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Autovalor, Autovetor e Formas Quadráticas
                           Ole Peter Smith, IME, UFG
                                28 de julho de 2011


1    Permutações
Por uma permutação dos números (1, 2, . . . , n), entendemos estes números colocados
numa ordem diferente, (j1 , j2 , . . . , jn ), ondem nemhum ji se repete. Podemos repre-
sentar isso em forma de matriz:

                                          1         2      ···        n
                               p=
                                          j1        j2     ···        jn
Lemos isto: 1 vai em j1 , 2 vai em j2 , e assim por diante. Denotamos por Pn o con-
junto de todas as n! permutações de ordem n. Introduzindo a composição de duas
permutações

                          1    2     ···        n                 1        2     ···   n
            p1 ◦ p2 =                                      ◦                                =
                          i1   i2    ···        in                j1       j2    ···   jn
                     1    2    ···    n                    i1     i2       ···   in
                                                ◦                                      =
                     i1   i2   ···    in                   j1     j2       ···   jn
                                     1         2         ···     n
                                     j1        j2        ···     jn
Lemos isto: 1 vai em i1 que vai em j1 , 2 vai em i2 que vai em j2 , etc. É claro que:
e ◦ e = e, e e ◦ p = p ◦ e = p, ∀p ∈ Pn .
A permutação:

                                           1        2     ···     n
                               e=
                                           1        2     ···     n
deixa os números em ordem inalterado, assim asociamos esta com o elemento neutro.
As transposições:

                                      ···       i        ···     j     ···
                           tij =
                                      ···       j        ···     i     ···
troca as posições de i e j. Trocando as posições de i e j duas vezes, claro, deixa a
ordem inalterado:

                                     tij ◦ tij = t2 = e
                                                  ij



                                                     1
1.1   Exemplo: P2                                                                     1   PERMUTAÇÕES


1.1 Exemplo: P2
Em P2 temos 2! = 2 permutações:

                                                      1       2
                                      e=
                                                      1       2
                                                      1       2
                                      p=
                                                      2       1
Formamos o quadro de composição:

                                              ◦       e       p
                                              e       e       p
                                              p       p       e




1.2 Exemplo: P3
Nesse caso mais simples, temos 3! = 6 permutações:

                                      1       2       3
                             e=                               = (1)(2)(3)
                                      1       2       3
                                      1           2   3
                             t1 =                                 = (1)(2 3)
                                      1           3   2
                                      1           2   3
                             t2 =                                 = (2)(1 3)
                                      3           2   1
                                      1           2   3
                             t3 =                                 = (3)(1 2)
                                      2           1   3
                                          1       2       3
                                p=                                = (1 2 3)
                                          3       1       2
                                          1       2       3
                             p2 =                                 = (1 2 3)2
                                          2       3       1
Temos: t2 = t2 = t2 = p3 = e. Mais:
        1    2    3


                        1   2   3                 1       2   3               1   2   3
            t1 ◦ p =                  ◦                               =                   = t2
                        1   3   2                 3       1   2               3   2   1
                        1   2   3                 1       2   3               1   2   3
            t2 ◦ p =                  ◦                               =                   = t3
                        3   2   1                 3       1   2               2   1   3
                        1   2   3                 1       2   3               1   2   3
            t3 ◦ p =                  ◦                               =                   = t1
                        2   1   3                 3       1   2               1   3   2
Similarmente:

                                              p ◦ t1 = t3
                                              p ◦ t2 = t1
                                              p ◦ t3 = t2


                                                      2
2   APLICAÇÕES LINEARES


Mais:

                          t1 ◦ p2 = (t1 ◦ p) ◦ p = t2 ◦ p = t3
                          t2 ◦ p2 = (t2 ◦ p) ◦ p = t3 ◦ p = t1
                          t3 ◦ p2 = (t3 ◦ p) ◦ p = t1 ◦ p = t2

                          p2 ◦ t1 = p ◦ (p ◦ t1 ) = p ◦ t3 = t2
                          p2 ◦ t2 = p ◦ (p ◦ t2 ) = p ◦ t3 = t3
                          p2 ◦ t3 = p ◦ (p ◦ t3 ) = p ◦ t2 = t1
Completando:

