O documento discute a Idade Média, incluindo sua periodização, estrutura social feudal e grupos sociais. A poesia trovadoresca floresceu neste período e era transmitida oralmente, tratando de temas amorosos e satíricos em cantigas.
2. IDADE MÉDIA
marcos históricos
476 1456
queda o Império Romano do Ocidente queda do Império Romano do Oriente
invasão de diversos povos bárbaros tomada de Constantinopla pelos Otomanos
fim da Antiguidade [Era Clássica: Grécia-Roma] final da Idade Média
3. IDADE MÉDIA
aspectos históricos
o feudalismo, conceito
Modo de Produção que vigorou na Europa Ocidental durante a Idade
Média e que se caracteriza pelas relações servis de produção.
periodização
alta Idade Média baixa Idade Média
século V século XI século XV
4. IDADE MÉDIA
o feudo I
unidade de produção agrícola, amonetária e autossuficiente
8. IDADE MÉDIA
os grupos sociais da Idade Média
a estrutura social
No topo da pirâmide, havia o rei, que reinava e governava por ser
escolhido por Deus. Num segundo plano, havia o clero e a nobreza. No
último plano, estava o povo, que sustentava a sociedade medieval e
realizava as tarefas pesadas.
o padre reza o nobre protege o servo trabalha
9. IDADE MÉDIA
os grupos sociais da Idade Média
o clero
Na Idade Média, a Igreja Católica dominava o cenário religioso.
Detentora do poder espiritual, a Igreja influenciava o modo de pensar,
a psicologia e as formas de comportamento na Idade Média. A igreja
também tinha grande poder econômico, pois possuía terras em
grande quantidade e até mesmo servos trabalhando. Os monges
viviam em mosteiros e eram responsáveis pela proteção espiritual da
sociedade. Passavam grande parte do tempo rezando e copiando
livros e a bíblia.
12. IDADE MÉDIA
os grupos sociais da Idade Média
nobres, senhores feudais
A terra era a medida da riqueza, o senhor feudal era soberano de seu
feudo, comandado o seu funcionamento e fazendo justiça segundo as
tradições e o direito consuetudinário, isto é, o direito consagrado
pelos costumes.
15. IDADE MÉDIA
os grupos sociais da Idade Média
os servos
Os servos são trabalhadores rurais que estão vinculados à terra,
formando a classe social mais baixa da sociedade feudal. À diferença
dos escravos, os servos não eram propriedade de ninguém e não
podiam ser vendidos, pois não eram como escravos, que eram
propriedade dos donos. A servidão implica o trabalho forçado dos
servos nos campos dos senhores de terras, em troca de proteção e do
direito arrendar terras para subsistência. Ademais do trabalho na terra,
os servos executavam diversos trabalhos relacionados com agricultura,
como silvicultura, transporte (por terra e por rio), artesanato e mesmo
manufatura.
17. CRONOLOGIA DO TROVADORISMO
marcos históricos
1189 1418
Cantiga da Ribeirinha, Paio Soares de Taveirós nomeação de Fernão Lopes
primeiro texto da poesia galaico-portuguesa guarda-mor da Torre do Tombo
18. A CANTIGA DA RIBEIRINHA
Paio Soares de Taveirós
No mundo non me sei parelha,
Mentre me for como me vai,
Cá já moiro por vós, e - ai!
Mia senhor branca e vermelha.
Queredes que vos retraia
Quando vos eu vi em saia!
Mau dia me levantei,
Que vos enton non vi fea!
E, mia senhor, desd'aquel'di, ai!
Me foi a mi mui mal,
E vós, filha de don Paai
Moniz, e bem vos semelha
D'haver eu por vós guarvaia,
Pois eu, mia senhor, d'alfaia
Nunca de vós houve nem hei
Valia d'ua correa.
19. A CANTIGA DA RIBEIRINHA
Paio Soares de Taveirós
No mundo não conheço ninguém igual a mim,
Pois enquanto tudo acontecer como me acontece,
Já agora morro por vós, e - ai!
