PROJETO DE EXTENSÃO I - SERVIÇOS JURÍDICOS, CARTORÁRIOS E NOTARIAIS.pdf
O Método Suzuki na Aprendizagem Musical
1. universidade de aveiro theoria poiesis praxis
Departamento de Comunicação e Arte
MESTRADO EM MÚSICA PARA O ENSINO VOCACIONAL
SUZUKI
Docente: Dr. Francisco Cardoso
Aluno: António Gil Alves Ferreira
Nº 38780
TAM – 1º ANO
Data: 22 de Outubro de 2009
Ano Lectivo 2009/10
3. ÍNDICE
1. CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA………………………………………...4
1.1 SHIN`ICHI SUZUKI…………………………………………………………….5
1.2 O MÉTODO SUZUKI…………………………………………………………...5
1.3 MODELO FILOSÓFICO………………………………………………………..7
2. APLICAÇÃO DOS SEUS PRÍNCIPIOS NA APRENDIZAGEM MUSICAL...8
2.1 NO CONTEXTO DO ENSINO ESPECIALIZADO DE MÚSICA…………….8
2.2 NO CONTEXTO ESPECÍFICO DO ENSINO DA GUITARRA………………9
3. BIBLIOGRAFIA……………………………………………………………….10
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4. 1. CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA
Abordar o pedagogo Shin’ichi Suzuki e o método Suzuki ‘Mother Tongue Method’
implica aflorar alguns aspectos históricos, culturais e sociais inerentes ao século XX.
O fascínio inicial pelo instrumento promovido pela actividade profissional do pai bem
como o contacto com o Mundo Ocidental na Alemanha onde estudou violino durante 8
anos são factores importantes para a génese do Método Suzuki.
A estadia na Europa facultou-lhe o conhecimento de Pedagogos e Filósofos como
Rudolf Steiner, Dalcroze, Maria Montessori e Jean Piaget que provavelmente
influenciaram a sua personalidade pragmática oriental.
A 2ª Guerra Mundial está indissociavelmente ligada ao século XX. Um conflito à escala
mundial que dizimou mais de 60 milhões de pessoas marca inevitavelmente a vivência
de Shin’ichi Suzuki. O desejo de proporcionar a beleza da música às crianças japonesas
que viviam num país devastado pela guerra é também um motivo associado à
emergência do movimento (Educação do Talento, que mais tarde originou o seu
método) teve início logo a seguir ao termo da guerra.
Efectivamente o Método Suzuki emerge no século XX, um século prolífero em métodos
de teoria e aprendizagem musical onde podem-se enunciar nomes como: Kodály, Orff,
Dalcroze, entre outros.
É também no século XX que as Universidades Europeias e Norte Americanas debruçam
a sua atenção sobre a Música não Ocidental e inicia-se o estudo dos aspectos sociais e
culturais da música e da dança em contextos locais e globais. Neste item podemos
referenciar nomes importantes ligados à Etnomusicologia como Jaap Kunst ou Bruno
Nettl.
Na História da Música este é também o século de importantes acontecimentos ao nível
de novos modelos composicionais indissociáveis de figuras como Béla Bartók, Arnold
Schoenberg, Stravinsky, etc.
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5. 1.1 SHIN`ICHI SUZUKI
Shin’ichi Suzuki nasceu em Nagoya no Japão a 17 de Outubro de 1898 e morreu no
referido país de origem em Matsumoto a 26 de Janeiro de 1998. Filho daquele que foi o
primeiro grande luthier de violinos do Japão, estabelece o seu primeiro contacto com o
Violino através do seu pai com quem trabalhou em criança.
Começa a aprender Violino como auto-didacta, posteriormente, em paralelo com os
estudos na Escola Comercial de Nagoya estuda Violino com Andö Kö e em 1921 viaja
até à Alemanha para estudar com Karl Klinger - violinista de renome da época.
Fundou o Talent Education Research Instituite em Matsumoto no Japão.
1.2 O MÉTODO SUZUKI
O Médodo Suzuki é conhecido como ‘Mother Tongue Education’ na medida em que
relaciona o processo de aprendizagem musical com a aprendizagem da língua materna.
Contudo este método implica uma filosofia própria, uma estrutura social (relaciona pais
– criança – professor) e um conceito educacional que parte do fenómeno sonoro para o
signo. Os pais são um elemento importante e é aconselhável que a mãe (ou o pai) inicie
a aprendizagem do instrumento 3 meses antes da criança começar a aprender.
Intimamente relacionado com a ideia do seu mentor «todas as crianças podem aprender»
(Shin’ichi Suzuki) tem por base num âmbito geral a: exposição, imitação,
encorajamento, repetição, adição e aperfeiçoamento. Outros dos princípios basilares do
método implicam:
1. Ouvir gravações seleccionadas todos os dias em casa para desenvolver a
sensibilidade musical.