                                   t1 ◦ t2 = t3 ◦ t1 = p
                                   t1 ◦ t3 = t2 ◦ t1 = p2
Formamos o quadro de composição:

                         ◦     e       p    p3    t1    t2      t3
                         e     e       p    p3    t1    t2      t3
                         p     p       p2   e     t3    t1      t2
                         p2    p2      e    p     t2    t3      t1
                         t1    t1      t2   t3    e     p       p2
                         t2    t2      t3   t1    p2    e       p
                         t3    t3      t1   t2    p     p2      e




2       Aplicações Lineares: Autovetor e Autovalor
Seja A = (aij ) um matriz quadrática de ordem n, definindo uma aplicação linear,
f : R n → Rn :

                                f (x) = A x, x ∈ Rn                              (1)
A linearidade da aplicação, f , expressamos em:

                              f (x + y) = f (x) + f (y)                          (2)
E:

                                     f (αx) = αf (x)                             (3)
                   n
Dizemos que v ∈ R é um autovetor de autovalor λ ∈ R, se:

                                       f (v) = λv                                (4)
ou seja, se a imagem do v é paralela com v, reescrevendo a definição:

                                    A v = λv = λI v


                                             3
2    APLICAÇÕES LINEARES


Equivalentemente:

                                   A − λI v = 0                                    (5)
Fixando um λ ∈ R, isto é um sistema linear homogêneo. Denotamos por Sλ ⊆ Rn
a solução completa deste sistema: o autoespaço do A do autovalor λ. Primeiramente
observamos que os autoespaços formam um espaço vetorial, ou seja tem uma estrutura
linear, pois:

                              x, y ∈ Sλ ⇒ x + y ∈ Sλ                               (6)
E:

                             x ∈ Sλ , α ∈ R ⇒ αx ∈ Sλ                              (7)
É claro, que por qualquer λ ∈ R, Sλ é não-vasil: pois 0 ∈ Sλ . Isto é, os autoespaços
contém no mínimo a solução trivial, 0. Interessante então, é se temos autoespaços que
contém algo mais do que somente a solução trivial. Podemos escrever: {0} ⊆ Sλ ⊆
Rn . Por outro lado, é claro que os autoespaços são disjuntos:

                              Sλ1 ∩ Sλ2 = ∅, λ1 = λ2                               (8)
E:

                                          Sλ ⊆ Rn                                  (9)
                                    λ∈R

Pela teoria de matrizes e sistemas lineares, sabemos que a dimensão dos autoespaços
do (5) é igual o posto, ρλ , do matriz A − λI. De fato, a equação (5) tem soluções
não-triviais, se e somente se ρλ < n, ou seja:

                                 det A − λI = 0                                  (10)
O determinante aparecendo aqui é um polinômio de grau n em λ:

                                      a11 − λ      a12     ···      a1n
                                        a21      a22 − λ   ···      a2n
          P (λ) = det A − λI =            .          .               .           (11)
                                          .
                                          .          .
                                                     .               .
                                                                     .
                                          an1       an2    ···   ann − λ
Chamamos este o polinômio caraterístico do A. Seus raízes reais, no máximo n, deno-
tamos o espectro do A, sendo os autovalores cuja seu autoespaço é não-trivial, ou seja
contém vetores não-trivias. Podemos calcular os coeficientes desse polinômio. Pondo:

                    P (λ) = an λn + an−1 λn−1 + . . . + a1 λ + a0                (12)




                                           4
2.1   Exemplo: Caso n = 2                                       2   APLICAÇÕES LINEARES


2.1 Exemplo: Caso n = 2
Neste caso, calculamos o polinômio caraterístico:

                                                      a11 − λ       a12
                    P (λ) = det A − λI =                                    =
                                                        a21       a22 − λ
                                (a11 − λ)(a22 − λ) − a12 a21 =
                            2
                          λ − (a11 + a22 )λ + (a11 a22 − a12 a21 )
O polinômio tem raízes reais, se e somente se o discriminante:

          ∆ = (−(a11 + a22 ))2 − 4(a11 a22 − a12 a21 ) = (a11 − a22 )2 + 4a12 a21
é não-zero. No caso importantíssimo que A é uma matriz simétrica: a12 = a21 , vemos:

                                 ∆ = (a11 − a22 )2 + 4a2 ≥ 0
                                                       12

Assim mostramos, o que vale por qualquer ordem n, que uma matriz simétrica tem n autovalores
reais.



