Artigo Valores do Brasil: brasilidade aplicada ao mercado financeiro.
UFRN - Publicidade e Propaganda
Natus*: Madson Bruno dos Santos Apodi & Paulo Sérgio Silva Pessoa
Orienteadores: Ary Azevedo Jr, Beto Del Carrratore & Cida Ramos.
3. ROTEIRO
VALORESDOBRASIL MADSON BRUNO DOS SANTOS APODI
PAULO SÉRGIO SILVA PESSOA
A BRASILIDADE APLICADA AO MERCADO FINANCEIRO.
1 INTRODUÇÃO
Breve introdução ao conteúdo, explanando sobre as particularidades do tema.
2 O VALOR DO BRANDING
Embasamento teórico e conceitual de Branding. Explicando a diferença entre Branding
e comunicação isolada.
3
BRAND EQUITY
Embasamento teórico e conceitual de Brand Equity. Ressaltando a importância dessa
prática como uma prática da estratégia do Oceano Azul.
4 O CRESCIMENTO DO SETOR
Ilustrar como números, gráficos e informações toda a realidade promissora do setor de
serviço, destacando aí os serviços financeiros.
OS NOVO VALORES
5 Como o uso de pesquisas de opinião pública levaram as empresas do setor a mudar os
estereótipos de brasilidade e utiliza-la em seus projetos de branding e comunicação
integrada.
6
AS NOVAS AÇÕES
Como os bancos brasileiros tornaram sua comunicação mais emocional, e seus
diferencias comparados aos bancos estrangeiros.
7
CONSIDERAÇÕES
Compreender como a cidadania corporativa da brasilidade se tornou como elemento
catalisador desse processo de fortalecimento das marcas nacionais e que está deixando
de ser um diferencial em nossa sociedade e caminhando para se tornar um ponto
obrigatório para a sobrevivência das empresas no mercado
3
5. Valores do Brasil: a brasilidade aplicada ao mercado financeiro.1
Madson Bruno dos Santos APODI2
Paulo Sérgio Silva PESSOA 3
Aryovaldo de Castro AZEVEDO JUNIOR4
Luis Roberto Rossi DEL CARRATORE5
Maria Aparecida Ramos da SILVA 6
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
RESUMO
Este artigo tem como objetivo analisar a forma como o conceito de marca Brasil vem
sendo utilizado, de forma bastante particular, por empresas do mercado financeiro no
Brasil. Observando não apenas a relevância e o crescimento do setor no últimos anos,
mas principalmente a forma como essas empresas vem substituindo ações típicas do
modelo de marketing tradicional por ações planejadas, integradas, inovadoras e
contínuas de branding. Norteados por estudos e pesquisas de opinião, essas marcas
quebram os já desgastados estereótipos, e fazem uso de novos valores de brasilidade
mais abstratos e positivos enquanto elementos influenciadores da percepção do
consumidor e agentes agregadores de valor. Resultando assim no fortalecimento do
brand equity das marcas nesse setor.
PALAVRAS-CHAVE: brasilidade; branding; mercado financeiro; bancos; brand
equity; comunicação.
1Trabalho integrado submetido aos componentes COM0321 - PROJETO DE PESQUISA II, COM0316 -
EMPREENDEDORISMO E PUBLICIDADE E PROPAGANDA e COM0038 - COMUNICACAO E OPINIAO
PUBLICA, como parte da avaliação da Unidade 3.
2 Aluno líder do grupo e graduando do 5º. Semestre do Curso de Comunicação Social com habilitação em
Publicidade e Propaganda da UFRN.
3Graduando do 5º. Semestre do Curso de Comunicação Social com habilitação em Publicidade e Propaganda da
UFRN.
4Orientador do trabalho. Doutor em Multimeios (IAR/UNICAMP), professor adjunto do curso de Comunicação
Social da UFRN. Integrante das bases de pesquisa Nielp (USP) e Pragma (UFRN).
5Orientador do trabalho. Doutor em Comunicação Publicitária (UNESP), professor adjunto do CCHLA (Centro de
Ciências Humanas, Letras e Artes), do curso de Comunicação Social.
6Orientadora do trabalho.Doutoranda em Ciências Sociais (UFRN), professora adjunta do CCHLA (Centro de
Ciências Humanas, Letras e Artes), do curso de Comunicação Social.
