Este documento discute a maneira adequada para os crentes usarem a fala. Ele enfatiza a importância de ouvir antes de falar, falar com sabedoria e moderação, e controlar a ira. A religião verdadeira é definida como visitar os necessitados e manter-se longe da corrupção do mundo.
8. Introdução.
Na lição dessa semana vamos estudar a maneira
adequada de o crente usar um instrumento
maravilhoso, mas ao mesmo tempo, potencialmente
perigoso: a fala. Este assunto está interligado à
temática da verdadeira religião que agrada a Deus.
O fenômeno da fala é uma das fontes de expressão
do pensamento humano, como também é
responsável pelo processo de comunicação e de
formação da identidade cultural de uma
sociedade. As pessoas querem falar às outras àquilo
que pensam. O crente, todavia, tem o compromisso
de não apenas falar o que pensa, mas agir como
propõe o Evangelho.
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10. 1. Pronto para ouvir.
Para alguns crentes, a pessoa sábia é a que sempre tem
algo a falar. Ouvir é um empreendimento trabalhoso e,
por isso, ignorado por muitos. Diferentemente, as
Escrituras admoestam-nos a ser prontos para ouvir. No
versículo 19, Tiago introduz o seu ensino sobre o "ouvir" e
o "falar" destacando a expressão sabei isto. Com essa
expressão, ele demonstra a sua preocupação pastoral
com os seus leitores. Outro termo no versículo 19 chama-
nos a atenção: pronto. No grego, a palavra significa
"rápido", "ligeiro" e "veloz". Ali, o escritor sacro incentiva-
nos a estar disponíveis a ouvir. É uma atitude que
depende de uma disposição e também da decisão em
ouvir o outro. A exemplo do profeta Samuel, que desde
a sua infância foi ensinado a ouvir a voz divina (1 Sm
3.10; 16.6-13), o povo de Deus deve persistir em escutar
os desígnios do Pai, pois nesses últimos dias têm Ele
falado através do seu Filho, o Verbo Vivo de Deus (Hb
1.1; cf. Jo 1.1).
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12. 2. Tardio para falar.
Quem ouve com atenção adquire a rara
capacidade de opinar acerca de qualquer assunto.
É justamente por isso que a Carta de Tiago exorta-
nos a ser tardios para falar (v.19). Uma palavra dita
sem pensar, fora de tempo, e sem conhecimento
dos fatos, pode provocar verdadeiras tragédias.
Quem nunca se arrependeu de ter falado antes de
pensar? Diante de Faraó, o imperador do Egito
Antigo, o patriarca José aproveitou sabiamente um
momento ímpar em sua vida. Antes de responder às
perguntas sobre os sonhos do monarca, José as
ouviu e refletiu sobre elas. Em seguida, orientado
pelo Senhor, respondeu sabiamente Faraó (Gn
41.16). Temos de aprender a refletir sobre o que
vamos dizer e falar no tempo certo. Pese bem as
palavras, e ore como o rei Davi: "Põe, ó SENHOR,
uma guarda à minha boca; guarda a porta dos
meus lábios" (Sl 141.3).
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14. 3. Controle a sua ira.
Uma terceira admoestação encontrada no
versículo 19 da carta de Tiago expressa o seguinte:
tardios para se irar. A ira é um profundo sentimento
de ódio e rancor contra a outra pessoa. Uma vez
descontrolada, ela não produz a justiça de Deus,
mas uma justiça segundo o critério da pessoa que
sofreu o dano: a vingança. A Palavra de Deus não
proíbe o crente de ficar indignado contra a
injustiça (Is 58.1,7; Lc 19.45). Contudo, ao mesmo
tempo, a Bíblia estabelece limites para o nosso
temperamento não se achar irrefletido,
descontrolado, deixando-nos impulsivamente
irados (Ef 4.26; Pv 17.27). O cristão, templo do
Espírito Santo, tem de levar a sua mente cativa a
Cristo (2 Co 10.5) e manifestar o fruto do Santo
Espírito: o domínio próprio (Gl 5.22 - ARA). Fuja da
aparência do mal. Tenha autocontrole.
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18. 1. Enxertai-vos da Palavra (21).
A Palavra de Deus é o guia maior do
crente. E para que a Palavra atinja
efetivamente o coração do servo de
Deus, este precisa acolhê-la com pureza
e sinceridade. Isto é, firmar uma posição
radical rejeitando toda a imundícia e a
malícia mundana (v.19); recebendo o
Evangelho com mansidão e sobriedade.
Leia os Evangelhos! Persiga em conhecer
a mensagem divina de Cristo Jesus, mas,
igualmente, abra o coração para ouvir a
voz do Senhor.
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20. 2. Praticai a Palavra (22-24).