2.2 Exemplo: Caso n = 3
Como no exemplo anterior, calculamos o polinômio caraterístico:

                                               a11 − λ      a12         a13
               P (λ) = det A − λI =              a21      a22 − λ       a23       =
                                                 a31      a32 − λ     a33 − λ
                a22 − λ     a23                 a21       a23               a21   a22 − λ
   (a11 − λ)                           − a12                        + a13                   =
                a32 − λ   a33 − λ               a31     a33 − λ             a31   a32 − λ

                                 (a11 − λ) (a22 − λ) (a33 − λ)
                                       −a23 a32 (a11 − λ)
                                 −a12 (a21 (a33 − λ) − a31 a23 )
                                +a13 (a21 a32 − a31 (a22 − λ)) =

                                 (a11 − λ) (a22 − λ) (a33 − λ)
                                + (a23 a32 + a12 a21 + a13 a31 ) λ
                           −a23 a32 a11 − a12 a21 a33 − a13 a31 a22
                                  +a12 a31 a23 + a13 a21 a32 =

                                  −λ3 + λ2 (a11 + a22 + a33 )
               −λ (a23 a32 + a12 a21 + a13 a31 − a11 a22 − a22 a33 − a33 a11 )
                           −a23 a32 a11 − a12 a21 a33 − a13 a31 a22
                           +a12 a31 a23 + a13 a21 a32 + a11 a22 a33
Reconhecemos aqui o traço do A, TA (o coeficiente de λ2 ) e o determinante do A (o termo
constante). Encontramos também a quantidade:


                                                5
2.2   Exemplo: Caso n = 3                                     2   APLICAÇÕES LINEARES



                ΣA = a23 a32 + a12 a21 + a13 a31 − a11 a22 − a22 a33 − a33 a11
Assim, podemos escrever:

                             P (λ) = −λ3 + TA λ2 + ΣA λ + det A
Por ser de grau ímpar, sabemos apriori que P (λ) tem no mínimo uma raíz real, λ0 . Caso
necessário, podiamos estimar este raíz numericalmente. Escrevemos:

           P (λ) = (λ0 − λ) λ2 + aλ + b = −λ3 + (λ0 − a)λ2 + (aλ0 − b)λ + bλ0
Comparando coeficientes, vemos:

                                          λ0 − a = TA
                                          aλ0 − b = ΣA
                                          bλ0 = det A
Assim, usando as primeiras duas equações:

                                          a = λ0 − TA

                                          b = aλ0 − ΣA
Usando a última equação, verificamos:


  det A = bλ0 = aλ0 − ΣA λ0 =                 λ0 − TA λ0 − ΣA λ0 = λ3 − TA λ2 − ΣA λ0
                                                                    0       0


Ou seja:

                               λ3 + TA λ2 + ΣA λ0 + det A = 0
                                0       0

O que se diz: λ0 é raíz no polinômio caraterístico. Temos três raízes reais, caso:
                                                  2
                         a2 − 4b = λ0 − TA            − 4 aλ0 − ΣA =
                                     2
                           λ0 − TA       −4     λ0 − TA λ0 − ΣA =

                        λ2
                         0   − 2TA λ0 +    2
                                          TA   − 4λ2 + 4TA λ0 + 4ΣA =
                                                   0

                               −3λ2 + 2TA λ0 + TA + 4ΣA ≥ 0
                                  0
                                                2




Da mesma maneira, obtemos no caso geral:

                                          an = (−1)n


                an−1 = (−1)n−1 (a11 + a22 + . . . + ann ) = (−1)n−1 TA


                                     a0 = P (0) = det A



                                                 6
2.3   Exemplo: Núcleo de uma Aplicação Linear               2   APLICAÇÕES LINEARES


