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historiografia
O TROVADORISMO
     Manoel Neves
IDADE MÉDIA
                                 marcos históricos
                   476                                         1456
 queda o Império Romano do Ocidente              queda do Império Romano do Oriente
     invasão de diversos povos bárbaros          tomada de Constantinopla pelos Otomanos
fim da Antiguidade [Era Clássica: Grécia-Roma]             final da Idade Média
IDADE MÉDIA
                       aspectos históricos

                   o feudalismo, conceito
Modo de Produção que vigorou na Europa Ocidental durante a Idade
Média e que se caracteriza pelas relações servis de produção.

                          periodização
            alta Idade Média               baixa Idade Média

 século V                      século XI                       século XV
IDADE MÉDIA
                      o feudo I




unidade de produção agrícola, amonetária e autossuficiente
IDADE MÉDIA
  o feudo II
IDADE MÉDIA
  o feudo III
IDADE MÉDIA
os grupos sociais [ao final] da Idade Média
IDADE MÉDIA
               os grupos sociais da Idade Média
                     a estrutura social
No topo da pirâmide, havia o rei, que reinava e governava por ser
escolhido por Deus. Num segundo plano, havia o clero e a nobreza. No
último plano, estava o povo, que sustentava a sociedade medieval e
realizava as tarefas pesadas.
o padre reza               o nobre protege              o servo trabalha
IDADE MÉDIA
             os grupos sociais da Idade Média
                             o clero
Na Idade Média, a Igreja Católica dominava o cenário religioso.
Detentora do poder espiritual, a Igreja influenciava o modo de pensar,
a psicologia e as formas de comportamento na Idade Média. A igreja
também tinha grande poder econômico, pois possuía terras em
grande quantidade e até mesmo servos trabalhando. Os monges
viviam em mosteiros e eram responsáveis pela proteção espiritual da
sociedade. Passavam grande parte do tempo rezando e copiando
livros e a bíblia.
IDADE MÉDIA
   o clero
IDADE MÉDIA
   o clero
IDADE MÉDIA
            os grupos sociais da Idade Média
               nobres, senhores feudais
A terra era a medida da riqueza, o senhor feudal era soberano de seu
feudo, comandado o seu funcionamento e fazendo justiça segundo as
tradições e o direito consuetudinário, isto é, o direito consagrado
pelos costumes.
IDADE MÉDIA
nobres e senhores feudais
IDADE MÉDIA
nobres e senhores feudais
IDADE MÉDIA
             os grupos sociais da Idade Média
                             os servos
Os servos são trabalhadores rurais que estão vinculados à terra,
formando a classe social mais baixa da sociedade feudal. À diferença
dos escravos, os servos não eram propriedade de ninguém e não
podiam ser vendidos, pois não eram como escravos, que eram
propriedade dos donos. A servidão implica o trabalho forçado dos
servos nos campos dos senhores de terras, em troca de proteção e do
direito arrendar terras para subsistência. Ademais do trabalho na terra,
os servos executavam diversos trabalhos relacionados com agricultura,
como silvicultura, transporte (por terra e por rio), artesanato e mesmo
manufatura.
IDADE MÉDIA
a tríade medieval: clérigo, nobre e servo
CRONOLOGIA DO TROVADORISMO
                                  marcos históricos
                  1189                                    1418
Cantiga da Ribeirinha, Paio Soares de Taveirós   nomeação de Fernão Lopes