O escritor sacro não tem interesse em que o leitor da
epístola apenas acolha a Palavra no coração, antes
deseja que o crente a pratique (v.22). Não pode haver
incoerência entre o que se "diz" e o que se "faz" para
quem é discípulo de Jesus. Se amar a Deus e ao próximo
são os maiores dos mandamentos, então, devemos
porfiar em vivê-los. Quem acolhe a Palavra rejeita tudo
o que é imundo, maligno, perverso, injusto, dissimulado,
insincero. Não apenas isso, mas igualmente abre a porta
do coração para "tudo o que é verdadeiro, tudo o que
é honesto, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o
que é amável, tudo o que é de boa fama" (Fp 4.8). Do
contrário, seremos identificados com o homem que
contempla a própria imagem no espelho e depois se
retira esquecendo-se completamente dela. Há pessoas
que olham para o Evangelho e ouvem, mas sem
memória e perseverança, não dão nenhuma resposta
ou sequência ao chamado de Jesus Cristo (vv.23,24).
Deus nos livre desse engodo!
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22. 3. Persevere ouvindo e agindo (v.25).
Tiago conclui este ponto da epístola da seguinte maneira:
Quem é cuidadoso para com a lei, nela persevera; não
apenas ouvindo-a negligentemente, mas praticando-a
zelosamente. Felicidade plena em tudo é a promessa para
quem ousa viver o Evangelho cônscio das implicações
espirituais e das consequências materiais. Alguém, um dia,
disse que os evangélicos são poderosos no discurso, mas
fracos na prática do mesmo discurso. Falamos, mas não
vivemos! Precisamos analisar nossa vida em amor e
sinceridade. Entremos na presença de Deus com o rosto
descoberto, coração rasgado e alma despida. No tempo em
que vivemos não dá para passar despercebidos na
dissimulação, ou seja, fingindo ser algo que na verdade não
somos.
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26. 1. A falsa religiosidade.
Apesar de algumas pessoas se considerarem religiosas por
frequentarem um templo, as Escrituras revelam o
significado da verdadeira religião. Ela reprova todo o
ativismo religioso feito em "nome de Deus", mas em
detrimento do próximo. Aqui, a língua do crente tem um
papel importante. Tiago diz que é possível enganar o
próprio coração quando deixamos de refrear a nossa
língua. Ora, o coração é a sede dos desejos, dos
sentimentos e das vontades. E a boca só fala daquilo que o
coração está cheio (Mt 12.34). É incompatível com o
Evangelho, viver a graça de Deus sem mergulhar no Reino
dEle. Quem não se entrega inteiramente ao Senhor pratica
uma religião vã e falsa. Não podemos ser como a pessoa
capaz de fazer uma belíssima oração por um faminto, e
depois despedi-lo sem lhe dar um único grão de arroz.
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28. 2. A verdadeira religião (v.27).
A religião pura, santa e imaculada, de acordo com o
autor sacro, é suprir a necessidade do próximo: "Visitar
os órfãos e as viúvas nas suas tribulações". O problema
hoje é que a nossa atenção, quase sempre, está voltada
para o prazer pessoal. Temos os olhos fechados para os
necessitados que na maioria das vezes cultuam a Deus,
assentados, ao nosso lado. Lembremo-nos da vida de
Jesus Cristo! Ele não apenas olhou para os
marginalizados, mas foi até eles e os acolheu em amor
(Mt 25.35-45). A religião que agrada a Deus é aquela
cujos discípulos professam e bendizem o seu nome,
visitando e acolhendo os necessitados nas aflições.
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30. 3. Guardando-se da corrupção (v.27).
Além de recomendar a obrigatoriedade de
visitarmos os órfãos e as viúvas, a Epístola de
Tiago menciona outro aspecto da verdadeira
religião: guardar-se da corrupção do mundo. A
religião falsa está mergulhada no egoísmo, na
corrupção e nos interesses maléficos do sistema
pecaminoso. A igreja deve manter-se longe da
corrupção. Estamos no mundo, mas não fazemos
parte do seu sistema! O Evangelho nada tem com
os seus valores e preceitos.
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35. Conclusão.
Nessa semana aprendemos sobre o cuidado
que devemos ter com o ouvir e o falar.
Estudamos também acerca da religião pura
e imaculada que alegra a Deus: visitar os
órfãos e as viúvas nas tribulações e
guardarmo-nos da corrupção do mundo.
Que os nossos ouvidos estejam prontos para
ouvir, a nossa língua para falar sabiamente e
a nossa vida para praticar tudo quanto
aprendemos do Evangelho. Embora
estejamos em um mundo turbulento,
devemos exalar o bom perfume de Cristo
por onde formos (2 Co 2.15).