Minha senhora branca e vermelha.
Quereis que vos retrate
Quando vos eu vi sem manto!
Mau dia em que me levantei
Pois vos então não vi feia!
E, mia senhora, desde aquele dia, ai!
Me foi a mim muito mal,
E vós, filha de don Paai
Moniz, e bem vos perece
Que recebi de vós uma guarvaia,
Pois eu, minha senhora, de presente
Nunca de vós recebi nem hei de receber
Sequer um objeto sem valor
eu lírico masculino fala-se de um amor inatingível idealização da amada
metalinguagem a beleza da mulher sidera
21. A POESIA TROVADORESCA
características
textos escritos em galego-português;
tradição oral e coletiva;
poesia cantada e acompanhada por instrumentos musicais;
autores: trovadores, jograis, menestréis;
textos amorosos e satíricos;
poemas reunidos em livros coletivos [cancioneiros].
22. A POESIA TROVADORESCA
classificação
CANTIGAS LÍRICO-AMOROSAS CANTIGAS SATÍRICAS
cantigas de amor cantigas de escárnio
cantigas de amigo cantigas de maldizer
23. Os poemas do período do
Trovadorismo eram reunidos
em livros chamados
cancioneiros. Neste período, a
poesia está profundamente
ligada à música e à ideia de
representação [teatral – na
medida em que o locutor
assume o papel do vassalo – e
musical, posto que os textos
eram mormente eram
normalmente acompanhados
de música.
24. OS CANCIONEIROS MEDIEVAIS
a poesia trovadoresca
Cancioneiro da Ajuda
Acredita-se que tenha sido compilado na corte de D. Affonso X, no
final do século XIII. Contém apenas cantigas de amor dos poetas
mais antigos.
Cancioneiro da Vaticana
Compilação encontrada na Biblioteca do Vaticano [daí o nome].
Inclui cantigas de amor, de amigo, de escárnio e de maldizer da poesia
galego-portuguesa.
Cancioneiro da Biblioteca Nacional
O mais completo dos cancioneiros. Contém um pequeno tratado de
poética trovadoresca, a Arte de trovar.
25. Iluminura extraída do Romance de Alexandre, no qual o poeta doa seu coração à amada.
26. CATEGORIAS
da poesia trovadoresca
o trovador
pertencia à nobreza ou ao clero era poeta, cantor e compositor cuja
qualidade cultural requeria seleto público.
o segrel
Origem mais baixa (fidalgo em decadência), talvez um escudeiro que
seguia a cavalaria.
27. CATEGORIAS
da poesia trovadoresca
o jogral
Cantor de origem popular, parca cultura, raramente compunha,
limitando-se a executar as composições dos trovadores. Normalmente
acompanhado por uma soldadeira, mulher que dançava e cantava
durante as apresentações, por isso, de má reputação.
o menestrel
Também de origem popular , limitava-se a apresentar composições
alheias nos castelos ou feudos em que trabalhava.
28. A CANTIGA DE AMOR
características
origem provençal;
eu-lírico masculino;
tratamento dado à mulher [mia señor];
expressão da vida da corte;
idealização da mulher;
vassalagem amorosa;
expressão da coita d’amor [sofrimento amoroso].
29. A BELA MULHER
Giovanni Boccaccio
Alvas pérolas, orientais e novas,
sob vivos rubros rubis claros,
de onde um transbordante riso angélico,
a cintilar sob negros cílios,
aproxima Júpiter de Vênus,
e com rubras rosas e brancos lírios
mista se faz a cor em toda parte
sem que se enfraqueça a própria arte:
mechas de ouro e crespas fazem luz
sobre a alegre fronte, em frente à qual
ofusca-se Amor em maravilha;
as outras partes todas se harmonizam
às já ditas e em proporção igual,
naquela que mais que os anjos brilha.
eu lírico masculino lirismo amoroso retrato ideal da amada
31. A CANTIGA DE AMOR
regras do amor cortês
o amor sempre abandona o domicílio da avareza;
a conquista fácil desvaloriza o amor;
todo amante deve empalidecer em presença da amante;
só a virtude torna alguém digno de ser amado;
o atormentado pela coita d’amor come menos e dorme pouco.