5
6. INTRODUÇÃO
Em um mercado cada dia mais globalizado, tem se observado que as marcas tem
assumido um papel ainda mais relevante junto ao consumidor, tendo em vista a grande
quantidade e diversidade de produtos e serviços disponíveis no mercado. Contudo, com
o avanço tecnológico incessante dos meios produção as diferenças técnicas entre os
produtos e serviços tendem a serem menores a cada dia. Assim, “a medida que as
economias evoluem, uma proporção cada vez maior de suas atividades se concentra
na produção de serviços [...]. Muitas ofertas ao mercado consistem em um mix variável
de bens e serviços.” (KOTLER, 2000) o que torna o setor de serviços ainda mais
complicado de se tangenciar em relação aos produtos, já que eles não possuem tantos
componentes técnicos e materiais que justifiquem a diferença de valores entre eles.
Fazendo assim, com que os valores simbólicos atribuídos passem a ser bem mais
valorizados.
Atualmente a expressão consumir não se aplica apenas ao consumo físico ou material,
muito pelo contrário. Consumir um produto passa, antes de qualquer coisa, pelo
consumo das idéias que o envolvem. A partir de então expressões como branding,
marketing, brand equity e tantas outras, que outrora soariam estranhas no meio de uma
conversa, hoje passaram a ser extremamente corriqueiras para os profissionais da
comunicação, sobretudo os de publicidade e propaganda.
No mundo, o setor de serviços é um dos setores que mais cresce, especialmente o setor
financeiro. Nessa área as marcas atuam como um importante patrimônio dessas
instituições. Marcas que representam tradição, competência, grandeza e diversos
atributos materiais que estimulam o consumidor a investir nesta ou naquela instituição.
Contudo, nos últimos anos com a crise internacional, essas empresas sofreram grandes
perdas nos valores de suas marcas. O sentimento de instabilidade difundido pelo
momento de crise, se tornou exatamente o oposto a estabilidade e confiança que estas
instituições procuram passar com suas marcas. Com isso tornou-se inevitável o desgaste
e, consequentemente, a desvalorização destas marcas.
Na contra-mão dos efeitos que a crise causou a este setor, as marcas financeiras
brasileiras surpreenderam ao conseguirem excelentes resultados. Na verdade os
melhores já alcançados por elas. Mas como pode as marcas líderes em mercado e
investimento perderem valor de marca, em um momento de crise, enquanto as empresas
6
7. locais de um país latino-americano em desenvolvimento obterem significantes aumentos
nos valores de suas marcas? O que mudou no mercado global? Ou melhor, o que mudou
no consumidor, neste caso especificamente, o brasileiro?
Foi exatamente sob este enfoque que este artigo foi desenvolvido. É objetivo dele
compreender e discutir sobre como as empresas nacionais do setor financeiro
conseguiram fazer da brasilidade um importante elemento influenciador da percepção
do consumidor e um indispensável agente agregador de valor.
O VALOR DO BRANDING
Se existe um ativo valorizado nas empresas do setor financeiro hoje, esse ativo é a
marca. E se existe um responsável pela manutenção do sucesso de uma marca esse é,
em grande parte, o branding.
Entretanto existe um pensamento generalizado e equivocado de muitas empresas,
sobretudo no Brasil, sobre o que é branding. Costuma-se a resumi-lo apenas como
mudanças no design e na identidade visual da empresa. Quando na verdade é uma
gestão planejada e integrada da marca pensada sob vários aspectos, desde de ações no
campo do design e comunicação até ações de relações públicas, marketing, arquitetura,
paisagismo, moda e administração interna da empresa. Enfim, é tudo o que está
relacionado a forma como o consumidor percebe a imagem, as idéias e a comunicação
daquele produto, serviço ou mesmo daquela marca e empresa (ver complexidade no
organograma A).