2. Desenvolver a preocupação da produção de um som bonito, aspecto a ter em
consideração em todas as aulas e na prática em casa.
3. Constante atenção à postura corporal e à posição das mãos.
4. Que os pais e os professores motivem a criança de modo a que ela goste de
praticar correctamente em casa.
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6. Como foi referido ouvir todos os dias gravações daquilo que a criança está a tocar
potencia as capacidades musicais dela. Assim como um cantor vocaliza antes do estudo
também se deve “tonalizar” com o instrumento em todas as sessões de estudo como
forma de aprimorar o som.
As aulas de grupo são uma componente importante do método dado que se constituem
como uma ferramenta de instrução e de motivação. Verificam-se progressos notáveis
directamente relacionados com o prazer que as crianças têm nessas aulas onde são
estimuladas a interagir (interacção verbal e musical) e pelo apelo à socialização está
também subjacente a todo o processo.
As aulas individuais não se resumem ao acompanhamento personalizado mas pretendem
desenvolver a desenvoltura técnica da criança. A criança não transita para aprendizagem
de uma nova peça apenas porque aprendeu a digitação ou as notas. Há o culto do
aperfeiçoamento porque mesmo quando a criança aprendeu satisfatoriamente a peça A e
é dada a peça B esta continua a praticar a peça A e assim sucessivamente. O método
prevê também que os pais e crianças assistam a aulas de outras crianças e a duração das
aulas pode variar de acordo com as necessidades das crianças.
Como foi referido inicialmente a mãe deve aprender a tocar o instrumento para que a
criança possa vê-la e assim estimular a criança a estabelecer hábitos de estudo.
Antes da prática, a criança deverá realizar alguns exercícios físicos com o instrumento
de coordenação, posição e movimento. Assim está a preparar-se para as dificuldades
motoras inerentes à prática do instrumento.
Os professores deverão desenvolver uma sensibilidade especial que lhes permita
detectar os níveis de fadiga física e mental da criança sem que esta se aperceba.
No método Suzuki a memória é a base do processo de aprendizagem dado que as
crianças só estabelecem o contacto com a notação musical depois de saberem tocar o
seu instrumento (no caso do violino só depois do Concerto em Lá m de Vivaldi).
O método Suzuki permite que as crianças iniciem o processo de aprendizagem de um
instrumento a partir dos 2 anos de idade não obstante Shin’ichi Suzuki considerar o seu
método aplicável a qualquer idade.
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7. 1.3 MODELO FILOSÓFICO
Shin’ichi Suzuki não tinha uma concepção apriorista do conhecimento. Para ele o
‘talento’ resultava de uma processo de aprendizagem e não era algo de inato e desde a
introdução do modelo Suzuki denominou-o de “Talent Education”.
Nesta linha de pensamento defendia que não deviam existir provas de admissão às
escolas porque acreditavam que todas as pessoas podiam aprender musical
independentemente do contexto social e familiar.
O método baseia-se na teoria universal da aquisição da língua materna e também na
exposição precoce à Música. Criar um ambiente pleno de vivências musicais irá
potenciar resultados posteriormente aquando da aprendizagem de um instrumento.
O lado afectivo está intimamente ligado ao modelo filosófico do método Suzuki, só com
amor e paciência extrema se consegue educar, defendendo até que as pessoas
reformadas que tivessem reputação de serem boas pessoas seriam bons professores.
Pretendia-se promover um ‘coração nobre’ nas crianças inspirado na boa música e
hábitos de estudo. Suzuki acreditavam ainda que educar com ‘amor’ permitia uma
elevação sociedade que assim aprenderia a resolver os seus problemas sem recurso à
violência. O método constitui-se assim como uma forma de vida e conceito de
educação.
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8. 2. APLICAÇÃO DOS SEUS PRÍNCIPIOS NA APRENDIZAGEM
MUSICAL
2.1 NO CONTEXTO DO ENSINO ESPECIALIZADO DE MÚSICA
O processo de aprendizagem de um instrumento musical pode decorrer de diversas e
variadas metodologias. O método Suzuki, em Portugal está disponível em escolas
sobretudo associado ao ensino do Violino, Violoncelo e Flauta Transversal. Escolas
como o Conservatório Metropolitano de Música de Lisboa e a Escola de Música do
Orfeão de Leiria têm inclusive programas Suzuki na sua oferta educativa.
Apesar dos poucos exemplos mencionados estou consciente que muitas escolas do
ensino vocacional (quer da rede pública como do ensino particular e cooperativo) têm
disponíveis na sua oferta educativa o método Suzuki para pré-iniciação e nível
preparatório como alternativa ao método tradicional.
Efectivamente a abordagem da aprendizagem de um instrumento através do método
Suzuki contém, do meu ponto de vista, algumas vantagens entre elas: a idade em que o
aluno pode começar a aprendizagem (2 anos de idade), a observação das aulas de outros
alunos, o envolvimento parental, o contacto sensorial com a música através da audição e
imitação, o tocar de memória, a revisão de peças antigas e manutenção dessas peças no
reportório do aluno, as aulas de grupo como complemento à aula individual.