32. CANÇÃO
Bernart de Ventadorn
Ao ver a ave mover Bem feminino é o proceder
Alegres as alas contra a luz, Dessa que me roubou a paz.
Que se olvida e deixa colher Não quer o que deve querer
Pela doçura que a conduz, E tudo o que não deve faz.
Ah! Tão grande inveja me vem Má sorte enfim me sobrevém,
Desses que venturosos vejo! Fiz como um louco numa ponte
É maravilha que o meu ser E tudo me foi suceder
Não se dissolva de desejo. Só porque quis mais horizonte.
Ah! Tanto julguei saber Piedade já não pode haver
De amor e menos que supus No universo para os mortais.
Sei, pois amar não me faz ter Se aquele que a devia ter
Essa a que nunca farei jus. Não tem, quem a terá jamais?
A mim de mim e a si também Ah! Como acreditar que alguém
De mim e tudo o que desejo De olhar tão doce e clara fronte
Tomou e só deixou querer Deixe que eu morra sem beber
Maior e um coração sobejo. [...] Água de amor em sua fonte?
amor cortês idealização da amada
coita de amor sofrimento amoroso
33. CANÇÃO
Bernart de Ventadorn
Quantos o amor fez padecer
penas que tenho padecido,
querem morrer e não duvido
que alegremente queiram morrer.
o locutor deseja morrer
Porém enquanto vos puder ver, vassalagem amorosa
vivendo assim eu quero estar
e esperar, e esperar. coita de amor
Sei que a sofrer estou condenado
e por vós cegam os olhos meus.
Não me acudis; nem vós, nem Deus
Mas, se sabendo-me abandonado,
ver-vos, senhora, me for dado,
vivendo assim eu quero estar
e esperar, e esperar.
presença de refrão Esses eu veem tristemente
desamparada sua paixão,
cegueira do olhar querendo morrer, loucos estão.
compara-se a trovadores Minha fortuna não é diferente;
porém eu digo constantemente:
vivendo assim eu quero estar
e esperar, e esperar.
34. A CANTIGA DE AMIGO
características
origem popular;
eu-lírico feminino;
tratamento dado ao namorado [amigo];
expressão da vida campesina e da vida urbana;
realismo: fatos comuns à vida urbana;
amor realizado e possível;
paralelismo e refrão.
35. PARALELISMO
a cantiga de amigo
Repetição do verso inicial, com uma ligeira alteração de sua parte final.
O objetivo é manter o paralelismo sem alterar muito os sentidos dos
versos.
Levad’ amigo, quer dormides as manhãas frias;
todas-las aves do mundo d’amor diziam:
leda m’and’eu.
Levad’ amigo, que dormide-las as frias manhãas;
todas-las aves do mundo d’amor cantavam:
leda m’and’eu.
Toda-las aves do mundo d’amor dizian;
do meu amor e do voss’en ment’avian:
leda m’and’eu.
36. TIPOS DE CANTIGAS DE AMIGO
a poesia trovadoresca
Cantigas de romaria
A amiga convida as amigas ou irmãs para irem com ela a uma capela,
onde encontrará seu amigo, ou as convida para bailarem em frente à
igreja.
Cantigas de barcarola ou marinha
A amiga dirige-se ao mar, como confidente a quem fala sobre a
ausência do seu amado.
Cantigas de alba
Tais poemas relacionam o tema do amor ao amanhecer do dia.
37. CANTIGA DE AMIGO
D. Dinis
Ai flores, ai flores do verde pino,
se sabedes novas do meu amigo!
ai Deus, e u é?
Ai flores, ai flores do verde ramo,
se sabedes novas do meu amado!
ai Deus, e u é?
Se sabedes novas do meu amigo,
aquel que mentiu do que pôs
comigo! ai Deus, e u é?