2.3 Exemplo: Núcleo de uma Aplicação Linear
O núcleo de uma aplicação linear, NA , é definido como os vetores cuja imagem é o vetor trivial,
0: A x = 0. Este já apareceu no teoria de sistemas lineares, onde o chamamos a solução
completa do sistema homogêneo. Também apareceu nacima, onde nos o chamamos o autoespaço
do autovalor λ = 0: NA = S0 .
O autoespaço S + 0, ou seja o núcleo, contém vetores não triviais, se e somente se, λ = 0 é raíz
no polinômio caraterística, isto é, se e somente se o matriz é singular: det A = 0.




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  • 1. Autovalor, Autovetor e Formas Quadráticas Ole Peter Smith, IME, UFG 28 de julho de 2011 1 Permutações Por uma permutação dos números (1, 2, . . . , n), entendemos estes números colocados numa ordem diferente, (j1 , j2 , . . . , jn ), ondem nemhum ji se repete. Podemos repre- sentar isso em forma de matriz: 1 2 ··· n p= j1 j2 ··· jn Lemos isto: 1 vai em j1 , 2 vai em j2 , e assim por diante. Denotamos por Pn o con- junto de todas as n! permutações de ordem n. Introduzindo a composição de duas permutações 1 2 ··· n 1 2 ··· n p1 ◦ p2 = ◦ = i1 i2 ··· in j1 j2 ··· jn 1 2 ··· n i1 i2 ··· in ◦ = i1 i2 ··· in j1 j2 ··· jn 1 2 ··· n j1 j2 ··· jn Lemos isto: 1 vai em i1 que vai em j1 , 2 vai em i2 que vai em j2 , etc. É claro que: e ◦ e = e, e e ◦ p = p ◦ e = p, ∀p ∈ Pn . A permutação: 1 2 ··· n e= 1 2 ··· n deixa os números em ordem inalterado, assim asociamos esta com o elemento neutro. As transposições: ··· i ··· j ··· tij = ··· j ··· i ··· troca as posições de i e j. Trocando as posições de i e j duas vezes, claro, deixa a ordem inalterado: tij ◦ tij = t2 = e ij 1
  • 2. 1.1 Exemplo: P2 1 PERMUTAÇÕES 1.1 Exemplo: P2 Em P2 temos 2! = 2 permutações: 1 2 e= 1 2 1 2 p= 2 1 Formamos o quadro de composição: ◦ e p e e p p p e 1.2 Exemplo: P3 Nesse caso mais simples, temos 3! = 6 permutações: 1 2 3 e= = (1)(2)(3) 1 2 3 1 2 3 t1 = = (1)(2 3) 1 3 2 1 2 3 t2 = = (2)(1 3) 3 2 1 1 2 3 t3 = = (3)(1 2) 2 1 3 1 2 3 p= = (1 2 3) 3 1 2 1 2 3 p2 = = (1 2 3)2 2 3 1 Temos: t2 = t2 = t2 = p3 = e. Mais: 1 2 3 1 2 3 1 2 3 1 2 3 t1 ◦ p = ◦ = = t2 1 3 2 3 1 2 3 2 1 1 2 3 1 2 3 1 2 3 t2 ◦ p = ◦ = = t3 3 2 1 3 1 2 2 1 3 1 2 3 1 2 3 1 2 3 t3 ◦ p = ◦ = = t1 2 1 3 3 1 2 1 3 2 Similarmente: p ◦ t1 = t3 p ◦ t2 = t1 p ◦ t3 = t2 2
