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De Antoni, C., Martins, C., Ferronato, M. A. , Simões, A., Maurente, V., Costa, F. &
Koller, S. H. (2001). Grupo focal: Método qualitativo de pesquisa com adolescentes em
situação de risco. Arquivos Brasileiros de Psicologia, 53(2), 38-53.



                                               Resumo

       Este artigo trata de uma experiência em pesquisa qualitativa, utilizando como método
para coleta de dados o Grupo Focal. Foi descrito o método através dos seus aspectos
teóricos – conceito, revisão histórica, estruturação, vantagens e desvantagens da sua
utilização e a análise dos dados - e o relato da experiência com dois grupos focais. O tema
foco foi “família” na visão de adolescentes abrigadas em uma instituição por sofreram
maus tratos intrafamiliares. Além disso, o texto aborda os desafios, as gratificações e as
preocupações éticas em relação ao método.
     Palavras-chave: Grupo Focal, pesquisa qualitativa, pesquisa com adolescentes.

        FOCUS GROUPS: QUALITATIVE METHOD IN RESEARCH WITH
                                   ADOLESCENTS AT RISK

                                               Abstract

        This paper describes a qualitative research using Focus Groups methodology. The
concept, historical aspects, advantages, and disadvantages of group focal with adolescents
are presented. Girls who suffered violence in their families discussed the topic “family”, as
their main focus issue. Furthermore, this article discusses the challenges, satisfactions, and
ethical concerns regarding this methodology.
        Keywords: Focal Group, qualitative research, research with adolescents

______________________________
¹
   Endereço para correspondência: CEP-RUA/UFRGS, Instituto de Psicologia, Rua Ramiro Barcelos,
2600/104, CEP 90035.003, Porto Alegre, RS. Fone: (51) 3165150. E-mail: clarissada@ig.com.br
² Este estudo faz parte da Dissertação de Mestrado em Psicologia do Desenvolvimento (UFRGS) da primeira
autora, orientada pela segunda autora. Apoio CNPq, FAPERGS, PROPESQ/UFRGS.
³ Clarissa De Antoni é Psicóloga, Especialista em Psicologia Social, Mestre e Doutoranda em Psicologia do
Desenvolvimento da UFRGS, Membro do CEP-RUA/UFRGS, Coordenadora do Núcleo de Estudos sobre
Desenvolvimento Comunitário e Cidadania e da Equipe de Pesquisa sobre Resiliência Familiar.
  Sílvia Helena Koller é psicóloga, Doutora em Educação, pesquisadora do CNPq e professora do Curso de
Pós-Graduação em Psicologia do Desenvolvimento da UFRGS, Coordenadora do CEP-RUA/UFRGS.
Carla M. Martins, Maria Elisa B. Ferronatto, Aline Simões, Fábio Rosa da Costa e Vanessa Maurente são
estudantes de Psicologia/UFRGS e foram auxiliares de pesquisa nos grupos focais.
GRUPO FOCAL: MÉTODO QUALITATIVO DE PESQUISA COM
                ADOLESCENTES EM SITUAÇÃO DE RISCO


      Este artigo trata de uma experiência de pesquisa qualitativa, utilizando como método
para coleta de dados o Grupo Focal (GF). Para tanto, são apresentados a teoria, o relato da
experiência e as preocupações éticas existentes que permearam todo o trabalho. Os aspectos
teóricos do método são expostos através do seu histórico, da sua logística, aplicabilidade e
análise dos dados. O relato da experiência aborda as vantagens e desvantagens da utilização
do Grupo Focal, além dos desafios e das gratificações advindas da utilização deste método.


       O GF foi utilizado na pesquisa “Vulnerabilidade e Resiliência Familiar na Visão de
Adolescentes Maltratadas” (De Antoni, 2000). Esta pesquisa teve como proposta conhecer
a visão de adolescentes que sofreram maus tratos intrafamiliares sobre sua família. Foram
abordados aspectos relacionados ao conceito, à configuração familiar, aos papéis
desempenhados, ao relacionamento interpessoal, aos indicadores que funcionam como
protetores ou como desencadeadores de situações de risco, bem como às expectativas de
futuro em relação à formação de uma nova família. O diferencial destas adolescentes
participantes da pesquisa é que, no momento da coleta de dados, estavam temporariamente
residindo em uma instituição pública como medida de proteção pessoal (Estatuto da
Criança e do Adolescente, Lei n.º 8.069, 1990) às agressões sofridas pelos familiares.
         Na fase inicial de delineamento da pesquisa, alguns instrumentos para coleta de
dados foram cogitados para a obtenção dos objetivos, como a entrevista individual semi-
estruturada ou a entrevista em grupo. Porém, ao conhecer o método do Grupo Focal, a
pesquisadora se sentiu motivada para aplicá-lo. O GF diferencia-se dos outros instrumentos
por proporcionar quantidade e qualidade de dados, sem contudo perder a unidade de análise
proposta no estudo.


O Grupo Focal
     O Grupo Focal ou Grupo Foco (GF) tem sido utilizado em pesquisas qualitativas com
o objetivo de coletar dados através da interação grupal. Segundo Charlesworth e Rodwell
(1997), o GF é, especialmente, utilizado em delineamento de pesquisas que consideram a
visão dos participantes em relação a uma experiência ou a um evento. Busca-se obter a
compreensão de seus participantes em relação a algum tema, através de suas próprias
palavras   e   comportamentos.    Os   participantes   descrevem,   detalhadamente,    suas
experiências, o que pensam em relação a comportamentos, crenças, percepções e atitudes
(Carey, 1994). De acordo com Morgan (1997), o Grupo Focal é um método de pesquisa,
com origem na técnica de entrevista em grupo. O termo grupo refere-se às questões
relacionadas ao número de participantes, às sessões semi-estruturadas, à existência de um
setting informal e à presença de um moderador que coordena e lidera as atividades e os
participantes. O termo focal é designado pela proposta de coletar informações sobre um
tópico específico.
         O Grupo Focal foi estruturado inicialmente por Robert Merton e colaboradores na
década de quarenta. Foi utilizado em pesquisas sociais com soldados durante a II Guerra
Mundial, cujo objetivo era conhecer a eficácia do material de treinamento para as tropas e o
efeito de propagandas persuasivas. Em 1952, Thompson e Demerath estudaram os fatores
que influenciam a produtividade nos grupos de trabalho, ao mesmo tempo em que Paul
Lazarsfeld e outros adaptaram o Grupo Focal para pesquisas em Marketing. A partir da
década de oitenta, os grupos focais foram utilizados em estudos nas áreas da Saúde e das
Ciências Sociais. Atualmente, também é utilizado em estudos nas áreas de Antropologia,
Comunicação, Educação, entre outras, e na avaliação de programas de intervenção na
comunidade. Este método tem sido empregado em pesquisas qualitativas sobre saúde e
comportamento de risco em crianças, adolescentes e adultos (ver as revisões históricas em
Berg, 1995; Carey, 1994; Charlesworth & Rodwell, 1997; Frey & Fontana, 1993; Morgan,
1997).
         Segundo Morgan (1997), o uso do GF requer uma cuidadosa combinação entre os
objetivos da pesquisa e os dados que pode produzir. O Grupo Focal pode ser utilizado em
pesquisas que necessitem de um método independente, servindo como a principal fonte de
dados qualitativos, assim como ocorre em pesquisas que usam a entrevista individual ou a
observação participante. Pode ser incluído como uma fonte complementar de dados em
estudos que dependem de outro método primário. Nesta forma, a discussão em grupo,
freqüentemente, serve como uma fonte de dados preliminares em um estudo basicamente
qualitativo. Pode ser usado, por exemplo, para generalizar questionários de pesquisa ou
para desenvolver a aplicação de programas de intervenção. Pode, ainda, ser utilizado em
estudos com multimétodos, ou seja, os dados obtidos são adicionados aos dados colhidos
através de outros instrumentos, como a entrevista individual.
        As vantagens da utilização do Grupo Focal são diversas. Uma delas é que o GF
promove insight, isto é, os participantes se dão conta das crenças e atitudes que estão
presentes em seus comportamentos e nos dos outros, do que pensam e aprenderam com as
situações da vida, através da troca de experiências e opiniões entre os participantes. Os
Grupos Focais são eficientes na etapa de levantamento de dados, pois um número pequeno
de grupos pode gerar um extenso número de idéias sobre as categorias do estudo desejado.
O GF auxilia o pesquisador a conhecer a linguagem que a população usa para descrever
suas experiências, seus valores, os estilos de pensamento e o processo de comunicação. É
utilizado para investigar comportamentos complexos e motivações, pois compara diferentes
visões sobre o mesmo tópico (Carey, 1994; O’Brien, 1993; Morgan & Krueger, 1993).
Outra vantagem do GF é que a dinâmica do grupo pode ser um fator sinergético no
fornecimento de informações (Berg, 1995; Carey, 1994, Morgan, 1997). O termo sinergia é
usado para descrever o fenômeno que ocorre na união de duas ou mais forças que
produzem um efeito maior do que a soma dos efeitos individuais (Bronfenbrenner, 1989).
Portanto, as informações trazidas pelo participante podem ser identificadas como dados do
grupo. Informações, confirmação ou refutação de crenças, argumentos, discussões e
soluções escutadas e expressas durante as sessões do grupo revelam o que o participante
pensa e que resulta na compreensão coletiva sobre os temas discutidos (Berg, 1995).
         A única desvantagem da utilização deste método de pesquisa, segundo Morgan
(1997), reside nas tendências grupais que podem levar à “conformidade” ou à
“polarização”. A conformidade ocorre quando alguns participantes não fornecem
informações no grupo que, possivelmente, apareceriam em uma entrevista individual. Por
outro lado, a polarização ocorre quando os participantes expressam mais informações na
situação de grupo do que em uma situação individual. Portanto, cabe ao pesquisador levar
em conta estes aspectos quanto estiver definindo o delineamento da pesquisa.
        Cabe ressaltar a diferença entre GF e entrevista em grupo. Esta diferença está na
interação do grupo. No GF, o pesquisador está envolvido na determinação e manutenção do
tópico de discussão. Nas entrevistas em grupo, o pesquisador observa a espontaneidade
com que os tópicos são discutidos, sem interferência. O GF possui uma estrutura
organizada que pode incluir diferentes variações e uma identidade distinta, embora ocupe
uma posição intermediária entre observação participante e entrevista semi-aberta (Morgan,
1997).
      Em relação à sua estrutura operacional, o GF é coordenado por um moderador, que
poderá ser o próprio pesquisador. O papel do moderador é o de conduzir o grupo e manter o
foco da discussão no tópico da pesquisa. Uma das tarefas mais difíceis poderá ser ouvir
atentamente as respostas, ao mesmo tempo em que estimula os mais tímidos, quietos ou
passivos a participar. O moderador terá que ser hábil para desenvolver um eficiente rapport
com o grupo. As características mais marcantes do moderador devem ser o bom humor, a
boa memória e a flexibilidade (Krueger, 1993). O moderador faz o mínimo de anotações
durante a sessão, apenas dos tópicos a serem revistos. Estimula as respostas, mas deve ser
disciplinado para ouvir sem colocar suas opiniões pessoais ou julgar as respostas. Seu
objetivo é o de coletar informações e não o de ensinar ou de corrigir os participantes. É
tarefa do moderador estar atento aos comportamentos verbais e não verbais, que poderão
ser anotados e utilizados na análise dos dados (Berg, 1995; Carey, 1994; Morgan, 1997).
Além do moderador, pode-se incluir uma ou duas pessoas para apoiar a parte logística.
Estes auxiliares são responsáveis pelas anotações dos comportamentos verbais e não
verbais, pela operação dos equipamentos (gravadores e filmadoras) e, posteriormente, pela
transcrição dos dados gravados (Berg, 1995; Carey, 1994; Charlesworth & Rodwell, 1996).
      A estruturação ou planejamento das sessões inclui o estudo do tópico da pesquisa e o
desenvolvimento de questões de orientação. É necessário elaborar de três a cinco questões
de orientação que guiarão as sessões. Estas questões serão utilizadas, posteriormente, para
desenvolver temas ou categorias de análise dos dados. A qualidade do GF dependerá da
qualidade das questões elaboradas. Na elaboração das questões de orientação, é necessário
explorar os tópicos da pesquisa e conhecer a cultura dos participantes, o que facilitará ao
pesquisador a compreensão das contribuições dos membros do grupo e a investigação
apropriada do tema durante a realização do Grupo Focal. Cada sessão possui em média de
uma a duas horas de duração. O número de sessões varia de acordo com a necessidade da
pesquisa (Carey, 1994; Krueger, 1993; Morgan & Krueger, 1993; Morgan, 1997). Em
pesquisas qualitativas, o número de grupos diferentes pesquisados poderá variar de acordo
com o objetivo da pesquisa. Quanto maior o número de grupos, mais dados poderão ser
coletados até obter a saturação, isto é, a repetição das informações. Segundo Morgan
(1997), a realização de três a cinco grupos é suficiente para atingir este ponto. No entanto, a
realização de apenas um Grupo Focal é suficiente para uma análise qualitativa, pois a
sinergia do grupo forma um processo dinâmico e único que permite que cada GF seja
compreendido como um contexto diferenciado.
       Quanto à seleção dos participantes, devem ser levadas em conta as experiências em
comum e relacionadas ao tópico da pesquisa. Certa homogeneidade entre os participantes é
importante para manter o diálogo. Esta homogeneidade está relacionada ao status, como:
nível sócio-econômico, idade, educação e características familiares (Carey, 1994;
Charlesworth & Rodwell, 1996; Knodel, 1993; Morgan, 1997). Em relação ao formato do
grupo, existe uma variação na literatura, mas a média de participantes está em torno de
cinco a doze. Devem-se considerar a sensibilidade e a complexidade do tópico pesquisado,
além das habilidades, expectativas e necessidades dos integrantes. O GF com um número
menor do que cinco, seria difícil de sustentar a discussão, e um número maior do que dez
pode se tornar difícil de controlar. Em um grupo pequeno, em torno de seis, cada um tem
mais oportunidade para falar e isto facilita ao moderador o gerenciamento da dinâmica do
grupo, o processo de informações e a atenção individualizada para cada participante (Carey,
1994; Charlesworth & Rodwell, 1996; Morgan, 1997).
      De acordo com Knodel (1993) e Morgan (1997), os dados obtidos nos Grupos Focais
podem ser analisados e interpretados de diferentes formas, conforme o objetivo do estudo.
A Fenomenologia, a Análise de Conteúdo ou a de Discurso são formas de análise
utilizadas. No entanto, quando se tratar de uma análise entre muitos grupos, como ocorre na
avaliação de um programa de intervenção, pode-se criar uma grade que sistematiza
resumidamente o que cada grupo responde em relação a determinada questão. O importante
é definir a unidade de análise na fase de planejamento do grupo e elaborar questões
adequadas à proposta do estudo.