Se sabedes novas do meu amado,
aquel que mentiu do que mi há
jurado! ai Deus, e u é?
38. CANTIGA DE AMIGO [Alba]
Nuno Fernandes Torneol
Ergue-te, amigo que dormes nas manhãs frias! Do meu amor e do teu se lembrariam;
Todas as aves do mundo, de amor, diziam: tu lhes tolheste os ramos em que eu as via:
Alegre eu ando alegre eu ando.
Ergue-te, amigo que dormes nas manhãs frias! Do meu amor e do teu se recordavam;
Todas as aves do mundo, de amor, cantavam: tu lhes tolheste os ramos em que pousavam:
Alegre eu ando alegre eu ando.
Todas as aves do mundo, de amor, diziam; Tu lhes tolhestes os ramos em que eu as via;
do meu amor e do teu se lembrariam: e lhes secaste as fontes em que bebiam
alegre eu ando alegre eu ando
Todas as aves do mundo, de amor, cantavam; Tu lhes tolhestes os ramos em que pousavam;
do meu amor e do teu se recordavam: e lhes secaste as fontes em que as refrescavam
alegre eu ando alegre eu ando
39. A CANTIGA DE MALDIZER
características
crítica direta;
intenção difamatória;
uso de palavras obscenas ou de conteúdo erótico;
citação nominal da pessoa satirizada.
40. A CANTIGA DE ESCÁRNIO
características
crítica indireta;
uso da ironia;
ambiguidade [vocabulário de duplo sentido];
não se revela o nome da pessoa satirizada.
41. CANTIGA DE ESCÁRNIO
João Batista Guilhade
Ai, dona fea, foste-vos queixar
porque vos nunca louv’-en meu trobar
mais ora quero fazer un cantar
en que vos loarei toda via,
e vedes como vos quero loar
dona fea, velha e sandia .
Ai dona fea! se Deus me perdon!
e pois havedes tan gran coraçon
que vos eu loe en esta razon ,
vos quero já loar toda via,
e vedes qual será a loaçon:
dona fea, velha e sandia!
Dona fea, nunca vos eu loei
en meu trobar, pero muito trobei;
mais ora já um bom cantar farei
en que vos loarei toda via;
e direi-vos como vos loarei:
dona fea, velha e sandia!
42. CANTIGA DE MALDIZER
Pero Gargia Burgalez
Rei queimado morreu con amor
Em seus cantares por Santa Maria
por ua dona que gran bem queria
e por se meter por mais trovador
porque lh'ela non quis [o] benfazer
fez-s'el en seus cantares morrer
mas ressurgiu depois ao tercer dia!...
43. INFLUÊNCIAS TROVADORESCAS
O verme e a estrela, Pedro Kilkerry [romantismo]
Agora sabes que sou verme
Agora sei da tua luz
Se não notei minha epiderme
É.. nunca estrela eu te supus
Mas se cantar pudesse um verme
Eu cantaria a tua luz!
Se eras assim
Por que não deste
Um raio brando ao teu viver?
Não te lembrava
Azul-celeste
O céu talvez, não pode ser
Mas, ora.. enfim, por que não deste
Somente um raio ao teu viver?
Olho e examino minha epiderme
Olho e não vejo a tua luz!
Vamos que sou, talvez, um verme
Estrela nunca eu te supus!
Olho e examino minha epiderme
Ceguei ceguei a tua luz
44. INFLUÊNCIAS TROVADORESCAS
Letra para uma valsa romântica, Manuel Bandeira
A tarde agoniza
Ao santo acalanto
Da noturna brisa..
E eu,, que também morro,
Morro sem consolo,,
Se não vens,, Elisa!!
Ai nem te humaniza
O pranto que tanto
Nas faces desliza
Do amante que pede
Suplicantemente
Teu amor, Elisa!!
Ri, desdenha, pisa!!
Meu canto,, no entanto,,
Mais te diviniza,,
Mulher diferente,
Tão indiferente,
Desumana Elisa!