  primeiro texto da poesia galaico-portuguesa    guarda-mor da Torre do Tombo
A CANTIGA DA RIBEIRINHA
   Paio Soares de Taveirós
    No mundo non me sei parelha,
      Mentre me for como me vai,
       Cá já moiro por vós, e - ai!
    Mia senhor branca e vermelha.
       Queredes que vos retraia
       Quando vos eu vi em saia!
          Mau dia me levantei,
       Que vos enton non vi fea!
    E, mia senhor, desd'aquel'di, ai!
          Me foi a mi mui mal,
         E vós, filha de don Paai
       Moniz, e bem vos semelha
      D'haver eu por vós guarvaia,
      Pois eu, mia senhor, d'alfaia
     Nunca de vós houve nem hei
            Valia d'ua correa.
A CANTIGA DA RIBEIRINHA
                          Paio Soares de Taveirós
                  No mundo não conheço ninguém igual a mim,
                  Pois enquanto tudo acontecer como me acontece,
                  Já agora morro por vós, e - ai!
                  Minha senhora branca e vermelha.
                  Quereis que vos retrate
                  Quando vos eu vi sem manto!
                  Mau dia em que me levantei
                  Pois vos então não vi feia!
                  E, mia senhora, desde aquele dia, ai!
                  Me foi a mim muito mal,
                  E vós, filha de don Paai
                  Moniz, e bem vos perece
                  Que recebi de vós uma guarvaia,
                  Pois eu, minha senhora, de presente
                  Nunca de vós recebi nem hei de receber
                  Sequer um objeto sem valor

eu lírico masculino          fala-se de um amor inatingível      idealização da amada
                      metalinguagem             a beleza da mulher sidera
Miniatura do código manessiano, século XIV, Heidelberg
A POESIA TROVADORESCA
                     características
           textos escritos em galego-português;
                 tradição oral e coletiva;
poesia cantada e acompanhada por instrumentos musicais;
         autores: trovadores, jograis, menestréis;
               textos amorosos e satíricos;
   poemas reunidos em livros coletivos [cancioneiros].
A POESIA TROVADORESCA
                         classificação
CANTIGAS LÍRICO-AMOROSAS                 CANTIGAS SATÍRICAS
     cantigas de amor                     cantigas de escárnio
     cantigas de amigo                    cantigas de maldizer
Os poemas do período do
Trovadorismo eram reunidos
em       livros     chamados
cancioneiros. Neste período, a
poesia está profundamente
ligada à música e à ideia de
representação [teatral – na
medida em que o locutor
assume o papel do vassalo – e
musical, posto que os textos
eram       mormente      eram
normalmente acompanhados
de música.
OS CANCIONEIROS MEDIEVAIS
                    a poesia trovadoresca
                 Cancioneiro da Ajuda
Acredita-se que tenha sido compilado na corte de D. Affonso X, no
final do século XIII. Contém apenas cantigas de amor dos poetas
mais antigos.

               Cancioneiro da Vaticana
Compilação encontrada na Biblioteca do Vaticano [daí o nome].
Inclui cantigas de amor, de amigo, de escárnio e de maldizer da poesia
galego-portuguesa.

       Cancioneiro da Biblioteca Nacional
O mais completo dos cancioneiros. Contém um pequeno tratado de
poética trovadoresca, a Arte de trovar.
Iluminura extraída do Romance de Alexandre, no qual o poeta doa seu coração à amada.
CATEGORIAS
                   da poesia trovadoresca
                          o trovador
pertencia à nobreza ou ao clero era poeta, cantor e compositor cuja
qualidade cultural requeria seleto público.

                            o segrel
Origem mais baixa (fidalgo em decadência), talvez um escudeiro que
seguia a cavalaria.
CATEGORIAS
                  da poesia trovadoresca
                           o jogral
Cantor de origem popular, parca cultura, raramente compunha,
limitando-se a executar as composições dos trovadores. Normalmente
acompanhado por uma soldadeira, mulher que dançava e cantava
durante as apresentações, por isso, de má reputação.

                         o menestrel
Também de origem popular , limitava-se a apresentar composições
alheias nos castelos ou feudos em que trabalhava.
A CANTIGA DE AMOR
                 características
                origem provençal;
               eu-lírico masculino;
     tratamento dado à mulher [mia señor];
           expressão da vida da corte;
             idealização da mulher;
              vassalagem amorosa;
expressão da coita d’amor [sofrimento amoroso].
A BELA MULHER
                          Giovanni Boccaccio
                          Alvas pérolas, orientais e novas,
                            sob vivos rubros rubis claros,
                      de onde um transbordante riso angélico,
                              a cintilar sob negros cílios,
                             aproxima Júpiter de Vênus,
                         e com rubras rosas e brancos lírios
                          mista se faz a cor em toda parte
                       sem que se enfraqueça a própria arte:
                        mechas de ouro e crespas fazem luz
                       sobre a alegre fronte, em frente à qual
                           ofusca-se Amor em maravilha;
                       as outras partes todas se harmonizam
                          às já ditas e em proporção igual,
                       naquela que mais que os anjos brilha.

