O documento descreve o Museu da Escola de Lavra, um museu etnográfico que exibe objetos do século XIX/início do século XX que caracterizam a vida das populações rurais da região de Lavra. O museu apresenta seções sobre a casa rural, o ciclo do linho, ofícios como ferreiro e moleiro, e a pesca, mostrando as atividades agrícolas e pesqueiras tradicionais. O museu passou por uma requalificação em 2008 para melhorar as exposições e criar
2. Museu da Escola de Lavra
O Museu da Escola de Lavra é um Museu etnográfico, ou
seja, expõe objectos que eram usuais no séc. XIX /
princípios do séc. XX e que, neste caso, caracterizam toda
a vivência das populações de Lavra nessas épocas.
Tratando-se de uma freguesia acentuadamente rural,
caracteriza-se pelas actividades agrícola e pesqueira,
podendo encontrar-se outros ofícios como o de moleiro,
ferreiro ou o do fabrico do linho, actividade actualmente
muito prestigiada.
4. Museu da Escola de Lavra
A apresentação do Museu far-se-á tendo em
conta as instalações dos objectos,
organizadas segundo os ciclos de produção e
vivências. Começamos, assim pela Casa
Rural, base de toda a estrutura social, para,
de seguida, se apresentar todo o conjunto de
núcleos patente no acervo do Museu.
5. A Casa rural
A casa rural é uma unidade de três
elementos conjugados: a parte construída, o
complexo produtivo e a família. As pessoas
são identificadas pela casa a que pertencem,
que também define o estatuto social, que se
traduz em obrigações e direitos, bem como
em benefícios colhidos no usufruto do que é
comum, como as águas e os baldios.
7. Casa rural: o quinteiro
Por vezes isolada, esta casa está estruturada de
forma a responder às necessidades da exploração.
Pode apresentar-se em construções organizadas em
volta de um espaço central, o pátio, constituídas pela
habitação, cortes de gado, a pocilga, o galinheiro,
coelheiras, as lojas onde se guardam as alfaias
agrícolas e colheitas, o lagar, a adega e o alambique.
O quinteiro é, assim, o espaço de lavoura, onde estão
os carros de bois, o limpador de cereais, os
semeadores, as alfaias agrícolas.
11. A Casa rural: a cozinha
Na casa rural, é no espaço da cozinha que decorre toda a
vida familiar.
Compartimento por vezes térreo ou no sobrado, forma
um corpo destacado. É aqui que se encontra a lareira, se
recebe quem chega, se preparam as refeições e se come,
em família, ou com os que trabalham para a casa.
Sobre o lume, mantêm-se as caldeiras da vianda e do
porco e, no forno, prepara-se semanalmente a cozedura
do pão.
Em volta da lareira, imanando calor e luz, faziam-se os
serões, a fiar o linho ou a lã, ao mesmo tempo que se
entoavam vozes e contavam histórias de encantar.
13. Cozinha: sobre o lume, mantêm-se as caldeiras
da vianda e do porco (…)
14. Casa rural:
cozinha
Em volta da
lareira, imanando
calor e luz, faziam-
se os serões, a fiar
o linho ou a lã, ao
mesmo tempo que
se entoavam vozes
e contavam
histórias de
encantar.
15. Casa rural:
cozinha
(…) no forno,
prepara-se
semanalmente
a cozedura do
pão
A farinha
guarda-se na
masseira e as
pás tiram o
pão do forno.
16. O linho
O cultivo do linho tem uma forte implantação no
Entre Douro e Minho desde a época medieval e, a
partir da época Moderna, começa a sofrer a
concorrência do milho maís que lhe disputa terras e
regadios.
Mesmo assim, continuou até ao séc. XVIII a ser a
fibra têxtil por excelência, fabricado em produção
caseira.
É então que se dá a vulgarização do algodão, fácil de
trabalhar em produção industrial.
17. O linho
A velha fibra está condenada, passando a ser
semeada em pequenas quantidades nas casas de
lavoura, tendendo a desaparecer.
O golpe final será dado a partir do séc. XIX, em que
as máquinas industriais promovem a progressiva
derrota do linho no quotidiano urbano, persistindo
no mundo rural como meio de troca e auto-consumo.
Actualmente, com o desenvolvimento da valorização
da identidade regional, regressou-se, em certas
zonas, ao trabalho do linho feito à “moda antiga”.
18. O Ciclo do linho
O linho deve ser semeado em Março, no
início da Primavera.
No Verão, procede-se à arrinca – arrancar
o linho, para se aproveitar bem a fibra têxtil,
já que é no caule que se encontra a fibra.
Em seguida, deve-se ripar o linho, que
consiste em tirar a semente com o ripo
(pente em ferro).
20. O ciclo do linho: empoçar e secar
A próxima acção é empoçar ou demolhar – o linho fica
duas semanas em água corrente não muito forte.
Depois, vai a secar, num campo previamente cortado e
limpo. Dispõem-se os novelos sobre esse campo.