  • 3. 2 APLICAÇÕES LINEARES Mais: t1 ◦ p2 = (t1 ◦ p) ◦ p = t2 ◦ p = t3 t2 ◦ p2 = (t2 ◦ p) ◦ p = t3 ◦ p = t1 t3 ◦ p2 = (t3 ◦ p) ◦ p = t1 ◦ p = t2 p2 ◦ t1 = p ◦ (p ◦ t1 ) = p ◦ t3 = t2 p2 ◦ t2 = p ◦ (p ◦ t2 ) = p ◦ t3 = t3 p2 ◦ t3 = p ◦ (p ◦ t3 ) = p ◦ t2 = t1 Completando: t1 ◦ t2 = t3 ◦ t1 = p t1 ◦ t3 = t2 ◦ t1 = p2 Formamos o quadro de composição: ◦ e p p3 t1 t2 t3 e e p p3 t1 t2 t3 p p p2 e t3 t1 t2 p2 p2 e p t2 t3 t1 t1 t1 t2 t3 e p p2 t2 t2 t3 t1 p2 e p t3 t3 t1 t2 p p2 e 2 Aplicações Lineares: Autovetor e Autovalor Seja A = (aij ) um matriz quadrática de ordem n, definindo uma aplicação linear, f : R n → Rn : f (x) = A x, x ∈ Rn (1) A linearidade da aplicação, f , expressamos em: f (x + y) = f (x) + f (y) (2) E: f (αx) = αf (x) (3) n Dizemos que v ∈ R é um autovetor de autovalor λ ∈ R, se: f (v) = λv (4) ou seja, se a imagem do v é paralela com v, reescrevendo a definição: A v = λv = λI v 3
  • 4. 2 APLICAÇÕES LINEARES Equivalentemente: A − λI v = 0 (5) Fixando um λ ∈ R, isto é um sistema linear homogêneo. Denotamos por Sλ ⊆ Rn a solução completa deste sistema: o autoespaço do A do autovalor λ. Primeiramente observamos que os autoespaços formam um espaço vetorial, ou seja tem uma estrutura linear, pois: x, y ∈ Sλ ⇒ x + y ∈ Sλ (6) E: x ∈ Sλ , α ∈ R ⇒ αx ∈ Sλ (7) É claro, que por qualquer λ ∈ R, Sλ é não-vasil: pois 0 ∈ Sλ . Isto é, os autoespaços contém no mínimo a solução trivial, 0. Interessante então, é se temos autoespaços que contém algo mais do que somente a solução trivial. Podemos escrever: {0} ⊆ Sλ ⊆ Rn . Por outro lado, é claro que os autoespaços são disjuntos: Sλ1 ∩ Sλ2 = ∅, λ1 = λ2 (8) E: Sλ ⊆ Rn (9) λ∈R Pela teoria de matrizes e sistemas lineares, sabemos que a dimensão dos autoespaços do (5) é igual o posto, ρλ , do matriz A − λI. De fato, a equação (5) tem soluções não-triviais, se e somente se ρλ < n, ou seja: det A − λI = 0 (10) O determinante aparecendo aqui é um polinômio de grau n em λ: a11 − λ a12 ··· a1n a21 a22 − λ ··· a2n P (λ) = det A − λI = . . . (11) . . . . . . an1 an2 ··· ann − λ Chamamos este o polinômio caraterístico do A. Seus raízes reais, no máximo n, deno- tamos o espectro do A, sendo os autovalores cuja seu autoespaço é não-trivial, ou seja contém vetores não-trivias. Podemos calcular os coeficientes desse polinômio. Pondo: P (λ) = an λn + an−1 λn−1 + . . . + a1 λ + a0 (12) 4
  • 5. 2.1 Exemplo: Caso n = 2 2 APLICAÇÕES LINEARES 2.1 Exemplo: Caso n = 2 Neste caso, calculamos o polinômio caraterístico: a11 − λ a12 P (λ) = det A − λI = = a21 a22 − λ (a11 − λ)(a22 − λ) − a12 a21 = 2 λ − (a11 + a22 )λ + (a11 a22 − a12 a21 ) O polinômio tem raízes reais, se e somente se o discriminante: ∆ = (−(a11 + a22 ))2 − 4(a11 a22 − a12 a21 ) = (a11 − a22 )2 + 4a12 a21 é não-zero. No caso importantíssimo que A é uma matriz simétrica: a12 = a21 , vemos: ∆ = (a11 − a22 )2 + 4a2 ≥ 0 12 Assim mostramos, o que vale por qualquer ordem n, que uma matriz simétrica tem n autovalores reais. 