7
8. ar àquilo que é fato, ou fica esquecida nos relatórios
se processo, muitas anuais, relegada ao plano do discurso.
comenda” de
dania corporativa
promessas de
messa tem que
forma de marca.”
ezes é isso que
acaba se tornando EXPERIÊNCIA
EXPERIÊNCIA
to sem muita
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ESTRATÉGIA
ESTRATÉGIA
DA MARCA
DA MARCA
ESTRATÉGIA
ESTRATÉGIA
DO NEGÓCIO
DO NEGÓCIO
ESTRATÉGIA
DA CIDADANIA
CORPORATIVA
ENGAJAMENTO
ENGAJAMENTO
Organograma A – A estrutura do branding.
Fonte: Interbrand, 2011.
Inspirados por esta ideia e embasados pela prática
de nosso trabalho, reunimos aqui 12 insights
para ajudar as empresasrefere a apenas construir do design da empresa. Assim
Portanto, branding não se brasileiras a uma questão
cidadania corporativa no dia a dia, a direcionar é o mesmo que anúncio isolado
como uma campanha de comunicação integrada não
a escolha do consumidor e, no fechamento
num jornal mas que usou a mesma arte de outro anúncio veiculado numa mídia externa.
do ciclo, aumentar o valor de suas marcas.
Branding significa dotar produtos e serviços com o poder de uma marca (KOTLER E
KELLER, 2006).
BRAND EQUITY A nova era da cidadania corporativa
Estabelecer valores a produtos é certamente um tarefa bem menos complexa do que
determinar os valores de um serviço, até pela natureza material do primeiro. Portanto,
no serviço financeiro a marca passa assumir um valor maior ainda do que assumiria em
um produto. Tendo em vista que os consumidores não estabelecem os valores de um
serviço de forma tão clara e objetiva objetiva. Eles estabelecem conforme a percepção
que possuem da marca. E a construção destes valores associados à marca é conhecido
como brand equity.(AZEVEDO Jr., 2005)
Diversos autores já trabalharam inúmeros conceitos de brand equity, porém todos
mantém a mesma essência. Observe o quadro comparativo na Figura 1.
8
9. Figura 1 – Conceitos de brand equity na visão de vários autores.
Fonte: MARTINS, 2006
Mesmo percorrendo quase um década de conceitos e dezena de teóricos, percebe-se a
essência do conceito de brand equity e o quão relevante ele é para as intituições
financeiras enquanto marcas. Será exatamente esse valor fruto desse processo que irá
diferenciar essas empresas e determinar os preços dos serviços que elas oferecem em
relação a concorrência.
Além disso, essa experiência entre a empresa e o consumidor criará um relação mais
próximas entre eles. Estabelecendo assim, um vínculo que resultará num nível maior de
credibilidade, confiança e fidelidade. Quanto mais forte for o laço entre o banco e seu
cliente, menor será a possiblidade deste última troca-lo por um concorrente. Ou seja, o
investimento nessa relação evita o confronto direto entre rivais pelos clientes, evita o
chamado “oceano vermelho”. Ora, o que seria mais prático para um banco do que
9
10. anular seus concorrentes de forma silenciosa e eficiente? É a estratégia do Oceano Azul:
Não concorra com os rivais — torne-os irrelevantes. (CHAN KIN, 2005)
O CRESCIMENTO DO SETOR
É inquestionável a relevância e o crescimento do setor de serviço para a economia
global. A participação desse setor no PIB mundial não para de crescer e em 2009 já
atingia 55%, como pode ser observado abaixo no gráfico da Figura 1.
Figura 1 – Percentual de participação – PIB Mundial.
Fonte: Site IBGE / BARRETO, 2009.
No Brasil, o setor de serviços é hoje não apenas o mais promissor, como também o que
mais emprega e cresce em todas as regiões. Isso porque a execução de um serviço pode
estar ou não ligada a um produto concreto (KOTLER E KELLER, 2006). O que
possibilita inúmeras oportunidades de negócios em um país que vive um excelente
momento de crescimento e fortalecimento de sua economia. Com isso o setor de
serviços vem numa constante crescente nas últimas décadas, portanto as previsões para
o crescimento desse setor, são as melhores possíveis, como é possível analisar na Figura
2.
10
11. As 25 marcas mais
valiosas do Brasil 2011
Figura 2 – Evolução dos Serviços no Brasil.
Fonte: BARRETO, 2009.
O destaque nesse setor vai para os serviços financeiros. Para se ter uma idéia, das
quatro marcas mais valiosas do país, segundo o Interbrand, três são bancos (Ver Figura
3).
