3. Introdução
Dada a infinidade de solos que
existem na natureza é necessário um
sistema de classificação que indique
características geotécnicas comuns de um
determinado grupo de solos a partir de
ensaios simples de identificação.
4. A classificação dos solos surgiu
quando o homem se interessou pelo seu
cultivo, como uma forma de tentar distinguir
suas características com relação à
produtividade. Os critérios empregados
geralmente associavam a produtividade
com outra característica mais visível, como
cor e textura.
5. Depois da Segunda Guerra Mundial, o
potencial agrícola das nações menos
desenvolvidas tornou-se alvo de interesse e,
um melhor sistema de classificação de solos
passou a ser necessário a fim de que os
conhecimentos existentes sobre alguns
solos pudessem ser transferidos entre
localidades com solo e meio-ambiente
similares.
6. Desenvolveu-se a taxonomia de solos
cuja razão prática para o seu
desenvolvimento foi a descoberta de que
solos com propriedades similares em meios
também similares respondem do mesmo
modo a práticas de gerência semelhantes,
permitindo a transferência de experiência.
Várias têm sido as classificações
apresentadas, variando de acordo com o
interesse do grupo de pessoas para o qual
cada classificação é elaborada.
7. Hoje, as mais utilizadas são:
Classificação pedológica: solos zonais,
intrazonais e azonais;
Origem dos solos: residuais,
transportados/sedimentares, orgânicos;
Com base na textura: tamanho das
partículas;
Classificação visual e táctil: exame visual
e ensaios simples;
Geotécnica: SUCS, HRB/ASSHTO, MCT
9. Conforme esta classificação, o perfil de
solo passou a ser considerado um corpo
autônomo da superfície da crosta terrestre,
com origem vinculada ao clima, sendo
dessa forma conceituada a “lei da
zonalidade climática”.
Classificação Pedológica
10. Zonais ou Eluviais
Quando o solo se forma a partir do
intemperismo local, ou seja, decomposição da
rocha matriz local.
Tem o fator climático como principal
elemento de formação. São solos maduros, ou
seja, possuem horizontes A, B e C, ocorrem em
correspondência com as grandes zonas
climáticas.
Estão associados a relevos estáveis e
climas estáveis culminando em formações
antigas.
11. Intrazonais ou orgânicos
Solos em que a influência de uma
característica local é dominante. Se formam
a partir da erosão local e de sedimentos
trazidos de outros locais.
São solos em que o relevo local ou
material de origem prevalecem sobre o clima;
são solos intermediários entre azonais e
zonais (quando vistos sob o fator tempo).
12. Azonais ou Aluviais
Solos jovens, com características
próximas da rocha mãe (pouco afetados por
processos pedogenéticos), geralmente
desprovidos de horizonte B.
Se formam a partir de sedimentos
oriundos de outros locais e transportados
através dos rios e ventos, solos jovens
típicos de regiões em declive.
13. Quanto a formação os solos podem ser:
Residuais ou autóctones;
Transportados, Sedimentares ou
alotóctones;
Orgânicos.
Classificação Quanto a
Origem e Formação
14. Residuais ou autóctones = quando
provem da decomposição da rocha
subjacente, ou seja, permanecem no local
de origem onde existe uma transformação
gradual da rocha até a formação do solo.
Para que eles ocorram é necessário
que a velocidade de decomposição da
rocha seja maior do que a velocidade de
remoção do solo por agentes externos.
15.
16. Como a ação das intempéries se da,
em geral, de cima para baixo, as camadas
superiores são mais trabalhadas que as
inferiores.
No Recôncavo Baiano é comum a
ocorrência de solos residuais oriundos de
rochas sedimentares. Sendo este
constituído de camadas sucessivas de
argila e areia, coerente com o material que
foi depositado no local
17. Merece uma atenção especial o solo
formado pela decomposição da rocha
sedimentar denominada de folhelho (solo
massapê), pois este apresentando grande
potencial de expansão na presença de
água.
As constantes mudanças de umidade a
que o solo esta submetido provocam
variações de volume que geram sérios
problemas nas construções (aterros ou
edificações).
18.
19.
20. Transportados, Sedimentares ou
alotóctones = quando provieram da
decomposição de matéria de outro
lugar. A características destes solos
variam com o tipo de agente
transportador e com a distância de
transporte.
21. Orgânicos = quando provenientes da
deposição de matéria orgânica, seja de
natureza vegetal (plantas, raízes), seja
animal (conchas), quase sempre
desenvolvida no mesmo lugar.