Depois de seco, o linho vai a espadelar. Esta acção é feita
num espadeladouro, com uma espadela (placa em
madeira) e um cortiço (cilindro em cortiça). O objectivo
é a separação das fibras. Retiram-se os tomentos (fibra
áspera, grossa e curta, com que se faz certo tipo de pano,
como forros de colchões, rodilhas de cozinha, sacos de
farinha).
22. O ciclo do linho – o maço
A fibra que fica, depois de se separar os tomentos,
vai a maçar – num engenho de maçar o linho no
rio (sendo o engenheiro que maça o linho), ou feito
com um mangual ou maço. Serve para espremer o
linho.
Maço
23. Ciclo do linho: o sedeiro
É altura de passar à sedagem, que consiste em
passar a fibra que ficou, num sedeiro, separando o
linho da estopa (que fica presa aos dentes do sedeiro,
deixando passar o linho, mais fino).
24. Ciclo do linho: a roca e o fuso
O linho está agora pronto para ser fiado. Para a
fiação, utiliza-se a roca e o fuso ou roda de fiar,
que transforma a fibra em fio.
25. Ciclo do linho: a fiandeira
É a fiandeira que fica na soleira da porta, ao sol, com
a roca e fuso, a fiar.
26. Ciclo do linho: a roda de fiar
Este é um instrumento mais evoluído que a roca e o
fuso.
27. Ciclo do linho: o sarilho
Está na hora de fazer as meadas: passar o fio do
fuso para meadas, através do sarilho.
28. Ciclo do linho: lavagem, dobagem e urdidura
Para o linho ficar branco, faz-se uma barrela
de lavagem da meada.
Em seguida, o linho vai para a dobadoira ou
dobadoura, para se fazerem novelos.
O linho está quase pronto para ser tecido;
como acção prévia, faz-se uma urdidura, ou
seja, faz-se a teia, que é depois levada ao
tear.
29. Ciclo do linho:
a tecelagem
O tear pode ser
horizontal ou
tear de grade;
para tecer,
deve-se encher
a canela (tubo
de linhas) e,
com a
lançadeira,
fazer a trama
na urdidura.
30. Ciclo do linho: fiandeiras e bordadeiras e
tecedeiras do linho
31. Ciclo do linho: produto do trabalho do linho - as
camisas, as toalhas e os panos
32. Ciclo do linho: mostra de roca de fiar e mecha de
linho para ser fiado
34. Os ofícios: o ferreiro
Um dos ofícios que ocupava algumas pessoas em Lavra,
era o ofício de ferreiro. Actualmente já são raros os
ferreiros que ainda trabalham com a forja tradicional e
são pessoas de muita idade.
Este ofício, como grande parte dos ofícios nos tempos
passados, passava de pais para filhos, era uma actividade
que se perpetuava na família com óbvias vantagens:
existiam a oficina e os instrumentos, não sendo
necessário nenhum investimento. Apenas a arte de saber
fazer…
Agora, já ninguém quer seguir essa arte, pois a
industrialização roubou o lugar ao pequeno artesanato.
37. Os ofícios: o moleiro
O moinho do cereal, outra estrutura
outrora indispensável e muito
difundida em Lavra, era geralmente de
utilização colectiva e encontrava-se
perto de um curso de água, como, por
exemplo, no rio Onda.
41. Os ofícios: a pesca
A pesca é outra das actividades tradicionais
fortemente implantada em Lavra.
Servindo como complemento à actividade agrícola,
dela participavam, quer directa, quer
indirectamente as pessoas do agregado familiar: os
pescadores na faina propriamente dita, as
sargaceiras, os carreteiros, nas pessoas das
mulheres e outros familiares.
Actividade de fortíssima devoção religiosa, revela
múltiplas facetas de que o Museu dá uma pálida
imagem.
42. Os ofícios: a
pesca
A carrela para
transportar o
sargaço, junto a
uma bóia de
salvação,
indispensável a
qualquer
embarcação.
43. Os ofícios: a pesca – a cabaça, o baú, o côvo, as
bóias, o búzio, os camaroeiros, …
44. Os ofícios: a pesca – fazendo nós e construindo a
rede…
46. O novo Museu
Em Maio de 2008, no Dia Internacional dos Museus, o
Museu sofreu uma profunda alteração que requalificou os
espaços expositivos e criou uma Reserva para a conservação
das peças não expostas.
Deste trabalho resultou um novo Museu, dividido em várias
secções: o Quinteiro, que relata a vida agrícola em Lavra;
a Cozinha Rural, que recria o ambiente das cozinhas
antigas; a Escola tradicional e as Curiosidades, com
objectos de prestígio das casas mais abastadas; o Ciclo do
Linho; a Pesca; a Taberna, local de venda e acolhimento
dos trabalhadores em fim de jornada; o Vestuário, com
roupas domingueiras, bragal do bebé e roupas de trabalho.