2.2 Exemplo: Caso n = 3 Como no exemplo anterior, calculamos o polinômio caraterístico: a11 − λ a12 a13 P (λ) = det A − λI = a21 a22 − λ a23 = a31 a32 − λ a33 − λ a22 − λ a23 a21 a23 a21 a22 − λ (a11 − λ) − a12 + a13 = a32 − λ a33 − λ a31 a33 − λ a31 a32 − λ (a11 − λ) (a22 − λ) (a33 − λ) −a23 a32 (a11 − λ) −a12 (a21 (a33 − λ) − a31 a23 ) +a13 (a21 a32 − a31 (a22 − λ)) = (a11 − λ) (a22 − λ) (a33 − λ) + (a23 a32 + a12 a21 + a13 a31 ) λ −a23 a32 a11 − a12 a21 a33 − a13 a31 a22 +a12 a31 a23 + a13 a21 a32 = −λ3 + λ2 (a11 + a22 + a33 ) −λ (a23 a32 + a12 a21 + a13 a31 − a11 a22 − a22 a33 − a33 a11 ) −a23 a32 a11 − a12 a21 a33 − a13 a31 a22 +a12 a31 a23 + a13 a21 a32 + a11 a22 a33 Reconhecemos aqui o traço do A, TA (o coeficiente de λ2 ) e o determinante do A (o termo constante). Encontramos também a quantidade: 5
  • 6. 2.2 Exemplo: Caso n = 3 2 APLICAÇÕES LINEARES ΣA = a23 a32 + a12 a21 + a13 a31 − a11 a22 − a22 a33 − a33 a11 Assim, podemos escrever: P (λ) = −λ3 + TA λ2 + ΣA λ + det A Por ser de grau ímpar, sabemos apriori que P (λ) tem no mínimo uma raíz real, λ0 . Caso necessário, podiamos estimar este raíz numericalmente. Escrevemos: P (λ) = (λ0 − λ) λ2 + aλ + b = −λ3 + (λ0 − a)λ2 + (aλ0 − b)λ + bλ0 Comparando coeficientes, vemos: λ0 − a = TA aλ0 − b = ΣA bλ0 = det A Assim, usando as primeiras duas equações: a = λ0 − TA b = aλ0 − ΣA Usando a última equação, verificamos: det A = bλ0 = aλ0 − ΣA λ0 = λ0 − TA λ0 − ΣA λ0 = λ3 − TA λ2 − ΣA λ0 0 0 Ou seja: λ3 + TA λ2 + ΣA λ0 + det A = 0 0 0 O que se diz: λ0 é raíz no polinômio caraterístico. Temos três raízes reais, caso: 2 a2 − 4b = λ0 − TA − 4 aλ0 − ΣA = 2 λ0 − TA −4 λ0 − TA λ0 − ΣA = λ2 0 − 2TA λ0 + 2 TA − 4λ2 + 4TA λ0 + 4ΣA = 0 −3λ2 + 2TA λ0 + TA + 4ΣA ≥ 0 0 2 Da mesma maneira, obtemos no caso geral: an = (−1)n an−1 = (−1)n−1 (a11 + a22 + . . . + ann ) = (−1)n−1 TA a0 = P (0) = det A 6
  • 7. 2.3 Exemplo: Núcleo de uma Aplicação Linear 2 APLICAÇÕES LINEARES 2.3 Exemplo: Núcleo de uma Aplicação Linear O núcleo de uma aplicação linear, NA , é definido como os vetores cuja imagem é o vetor trivial, 0: A x = 0. Este já apareceu no teoria de sistemas lineares, onde o chamamos a solução completa do sistema homogêneo. Também apareceu nacima, onde nos o chamamos o autoespaço do autovalor λ = 0: NA = S0 . O autoespaço S + 0, ou seja o núcleo, contém vetores não triviais, se e somente se, λ = 0 é raíz no polinômio caraterística, isto é, se e somente se o matriz é singular: det A = 0. 7