eu lírico masculino              lirismo amoroso                 retrato ideal da amada
Dante Gabriel Rossetti: O sonho de Dante
A CANTIGA DE AMOR
                  regras do amor cortês
     o amor sempre abandona o domicílio da avareza;
           a conquista fácil desvaloriza o amor;
  todo amante deve empalidecer em presença da amante;
      só a virtude torna alguém digno de ser amado;
o atormentado pela coita d’amor come menos e dorme pouco.
CANÇÃO
                 Bernart de Ventadorn
     Ao ver a ave mover              Bem feminino é o proceder
 Alegres as alas contra a luz,       Dessa que me roubou a paz.
 Que se olvida e deixa colher        Não quer o que deve querer
  Pela doçura que a conduz,           E tudo o que não deve faz.
Ah! Tão grande inveja me vem        Má sorte enfim me sobrevém,
 Desses que venturosos vejo!       Fiz como um louco numa ponte
  É maravilha que o meu ser              E tudo me foi suceder
  Não se dissolva de desejo.       Só porque quis mais horizonte.
    Ah! Tanto julguei saber          Piedade já não pode haver
 De amor e menos que supus          No universo para os mortais.
 Sei, pois amar não me faz ter        Se aquele que a devia ter
  Essa a que nunca farei jus.       Não tem, quem a terá jamais?
 A mim de mim e a si também        Ah! Como acreditar que alguém
 De mim e tudo o que desejo        De olhar tão doce e clara fronte
  Tomou e só deixou querer         Deixe que eu morra sem beber
Maior e um coração sobejo. [...]    Água de amor em sua fonte?

         amor cortês                  idealização da amada
        coita de amor                 sofrimento amoroso
CANÇÃO
                                  Bernart de Ventadorn
Quantos o amor fez padecer
penas que tenho padecido,
querem morrer e não duvido
que alegremente queiram morrer.
                                      o locutor deseja morrer
Porém enquanto vos puder ver,          vassalagem amorosa
  vivendo assim eu quero estar
  e esperar, e esperar.                    coita de amor
                             Sei que a sofrer estou condenado
                             e por vós cegam os olhos meus.
                             Não me acudis; nem vós, nem Deus
                             Mas, se sabendo-me abandonado,
                             ver-vos, senhora, me for dado,
                                vivendo assim eu quero estar
                                e esperar, e esperar.
                                    presença de refrão          Esses eu veem tristemente
                                                                desamparada sua paixão,
                                     cegueira do olhar          querendo morrer, loucos estão.
                                  compara-se a trovadores       Minha fortuna não é diferente;
                                                                porém eu digo constantemente:
                                                                   vivendo assim eu quero estar
                                                                   e esperar, e esperar.
A CANTIGA DE AMIGO
               características
               origem popular;
              eu-lírico feminino;
   tratamento dado ao namorado [amigo];
expressão da vida campesina e da vida urbana;
    realismo: fatos comuns à vida urbana;
          amor realizado e possível;
            paralelismo e refrão.
PARALELISMO
                       a cantiga de amigo
Repetição do verso inicial, com uma ligeira alteração de sua parte final.
O objetivo é manter o paralelismo sem alterar muito os sentidos dos
versos.
            Levad’ amigo, quer dormides as manhãas frias;
            todas-las aves do mundo d’amor diziam:
                 leda m’and’eu.
            Levad’ amigo, que dormide-las as frias manhãas;
            todas-las aves do mundo d’amor cantavam:
                 leda m’and’eu.
            Toda-las aves do mundo d’amor dizian;
            do meu amor e do voss’en ment’avian:
                 leda m’and’eu.
TIPOS DE CANTIGAS DE AMIGO
                   a poesia trovadoresca
                  Cantigas de romaria
A amiga convida as amigas ou irmãs para irem com ela a uma capela,
onde encontrará seu amigo, ou as convida para bailarem em frente à
igreja.