Valores em R$ milhões
01 +18%
Itaú
R$ 24,296
Setor: Financeiro
02 +10%
Bradesco
R$ 13,633
Setor: Financeiro 03 +7%
Petrobras
R$ 11,608
Setor: Energia 04 +8%
Banco
do Brasil
R$ 11,309
Setor: Financeiro
Figura 3 – Marcas brasileira mais valiosas 2011.
05 Skol
Fonte: Interbrand, Junho 2011.
+10%
R$ 7,277
Setor: Alimentos
e Bebidas
06 +22%
Natura
R$ 5,666
Setor: Cosmético 07 +21%
Brahma
R$ 4,351
Setor: Alimentos
e Bebidas
Legenda
Aumento no valor Queda no valor em Estreia
11
em relação a 2010 relação a 2010 no ranking 2011
10.
12. Além disso, dois bancos brasileiros (Itaú e Bradesco) figuram entre as únicas três
marcas nacionais presentes no ranking; de acordo com a pesquisa "As Marcas Mais
Valiosas do Brasil em 2011", realizada em parceria pela Revista Dinheiro e pela
BrandAnalytics/Millward Brown. Isso sem falar no domínio das marcas brasileiras no
ranking de marcas mais valiosas da América Latina.Ver Figura 4.
LATAM
# Brand Brand Value Brand Brand
$M Contribution Momentum
1 4 9
2 1 8
2 9
4 2 9
2 9
6 8
7 1 9
Figura 4 – Marcas mais valiosas da América Latina.
Fonte: Millward Brown (com informações da BrandZ, Datamonitor e Bloomberg), 2010.
Um dado muito relevante, se levarmos em consideração que o Brasil é um país de
Key Takeout
grandes empresas, porém sem o histórico em presenças de rankings deste gênero.
Em contrapartida ao brand to the BRICs das marcas financeiras estrangeiras
Adapt your analisarmos o desempenho
percebe-se que não houve o mesmo crescimento, e em alguns casos ocorreu ainda uma
queda de posições e valores das marcas desse setor. Para enfatizar e comprovar o
excelente desempenho do setor financeiro no país basta observar a marca espanhola
Santander que foi um dos raros casos de empresas estrangeiras que cresceu o valor de
sua marca no ranking da Interbrand, contudo após iniciar as atividades aqui no país.
12
13. OS NOVOS VALORES
O fator brasilidade, junto ao bom momento econômico do país frente a crise
internacional, entrou como um forte aliado dos bancos que atuam no país. Entretanto,
quando se ouve falar em brasilidade é natural e corriqueiro vincular a imagem do país
aos já fadados e cansativos estereótipos criados em torno do país. Algo como as belezas
naturais, corpos esculturais, futebol, música, cores, calor e curvas. Na sociedade
contemporânea as pessoas são obrigadas a tomar decisões diariamente sobre uma série
de assuntos sobre o qual não possuem qualquer conhecimento (LIPPMANN, 2008). Em
virtude da urgência da necessidade de se tomar uma decisão, e na falta das informações
completas, elas acabam sustentando suas decisões em um arsenal de imagens
cristalizadas e crenças compartilhadas amplamente pela sociedade, sobretudo pelos
veículos de comunicação em massa. Contudo, o estereótipo em nada combinam com a
comunicação corporativa de instituições financeiras, tendo em vista que ele não só
censura o muito que precisa ser levado em conta, mas quando o estereótipo for abalado,
provavelmente o que apropriadamente foi levado em conta afunda com ele.
(LIPPMANN, 2008)
Desta forma, foi de profunda relevância para o seguimento desse estudo analisar uma
pesquisa de opinião pública intitulada “Projeto brasilidade de identidade nacional e
autoestima, realizada pela República” - uma empresa especializada em pesquisas de
opinião específicas deste gênero. Verificando assim que o conceito de marca país e
brasilidade vai muito além de questões tangíveis ou estéticas determinadas pelos
estereótipos já desgastados pela mídia e pela sociedade. A pesquisa revela um brasileiro
sempre ligado a valores abstratos e positivos. Um brasileiro mais humano que média
das pessoas de outras nacionalidades. Ver gráfico na Figura 5.