Shin’ichi Suzuki começou a desenvolver o método pouco depois do termo da Segunda
Guerra Mundial e as suas ideias foram introduzidas nos Estados Unidos da América no
final dos anos 70. Posteriormente o método espalhou-se um pouco por todo Mundo:
Austrália, Nova Zelândia, Bélgica, Dinamarca, Inglaterra e Irlanda. Actualmente
existem cursos para formação de professores de Suzuki organizados por diversas
associações internacionais de Suzuki. Paralelamente ao ‘Talent Education Research
Institute’, ao British Suzuki Institute e à ISA (International Suzuki Association) existem
associações regionais entre elas a ESA (European Suzuki Association) com 23
delegações nacionais.
Portugal ainda não está associado à ESA contudo existem escolas com oferta educativa
ao nível do método Suzuki e existe um número considerável de professores que
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9. incorporaram algumas directrizes no método Suzuki integrando-as na sua maneira de
ensinar.
Actualmente o método Suzuki está disponível um vasto leque de instrumentos: Violino,
Viola, Violoncelo, Piano, Flauta Transversal, Guitarra, Harpa, Órgão, Contrabaixo, Voz
e ‘Recorder’.
2.2 NO CONTEXTO ESPECÍFICO DO ENSINO DA GUITARRA
O comité internacional do método Suzuki para guitarra é um organismo que foi criado e
aprovado pelo Dr. Shin’ichi Suzuki em Maio de 1986. Neste contexto foram
desenvolvidos pontos ‘standart’ para o reportório escolhido e estabelecidas directrizes
para os professores de guitarra Suzuki.
Existem 8 volumes editados com reportório para guitarra.
Frank Longay da Suzuki Association of the Américas é fundador e director do ‘the
Longay conservatory of guitar’, na Califórnia nos Estados Unidos da América. Este
conservatório é uma escola onde é ensinado exclusivamente o método Suzuki para
guitarra a crianças a partir dos 3 anos de idade e também a adultos.
No contexto específico da guitarra o método é aplicável a partir dos 3 anos de idade.
Contudo a estandardização do reportório, ainda que cautelosamente sequenciada, poderá
ser questionada na medida em que cada aluno na sua individualidade, poderá ter
necessidades de aprendizagem diferentes do que está estandardizado no método.
Na minha opinião, há efectivamente pontos que considero muito positivos para o ensino
específico da guitarra, sobretudo nos níveis pré-escolares e 1º CEB. O conceito de
“tonalização” apresentado desde as cordas soltas com vista a obtenção de um som de
qualidade e desenvoltura técnica; os exercícios de postura propostos pelo método; o
envolvimento parental; a audição de gravações seleccionadas; o tocar de memória; são
pontos que incrementam significativamente a qualidade da aprendizagem do
instrumento.
O método através de um reportório aliciante e das aulas em grupo cria um número
significativo de oportunidades de performance que vão desde a aula em grupo até ao
estudo em casa com os pais.
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10. A ideia de Shin’ichi Suzuki que a educação para o talento começa em tenra idade está
subjacente ao método e pela forma como está organizado consegue ser efectivamente
aplicável a partir dos 3 anos de idade. A partir sobretudo do 3º volume, apesar dos
exercícios preliminares apresentados para a obra a trabalhar, o método carece de um
conjunto de exercícios técnicos complementares não só para a realização das obras mas
também para a aquisição de competências técnicas do instrumento, que fazem parte do
percurso de aprendizagem e da literatura da guitarra (por exemplo: Cardernos de técnica
de Abel Carlevaro; Lições I,II,III,IV de Julio Sagreras, entre outros).
3. BIBLIOGRAFIA
“British Suzuki Institute.” Acedido em: 20.10.09, em: http://www.britishsuzuki.org.uk/
“European Suzuki Assonciation.” Acedido em: 20.10.09, em:
http://www.europeansuzuki.org
Hermann, E. (1995). Shinichi Suzuki: The Man and His Philosophy. Summy-Birchard
Inc
“International Suzuki Association.” Acedido em: 20.10.09, em
http://www.internationalsuzuki.com
“Longay Conservatory of Guitar.” Acedido em: 20.10.09, em http://www.longay.com/
Kendall, J. (1986). Suzuki's Mother Tongue Method. Music Educators Journal 83: 43-
46.
Suzuki, S.(1991). Guitar School (vol. 1). Summy-Birchard Inc. Miami.
Suzuki, S. (1996) Young Children's Talent Education & Its Method. Summy-Birchard.
Inc. Miami .
“Talent Education Research Institute.” Acedido em: 20.10.09, em:
http://www.suzukimethod.or.jp
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