       Cantigas de barcarola ou marinha
A amiga dirige-se ao mar, como confidente a quem fala sobre a
ausência do seu amado.

                    Cantigas de alba
Tais poemas relacionam o tema do amor ao amanhecer do dia.
CANTIGA DE AMIGO
           D. Dinis
Ai flores, ai flores do verde pino,
se sabedes novas do meu amigo!
ai Deus, e u é?
Ai flores, ai flores do verde ramo,
se sabedes novas do meu amado!
ai Deus, e u é?

Se sabedes novas do meu amigo,
aquel que mentiu do que pôs
comigo! ai Deus, e u é?
Se sabedes novas do meu amado,
aquel que mentiu do que mi há
jurado! ai Deus, e u é?
CANTIGA DE AMIGO [Alba]
                            Nuno Fernandes Torneol
Ergue-te, amigo que dormes nas manhãs frias!   Do meu amor e do teu se lembrariam;
Todas as aves do mundo, de amor, diziam:       tu lhes tolheste os ramos em que eu as via:
Alegre eu ando                                 alegre eu ando.
Ergue-te, amigo que dormes nas manhãs frias!   Do meu amor e do teu se recordavam;
Todas as aves do mundo, de amor, cantavam:     tu lhes tolheste os ramos em que pousavam:
Alegre eu ando                                 alegre eu ando.
Todas as aves do mundo, de amor, diziam;       Tu lhes tolhestes os ramos em que eu as via;
do meu amor e do teu se lembrariam:            e lhes secaste as fontes em que bebiam
alegre eu ando                                 alegre eu ando
Todas as aves do mundo, de amor, cantavam;     Tu lhes tolhestes os ramos em que pousavam;
do meu amor e do teu se recordavam:            e lhes secaste as fontes em que as refrescavam
alegre eu ando                                 alegre eu ando
A CANTIGA DE MALDIZER
                características
                 crítica direta;
             intenção difamatória;
uso de palavras obscenas ou de conteúdo erótico;
     citação nominal da pessoa satirizada.
A CANTIGA DE ESCÁRNIO
                características
                crítica indireta;
                 uso da ironia;
ambiguidade [vocabulário de duplo sentido];
   não se revela o nome da pessoa satirizada.
CANTIGA DE ESCÁRNIO
      João Batista Guilhade
Ai, dona fea, foste-vos queixar
porque vos nunca louv’-en meu trobar
mais ora quero fazer un cantar
en que vos loarei toda via,
e vedes como vos quero loar
dona fea, velha e sandia .
Ai dona fea! se Deus me perdon!
e pois havedes tan gran coraçon
que vos eu loe en esta razon ,
vos quero já loar toda via,
e vedes qual será a loaçon:
dona fea, velha e sandia!
Dona fea, nunca vos eu loei
en meu trobar, pero muito trobei;
mais ora já um bom cantar farei
en que vos loarei toda via;
e direi-vos como vos loarei:
dona fea, velha e sandia!
CANTIGA DE MALDIZER
    Pero Gargia Burgalez
 Rei queimado morreu con amor
 Em seus cantares por Santa Maria
 por ua dona que gran bem queria
 e por se meter por mais trovador
 porque lh'ela non quis [o] benfazer
 fez-s'el en seus cantares morrer
 mas ressurgiu depois ao tercer dia!...
INFLUÊNCIAS TROVADORESCAS
O verme e a estrela, Pedro Kilkerry [romantismo]
           Agora sabes que sou verme
           Agora sei da tua luz
           Se não notei minha epiderme
           É.. nunca estrela eu te supus
           Mas se cantar pudesse um verme
           Eu cantaria a tua luz!
           Se eras assim
           Por que não deste
           Um raio brando ao teu viver?
           Não te lembrava
           Azul-celeste
           O céu talvez, não pode ser
           Mas, ora.. enfim, por que não deste
           Somente um raio ao teu viver?
           Olho e examino minha epiderme
           Olho e não vejo a tua luz!
           Vamos que sou, talvez, um verme
           Estrela nunca eu te supus!
           Olho e examino minha epiderme
           Ceguei ceguei a tua luz
INFLUÊNCIAS TROVADORESCAS
Letra para uma valsa romântica, Manuel Bandeira
                    A tarde agoniza
                  Ao santo acalanto
                  Da noturna brisa..
              E eu,, que também morro,
                 Morro sem consolo,,
                 Se não vens,, Elisa!!
                Ai nem te humaniza
                 O pranto que tanto
                  Nas faces desliza
                Do amante que pede
                  Suplicantemente
                  Teu amor, Elisa!!
                Ri, desdenha, pisa!!
               Meu canto,, no entanto,,
                  Mais te diviniza,,
                 Mulher diferente,
                  Tão indiferente,
                  Desumana Elisa!

