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Trabalho em Equipe
Multidisciplinar em Cuidados
          Paliativos

    Desafios e oportunidades



                     Leonardo Consolim
Identificação
   J.M.G.;
   Sexo masculino;
   54 anos;
   Natural de São Paulo – SP;
   Morador da cidade de Itaquaquecetuba;
   Casado e pai de uma jovem de 22 anos;
   Trabalha como líder de caldeiraria;
   Evangélico;
   Adora música.
História da Doença
   Diagnóstico: Adenocarcinoma de próstata com
    metástase óssea.
   Nov.11: Sentiu persistentes dores nos MMII. Em
    exames de investigação foi diagnosticada a
    doença.
   Fev.12: Realizada orquiectomia.
   Sintomas: Presença e evolução de dor óssea,
    com picos de “dor insuportável” durante todo o
    adoecimento.
A chegada ao Hospice
   Data de internação: 15/03/2012.
   Motivo da admissão: Queixa de dor.
   Independência modificada para as ABVDs.
   J.M. apresentou-se comunicativo e fragilizado.
   Decidiu ir para o hospice, pois “não queria ficar
    em casa dando trabalho para ninguém ”.
   Família: Desejava cuidar de J.M. em casa, mas
    respeitaram. Era uma família bastante presente
    e solícita.
A equipe e o cuidado...
Planejamento Terapêutico
A família
A equipe como canal de escuta
O dia a dia no Hospice
   J.M. chegou bastante fragilizado e lamentava
    muito, pois não poderia mais trabalhar:
     “Eu planejei morrer trabalhando, de infarto!”

   Sentido da vida: Trabalho
      “Eu trabalhava de segunda a segunda. Até
      quando eu estava em casa ou no bar com os
      amigos, eu pensava em trabalho. Pegava um
         papel e ia desenhando algum projeto”
Ser reconhecido como pessoa



      “Me sinto um inútil.”
Possibilidade de reler a própria vida

“Por causa do trabalho deixei de fazer muita
coisa. Tive oportunidades, por exemplo, de ir
nos bailes com a R. e meus amigos (pausa),
mas nunca ia ...” (em lágrimas)
Multiplas Causas de Sofrimento


Tratamento
              Físico    Psicológico
 da Doença


   Luto                   Social


Cuidados de    Vida
                        Espiritual
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O dia a dia no Hospice
• Maior parte do dias sozinho
• Melhor controle da dor (uso intensivo de
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Hierarquia
das Necessidades
Humanas
( Maslow )
                   Realização
                    Pessoal

                    Estima

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                   Fisiológico
O dia a dia no Hospice
   Necessidade de reler a própria vida:

     “Estava pensando esses dias e lembrei de
      uma música, se chama 'José' é do Paulo
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                        ...
E agora José?
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Necessidade de reler a própria vida

 “E agora José? Sempre fui muito duro
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      “Hoje quando voltei do banheiro senti
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                     ajudou”.

 “Todo dia de madrugada, lá pelas 4 da manhã,
  acordamos para comer chocolate”, conta J.M.
“Quando o J.M. não acorda eu jogo o travesseiro
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O dia a dia no hospice


“Estava pensando e está chegando o dia das
     mães. Pensei em fazermos alguma
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“Pensei em fazermos algo para deixar todo o
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“Quero dar rosas. Já conversei com minha
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   Final de semana em casa.

   A esposa relatou que ele dormiu o dia inteiro,
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• J.M. faleceu dia 13/05/12 às 0h16 próximo de
                    sua família.

              “A noite esfriou,
              o dia não veio ...”
Sobre a poesia
“é mais que ofício, carreira, profissão, porque
confere sentido a existência.”

“o que me inspira é a vida e suas múltiplas
alegrias e aflições, a fé, a dúvida, a rotina
maravilhosa, o cotidiano.”


                                       Adélia Prado
Obrigado!