22. Exemplo:
Turfas - solos que incorporam florestas
soterradas em estado avançado de
decomposição. Tem estrutura fibrilar
composta de restos de fibras vegetais. Tem
ocorrência registrada na Bahia, Sergipe, Rio
Grande do Sul e outros estados do Brasil.
23. O sistema de classificação dos solos,
quanto à textura, utiliza-se da curva
granulométrica do solo e uma escala de
classificação.
Classificação Textural
24. A partir da curva granulométrica, obtida
em laboratório, serão determinadas as
porcentagens de cada fração do solo, que
será adjetivado pela fração imediatamente
abaixo, em termos percentuais.
26. Obs.: Se as frações silte e argila, do
exemplo anterior, se equivalessem, com
leve predominância da fração silte, o solo
passaria a receber o seguinte nome: areia
fina silto-argilosa.
27. Exemplo:
Pedregulho = 3 %
Areia = 52 % (G = 3 %, M = 46 % e F = 6 %)
Silte = 46 %
Argila = 2 %
Exemplo:
Pedregulho = 0 %
Areia média = 50 % (F e G = 0 % )
Silte = 23 %
Argila = 27 %
28. Em caso de empate: 1º argila, 2º
areia e 3º silte.
1 a 5% comvestígiosde
5 a 10% compouco
Emcasodepresença depedregulhos
10 a 29% compedregulho
> 30% commuitopedregulho
29. Solo 1: Argila Silto-Arenosa com pouco
pedregulho.
Solo2: Areia Silto-Argilosa com pedregulho.
Solo3: Pedregulho arenoso com vestígios
de Silte e Pedra.
30. Por que se usa este tipo de identificação?
Justificativa econômica;
Fase preliminar.
Esta habilidade varia de profissional para
profissional.
Classificação Visual e Táctil
31. 1º definir se o solo é grosso ou fino.
Umedecer o solo para desmanchar
torrões de argila e poder sentir se há
areia;
Se não houver água, esfregar uma
amostra em uma folha de papel, pois silte
e argila irão impregnar no papel e a areia
não.
32. 2º em se tratando de solo fino, definir se é
siltoso ou argiloso.
Resistência a seco = umedecer e moldar
uma amostra de 2cm, deixar secar, quebrar.
Se a amostra se pulverizar é silte, se dividir-
se em pedaços distintos é argila.
Shaking test = formar uma pasta úmida
(saturada) na palma da mão, bater uma
mão contra a outra. Se for argila o impacto
não provocará o aparecimento de água.
33. Plasticidade = Moldar bolinhas ou cilindros
de solo úmido. As argilas são moldáveis
enquanto as areias e siltes não são
moldáveis.
Dispersão em água: Misturar uma porção
de solo seco com água em uma proveta,
agitando-a. As areias depositam-se
rapidamente, enquanto que as argilas
turvam a suspensão e demoram para
Sedimentar.
34. Impregnação = esfregar uma pequena
quantidade de solo úmido na palma de
uma das mãos. Colocar a mão embaixo
de uma torneira aberta e observar a
facilidade com que a palma da mão fica
limpa. Solos finos se impregnam e não
saem da mão com facilidade.
36. Este sistema foi idealizado por Arthur
Casagrande (1948), e inicialmente utilizado
para classificação de solos para construção
de aeroportos, e depois expandido para
outras aplicações.
Sistema Unificado de
Classificação dos Solos (SUCS)
37. A idéia básica do Sistema Unificado de
Classificação dos solos é que os solos
grossos podem ser classificados de acordo
com a sua curva granulométrica, ao passo
que o comportamento de engenharia dos
solos finos está intimamente relacionado
com a sua plasticidade.
38. Ou seja, os solos nos quais a fração
fina não existe em quantidade suficiente
para afetar o seu comportamento são
classificados de acordo com a sua curva
granulométrica, enquanto que os solos nos
quais o comportamento de engenharia é
controlado pelas suas frações finas (silte e
argila), são classificados de acordo com as
suas características de plasticidade.
39. As quatro maiores divisões do Sistema
Unificado de Classificação dos Solos são as
seguintes:
1 - Solos grossos (partículas com φ >
0,075mm: pedregulho e areia);
2 - Solos finos (partículas com φ <
0,075mm: silte e argila);
3 - Solos orgânicos; e,
4 - Turfa.
Os solos orgânicos e as turfas são
geralmente identificados visualmente.
42. Solos Grossos
Os solos grossos são classificados
como pedregulho ou areia. São
classificados como pedregulhos aqueles
solos possuindo mais do que 50% de sua
fração grossa retida na peneira 4 (4,75mm)
e como areias aqueles solos possuindo
mais do que 50% de sua fração grossa
passando na peneira 4.