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O trovadorismo

  • 2. IDADE MÉDIA marcos históricos 476 1456 queda o Império Romano do Ocidente queda do Império Romano do Oriente invasão de diversos povos bárbaros tomada de Constantinopla pelos Otomanos fim da Antiguidade [Era Clássica: Grécia-Roma] final da Idade Média
  • 3. IDADE MÉDIA aspectos históricos o feudalismo, conceito Modo de Produção que vigorou na Europa Ocidental durante a Idade Média e que se caracteriza pelas relações servis de produção. periodização alta Idade Média baixa Idade Média século V século XI século XV
  • 4. IDADE MÉDIA o feudo I unidade de produção agrícola, amonetária e autossuficiente
  • 5. IDADE MÉDIA o feudo II
  • 6. IDADE MÉDIA o feudo III
  • 7. IDADE MÉDIA os grupos sociais [ao final] da Idade Média
  • 8. IDADE MÉDIA os grupos sociais da Idade Média a estrutura social No topo da pirâmide, havia o rei, que reinava e governava por ser escolhido por Deus. Num segundo plano, havia o clero e a nobreza. No último plano, estava o povo, que sustentava a sociedade medieval e realizava as tarefas pesadas. o padre reza o nobre protege o servo trabalha
  • 9. IDADE MÉDIA os grupos sociais da Idade Média o clero Na Idade Média, a Igreja Católica dominava o cenário religioso. Detentora do poder espiritual, a Igreja influenciava o modo de pensar, a psicologia e as formas de comportamento na Idade Média. A igreja também tinha grande poder econômico, pois possuía terras em grande quantidade e até mesmo servos trabalhando. Os monges viviam em mosteiros e eram responsáveis pela proteção espiritual da sociedade. Passavam grande parte do tempo rezando e copiando livros e a bíblia.
  • 10. IDADE MÉDIA o clero
  • 11. IDADE MÉDIA o clero
  • 12. IDADE MÉDIA os grupos sociais da Idade Média nobres, senhores feudais A terra era a medida da riqueza, o senhor feudal era soberano de seu feudo, comandado o seu funcionamento e fazendo justiça segundo as tradições e o direito consuetudinário, isto é, o direito consagrado pelos costumes.
  • 13. IDADE MÉDIA nobres e senhores feudais
  • 14. IDADE MÉDIA nobres e senhores feudais
  • 15. IDADE MÉDIA os grupos sociais da Idade Média os servos Os servos são trabalhadores rurais que estão vinculados à terra, formando a classe social mais baixa da sociedade feudal. À diferença dos escravos, os servos não eram propriedade de ninguém e não podiam ser vendidos, pois não eram como escravos, que eram propriedade dos donos. A servidão implica o trabalho forçado dos servos nos campos dos senhores de terras, em troca de proteção e do direito arrendar terras para subsistência. Ademais do trabalho na terra, os servos executavam diversos trabalhos relacionados com agricultura, como silvicultura, transporte (por terra e por rio), artesanato e mesmo manufatura.
  • 16. IDADE MÉDIA a tríade medieval: clérigo, nobre e servo
  • 17. CRONOLOGIA DO TROVADORISMO marcos históricos 1189 1418 Cantiga da Ribeirinha, Paio Soares de Taveirós nomeação de Fernão Lopes primeiro texto da poesia galaico-portuguesa guarda-mor da Torre do Tombo
  • 18. A CANTIGA DA RIBEIRINHA Paio Soares de Taveirós No mundo non me sei parelha, Mentre me for como me vai, Cá já moiro por vós, e - ai! Mia senhor branca e vermelha. Queredes que vos retraia Quando vos eu vi em saia! Mau dia me levantei, Que vos enton non vi fea! E, mia senhor, desd'aquel'di, ai! Me foi a mi mui mal, E vós, filha de don Paai Moniz, e bem vos semelha D'haver eu por vós guarvaia, Pois eu, mia senhor, d'alfaia Nunca de vós houve nem hei Valia d'ua correa.
