Este documento apresenta uma análise do filme "Número 23" realizada por alunos de um curso técnico em enfermagem no Rio de Janeiro. O filme trata da paranoia de um personagem que desenvolve uma obsessão com o número 23 após ler um livro misterioso. Os alunos discutem os sintomas, causas e tratamento do distúrbio delirante paranoide retratado no filme.
1. Fundação de Apoio a Escola Técnica
Unidade Santa Cruz
Curso Técnico em Enfermagem
Rio de Janeiro, 24 de junho de 2013
Análise do filme “´Número 23”
para a matéria de Saúde Mental,
ministrada pelo professor Thiago
Wilson.
Turma: 3102
Alunos: Andrelle , Caroline, Dayane,
Esther, Flávia, Franciely, Izabelle,
Jecyca, John, Leticia, Nubia, Rayza,
Thais e Thalita.
2. O Filme
Walter Sparrow é um típico americano,
simplório pai de família, que ganhou um
livro de presente de sua esposa Agatha, ao
ter certo acidente no trabalho, permitindo
um encontro súbito com um livro. Tal
livro, denominado Número 23. O livro
narra a obsessão de um homem com este
número e ao dar inicio a leitura, começa a
modificar sua vida, já que possuí uma
narrativa que lembra Walter muito de sua
própria. Aos poucos ele nota a presença do
número 23 em seu passado e também no
presente, tornando-se cada vez mais
paranoico. Ao começar a ficar obcecado
com o verdadeiro significado do livro e em
busca de quem realmente o escreveu,
Walter vai ter que encarar a realidade, pois
como o livro termina com uma morte
brutal, Walter passa a temer que ele esteja
se tornando um assassino.
3. Paranoia
• A paranoia, também denominada
pensamento paranoico (ou
paranoide), consiste em uma
psicose caracterizada pelo
desenvolvimento de um
pensamento delirante crônico,
lúcido e sistemático, provido de
uma lógica interna própria, sem
apresentar alucinações.
• Nesta patologia, o indivíduo
desenvolve uma desconfiança ou
suspeita exacerbada ou
injustificada de que está sendo
perseguido, acreditando que algo
ruim está para acontecer ou que o
perseguidor deseja lhe causar
mal.
Para o personagem, tudo na sua
vida soma o número 23.
4. A paranoia pode ser discreta, com o indivíduo ajustando-se
socialmente, ou pode ser tão severa que o indivíduo torna-se
incapacitado. As paranoias podem ser divididas em três categorias
principais. São elas:
• Distúrbio paranoide de personalidade;
• Distúrbio delirante paranoide;
• Esquizofrenia paranoide.
O Distúrbio delirante paranoide é a que o personagem possui.
Paranoia
5. Distúrbio Delirante
Paranoide
• Muitos confundem a Esquizofrenia Paranóide com a Paranoia
(Freud), também chamada de Transtorno Delirante. Uma dica
simples e que pode ajudar no diagnostico diferencial está
relacionada com a análise das “funções do Ego”. Os Delírios
(surtos) mais “bizarros” estão relacionados com a Esquizofrenia
• No caso de Sparrow (protagonista do filme) temos um delírio não
bizarro. Ele começa a incomodar a vida, mas o sintoma vai
consumindo aos poucos o paciente.
• Diferentemente do Esquizofrênico, que se não tratado terá
consequências sociais negativas, o paciente com paranoia consegue
até manter um nível de vida Social e suas funções intelectuais.
Sparrow escolhe um tipo de vida pacato, longe de todos.
6. Ao longo do filme as
cenas se sobrepõem
podendo haver confusão
de quem é quem. Se
estamos assistindo a uma
cena da realidade ou uma
da ficção de Fingerling.
Seus delírios de traição
(em relação a sua esposa e
um amigo da família)
começam a se mesclar
com a imaginação da
ficção. Um exemplo
clássico de Delírio de
ciúmes, que está dentro
do distúrbio delirante
paranoide
Distúrbio Delirante
Paranoide
Fingerling
7. Os delírios do paranoide são
mais “estruturados” do que os
delírios de um Esquizofrênico
Paranóide. Tanto que, sua
esposa Agatha e seu filho
Robin, passam a vivenciar seu
delírio, acreditando, pelo menos
no início, em sua obsessão
gerada pelo livro. A
estruturação do delírio chega a
convencer aos menos
despreparados, dado o nível de
organização existente.
Distúrbio Delirante
Paranoide
8. Causas
• Não se sabe se o transtorno ou sua predisposição seja
hereditário, acredita-se no caráter Biopsicosociocultural e
religioso.
• Existem evidencia de causas bioquímicas, alto grau de
stress, situações novas conflitantes e angustiantes,
personalidades portadoras do Ego fragilizado são mais
suscetíveis e criação Familiar extremamente rigorosa, cruel
e às vezes brutal, podem desencadeá-lo.