43. Cada grupo por sua vez é dividido em
subgrupos a depender de sua curva
granulométrica ou da natureza da fração
fina eventualmente existente. São eles:
1) Material praticamente limpo de finos, bem
graduado W, (GW e SW);
2) Material praticamente limpo de finos, mal
graduado P, (GP e SP)
3) Material com quantidades apreciáveis de
finos de baixa plasticidade, M, (GM e SM)
4) Material com quantidades apreciáveis de
finos de alta plasticidade C, (GC ou SC)
45. Solos Finos
Os solos finos são classificados como
argila e silte. A classificação dos solos finos
é realizada tomando-se como base apenas
os limites de plasticidade e liquidez do solo,
plotados na forma da carta de plasticidade
de Casagrande.
46. A Carta de plasticidade dos solos foi
desenvolvida por A. Casagrande de modo a
agrupar os solos finos em diversos
subgrupos, a depender de suas
características de plasticidade.
47.
48. A carta de plasticidade possui três divisores
principais:
Linha A (de eq. IP = 0,73(wL – 20)) separa
argilas (acima da linha) de siltes (abaixo da linha);
Linha B (wL = 50%) separa solos de baixa
plasticidade (a esquerda da linha) dos de alta
plasticidade (a direita da linha);
Linha U (de eq. IP = 0,9(wL – 8) que é o limite
superior da classificação.
Deste modo, os solos finos, que são
divididos em quatro subgrupos (CL, CH, ML e
MH), são classificados de acordo com a sua
posição em relação as linhas A e B.
49. Solos Pantanosos e Turfas
São solos altamente orgânicos,
geralmente fibrilares e extremamente
compressíveis. As turfas são solos que
incorporam florestas soterradas em estágio
avançado de decomposição. Estes solos
formam um grupo independente de símbolo
(Pt).
50. Observações complementares
Apesar dos símbolos utilizados no
SUCS serem de grande valia, eles não
descrevem completamente um depósito de
solo. Em todos os solos deve-se
acrescentar informações como odor, cor e
homogeneidade do material a classificação.
Para o caso de solos grossos,
informações como a forma dos grãos, tipo
de mineral predominante, graus de
intemperismo ou compacidade, presença ou
não de finos são pertinentes.
51. Para o caso dos solos finos,
informações como a umidade natural e
consistência (natural e amolgada) devem
ser fornecidas sempre que possível.
53. A Classificação HRB (Highway Research
Board) de solos data da década de 1920 e
após a 2a Guerra Mundial sofreu alterações
quando foi normalizada pela AASHTO
(American Association of State Highway
Officials). É um sistema de classificação de
solos de aplicação rodoviária baseado nos
limites de Atterberg e na granulometria.
Classificação H.R.B ou
A.A.S.H.T.O.
54. O método permite estabelecer
distinção entre comportamento de solos, e
codifica o solo com uma letra, a letra A, e
um número, que a medida que o solo seja
pior, sob o ponto de vista da estabilidade,
maior será este sufixo. Os solos são
divididos em materiais granulares, siltosos e
argilosos, conforme a quantidade de
materiais que passa na malha 200.
55. O sistema da AASHTO classifica o solo
em oito diferentes grupos: de A1 a A8 e
inclui diversos subgrupos. Os solos dentro
de cada grupo ou subgrupo são ainda
avaliados de acordo com o seu índice de
grupo.
56. OBS.: Em geral os solos granulares
tem índice de grupo (IG) compreendidos
entre 0 e 4, os siltosos entre 5 e 12 e os
argilosos entre 13 e 20.
58. Grupos A4 ao A7
Os solos finos foram divididos em
quatro grupos, A4, A5, A6 e A7.
A diferenciação entre os diversos
grupos é realizada com base nos limites de
Atterberg. Solos altamente orgânicos
(incluindo-se aí a turfa) devem ser
colocados no grupo A8.
59.
60. Classificação MCT
As classificações tradicionais, SUCS e
AASHTO, apresentam algumas limitações
para classificação de solos provenientes de
regiões tropicais. Uma classificação mais
apropriada aos solos tropicais, com ênfase
em projetos de estradas, foi proposta por
Nogami e Villilbor (1981), a MCT (miniatura,
compactação, tropical.
61. Esta classificação foi desenvolvida
especialmente para uso em finalidades
viárias e vem sendo usada por vários
órgãos viários como DER-SP, DER-BA,
DER-PR, etc. e instituições de pesquisa
como USP, ITA, UFRGS, etc.
Ela separa os solos em dois grupos,
um de comportamento laterítico e outro não
laterítico.