  • 19. A CANTIGA DA RIBEIRINHA Paio Soares de Taveirós No mundo não conheço ninguém igual a mim, Pois enquanto tudo acontecer como me acontece, Já agora morro por vós, e - ai! Minha senhora branca e vermelha. Quereis que vos retrate Quando vos eu vi sem manto! Mau dia em que me levantei Pois vos então não vi feia! E, mia senhora, desde aquele dia, ai! Me foi a mim muito mal, E vós, filha de don Paai Moniz, e bem vos perece Que recebi de vós uma guarvaia, Pois eu, minha senhora, de presente Nunca de vós recebi nem hei de receber Sequer um objeto sem valor eu lírico masculino fala-se de um amor inatingível idealização da amada metalinguagem a beleza da mulher sidera
  • 20. Miniatura do código manessiano, século XIV, Heidelberg
  • 21. A POESIA TROVADORESCA características textos escritos em galego-português; tradição oral e coletiva; poesia cantada e acompanhada por instrumentos musicais; autores: trovadores, jograis, menestréis; textos amorosos e satíricos; poemas reunidos em livros coletivos [cancioneiros].
  • 22. A POESIA TROVADORESCA classificação CANTIGAS LÍRICO-AMOROSAS CANTIGAS SATÍRICAS cantigas de amor cantigas de escárnio cantigas de amigo cantigas de maldizer
  • 23. Os poemas do período do Trovadorismo eram reunidos em livros chamados cancioneiros. Neste período, a poesia está profundamente ligada à música e à ideia de representação [teatral – na medida em que o locutor assume o papel do vassalo – e musical, posto que os textos eram mormente eram normalmente acompanhados de música.
  • 24. OS CANCIONEIROS MEDIEVAIS a poesia trovadoresca Cancioneiro da Ajuda Acredita-se que tenha sido compilado na corte de D. Affonso X, no final do século XIII. Contém apenas cantigas de amor dos poetas mais antigos. Cancioneiro da Vaticana Compilação encontrada na Biblioteca do Vaticano [daí o nome]. Inclui cantigas de amor, de amigo, de escárnio e de maldizer da poesia galego-portuguesa. Cancioneiro da Biblioteca Nacional O mais completo dos cancioneiros. Contém um pequeno tratado de poética trovadoresca, a Arte de trovar.
  • 25. Iluminura extraída do Romance de Alexandre, no qual o poeta doa seu coração à amada.
  • 26. CATEGORIAS da poesia trovadoresca o trovador pertencia à nobreza ou ao clero era poeta, cantor e compositor cuja qualidade cultural requeria seleto público. o segrel Origem mais baixa (fidalgo em decadência), talvez um escudeiro que seguia a cavalaria.
  • 27. CATEGORIAS da poesia trovadoresca o jogral Cantor de origem popular, parca cultura, raramente compunha, limitando-se a executar as composições dos trovadores. Normalmente acompanhado por uma soldadeira, mulher que dançava e cantava durante as apresentações, por isso, de má reputação. o menestrel Também de origem popular , limitava-se a apresentar composições alheias nos castelos ou feudos em que trabalhava.
  • 28. A CANTIGA DE AMOR características origem provençal; eu-lírico masculino; tratamento dado à mulher [mia señor]; expressão da vida da corte; idealização da mulher; vassalagem amorosa; expressão da coita d’amor [sofrimento amoroso].
  • 29. A BELA MULHER Giovanni Boccaccio Alvas pérolas, orientais e novas, sob vivos rubros rubis claros, de onde um transbordante riso angélico, a cintilar sob negros cílios, aproxima Júpiter de Vênus, e com rubras rosas e brancos lírios mista se faz a cor em toda parte sem que se enfraqueça a própria arte: mechas de ouro e crespas fazem luz sobre a alegre fronte, em frente à qual ofusca-se Amor em maravilha; as outras partes todas se harmonizam às já ditas e em proporção igual, naquela que mais que os anjos brilha. eu lírico masculino lirismo amoroso retrato ideal da amada