A Experiência com os Grupos Focais

      A escolha pelo Grupo Focal como método de pesquisa no estudo “Vulnerabilidade e
Resiliência Familiar na Visão de Adolescentes Maltratadas” ocorreu pela proposta de ser
um método dinâmico e interativo. Além disso, poderia proporcionar às adolescentes uma
oportunidade para a troca de experiências e de exposição da sua visão (que envolve a
percepção,   as   idéias,   os   valores   e   os   sentimentos)   sobre   o   tema    e,   à
pesquisadora/moderadora, conhecer e praticar um método de pesquisa pouco divulgado em
nosso país. A complexidade do tema, isto é, a visão de adolescentes que sofreram maus
tratos sobre suas famílias, permitiu a proposta de utilizá-lo de forma independente e como a
principal fonte de dados.


Aspectos Anteriores à Realização dos Grupos Focais


      Primeiramente, para estruturar o GF foi importante a elaboração do planejamento das
sessões (Anexo A), que ocorreu durante a realização do projeto de pesquisa. Na elaboração
do planejamento, foram necessários o estudo do tópico da pesquisa e o conhecimento sobre
a população, isto é, a linguagem, os costumes e os comportamentos utilizados pelas
adolescentes brasileiras que vivem em ambientes violentos e que pertencem a um nível
sócio-econômico muito baixo. O planejamento incluiu a decisão a respeito do número de
sessões. Concluiu-se pela necessidade de realizar três sessões para abarcar os três aspectos
que deveriam ser investigados sobre a família: 1) o conceito, 2) os indicadores de risco e de
proteção intra e extrafamiliares, e 3) as expectativas de formação de uma família no futuro.
       Diante destes aspectos, foram definidos os objetivos de cada sessão e elaboradas as
questões de orientação. Cada sessão foi estruturada através de um roteiro específico, que
previa uma hora e trinta minutos de duração, com os seguintes itens:
1) Temas a serem investigados (principais títulos);
2) O objetivo (qual o motivo e metas a serem atingidas);
3) Duração prevista (tempo necessário para realizar o grupo);
4) As questões de orientação para apoio ao moderador na manutenção do foco da
   discussão (em torno de quatro questões para cada sessão);
5) Planejamento propriamente dito, que envolve os seguintes itens: tema, técnica,
   procedimento e duração. O tema refere-se ao tópico a ser abordado, a técnica está
   relacionada à forma com a qual o moderador dinamizará o grupo no início da sessão, o
   procedimento indica como o moderador manterá a discussão sobre o tema, e a duração
   diz respeito ao tempo para cada etapa do processo.
6) A avaliação da sessão (em relação ao trabalho e aos sentimentos surgidos, que foram
   expressos ou não, durante a realização do grupo).