62. A água que infiltra no solo lixivia os
sais solúveis das camadas mais superficiais
do perfil de solo, depositando-os em
horizontes mais inferiores. As camadas mais
superficiais ficam ricas em óxidos de ferro e
alumínio, causando o que se denomina de
laterização do solo.
63. Os solos que apresentam
comportamento laterítico são, em geral, de
cor avermelhada a amarelada, sendo a
fração argila constituída de argilo-minerais
do grupo da caulinita e apresentam elevada
porcentagem de óxidos hidratados de ferro
e alumínio. A fração areia é constituída pelo
quartzo, minerais pesados e concreções
lateríticas.
Solos Lateríticos
64. No estado natural apresentam elevada
porosidade e índice de plasticidade, baixa
resistência e capacidade de suporte, porem
quando compactados adquirem elevada
resistência ao cisalhamento.
Estes solos com freqüência atingem
espessuras com mais de 2 metros, mas
raras vezes ultrapassam 10 metros.
66. Já os solos não lateríticos, também
conhecidos como saprolíticos, em geral
apresentam manchas e estruturas minerais
herdadas da rocha mãe, são expansivos e
muito erodiveis.
As espessuras deste solo são variadas
atingindo dezenas de metros. Suas cores
também variam muito e sua estrutura
macroscópica é caracterizada, em geral,
pela presença de camadas, manchas,
vazios, etc.
Solos não lateríticos
67. Contrastando com os solos lateríticos,
os saprolíticos são legitimamente residuais.
Existem ainda, os chamados solos
transicionais, aqueles que apresentam
comportamento geotécnico que difere dos
solos lateríticos evoluídos ou saprolíticos.
69. Os solos de comportamento laterítico
são designado pela letra L, sendo sub-
divididos em 3 grupos:
LA – Areia lateritica quartzosa;
LA` - Solo Arenoso lateritico;
LG` - Solo argiloso laterítico.
70. Os solos de comportamento não
laterítico (saprolítico) são designados pela
letra N, sendo sub divididos em 4 grupos:
NA – areias siltes e misturas de areias e
siltes com predominância de grão de
quartzo e /ou mica, não laterítico;
NA` - misturas de areias quartzosas com
finos de comportamento não laterítico (solo
arenoso);
NS` - solo siltoso não laterítico;
NG` - solo argiloso não laterítico.
71. Em 1988, Vertamatti modificou o ábaco
de classificação da MCT para levar em
consideração os solos sedimentares da
região amazônica, ditos transicionais. O
novo ábaco passou a ser denominado MCT-
M (modificado), dividindo o solos em onze
grupos:
73. Trata-se de um sistema
morfopedológico e multicategórico,
compreendendo 13 (treze) classes de l °
nível (Ordens) e cerca de 625 classes ao
nível de subgrupo.
Classificação da EMBRAPA
74. No 1º nível apresentam a seguinte
nomenclatura: Argissolos, Cambissolos,
Chernossolos, Espodossolos, Gleissolos,
Latossolos, Luvissolos, Neossolos,
Nitossolos, Organossolos, Planossolos,
Plintossolos e Vertissolos.
78. Solos Férteis do Mundo:
Tchenozion (orgânico): Considerado o solo
mais fértil do mundo, presente nas estepes da
Ucrânia, na Europa central, nas pradarias do
Canadá e dos EUA e nos pampas argentinos.
Loess (azonal) : Muito procurado para a
agricultura na Europa e na China. Forma-se a
partir do acumulo de sedimentos. É constituído
basicamente de argila e calcário.
79. Massapê (zonal): Composto basicamente
de gnaisse e calcário, comumente
encontrado no litoral nordestino brasileiro,
indicado para o plantio da cana-de-açúcar.
Terra Roxa (zonal): Formado da
decomposição basáltica, material magmático,
comumente encontrado no norte do Paraná e
Oeste de São Paulo, indicado para o plantio
do café.
80. GUERRA, A. J. T. & CUNHA, S. B. da (org.).
Geomorfologia: exercícios, técnicas e
aplicações. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil,
1996, 334p.
GUERRA, A. J. T.; CUNHA, S. B.
Geomorfologia: uma atualização de bases e
conceitos. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2.
ed., 1995. 472 p.
LEINZ, V.; AMARAL, S. E. Geologia Geral.
São Paulo: Nacional, 1980.
Bibliografia
81. PENTEADO, M.M. Fundamentos de
Geomorfologia. Rio de Janeiro: IBGE,
1974. 185 p.
PINTO C. S. Curso Básico de Mecânica
dos Solos. Editora Oficina de textos,
2005.
TEIXEIRA, W.; TAIOLI, F. & FAIRCHILD T.
Decifrando a Terra. Ed. Oficina de Textos