  • 30. Dante Gabriel Rossetti: O sonho de Dante
  • 31. A CANTIGA DE AMOR regras do amor cortês o amor sempre abandona o domicílio da avareza; a conquista fácil desvaloriza o amor; todo amante deve empalidecer em presença da amante; só a virtude torna alguém digno de ser amado; o atormentado pela coita d’amor come menos e dorme pouco.
  • 32. CANÇÃO Bernart de Ventadorn Ao ver a ave mover Bem feminino é o proceder Alegres as alas contra a luz, Dessa que me roubou a paz. Que se olvida e deixa colher Não quer o que deve querer Pela doçura que a conduz, E tudo o que não deve faz. Ah! Tão grande inveja me vem Má sorte enfim me sobrevém, Desses que venturosos vejo! Fiz como um louco numa ponte É maravilha que o meu ser E tudo me foi suceder Não se dissolva de desejo. Só porque quis mais horizonte. Ah! Tanto julguei saber Piedade já não pode haver De amor e menos que supus No universo para os mortais. Sei, pois amar não me faz ter Se aquele que a devia ter Essa a que nunca farei jus. Não tem, quem a terá jamais? A mim de mim e a si também Ah! Como acreditar que alguém De mim e tudo o que desejo De olhar tão doce e clara fronte Tomou e só deixou querer Deixe que eu morra sem beber Maior e um coração sobejo. [...] Água de amor em sua fonte? amor cortês idealização da amada coita de amor sofrimento amoroso
  • 33. CANÇÃO Bernart de Ventadorn Quantos o amor fez padecer penas que tenho padecido, querem morrer e não duvido que alegremente queiram morrer. o locutor deseja morrer Porém enquanto vos puder ver, vassalagem amorosa vivendo assim eu quero estar e esperar, e esperar. coita de amor Sei que a sofrer estou condenado e por vós cegam os olhos meus. Não me acudis; nem vós, nem Deus Mas, se sabendo-me abandonado, ver-vos, senhora, me for dado, vivendo assim eu quero estar e esperar, e esperar. presença de refrão Esses eu veem tristemente desamparada sua paixão, cegueira do olhar querendo morrer, loucos estão. compara-se a trovadores Minha fortuna não é diferente; porém eu digo constantemente: vivendo assim eu quero estar e esperar, e esperar.
  • 34. A CANTIGA DE AMIGO características origem popular; eu-lírico feminino; tratamento dado ao namorado [amigo]; expressão da vida campesina e da vida urbana; realismo: fatos comuns à vida urbana; amor realizado e possível; paralelismo e refrão.
  • 35. PARALELISMO a cantiga de amigo Repetição do verso inicial, com uma ligeira alteração de sua parte final. O objetivo é manter o paralelismo sem alterar muito os sentidos dos versos. Levad’ amigo, quer dormides as manhãas frias; todas-las aves do mundo d’amor diziam: leda m’and’eu. Levad’ amigo, que dormide-las as frias manhãas; todas-las aves do mundo d’amor cantavam: leda m’and’eu. Toda-las aves do mundo d’amor dizian; do meu amor e do voss’en ment’avian: leda m’and’eu.
  • 36. TIPOS DE CANTIGAS DE AMIGO a poesia trovadoresca Cantigas de romaria A amiga convida as amigas ou irmãs para irem com ela a uma capela, onde encontrará seu amigo, ou as convida para bailarem em frente à igreja. Cantigas de barcarola ou marinha A amiga dirige-se ao mar, como confidente a quem fala sobre a ausência do seu amado. Cantigas de alba Tais poemas relacionam o tema do amor ao amanhecer do dia.