      Cabe ressaltar que neste estudo foi privilegiada a incursão de técnicas para dinamizar
o grupo e introduzir o tema. Não é comum utilizá-las nos Grupos Focais, basta uma
pergunta que pode funcionar como “quebra-gelo”. No entanto, em função de uma
experiência pessoal da moderadora com adolescentes, foi introduzida esta tarefa a fim de
estimular a integração do grupo através de uma situação que poderia aliviar a ansiedade
existente, principalmente nos primeiros momentos do encontro. Charlesworth e Rodwell
(1997) sugerem que não se utilizem técnicas com crianças menores de oito anos, pois
poderá dispersar a atenção do grupo. A experiência nesta pesquisa revelou a eficácia da
utilização da dinâmica como forma de introduzir o tema a ser abordado na sessão. Porém a
escolha da técnica deve ser coerente com o tema, e sua aplicação, estudada previamente.
Caso o moderador sinta que não é necessária a sua aplicação, esta poderá ser excluída,
dependendo de como se comporta cada grupo e da sensibilidade do moderador em relação
ao processo grupal.
       Um fator de extrema importância para o êxito na coleta dos dados foi a seleção das
participantes da pesquisa. Primeiramente, ocorreu a seleção da instituição, isto é, aquela
que mantivesse as características de um abrigo provisório e atendesse adolescentes de 12 a
18 anos que se encontrassem em situação de risco pessoal ocasionado ou intensificado pela
sua própria família. No município havia poucas opções. Todavia, existia uma que estava em
concordância com o perfil desejado. Após diversos contatos e apresentações do projeto, a
instituição autorizou a realização da pesquisa.
         Partiu-se, então, para a segunda etapa da seleção, a das participantes. Estas foram
selecionadas através de uma indicação da instituição e de acordo com o perfil desejado, isto
é, tempo de ingresso mínimo na instituição, situação de abuso intrafamiliar e condições
satisfatórias de saúde mental. Posteriormente, confirmados os nomes, foi realizado um
encontro individual da pesquisadora com as adolescentes. Neste encontro, foram explicados
o tema e o objetivo da pesquisa, os procedimentos adotados durante a realização do grupo,
isto é, horário, número de sessões, como seria conduzida, a presença de auxiliares de
pesquisa, a gravação, questões em relação ao sigilo das informações, a importância da
participação em todas as sessões, entre outros aspectos. E, então, foi realizado o convite.
Frente ao assentimento verbal e escrito e com aval da instituição, foram realizados os
grupos. A maioria das meninas concordou em participar da pesquisa, sem realizar qualquer
comentário ou pergunta prévia. A pesquisadora voltou a repetir os procedimentos e que,
caso a opção fosse de não participação, não haveria represálias por parte da instituição.
Apenas uma menina recusou o convite. No entanto, a formação dos grupos não foi uma
tarefa fácil. A maior dificuldade foi encontrar horários compatíveis entre as participantes,
pois as mesmas freqüentavam diferentes escolas, cursos e atividades. Esta dificuldade
apareceu verbalizada nos grupos como algo que dificulta a integração entre as meninas e a
formação de subgrupos dentro da instituição. A alternativa foi realizar o GF em horários
intermediários, como no final da tarde, e em dias consecutivos (por exemplo: Terça, Quarta
e Quinta, no mesmo horário). O grupo de pesquisa considerou válido programar as sessões
de forma consecutiva, pois proporcionou que o grupo mantivesse um ritmo adequado e
favorável à coleta de dados.
         Foram realizados dois Grupos Focais com três sessões cada. Os Grupos Focais
contaram com uma moderadora e com dois auxiliares de pesquisa (estudantes de graduação
em Psicologia). Os auxiliares de pesquisa apoiaram a parte logística e foram responsáveis
pelas anotações dos comportamentos verbais e não verbais, pela operação dos gravadores e,
posteriormente, por uma parte da transcrição dos dados gravados. Para isto, os auxiliares de
pesquisa foram treinados durante um ano, e as tarefas distribuídas previamente por sessão.
O treinamento iniciou com a revisão da literatura através da formação de um grupo de
estudos. Os temas estudados estavam relacionados à pesquisa, ao método e a outros
aspectos importantes, como dinâmica de grupo e comportamento não-verbal. Os auxiliares
realizaram várias observações em locais diferentes, como em uma lanchonete ou no pátio
da Universidade durante o intervalo dos alunos, como também, a simulação de um Grupo
Focal entre eles e a aplicação das técnicas escolhidas para dinamizá-lo. Os comportamentos
verbais e não-verbais eram registrados. Estas observações serviram para aguçar a percepção
dos estudantes e padronizar os registros dos comportamentos. A equipe elaborou uma
tabela de códigos que seria usada durante a observação do grupo. No entanto, o uso da
tabela foi desprezado pelos auxiliares durante as sessões. Em avaliação posterior, os
mesmos alegaram a dificuldade de observar os comportamentos, realizar anotações dos
aspectos verbais e não-verbais e controlar o gravador ao mesmo tempo. Os
comportamentos não-verbais ocorridos durante o GF não foram utilizados para análise dos
dados, porém aqueles considerados relevantes foram citados no estudo, com objetivo de
contextualizar o processo do grupo. Outro aspecto importante foi que os auxiliares testavam
os gravadores que seriam utilizados antes das sessões e, assim, evitaram a perda dos dados,
caso os gravadores estivessem danificados. Um fato interessante ocorreu no final da
primeira sessão: as participantes solicitaram ouvir a gravação, pois elas não tiveram,
anteriormente, uma oportunidade de escutar sua própria voz gravada. Foi um momento de
satisfação e alegria no grupo.
            Participaram seis adolescentes em cada grupo. O número de participantes foi
escolhido em função da complexidade do tema. O local da realização foi na biblioteca da
própria instituição.


Realização dos Grupos Focais: Desafios e Gratificações


            Cada GF foi compreendido como um contexto único e diferenciado, por ser
constituído por pessoas diferentes, em momentos diferentes e com um processo único.
Portanto, um fator desafiador foi lidar com este processo único – que só é conhecido no
desenvolvimento do próprio grupo - e os sentimentos subjacentes provocados por este
processo.
      O primeiro GF foi marcado por sentimentos de desconfiança em relação à quebra do
sigilo das informações, comentários irônicos e muitas risadas. O segundo GF foi
intensificado com um sentimento de tristeza, que provocou situações de choro e de silêncio,
além de um sentimento de culpa pela situação de estarem institucionalizadas. Ambos os
grupos exigiram muita atenção e habilidade por parte da moderadora para que estes
sentimentos subjacentes fossem devidamente conduzidos. Se não o fossem, poderiam
colocar em risco os dados da pesquisa, e sobretudo o bem-estar das participantes. No
primeiro grupo, a moderadora constantemente retomava o foco, enfatizando a negociação e
o compromisso assumidos por todas no encontro individual e no rapport inicial, com ênfase
na seriedade da tarefa e no respeito ao outro e a si mesmo. No segundo GF, a moderadora
tentou buscar no grupo uma fonte de incentivo, afeto e apoio através de palavras de consolo
das próprias meninas. Assim, elas puderam amenizar o sofrimento advindo dos sentimentos
de tristeza e de abandono, através da formação de um vínculo de identificação e de
amizade.
         Muitos foram os desafios encontrados durante a realização dos Grupos Focais. Manter
o foco talvez tenha sido um dos principais. Parece fácil teoricamente retomar o tema
sempre que este é desviado. No entanto, por se tratar de adolescentes e pela complexidade
do assunto, muitas situações ocorreram em que foi necessário esclarecer qual era o objetivo
do grupo ou enfatizar o tema. Como no exemplo ocorrido no início da terceira sessão do
primeiro GF:


Moderadora: “-Vamos continuar a falar sobre família...”
Rita1: “-Ah, não! Da minha família não!”
Ana: “Nós já falamos ontem!”
Todas: “- Éééé!
Moderadora: “- Mas o nosso assunto é sobre as famílias”
Rita: “- Talvez um dia a senhora venha aqui e faça um tema diferente...assim, vida na rua.”
(Todas riem)


           As gratificações dos pesquisadores estão relacionadas aos insights promovidos pela
dinâmica e pela sinergia dos grupos durante o seu processo, que possibilitaram uma
reflexão destas meninas sobre suas vidas e um desejo de mudança da sua situação. Embora
o objetivo do grupo seja o da pesquisa, o Grupo Focal proporcionou que estas meninas
tivessem um espaço para contar suas histórias e trocar as suas percepções e os seus
sentimentos sobre as suas experiências. Este repensar foi abordado nas avaliações ocorridas
no final de cada encontro e nas realizadas espontaneamente pelas participantes durante as
sessões. Além disso, as avaliações serviram como subsídio para aperfeiçoar a aplicação do
método e, principalmente, aliviar a ansiedade de todos os envolvidos. Como exemplifica
este diálogo ocorrido no final da primeira sessão do segundo GF:




1
    Os nomes são fictícios para preservar a identidade das participantes.
Marina: “- Não tô bem, mas não tô mal. Lembrar de minha mãe é triste... por um lado eu
me sinto bem...eu escuto e eu vejo o caso das gurias, dá para pensar também...
Cristina: “- Eu tô aliviada!”
Carla: “- Achei tri! Gostei. Uma coisa boa a gente ficar conversando, tá dividindo os teus
problemas com as outras pessoas, as outras pessoas dividindo contigo. Tu vê o problema de
cada um, tu pára e pensa no teu, sabe?


             Além disso, o grupo revelou a importância e a necessidade da realização de
grupos terapêuticos com os adolescentes, principalmente com histórico de violência
doméstica. Como neste exemplo ocorrido na segunda sessão do primeiro grupo focal:


Moderadora: “-Bom, nós estamos no final do nosso encontro...”
Adriana: “- Agora que tava bom!” Ah, não, tia. Vamos ficar mais um pouquinho...”
Moderadora: “- São três encontros.”
Rita: “- Legal!”
Letícia: “- Era pra ser um ano de encontro.”
Todas: “-Éééé...”


       Outra gratificação está relacionada à riqueza de dados que emergiram dos grupos e
que serviram para a análise dos dados e para realizar outros estudos e reflexões, além dos
planejados inicialmente. Proporcionou, ainda, um encontro inusitado entre duas meninas
que descobriram que tinham parentes em comum durante o comentário sobre suas famílias
e despertou, em algumas meninas, a curiosidade ou a necessidade de conhecer ou
reencontrar seus pais ou outros familiares.


Aspectos Posteriores à Realização do Grupos Focais


      Com o material transcrito, iniciou-se a análise dos dados. Foi realizada a Análise de
Conteúdo (Bardin, 1977), que identifica categorias a serem analisadas e discutidas. Foi um
trabalho meticuloso e exaustivo. No entanto, os dados proporcionaram uma discussão
profunda e dinâmica sobre “a família”. O Modelo Ecológico do Desenvolvimento Humano
proposto por Urie Bronfenbrenner (1979/1996) e os estudos sobre Vulnerabilidade,
Resiliência, Risco e Proteção (Garmezy, 1996; Walsh, 1996, entre outros) serviram como
base para a interpretação e discussão dos dados. Foram publicados artigos sobre os dados
encontrados, como: "Vulnerabilidade e resiliência familiar: um estudo com adolescentes
que sofreram maus tratos intrafamiliares” (De Antoni & Koller, 2000a) e "A visão sobre
família entre as adolescentes que sofreram violência intrafamiliar" (De Antoni & Koller,
2000b).