13
14. Figura 5 – A Autoimagem do Brasileiro.
Fonte: Projeto brasilidade de identidade nacional e autoestima - República, 2010.
A pesquisa também passa pelos valores intangíveis da sociedade. "Na pesquisa,
destacam-se aspectos na brasilidade que apontam para a questão da cordialidade
(HOLANDA) e da capacidade de conciliação (FREYRE) - “Conviver bem com todo
tipo de gente”, “adorar conviver com os amigos”, se emocionar e vibrar com
facilidade."” (RIBEIRO, 2010). A pesquisa mostra que o brasileiro se vê como mais
batalhador, mais alegre, mais solidário, mais prestativo, mais justo e ligados aos
sentimentos mais humanos.
Outra característica a ser levada em consideração é o estudo realizao pela Millward
Brown Brasil, instituto de pesquisas do grupo Ibope especializado em metodologias
para auxiliar na construção e manutenção de marcas, chamado "Comunicação Global -
Como as diferenças culturais impactam a performance da propaganda" e que foi
apresentado no 3º Congresso Brasileiro de Pesquisa, em 2008. A pesquisa, realizada em
dez países (Brasil, Argentina, México, Chile, Inglaterra, Espanha, África do Sul, China,
Índia e EUA), identificou que o apelo emocional nas campanhas publicitárias brasileira
é maior do que no resto do mundo, igualando-se apenas a Espanha e México.
Diferentemente do teor utilizado com freqüência em campanhas publicitárias de outros
14
15. países próximos como Argentina e Chile, onde se observa um teor “mais crítico e
politizado” nas campanhas. “O impacto da mensagem depende não só do que é dito,
mas também de como é dito. Alguns anúncios visam a uma posicionamento racional e
outros, a um posicionamento emocional.” (KOTLER, 2000).
AS NOVAS AÇÕES
Analisando todas informações já discutidas apresentadas até o momento; observa-se que
os bancos locais tem cada vez mais investido em comunicação, sobretudo em uma
comunicação mais pessoal e informal. Fortalecendo assim não apenas as suas marcas,
mas também utilizando-as como instrumento capaz de agregar valores a um setor tão
intangível como o de serviços. O mais puro brand equity.
Enquanto os bancos de outros países não apenas deixam de utilizar o apelo emocional,
mas como também caminha em linha exatamente oposta ressaltando a racionalidade e
os resultados (ver Imagem 6). As instituições financeiras no Brasil descobriram, através
de traços de brasilidade, a força do apelo emocional no público brasileiro. Partiram
então para uma publicidade mais emocional, ou seja "voltada para a tomada de decisão
do consumidor através da sensibilização afetiva e passional do
consumidor" (AZEVEDO JR, 2005).
Figura 6 – Os bancos estrangeiros destacam os resultados e a ausência do fator emocional.
Fonte: Peças publicitárias veiculadas pelos bancos Barclays e AVA.
Basta analisar as peças recentes dessas instituições. Nelas é possível compreender como
a comunicação dos bancos se tornaram mais humanas, emocionais, informais e até
15
16. íntimas do cliente; em detrimento da comunicação formal típica de intituições
financeiras pelo mundo a fora. O Banco do Brasil agora é banco “Todo Seu”, o Itaú foi
“Feito Pra Você”, e o Bradesco outrora conhecido pela imagem de estabilidade e
“Presença” este ano mudou a linha de comunicação enfatizando que “Presença é estar
lado a lado”. Até mesmo o estrangeiro Santander mudou seu conhecido slogan
internacional “Valorizando Idéias” e acrescentou “Valorizando Idéias por uma vida
melhor” quando iniciou suas atividades no país.
Figura 7 – Os bancos brasileiros agora estão mais íntimos e humanos em seu branding.
Fonte: Ações publicitárias veiculadas pelo Bradesco(2011) e Banco do Brasil(2007).
Mesmo no caso de compras e fusões os bancos aprenderam a ser menos comerciais e
mais emocionais. Para o Santander ele não comprou o Real, agora eles fazem tudo
“Juntos”. O Itaú e o Unibanco também fizeram uso de uma comunicação bem emotiva
ao anunciarem a “fusão”.
