim o tiver determinado.” [1]
O Papa Paulo III confirmou a nova ordem em 1540, sendo a mesma reconhecida por bula papal. Inácio de Loyola
foi escolhido como primeiro superior geral, enviou seus companheiros e missionários para vários países,
primeiramente entre os europeus e em seguida entre os asiáticos, africanos e americanos, com o intuito de criar
escolas e seminários.[2] Quando Inácio de Loyola morreu em 1556, já havia aproximadamente mil jesuítas em
vários países da Europa e missionários na África, Índia, China, Japão, Paraguai e Brasil.
A Companhia de Jesus nasceu em um período muito fértil, pois a Europa estava vivendo o ápice da “Era dos
descobrimentos” em busca de novas rotas comerciais para as Índias. As explorações marítimas pioneiras
(Portugal e Espanha) levavam consigo equipes de desbravadores, representantes da Igreja Católica e
posteriormente os missionários jesuítas.
Os primórdios da colonização
Em 22 de Abril de 1500 chegava a tripulação portuguesa com cerca de 1.350 homens e oito franciscanos
liderados pelo frei Dom Henrique Soares de Coimbra, totalizando nove capelães, um para cada cento e cinquenta
tripulantes. O capitão-mor das dez naus e das três caravelas fazia parte de outra ordem religiosa e militar, a
Ordem de Cristo. Esta ordem foi criada em 1319 pelo Papa João XXII e foi através dela que a expedição
portuguesa foi financiada.
Na véspera da partida da expedição de Cabral, houve uma cerimônia religiosa. Num Domingo, 8 de Março de
1500, o Bispo Diogo Ortiz benzeu a bandeira da Ordem de Cristo. A bandeira foi passada para Dom Manuel I e
em seguida para o descobridor do Brasil, Pedro Álvares Cabral.
No primeiro Domingo em solo brasileiro, dia 26 de Abril, os portugueses celebraram a também primeira missa,
dirigida pelo Frei Henrique. Na primeira Sexta-feira da paixão, dia 01 de Maio, frei Henrique celebrou a segunda
missa, a qual foi precedida por uma procissão. Participaram desta cerimônia mais de mil portugueses e
aproximadamente cento e cinquenta nativos.
Pero Vaz de Caminha, escrivão da armada de Cabral, escreveu sua famosa carta, datada de 1° de Maio de 1500,
contando as coisas que viu em solo brasileiro. Caminha conta que durante a segunda missa, os nativos ajudaram
a carregar a cruz para o local designado, ajoelharam-se, colocaram-se de pé e ergueram suas mãos imitando os
portugueses em seus ofícios religiosos:
“Ali disse missa o Padre Frei Henrique, a qual foi cantada e oficiada por esses já ditos. Ali estiveram conosco,
assistindo a ela, perto de cinquenta ou sessenta deles, assentados todos de joelhos, assim como nós. E quando
se chegou ao Evangelho, ao nos erguermos todos em pé com as mãos levantadas, eles se levantaram conosco
e alçaram as mãos, estando assim até se chegar ao fim; e então tornaram a assentar-se, como nós. E quando
levantaram a Deus, que nos pusemos de joelhos, eles se puseram todos assim como nós estávamos, com as
mãos levantadas, e em tal maneira sossegados que certifico a Vossa Alteza que nos fez muita devoção.” [3]
Com esse episódio Caminha ficou entusiasmado e solicitou ao rei D. Manuel I que enviasse missionários para a
terra, a fim de batizá-los o mais depressa possível: “O melhor fruto que nela se pode fazer, me parece que será
salvar essa gente. E esta deve ser a principal semente que Vossa Alteza em ela deve lançar.”[4]
Havia mais de um milhão e meio de habitantes divididos em mais de mil etnias. Dentre esses habitantes, estavam
os aimorés, apinajés, caetés, botocudos, caipós, tupinambás, canelas, tupiniquins, cariris, tabajaras, goitacazes,
guaianazes, guaranis e tupis.