Questões Éticas


      Existem preocupações éticas que devem ser consideradas em relação à utilização de
um método de pesquisa como o Grupo Focal (Morgan, 1993), além das preocupações
oriundas da realização de pesquisas com crianças e adolescentes, principalmente em
situação de risco pessoal e social, pois elas estão expostas constantemente ao perigo (Hutz,
1999; Hutz & Koller, 1999). Em relação ao método, há um aspecto que deve ser
considerado durante o planejamento: o tema proposto. Este pode ocasionar uma situação de
estresse em função da discussão de tópicos complexos e experienciados de forma negativa
pelos participantes. Portanto, deve-se considerar a vulnerabilidade dos participantes diante
do tema, para evitar colocá-los em situação de risco, principalmente quando envolve grupos
estigmatizados.
       A moderadora preocupou-se em definir uma série de procedimentos que visavam a
evitar ou amenizar o estresse da discussão do tema. Primeiramente, antes da realização dos
grupos, foi realizada uma conversa individualmente com cada participante com o intuito de
clarificar o objetivo da pesquisa e os procedimentos adotados, e de conhecê-la melhor. Na
primeira sessão, foi estabelecido um contrato verbal (rapport) com as participantes. Este
contrato firmou a concordância de todas em manter as informações trazidas no grupo em
sigilo e respeitar as opiniões e os sentimentos de todos, indiscriminadamente. Estas
combinações foram retomadas no rapport inicial das sessões seguintes.
      Durante a realização do grupo, foram observados os comportamentos verbais e não-
verbais (choro, cabeça baixa, roer unhas, etc.), que surgiram durante a sessão e que
poderiam evidenciar o mal-estar das participantes. Carey (1994) revelou que o moderador
tem a responsabilidade de monitorar e interceder, apropriadamente, quando as informações
se tornarem muito particulares ou mobilizarem sentimentos desagradáveis. A preocupação
com o bem-estar das participantes foi constante. Como também, o reforço em manter a
confiabilidade do sigilo das informações trazidas.
      No final de cada sessão, conforme sugere Morgan (1997), a moderadora averiguou os
sentimentos das participantes. Para tanto, foi realizada uma avaliação verbal e informal nos
momentos finais de cada sessão. Esta atitude permitiu às participantes exporem seus
sentimentos, ao mesmo tempo em que as aliviou da ansiedade gerada pelo tema. Caso a
participante confirmasse o seu sentimento de insatisfação ou mal-estar, estes sentimentos
eram melhor investigados através de perguntas, por exemplo: “Em que momento você se
sentiu mal?”. A fim de auxiliar a participante, a pesquisadora estimulou o GF a encontrar
recursos suficientes para converter estes sentimentos desagradáveis, através de palavras de
incentivo e do apoio emocional.
      Outro aspecto ético importante está relacionado ao assentimento informado, tanto da
instituição como das adolescentes participantes dos grupos. A instituição autorizou a
participação das adolescentes na pesquisa mediante a apresentação do projeto, bem como a
realização do GF em seu espaço físico. Cabe esclarecer que a instituição possui o termo de
responsabilidade sobre a adolescente durante a permanência na mesma, não sendo
necessário o consentimento da família.
       Mesmo com a autorização da instituição, foi solicitado o assentimento verbal e por
escrito da adolescente. Berg (1995) considerou importante o assentimento por escrito dos
participantes, pois reforça o fato das informações serem confidenciais e garante a presença
em todas as sessões. No entanto, segundo Carey (1994), o fato de o indivíduo estar presente
e participar do grupo já é, por si só, um consentimento, pois a eficácia do GF depende da
participação ativa dos seus integrantes.
      Diante de todos estes procedimentos éticos, a moderadora se sentiu em condições de
conduzir o grupo. A proposta de trabalho estava devidamente esclarecida, e a participação
no GF foi uma opção das adolescentes. No entanto, mesmo assim, foi necessário
constantemente, durante a realização do grupo, retomar as combinações iniciais.
Considerações Finais


              O GF mostrou ser um método eficaz para coleta de dados em pesquisas
qualitativas. Proporcionou riqueza e variedade de dados pela troca de experiências, pela
reflexão e pelo insight promovidos pela dinâmica e sinergia dos grupos. Não existem
“receitas prontas” quando se trata de conduzir um grupo. No entanto, é fundamental que o
moderador tenha experiência e preparo teórico suficientes para permitir que o grupo se
desenvolva, cresça e reflita, sem perder a perspectiva do foco pesquisado. Além disso, é de
extrema importância a realização de um planejamento bem elaborado e adequado à
necessidade, o que facilita a tarefa de moderação do grupo. O método possibilitou, também,
à pesquisadora e à sua equipe um maior aprendizado na observação e no entendimento da
dinâmica de grupos. Para as participantes, demonstrou ser uma fonte de apoio e de
comunicação, auxiliando-as na promoção de sua resiliência individual, isto é, de sua
capacidade de enfrentar satisfatoriamente as situações adversas. Finalizando, acredita-se
que o GF deveria ser mais utilizado no Brasil em pesquisas psicológicas tanto com
adolescentes como com adultos. Espera-se que este relato tenha despertado a curiosidade
do leitor e a vontade de utilizar este método em novas pesquisas.


Referências


BARDIN, L. (1977). Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70.
BERG, B. (1995). Qualitative research methods for the social sciences. Boston: Allyn
    Bacon.
BRONFENBRENNER, U. (1989). Ecological systems theory. Annals of Child
    Development, 6,187-249.
BRONFENBRENNER, U. (1996). A ecologia do desenvolvimento humano: Experimentos
    naturais e planejados. Porto Alegre: Artes Médicas. (Original publicado em 1979)
CAREY, M. A. (1994). The group effect in focus group: planning, implementing, and
    interpreting focus group research. Em M. Morse (Org.), Critical issues in qualitative
    research methods (pp. 224-241). Thousand Oaks: Sage.
CHARLESWORTH, L. W. & RODWELL, M. K. (1997). Focus group with children: a
    resource for sexual abuse prevention program evaluation. Child Abuse & Neglect, 21,
    1205-1216.
CRABTREE, B., YANOSHIK, K., MILLER, W. & O’CONNOR, P. (1993). Selecting
    individual or group interviews. Em D. Morgan (Org.), Successful focus group:
    Advancing the state of the art (pp. 137-149). Newbury Park, CA: Sage.
DE ANTONI, C. (2000). Vulnerabilidade e resiliência familiar na visão de adolescentes
    maltratadas. Dissertação de Mestrado não-publicada. Curso de Pós-Graduação em
    Psicologia do Desenvolvimento. Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto
    Alegre, RS.
DE ANTONI, C. & KOLLER, S. H. (2000a). Vulnerabilidade e resiliência familiar: um
    estudo com adolescentes que sofreram maus tratos intrafamiliares. Psico, 31(1), 39-66.
DE ANTONI, C. & KOLLER, S. H. (2000b). A visão de adolescentes sobre família entre
    as adolescentes que sofreram violência intrafamiliar. Estudos de Psicologia, 5(2), 347-
    381.
Estatuto da Criança e do Adolescente (1990). Lei n º 8.069, de 13/07/1990. Porto Alegre:
    CORAG.
FREY, J. & FONTANA, A. (1993). The group interview in social research. Em D. Morgan
    (Org.), Successful focus group: Advancing the state of the art (pp. 20-34). Newbury
    Park, CA: Sage.
GARMEZY, N. (1996). Reflections and commentary on risk, resilience, and development.
    Em R. Haggerty, L. Sherrod, N. Garmezy & M. Rutter (Orgs.), Stress, risk, and
    resilience in children and adolescents (pp. 1-15). New York: Cambridge University
    Press.
HUTZ, C. S. (1999, Maio). Problemas éticos na produção do conhecimento. Trabalho
    apresentado no I Congresso Norte-Nordeste de Psicologia, Salvador, Bahia.
HUTZ, C. S. & KOLLER, S. H. (1999). Methodological and ethical issues in research with
    street children. Em M. Raffaelli & R. W. Larson (Orgs.), Homeless and working youth
    around the world: Exploring developmental issues (pp. 59-70). New York: Jossey-
    Bass.
KNODEL, J. (1993). The design and analysis of focus group studies: a practical approach.
    Em D. Morgan (Org.), Successful focus group: Advancing the state of the art (pp. 35-
    50). Newbury Park, CA: Sage.
KRUEGER, R. (1993). Quality control in focus group research. Em D. Morgan (Org.),
    Successful focus group: Advancing the state of the art (pp. 65-85). Newbury Park, CA:
    Sage.
MORGAN, D. (1993). Future directions for focus group. Em D. Morgan (Org.), Successful
    focus group: Advancing the state of the art (pp. 225-244). Newbury Park, CA: Sage.
MORGAN, D. (1997). Focus groups as qualitative research. Newbury Park, CA: Sage.
MORGAN, D. & KRUEGER, R. A. (1993). When to use focus group and why. Em D.
    Morgan (Org.), Successful focus group: Advancing the state of the art (pp. 3-19).
    Newbury Park, CA: Sage.
O’BRIEN, K. (1993). Improving survey questionnaires through focus group. Em D.
    Morgan (Org.), Successful focus group: Advancing the state of the art (pp.105-117).
    Newbury Park, CA: Sage.
WALSH, F. (1996). The concept of family resilience: Crisis and challenge.         Family
    Process, 35, 261-281.
ANEXO A
                          PLANEJAMENTO DO GRUPO FOCAL
Segunda Sessão
Temas a serem investigados:
-   Relações familiares
-   Indicadores de proteção para a família
-   Indicadores de risco para a família
-   Vulnerabilidade e Resiliência familiar
Objetivos:
-   Conhecer a visão das adolescentes sobre suas relações familiares;
-   Levantar os indicadores de risco e de proteção existentes em suas famílias;
-   Verificar como suas famílias lidam com os indicadores de risco.
Duração prevista: 01h 45 min.
Questões de Orientação:
1) Como você vê sua família no passado?
2) Como você vê sua família atualmente?
3) Quais são os indicadores que favorecem a sua família a enfrentar os problemas?
4) Quais são os indicadores que aumentam os problemas existentes na sua família?


Planejamento da Sessão:
1) Técnica de aquecimento: Complete a história...
    Procedimento: O moderador solicita ao grupo que juntos contem uma história. O
    moderador inicia com a frase: “Era uma vez uma família...” e a participante ao lado tem
    que criar a continuação da história (uma frase ou pequeno trecho) e em seguida passa a
    palavra para outra participante e, assim, até terminar o tempo ou a história.
    Duração prevista: 07 min.
2) Tema de investigação: Relações familiares
    Procedimento: O grupo discutirá o tema, de acordo com as respostas fornecidas na
    questão de orientação, como também associando com a história criada. O foco é como
    cada uma vê sua família e o que pensa a respeito da forma como se relacionam.
    Duração prevista: 20 min.
3) Tema de investigação: Indicadores de risco e de proteção
   Procedimento: discussão sobre as questões de orientação. Uma participante é eleita pelo
   grupo para anotar, em uma folha cartaz fixada na parede, as respostas que evidenciem
   indicadores de risco e de proteção fornecidas pelo grupo.
   Duração prevista: 01h 10min.