  • 37. CANTIGA DE AMIGO D. Dinis Ai flores, ai flores do verde pino, se sabedes novas do meu amigo! ai Deus, e u é? Ai flores, ai flores do verde ramo, se sabedes novas do meu amado! ai Deus, e u é? Se sabedes novas do meu amigo, aquel que mentiu do que pôs comigo! ai Deus, e u é? Se sabedes novas do meu amado, aquel que mentiu do que mi há jurado! ai Deus, e u é?
  • 38. CANTIGA DE AMIGO [Alba] Nuno Fernandes Torneol Ergue-te, amigo que dormes nas manhãs frias! Do meu amor e do teu se lembrariam; Todas as aves do mundo, de amor, diziam: tu lhes tolheste os ramos em que eu as via: Alegre eu ando alegre eu ando. Ergue-te, amigo que dormes nas manhãs frias! Do meu amor e do teu se recordavam; Todas as aves do mundo, de amor, cantavam: tu lhes tolheste os ramos em que pousavam: Alegre eu ando alegre eu ando. Todas as aves do mundo, de amor, diziam; Tu lhes tolhestes os ramos em que eu as via; do meu amor e do teu se lembrariam: e lhes secaste as fontes em que bebiam alegre eu ando alegre eu ando Todas as aves do mundo, de amor, cantavam; Tu lhes tolhestes os ramos em que pousavam; do meu amor e do teu se recordavam: e lhes secaste as fontes em que as refrescavam alegre eu ando alegre eu ando
  • 39. A CANTIGA DE MALDIZER características crítica direta; intenção difamatória; uso de palavras obscenas ou de conteúdo erótico; citação nominal da pessoa satirizada.
  • 40. A CANTIGA DE ESCÁRNIO características crítica indireta; uso da ironia; ambiguidade [vocabulário de duplo sentido]; não se revela o nome da pessoa satirizada.
  • 41. CANTIGA DE ESCÁRNIO João Batista Guilhade Ai, dona fea, foste-vos queixar porque vos nunca louv’-en meu trobar mais ora quero fazer un cantar en que vos loarei toda via, e vedes como vos quero loar dona fea, velha e sandia . Ai dona fea! se Deus me perdon! e pois havedes tan gran coraçon que vos eu loe en esta razon , vos quero já loar toda via, e vedes qual será a loaçon: dona fea, velha e sandia! Dona fea, nunca vos eu loei en meu trobar, pero muito trobei; mais ora já um bom cantar farei en que vos loarei toda via; e direi-vos como vos loarei: dona fea, velha e sandia!
  • 42. CANTIGA DE MALDIZER Pero Gargia Burgalez Rei queimado morreu con amor Em seus cantares por Santa Maria por ua dona que gran bem queria e por se meter por mais trovador porque lh'ela non quis [o] benfazer fez-s'el en seus cantares morrer mas ressurgiu depois ao tercer dia!...
  • 43. INFLUÊNCIAS TROVADORESCAS O verme e a estrela, Pedro Kilkerry [romantismo] Agora sabes que sou verme Agora sei da tua luz Se não notei minha epiderme É.. nunca estrela eu te supus Mas se cantar pudesse um verme Eu cantaria a tua luz! Se eras assim Por que não deste Um raio brando ao teu viver? Não te lembrava Azul-celeste O céu talvez, não pode ser Mas, ora.. enfim, por que não deste Somente um raio ao teu viver? Olho e examino minha epiderme Olho e não vejo a tua luz! Vamos que sou, talvez, um verme Estrela nunca eu te supus! Olho e examino minha epiderme Ceguei ceguei a tua luz
  • 44. INFLUÊNCIAS TROVADORESCAS Letra para uma valsa romântica, Manuel Bandeira A tarde agoniza Ao santo acalanto Da noturna brisa.. E eu,, que também morro, Morro sem consolo,, Se não vens,, Elisa!! Ai nem te humaniza O pranto que tanto Nas faces desliza Do amante que pede Suplicantemente Teu amor, Elisa!! Ri, desdenha, pisa!! Meu canto,, no entanto,, Mais te diviniza,, Mulher diferente, Tão indiferente, Desumana Elisa!