A solicitação de Caminha para o envio de missionários não foi atendida e sua carta esteve arquivada por quase
trezentos anos, tendo sido encontrada na Torre do Tombo em Lisboa pelo historiador espanhol Juan Bautista
Muñoz no ano de 1793.[5]

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  • 2. A Companhia de Jesus nasceu em um período muito fértil, pois a Europa estava vivendo o ápice da “Era dos descobrimentos” em busca de novas rotas comerciais para as Índias. As explorações marítimas pioneiras (Portugal e Espanha) levavam consigo equipes de desbravadores, representantes da Igreja Católica e posteriormente os missionários jesuítas. Os primórdios da colonização Em 22 de Abril de 1500 chegava a tripulação portuguesa com cerca de 1.350 homens e oito franciscanos liderados pelo frei Dom Henrique Soares de Coimbra, totalizando nove capelães, um para cada cento e cinquenta tripulantes. O capitão-mor das dez naus e das três caravelas fazia parte de outra ordem religiosa e militar, a Ordem de Cristo. Esta ordem foi criada em 1319 pelo Papa João XXII e foi através dela que a expedição portuguesa foi financiada. Na véspera da partida da expedição de Cabral, houve uma cerimônia religiosa. Num Domingo, 8 de Março de 1500, o Bispo Diogo Ortiz benzeu a bandeira da Ordem de Cristo. A bandeira foi passada para Dom Manuel I e em seguida para o descobridor do Brasil, Pedro Álvares Cabral. No primeiro Domingo em solo brasileiro, dia 26 de Abril, os portugueses celebraram a também primeira missa, dirigida pelo Frei Henrique. Na primeira Sexta-feira da paixão, dia 01 de Maio, frei Henrique celebrou a segunda missa, a qual foi precedida por uma procissão. Participaram desta cerimônia mais de mil portugueses e aproximadamente cento e cinquenta nativos. Pero Vaz de Caminha, escrivão da armada de Cabral, escreveu sua famosa carta, datada de 1° de Maio de 1500, contando as coisas que viu em solo brasileiro. Caminha conta que durante a segunda missa, os nativos ajudaram a carregar a cruz para o local designado, ajoelharam-se, colocaram-se de pé e ergueram suas mãos imitando os portugueses em seus ofícios religiosos: “Ali disse missa o Padre Frei Henrique, a qual foi cantada e oficiada por esses já ditos. Ali estiveram conosco, assistindo a ela, perto de cinquenta ou sessenta deles, assentados todos de joelhos, assim como nós. E quando se chegou ao Evangelho, ao nos erguermos todos em pé com as mãos levantadas, eles se levantaram conosco e alçaram as mãos, estando assim até se chegar ao fim; e então tornaram a assentar-se, como nós. E quando levantaram a Deus, que nos pusemos de joelhos, eles se puseram todos assim como nós estávamos, com as mãos levantadas, e em tal maneira sossegados que certifico a Vossa Alteza que nos fez muita devoção.” [3] Com esse episódio Caminha ficou entusiasmado e solicitou ao rei D. Manuel I que enviasse missionários para a terra, a fim de batizá-los o mais depressa possível: “O melhor fruto que nela se pode fazer, me parece que será salvar essa gente. E esta deve ser a principal semente que Vossa Alteza em ela deve lançar.”[4] Havia mais de um milhão e meio de habitantes divididos em mais de mil etnias. Dentre esses habitantes, estavam os aimorés, apinajés, caetés, botocudos, caipós, tupinambás, canelas, tupiniquins, cariris, tabajaras, goitacazes, guaianazes, guaranis e tupis. A solicitação de Caminha para o envio de missionários não foi atendida e sua carta esteve arquivada por quase trezentos anos, tendo sido encontrada na Torre do Tombo em Lisboa pelo historiador espanhol Juan Bautista Muñoz no ano de 1793.[5]