4) Encerramento da Sessão
     Procedimento: O moderador investiga os sentimentos surgidos no grupo, agradece a
     presença de todas as pessoas, realiza as combinações para o próxima sessão, esclarece
     possíveis dúvidas e finaliza a sessão.
     Duração prevista: 07 min.

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Grupos focais

  • 1. De Antoni, C., Martins, C., Ferronato, M. A. , Simões, A., Maurente, V., Costa, F. & Koller, S. H. (2001). Grupo focal: Método qualitativo de pesquisa com adolescentes em situação de risco. Arquivos Brasileiros de Psicologia, 53(2), 38-53. Resumo Este artigo trata de uma experiência em pesquisa qualitativa, utilizando como método para coleta de dados o Grupo Focal. Foi descrito o método através dos seus aspectos teóricos – conceito, revisão histórica, estruturação, vantagens e desvantagens da sua utilização e a análise dos dados - e o relato da experiência com dois grupos focais. O tema foco foi “família” na visão de adolescentes abrigadas em uma instituição por sofreram maus tratos intrafamiliares. Além disso, o texto aborda os desafios, as gratificações e as preocupações éticas em relação ao método. Palavras-chave: Grupo Focal, pesquisa qualitativa, pesquisa com adolescentes. FOCUS GROUPS: QUALITATIVE METHOD IN RESEARCH WITH ADOLESCENTS AT RISK Abstract This paper describes a qualitative research using Focus Groups methodology. The concept, historical aspects, advantages, and disadvantages of group focal with adolescents are presented. Girls who suffered violence in their families discussed the topic “family”, as their main focus issue. Furthermore, this article discusses the challenges, satisfactions, and ethical concerns regarding this methodology. Keywords: Focal Group, qualitative research, research with adolescents ______________________________ ¹ Endereço para correspondência: CEP-RUA/UFRGS, Instituto de Psicologia, Rua Ramiro Barcelos, 2600/104, CEP 90035.003, Porto Alegre, RS. Fone: (51) 3165150. E-mail: clarissada@ig.com.br ² Este estudo faz parte da Dissertação de Mestrado em Psicologia do Desenvolvimento (UFRGS) da primeira autora, orientada pela segunda autora. Apoio CNPq, FAPERGS, PROPESQ/UFRGS. ³ Clarissa De Antoni é Psicóloga, Especialista em Psicologia Social, Mestre e Doutoranda em Psicologia do Desenvolvimento da UFRGS, Membro do CEP-RUA/UFRGS, Coordenadora do Núcleo de Estudos sobre Desenvolvimento Comunitário e Cidadania e da Equipe de Pesquisa sobre Resiliência Familiar. Sílvia Helena Koller é psicóloga, Doutora em Educação, pesquisadora do CNPq e professora do Curso de Pós-Graduação em Psicologia do Desenvolvimento da UFRGS, Coordenadora do CEP-RUA/UFRGS. Carla M. Martins, Maria Elisa B. Ferronatto, Aline Simões, Fábio Rosa da Costa e Vanessa Maurente são estudantes de Psicologia/UFRGS e foram auxiliares de pesquisa nos grupos focais.
  • 2. GRUPO FOCAL: MÉTODO QUALITATIVO DE PESQUISA COM ADOLESCENTES EM SITUAÇÃO DE RISCO Este artigo trata de uma experiência de pesquisa qualitativa, utilizando como método para coleta de dados o Grupo Focal (GF). Para tanto, são apresentados a teoria, o relato da experiência e as preocupações éticas existentes que permearam todo o trabalho. Os aspectos teóricos do método são expostos através do seu histórico, da sua logística, aplicabilidade e análise dos dados. O relato da experiência aborda as vantagens e desvantagens da utilização do Grupo Focal, além dos desafios e das gratificações advindas da utilização deste método. O GF foi utilizado na pesquisa “Vulnerabilidade e Resiliência Familiar na Visão de Adolescentes Maltratadas” (De Antoni, 2000). Esta pesquisa teve como proposta conhecer a visão de adolescentes que sofreram maus tratos intrafamiliares sobre sua família. Foram abordados aspectos relacionados ao conceito, à configuração familiar, aos papéis desempenhados, ao relacionamento interpessoal, aos indicadores que funcionam como protetores ou como desencadeadores de situações de risco, bem como às expectativas de futuro em relação à formação de uma nova família. O diferencial destas adolescentes participantes da pesquisa é que, no momento da coleta de dados, estavam temporariamente residindo em uma instituição pública como medida de proteção pessoal (Estatuto da Criança e do Adolescente, Lei n.º 8.069, 1990) às agressões sofridas pelos familiares. Na fase inicial de delineamento da pesquisa, alguns instrumentos para coleta de dados foram cogitados para a obtenção dos objetivos, como a entrevista individual semi- estruturada ou a entrevista em grupo. Porém, ao conhecer o método do Grupo Focal, a pesquisadora se sentiu motivada para aplicá-lo. O GF diferencia-se dos outros instrumentos por proporcionar quantidade e qualidade de dados, sem contudo perder a unidade de análise proposta no estudo. O Grupo Focal O Grupo Focal ou Grupo Foco (GF) tem sido utilizado em pesquisas qualitativas com o objetivo de coletar dados através da interação grupal. Segundo Charlesworth e Rodwell (1997), o GF é, especialmente, utilizado em delineamento de pesquisas que consideram a visão dos participantes em relação a uma experiência ou a um evento. Busca-se obter a
  • 3. compreensão de seus participantes em relação a algum tema, através de suas próprias palavras e comportamentos. Os participantes descrevem, detalhadamente, suas experiências, o que pensam em relação a comportamentos, crenças, percepções e atitudes (Carey, 1994). De acordo com Morgan (1997), o Grupo Focal é um método de pesquisa, com origem na técnica de entrevista em grupo. O termo grupo refere-se às questões relacionadas ao número de participantes, às sessões semi-estruturadas, à existência de um setting informal e à presença de um moderador que coordena e lidera as atividades e os participantes. O termo focal é designado pela proposta de coletar informações sobre um tópico específico. O Grupo Focal foi estruturado inicialmente por Robert Merton e colaboradores na década de quarenta. Foi utilizado em pesquisas sociais com soldados durante a II Guerra Mundial, cujo objetivo era conhecer a eficácia do material de treinamento para as tropas e o efeito de propagandas persuasivas. Em 1952, Thompson e Demerath estudaram os fatores que influenciam a produtividade nos grupos de trabalho, ao mesmo tempo em que Paul Lazarsfeld e outros adaptaram o Grupo Focal para pesquisas em Marketing. A partir da década de oitenta, os grupos focais foram utilizados em estudos nas áreas da Saúde e das Ciências Sociais. Atualmente, também é utilizado em estudos nas áreas de Antropologia, Comunicação, Educação, entre outras, e na avaliação de programas de intervenção na comunidade. Este método tem sido empregado em pesquisas qualitativas sobre saúde e comportamento de risco em crianças, adolescentes e adultos (ver as revisões históricas em Berg, 1995; Carey, 1994; Charlesworth & Rodwell, 1997; Frey & Fontana, 1993; Morgan, 1997). Segundo Morgan (1997), o uso do GF requer uma cuidadosa combinação entre os objetivos da pesquisa e os dados que pode produzir. O Grupo Focal pode ser utilizado em pesquisas que necessitem de um método independente, servindo como a principal fonte de dados qualitativos, assim como ocorre em pesquisas que usam a entrevista individual ou a observação participante. Pode ser incluído como uma fonte complementar de dados em estudos que dependem de outro método primário. Nesta forma, a discussão em grupo, freqüentemente, serve como uma fonte de dados preliminares em um estudo basicamente qualitativo. Pode ser usado, por exemplo, para generalizar questionários de pesquisa ou para desenvolver a aplicação de programas de intervenção. Pode, ainda, ser utilizado em
  • 4. estudos com multimétodos, ou seja, os dados obtidos são adicionados aos dados colhidos através de outros instrumentos, como a entrevista individual. As vantagens da utilização do Grupo Focal são diversas. Uma delas é que o GF promove insight, isto é, os participantes se dão conta das crenças e atitudes que estão presentes em seus comportamentos e nos dos outros, do que pensam e aprenderam com as situações da vida, através da troca de experiências e opiniões entre os participantes. Os Grupos Focais são eficientes na etapa de levantamento de dados, pois um número pequeno de grupos pode gerar um extenso número de idéias sobre as categorias do estudo desejado. O GF auxilia o pesquisador a conhecer a linguagem que a população usa para descrever suas experiências, seus valores, os estilos de pensamento e o processo de comunicação. É utilizado para investigar comportamentos complexos e motivações, pois compara diferentes visões sobre o mesmo tópico (Carey, 1994; O’Brien, 1993; Morgan & Krueger, 1993). Outra vantagem do GF é que a dinâmica do grupo pode ser um fator sinergético no fornecimento de informações (Berg, 1995; Carey, 1994, Morgan, 1997). O termo sinergia é usado para descrever o fenômeno que ocorre na união de duas ou mais forças que produzem um efeito maior do que a soma dos efeitos individuais (Bronfenbrenner, 1989). Portanto, as informações trazidas pelo participante podem ser identificadas como dados do grupo. Informações, confirmação ou refutação de crenças, argumentos, discussões e soluções escutadas e expressas durante as sessões do grupo revelam o que o participante pensa e que resulta na compreensão coletiva sobre os temas discutidos (Berg, 1995). A única desvantagem da utilização deste método de pesquisa, segundo Morgan (1997), reside nas tendências grupais que podem levar à “conformidade” ou à “polarização”. A conformidade ocorre quando alguns participantes não fornecem informações no grupo que, possivelmente, apareceriam em uma entrevista individual. Por outro lado, a polarização ocorre quando os participantes expressam mais informações na situação de grupo do que em uma situação individual. Portanto, cabe ao pesquisador levar em conta estes aspectos quanto estiver definindo o delineamento da pesquisa. Cabe ressaltar a diferença entre GF e entrevista em grupo. Esta diferença está na interação do grupo. No GF, o pesquisador está envolvido na determinação e manutenção do tópico de discussão. Nas entrevistas em grupo, o pesquisador observa a espontaneidade com que os tópicos são discutidos, sem interferência. O GF possui uma estrutura