Taxas, valores ou mesmos benefícios financeiros agora praticamente inexistem na
comunicação das empresas desse setor. Atualmente, os clientes esperam sempre por
algo em troca nessa relação. E os bancos oferecem serviços prime, políticas de
responsabilidade ambiental, assistência social e uma série de outros benefícios que
mostre para consumidor que o banco tem sempre algo mais a oferecer para ele. Já não
basta simplesmente satisfazer clientes. É preciso encantá-los. (KOTLER, 2000).
16
17. CONSIDERAÇÕES
Com esse vínculo de encantamento com os clientes, o bancos brasileiros consegue
cobrar R$ 1,7 bilhão por mês em tarifas, de acordo com estudo do Instituto de Pesquisa
Econômica Aplicada, Censo 2010 e Banco Central. E ainda assim melhoram a cada ano
não apenas o seu faturamento, mas como também o seu ativo de maior valor: suas
marcas.
Outrossim apesar da ressalva de que "a crença na importância maior dos benefícios
emocionais não representa, em absoluto, o descuido das funções operacionais do
negócio" (MARTINS, 2006); essa nova forma plural e completamente distinta dos
estereótipos consolidados do mercado mostram que é possível obter grandes resultados
através do uso de uma brasilidade mais abstrata e repleta de pluralidade. Abrindo assim,
caminho para que o mundo comece a pensar em fortes marcas financeiras globais de
origem brasileira.
Quem sabe assim, as empresas nacionais de outro setores possam vir a descobrir que já
não basta ter os melhores produtos ou serviços. É preciso ter a melhor relação com o
cliente. É fundamental compreender a cidadania corporativa da brasilidade como
elemento catalisador desse processo de fortalecimento das marcas nacionais e que está
deixando de ser um diferencial em nossa sociedade e caminhando para se tornar um
ponto obrigatório para a sobrevivência das empresas no mercado. E quando fala-se em
cidadania corporativa da brasilidade não significa campanhas de comunicação isoladas,
mas sim um forte investimento e planejamento em um sólido trabalho de branding
contribuindo para que essas ações possam vir a ter um impacto positivo real tanto no
fortalecimento do ativos e da estrutura econômica dessas empresas, quanto na vida de
seus consumidores. Tudo isso imerso profundamente nos melhores valores do Brasil.
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18. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AAKER, David A. Criando e administrando marcas de sucesso. São Paulo: Futura,
1996.
AZEVEDO Jr., Aryovaldo de Castro. Imagem mundo. Campinas: IAR/Unicamp, 2005.
Tese de doutorado.
BARRETO, Márcio. A importância das marcas para as empresas de serviços. 2009.
AZEVEDO JUNIOR, Aryovaldo de Castro; RETT, Lucimara. O Glocal e a
Construção de Marcas: o case do restaurante Mangai. Intercom, 2010.
CARNEIRO, Levi. Marca corporativa: um universo em expansão. Grupo Troiano de
Branding, 2011.
CHAN KIN, W, MAUBORGNE, Reené. A Estratégia do Oceano Azul. Editora
Campus, 2005.
HABERMAS, Jürgen. Mudança estrutural da esfera pública – Investigação quanto
a uma categoria da sociedade burguesa. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1984.
KOTLER, Philip, SOMKID Jatusripitak, and SUVIT Maesincee (1997), The
Marketing of Nations: A Strategic Approach to Building National Wealth. New
York: The Free Press.
KOTLER, Philip, KELLER, Kevin Lane. Administração de Marketing. Tradução
Mônica Rosemberg, Claudio Freire e Brasil Ramos. São Paulo: Pearson, 2006.
LIPPMANN, Walter. Opinião Pública. Petrópolis: Vozes, 2008.
LUPETTI, Marcélia. Administração em Publicidade e Propaganda. São Paulo:
Futura, 2004.
MARTINS, José Roberto. Branding: Um manual para você criar, avaliar e
gerenciar marcas. São Paulo: Global Brands, 2006.
SANT’ANNA, A. Propaganda: teoria, técnica e prática. São Paulo: Pioneira, 2007.
Site IBGE. Disponível em: http://www.ibge.com.br Acessado em: 26 de Maio de 2011,
13h12min.
Site INTERBRAND. Disponível em: http://www.interbrand.com Acessado em: em 09
de Junho de 2011, 23h14min.
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