9. Sinais e Sintomas
• Os delírios são os sintomas
predominantes.
• As alucinações são incomuns, mas
podem ocorrer, sendo as mais
comuns de origem auditiva e
visual, porém sua presença
necessita de diagnóstico diferencial
de outros transtornos, tais como
esquizofrenia e depressão com
sintomas psicóticos.
• Há ainda que o transtorno
delirante pode apresentar-se com
irritabilidade, isolamento social,
perda de interesse e concentração,
autonegligência e ideias obsessivas.
10. Diagnóstico da Paranoia
• A característica é a presença de um ou mais delírios não-
bizarros nem desorganizados que persistem por pelo menos 1
mês, devendo conter no delírio tema e contexto lógico
rigidamente estruturado e organizado, embora continue se
tratando de uma falsa e absurda crença. A Paranoia é uma
entidade clínica caracterizada, essencialmente, pelo
desenvolvimento insidioso de um sistema delirante duradouro
e inabalável mas, apesar desses delírios há uma curiosa
manutenção da clareza e da ordem do pensamento, da ação e da
vontade.
• Ao contrário dos esquizofrênicos e doentes cerebrais, que tem
suas ideias delirantes desconexas onde as ideias delirantes são
um tanto desconexas.
11. Tratamento
• Baseia-se na Psicoterapia de orientação analítica ou comportamental;
• É de extrema importância que se tenha estabelecido uma boa interação
entre paciente e terapeuta, ou seja, ter a capacidade de entrar no mundo
dele, fazendo-o sentir que está sendo compreendido e que vocês tem um
laço em comum;
• Sendo as terapias individuais mais afetivas do que as em grupo, muitas
das vezes a procura do atendimento é estimulada pelos amigos e
familiares que se sentem incomodados pelo transtorno;
• O foco inicial deve ser consistido na ansiedade e irritação que os delírios
causam, sem deixar claro que o objetivo do tratamento são os delírios,
por outro lado, o terapeuta não deve apoiar a noção de que essas ideias
representam a realidade.
12. Cuidados de Enfermagem
• Demonstrar confiança e apoio;
• Observar e anotar compreensão e comportamento do discurso;
• Desestimular manias e automutilação;
• Manter os limites de forma clara e objetiva.
A administração de medicamentos a doentes mentais pode requerer
"cuidados" especiais. Alguns problemas são muito comuns em
unidades psiquiátricas, por exemplo, pacientes que com frequência
recusam a medicação, outros que fingem aceitar e depois jogam fora, os
que acumulam comprimidos para tomarem de uma só vez, os que
solicitam e insistem por doses mais altas, etc.
13. Mecanismos Psicológicos
de Defesa
• NEGAÇÃO: recusa-se a
reconhecer que tem um
problema.
O personagem não acredita
que foi ele mesmo que
escreveu o livro e cometeu
todos os crimes.
14. Mecanismos Psicológicos
de Defesa
• DESLOCAMENTO: transfere
sentimentos de um alvo para
outro.
O personagem transfere o
sentimento que nutria pela
namorada que matou para a sua
esposa, imaginando que a estava
matando.
15. Mecanismos Psicológicos
de Defesa
• REPRESSÃO: bloqueia sem
querer as experiências
desagradáveis.
O personagem depois de
cometer todos os crimes e
escrever o livro tenta se matar,
porém não morre mas perde
toda a memória, inclusive a
parte de ter matado a
namorada.
16. Prognóstico
Para um bom prognóstico
deve-se ter resposta imediata
ao tratamento, noção de
doença, ser mais jovem e ser
casado. O suporte psicológico,
social e ocupacional é de
grande importância. Os
pacientes não tratados podem
apresentar curso crônico e
após os sintomas terem sido
totalmente desenvolvidos,
dificilmente sofrerão
modificações até o final da
vida.
17. “A paranoia é a consciência aguda
da fragilidade da vida.”
Luiz Felipe Pondé
Obrigado!
18. • BALDAÇARA, Leonardo; GUILHERME, João e BORGIO, Fiorani.
Tratamento do transtorno delirante persistente. Disponível em:
http://www.fcmscsp.edu.br/files/vlm54n2_4.pdf. Acesso: 21 de junho
de 2013.
• CARVALHO, Débora. Paranoia. Disponível em:
http://www.infoescola.com/psicologia/paranoia/. Aceso em: 15 de
junho de 2013
• FILME Número 23 - Transtorno Delirante X Esquizofrênico Parnóide.
Disponível em:
http://psicologiaalvorada.blogspot.com.br/2009/12/filme-numero-23-
transtorno-delirante-x.html. Acesso em: 16 de junho de 2013.
• SHOE, David. Paranoia. Disponível em:
http://www.psiquiatriageral.com.br/tema/paranoia.htm. Acesso: 21 de
junho de 2013.
Bibliografia