  • 5. organizada que pode incluir diferentes variações e uma identidade distinta, embora ocupe uma posição intermediária entre observação participante e entrevista semi-aberta (Morgan, 1997). Em relação à sua estrutura operacional, o GF é coordenado por um moderador, que poderá ser o próprio pesquisador. O papel do moderador é o de conduzir o grupo e manter o foco da discussão no tópico da pesquisa. Uma das tarefas mais difíceis poderá ser ouvir atentamente as respostas, ao mesmo tempo em que estimula os mais tímidos, quietos ou passivos a participar. O moderador terá que ser hábil para desenvolver um eficiente rapport com o grupo. As características mais marcantes do moderador devem ser o bom humor, a boa memória e a flexibilidade (Krueger, 1993). O moderador faz o mínimo de anotações durante a sessão, apenas dos tópicos a serem revistos. Estimula as respostas, mas deve ser disciplinado para ouvir sem colocar suas opiniões pessoais ou julgar as respostas. Seu objetivo é o de coletar informações e não o de ensinar ou de corrigir os participantes. É tarefa do moderador estar atento aos comportamentos verbais e não verbais, que poderão ser anotados e utilizados na análise dos dados (Berg, 1995; Carey, 1994; Morgan, 1997). Além do moderador, pode-se incluir uma ou duas pessoas para apoiar a parte logística. Estes auxiliares são responsáveis pelas anotações dos comportamentos verbais e não verbais, pela operação dos equipamentos (gravadores e filmadoras) e, posteriormente, pela transcrição dos dados gravados (Berg, 1995; Carey, 1994; Charlesworth & Rodwell, 1996). A estruturação ou planejamento das sessões inclui o estudo do tópico da pesquisa e o desenvolvimento de questões de orientação. É necessário elaborar de três a cinco questões de orientação que guiarão as sessões. Estas questões serão utilizadas, posteriormente, para desenvolver temas ou categorias de análise dos dados. A qualidade do GF dependerá da qualidade das questões elaboradas. Na elaboração das questões de orientação, é necessário explorar os tópicos da pesquisa e conhecer a cultura dos participantes, o que facilitará ao pesquisador a compreensão das contribuições dos membros do grupo e a investigação apropriada do tema durante a realização do Grupo Focal. Cada sessão possui em média de uma a duas horas de duração. O número de sessões varia de acordo com a necessidade da pesquisa (Carey, 1994; Krueger, 1993; Morgan & Krueger, 1993; Morgan, 1997). Em pesquisas qualitativas, o número de grupos diferentes pesquisados poderá variar de acordo com o objetivo da pesquisa. Quanto maior o número de grupos, mais dados poderão ser
  • 6. coletados até obter a saturação, isto é, a repetição das informações. Segundo Morgan (1997), a realização de três a cinco grupos é suficiente para atingir este ponto. No entanto, a realização de apenas um Grupo Focal é suficiente para uma análise qualitativa, pois a sinergia do grupo forma um processo dinâmico e único que permite que cada GF seja compreendido como um contexto diferenciado. Quanto à seleção dos participantes, devem ser levadas em conta as experiências em comum e relacionadas ao tópico da pesquisa. Certa homogeneidade entre os participantes é importante para manter o diálogo. Esta homogeneidade está relacionada ao status, como: nível sócio-econômico, idade, educação e características familiares (Carey, 1994; Charlesworth & Rodwell, 1996; Knodel, 1993; Morgan, 1997). Em relação ao formato do grupo, existe uma variação na literatura, mas a média de participantes está em torno de cinco a doze. Devem-se considerar a sensibilidade e a complexidade do tópico pesquisado, além das habilidades, expectativas e necessidades dos integrantes. O GF com um número menor do que cinco, seria difícil de sustentar a discussão, e um número maior do que dez pode se tornar difícil de controlar. Em um grupo pequeno, em torno de seis, cada um tem mais oportunidade para falar e isto facilita ao moderador o gerenciamento da dinâmica do grupo, o processo de informações e a atenção individualizada para cada participante (Carey, 1994; Charlesworth & Rodwell, 1996; Morgan, 1997). De acordo com Knodel (1993) e Morgan (1997), os dados obtidos nos Grupos Focais podem ser analisados e interpretados de diferentes formas, conforme o objetivo do estudo. A Fenomenologia, a Análise de Conteúdo ou a de Discurso são formas de análise utilizadas. No entanto, quando se tratar de uma análise entre muitos grupos, como ocorre na avaliação de um programa de intervenção, pode-se criar uma grade que sistematiza resumidamente o que cada grupo responde em relação a determinada questão. O importante é definir a unidade de análise na fase de planejamento do grupo e elaborar questões adequadas à proposta do estudo. A Experiência com os Grupos Focais A escolha pelo Grupo Focal como método de pesquisa no estudo “Vulnerabilidade e Resiliência Familiar na Visão de Adolescentes Maltratadas” ocorreu pela proposta de ser um método dinâmico e interativo. Além disso, poderia proporcionar às adolescentes uma
  • 7. oportunidade para a troca de experiências e de exposição da sua visão (que envolve a percepção, as idéias, os valores e os sentimentos) sobre o tema e, à pesquisadora/moderadora, conhecer e praticar um método de pesquisa pouco divulgado em nosso país. A complexidade do tema, isto é, a visão de adolescentes que sofreram maus tratos sobre suas famílias, permitiu a proposta de utilizá-lo de forma independente e como a principal fonte de dados. Aspectos Anteriores à Realização dos Grupos Focais Primeiramente, para estruturar o GF foi importante a elaboração do planejamento das sessões (Anexo A), que ocorreu durante a realização do projeto de pesquisa. Na elaboração do planejamento, foram necessários o estudo do tópico da pesquisa e o conhecimento sobre a população, isto é, a linguagem, os costumes e os comportamentos utilizados pelas adolescentes brasileiras que vivem em ambientes violentos e que pertencem a um nível sócio-econômico muito baixo. O planejamento incluiu a decisão a respeito do número de sessões. Concluiu-se pela necessidade de realizar três sessões para abarcar os três aspectos que deveriam ser investigados sobre a família: 1) o conceito, 2) os indicadores de risco e de proteção intra e extrafamiliares, e 3) as expectativas de formação de uma família no futuro. Diante destes aspectos, foram definidos os objetivos de cada sessão e elaboradas as questões de orientação. Cada sessão foi estruturada através de um roteiro específico, que previa uma hora e trinta minutos de duração, com os seguintes itens: 1) Temas a serem investigados (principais títulos); 2) O objetivo (qual o motivo e metas a serem atingidas); 3) Duração prevista (tempo necessário para realizar o grupo); 4) As questões de orientação para apoio ao moderador na manutenção do foco da discussão (em torno de quatro questões para cada sessão); 5) Planejamento propriamente dito, que envolve os seguintes itens: tema, técnica, procedimento e duração. O tema refere-se ao tópico a ser abordado, a técnica está relacionada à forma com a qual o moderador dinamizará o grupo no início da sessão, o procedimento indica como o moderador manterá a discussão sobre o tema, e a duração diz respeito ao tempo para cada etapa do processo.
  • 8. 6) A avaliação da sessão (em relação ao trabalho e aos sentimentos surgidos, que foram expressos ou não, durante a realização do grupo). Cabe ressaltar que neste estudo foi privilegiada a incursão de técnicas para dinamizar o grupo e introduzir o tema. Não é comum utilizá-las nos Grupos Focais, basta uma pergunta que pode funcionar como “quebra-gelo”. No entanto, em função de uma experiência pessoal da moderadora com adolescentes, foi introduzida esta tarefa a fim de estimular a integração do grupo através de uma situação que poderia aliviar a ansiedade existente, principalmente nos primeiros momentos do encontro. Charlesworth e Rodwell (1997) sugerem que não se utilizem técnicas com crianças menores de oito anos, pois poderá dispersar a atenção do grupo. A experiência nesta pesquisa revelou a eficácia da utilização da dinâmica como forma de introduzir o tema a ser abordado na sessão. Porém a escolha da técnica deve ser coerente com o tema, e sua aplicação, estudada previamente. Caso o moderador sinta que não é necessária a sua aplicação, esta poderá ser excluída, dependendo de como se comporta cada grupo e da sensibilidade do moderador em relação ao processo grupal. Um fator de extrema importância para o êxito na coleta dos dados foi a seleção das participantes da pesquisa. Primeiramente, ocorreu a seleção da instituição, isto é, aquela que mantivesse as características de um abrigo provisório e atendesse adolescentes de 12 a 18 anos que se encontrassem em situação de risco pessoal ocasionado ou intensificado pela sua própria família. No município havia poucas opções. Todavia, existia uma que estava em concordância com o perfil desejado. Após diversos contatos e apresentações do projeto, a instituição autorizou a realização da pesquisa. Partiu-se, então, para a segunda etapa da seleção, a das participantes. Estas foram selecionadas através de uma indicação da instituição e de acordo com o perfil desejado, isto é, tempo de ingresso mínimo na instituição, situação de abuso intrafamiliar e condições satisfatórias de saúde mental. Posteriormente, confirmados os nomes, foi realizado um encontro individual da pesquisadora com as adolescentes. Neste encontro, foram explicados o tema e o objetivo da pesquisa, os procedimentos adotados durante a realização do grupo, isto é, horário, número de sessões, como seria conduzida, a presença de auxiliares de pesquisa, a gravação, questões em relação ao sigilo das informações, a importância da