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  • 1.
  • 2. Trabalho em Equipe Multidisciplinar em Cuidados Paliativos Desafios e oportunidades Leonardo Consolim
  • 3. Identificação  J.M.G.;  Sexo masculino;  54 anos;  Natural de São Paulo – SP;  Morador da cidade de Itaquaquecetuba;  Casado e pai de uma jovem de 22 anos;  Trabalha como líder de caldeiraria;  Evangélico;  Adora música.
  • 4. História da Doença  Diagnóstico: Adenocarcinoma de próstata com metástase óssea.  Nov.11: Sentiu persistentes dores nos MMII. Em exames de investigação foi diagnosticada a doença.  Fev.12: Realizada orquiectomia.  Sintomas: Presença e evolução de dor óssea, com picos de “dor insuportável” durante todo o adoecimento.
  • 5. A chegada ao Hospice  Data de internação: 15/03/2012.  Motivo da admissão: Queixa de dor.  Independência modificada para as ABVDs.  J.M. apresentou-se comunicativo e fragilizado.  Decidiu ir para o hospice, pois “não queria ficar em casa dando trabalho para ninguém ”.  Família: Desejava cuidar de J.M. em casa, mas respeitaram. Era uma família bastante presente e solícita.
  • 6. A equipe e o cuidado...
  • 9. A equipe como canal de escuta
  • 10. O dia a dia no Hospice  J.M. chegou bastante fragilizado e lamentava muito, pois não poderia mais trabalhar: “Eu planejei morrer trabalhando, de infarto!”  Sentido da vida: Trabalho “Eu trabalhava de segunda a segunda. Até quando eu estava em casa ou no bar com os amigos, eu pensava em trabalho. Pegava um papel e ia desenhando algum projeto”
  • 11. Ser reconhecido como pessoa “Me sinto um inútil.”
  • 12. Possibilidade de reler a própria vida “Por causa do trabalho deixei de fazer muita coisa. Tive oportunidades, por exemplo, de ir nos bailes com a R. e meus amigos (pausa), mas nunca ia ...” (em lágrimas)
  • 13. Multiplas Causas de Sofrimento Tratamento Físico Psicológico da Doença Luto Social Cuidados de Vida Espiritual Fim de Vida Prática
  • 14. O dia a dia no Hospice • Maior parte do dias sozinho • Melhor controle da dor (uso intensivo de opióides e adjuvantes) • Fisioterapia – voltou a andar • Sessões diárias de TO • Convívio com outros pacientes e familiares
  • 15. Hierarquia das Necessidades Humanas ( Maslow ) Realização Pessoal Estima Amor Segurança Fisiológico
  • 16. O dia a dia no Hospice  Necessidade de reler a própria vida: “Estava pensando esses dias e lembrei de uma música, se chama 'José' é do Paulo Diniz. Me identifiquei com ela”. ...
  • 17. E agora José? “E agora, José? A festa acabou, a luz apagou, o povo sumiu, a noite esfriou, e agora, José? e agora, Você? Você que é sem nome, que zomba dos outros, Você que faz versos, que ama, protesta? e agora, José?” C. Drummond
  • 18. Necessidade de reler a própria vida “E agora José? Sempre fui muito duro com a vida e agora perdi tudo (pausa). E agora?” em seguida, chora.
  • 19. Necessidade de amar e ser amado “Hoje quando voltei do banheiro senti dificuldade para sentar na cama, o A. que me ajudou”. “Todo dia de madrugada, lá pelas 4 da manhã, acordamos para comer chocolate”, conta J.M. “Quando o J.M. não acorda eu jogo o travesseiro nele”, conta A. Em seguida os dois caem no riso.
  • 21. O dia a dia no hospice “Estava pensando e está chegando o dia das mães. Pensei em fazermos alguma homenagem, mas anônima para as mães. Vai ser eu e o A. Vamos precisar da ajuda de vocês”.
  • 22. A vida com sentido “Pensei em fazermos algo para deixar todo o final de semana”. “Quero dar rosas. Já conversei com minha esposa e ela vai providenciar”.
  • 23. Envolvimento com equipe e família “Eu estava pensando aqui e podemos colocar flores no fundo de um mural, com frases”. “Vocês já contaram quantas mães trabalham aqui?Vou comprar 10 dúzias de rosas para dar para todas a mães que estiverem aqui”. “Já liguei para a B. para ela ir até a floricultura”.
  • 25. O amigo que piora... “Hoje vou ficar aqui (no quarto) até a família dele chegar para ficar com ele”
  • 26. A morte do amigo... Necessidade de esperança. Mais quieto. “Estou bem (respirou fundo e os olhos se encheram de lágrimas). Dormi a noite inteira”. - Dificuldade para deambular e necessidade de auxílio .
  • 27. A concretização de uma idéia e o declínio físico  Aumento dos sintomas: Sonolência e dificuldade para deambular. “Vocês não colocaram nosso nome não né?!” (perguntou com muita dificuldade, ao ver o mural)
  • 31. A despedida  Final de semana em casa.  A esposa relatou que ele dormiu o dia inteiro, mas a noite levantou-se e foi um pouco para a varanda de sua casa, onde permaneceram um tempo.  J.M. começou a sentir-se mal e foi levado ao PS.
  • 32. A despedida • J.M. faleceu dia 13/05/12 às 0h16 próximo de sua família. “A noite esfriou, o dia não veio ...”
  • 33. Sobre a poesia “é mais que ofício, carreira, profissão, porque confere sentido a existência.” “o que me inspira é a vida e suas múltiplas alegrias e aflições, a fé, a dúvida, a rotina maravilhosa, o cotidiano.” Adélia Prado