  • 9. participação em todas as sessões, entre outros aspectos. E, então, foi realizado o convite. Frente ao assentimento verbal e escrito e com aval da instituição, foram realizados os grupos. A maioria das meninas concordou em participar da pesquisa, sem realizar qualquer comentário ou pergunta prévia. A pesquisadora voltou a repetir os procedimentos e que, caso a opção fosse de não participação, não haveria represálias por parte da instituição. Apenas uma menina recusou o convite. No entanto, a formação dos grupos não foi uma tarefa fácil. A maior dificuldade foi encontrar horários compatíveis entre as participantes, pois as mesmas freqüentavam diferentes escolas, cursos e atividades. Esta dificuldade apareceu verbalizada nos grupos como algo que dificulta a integração entre as meninas e a formação de subgrupos dentro da instituição. A alternativa foi realizar o GF em horários intermediários, como no final da tarde, e em dias consecutivos (por exemplo: Terça, Quarta e Quinta, no mesmo horário). O grupo de pesquisa considerou válido programar as sessões de forma consecutiva, pois proporcionou que o grupo mantivesse um ritmo adequado e favorável à coleta de dados. Foram realizados dois Grupos Focais com três sessões cada. Os Grupos Focais contaram com uma moderadora e com dois auxiliares de pesquisa (estudantes de graduação em Psicologia). Os auxiliares de pesquisa apoiaram a parte logística e foram responsáveis pelas anotações dos comportamentos verbais e não verbais, pela operação dos gravadores e, posteriormente, por uma parte da transcrição dos dados gravados. Para isto, os auxiliares de pesquisa foram treinados durante um ano, e as tarefas distribuídas previamente por sessão. O treinamento iniciou com a revisão da literatura através da formação de um grupo de estudos. Os temas estudados estavam relacionados à pesquisa, ao método e a outros aspectos importantes, como dinâmica de grupo e comportamento não-verbal. Os auxiliares realizaram várias observações em locais diferentes, como em uma lanchonete ou no pátio da Universidade durante o intervalo dos alunos, como também, a simulação de um Grupo Focal entre eles e a aplicação das técnicas escolhidas para dinamizá-lo. Os comportamentos verbais e não-verbais eram registrados. Estas observações serviram para aguçar a percepção dos estudantes e padronizar os registros dos comportamentos. A equipe elaborou uma tabela de códigos que seria usada durante a observação do grupo. No entanto, o uso da tabela foi desprezado pelos auxiliares durante as sessões. Em avaliação posterior, os mesmos alegaram a dificuldade de observar os comportamentos, realizar anotações dos
  • 10. aspectos verbais e não-verbais e controlar o gravador ao mesmo tempo. Os comportamentos não-verbais ocorridos durante o GF não foram utilizados para análise dos dados, porém aqueles considerados relevantes foram citados no estudo, com objetivo de contextualizar o processo do grupo. Outro aspecto importante foi que os auxiliares testavam os gravadores que seriam utilizados antes das sessões e, assim, evitaram a perda dos dados, caso os gravadores estivessem danificados. Um fato interessante ocorreu no final da primeira sessão: as participantes solicitaram ouvir a gravação, pois elas não tiveram, anteriormente, uma oportunidade de escutar sua própria voz gravada. Foi um momento de satisfação e alegria no grupo. Participaram seis adolescentes em cada grupo. O número de participantes foi escolhido em função da complexidade do tema. O local da realização foi na biblioteca da própria instituição. Realização dos Grupos Focais: Desafios e Gratificações Cada GF foi compreendido como um contexto único e diferenciado, por ser constituído por pessoas diferentes, em momentos diferentes e com um processo único. Portanto, um fator desafiador foi lidar com este processo único – que só é conhecido no desenvolvimento do próprio grupo - e os sentimentos subjacentes provocados por este processo. O primeiro GF foi marcado por sentimentos de desconfiança em relação à quebra do sigilo das informações, comentários irônicos e muitas risadas. O segundo GF foi intensificado com um sentimento de tristeza, que provocou situações de choro e de silêncio, além de um sentimento de culpa pela situação de estarem institucionalizadas. Ambos os grupos exigiram muita atenção e habilidade por parte da moderadora para que estes sentimentos subjacentes fossem devidamente conduzidos. Se não o fossem, poderiam colocar em risco os dados da pesquisa, e sobretudo o bem-estar das participantes. No primeiro grupo, a moderadora constantemente retomava o foco, enfatizando a negociação e o compromisso assumidos por todas no encontro individual e no rapport inicial, com ênfase na seriedade da tarefa e no respeito ao outro e a si mesmo. No segundo GF, a moderadora tentou buscar no grupo uma fonte de incentivo, afeto e apoio através de palavras de consolo
  • 11. das próprias meninas. Assim, elas puderam amenizar o sofrimento advindo dos sentimentos de tristeza e de abandono, através da formação de um vínculo de identificação e de amizade. Muitos foram os desafios encontrados durante a realização dos Grupos Focais. Manter o foco talvez tenha sido um dos principais. Parece fácil teoricamente retomar o tema sempre que este é desviado. No entanto, por se tratar de adolescentes e pela complexidade do assunto, muitas situações ocorreram em que foi necessário esclarecer qual era o objetivo do grupo ou enfatizar o tema. Como no exemplo ocorrido no início da terceira sessão do primeiro GF: Moderadora: “-Vamos continuar a falar sobre família...” Rita1: “-Ah, não! Da minha família não!” Ana: “Nós já falamos ontem!” Todas: “- Éééé! Moderadora: “- Mas o nosso assunto é sobre as famílias” Rita: “- Talvez um dia a senhora venha aqui e faça um tema diferente...assim, vida na rua.” (Todas riem) As gratificações dos pesquisadores estão relacionadas aos insights promovidos pela dinâmica e pela sinergia dos grupos durante o seu processo, que possibilitaram uma reflexão destas meninas sobre suas vidas e um desejo de mudança da sua situação. Embora o objetivo do grupo seja o da pesquisa, o Grupo Focal proporcionou que estas meninas tivessem um espaço para contar suas histórias e trocar as suas percepções e os seus sentimentos sobre as suas experiências. Este repensar foi abordado nas avaliações ocorridas no final de cada encontro e nas realizadas espontaneamente pelas participantes durante as sessões. Além disso, as avaliações serviram como subsídio para aperfeiçoar a aplicação do método e, principalmente, aliviar a ansiedade de todos os envolvidos. Como exemplifica este diálogo ocorrido no final da primeira sessão do segundo GF: 1 Os nomes são fictícios para preservar a identidade das participantes.
  • 12. Marina: “- Não tô bem, mas não tô mal. Lembrar de minha mãe é triste... por um lado eu me sinto bem...eu escuto e eu vejo o caso das gurias, dá para pensar também... Cristina: “- Eu tô aliviada!” Carla: “- Achei tri! Gostei. Uma coisa boa a gente ficar conversando, tá dividindo os teus problemas com as outras pessoas, as outras pessoas dividindo contigo. Tu vê o problema de cada um, tu pára e pensa no teu, sabe? Além disso, o grupo revelou a importância e a necessidade da realização de grupos terapêuticos com os adolescentes, principalmente com histórico de violência doméstica. Como neste exemplo ocorrido na segunda sessão do primeiro grupo focal: Moderadora: “-Bom, nós estamos no final do nosso encontro...” Adriana: “- Agora que tava bom!” Ah, não, tia. Vamos ficar mais um pouquinho...” Moderadora: “- São três encontros.” Rita: “- Legal!” Letícia: “- Era pra ser um ano de encontro.” Todas: “-Éééé...” Outra gratificação está relacionada à riqueza de dados que emergiram dos grupos e que serviram para a análise dos dados e para realizar outros estudos e reflexões, além dos planejados inicialmente. Proporcionou, ainda, um encontro inusitado entre duas meninas que descobriram que tinham parentes em comum durante o comentário sobre suas famílias e despertou, em algumas meninas, a curiosidade ou a necessidade de conhecer ou reencontrar seus pais ou outros familiares. Aspectos Posteriores à Realização do Grupos Focais Com o material transcrito, iniciou-se a análise dos dados. Foi realizada a Análise de Conteúdo (Bardin, 1977), que identifica categorias a serem analisadas e discutidas. Foi um trabalho meticuloso e exaustivo. No entanto, os dados proporcionaram uma discussão profunda e dinâmica sobre “a família”. O Modelo Ecológico do Desenvolvimento Humano
  • 13. proposto por Urie Bronfenbrenner (1979/1996) e os estudos sobre Vulnerabilidade, Resiliência, Risco e Proteção (Garmezy, 1996; Walsh, 1996, entre outros) serviram como base para a interpretação e discussão dos dados. Foram publicados artigos sobre os dados encontrados, como: "Vulnerabilidade e resiliência familiar: um estudo com adolescentes que sofreram maus tratos intrafamiliares” (De Antoni & Koller, 2000a) e "A visão sobre família entre as adolescentes que sofreram violência intrafamiliar" (De Antoni & Koller, 2000b). Questões Éticas Existem preocupações éticas que devem ser consideradas em relação à utilização de um método de pesquisa como o Grupo Focal (Morgan, 1993), além das preocupações oriundas da realização de pesquisas com crianças e adolescentes, principalmente em situação de risco pessoal e social, pois elas estão expostas constantemente ao perigo (Hutz, 1999; Hutz & Koller, 1999). Em relação ao método, há um aspecto que deve ser considerado durante o planejamento: o tema proposto. Este pode ocasionar uma situação de estresse em função da discussão de tópicos complexos e experienciados de forma negativa pelos participantes. Portanto, deve-se considerar a vulnerabilidade dos participantes diante do tema, para evitar colocá-los em situação de risco, principalmente quando envolve grupos estigmatizados. A moderadora preocupou-se em definir uma série de procedimentos que visavam a evitar ou amenizar o estresse da discussão do tema. Primeiramente, antes da realização dos grupos, foi realizada uma conversa individualmente com cada participante com o intuito de clarificar o objetivo da pesquisa e os procedimentos adotados, e de conhecê-la melhor. Na primeira sessão, foi estabelecido um contrato verbal (rapport) com as participantes. Este contrato firmou a concordância de todas em manter as informações trazidas no grupo em sigilo e respeitar as opiniões e os sentimentos de todos, indiscriminadamente. Estas combinações foram retomadas no rapport inicial das sessões seguintes. Durante a realização do grupo, foram observados os comportamentos verbais e não- verbais (choro, cabeça baixa, roer unhas, etc.), que surgiram durante a sessão e que poderiam evidenciar o mal-estar das participantes. Carey (1994) revelou que o moderador
  • 14. tem a responsabilidade de monitorar e interceder, apropriadamente, quando as informações se tornarem muito particulares ou mobilizarem sentimentos desagradáveis. A preocupação com o bem-estar das participantes foi constante. Como também, o reforço em manter a confiabilidade do sigilo das informações trazidas. No final de cada sessão, conforme sugere Morgan (1997), a moderadora averiguou os sentimentos das participantes. Para tanto, foi realizada uma avaliação verbal e informal nos momentos finais de cada sessão. Esta atitude permitiu às participantes exporem seus sentimentos, ao mesmo tempo em que as aliviou da ansiedade gerada pelo tema. Caso a participante confirmasse o seu sentimento de insatisfação ou mal-estar, estes sentimentos eram melhor investigados através de perguntas, por exemplo: “Em que momento você se sentiu mal?”. A fim de auxiliar a participante, a pesquisadora estimulou o GF a encontrar recursos suficientes para converter estes sentimentos desagradáveis, através de palavras de incentivo e do apoio emocional. Outro aspecto ético importante está relacionado ao assentimento informado, tanto da instituição como das adolescentes participantes dos grupos. A instituição autorizou a participação das adolescentes na pesquisa mediante a apresentação do projeto, bem como a realização do GF em seu espaço físico. Cabe esclarecer que a instituição possui o termo de responsabilidade sobre a adolescente durante a permanência na mesma, não sendo necessário o consentimento da família. Mesmo com a autorização da instituição, foi solicitado o assentimento verbal e por escrito da adolescente. Berg (1995) considerou importante o assentimento por escrito dos participantes, pois reforça o fato das informações serem confidenciais e garante a presença em todas as sessões. No entanto, segundo Carey (1994), o fato de o indivíduo estar presente e participar do grupo já é, por si só, um consentimento, pois a eficácia do GF depende da participação ativa dos seus integrantes. Diante de todos estes procedimentos éticos, a moderadora se sentiu em condições de conduzir o grupo. A proposta de trabalho estava devidamente esclarecida, e a participação no GF foi uma opção das adolescentes. No entanto, mesmo assim, foi necessário constantemente, durante a realização do grupo, retomar as combinações iniciais.
  • 15. Considerações Finais O GF mostrou ser um método eficaz para coleta de dados em pesquisas qualitativas. Proporcionou riqueza e variedade de dados pela troca de experiências, pela reflexão e pelo insight promovidos pela dinâmica e sinergia dos grupos. Não existem “receitas prontas” quando se trata de conduzir um grupo. No entanto, é fundamental que o moderador tenha experiência e preparo teórico suficientes para permitir que o grupo se desenvolva, cresça e reflita, sem perder a perspectiva do foco pesquisado. Além disso, é de extrema importância a realização de um planejamento bem elaborado e adequado à necessidade, o que facilita a tarefa de moderação do grupo. O método possibilitou, também, à pesquisadora e à sua equipe um maior aprendizado na observação e no entendimento da dinâmica de grupos. Para as participantes, demonstrou ser uma fonte de apoio e de comunicação, auxiliando-as na promoção de sua resiliência individual, isto é, de sua capacidade de enfrentar satisfatoriamente as situações adversas. Finalizando, acredita-se que o GF deveria ser mais utilizado no Brasil em pesquisas psicológicas tanto com adolescentes como com adultos. Espera-se que este relato tenha despertado a curiosidade do leitor e a vontade de utilizar este método em novas pesquisas. Referências BARDIN, L. (1977). Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70. BERG, B. (1995). Qualitative research methods for the social sciences. Boston: Allyn Bacon. BRONFENBRENNER, U. (1989). Ecological systems theory. Annals of Child Development, 6,187-249. BRONFENBRENNER, U. (1996). A ecologia do desenvolvimento humano: Experimentos naturais e planejados. Porto Alegre: Artes Médicas. (Original publicado em 1979) CAREY, M. A. (1994). The group effect in focus group: planning, implementing, and interpreting focus group research. Em M. Morse (Org.), Critical issues in qualitative research methods (pp. 224-241). Thousand Oaks: Sage.
  • 16. CHARLESWORTH, L. W. & RODWELL, M. K. (1997). Focus group with children: a resource for sexual abuse prevention program evaluation. Child Abuse & Neglect, 21, 1205-1216. CRABTREE, B., YANOSHIK, K., MILLER, W. & O’CONNOR, P. (1993). Selecting individual or group interviews. Em D. Morgan (Org.), Successful focus group: Advancing the state of the art (pp. 137-149). Newbury Park, CA: Sage. DE ANTONI, C. (2000). Vulnerabilidade e resiliência familiar na visão de adolescentes maltratadas. Dissertação de Mestrado não-publicada. Curso de Pós-Graduação em Psicologia do Desenvolvimento. Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS. DE ANTONI, C. & KOLLER, S. H. (2000a). Vulnerabilidade e resiliência familiar: um estudo com adolescentes que sofreram maus tratos intrafamiliares. Psico, 31(1), 39-66. DE ANTONI, C. & KOLLER, S. H. (2000b). A visão de adolescentes sobre família entre as adolescentes que sofreram violência intrafamiliar. Estudos de Psicologia, 5(2), 347- 381. Estatuto da Criança e do Adolescente (1990). Lei n º 8.069, de 13/07/1990. Porto Alegre: CORAG. FREY, J. & FONTANA, A. (1993). The group interview in social research. Em D. Morgan (Org.), Successful focus group: Advancing the state of the art (pp. 20-34). Newbury Park, CA: Sage. GARMEZY, N. (1996). Reflections and commentary on risk, resilience, and development. Em R. Haggerty, L. Sherrod, N. Garmezy & M. Rutter (Orgs.), Stress, risk, and resilience in children and adolescents (pp. 1-15). New York: Cambridge University Press. HUTZ, C. S. (1999, Maio). Problemas éticos na produção do conhecimento. Trabalho apresentado no I Congresso Norte-Nordeste de Psicologia, Salvador, Bahia. HUTZ, C. S. & KOLLER, S. H. (1999). Methodological and ethical issues in research with street children. Em M. Raffaelli & R. W. Larson (Orgs.), Homeless and working youth around the world: Exploring developmental issues (pp. 59-70). New York: Jossey- Bass.
  • 17. KNODEL, J. (1993). The design and analysis of focus group studies: a practical approach. Em D. Morgan (Org.), Successful focus group: Advancing the state of the art (pp. 35- 50). Newbury Park, CA: Sage. KRUEGER, R. (1993). Quality control in focus group research. Em D. Morgan (Org.), Successful focus group: Advancing the state of the art (pp. 65-85). Newbury Park, CA: Sage. MORGAN, D. (1993). Future directions for focus group. Em D. Morgan (Org.), Successful focus group: Advancing the state of the art (pp. 225-244). Newbury Park, CA: Sage. MORGAN, D. (1997). Focus groups as qualitative research. Newbury Park, CA: Sage. MORGAN, D. & KRUEGER, R. A. (1993). When to use focus group and why. Em D. Morgan (Org.), Successful focus group: Advancing the state of the art (pp. 3-19). Newbury Park, CA: Sage. O’BRIEN, K. (1993). Improving survey questionnaires through focus group. Em D. Morgan (Org.), Successful focus group: Advancing the state of the art (pp.105-117). Newbury Park, CA: Sage. WALSH, F. (1996). The concept of family resilience: Crisis and challenge. Family Process, 35, 261-281.
  • 18. ANEXO A PLANEJAMENTO DO GRUPO FOCAL Segunda Sessão Temas a serem investigados: - Relações familiares - Indicadores de proteção para a família - Indicadores de risco para a família - Vulnerabilidade e Resiliência familiar Objetivos: - Conhecer a visão das adolescentes sobre suas relações familiares; - Levantar os indicadores de risco e de proteção existentes em suas famílias; - Verificar como suas famílias lidam com os indicadores de risco. Duração prevista: 01h 45 min. Questões de Orientação: 1) Como você vê sua família no passado? 2) Como você vê sua família atualmente? 3) Quais são os indicadores que favorecem a sua família a enfrentar os problemas? 4) Quais são os indicadores que aumentam os problemas existentes na sua família? Planejamento da Sessão: 1) Técnica de aquecimento: Complete a história... Procedimento: O moderador solicita ao grupo que juntos contem uma história. O moderador inicia com a frase: “Era uma vez uma família...” e a participante ao lado tem que criar a continuação da história (uma frase ou pequeno trecho) e em seguida passa a palavra para outra participante e, assim, até terminar o tempo ou a história. Duração prevista: 07 min. 2) Tema de investigação: Relações familiares Procedimento: O grupo discutirá o tema, de acordo com as respostas fornecidas na questão de orientação, como também associando com a história criada. O foco é como cada uma vê sua família e o que pensa a respeito da forma como se relacionam. Duração prevista: 20 min.
  • 19. 3) Tema de investigação: Indicadores de risco e de proteção Procedimento: discussão sobre as questões de orientação. Uma participante é eleita pelo grupo para anotar, em uma folha cartaz fixada na parede, as respostas que evidenciem indicadores de risco e de proteção fornecidas pelo grupo. Duração prevista: 01h 10min. 4) Encerramento da Sessão Procedimento: O moderador investiga os sentimentos surgidos no grupo, agradece a presença de todas as pessoas, realiza as combinações para o próxima sessão, esclarece possíveis dúvidas e finaliza a sessão. Duração prevista: 07 min.